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01 EFEITO DA MATÉRIA ORGÂNICA NAS CARACTERÍSTICAS DO SOLO

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CAPÍTULO 01
 EFEITO DA MATÉRIA ORGÂNICANAS NAS CARACTERÍSTICAS DO SOLO
Introdução
	Os solos de uma maneira geral são constituídos de substâncias minerais, matéria orgânica, água e ar. A matéria orgânica por sua vez, compreende os resíduos vegetais e animais em diferentes estágios de decomposição (Theng et al., 1989 e Camargo et al., 1999) e apesar da diminuta quantidade existente no solo (2 a 5%), quando comprada aos outros componentes, exerce função importante junto às características físicas, químicas e biológicas do solo.
	As partículas sólidas de origem orgânica podem ser encontradas sob a forma de colóides orgânicos, genericamente designados húmus. Em conjunto, esses colóides orgânicos e inorgânicos são referidos como o complexo coloidal do solo.
	Em solos tropicais e subtropicais altamente intemperizados, a matéria orgânica exerce grande importância no fornecimento de nutrientes às culturas, na retenção de cátions, na complexação de elementos tóxicos e de micronutrientes, na estabilidade estrutural de solo, na infiltração e na retenção de água, na aeração e na atividade e biomassa microbiana, constituindo-se dessa forma, em componentes fundamentais da capacidade produtiva desses solos (Bayer & Mielniczuk, 1999).
Mineralização e Humificação
	A matéria orgânica no solo apresenta-se como um sistema complexo de substâncias, cuja dinâmica é governada pela adição de resíduos orgânicos de diversas naturezas e por uma transformação contínua sob a ação de fatores biológicos, químicos e físicos (Camargo et al., 1999). O ataque inicial dos materiais recentemente adicionados ao solo é realizado por representantes da mesofauna do solo, como oligoquetas, formigas, térmitas e outros (Pinheiro, 1996), enquanto que paralelamente, ocorrem transformações conduzidas por enzimas extracelulares produzidas por microrganismos (Stenvenson, 1994).
	A fase inicial da biodegradação microbiana é caracterizada pela perda rápida dos compostos orgânicos prontamente decomponíveis, que são: açúcares, proteínas, amido, celulose e outros, onde as bactérias são especialmente ativas. Na fase seguinte, produtos orgânicos intermediários e protoplasma microbiano recentemente formados são biodegradados por uma grande variedade de microrganismos com produção de nova biomassa e liberação de CO2. O estágio final é caracterizado pela decomposição gradual de compostos mais resistentes, exercida pela atividade de actinomicetos e fungos (Sastriques, 1982).
	A decomposição da matéria orgânica do solo ocorre em duas fases. Na primeira fase denominada de fase ativa, ocorrem reações termofílicas de oxidações intensas e na segunda fase, denominada de fase de maturação, ocorre o processo de humificação.
	A decomposição da matéria orgânica compreende ainda dois processos básicos: mineralização e humificação. A mineralização é a transformação dos nutrientes existentes nos resíduos orgânicos em sua forma orgânica para a forma inorgânica (Kiehl, 1985). As bactérias e fungos segundo Seasted & Crossley (1984), constituem-se de aparatos enzimáticos, sendo os responsáveis por diversos mecanismos de síntese e degradação do solo, ora promovendo a mineralização de compostos orgânicos e a liberação de nutrientes, ora imobilizando em sua biomassa. Nessa transformação, destacam-se o nitrogênio, o fósforo, o enxofre e os micronutrientes, que ficam prontamente disponíveis à adsorção pelas partículas ativas do solo, como também, à absorção pelas plantas e/ou microrganismos (imobilização), ou se perdem por lixiviação e erosão, conforme suas características químicas.
	A humificação segundo Kiehl (1985), é o processo de estabilização dos compostos orgânicos, onde as substâncias complexas como ácidos húmicos e huminas já sofreram degradações bioquímicas promovidas por fungos e actinomicetos. Portanto, a humificação é a transformação das frações orgânicas (proteínas, aminoácidos, celulose, hemicelulose, lignina) que compõem os resíduos orgânicos. Essas transformações fazem parte de um processo dinâmico, no qual tomam parte as interações complexas de diversos organismos numa cadeia alimentar resultando num produto de grande estabilidade química, alto peso molecular, com grande número de carboxilas e oxídrilas fenólicas e de coloração marrom.
	A matéria orgânica presente num solo (resíduos vegetais e animais, exsudados radiculares, microrganismos, etc.) estará em diferentes estágios de decomposição. O húmus será o produto final de decomposição e síntese, simultaneamente promovidas pelos microrganismos.
	O efeito dos sistemas de manejo sobre as taxas de decomposição da matéria orgânica depende do tipo de solo, isto é, de sua textura e mineralogia. Neste caso, segundo Bayer & Mielniczuk (1999), solos com predominância de óxidos de ferro e de alumínio, a matéria orgânica apresenta uma alta estabilização física, sendo por sua vez, menos afetada pelo manejo do solo. Com o cultivo continuado das terras agrícolas, há uma tendência para diminuição dos teores de húmus do solo, sendo essa tendência mais intensa em clima tropical e subtropical.
Relação Carbono/Nitrogênio
	A matéria orgânica do solo é resultante, principalmente, de deposição de resíduos de origem animal e vegetal. Ao serem depositados, os resíduos sofrem inicialmente decomposição parcial pela mesofauna, para depois serem submetidos à ação decompositora dos microrganismos. Dessa forma, parte do carbono nos resíduos e liberado para atmosfera como CO2 e o restante passa a fazer parte da matéria orgânica como um componente. Em solos que não recebem aplicações de esterco ou de outros materiais orgânicos, segundo Allison (1973), o carbono orgânico é adicionado através da degradação de raízes e dos resíduos que retornam ao solo anualmente.
	Os materiais orgânicos variam grandemente em sua composição, uma vez que tem o elemento fundamental o carbono que está organizado em estruturas simples e complexas, o que concorre para diferentes resistências à decomposição. Dessa forma, os açúcares simples, amidos e proteínas simples, facilmente solúveis em água, podem ser prontamente absorvidos pelos microrganismos; as hemiceluloses são frações mais complexas, exigindo a utilização de enzimas pelos microrganismos para degradá-las antes de absorvê-las, enquanto as ligninas, gorduras e ceras são altamente resistentes, podendo demorar muito mais tempo para se decomporem.
	Essas frações orgânicas apresentam teores distintos de carbono e nitrogênio. Consequentemente, quanto mais carbono tiverem, assim como mais complexas forem as suas estruturas moleculares, serão mais energéticas e mais difíceis de decomporem-se. A decomposição de resíduos vegetais ricos em nitrogênio é rápida, sendo boa parte desse elemento encontrado na forma orgânica, liberada como amônia, enquanto que, comparativamente, pequena porção de húmus é formada, por outro lado, materiais pobres em nitrogênio, decompõem-se mais lentamente, liberando a princípio, pouco nitrogênio e ao final gerando maior porção de húmus que o material rico em nitrogênio. Dessa forma, palhas e outros materiais vegetais celulósicos, se não forem suplementados com nutrientes essenciais, devem ser considerados mais como fonte de húmus do que material fertilizante fornecedor de nutrientes para as plantas. O conhecimento da relação carbono/nitrogênio de um material orgânico reflete, portanto, o grau de resistência à sua decomposição. Os materiais lenhosos possuem teores de 0,2 a 0,5% de nitrogênio, enquanto que plantas herbáceas como as gramíneas, apresentam normalmente de 0,5 a 1,5% e as leguminosas de 1,5 a 3,0%. Dessa forma, os resíduos de leguminosas são mais facilmente decomponíveis que os resíduos de gramíneas. A quantidade de nitrogênio requerida por unidade de carbono varia com os tipos de microrganismos envolvidos no processo, sendo de uma maneira geral, utilizadas 30 partes de carbono por cada parte de nitrogênio pelos microrganismos (Kiehl, 1985). Portanto, uma relação C/N entre 26 e 35 proporciona uma rápida e eficiente decomposição.Quando o material orgânico aplicado ao solo, possuir uma relação C/N alta, os microrganismos, na decomposição desse material, irão utilizar o nitrogênio do solo e, dessa forma competirá com a planta, causando nesta, deficiência de nitrogênio. Isto ocorre com resíduos de difícil decomposição pelos microrganismos, por serem ricos em lignina, como é o caso da serragem, que exigiria uma população grande de microrganismos específicos capazes de decompô-la. Caso a relação C/N do resíduo seja muito baixa, ocorrerão rápidas perdas de nitrogênio, principalmente, por volatilização (NH3), contribuindo para que a planta não utilize todo o N presente no material orgânico.
Características do Solo e Matéria Orgânica
	As atividades humanas voltadas para a terra, como as explorações agrícolas, trazem como conseqüências, mudanças no teor de matéria orgânica do solo. Essas atividades quando não acompanhadas do suprimento de fertilizantes, levam gradualmente à redução no conteúdo de matéria orgânica, que em contrapartida, proporciona mudanças em outras características do solo.
	Características biológicas
	Um aspecto extremamente importante que costuma ser esquecido é que o solo é também o ambiente natural de uma grande variedade de seres vivos. A vida do solo inclui a sua flora (microflora, abrangendo bactérias, actinomicetos, fungos e algas) e a sua fauna (microfauna, abrangendo os protozoários, mesofauna, como por exemplo, nematóides e colêmbolos; microfauna, abrangendo besouros, centípedes, milípedes, formigas, cupins e megafauna, que abrange minhocas, roedores e toupeiras). Esses organismos todos cumprem um papel fundamental em vários processos que ocorrem no solo e nas interações entre estes e as plantas, tais como formação de solo, criação de sua estrutura, mineralização de nutrientes livres que podem, então, ser aproveitados no crescimento das plantas, formação de húmus, fixação de nitrogênio, solubilização de fosfatos e absorção de nutrientes pelas raízes (Reijntjes et al., 1994). Há fortes interdependências entre as raízes e a vida do solo, pois elas secretam substâncias que estimulam essa vida que, por sua vez, torna disponível os nutrientes que poderão ser absorvidos pelas plantas (Lal, 1987).
	A matéria orgânica afeta diretamente as características biológicas do solo, uma vez que atua como fonte de carbono, de energia e de nutrientes para os microrganismos quimioheterotróficos e, através da mineralização do nitrogênio e do enxofre orgânico atua como fonte de energia para os microrganismos quimioautotróficos. Podendo o seu efeito sobre os microrganismos ser avaliado a partir da biomassa e atividade microbiana, parâmetros que representam uma integração de efeitos desta sobre as condições biológicas do solo (Bayer & Mielniczuk, 1999).
	Kiehl (l985) afirma que a matéria orgânica mantém o solo em constante dinamismo, exercendo papel importante na fertilidade e na produtividade das áreas exploradas. Ela indiretamente também atua na biologia do solo, através dos seus efeitos nas características físicas e químicas, melhorando consequentemente as condições para a vida vegetal.
	Características químicas
	A capacidade da matéria orgânica de reter e trocar íons tem importância fundamental no suprimento de nutrientes às plantas, na ciclagem de nutrientes e na fertilidade dos solos (Cannelas et al, 1999). Sua influência sobre a fertilidade do solo se deve a sua importância como um reservatório de nutrientes, que podem ser liberados para as plantas a partir da ação da população de microrganismos do solo na decomposição de materiais de origem vegetal e animal. Além disso, informa Alves et al. (1999), a matéria orgânica atua diretamente sobre a fertilidade do solo, elevando a capacidade de troca catiônica e a capacidade tampão contra modificações de pH do solo.
	Com relação as características químicas, a matéria orgânica em si é uma fonte de nutrientes para as plantas, uma vez que durante o processo de decomposição, ocorre a liberação de vários nutrientes e, por possuir uma área superficial específica muito grande, contribui para elevar a capacidade de troca de cátions do solo, conforme pode ser verificado no Quadro 01.
	Assim, entre as características químicas afetadas pela matéria orgânica, destacam-se a disponibilidade de nutrientes para as culturas, disponibilizando elementos como o nitrogênio, o fósforo e o enxofre e ainda, alguns micronutrientes. Com relação à capacidade de troca de cátions (CTC), a fração húmica da matéria orgânica apresenta segundo Sposito (1989) e Cannellas et al. (1999) em torno de 400-800cmolc kg-1, sendo bem superiores, às estimativas feitas para a matéria orgânica do solo como um todo.
Quadro 01 – Efeito do pH e da matéria orgânica na capacidade de troca de cátiosns em diferentes solos, quando submetidos à aplicação de calcário.
	Determinações
	Solos estudados
	
	Latossolo Roxo
	Lat Vermelho Escuro
	Neossolo
	Mat. orgânica (%)
	0,84
	0,84
	2,59
	2,59
	5,84
	5,94
	pH
	4,40
	5,80
	4,00
	6,20
	4,00
	5,80
	CTC (meq/100g)
	1,00
	2,10
	3,40
	9,20
	6,30
	16,50
Fonte: Silva, 1978 – FA-UFRGS – Porto Alegre - RS
	
O húmus apresenta uma elevada CTC se comparado aos colóides inorgânicos do solo. Enquanto a CTC do húmus varia de 400 a 800cmolc kg-1, a caulinita varia de 3 a 15cmolc kg-1 e das montmorilonita varia de 80 a 120cmolc kg-1 (Kiehl, 1985). Assim, há uma alta correlação entre CTC dos solos e o conteúdo de matéria orgânica presente no solo.
	Em solos tropicais e subtropicais, a CTC da matéria orgânica pode representar um grande percentual da CTC total do solo. O húmus é conforme Lal & Stewart (1990), particularmente importante em solos tropicais, com baixa retenção de nutrientes e que são pobres em relação a esses elementos. Nessa situação, a manutenção ou o aumento dos teores de matéria orgânica é fundamental para retenção de nutrientes no solo e para diminuição das perdas de nutrientes por lixiviação (Lal & Stewart, 1990 e Bayer & Mielniczuk, 1999).
	O principal papel da matéria orgânica está na coesão de argila e/ou complexos argila-húmus, através do compartilhamento de forças iônicas intercristalina de argila ou ligação direta através da ação de cátions polivalentes e húmus.
	A matéria orgânica possui segundo Kiehl (1985), elevado poder de tamponamento do solo, isto é, possui a propriedade de resistir contra uma mudança brusca do pH do meio em que se encontra. Quanto maior o teor de matéria orgânica presente no solo, maior será sua resistência à mudança de reação.
	A influência dos constituintes orgânicos na agregação do solo pode ocorrer através da atuação como agentes ligantes para coesão de partículas de argila, através de pontes de hidrogênio e ligação por cátions polivalentes, como substâncias gelatinosas, envolvendo partículas de solo e, através da ação de cimentação ou encapsulação, mantendo as partículas juntas.
	Características físicas
	Sob vegetação natural, o conteúdo de matéria orgânica do solo encontra-se estável. O uso agrícola altera esse conteúdo (Figura 1), sendo observada uma redução acentuada quando utilizados métodos de preparo com intenso revolvimento do solo e sistemas de culturas com baixa adição de resíduos vegetais. Nessa condição, estabelece-se um processo de degradação das condições químicas, físicas e biológicas do solo, além da perda da produtividade das culturas.
	Os efeitos da matéria orgânica sobre as características físicas do solo se processam de diversas maneiras, auxiliando na granulação, no aumento da capacidade de retenção de água, na redução da plasticidade e pegajosidade entre outras.
	A principal característica física do solo afetada pela matéria orgânica é a agregação. A partir do seu efeito na agregação do solo, outras características físiscas do solo são indiretamente afetadas, como densidade, porosidade, aeração, capacidade de retenção, infiltração de água, entre outras, que são importantíssimas para a capacidade produtiva do solo.
	- Cor do solo
	A cordo solo é a propriedade física que primeiro chama atenção. Isolada não tem significado, porém, associada com outras propriedades do solo, adquire importância. Relacionada com a drenagem do solo, pode indicar a presença de óxidos de ferro hidratados ou desidratados. Há também uma relação importante da cor do solo, sua textura e teor de matéria orgânica. Assim, mesmo teor de matéria orgânica confere tons mais vermelhos aos solos argilosos e tons mais escuros aos arenosos.
	A coloração escura do solo, principalmente em seus horizontes superficiais é motivada pela presença da matéria orgânica que pode se apresentar sob a forma de resíduos vegetais ou animais semi-decompostos da matéria orgânica, a coloração do solo pode variar de tonalidade cinzenta a castanho escuro. Buckman & Brady (1974) e Baver et al. (1975), informam que a cor do solo quando tende a tonalidade escura, contribui para absorver calor mais rapidamente. Dessa forma, afirma Kiehl (1985) a temperatura do solo é também influenciada pela matéria orgânica presente no mesmo, uma vez que solos escuros, ricos em húmus, absorvem mais calor que os solos claros.
	- Densidades do solo e de partículas
	A densidade do solo (densidade aparente ou global) tende a elevar-se à medida que se aprofunda no perfil, isto devido ao menor teor de matéria orgânica em camadas mais profundas, menor agregação, menor penetração de raízes e pela compactação natural, ocasionada pelo peso das camadas sobrejacentes. As afirmações acima podem ser confirmadas pelos dados do Quadro 02, onde à medida que se aprofunda os horizontes estudados, o teor de matéria orgânica e a porosidade diminuem e a densidade do solo aumenta (Silva, 1980). Isto ocorre segundo Buckman & Brady (1974) porque a matéria orgânica pesa muito menos que igual volume de sólidos minerais (efeito direto) e por contribuir para agregação do solo e por aumentar a porosidade (efeito indireto).
	Já a densidade de partículas (densidade real), apenas poderá ter seu valor alterado dentro de um perfil se o teor de matéria orgânica varia ou se varia a composição mineral nas diferentes camadas que compõem os horizontes, não sofrendo entretanto, efeitos de porosidade, estruturação e textura, uma vez que na sua determinação não são considerados os espaços livres (Buckman & Brady, 1974). Assim, através do Quadro 02, pode-se verificar, à medida que a matéria orgânica diminui, o valor da densidade de partículas aumenta.
Quadro 02 – Relação entre o teor de matéria orgânica com algumas características físicas do solo.
	Profundidade
	Mat. orgânica
	Porosidade total
	Densidade
	
	
	
	Solo
	Partículas
	--- cm ---
	---------------- % ----------------
	--------------- T m-3 -------------
	0 – 10
	5,3
	63
	1,04
	2,82
	10 – 20
	1,8
	60
	1,18
	2,92
	20 – 30
	1,4
	59
	1,21
	2,94
Fonte: Silva, 1980 – UFRGS – Porto Alegre – RS
	Para reduzir a densidade do solo, recomenda-se aplicar matéria orgânica nas suas mais diferentes formas, como adubação verde e aplicação de estercos animais. Por outro lado, a aração do solo quando realizada em áreas com teor elevado de umidade, bem como a passagem excessiva de máquinas sobre o solo, contribuem para elevar a densidade do solo, uma vez que provoca a destruição dos agregados e reduz a porosidade total do solo (Buckman & Brady, 1974).
- Estrutura do solo
	Podem-se reconhecer três tipos de estrutura: solta (grãos simples), maciça e agregada. Chama-se estrutura solta, quando as partículas que formam as unidades estruturais encontram-se completamente livres umas das outras. Quando as partículas se encontram unidas formando grandes blocos ou torrões, denomina-se maciça. Entre esses dois extremos, existe uma situação intermediária em que as partículas unidas formam os agregados.
	De acordo com Buckman & Brady (1975), a estrutura é o resultado da agregação de partículas primárias do solo (areia, silte e argila) e outros componentes do solo, como a matéria orgânica, formando agregados estáveis. Os agregados dão arranjamentos com formas definidas, constituindo as unidades estruturais do solo. Na formação dos agregados do solo, são necessárias duas condições. A primeira é que haja a aproximação das partículas e a segunda que ocorra a estabilização da união dessas partículas do solo. A aproximação de partículas pode ocorrer por pressão exercida pelas raízes quando do seu crescimento, pelo fenômeno de contração e expansão do solo provocados pelo molhamento e secagem alternados e pela floculação de colóides, enquanto que a estabilização aconatece quando um agente cimentante faz parte do processo para consolidar a união entre as partículas do solo (Baver et al., 1972).
	A matéria orgânica humificada juntamente com os minerais de argila são os dois agentes cimentantes que mais contribuem para a agregação do solo (Harris et al., 1966).
Diferentemente da textura, a estrutura é altamente dinâmica, podendo variar muito com o tempo, em resposta à mudanças nas condições naturais ou nas práticas de manejo do solo. Ela é de importância fundamental na determinação da produtividade do solo, isto porque ela pode afetar de forma acentuada os regimes de água, ar e calor, bem como as propriedades mecânicas do solo que por sua vez, afetam a germinação, emergência e desenvolvimento das raízes dos vegetais, além dela poder influenciar também, na eficiência e facilidades dos trabalhos de campo tais como aradura, irrigação, drenagem entra outros.
A matéria orgânica exerce influência na estrutura do solo, por afetar a estabilidade dos agregados (Tisdall & Oades, 1979). Os efeitos desse composto na agregação dos solos, são evidenciados em solos ricos nesse material, os quais se apresentam bem estruturados e com seus agregados estáveis. Assim, diferentes formas de adubos orgânicos quando aplicados ao solo, exercem influência na estabilidade dos agregados de forma diferentes. O enterrio de adubos verdes tem uma ação notável, porém, com duração de alguns meses. As palhas de cereais, por serem menos fermentáveis, terão efeitos menos intensos que os adubos verdes, mas também de duração relativamente curta, isto motivado pelo fato de ser a palha mais resistente à decomposição. Quanto ao esterco, como ele já sofreu uma primeira fermentação, a sua ação será lenta e se manifestará por um prazo mais longo. Esses aumentos na estabilidade dos agregados serão mais acentuados quanto mais íntima tiver sido a matéria orgânica misturada à parte mineral que constitui o solo.
A matéria orgânica em si, sem as transformações biológicas, tem um efeito muito pequeno na estruturação do solo. Por outro lado, os microrganismos sem matéria orgânica como fonte de energia são ineficazes na agregação do solo.
De acordo com Tisdall & Oades (1982), a influência da matéria orgânica na estabilidade dos agregados envolve três aspectos principais, que são: a) efeito mecânico exercido pelos microrganismos, principalmente, pelos micélios de fungos e actinomicetes ou substâncias viscosas produzidas pelas bactérias que funcionam como elementos aglutinadores das partículas, sendo este de curta duração e mais acentuados nos estágios iniciais de decomposição da matéria orgânica; b) ação cimentante dos produtos resultantes da síntese microbiana, goma e certos polissacarídeos, cujo efeito benéfico se estende por vários meses e; c) ação cimentante dos compostos húmicos mais resistentes, como os materiais coloidais contendo poliuronídeos, proteínas e substâncias do tipo da lignina que determinam uma estabilidade de agregados, com maior duração.
Tisdall & Oades (1982) propuseram três tipos de ação cimentante para a matéria orgânica em função da natureza química dos seus compostos orgânicos presentes no solo. a) Os compostos orgânicos que são rapidamente decompostos por microrganismos, principalmente os polissacarídeos, são considerados agentes cimentantes transitórios, estão associados à formação de macroagregados (agregados com diâmetro > 250um – Edwards & Bremner, 1967). As hifasde fungos e as raízes que permanecem no solo por vários meses e até por alguns anos, são considerados os agentes cimentantes temporários e estão associados à formação de macroagregados jovens, principalmente em raízes de gramíneas (Tisdall & Oades, 1979; Eash et al., 1994). Já os agentes cimentantes orgânicos persistentes são constituídos pelas substâncias húmicas que, ao se ligarem a cátions polivalente presentes na fração mineral com Al3+, Fe3+ e Ca2+, constituem importantes mecanismos de formação de microagregados (agregados com diâmetro menor que 250um - Edwards & Bremner, 1967).
Os microagregados são estáveis à ruptura provocada pelo umedecimento rápido e por distúrbios mecânicos do solo. Porém a quantidade de macroagregados estáveis em água depende do conteúdo de mataria orgânica e diminui com o cultivo intenso do solo (Oades, 1995).
A estabilidade dos agregados, conforme De Ploey & Poesen (1985) é um dos fatores controladores mais importantes da hidrologia do solo, na erodibilidade e em dificultar a formação de encrostamento superficial do solo. 
- Porosidade do solo
O teor de matéria orgânica contribui para aumentar o espaço poroso do solo, como também, influencia na distribuição de macro e microporos, tanto em solos arenosos, como em argilosos. A porosidade total do solo não é tão importante como a distribuição de tamanho de poros do solo, pois os macroporos são os responsáveis pela aeração, enquanto os microporos retém a água no solo (Buckman & Brady, 1975). Através do Quadro 03, pode-se verificar o efeito que a matéria orgânica exerce tanto na estabilidade dos agregados, quanto na porosidade total e sua distribuição em macro e microporos (Silva et al. 1980).
Quadro 03 – Influência da matéria orgânica na distribuição de tamanho de agregados e na distribuição de macro e microporosidade do solo.
	Horizonte
	Agregação do solo
	Porosidade
	Matéria Orgânica
	
	Macro
	Micro
	Macro
	Micro
	Total
	
	
	----------------------------------- % ---------------------------------------------------
	A1
	90
	10
	65
	36
	29
	4,0
	A2
	70
	30
	56
	18
	38
	2,0
	B1
	69
	31
	58
	11
	47
	1,5
Fonte: Silva, 1980. 
	Os solos argilosos são menos arejados e de menor drenagem que os arenosos, os quais possuem aeração e drenagem excessivas. A matéria orgânica quando adicionada a ambos os solos melhora a agregação e a estruturação, corrigindo, consequentemente, a falta de aeração e drenagem nos argilosos e os excessos de aeração e drenagem nos arenosos.
	- Taxa de infiltração de água no solo
	A velocidade de infiltração de água no solo determina o volume de água na unidade de tempo que escorrerá sobre a superfície do solo, por ocasião da ocorrência de chuvas fortes. A taxa de infiltração segundo Morgan (1986), é o índice que mede a velocidade com que a água da chuva infiltra no solo. Durante uma chuva, os espaços entre as partículas do solo, são preenchidos por água e as forças capilares decrescem, tendo como conseqüência taxas elevadas no começo da chuva que diminui com a continuação até atingir o máximo que o solo pode absorver. A matéria orgânica do solo exerce também seus efeitos no regime de infiltração e capacidade de absorção de água e, assim, influenciará no processo conhecido pela denominação de erosão (Buckman & Brady, 1974).
	Os efeitos da matéria orgânica no regime de infiltração de água do solo, ocorre através do melhoramento das condições físicas das camadas superficiais do solo, isto é, pela melhoria da agregação (Guerra, 1995), porosidade e por dificultar a formação de encrostamento superficial (De Ploey & Poesen, 1985).
	
- Retenção de água
	
A retenção de umidade do solo é favorecida pela presença de matéria orgânica (Guerra, 1975). A atuação da matéria orgânica pode ser de duas maneiras: Diretamente através da capacidade de retenção inerente à matéria orgânica humificada e, indiretamente, pela melhoria provocada às propriedades físicas do solo. A grande capacidade de retenção de água do húmus é devido não só às suas características físicas, mas, também, a certos constituintes, como a celulose e hemicelulose. A fração orgânica tem capacidade reter de 4 a 6 vezes mais água que seu peso (Jorge, 1975) e, como resultado prático, contribui para melhorar a disponibilidade de água às plantas e diminuir a intensidade das enxurradas nos períodos chuvosos.
	- Consistência do solo
	A consistência do solo é representada pelas manifestações das forças físicas de coesão e adesão, entre os constituintes a variáveis conteúdos de umidade. Quando seco a consistência é friável e quando molhado, a consistência pode ser plástica, pegajosa e fluída (Buckman & Brady, 1975).
	A matéria orgânica altera a consistência do solo, reduzindo a tenacidade, a plasticidade e a aderência e melhorando a friabilidade. As formas de consistência do solo têm importância agrícola quanto ao preparo mecânico das terras e de outros trabalhos que impliquem nas suas movimentações. A natureza e conteúdos de argila e matéria orgânica determinam a predominância do solo sobre os demais componentes texturais (Kiehl, 1985).
	A pegajosidade e plasticidade do solo são afetadas quando ao solo se incorpora matéria orgânica. Isto é fundamental, pois o solo se tornando menos pegajoso quando úmido, será facilmente trabalhado, não ocorrendo o empastamento e a aderência do solo aos implementos agrícolas. Por outro lado, por diminuir a plasticidade, a matéria orgânica diminui a incidência de formação de crostas superficiais, que poderiam causar problemas à emergência das plântulas, bem como, favorecer ao escorrimento superficial.
	
Resumo
	Percebe-se que a presença da matéria orgânica no solo é fundamental. Ela aumenta a agregação do solo, ajuda a manter os agregados estáveis em água e, consequentemente aumenta a infiltração, que por sua vez, reduz o escorrimento superficial e evita e/ou diminui os efeitos da erosão.
	Além da matéria orgânica, ajudar a manter as partículas de silte, areia e argila unidas na forma de agregados, ela também está relacionada com à atividade de muitos organismos, produzindo eles mesmos, alterações no solo e dificultando a erosão.
	Para que a matéria orgânica incorporada ao solo possa desempenhar suas funções, este deverá apresentar condições ótimas. Isto significa utilizar práticas como: subsolagem, calagem e cultivos cuidadosos e oportunos. Dessa feita, o uso de práticas agrícolas que incrementem os teores de matéria orgânica dos solos de nossa região é imprescindível.
	A manutenção ou recuperação dos teores de matéria orgânica e da capacidade produtiva do solo pode ser alcançada pela utilização de pastagem, ou, no caso de sistemas agrícolas intensos, pela utilização de métodos de preparo com pequeno, ou nenhum revolvimento e por sistemas de cultura com alta adição de resíduos vegetais, resultando, respectivamente, em menores taxas de perda e maiores taxas de matéria orgânica no sistema solo (Bayer & Mielniczuk, 1999).
	O conhecimento da dinâmica da matéria orgânica, presente ou adicionada ao solo desempenha um papel importante sobre a possibilidade de reaproveitamento energético dos resíduos produzidos pelo homem. A busca de sistemas sustentáveis e produtivo pode ocorrer através do manejo adequado dos recursos disponíveis, ao mesmo tempo que satisfaz as necessidades humanas, mantém ou melhora a qualidade ambiental e conserva os recursos naturais.
CAPÍTUO 02
2. CAPACIDADE PRODUTIVA DO SOLO
PRIVADO �
2.1. Introdução
		O solo não se resume apenas às suas partículas minerais, mais sim a um conjunto composto de minerais, matéria orgânica, organismos vivos, água e ar, cujo equilíbrio reflete no seu potencial produtivo.
		A ocorrência e a distribuição das espécies vegetais na superfície terrestre é determinada por fatores climáticos e edáficos, sendo que os fatores climáticos ou a sua interação local, determinam a distribuição dos vegetais, enquanto que os fatoresedáficos, ou a sua interação local, determinam a viabilidade de uma espécie nos locais climaticamente compatíveis com as suas necessidades, principalmente, as de calor e umidade.
		A busca de técnicas, na atualidade, visa alcançar produção máxima com boa qualidade na menor área possível, com o menor tempo e a custos mínimos. A fertilidade do solo, o clima e água são necessários para o agricultor conseguir alcançar esses objetivos. Os sistemas de manejo do solo afetam diferentemente a densidade do solo, a porosidade e o armazenamento de água ao longo do perfil do solo, interferindo diretamente no desenvolvimento e na produtividade das culturas (Silva et al., 2000)
2.2. Exigências dos vegetais
		Sabe-se que cada espécie vegetal apresenta exigências específicas, de tal forma que a recíproca, de que existem condições ambientais ótimas para cada espécie, também é verdadeira. Essas condições ótimas para determinada espécie variam, devido as diversas interações, inclusive com a fase de desenvolvimento em que as plantas se encontra.	
		Essas exigências por parte do vegetal não são tão rígidas, uma vez que, as espécies podem viver mesmo em locais em que os fatores não estejam em condições ótimas. Baseado nessa observação, surgiu o princípio de tolerância das espécies, que é definido como a capacidade que uma espécie tem em resistir ao afastamento das condições ótimas. Entretanto, para se obter produções elevadas e satisfatória, hã que se atender as exigências das culturas para que as respostas sejam positivas.
		A melhoria da fertilidade do solo é conseguida através da utilização de adubos e corretivos, produtos adequados, definidos tecnicamente, utilização de rotação de culturas, adubação verde e de um manejo adequado. O clima apesar de não estar sujeito a controle, pode entretanto, ser contornado, pela escolha das melhores épocas do ano para as atividades agrícolas.
		A necessidade de água das plantas pode ser suprida, quando possível, por sistemas de irrigação, escolhidos adequadamente para cada tipo de exploração agrícola.
	
2.3. Produção e produtividade das culturas
	 A produção pode ser definida como aquilo que se produz ou, todo o volume da produção, enquanto que a produtividade é a relação entre a quantidade de bem ou serviços gerados e os fatores usados para produzi-los. A produtividade agrícola por sua vez é expressa em termos de produção por unidade de área, de capital, de tempo de trabalho, de energia, de água, de nutrientes e etc., e certamente, é o objetivo fundamental da exploração agrícola.
	A produção agrícola de uma determinada cultura pode ser aumentada quer pelo aumento da área explorada ou quer pelo aumento da produtividade das culturas. O aumento da produtividade das culturas, por sua vez, é conseguida através do uso de sementes selecionadas, correções e fertilizações dos solos, irrigação e manejo adequado do solo, ou de qualquer outro fator que seja limitante da produção, isto é, através da otimização dos fatores de produção.
	De acordo com Reijntjes et al. (1994), buscar segurança na exploração agrícola, significa minimizar os riscos de perdas de produção ou de renda resultantes de alterações nos processos ecológicos, econômicos ou sociais. Essas alterações envolvem clima, incidência de pragas, demandas de mercado, perda de nutrientes, erosão, salinidade, secas, inundações, variação de preços do produto agrícola.
	
2.4. Condições físicas do solo
	Nas regiões tropicais de agricultura desenvolvida, as condições físicas do solo constituem o fator edáfico limitante para a produção agrícola, principalmente, no que se refere à retenção e disponibilidade de água.
	Nesse contexto, além das propriedades físicas, estão envolvidas no processo produtivo das culturas, as propriedades químicas e biológicas do solo. Entretanto, as propriedades físicas do solo, tais como: estrutura, porosidade, densidade, velocidade de infiltração de água e permeabilidade, são aqueles que mais se modificam devido ao manejo e, consequentemente interferem na produtividade.
	Reichert et al. (2003) mostram que a qualidade física do solo, está associada ao solo que permite a infiltração, retenção e disponibilização de água às plantas, córregos e subsuperfície, responde ao manejo e resiste à degradação, permite as trocas de calor e de gases com a atmosfera e raízes de plantas e permite o crescimento de raízes.
	As boas condições físicas do solo são conseqüência da sua estruturação, uma vez que, esta propriedade refere-se ao arranjo, tamanho e forma das partículas primárias. Porém, na determinação das condições físicas do solo, os fatores mais importantes são: profundidade efetiva, camada de impedimento, temperatura, ar e água. Porém Cabeda (1984) informa que a taxa de infiltração de água é, isoladamente, a propriedade que melhor reflete as condições físicas do solo, sua qualidade e estabilidade estrutural.
	2.4.1. Profundidade do solo
	A profundidade efetiva do solo, representa a espessura do solo, medida a partir da superfície, em condições de ser explorada pelo sistema radicular das plantas. Esta nem sempre coincide com a profundidade do solo e constitui a limitação mais óbvia ao desenvolvimento do sistema radicular das plantas, uma vez que esta define o volume de solo explorado pelo sistema radicular das plantas e a quantidade de água que o solo pode armazenar.
	A quantidade de água disponível às plantas pode ser avaliada levando-se em consideração a profundidade das raízes das plantas, que varia conforme o tipo de planta e a profundidade do solo. Os solos de maior profundidade permitem um melhor desenvolvimento de raízes, face a maior quantidade de água disponível.
 
		2.4.2. Camada de impedimento do solo
		As causas de obstrução ao crescimento das raízes poderão ser de natureza física ou química. As de natureza física são representadas por: compactação, contatos líticos e o excesso ou falta de água. Entre as causas químicas, estão as camadas que apresentam toxidez, devido principalmente, ao alumínio e ao manganês. Esses efeitos de obstrução variam com a espécie vegetal. 
		As camadas compactadas ou adensadas, também chamadas de camadas de impedimento, interferem nos fatores físicos do solo que atuam no desenvolvimentos das plantas tais como, potencial de água, aeração e resistência do solo à penetração de raízes, promovendo alterações na quantidade de água e de ar absorvido e respirada pelas plantas e no fluxo desses componentes no solo.
		De acordo com Silva (2002), nos diferentes sistemas de manejo, além da compactação do solo, sua influência na infiltração de água no solo, será maior ou menor, dependendo do conteúdo inicial de umidade, da permeabilidade, das características físicas e químicas do solo, bem como, do conteúdo de matéria orgânica.
	2.4.3. Temperatura do solo
	A temperatura do solo, em alguns casos, pode ser mais importante para o desenvolvimento vegetal do que a temperatura do ar. Para algumas espécies ou variedades e, em alguma fase do seu desenvolvimento, a temperatura pode assumir uma importância muito grande.
	As exigências quanto a temperatura do solo variam com a fase de desenvolvimento da planta, sendo crítica para a germinação. As sementes germinam, assim que as condições de temperatura sejam satisfeitas e desde que outras condições, tais como: umidade, quantidade de oxigênio e ausência de inibidores não impeçam o processo.
	O controle da temperatura do solo pode ser realizado através da alteração da energia que naturalmente é recebida do solo; da alteração da energia que naturalmente é perdida pelo solo e, através de modificações das propriedades térmicas do solo.
	A redução da energia recebida do solo pode ser conseguida com o uso de cobertura da superfície do solo, quer por meio de restos orgânicos, vegetação ou material artificial. As modificações da tonalidade da cor do solo, também, podem favorecer ao reflexo e diminuir a absorção de calor, concorrendo para manter a temperatura mais baixa. Pode-seainda influir na temperatura do solo, modificando-se a composição, porosidade ou quantidade de água, que alteram o seu calor específico, a sua condutibilidade e a sua difusibilidade térmica. 
	2.4.4 Ar do solo
	O ar do solo é essencial para o desenvolvimento dos microrganismos e do sistema radicular das plantas. Sua quantidade no solo dependerá das propriedades que influenciam na porosidade do solo.
	A porosidade do solo é determinada pela estrutura do solo, entretanto, o importante para o desenvolvimento da planta não é a porosidade total e sim a relação entre macro e microporos, uma vez que estes influem na relação entre água e ar do solo. Os macroporos são os responsáveis pela aeração do solo, enquanto que, os microporos são os que retém água no solo.
	Constatado que a aeração do solo é deficiente, pode-se melhorá-la utilizando-se práticas agrícolas que modifiquem a estrutura do solo ou que modifiquem a quantidade de água no solo. A drenagem superficial ou profunda é de grande importância quando se pretende aumentar a quantidade de ar de um solo, cuja maior parte da porosidade se encontra ocupada por água, enquanto que a manutenção de uma estrutura estável é também uma forma de melhorar a aeração, uma vez que, os macroporos ocorrem, geralmente, entre os arranjos de macroagregados estáveis. Já a adição de matéria orgânica, como visto no Capítulo 1, é uma forma eficiente de se promover a agregação e, consequentemente, melhorar a porosidade total e sua distribuição em macro e microporos.
	2.4.5. Água do solo
	Quando do fornecimento de água ao solo, através de chuva ou por irrigação, a água inflitra-se no solo espontaneamente. Cessado o fornecimento de água, ela continua a movimentar-se no solo, buscando estados de menor potencial, cujo processo e chamado de redistribuição. Durante a infiltração e a redistribuição, a água pode ser absorvida pelas plantas, face à diferença de potencial, isto é, o potencial total da água na planta é menor do que no solo. Da planta a água pode passar para a atmosfera. Este processo é designado de transpiração. Pela mesma razão, a água pode passar diretamente do solo para a atmosfera, cujo processo é denominado de evaporação (Reichardt, 1978).
	A quantidade de água que uma planta deve transpirar para sintetizar um quilograma de matéria seca é denominada coeficiente de transpiração que, nos climas úmidos, varia de 200 a 500 quilogramas e chega ao dobro nos climas áridos.
	A eficiência do uso de água pela planta é influenciada pela espécie vegetal, pelo clima e pelo solo. No solo, a influência ocorre principalmente, através do seu conteúdo de umidade e das condições de fertilidade.
	As perdas de água do solo ocorrem na forma de vapor e na forma líquida. A cobertura da superfície do solo é o único método que se pode utilizar para diminuir a intensidade de perda de água sob a forma de vapor, correspondente a evaporação. Enquanto que as perdas de água sob a forma líquida, dá-se através de percolação ou drenagem profunda e deflúvio. As perdas de água em profundidade podem ser reduzidas quando ao solo se adiciona matéria orgânica, a qual tem a propriedade de aumentar a capacidade de retenção de água nos solos, enquanto que as perdas pelo deflúvio, podem ser diminuída, pelo aumento da velocidade de infiltração, conseguido com o uso de práticas que reduzam a ação do impacto das gotas de chuva e daquelas que favoreçam a porosidade do solo.
	A temperatura associada ao vento, à umidade relativa do ar e a outros fatores, determina a evaporação da água do solo e a transpiração das plantas. Esse processo de perda de água é conhecido como evapotranspiração e que representa o consumo de água das plantas.
	A precipitação pluvial e a evapotranspiração, constituem-se nos elementos que definem a época ideal de cultivo e a necessidade de irrigação em uma região.
2.5. Relação solo-água-planta
	As relações solo-água-planta de qualquer cultura agrícola são bastante complicadas, pois, envolvem aspectos de fisiologia vegetal, propriedades físicas e químicas do solo, agrometeorologia e de agronomia em geral. É evidente que entre esses fatores, dois se destacam para que ocorra um crescimento vegetal adequado. São eles: a) existência de água disponível no solo e que possa ser aproveitada pelas plantas; b) distribuição radicular da cultura ao longo do perfil.
	A quantidade de água disponível para as plantas é dependente de fatores climáticos e de fatores edáficos. Os climáticos são representados por precipitação e evapotranspiração, enquanto que a textura, a estrutura, a porosidade, a profundidade e o teor de matéria orgânica do solo, representam os edáficos.
	Em se tratando de explorações extensivas, a baixa capacidade de retenção de água dos solos dificilmente pode ser melhorada. Entretanto, é sabido que a quantidade de água retida em um perfil do solo é tanto maior, quanto mais profunda for a camada considerada.
	Sabe-se que o sistema radicular das culturas somente poderá atingir maiores profundidades, quando o solo não apresenta impedimentos de ordem física ou química que dificultem o seu crescimento em profundidade.
	Assim, o uso da subsolagem ou de culturas com sistemas radiculares potentes poderão superar as barreiras físicas ao crescimento do sistema radicular, enquanto que as adubações calibradas associadas a aplicação de corretivos poderão atenuar os efeitos das barreiras químicas, tendo como consequência maior profundidade de exploração por parte do sistema radicular e, dessa forma, o problema da deficiência hídrica poderá ser atenuado.
2.6. Importância da água na produção vegetal
		A água, dentre os recursos naturais é um fator fundamental na produção vegetal. Sua falta ou seu excesso afetam o desenvolvimento das plantas e, devido a isso, o seu manejo é fundamental na produção agrícola.
		A principal fonte de água para as plantas é a chuva. A chuva que cai sobre o solo, nele uma parte penetra, outra evapora e, quando a precipitação pluvial supera a taxa de infiltração de água no solo, parte dessa água perde-se por escoamento superficial, formando as enxurradas e provocando a erosão do solo.
		A parte da água proveniente da precipitação pluvial que se infiltra, passa a ser armazenada e constituir o reservatório natural. Esse reservatório, dependendo de suas características, passa a fornecer água às plantas, à medida de suas necessidades e, como sua recarga natural é descontínua, isto é, depende do regime de precipitação, o volume de água disponível às plantas é também variável.
		Além do regime de precipitação, a quantidade de água disponível às plantas depende também do tipo de textura, estruturação, distribuição da porosidade e do teor de matéria orgânica do solo, pois, essas características exercem influências marcantes na retenção de umidade do solo.
		A aplicação continuada de água ao solo provoca um movimento descendente desta e, assim, os espaços porosos que se encontravam ocupados pelo ar, vão sendo ocupados pela água. No momento em que todos os espaços livres estão cheio de água, o solo se encontra saturado e na sua capacidade máxima de retenção. Ao cessar o suprimento de água da superfície do solo, o movimento descendente e continuado da água relativamente rápido permanece. Depois de um certo tempo, esse movimento cessará quase que completamente, tornando-se desprezível. Nesse momento, diz-se que o solo se encontra na capacidade de campo, isto é, o solo armazena a máxima quantidade de água que estaria disponível às plantas (Reichardt, 1978). Isso indica que a água se retirou dos macroporos, ficando apenas nos microporos, de onde os vegetais absorvem umidade. Segundo Reichardt (1978) a capacidade de campo é uma característica inconstante, variando com a intensidade da chuva, a heterogeneidade do perfil de solo e de vários outros fatores.
		As plantas que se encontram no solo absorvem água e reduzem a quantidade de umidade que nele se encontra armazenada. A água absorvida pelas raízes das plantas é transportadapara as folhas, onde grande parte dela se perde por transpiração. Além dessa perda, tem-se a evaporação direta da água da superfície do solo. Essas perdas ocorrem de forma simultânea e são responsáveis pela rápida diminuição do teor de água armazenada no solo.
		Finalmente, o fluxo de água tornar-se-á tão lento que as plantas começarão a secar e com a continuação, permanecerão murchas tanto durante o dia como pela noite, embora não estejam mortas. No momento em que as plantas permanecerão murchas mesmo que seja fornecido água, terá atingido o ponto de murcha permanente.
		Tanto a capacidade de campo como o ponto de murcha permanente podem ser determinados através do uso de panelas de pressão, aplicando-se as sucções de 0,033 e 1,5 MPa, respectivamente e, determinando-se o teor de umidade do solo.
		Como se observa, à medida que o fornecimento de água é paralisado, a água que se encontra no solo continua a se movimentar dentro do perfil, procurando os pontos de menor potencial.
		Nota-se que logo após ter cessado a chuva, a camada superficial do solo apresenta elevado teor de umidade e, com o passar do tempo, a água que se encontra nessa camada migra para as camadas mais profundas e se redistribui uniformemente no perfil.
		As forças envolvidas na retenção de água pelos sólidos do solo são duas. Uma delas é a adesão, responsável pela atração de superfícies sólidas pelas moléculas de água e a outra é a coesão, responsável pela atração das moléculas de água entre si. Os sólidos do solo retém firmemente por adesão as moléculas de água nas entrefaces solo-água e essas moléculas por sua vez, retém por coesão outras moléculas de água que estão mais afastadas das superfícies sólidas. Essas forças em conjunto, possibilitam os sólidos do solo reter a água e controlar a sua movimentação e utilização.
		A água retida por essas forças poderá, não somente manter os poros capilares menores inteiramente cheios de água, mas também, as películas relativamente espessas dos macroporos. À medida que essas películas aumentam em espessuras, tornam-se mais pesadas e a umidade na superfície exterior da película é retida com menor tenacidade. Essa umidade externa está sujeita à pronta movimentação por efeito da gravidade e pelo empuxo das películas de umidade adjacente, que não possuem espessuras semelhantes.
		Quando o solo está próximo à saturação, é fácil remover uma reduzida quantidade de água. Porém, quando a umidade do solo se reduz, a força necessária para removê-la se torna cada vez maior. A utilização da água pelos vegetais diminuirá ainda mais a espessura média da película do solo. A água será removida dos microporos maiores e permanecerá nos microporos menores e ao redor das partículas sólidas. Esta situação continuará enquanto os vegetais puderem remover com eficiência a água do solo.
		A água disponível do solo é influenciada pela textura do solo, pela estrutura, pelo teor de matéria orgânica e pela porosidade. Por exemplo, superfícies duras e camadas impermeáveis reduzem a intensidade de movimentação da água, exercem influências desfavoráveis na penetração de raízes, restringindo às vezes, o crescimento radicular e reduzem a profundidade do solo de onde é retirada umidade. Pode-se verificar o comportamento da retenção de água em solos de texturas diferentes. 
CAPÍTULO 03
3. CAUSAS DO DECLÍNIO DA PRODUTIVIDADE DO SOLO (Degradação do Solo)
PRIVADO �
		A degradação de um solo tem seus reflexos imediatos na diminuição da sua produtividade, uma vez que várias são as causas que a determina. Dentre as causas responsáveis pela degradação do solo, tem-se: a) Erosão; b) Utilização intensiva dos solos; c) Uso da queima de forma intensiva como prática para eliminação de restos culturais; d) Preparo do solo em condições inadequadas; e) Utilização de monocultivos; f) Falta de medidas gerais de proteção ao solo; g) Utilização do solo sem considerar suas potencialidades e limitações; h) deficiente ou escasso emprego de adubos e corretivos; i) Pastejo intensivo, não considerando o tempo de permanência dos animais no piquete e capacidade de suporte do piquete; j) Desmatamento desordenado; l) Métodos errados de exploração agrícola, como o cultivo morro-abaixo; m) Desmatamento de morros e destruição de matas ciliares e; n) Irrigação malfeita.
		Algumas estimativas confirmam que a degradação de terras afeta adversamente a integridade ecológica e a produtividade de 2 bilhões de hectares ou 23% das áreas sob uso humano, sendo que 2/3 de toda área de agricultura do planeta sofreu alguma forma de degradação nas últimas cinco décadas (Barbosa, 2006).
		Estudos da EMBRAPA sobre o semi-árido Nordestino, mostram que as áreas mais secas, com pluviosidade inferior a 500mm, com predomínio de caatinga hiperxerófila, considerando o tempo de ocupação em função dos usos, representando 22% dessa região (cerca de 20.364.900ha), estariam comprometidos, em vários níveis de degradação ambiental (EMBRAPA, 2000).
3.2. Degradação
		A degradação é a perda temporária ou permanente da capacidade produtiva da área. Para Majoer (1989), área degradada é entendida como aquela em que houve alguma perturbação em sua integridade, seja ela de natureza física, química ou biológica. Já Teixeira & Silva Júnior (1994) acrescentam que esta ocorre quando a flora e a fauna originais são destruídas ou removidas, a camada fértil do solo é perdida, removida ou enterrada e a qualidade da vazão do sistema hídrico é alterada.
		De modo geral, um ambiente degradado fica comprometido na sua capacidade de regeneração e impossibilitado de exercer funções satisfatórias, enquanto não alterar essa condição. Nesse sentido, faz-se necessário modificar os fatores que levaram a essa condição, sendo esse um preceito básico da recuperação do ambiente considerado (Almeida, 2002; Almeida & Sanchez, 2005).
		Dias & Griffith (1998), fazendo referência ao programa de meio ambiente das Nações Unidas, citam como os principais fatores de degradação de solos: a) o desmatamento ou a remoção da vegetação nativa para fins de agricultura, florestas comerciais, construção de estradas, mineração e urbanização; b) superpastejo da vegetação; c) as atividades agrícolas com o uso insuficiente ou excessivo de fertilizantes, o uso de água de irrigação de baixa qualidade, uso inapropriado de máquinas agrícolas e ausência de práticas conservacionistas de solo; d) exploração intensa da vegetação para fins domésticos, como combustível, cercas, etc., expondo o solo a agentes de erosão; e ) atividades industriais, bioindustriais ou de mineração que causam a poluição do solo.
		O uso e o manejo inadequado dos solos são apontados, como as principais causas de origem antrópica relacionada com a degradação. A degradação em si é definida segundo Blum (1998), como a perda da capacidade produtiva e da utilidade atual ou potencial do mesmo. Enquanto que os processos relacionados com a degradação do solo, são: Erosão, compactação, acidificação, salinização, esgotamento de nutrientes, exaustão do solo, diminuição do carbono orgânico e da biodiversidade. Esses processos por sua vez, podem afetar outros componentes do meio físico, como clima, vegetação e água, caracterizando assim, as áreas degradadas (Lal, 1998).
		Os fatores de degradação de solo segundo Oldeman (1994) são: a) desmatamento ou remoção natural para fins de agricultura, florestas comerciais, construção de estradas e urbanização; b) superpastejo da vegetação; c) atividades agrícolas, incluindo ampla variedade de práticas agrícolas, como uso insuficiente ou excessivo de fertilizantes, uso de água de irrigação de baixa qualidade, uso inapropriado de máquinas agrícolas e ausência de práticas conservacionistas de solo; d) exploração intensa da vegetação para fins domésticos, como combustível, cercas entre outros, expondo o solo à ação dos agentes de erosão; e e) atividades industriais ou bioindustriais que causam a poluição do solo.
	Os fatoresque influem na degradação do solo, podem ser agrupados em três grupos: Deficiência nutricional, Uso e manejo inadequado solo e Erosão do solo.
	
	
3.2.1. Deficiência nutricional
	 A baixa produtividade agrícola de uma área está em grande parte relacionada à fertilidade do solo, podendo ser representada pela baixa disponibilidade de nutrientes, problemas de acidez, toxidez e por salinização. Esses problemas poderão ter ocorrência natural ou ser provocado pela má utilização das terras, como no caso da utilização intensiva com monocultivos.
	Os teores de fósforo no solo de forma geral são baixos nas regiões semi-áridas (Sampaio et al., 1995 e Menezes et al., 2005) e essa deficiência é apontada como uma das principais limitações encontradas nos solos do semi-árido para o crescimento vegetal. De acordo com Gontijo et al. (2002), a ausência da aplicação de fertilizantes é um dos principais fatores responsáveis pela baixa produtividade nas áreas destinadas à produção.
	A erosão é um dos fatores que contribui para a diminuição da fertilidade do solo, face à remoção da camada superficial do solo, geralmente, aquela que apresenta maior quantidade de nutrientes na forma assimilável, a de maior fertilidade. O fato de praticamente todos os nutrientes dos solos distróficos estarem ligados ao ciclo orgânico torna o aspecto da erosão acelerada muito crítico, já que o arraste pela erosão, principalmente nas primeiras chuvas, após a queima, ajuda sobremaneira, no empobrecimento do sistema.
	
	3.2.2. Uso e manejo inadequado do solo
	O uso e manejo inadequado do solo podem ser representados por uma série de aspectos ou etapas realizadas dentro de uma área, não considerando a parte técnica de uma agricultura racional, que pode ser representada por: a) Uso do solo sem considerar a aptidão natural; b) Utilização de cobertura vegetal inadequada; c) Sistema inadequado de preparo do solo; d) Compactação dos solos agrícolas.
	Com relação à utilização do solo fora da sua aptidão natural, esta é caracterizada muitas vezes pelo uso de áreas sem aptidão para exploração de culturas anuais (lavouras), principalmente por problemas topográficos (declividade acentuada), solos rasos, deficiências nutricionais e presença de pedregosidade na área.
	A cobertura vegetal inadequada é representada por uma exploração com culturas que está além das potencialidades da área, com isso, muitas dessas áreas que são cultivadas com culturas anuais deveriam ser destinadas a pastagem ou para outras culturas, capazes de proporcionarem maior proteção ao solo ou até mesmo reflorestamento.
	A utilização de sistema de preparo inadequado pode ser representada pelo número excessivo de operações, podendo resultar numa pulverização excessiva do solo ou na formação de camada compactada, bastando pra isso o solo encontrar-se com um teor baixo ou elevado de umidade, respectivamente. O preparo do solo interfere nas condições de superfície do solo, como também, na estrutura do solo.
	A compactação dos solos depende, entre outros fatores do teor de umidade, entretanto, para determinada condição de textura e teor de matéria orgânica no solo, o fator que determina a magnitude da deformação do solo é o conteúdo de água (Dias Júnior, 2000). De acordo com Murphy & Barreto (1995), a resistência do solo à penetração das raízes é drasticamente alterada quando ocorre a degradação da estrutura do solo.
	A compactação dos solos agrícolas pode ser provocada pelo uso indiscriminado e excessivo de implementos agrícolas, em condições de umidade excessiva e inadequada para as operações de preparo e tráfego. Por outro lado, a utilização de pastagem com excesso de lotação e pastejo excessivo, principalmente, em dias de chuva ou em solos com excesso de umidade, pode provocar a compactação da camada superficial do solo.
	O pastejo intenso de animais em solos úmidos causa compactação, ocasionando redução na macroporosidade, aumento na densidade do solo e redução da infiltração de água nas camadas mais superficiais do solo (Bertol et al., 2000). Essas alterações levam também a um aumento da pressão de pré-consolidação do solo.
	As alterações nas propriedades físicas do solo podem acontecer com maior ou menor intensidade, provocadas pelo pisoteio animal que por sua vez, depende da intensidade e freqüência do pastejo, pois os animais aplicam pressões no solo superiores àquelas aplicadas por implementos agrícolas. Além desses aspectos, outros fatores condicionam a degradação dos atributos físicos do solo, tais como o hábito de crescimento das forrageiras, a textura do solo, a umidade no momento do pastejo, além dos condicionadores do pastejo (Luz & Herling, 2004).
	3.2.3. Erosão do solo
	O processo erosivo que ocorre numa área é conseqüência do impacto direto das gotas de chuva sobre a superfície desprotegida do solo, onde o excesso de água que se acumula na superfície escoa provocando o transporte das partículas desagregadas do solo, deixando a área cada vez mais pobre e aumentando a sua degradação.
	O uso de técnicas erradas de preparo do solo e de cultivo, as queimadas, o desmatamento, a utilização de tratores e implementos agrícolas muito pesados, a prática da monocultura, a utilização de áreas declivosas para exploração agrícola e o hábito de deixar a terra sem a proteção têm provocado a erosão do solo, o assoreamento dos cursos de água e até catástrofes.
	A degradação física de um solo pode estar relacionada intimamente com a perda da qualidade estrutural desse solo, implicando diretamente em alteração das características do espaço poroso do solo, que reflete em menores taxas de infiltração de água no solo e em maiores taxas de escoamento superficial da água das chuvas. A degradação estrutural nesse sentido manifesta-se de maneira visível na superfície do solo, com a formação de crostas e, na subsuperfície, com o surgimento de camadas compactadas.
 
3.3. Conseqüências da Degradação
		Considerando-se os fatores de degradação, o superpastejo é responsável por 34,5% das áreas mundiais degradadas, seguido do desmatamento com 29,4%, por atividades agrícolas com 28,1%, exploração intensa da vegetação para fins domésticos, com 6,8% e atividades industriais ou bioindustriais com 1,2% (Oldeman, 1994). No Brasil, segundo Dias & Griffith (1998), o desmatamento e as atividades agrícolas são os principais fatores de degradação dos solos. O impacto causado pelas obas de engenharia (estradas, ferrovias, barragens entre outras) e por mineração a céu aberto, sensibiliza a população quando comparada ao desmatamento ou ao superpastejo.
		A degradação de um solo pode ser definida como a perda da qualidade desse solo em produzir um determinado bem, quer seja em termos de produção de alimento para o homem, ou de alimento para suportar uma exploração pecuária.
	As conseqüências da degradação de um solo podem ser refletidas em termos de: a) empobrecimento da fertilidade do solo; b) desagregação da estrutura do solo; c) compactação; d) redução da porosidade; e) diminuição da infiltração e movimento de água no solo; f) diminuição da disponibilidade de água; g) aumento da densidade do solo; h) diminuição do rendimento das culturas; i) terras imprestáveis à exploração agrícola e; j) aumento das perdas de solo.
	Além dos aspectos enfocados acima, observa-se que a poluição dos mananciais também é fator a ser considerado. O grande problema da água para o uso humano reside na sua disponibilidade e qualidade. Além da distribuição geográfica desigual, o fator poluição é o que mais preocupa.
	Os custos de remoção de sedimentos no tratamento da água são relativamente elevados, quando a água é utilizada para consumo humano. Entretanto, os efeitos danosos relativos à poluição de rios, barragens, açudes e lagos, dizem respeito aos prejuízos que sedimentos ricos em material mineral (areia, silte e argila), orgânico (solos férteis e restos culturais) e poluentes líquidos (agrotóxicos) são capazes de proporcionar.
3.4. Tipos de DegradaçãoA degradação de uma área pode ser de natureza física, química ou biológica (Reinert, 1998). A degradação física de um solo é definida como a perda da qualidade estrutural desse solo. Essa degradação estrutural pode ser observada tanto na superfície do solo, como na subsuperfície. Na superfície, ocorre o aparecimento de crostas superficiais e, na subsuperfície, o surgimento de camadas compactadas, que contribuem para menores taxas de infiltração de água no solo e, consequentemente maiores taxas de erosão, que, como foi vista anteriormente, contribui para acelerar o processo de degradação.
	A degradação física refere-se às perdas de condições ligadas à forma (densidade do solo, porosidade, infiltração, aeração entre outros) e estabilidade (resistência dos agregados) da estrutura do solo. Alta resistência, limitações de aeração e alta susceptibilidade à erosão, são sintomas claros de degradação física do solo 
	Dentro do contexto de infiltração de água no solo, uma característica marcante existente em solos tropicais e subtropicais é a presença de crostas (Valentim & Bresson, 1992), sendo estas resultantes de processos complexos nos quais as partículas do solo são rearranjadas e consolidadas em uma estrutura superficial coesa. Estas crostas, pela localização na parte superior da camada superficial, são responsáveis pela diminuição da infiltração da água no solo e pelo aumento do escoamento superficial das águas provenientes das chuvas e da irrigação, que pode potencializar os processos erosivos (Souza et al., 2007).
	Na camada subsuperficial, é sabido que as raízes das plantas ao entrarem em contato com uma camada compactada apresentam respostas imediatas que prejudicam o desenvolvimento das mesmas, comprometendo a estabilização do sistema radicular e, consequentemente, limitando o crescimento da parte aérea (Dexter, 1988).
	A degradação química diz respeito às alterações da fertilidade do solo provocada pelo uso intensivo dos nutrientes do solo pela vegetação e sem sua reposição através de técnicas de adubação, quer mineral ou orgânica, como também, pela aplicação de agrotóxicos, principalmente em áreas sob monocultivo. Para Reinert (1998), a degradação química é o reflexo da retirada ou saída de nutrientes do solo ou acúmulo de elementos tóxicos ou desbalanceados, que são prejudiciais ao crescimento de plantas. 
	A degradação biológica do solo está associada às modificações que o homem pode imprimir ao meio solo, com a aplicação de agrotóxicos, com a utilização sistemática da queima como prática para eliminação dos restos culturais e com técnicas que contribuam para reduzir a quantidade de matéria orgânica do solo. Reinert (1998) acrescenta que a degradação biológica está associada à redução de matéria orgânica e da atividade e diversidade de organismos de solos.
	A degradação da pastagem pode ser representada pela completa perda da produtividade da pastagem em decorrência do domínio de plantas invasoras (Dias Filho, 1998). Sendo o caso mais grave da degradação da pastagem aquele em que a área apresentasse solo totalmente desprovido de vegetação e ausência de banco de sementes no solo que pudesse proporcionar uma rápida recuperação da área. Nesse caso, o sinal evidente de declínio de produtividade é o crescente aumento na presença de plantas invasoras, as quais gradualmente diminuem a capacidade de suporte da pastagem.
3.5. Recuperação de Áreas Degradadas
	A seleção cuidadosa de espécies vegetais, práticas de manejo baseadas no entendimento da sucessão natural e dos processos de ciclagem de nutrientes para a plantação de espécies nativas são importantes instrumentos para a recuperação de solos tropicais degradados.
	Davide (1994) comenta que a escolha de espécies para utilização em recuperação de áreas degradadas deve ter como ponto de partida, estudos de composição florística da vegetação remanescente da região. A partir desses levantamentos, experimentos silviculturais devem ser montados procurando explorar a variação ambiental e níveis de tecnologia. As espécies pioneiras e secundárias iniciais deverão ter prioridade na primeira fase da seleção de espécies.
	As principais ações para que as áreas degradadas possam voltar a ser produtivas consiste no desenvolvimento e estabelecimento de sistemas de manejo seguido da revegetação do local de maneira inclusive, a propiciar o retorno da fauna, em especial polinizadores e dispersores.
	Gómez-Pompa & Wiechers (1979), colocam os estudos sobre solos como ponto relevante para a regeneração dos ecossistemas tropicais e subtropicais, devendo ser considerados para o melhor entendimento e planejamento dos processos ecológicos. Neste contexto, para uma eficiente recomposição da vegetação e desenvolvimento de novas tecnologias e formas de manejo para a recuperação de áreas degradas, é necessária a intensificação de pesquisas que contemplem, entre outras linhas, a interação dos conhecimentos sobre a físico-química e microbiologia do solo, a fenologia, a ciclagem de nutrientes e a auto-ecologia das espécies vegetais.
	A implantação de um estrato arbustivo vigoroso é de acordo com Griffith et al. (2000) o primeiro passo para se atingir bons resultados em longo prazo e a conseqüente estabilização ecológica local. O estrato implantado deve ser auto-sustentável e conseguir dar suporte às futuras “ilhas de vegetação arbórea” que serão pontos de dispersão de propágulos, compostos por árvores de alto poder de regeneração natural e com algum atrativo à fauna silvestre, de modo a induzir a sucessão natural da área.
	A utilização de espécies nativas do local, junto com espécies que aceleram o equilíbrio químico e físico do solo, é uma alternativa que pode acelerar a recuperação de áreas degradadas. Nesse sentido, é de grande relevância para reequilíbrio do ecossistema os adubos verdes, que são importantes na cobertura inicial do solo (Aguiar et al., 1993). A presença da vegetação influencia também nas propriedades biológicas do solo. Correia & Andrade (1999) informam que quanto mais diversificada for a cobertura vegetal, maior será as comunidades de fauna do solo.
	As medidas utilizadas para recuperação de áreas degradadas podem ser as seguintes: a) utilização de sistemas de preparo do solo em que o número de passagem de máquinas agrícolas seja reduzido; b) utilização de máquinas ou implementos agrícolas em época adequada e que não contribuam para promover a pulverização excessiva da camada superficial, nem para compactar a camada subsuperficial; c) utilização de práticas que incrementem aumentos de matéria orgânica do solo ou no mínimo mantenha esses teores; d) utilização de culturas que contribuam para melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo; e) utilização de cobertura morta; f) utilização do solo de acordo com sua capacidade de uso; g) utilização de cultivos diversificados (rotação de culturas e consórcios) e; h) utilização de práticas eficientes no controle à erosão.
		Sistemas que incluem leguminosas, a decomposição dos resíduos é mais rápida que em sistemas que incluem gramíneas e, além disso, essas últimas são mais prováveis que mantenham ou incrementam o teor de matéria orgânica do solo (MacRae & Mehuys, 1985). Acrescentam ainda, que adição de material orgânico com baixa relação C/N, é acompanhada de rápida decomposição microbiana e consequente rápida liberação de substâncias estabilizadoras (gomas e polissacarídeos) refletindo provavelmente em rápido efeito na estabilização dos agregados. Mencionam que o efeito e a efetividade variam com a textura do solo e o tipo de planta utilizado, e também que os efeitos não são duradouros, exceto se houver adição freqüente. Monnier (1965) demonstra que quanto mais compostos resistentes no composto orgânico adicionado ao solo, mais efetivo é o seu efeito na recuperação da estabilidade.
		A grande diferença existente entre situações onde apenas a vegetação foi degradada e aquelas onde o solo foi totalmente alterado estão no grau de intervenção técnica necessáriae na busca do estabelecimento de condições mínimas de estrutura e fertilidade para o desenvolvimento de uma cobertura vegetal. A introdução de leguminosas em local onde ocorreu a perda dos horizontes férteis do solo mostra uma recuperação mais rápida da atividade biológica do solo quando comparado com a revegetação com gramíneas (Campelo, 1998).
3.6. Resumo
	Dada a necessidade de produzir cada vez mais alimentos e, como as fronteiras agrícolas estão praticamente esgotadas, o uso do solo é intensificado, ocorrendo como conseqüência, o seu desgaste e empobrecimento acelerado. Além do empobrecimento do solo e dos prejuízos causados à produção agropecuária, a erosão representa fator preponderante no processo de degradação das áreas agrícolas, pelo fato de concorrer para o desgaste da camada arável do solo, provocando poluição das águas e assoreamento das represas.
	A degradação dos solos, como foi visto, pode ter uma série de causas. A erosão é uma delas, porém, pode ser devida à acidificação, à acumulação de metais pesados, à redução dos nutrientes no solo, à redução de matéria orgânica, à sistemas de cultivos, etc., e tem levado a agropecuária a baixas produtividades e, consequentemente, elevando os custos de produção e ocasionando um esvaziamento populacional da zona rural, agravando os problemas sociais nos grandes centros urbanos.
	As causas enfocadas estão, principalmente, relacionadas à intervenção do homem na natureza. Os solos, através de atividades desenvolvidas diretamente sobre eles, pelo uso agrícola ou uso urbano, estão sempre ameaçados de degradação. Os custos de sua recuperação são geralmente elevados, o que inviabiliza a sua recuperação. As práticas de conservação são quase sempre de custos mais baixos e, têm demonstrado ser o caminho, face à sua eficiência já comprovada em várias partes do mundo.
	Como a principal característica do solo degradado é a ausência quase total de matéria orgânica, fonte de nutrientes para os vegetais, a forma de reverter tal situação é, em primeiro lugar, recuperar a fertilidade do solo e, para isso, deve-se oferecer nitrogênio na forma mineral, associado à utilização de leguminosas, principalmente, de espécies arbóreas, próprias para desenvolver simbiose perfeita nas suas raízes com bactérias capazes de fixar o nitrogênio do ar, possibilitando sua assimilação pelas plantas. No suprimento de fósforo, potássio e enxofre, deve-se recorrer à utilização de fosfato de rochas (fosfato natural) e sulfato de potássio ou de cálcio, por ocasião do plantio de leguminosas. A utilização dessas fontes pouco solúveis, possibilitam uma disponibilidade desses nutrientes por um maior período de tempo.
FATORES QUE INFLUEM SOBRE AS PERDAS POR EROSÃO
5.1. Introdução
A erosão hídrica é condicionada numa área agrícola por diversos fatores. As chuvas, a natureza do solo, o relevo, a vegetação e a ação do homem constituem o conjunto de fatores, sendo as precipitações pluviais, o principal agente causador desse fenômeno.
Os fatores que influem no processo erosivo, são também denominados de fatores controladores, uma vez que estes determinam as variações nas taxas de erosão. É por causa da interação desses fatores que certas áreas erodem mais do que outras. A intervenção do homem pode alterar esses fatores e, consequentemente, apressar ou retardar os processos erosivos.
5.2. Ação da chuva
A chuva é um dos fatores climáticos de maior importância na erosão dos solos. O volume e a velocidade da enxurrada dependem da intensidade, duração e frequência da chuva. A intensidade é o fator pluviométrico mais importante da erosão.
A capacidade potencial da chuva em provocar erosão é denominada de erosividade. Embora a definição seja simples, a sua determinação é muito complexa, pois, depende em especial, dos parâmetros de erosividade e também das características das gotas de chuva, que variam no tempo e no espaço.
A intensidade da chuva que é a sua concentração num determinado espaço de tempo, constitui o mais importante fator pluviométrico, uma vez que aumenta a enxurrada e, consequentemente a erosão. Como exemplo, pode-se comparar as intensidades das chuvas das microrregiões do Brejo Paraibano e Sertão, onde as chuvas na primeira são de baixas intensidades e, consequentemente, menores as perdas por erosão e, no Sertão as chuvas são de alta intensidade e de alto poder erosivo, levando-se a concluir que as perdas na microrregião do Brejo serão menores. Isso ocorre, pelo fato de que o solo terá mais tempo para absorver a água e menor também será a nação desagregadora, provocada pelo impacto das gotas de chuva sobre a superfície do solo.
A altura de precipitação representa a quantidade de água precipitada por unidade de área horizontal. Este parâmetro também influencia o aparecimento da erosão em terrenos declivosos. Sabe-se que os solos agrícolas possuem um limite máximo de velocidade de infiltração e de absorção de água e, quando esse é ultrapassado, as enxurradas são formadas. Dessa forma, as chuvas de pequena intensidade e curta duração dificilmente provocarão enxurradas, ao passo que as de grande intensidade e/ou longa duração saturam o solo e formam as enxurradas.
A frequência com as chuvas ocorrem, também tem grande importância nas perdas por erosão. Chuvas distribuídas em espaços de tempo maiores, provocam menos erosão do que aquelas distribuídas em espaços menores, isto porque, chuvas de ocorrência próxima uma da outra, encontrarão o solo saturado, provocando escorrimento superficial.
O impacto das gotas da chuva sobre a superfície do solo, exerce influência sob três aspectos importantes: i) fracionam o solo; ii) tendem a destruir a granulação; iii) seus salpicos sob certas condições produzem o transporte de quantidade apreciável de solo. A incidência direta das gotas de chuva, provoca o afrouxamento e fracionamento dos agregados, levando-os praticamente ao desaparecimento. Se o material dispersado não for transportado pelo escoamento superficial, poderá formar uma crosta dura que diminuirá a infiltração de água no solo.
No Quadro 05 abaixo, pode-se verificar o efeito da intensidade da chuva sobre as perdas por erosão, em solo desnudo e com aproximadamente 20% de declividade. Observa-se que a quantidade de água precipitada foi praticamente a mesma, diferindo apenas na intensidade da chuva e provocando diferentes perdas de solo por erosão.
Quadro 05 – Relação entre a intensidade da chuva e as perdas de solo por erosão.
	Alt. da Chuva
	Int. máxima
	Enxurrada
	Perdas por erosão
	
- mm -
20,6
21,4
18,0
21,8
20,0
	
- mm/h -
7,9
5,0
4,5
2,2
1,9
	
- mm -
6,8
11,1
7,8
4,5
0,8
	
- t/ha -
7,35
1,74
1,06
0,47
0,12
Fonte: Suarez de Castro – 1979.
* Intensidade máxima da chuva em 5 minutos
5.3. Ação das variáveis do próprio solo
As propriedades do solo são de grande importância nos estudos de erosão, porque justamente com outros fatores, determinam a maior ou menor susceptibilidade à erosão. A resistência do solo em ser removido ou transportado, é definida como erodibilidade. A maior ou menor susceptibilidade de um solo ao processo erosivo dependerá de características do próprio solo. Entre estas, as mais significativas são: a capacidade de infiltração de água e a estabilidade estrutural do solo.
Várias são as propriedades do solo que afetam a erosão. Entre elas pode-se destacar: textura, densidade do solo, porosidade, teor de matéria orgânica, tamanho e estabilidade dos agregados e o pH do solo. Apesar da importância que essas propriedades têm na erodibilidade, reconhece-se que elas, a exceção da textura, não são estáticas ao longo do tempo. Dessa forma, quando analisadas, é preciso relacioná-las a um determinado período de tempo, pois podem evoluir, transformando certos solos mais susceptíveis em solos resistentes aos processos erosivos.
A textura afeta a erosão, porque

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