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SOLO PARA ALTA PRODUÇÃO A importância do solo para o futuro da agricultura Já ninguém duvida que o solo é um dos principais elementos da agricultura e da produção de alimentos, senão o mais importante. O solo desempenha 2 funções básicas na agricultura: É a infraestrutura ecológica da maioria das plantas e de quase 100% das culturas agrícolas. É através do solo que as plantas recebem de forma contínua os nutrientes e a água e é no solo que encontram o ambiente gasoso adequado ao desenvolvimento do seu sistema radicular. A sustentabilidade do solo é crucial para o êxito da agricultura, sem um solo saudável será difícil produzir alimentos de qualidade e em quantidade. É por isso que precisamos de investir a longo prazo nos nossos solos. O que queremos dizer? A saúde do solo na agricultura Solos com uma boa estrutura e com baixo nível de compactação permitem que o solo funcione de forma equilibrada. Bons níveis de matéria orgânica no solo. Porque são importantes? Significam uma melhor reserva de nutrientes, incrementam a capacidade de troca catiónica, formam quelatos, fornecem energia à atividade dos microrganismos, aumentam a capacidade calorífera e reduzem as oscilações térmicas. Um solo saudável tem grande influência no crescimento das raízes e, portanto, também na parte aérea da planta. Proporciona melhor alimento à cultura e é uma barreira natural contra impactos extremos de eventos ambientais como a temperatura, o excesso de chuva ou inclusive a escassez de água. Mas o solo na agricultura tem um papel fundamental não só do ponto de vista agronómico, como também na perspetiva ambiental. Solos saudáveis podem ajudar a proteger a qualidade da água nos ecossistemas agrários, reduzindo o impacto de fatores como a escorrência e a lixiviação. Solos bem geridos podem ajudar a reduzir o risco de os produtos fitofarmacêuticos ou fertilizantes atingirem as águas superficiais ou profundas devido à erosão, à escorrência e, em geral, à deslocação de substâncias solúveis ou dispersíveis. Se tivesse que escolher, diria que a escorrência é o principal fator de degradação dos solos agrícolas nesta parte da Europa, e é aqui que devemos trabalhar mais intensamente enquanto setor. A boa notícia é que a erosão provocada pela escorrência pode ser reduzida até 75 % mediante a implementação de boas práticas na gestão dos solos. Antes de terminar, gostaria de mencionar também o papel da biodiversidade no solo. É um aspeto a que damos menos atenção, mas que também devemos cuidar, porque no solo há mais organismos do que possamos imaginar. Biliões de micróbios descompõem a matéria vegetal, reciclam nutrientes e tornam-os disponíveis para as plantas. Embora também seja importante saber que há muitos outros organismos que podem afetar as plantas, tal como insetos, moluscos, nemátodos, e que têm atividade parasita sobre as mesmas. Não restam dúvidas, promovendo a biodiversidade dos solos teremos um maior leque de organismos que manterão um equilíbrio entre si. Formação dos solos O processo de origem, formação e transformação dos solos está diretamente relacionado com o intemperismo e com a acumulação de material orgânico. Os solos configuram-se como um importante recurso natural renovável que é utilizado pelas atividades humanas para fins econômicos, tendo uma notável importância nas práticas agropecuárias e na geração de alimentos para a sociedade. Sendo assim, uma curiosidade que permanece é: como se formam os solos? Basicamente, os solos formam-se a partir do processo de decomposição das rochas de origem, chamadas de rochas mãe. Isso significa dizer que, no início, não existiam solos na Terra, mas apenas grandes e variados grupos rochosos que foram lentamente desgastados pelo clima, pela ação da água e dos ventos e também pelos seres vivos, sobretudos as plantas. Com isso, essa lenta desagregação proporcionou a formação de sedimentos, que se mantêm aglomerados e compõem os solos. O processo de origem e constituição dos solos é chamado de pedogênese. Nesse sentido, a formação dos solos na natureza levou milhões de anos, apresentando, quase sempre, aspectos relacionados com o seu material de origem e as interferências naturais e antrópicas proporcionadas sobre eles. Vale lembrar que esse processo de formação dos solos é ininterrupto e ainda ocorre atualmente. Para compreender melhor o fenômeno natural da pedogênese, confira o esquema a seguir: Esquema explicativo da sequência de formação dos solos De acordo com a sequência acima explicitada, compreendemos que o processo de formação obedece à seguinte cronologia: a) decomposição lenta da rocha mãe pelos agentes do interperismo (água, ventos, clima, plantas e outros); b) com o tempo, acumula-se uma maior presença de material orgânico sobre o solo recém-formado; c) o material orgânico decompõe-se e vai aos poucos enriquecendo o terreno, enquanto os horizontes do solo vão se formando; d) o solo, em estágio mais avançado, passa a contar com os diferentes horizontes, além de apresentar uma camada superficial orgânica propícia ao plantio e à existência de vegetações. Os solos mais antigos apresentam essa estrutura mais consolidada, enquanto os solos mais jovens, muitas vezes, ainda se encontram em processo intermediário de formação, sem a existência de todos os seus horizontes e com baixo nível de material orgânico. Os horizontes do solo, segundo as classificações mais comuns, são: Horizonte O (horizonte orgânico) – camada externa do solo composta por material orgânico em estágio de decomposição. Horizonte A – é o horizonte mineral mais próximo da superfície, com uma relativa presença de matéria orgânica. Horizonte B – é o horizonte de acumulação, com uma grande presença de minerais e com baixo acúmulo de material orgânico. Horizonte C – camada formada por partes fragmentadas da rocha mãe, muitas vezes com sedimentos menores nas suas partes mais altas e com saprólitos e partes de rochas em sua parte inferior. Propriedades do solo Características morfológicas do solo São características presentes e observáveis nos solos que permitem distinguir um determinado tipo de solo dos demais. Algumas características rotineiramente observadas na descrição morfológica de solos são: Cor - É de fácil identificação e possibilita fazer inferências a respeito do conteúdo de matéria orgânica, tipos de óxidos de ferro, processos de formação, dentre outros. Para que se tenha um padrão de identificação de cor do solo, utiliza-se a Carta de Cores de Munsell (Munsell Color Charts), que considera as variações da cor em escalas de três componentes: matiz, valor e croma. Textura – a textura tem grande influência no comportamento físico-hídrico e químico do solo, e por isso, sua avaliação é de grande importância para o uso e manejo dos solos utilizados para a agricultura. É expressa pela proporção dos componentes granulométricos da fase mineral do solo, areia, silte e argila. No Brasil, a classificação de tamanho de partículas utilizada segue o padrão disposto a seguir (Embrapa, 1979): Argila (< 0,002 mm) Silte (0,002 - 0,05 mm) Areia fina (0,05 - 0,2 mm) Areia grossa (0,2 - 2 mm) As frações mais grosseiras do que a fração areia são: Cascalho (2 - 20 mm) Calhau (20 - 200 mm) Matacão (> 200 mm) Deve ser observada em campo, na descrição morfológica, mas seu valor definitivo é dado pela análise granulométrica, realizada em laboratório. Estrutura - é o arranjo estabelecido pela ligação das partículas primárias do solo entre si por substâncias diversas encontradas no solo, como matéria orgânica, óxidos de ferro e alumínio, carbonatos, sílica, etc. Este arranjo dá origem aos agregados ou peds, que são unidades estruturais separadas entre si por superfícies de fraqueza. A estrutura tem grande influênciano desenvolvimento de plantas no solo, como sistema radicular, armazenamento e disponibilidade de água e nutrientes e resistência à erosão. A estrutura é caracterizada conforme três aspectos: Tipo: laminar, prismática, colunar, blocos angulares, blocos subangulares, granular Tamanho: muito pequena, pequena, média, grande muito grande Grau de desenvolvimento: solta, fraca, moderada, forte Consistência - a consistência diferencia a adesão e coesão de partículas do solo, que podem variar em função da textura, matéria orgânica e mineralogia e deve ser observada em campo em três condições de umidade: Consistência seca - avalia o grau de resistência à quebra ou esboroamento do torrão. É classificada em solta, macia, ligeiramente dura, dura, muito dura, extremamente dura. Consistência úmida - é dada pela friabilidade do torrão ligeiramente úmido. É classificada em solta, muito friável, friável, firme, muito firme, extremamente firme. Consistência molhada - é observada em amostras molhadas, amassadas e homogeneizadas nas mãos. Avalia-se a plasticidade (capacidade do material em ser moldado), em três tipos: não plástica, ligeiramente plástica e muito plástica e; a pegajosidade (capacidade de aderência), em três tipos: não pegajosa, ligeiramente pegajosa e muito pegajosa. Porosidade - A porosidade é visualizada no perfil de solo e deve ser descrita conforme a quantidade e o tamanho dos poros. Quantidade: poucos, comuns ou muitos Tamanho: pequenos, médios grandes ou muito grandes Cerosidade - a cerosidade pode ser visualizada em campo a olho nu ou com auxílio de lupa na superfície dos agregados ou em laboratório, por análise micromorfológica. Ocorre nas superfícies dos agregados ou nos poros. Tem aspecto de brilhante ou lustroso, resultante da deposição de material inorgânico ou argila. A classificação é feita conforme dois aspectos: Grau de desenvolvimento: fraca, moderada ou forte Quantidade: pouco, comum ou abundante Nódulos e concreções minerais - são corpos cimentados diferentes da matriz do solo e que podem ser destacados da mesma. Os nódulos não possuem organização interna. Já as concreções são desenvolvidas em torno de um ponto, de forma concêntrica. Na descrição de campo, devem-se considerar diversos aspectos dos nódulos ou concreções, tais como quantidade, tamanho, dureza, forma, cor e natureza. Minerais magnéticos - É avaliada no campo pelo grau de atração magnética à um ímã de bolso. Carbonatos - É detectado em campo pelo grau de efervescência da superfície do material quando em contato com um pequeno volume de ácido clorídrico a 10 %. Manganês - É detectado em campo pelo grau de efervescência da superfície do material quando em contato com um pequeno volume de peróxido de hidrogênio de 20 volumes. Sulfetos - É comum serem observados em áreas de mangue ou com restrição de drenagem. No campo, os compostos de sulfetos apresentam coloração amarelo-dourada e odor característicos. Eflorescências - São observadas no campo como crostas de sais nas superfícies das estruturas. São resultado do acúmulo de sais após evaporação, portanto são encontradas em condições de solo seco. Coesão - É uma característica observada em campo pela dureza (duro, muito duro ou extremamente duro) de horizontes subsuperficiais quando secos e friabilidade (friável a firme) quando úmidos. A coesão é comumente presente em Latossolos e Argissolos Amarelos da Formação Barreiras, na parte superior dos horizontes B. Podem ser descritos dois graus de coesão em campo: Moderadamente coeso: material resistente à penetração de faca, martelo pedológico e trado. Consistência dura quando seco e friável a firme quando úmido. Fortemente coeso: material resiste fortemente à penetração de faca, martelo pedológico e trado. Consistência muito dura a extremamente dura quando seco e friável a firme quando úmido. Classificação dos solos Os solos são recursos naturais que se formaram depois de milhões de anos em constituição como resultado da decomposição das rochas por ações do intemperismo. Podem ser classificados conforme a origem e conforme a influência da vegetação e do relevo. Classificação quanto à origem: Quanto à origem, os solos são classificados em eluviais e aluviais. 1. Eluviais: quando os solos se formam por rochas encontradas no mesmo local da formação, ou seja, quando a rocha que se decompôs e se alterou para a formação do solo se encontra no mesmo local do solo; 2. Aluviais: quando os solos foram formados por rochas localizadas em outros lugares. Graças à ação das águas e dos ventos, os sedimentos foram transportados para outro local. Classificação quanto à influência externa Quanto à influência externa, existe outra forma de classificação dos solos, também chamada de classificação zonal, que divide os solos em zonais, intrazonais e azonais: 1. Zonais: são maduros, bem delineados e profundos. São subdivididos em latossolos, podzóis, solos de pradaria e desérticos. 1.1. Latossolos: São solos pouco férteis, presentes geralmente em climas quentes e úmidos, com profundidades superiores a 2m; 1.2. Podzóis: São solos férteis, graças à acumulação de minérios, húmus e matéria orgânica, e são próprios de climas frios e temperados; 1.3. Solos de pradarias: São ricos em cálcio e matérias orgânicas, por isso, são extremamente férteis. Estão presentes em regiões subúmidas de clima temperados; 1.4. Desérticos: Solos caracterizados por serem pouco profundos e pouco férteis. Próprios de regiões desérticas. 2. Intrazonais: são solos bem desenvolvidos, além de serem bastante influenciados pelo local e pelos fatores externos. Dividem-se em solos salinos e solos hidromórficos. 2.1. Solos salinos: também chamados de halomórficos, caracterizam-se pelo alto índice de sais solúveis, próprios de regiões áridas e próximas ao mar. Possuem uma baixa fertilidade; 2.2. Solos hidromórficos: por estarem localizados próximos a rios e lagos, apresentam grande umidade. Sua fertilidade depende do índice de umidade: quanto mais úmidos, menos férteis. 3. Azonais: solos pouco desenvolvidos e muito rasos. Dividem-se em solos aluviais e litossolos. 3.1. Solos aluviais: presentes em áreas de formação recente em planícies úmidas. Quando os seus sedimentos são transportados, formam um solo de coloração amarela denominado de loess. 3.2 Litossolos: presentes em locais com declives acentuados. Costumam estar posicionados diretamente sobre a rocha formadora. São solos inférteis. Fertilidade do solo: conceitos básicos para alcançar o máximo em produtividade Um solo fértil é um solo com grande capacidade de fornecer nutrientes para a planta. Em geral, os solos brasileiros são pobres em nutrientes e ácidos (70% dos solos cultivados tem limitação séria de fertilidade), sendo, portanto, geralmente necessário à aplicação de corretivos e fertilizantes, tomando o cuidado para que sejam aplicados na dosagem correta. Para alcançar o máximo de fertilidade é preciso conhecer o solo da propriedade, peculiaridades e características para que o manejo seja muito bem feito e que os resultados na lavoura sejam fantásticos. Alguns pontos são importantes e determinantes para a fertilidade do solo: 17 elementos químicos são necessários para a nutrição das plantas, sendo 14 deles fornecidos pelo solo. O primeiro papel do solo é de fornecedor esses elementos químicos essenciais para que a planta se desenvolva. A água é o principal fator limitante de produção máxima, sendo a fertilidade o segundo. Cada solo tem uma capacidade diferente de fornecer nutrientes para as plantas em função de suas características químicas, físicas e biológicas. O manejo dos nutrientes para o solo é específico para cada tipo de solo e de cultura. Algumas características são tão determinantes parase trabalhar a fertilidade do solo que são denominadas “Leis da Fertilidade do Solo”. É necessário conhece-las para definir as ações e conseguir atuar na melhoria da fertilidade do solo e alcançar máxima produtividade: Lei do Mínimo: “A produção das culturas é limitada pelo nutriente em menor disponibilidade no solo, mesmo que todos os outros estejam disponíveis e em quantidade adequada”. A Lei no Mínimo nos permite concluir que a planta precisa de todos os 14 nutrientes em suas quantidades adequadas para uma produção sustentável e em grande escala. Lei dos Incrementos Decrescentes: “Ao se adicionar doses crescentes de um nutriente, o maior incremento em produção é obtido com a primeira dose. Com aplicações sucessivas do nutriente, os incrementos de produção são cada vez menores”. A Lei dos Incrementos Decrescentes dita que o aumento da produção com aplicação de fertilizantes e corretivos não é linear. O manejo correto da fertilidade é responsável pela maior parcela dos ganhos de produtividade obtidos com o uso de práticas culturais recomendadas para as diversas culturas. Isto quer dizer que, se avaliarmos a fertilidade do solo de maneira correta, aplicaremos a quantidade correta de fertilizantes e corretivos necessária para explorarmos o máximo de produção que aquela cultura pode nos oferecer. Por isso, conhecer os conceitos básicos sobre fertilidade do solo é fundamental. Técnicas de manejo e conservação do solo O solo é um componente essencial para os ecossistemas e ciclos naturais, e sua degradação está diretamente relacionada a problemas como falta de recursos hídricos, diminuição da biodiversidade e redução da qualidade de vida da população. Muitos são os fenômenos que podem degradar o solo, sendo que os principais são: Erosão ou desertificação do solo; Utilização de tecnologias inadequadas; Ausência de práticas de conservação de água no solo; Desmatamento; Aumento da salinidade do solo. De acordo com os tópicos acima, podemos perceber que muitos dos problemas estão relacionados ao manejo inadequado do solo. Por isso, as práticas de conservação e manejo do solo, tanto na agricultura quanto na pecuária, se fazem cada vez mais necessárias para que o uso da terra seja sustentável e o menos prejudicial possível. O planejamento de utilização e manejo do solo deve ser baseado primordialmente em seu potencial produtivo. Sendo que, para manejar o solo de forma adequada, é preciso levar em consideração suas propriedades físicas, químicas e biológicas. Um bom manejo do solo é aquele que proporciona boa produtividade ao mesmo tempo em que possibilita a manutenção de sua fertilidade, garantindo a produção agrícola no futuro. Conheça algumas técnicas de manejo do solo: Preparo convencional Inverte a camada arável do solo, utilizando o arado. Este tipo de preparo só deve ser utilizado quando algumas características na superfície do solo precisam ser corrigidas. Preparo mínimo Utiliza implementos sobre os resíduos deixados no solo pela cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o cultivo seguinte. Plantio direto As sementes são espalhadas por uma semeadora especial sobre a palhada restante do cultivo anterior. Plantio semi direto Similar ao Plantio Direto, esse sistema faz a semeadura diretamente sobre a superfície, com semeadora especial. O que difere o método é que, neste caso, há poucos resíduos na superfície do solo. Técnicas de preparo do solo para plantio O preparo do solo para o plantio foi uma técnica muito utilizada no início da agricultura no Brasil. Baseado nos sistemas de plantio de países de clima temperado, o revolvimento do solo causa uma série de efeitos prejudiciais para a qualidade do solo, principalmente devido a destruição dos agregados do solo, expondo o carbono previamente protegido à processos de decomposição. A seguir, falaremos um pouco sobre as principais técnicas de preparo do solo para plantio, que infelizmente ainda são muito utilizadas em diversas áreas agrícolas pelo Brasil. 1. Aração A aração do solo consiste em uma técnica de preparo do solo para plantio que se baseia na inversão de camadas do solo. Normalmente realizada na profundidade de 20 cm, a aração revolve o solo aumentando os níveis de oxidação da matéria orgânica e rompendo a estrutura do solo. Embora seja uma prática comum em regiões de clima temperado, a aração do solo em climas mais propícios ao intemperismo, como no Brasil, acaba por ser muito mais prejudicial à saúde do solo. Trabalhos demonstram que enquanto em clima temperado, sistemas de plantio convencional reduzem os estoques de C pela metade em aproximadamente 50 anos, perdas nessas proporções em ambiente tropical pode ocorrer em apenas 5 anos. 2. Gradagem A gradagem do solo é uma prática de preparo do solo para plantio realizada normalmente após as operações de aração. Por realizar o revolvimento e a inversão de camadas, o arado acaba por deixar o terreno irregular e desnivelado. Através da operação de gradagem, os grandes torrões deixados pela aração acabam sendo rompidos, deixando o solo plano. Há décadas atrás, dizia-se que o solo ideal para o plantio deveria ter a consistência de um pó de café, bastante solto. Atualmente com a introdução das técnicas do sistema plantio direto, as operações de aração e gradagem foram diminuindo gradativamente. No entanto, ainda hoje muitos agricultores continuam revolvendo seus solos de tempos em tempos, muitas vezes sem necessidade, sendo esse um dos erros mais comuns cometidos no sistema plantio direto. 3. Escarificação A escarificação consiste em uma técnica de preparo do solo para plantio menos agressiva para sua estrutura. Através do uso do chamado escarificador mecânico, a operação rompe camadas do solo sem realizar seu revolvimento ou inversão. Muito utilizado em clima temperado no chamado sistema de preparo mínimo do solo, a escarificação tem sido uma alternativa para reduzir os efeitos prejudiciais da aração e gradagem. Porém, como já discutido, em clima tropical e subtropical, a prática também acaba por causar a degradação do C do solo, uma vez que as condições para decomposição são mais agressivas. O quão prejudicial são as técnicas de preparo do solo para plantio? O revolvimento do solo pode trazer danos não somente à qualidade do solo e produtividade das culturas como também para o meio ambiente. No artigo “Agricultura brasileira e o aquecimento global”, nós explicamos um pouco mais sobre como o manejo do solo pode influenciar de forma positiva e negativa o aquecimento global. O estudo da gestão da matéria orgânica do solo pode ser uma excelente alternativa para entender melhor sobre o quão prejudicial as operações de distúrbio do solo são para sua qualidade. Compactação de Solos Agrícolas Como evitar a compactação de solos agrícolas Os solos agrícolas são o suporte para a expressão do potencial genético das plantas cultivadas, e um dos mais importantes fatores de produção da agricultura. Sua importância pode ser observada nitidamente em áreas de transição, muito comuns nos ambientes de produção do Brasil, onde em um mesmo talhão existem diferentes tipos de solo, comumente chamados de áreas de manchas. Nas áreas de manchas, é possível distinguir diferentes potenciais produtivos, que se repetem ano após ano, diretamente influenciados pela fertilidade daquela porção do talhão. Fertilidade do solo O grau de fertilidade de cada solo é reflexo direto das características do material de origem, da influência da topografia e dos fatores climáticos vigentes ao longo dos séculos de sua formação. Dentro do conceito de fertilidade, que nos remete automaticamente a pensar nas características químicas e na disponibilidade de nutrientes, existe um componente fundamental e constantementerelegado ao segundo plano: a estrutura física do solo. A estrutura física do solo consiste no arranjo espacial das partículas minerais, dos compostos orgânicos e do espaço aéreo – onde numa situação desejável, as raízes encontram oxigênio disponível e a água encontra os canais para a infiltração dentro do perfil do solo. É possível construir e melhorar a fertilidade do solo adotando práticas de manejo conservacionistas, como rotação de culturas e plantio direto. A produção de compostos orgânicos, incrementada pela maior atividade de microrganismos e exsudatos de raízes, cria as condições ideais para a formação de agregados do solo mais estáveis, resultando numa distribuição de micro e macro poros favorável à infiltração e armazenamento de água, e ao crescimento de raízes. Em geral, os solos em seu estado natural, sob vegetação nativa, apresentam características físicas, como permeabilidade e espaço poroso desejáveis, do ponto de vista agronômico, sendo grande o volume de solo explorado pelas raízes. Causas da compactação do solo Na medida em que os solos são cultivados, práticas agronômicas podem desequilibrar sua estrutura e causar compactação. Dentre os fatores mais problemáticos, pode-se citar: a necessidade de máquinas cada vez mais pesadas – visando aumentar o rendimento operacional; trânsito nas lavouras em épocas de alta umidade do solo; a mais importante: produção insuficiente de palha e ausência de rotação de culturas efetiva nos sistemas de produção. Quando compactados, mesmo os solos que apresentam excelentes características químicas, têm sua fertilidade diminuída, pela menor capacidade de infiltração de água e pela maior resistência à penetração e ao desenvolvimento de raízes. A compactação do solo pode ocorrer em diferentes profundidades e, na maioria das vezes, não se distribui de maneira uniforme ao longo da lavoura. Uma ocorrência comum é a compactação das paredes do sulco de plantio, ocasionada por elevada umidade no momento da semeadura. A força exercida pelos discos de corte, quando o solo está em condição de alta umidade (formando barro), compacta a parede do sulco e pode impedir o desenvolvimento de raízes, podendo ocasionar tombamento de plantas nas fases mais adiantadas do milho. O risco de tombamento se concentra especialmente na fase de pré- pendoamento, onde a planta tem muita massa vegetativa, e as raízes braçais ainda não se desenvolveram completamente (imagem 1). Desenvolvimento radicular de milho com restrição ocasionada pela compactação das paredes do sulco de plantio, devido à alta umidade do solo na semeadura. Monitoramento da compactação do solo Abertura de trinchei ras A forma mais precisa de diagnóstico de compactação do solo é a observação direta do desenvolvimento de raízes no perfil. Essa não é uma tarefa fácil, pois requer a abertura de trincheiras na área (imagem 2), operação laboriosa, que demanda bastante esforço físico e baixo rendimento operacional, se considerarmos que deve ser feita em diversos pontos da lavoura. Exemplo de trincheira aberta para observação do crescimento de raízes e padrão de compactação do solo em lavoura de milho. Penetrômetro Uma alternativa que tem sido muito usada para medir a resistência à penetração de raízes de modo indireto é o uso de sondas (penetrômetros) que perfuram o solo e registram a resistência à penetração em tempo real, em diferentes profundidades do perfil. Essa ferramenta, aliada aos sistemas de georreferenciamento, permite fazer um mapeamento geolocalizado do grau de compactação do solo em diversos pontos e em diferentes profundidades (imagem 3). Penetrômetro utilizado para medição do solo à penetração. A interpretação dos dados coletados com uso de penetrômetros deve respeitar alguns fatores que influenciam sua leitura, uma vez que a resistência à penetração e a umidade do solo são dependentes e apresentam variação inversamente proporcional. O nível crítico de compactação, no qual as raízes limitam seu desenvolvimento, é muito relativo e apresenta ampla variação na literatura sobre o tema. Segundo Santi & Flora (2006), há grande dificuldade para adoção de valores críticos como absolutos em condições de campo, uma vez que as propriedades e atributos do solo atuam de forma conjunta e complexa sobre os fatores de crescimento das raízes. Em condições experimentais, tem-se observado que as plantas continuam produzindo adequadamente, mesmo em solos que muitas vezes apresentam, para algumas propriedades, condições inadequadas em termos teóricos (Reichert et al., 2003). O valor a partir do qual a resistência à penetração passa a dificultar o crescimento radicular depende da cultura em questão. De uma maneira geral, os valores acima de 2.000KPa são os mais aceitos como críticos de resistência do solo ao crescimento das raízes, podendo estar na faixa de 2.000 a 5.000KPa (Silva et. al. 1998; Reinert et. al., 2001). Em revisão realizada por Reinert et. al. (2001), uma resistência à penetração de 2.800 a 3.200KPa retarda a elongação das raízes, e acima de 4.000KPa paralisa o crescimento das mesmas. Portanto, mais importante que o valor absoluto, a riqueza das informações coletadas com uso de penetrômetro com coleta georreferenciada está na determinação da compactação relativa do solo, dentro do conjunto amostrado. Em outras palavras: mais importante que saber o número absoluto (em KPa), é ver as diferenças de compactação que existem nas diferentes porções do talhão amostrado, comparando, por exemplo, uma amostragem feita no rastro dos implementos agrícolas e áreas de manobra (cabeceiras) com a amostragem feita em linhas de cultivo, ou em áreas sem tráfego, como beirada de mato ou de cerca. Esse comparativo tem muito valor e pode, juntamente com a observação do estado de desenvolvimento da cultura em cada ponto, servir como indicador da qualidade estrutural do solo. Métodos de controle e manejo da compactação do solo A melhor forma de manejo da compactação do solo é evitar que ela aconteça na propriedade. Isso só é possível com um efetivo sistema de rotação de culturas e com o controle de tráfego de máquinas pesadas na área. Controle de tráfego Em relação ao controle de tráfego, existem pesquisas que comprovam as vantagens do ajuste da bitola de todos os implementos para rodar sempre pelo mesmo rastro. Embora não seja simples, é uma técnica viável, e se apoia no uso de sistema de georreferenciamento (RTK) e uso de piloto automático para auxiliar na definição dos rastros onde será feito o tráfego controlado durante toda condução da lavoura. Essa técnica limita a área compactada e mantém o restante da lavoura livre do problema de compactação do solo e de amassamento de plantas. Outro ponto importante é evitar o tráfego em condições de solo muito úmido. Embora pareça simples, essa é uma alternativa muitas vezes inviável, pois entrar colhendo em solo úmido pode ser a diferença entre colher a lavoura ou perder toda a produção do ano. Em anos muito chuvosos essa condição é verdadeira e o agricultor fica sem alternativas. Rotação e sucessão de culturas O empobrecimento do solo pela perda de matéria orgânica (MO) impacta a sua qualidade estrutural e a estabilidade de agregados. Atualmente, pouquíssimos agricultores seguem um sistema efetivo de rotação e sucessão de culturas. Para tanto, seria necessário aportar ao sistema de cultivo alta quantidade de matéria seca com restos culturais para aumentar o aporte de Carbono (C) no solo, que funciona como substrato para estruturação e aumento da MO. Isso demanda a inserção no sistema de cultivo de plantas de cobertura na entressafra dos cultivos econômicos, e de culturas com alto aporte de palha. Nesse sentido, o milho é uma ferramenta fundamental, pois das culturas de interesse econômico é uma das que maisaporta Carbono no sistema. Remediando a compactação Quanto à remediação da compactação do solo, muitas empresas de implementos agrícolas desenvolveram nos últimos anos ferramentas para manejo de áreas compactadas (escarificadores), atendendo a demanda gerada para soluções dos problemas de manejo discutidas nos parágrafos anteriores. Esses implementos rompem o perfil do solo e são desenhados para revolver o mínimo possível sua camada superficial, buscando manter protegida a camada mais rica em MO. Essa operação rompe a camada compactada, abrindo espaço para infiltração de água no perfil do solo. É uma prática que demanda muita energia e tem custos elevados, pois a demanda de potência e de tração é muito alta. A principal crítica que se faz em relação ao uso de escarificação do solo é que o rompimento da camada compactada cria um espaço poroso, porém, não há continuidade dos poros no longo prazo. Essa continuidade de poros só é criada de maneira permanente com os ciclos de desenvolvimento e morte de raízes. A escarificação como manejo isolado pode, inclusive, aumentar a compactação, se for feita em umidade inadequada e/ou se em seguida continuar havendo tráfego de máquinas na área. Portanto, para o efetivo manejo de compactação via escarificação, deve-se fazer um planejamento que considere as condições ambientais no período do manejo, umidade do solo no momento da operação e a implantação de coberturas de solo com sistema radicular agressivo concomitantemente. É através do desenvolvimento das raízes que será criada a continuidade de poros que efetivamente aumentam a permeabilidade do solo e melhoram sua qualidade física. Além disso, são as raízes que incrementam a atividade da microbiota e a produção de compostos orgânicos, fundamentais para construção de uma boa estrutura física do solo. Preservar e trabalhar para melhorar sempre Podemos afirmar que o solo agrícola é o ativo mais precioso que um agricultor tem na sua propriedade, sendo este o fator de produção que suporta toda riqueza produzida na empresa agrícola. Preservar e trabalhar para melhorar a sua fertilidade é uma questão fundamental e pode definir a sustentabilidade do negócio e a manutenção do agricultor na atividade. Em anos de restrições climáticas os efeitos se acentuam e é comum observar diferenças enormes de produtividade entre vizinhos de cerca, muitas vezes com o mesmo tipo de solo, mas com manejos contrastantes do ponto de vista de boas práticas de rotação de culturas, cobertura de solo e manejo de lavoura. Planejar as operações agrícolas e o sistema de produção com objetivo de melhorar a fertilidade do solo, certamente, é um investimento de alto retorno e deve ser feito considerando o longo prazo. Nesse sentido, é importante o agricultor considerar a qualidade física do solo no planejamento e fazer o monitoramento de sua condição sempre que notar algum fator limitante ao bom desenvolvimento das raízes. Degradação do solo De modo geral, o solo é reconhecido como o chão em que as pessoas estabelecem suas mais diversas atividades, ou em palavras mais simples, o “chão” que estas pessoas pisam. No entanto, o solo é um elemento essencial das dinâmicas ambientais e sociais, pois é substrato para as mais diversidades atividades humanas, desde as mais simples até aquelas que envolvem conceitos econômicos. Existe um ramo específico da ciência que estuda o solo, a qual se chama Pedologia, e que é normalmente incluída no âmbito da Geografia Física, e que tem como interesse a identificação, conhecimentos sobre a formação, a classificação e o mapeamento dos solos. O que é o solo? O solo é a base para o desenvolvimento de todas as atividades humanas, portanto, um elemento essencial no âmbito da paisagem, assim como o relevo, a hidrografia, a estrutura geológica, a vegetação e o clima. Os solos são formados a partir da decomposição das rochas, sejam elas magmáticas, metamórficas ou sedimentares, pelo processo de intemperismo destas (físico, químico ou biológico). Assim, entende-se que os solos são formados a partir de processos contínuos de desagregação e decomposição das rochas na natureza. Vários fatores ocasionam o intemperismo das rochas, como o calor do Sol e a ação das águas, mas também o resfriamento da água nas fissuras das rochas, as pressões internas das rochas, microrganismos, dentre outros. Constituição dos solos Os solos são constituídos a partir de variados fatores atrelados, como as partículas minerais, com composição e tamanhos diferenciados, com base na rocha matriz; matéria orgânica, constituída pelos animais e vegetais decompostos, o qual é denominado de húmus; água, sendo que esta fica contida nos poros que o solo contém e ainda o ar, o qual está disposto no solo nos locais onde não há água. Formação dos solos Existem alguns fatores que estão atrelados ao processo de formação dos solos, como o material de origem (cada tipo de rocha produz um solo diferente), o clima (temperatura e umidade), relevo (desigual distribuição de água da chuva, luz solar e calor), organismos (decomposição de elementos vivos) e tempo (período de exposição). Assim, os solos são elementos complexos e que possuem uma relação íntima com o próprio processo de evolução do homem, a partir das atividades desenvolvidas por este. Horizontes do solo Os solos não são homogêneos, tendo variadas classificações em conformidade com suas características físicas e químicas. Os solos também possuem camadas heterogêneas, por conta de fatores como tipo de rocha original, presença de material orgânico e ainda elementos físicos do meio. As camadas que compõem o solo, denominadas de horizontes do solo, são aquilo que constitui o perfil do solo. Os solos podem ter todas ou apenas algumas camadas, as quais ficam visíveis quando feitos cortes verticais nestes. Comumente os horizontes do solo são: Horizonte Orgânico (O), Horizonte mineral com acúmulo de húmus (A), Horizonte claro de máxima remoção de argila e/ou óxidos de ferro (E), Horizonte de máxima expressão de cor e agregação ou de concentração de materiais removidos A e E (B), Material inconsolidados de rocha alterada, em processo de intemperismo (C) e Rocha não alterada (R). Erosão dos solos Sendo tão importantes para as atividades humanas, os solos também sofrem intensamente com a intervenção antrópica nestes. Como erosão entende-se um conjunto de ações que modelam a paisagem, ou seja, das formas do relevo. São, portanto, efeitos que atuam negativamente na forma como os solos estão dispostos a partir da perda da coesão destes. São, basicamente, três etapas que compõem o processo de erosão dos solos, sendo eles a desagregação das partículas do solo, o transporte das partículas dos solos e deposição destas partículas nas áreas menos elevadas do terreno. Estas partículas são, após depositadas nas áreas baixas, compactadas e formam rochas sedimentares no decorrer do tempo. Lixiviação Alguns processos de degradação dos solos são a lixiviação, o qual é um processo de lavagem dos solos pelas águas da chuva, as quais carregam os nutrientes existentes nestes solos, reduzindo a fertilidade destes. Normalmente os minerais solúveis são carregados, como cálcio, nitrogênio, potássio, etc. Ficam nos solos lixiviados alguns elementos minerais, como alumínio, ferro e ainda manganês, os quais causam uma crosta ferruginosa neste, impedindo o desenvolvimento adequado de algumas plantas. Os solos lixiviados são muito ruins para o desenvolvimento da agricultura. Lixiviação é o processo de lavagem dos solos pelas águas da chuva Voçoroca Outro importante impacto nos solos é a formação das chamadas voçorocas, as quais são sulcos no terreno ocasionados pela ação das chuvas ao longo do tempo. As voçorocas se formam em locaisnos quais os impactos das águas são constantes e não controlados, ocasionando sulcos que podem atingir vários metros de largura e profundidade, podendo chegar a centenas de metros de comprimento. São, portanto, danos nos solos perceptíveis ao olhar dos observadores, mesmo os mais leigos. A primeira e melhor alternativa para controle da força de voçorocas é o desvio das águas, ou a criação de barreiras que limitem a intensidade com que as águas atingem um dado local. Sulcos no terreno ocasionados pela ação das chuvas Deslizamentos de encostas Outro problema comum aos solos são os deslizamentos de encostas, os quais produzem efeitos não apenas ambientais, mas também sociais quando atingem locais com ocupação humana. Muitas pessoas que moram em áreas marginalizadas acabam residindo em encostas, sofrendo com os riscos dos deslizamentos em épocas de chuvas intensas. Os deslizamentos do solo são também chamados de escorregamentos e são fenômenos naturais, mas que podem ser intensificados pelo uso inadequado dos solos. Os deslizamentos são comuns nos períodos das chuvas, o que ocorre no Brasil nos verões. Quando ocorrem nas margens de estradas, os deslizamentos podem levar além do solo, também fragmentos de rochas, e podendo ocasionar problemas nas vias, inclusive com registro de acidentes. Os deslizamentos são tratados como eventos naturais, mas nem sempre os são, sendo que podem ser intensificados pelas atividades dos homens, principalmente pelo desmatamento, já que a cobertura vegetal diminui os riscos de deslizamentos, por conta da sustentação do solo. Os deslizamentos são comuns nos períodos das chuvas intensas O que é erosão? A Erosão é a destruição do solo e seu transporte em geral feito pela água da chuva, pelo vento ou, ainda, pela ação do gelo, quando este atua expandindo o material no qual se infiltra a água congelada. A erosão destrói as estruturas (areias, argilas, óxidos e húmus) que compõem o solo. Estas são transportados para as partes mais baixas dos relevos e em geral vão assorear cursos d'água. A erosão destrói os solos e as águas e é um problema muito sério em todo o mundo. Devem ser adaptadas práticas de conservação de solo para minimizar o problema. Em solos cobertos por floresta a erosão é muito pequena e quase inexistente, mas é um processo natural sempre presente e importante para a formação dos relevos. O problema ocorre quando o homem destrói as florestas, para uso agrícola e deixa o solo exposto, porque a erosão torna-se severa, e pode levar a desertificação. Erosão panorâmica A superfície da Terra como a conhecemos é formada tanto por processos geológicos que formam as rochas, como por processos naturais da degradação e erosão. Uma vez que a rocha é quebrada por causa da degradação, os pequenos pedaços podem ser movidos pela água, gelo, vento, ou gravidade. Tudo o que acontece para fazer com que as rochas sejam transportadas chama-se erosão. A superfície do solo, não castigado, é naturalmente coberta por uma camada de terra rica em nutrientes inorgânicos e materiais orgânicos que permitem o crescimento da vegetação; se essa camada é retirada, esses materiais desaparecem e o solo perde a propriedade de fazer crescer vegetação e pode-se dizer que, no caso, o terreno ficou árido ou que houve uma desertificação. As águas da chuva quando arrastam o solo, quer ele seja rico em nutrientes e materiais orgânicos, quer ele seja árido, provocam o enchimento dos leitos dos rios e lagos com esses materiais e esse fenômeno de enchimento chama-se assoreamento. O arrastamento do solo causa no terreno a erosão. Na superfície do terreno e no subsolo, as águas correntes são as principais causas da erosão. Análise do efeito das águas que fazem a erosão superficial de terrenos: A erosão depende fundamentalmente da chuva, da infiltração da água, da topografia (declive mais acentuado ou não), do tipo de solo e da quantidade de vegetação existente. A chuva é, sem dúvida, a principal causa para que ocorra a erosão e é evidente que quanto maior a sua quantidade e freqüência, mais irá influenciar o fenômeno. Se o terreno tem pouco declive, a água da chuva irá "correr" menos e erodir menos. Se o terreno tem muita vegetação, o impacto da chuva será atenuado porque este estará mais protegido, bem como, a velocidade da chuva no solo será diminuída devido aos obstáculos (a própria vegetação "em pé e caída") e também a erosão será diminuída devido a que as raízes darão sustentação mecânica ao solo; além disso, as raízes mortas propiciarão existirem canais para dentro do solo onde a água pode penetrar e com isso, sobrará menos água para correr na superfície. Outro fator importante é que, se as chuvas são freqüentes e o terreno já está saturado de água, a tendência é que o solo nada mais absorva e com isso, toda a água da chuva que cair, correrá pela superfície. Se o solo é arenoso o arrastamento será maior do que se ele fosse argiloso. Fatores que contribuem Muitas ações devidas ao homem apressam o processo de erosão, como por exemplo: - o desmatamento (desflorestação) desprotege o solo da chuva; - a construção de favelas em encostas que, além de desflorestar, provocam a erosão acelerada devido ao declive do terreno; - as técnicas agrícolas inadequadas, quando se promovem desflorestações extensivas para dar lugar a áreas plantadas; - a ocupação do solo, impedindo grandes áreas de terrenos de cumprirem o seu papel de absorvedor de águas e aumentando, com isso, a potencialidade do transporte de materiais, devido ao escoamento superficial. Tipos de erosão Erosão por gravidade Erosão por gravidade: Deslize numa montanha, a água debilitou o solo.Consiste no movimento de rochas e sedimentos montanha abaixo principalmente devido à força da gravidade. Erosão pluvial Também chamado de deslizamento de terra: a água da chuva que provoca um desprendimento da camada superior, e esta camada desliza de encostas. Também ocorre nas margens de rios. Erosão eólica Ocorre quando o vento transporta partículas diminutas que se chocam contra rochas e se dividem em mais partículas que se chocam contra outras rochas. Podem ser vistas nos desertos na forma de dunas e de montanhas retangulares ou também em zonas relativamente secas. Erosão química Envolve todos os processos químicos que ocorrem nas rochas. Há intervenção de fatores como calor, frio, água, compostos biológicos e reações químicas da água nas rochas. Este tipo de erosão depende do clima, em climas polares e secos, as rochas se destroem pela troca de temperatura; e em climas tropicais quentes e temperados, a humidade, a água e os dejetos orgânicos reagem com as rochas e as destroem. Erosão glacial As geleiras (glaciares) deslocam-se lentamente, no sentido descendente, provocando erosão e sedimentação glacial. Ao longo dos anos, o gelo pode desaparecer das geleiras, deixando um vale em forma de U ou um fiorde, se junto ao mar. Pode também ocorrer devido à susceptibilidade das glaciações em locais com predominância de rochas porosas. No verão, a água acumula-se nas cavidades dessas rochas. No inverno, essa água congela e sofre dilatação, pressionando as paredes dos poros. Terminado o inverno, o gelo funde, e congelará novamente no próximo inverno. Esse processo ocorrendo sucessivamente, desagregará a rocha, após um certo tempo, causando o desmoronamento de parte da rocha, e conseqüentemente, levando à formação dos grandes paredões ou fiordes. Conseqüências da erosão Efeitos poluidores da ação de arraste Os arrastamentos podem encobrir porções de terrenos férteis e sepultá-los com materiais áridos; Morte da fauna e flora do fundo dos rios e lagos por soterramento; Turbidez nas águas, dificultando a ação da luz solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação e oxigenaçãodas águas; Arraste de biocidas e adubos até os corpos d'água e causarem, com isso, desequilíbrio na fauna e flora nesses corpos d'água (causando eutroficação por exemplo). Outros danos Assoreamento: que preenche o volume original dos rios e lagos e como conseqüência, vindas as grandes chuvas, esses corpos d’água extravasam, causando as enchentes; Instabilidade causada nas partes mais elevadas podem levar a deslocamentos repentinos de grandes massas de terra e rochas que desabam talude abaixo, causando, no geral, grandes tragédias (ver deslizamento de terra). Rotação de culturas A rotação de culturas é uma das Boas Práticas Agronômicas porque contribui com a conservação do solo e com o controle de pragas e doenças da lavoura. Descubra aqui como adotar esse tipo de prática no campo. Rotação de culturas: o que é e qual a sua importância A rotação de culturas consiste em alternar, de forma ordenada, diferentes espécies vegetais em determinado espaço de tempo, na mesma área e na mesma estação do ano. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósito comercial e de recuperação do solo. Dessa forma, evita-se também o desenvolvimento de pragas e doenças devido à alternância de espécies de plantas hospedeiras. A monocultura (cultivo de uma única cultura durante várias safras) ou até mesmo a sucessão de culturas (alternância entre duas culturas na mesma área, cada uma cultivada em uma estação do ano – safra e entressafra) tendem a provocar a degradação física, química e biológica do solo. Esses sistemas também podem provocar a queda da produtividade das culturas, pois favorecem o desenvolvimento de pragas, doenças e plantas daninhas. Com a adoção da prática de rotação de culturas esses efeitos podem ser revertidos ou minimizados. A prática oferece benefícios que ajudam a conservar e proteger o solo. Também promove maior diversidade de espécies, ou seja, maior sustentabilidade na produção agrícola. Benefícios da rotação de culturas Os benefícios da rotação de culturas são: Melhoria das características físicas, químicas e também biológicas do solo; Auxílio no controle de plantas daninhas, doenças e pragas; Reposição de matéria orgânica e proteção do solo de ações climáticas; Viabilização do sistema de plantio direto e dos seus efeitos sobre a produção agrícola e sobre o ambiente como um todo; Aumento da produtividade. Como adotar a prática de rotação de culturas Para a obtenção de máxima eficiência na melhoria da capacidade produtiva do solo, o planejamento da rotação de culturas deve considerar: O uso, preferencialmente, de plantas comerciais, pois estas implicam em geração de renda para o produtor; Utilização de culturas que possuem sistemas radiculares diferentes (gramíneas e leguminosas, por exemplo), onde cada espécie deixa um efeito residual positivo para o solo e para a cultura sucessora; Sempre que possível, associar espécies que produzam grande quantidade de biomassa e também de rápido desenvolvimento, cultivadas isoladamente ou em consórcio com culturas comerciais. Nesse planejamento é necessário considerar que não basta apenas estabelecer e conduzir a melhor sequência de culturas, dispondo-as nas diferentes divisões na propriedade. É necessário também que o agricultor utilize todas as demais tecnologias à sua disposição, entre as quais destacam-se: técnicas específicas para controle de erosão; cultivares adaptadas; qualidade e tratamento das sementes; época e densidade de semeadura; uso de defensivos para controle de plantas daninhas, pragas e doenças; época e densidade da semeadura; calagem; adubação. Espécies utilizadas para rotação de cultura no Brasil Para a obtenção de um sistema mais produtivo e ambientalmente mais sustentável é fundamental estar atento à escolha das espécies para a rotação de culturas. No Brasil, devido à pouca disponibilidade de espécies de valor comercial adaptadas às diferentes condições, utiliza-se plantas de cobertura e adubos verdes. Essas podem ser: aveia-branca (Avena sativa), aveia-preta (Avena strigose), milheto (Pennisetum glaucum), tremoço (Lupinus albus L), girassol (Helianthus annuus) e várias espécies de pastagens, entre outras. Mesmo assim, essas espécies também possuem o seu desenvolvimento dependente das condições do solo, do clima e da época de cultivo. Independentemente da cultura comercial utilizada e da região, elas são importantes para a produção de palhada e para o controle da erosão. Geralmente essas espécies produzem grandes quantidades de biomassa. Podem ser cultivadas isoladamente ou em consórcio com outras culturas. Dessa forma propiciam excelentes condições para a manutenção de altas produtividades ou para recuperação de áreas degradadas. Plantio Direto O sistema de Plantio Direto (SPD) é uma forma de manejo do solo que envolve técnicas recomendadas para aumentar a produtividade, conservando ou melhorando continuamente o ambiente de cultivo. Suas principais técnicas são: Ausência ou mínimo revolvimento do solo Cobertura do solo com palhada Rotação de culturas. Várias práticas e tecnologias usadas no campo oferecem soluções para alguns dos desafios atuais e futuros da agricultura. As práticas viabilizam a exploração de agrossistemas produtivos, com uso reduzido de defensivos agrícolas. O SPD é utilizado no Brasil desde a década de 1970 com excelentes resultados. Sistema de plantio direto, agricultura de precisão e técnicas modernas e mais eficientes de irrigação e biotecnologia são exemplos. Essas tecnologias contribuem para manter e até aumentar a produção, sem promover o avanço do cultivo para novas áreas. Técnicas do Sistema de Plantio Direto O plantio direto é composto por três técnicas: ausência ou mínimo revolvimento do solo, cobertura do solo com palhada e rotatividade de culturas. Entenda cada uma delas: Ausência ou mínimo revolvimento do solo Não remexer ou mexer minimamente no solo é a base do plantio direto. O indicado por agrônomos é o revolvimento do solo apenas na linha de semeadura, onde são depositadas as sementes. Revolvimento significa inverter as camadas do solo com o uso de arado para que o plantio seja feito. Esse método do sistema convencional de plantio é muito usado em países de clima temperado e frio. Lá, o solo exposto a geadas e neve precisa receber calor pra ser cultivado. O Brasil tem clima subtropical e tropical, ou seja, quente e úmido na maior parte das regiões. Por isso dispensa o revolvimento da terra, uma vez que não será necessário produzir calor para o plantio da semente. Cobertura de palhada A palhada é a matéria orgânica formada pelos restos da planta colhida. A máquina colhedora retira a planta da terra e separa os grãos. Os galhos, folhas e raízes são triturados e pulverizados de volta ao solo. O processo todo ocorre simultaneamente. Os benefícios de uma boa cobertura de palhada: Ajuda a reduzir o impacto da gota da chuva na superfície do solo; Age como obstáculo ao excesso de água que não infiltrou no solo; Impede o transporte e o arrastamento de partículas pela enxurrada; Ajuda a manter a temperatura ideal para as plantas; Diminui a perda de água por evaporação. Dessa forma, minimiza ou elimina a chance de ocorrência de erosão. Cultivo de milho em Plantio Direto. KURTZ, Paulo, Embrapa 2013 A formação da palhada para cobertura depende de fatores como: Culturas utilizadas Sequência de culturas que compõem o sistema de rotação Condições climáticas durante todo o ciclo das culturas. O processo pode levar até dez anos. Rotação de culturas A rotação de culturas é a alternância planejada de espécies em uma mesma área de cultivo. Sendo assim, há um período mínimo sem o cultivo da mesma espécie. Essa é uma forma eficiente de reduzir os impactosambientais provocados pela monocultura, melhorando as condições físico-químicas e biológicas do solo no longo prazo. Além disso, a rotação de culturas reduz a incidência de doenças, plantas daninhas e pragas (favorecendo a quebra do ciclo de vida delas). https://boaspraticasagronomicas.com.br/wp-content/uploads/2017/08/2019-03-19-Interna-BOAS-PlantioDireto.jpg Intercalar o plantio de soja-algodão-soja ou soja-milho-soja não é fazer rotação, mas sim uma sucessão de culturas. Sucessão é a sequência repetitiva de culturas cultivadas na mesma área e em estações diferentes, mas em um mesmo ano agrícola. Em outras palavras, nem toda sucessão é uma rotação de culturas, mas a rotação é sempre uma disposição de culturas em sucessão. Por definição, a sucessão de culturas não implica a alternância regular e ordenada de espécies, algo imprescindível na rotação. Benefícios do Sistema de Plantio Direto A adoção do plantio direto traz benefícios agrícolas, econômicos e ambientais para a sociedade como um todo: produção sustentável de grãos, geração de emprego e renda. Veja alguns benefícios do sistema, segundo o Livro Sistema de Plantio Direto, da Embrapa: Diminui ocorrência de erosão, aumentando a conservação do solo e da água; Melhor germinação de sementes e melhor emergência de plantas; Há otimização do uso fertilizantes e corretivos; Mantém temperatura ideal do solo; Melhora a qualidade do solo; Traz aumento de matéria orgânica e de carbono do solo; Solo fica mais fértil com a reciclagem de nutrientes; Aumenta a atividade biológica e da estabilidade da estrutura do solo; Reduz a compactação do solo; Auxilia na infiltração da água e reposição da água subterrânea. Reduz custos de produção e melhor relação benefício/custo; Possibilita a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF); Pode ser adotado em pequenas, médias e grandes propriedades rurais; Traz economia de combustíveis, tempo e mão de obra; Promove aumento de produtividade e renda; Está entre os sistemas que promovem a redução de emissão de CO2 e de outros Gases de Efeito Estufa. Requisitos para implantar o Sistema de Plantio Direto Para implantar o Sistema de Plantio Direto, o produtor deve: Estar consciente e predisposto a aceitar uma nova forma de manejar o ambiente; Dispor de assistência técnica especializada; Escolher, para o sistema, áreas sem problemas de compactação, de erosão ou de plantas daninhas de difícil controle; Ter disponibilidade de maquinários específicos e bem regulados (semeadoras e pulverizadores); Ter cultivado espécies vegetais que promovam boa cobertura do solo e produção de palha; Programar e desenvolver um esquema bem organizado de rotação de culturas. Sistema convencional x Sistema de Plantio Direto Diferentemente do Sistema de Plantio Direto, no sistema convencional de cultivo é feito, ano após ano, o revolvimento da terra. O solo fica exposto até o estabelecimento da cultura que será plantada. Veja o passo a passo da comparação dos dois sistemas: Sistema Plantio Direto: Pioneirismo no Paraná Foi um agricultor catarinense, Herbert Bartz, que implantou, na década de 70 o Sistema de Plantio Direto no País. O agricultor aplicou na sua propriedade em Rolândia, no norte do Paraná, a técnica aprendida nos Estados Unidos. O objetivo era amenizar os efeitos da erosão causada pelo grande volume de chuvas na região. Assim, as camadas férteis eram levadas pelas chuvas causando o assoreamento dos rios. Com o tempo, o precursor do SPD viu a rentabilidade aumentar e os gastos com defensivos e combustível diminuir. No final da década de 1980 houve a expansão do uso do SPD na Região Sul. Com a chegada de máquinas semeadoras para realizar o corte da palha https://boaspraticasagronomicas.com.br/wp-content/uploads/2017/08/2019-03-19-Interna-BOAS-Comparativo-Plantio-convencional-PlantioDireto.png e depositar as sementes no solo sem revolvê-lo, o sistema ganhou força e outras regiões. Hoje o plantio direto representa 19% dos sistemas de preparo do solo adotados pelos agricultores no Brasil. O mais usado é o cultivo convencional (45%), seguido do cultivo mínimo (36%). O dado preliminar é do Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Solo orgânico e inorgânico Antes de definir o solo orgânico e inorgânico, é fundamental entender o conceito de solo. Solo é o material solto e macio que cobre a superfície da terra, como uma casca. Porém, ao contrário da casca, que tem uma superfície relativamente uniforme quando observada a olho nu, os solos variam muito na superfície da terra, tanto com relação à sua espessura quanto em relação às suas características, tais como cor, quantidade e organização das partículas de que são compostos (argila, silte e areia), fertilidade, porosidade, entre outras características. Solo orgânico e inorgânico: como distinguir? (Imagem: Reprodução) São constituídos de água, ar, material mineral e orgânico, contendo ainda organismos vivos. Servem como um meio natural para o crescimento das plantas, e é acima deles que construímos nossas casas, edifícios, estradas, etc. É acima deles que vivemos. Como se forma o solo orgânico e inorgânico? Os solos são formados pela decomposição da rocha. Como existem diferentes tipos de rochas na crosta terrestre, é fácil entender por que existem diferentes tipos de solos. No entanto, existem outros fatores de formação dos solos, além da rocha, que são responsáveis pelos diferentes tipos de solos que vemos hoje nos locais por onde passamos. Esses fatores são o clima, os organismos, o relevo e o tempo. Assim, com o passar do tempo, a rocha, seu principal material de origem, é cada vez mais reduzida de tamanho (diz-se que é decomposta) pela ação do clima com ajuda dos organismos vivos, promovendo adições, perdas, transportes e transformações de matéria mineral e orgânica ao longo de sua formação, originando os solos na paisagem em diversas formas de relevo. Imagem: Reprodução Assim, a rocha dura, em que as plantas não conseguem crescer, é transformada em material macio, os solos, em que as raízes das plantas conseguem penetrar e retirar água e nutrientes para a sua sobrevivência. Como existem diferentes tipos de rochas e formas de relevo na superfície da terra, os quais estão sujeitos à ação das mais variadas condições climáticas e atuação diferenciada de organismos vivos, é mais fácil entender por que existem diferentes tipos de solos no mundo. Tipos de solo orgânico e inorgânico Há várias formações de solo orgânico e inorgânico o solo argiloso, arenoso, húmus e turma. Solo argiloso O solo argiloso é mais fino e pode ser encontrado na cor roxa ou vermelha. Por ser impermeável à água, esse tipo de solo apresenta boas propriedades para o cultivo de alimentos. Alguns grãos, como o café, se desenvolvem bem em solos argilosos. Solo arenoso Já o solo arenoso apresenta uma consistência mais granulada, composto por minúsculos grãos parecidos com areia. Não é tão resistente à água como o solo argiloso e tem presença mais comum em regiões litorâneas, como o nordeste brasileiro. Húmus Húmus é material orgânico que torna o solo mais fértil e saudável. O húmus se concentra onde há a presença de oxigênio vindo de animais que vivem no solo ou transitam pela camada terrestre. Devido ao processo de oxigenação e à decomposição de vegetais e animais, o húmus apresenta uma cor mais escurecida. Turfa A turfa é um material orgânico que é produzido por processo anaeróbico, quando não há circulação de oxigênio na camada terrestre. A ausência de oxigênio pode ser originada por bactérias e outros micro-organismos que têm o solo como parte de seu ecossistema. Por ter um contato mais direto com fungos, a turfa é o solo mais apropriadopara o plantio e agricultura. Solo orgânico Os solos apresentam composições próprias que os classificam, sejam elas químicas, formato, coloração, densidade e outras características. Com o solo orgânico, são as matérias orgânicas que o consistem como decomposições de seres vivos e microorganismos. O solo orgânico pode ser composto por húmus e a turfa. Imagem: Reprodução Solo inorgânico Sem ser formado por compostos orgânicos, o solo inorgânico é consistido por minerais, degradações de partes rochosas em áreas próximas e que sofreram alterações climáticas ou naturais, como chuvas, enchentes, temperaturas altas ou tremores. Imagem: Reprodução Esses minerais exercem um papel importante para o enriquecimento do solo, uma vez que oferecem auxílio no processo de desintoxicação da camada terrestre devido a componentes nocivos, como agrotóxicos ou outros resíduos químicos. Alguns desses minerais são o calcário, o quartzo e a mica. Dessa maneira, o solo orgânico e inorgânico se diferem por sua composição. Solo Arenoso O Solo Arenoso, chamado também de "solo leve", é um tipo de solo muito presente na região nordeste do Brasil. Ele possui uma textura leve e granulosa, sendo composto, em grande parte, por areia (70%) e, em menor parte, por argila (15%). Por esse motivo, construções em terreno de solo arenoso próximas aos lençóis freáticos, podem provocar rachaduras na estrutura, devido às principais características desse tipo de solo: poroso e permeável. Interessante notar que estradas construídas nos terrenos de solo arenoso não formam poeira na época seca e não atolam na época das chuvas. Por outro lado, terrenos com solo argiloso os grãos de areia se aglutinam, tornando as estradas sem pavimentação, barrentas na época das chuvas e com solo duro no tempo de seca. Principais Características do Solo Arenoso As principais características desse tipo de solo são: Consistência granulosa (grãos grossos, médios e finos) Alta porosidade e permeabilidade Pouca umidade Seca rapidamente Pobre em nutrientes e água Deficiência em cálcio pH ácido e baixo teor de matéria orgânica Presença de grandes poros (macroporos) entre os grãos de areia Dificulta a sobrevivência de plantas e organismos Altamente suscetíveis à erosão Medidas para Utilização dos Solos Arenosos Para a utilização sustentável do solo arenoso na agricultura, faz-se necessário a adoção de práticas de conservação como o cuidado do solo por meio de técnicas de manejo, utilização do sistema de plantio direto, integração lavoura-pecuária, rotação de culturas, adubação verde (adubo orgânico), dentre outros. Visto que esse tipo de solo apresenta grande porosidade e, consequentemente, perigo de erosão, especialistas apontam para a importância da rotação de culturas. No tocante à pobreza de nutrientes dos solos arenosos, é indicado a aplicação de resíduos vegetais e adubos orgânicos (bagaço de cana, bagaço de coco e estercos de animais) com fosfato e potássio, já que para a acidez do solo, recomenda-se a adição de calcário. Solo Argiloso O solo argiloso, chamado de “solo pesado”, é uma terra úmida e macia, composto por mais de 30% de argila, alumínio e ferro. Após a chuva, os terrenos de solos argilosos, que absorvem bastante água, ficam encharcados. Por outro lado,na época de seca, esse tipo de solo tende a formar uma camada dura e pouco arejada do terreno, prejudicando o desenvolvimento da vegetação. Características do Solo Argiloso Grãos pequenos (microporos) e compactos Impermeável a líquidos Grande retenção de água Alta impermeabilidade Grande concentração de nutrientes Pouca acidez Propício para o cultivo e atividade agrícola Mais resistentes à erosão Terra Roxa A terra roxa é um dos principais tipos de solo argiloso, de coloração vermelho-roxeada, encontrada nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul; e também na Argentina chamada de “tierra colorada”. Considerado bastante fértil (presença de diversos minerais), este tipo de solo é muito indicado para a prática da agricultura, principalmente para a cultura de café. Nesse ínterim, vale lembrar que o nome “terra-roxa” surgiu da influência dos imigrantes italianos que trabalham nas fazendas de café no Brasil nos séculos XIX e XX. Assim, o termo “rosso”, que na língua italiana significa “vermelho”, ficou traduzido no português como “terra roxa”. Poluição do Solo A Poluição do Solo é toda e qualquer mudança em sua natureza (do solo), causada pelo contato com produtos químicos, resíduos sólidos e resíduos líquidos, os quais causam sua deterioração ao ponto de tornar a terra inútil ou até gerar um risco a saúde. Ora, devemos saber também que o solo é repleto de vida, especialmente sua camada inicial (15 centímetros), onde encontramos os fungos, bactérias, protozoários e vermes decompositores, responsáveis pelo equilíbrio entre os diversos níveis tróficos. Vale citar que o solo se forma pela desagregação de rochas e a decomposição de restos vegetais e animais, por meio da ação dos referidos agentes decompositores e outras intempéries (chuva, ventos, etc.). Por sua vez, é justamente essa camada a mais afetada pelos resíduos sólidos e líquidos, fertilizantes químicos, pesticidas e herbicidas, a maioria frutos da química inorgânica desenvolvida após a Segunda Guerra Mundial. Principais Causas De modo mais geral, podemos afirmar que solventes, detergentes, lâmpadas fluorescentes, componentes eletrônicos, tintas, gasolina, diesel e óleos automotivos, bem como fluídos hidráulicos, hidrocarbonetos e o chumbo são os principais agentes poluidores do solo. Sabemos, ainda, que o condicionamento inadequado do lixo doméstico, esgoto e resíduos sólidos industriais degradam a superfície, além de produzirem gases tóxicos e chuva ácida (a qual também se infiltra no solo). Principais Tipos de Poluição do Solo Detritos da vida urbana - Em quantidade é a principal fonte causadora da poluição dos solos. É responsável pela produção exacerbada de lixo nas grandes cidades. Depósitos ilegais de despejos industriais - É fato conhecido que as indústrias fazem uso desse recurso e descartam indevidamente metais pesados, produtos químicos de alto risco, além de dejetos sólidos. Agrotóxicos e adubação incorreta - Nas áreas rurais, por sua vez, os principais vilões são a utilização indiscriminada de defensivos agrícolas, bem como a adubação incorreta ou excessiva. Principais Consequências Assim, por meio de processos como lixiviação (dissolução de componentes sólidos em meio líquido), impregnação e infiltração no subsolo de substâncias poluentes, ocorre não só a contaminação do terreno, tornando-o inútil, mas também acarreta na contaminação do lençol freático. As principais consequências da poluição do solo são a perda da fauna, a esterilização da terra para plantação e a contaminação da água. A poluição que se infiltra transmite doenças como infecundidade, hipersensibilidades alérgicas, bem como disfunção hepática e renal ou até câncer. A contaminação transcende o solo e chega aos alimentos, pois os vegetais se contaminam com aquelas substâncias, as quais, por seu turno, são ingeridas por humanos e outros seres, tornando a alimentação mais tóxica na medida em que vamos expandindo a cadeia alimentar. Outros fatores, como destruição de espécies animais e vegetais úteis (as abelhas polinizadoras, por exemplo), causam um descontrole no meio ambiente, permitindo o surgimento de pragas cada vez mais resistentes aos agrotóxicos e inseticidas, o que leva à produção de venenos cada vez mais potentes. Principais Medidas de Combate Para reverter à poluição dos solos, medidas simples como a coleta seletiva e reciclagem são essenciais. Outras, como o tratamentode resíduos domésticos e industriais, uso de materiais biodegradáveis, cultivo orgânico, reflorestamento e a proteção das matas nativas, medidas de saneamento básico e controle biológico de pragas, são as práticas mais efetivas de combate a degradação das superfícies. Salinização do Solo A salinização do solo é um processo de acumulação de sais minerais (Na+, Ca2+, Mg2+, K+, etc.) na terra. Esse aumento de concentração de sais prejudica as propriedades do solo e consequentemente o crescimento das plantas. A salinização gera muitos impactos negativos no meio ambiente, impedindo o desenvolvimento da agricultura e a proliferação das espécies que habitam o local, diminuindo assim, a biodiversidade. Causas Embora muitas causas de salinização do solo sejam de ordem natural, como a baixa pluviosidade ou ação das marés em áreas costeiras, esse processo pode ser intensificado com a atividade humana e o manejo incorreto do solo, desde o uso de fertilizantes, irrigação com água rica em sais e contaminação do solo. O alto índice de evaporação, por exemplo, em locais áridos e semiáridos, os quais apresentam altas temperaturas, pode acelerar esse processo. Note que a água possui uma quantidade de sais e quando ocorre a evaporação, ela evapora, no entanto, os sais ficam retidos no solo. Consequências Com o excesso de salinização do solo a terra torna-se imprópria, infértil e improdutiva para o desenvolvimento das espécies vegetais e animais. A salinização, como dito acima, reflete diretamente no equilíbrio do ecossistema, levando a perda da biodiversidade local, tornando a terra imprópria para uso e diminuindo as áreas de produção agrícola. Esse fator causa grande impacto no ambiente bem como nas populações que o habitam. Outros processos prejudicam diretamente a fertilidade com o uso inadequado do solo tais como: a compactação, a erosão, a desertificação e a sedimentação. Compactação do Solo A compactação do solo corresponde a perda de porosidade natural da terra, dificultando a entrada da água. Da mesma maneira que a salinização o solo, o processo de compactação torna-o impróprio para a prática da agricultura. Entretanto, esse processo é causado sobretudo, pelo uso de máquinas agrícolas e pela presença de animais, de forma que o peso deles acaba compactando a terra cada vez mais. O processo de compactação pode levar a erosão das áreas afetadas. Desertificação do Solo O processo de salinização do solo pode levar a desertificação do local, ou seja, formação e expansão de desertos. Por isso, as regiões mais afetadas pelo processo de desertificação são as zonas áridas e semiáridas, donde o índice pluviométrico é baixo. O uso inadequado do solo, o desmatamento e as queimadas para o uso agrícola tem sido as principais atividades que resultam na desertificação. Erosão do Solo A erosão é um processo natural provocado pela ação das chuvas e do vento. Ela ocorre da seguinte forma: pelo desgaste do solo, o transporte de partículas pela água e, por fim, a deposição desses sedimentos nas áreas mais baixas do relevo, tal qual o leito dos rios. Sedimentação do Solo A sedimentação revela o processo de desgaste das rochas e dos solos que ocorre sobretudo, pela ação das águas e das massas de ar. Nesse sentido, está intimamente relacionado com a erosão, no entanto, os sedimentos são os produtos da atividade erosiva. Salinização do Solo no Brasil No Brasil, o processo de salinização tem afetado diretamente as áreas da região nordeste do país, as quais estão inseridas no clima semiárido que apresenta baixa pluviosidade facilitando o acúmulo de sais. Além disso, áreas litorâneas que sofrem com a ação das marés têm potencializado ainda mais esse processo. Vale lembrar que esse processo é natural, todavia, as ações humanas têm aumentado as áreas de solos inférteis. A importância da correção do solo A correção de solo tem como objetivo principal estabelecer o equilíbrio entre cátions e íons no solo para que as plantas se desenvolvam de forma saudável evitando a presença de pragas e doenças e assim aumentar a produtividade do plantio. Por questões geológicas, os solos brasileiros tendem a ser mais ácidos, ou seja, apresentam maior quantidade de íons, principalmente o hidrogênio (H), que nem sempre são ideais para o desenvolvimento de uma determinada cultura, como a do mogno africano. Processos climáticos ou até mesmo químicos podem alterar a configuração dos nutrientes presentes na terra. Para identificar o grau de equilíbrio entre eles é recomendado analisar o solo para avaliação da sua fertilidade. Por meio da análise de solo pode-se saber como está a saúde da terra. Para isso é preciso coletar uma amostra de solo que deverá ser enviada a um laboratório especializado, o qual irá identificar os nutrientes presentes nela. A partir dos resultados dessa análise, é possível montar um diagnóstico, no qual identificamos se há ou não a necessidade de alguma correção, com base nas características da cultura que se pretende plantar. Para entender melhor sobre a questão dos nutrientes, considere por exemplo uma espécie que se desenvolve melhor em solos mais ácidos (PH > 7). Ela não apresentará o mesmo desempenho em solos menos ácidos (PH < 7). Ainda pode haver a presença de substâncias tóxicas que podem inibir o crescimento das plantas e até gerar prejuízos ao produtor. Por isso, é preciso um estudo prévio e um bom planejamento antes de realizar as correções e o plantio. As quantidades de adubo e calcário variam de acordo com o resultado da análise, por isso é preciso procurar um profissional qualificado como engenheiro agrônomo ou engenheiro florestal para orientação dos procedimentos necessários para a correção da área. Em se tratando de uma cultura específica como é o caso do mogno africano para que a correção seja mais assertiva e adequada exige experiência com a cultura em questão. Por que vale a pena fazer a correção de solo? Como visto anteriormente, solos ácidos nem sempre são ideais para a cultura que se deseja plantar comercialmente e pode até inibir o crescimento das plantas como é o caso de florestas de mogno africano, por exemplo. Essa acidez tende diminuir a absorção de cálcio (Ca) nas raízes, que são responsáveis pelo fortalecimento da planta. Por isso, recomenda-se analisar tanto o solo quanto às características da cultura que se deseja plantar no local. Em alguns casos pode haver a presença de substâncias tóxicas em excesso como alumínio (Al) e manganês (Mn) que impedem o desenvolvimento do sistema radicular da planta, ou seja, prejudica a formação da raiz - responsável pela absorção de nutrientes como potássio (P), nitrogênio (N), cálcio (Ca) e magnésio (Mg), tornando as mudas mais suscetíveis a tombamentos, impactando diretamente na produtividade da cultura em questão. Para a correção de solo geralmente é recomendada por meio da gessagem e/ou calagem, a qual consiste em aplicar substâncias para aumentar o teor de cálcio e enxofre, a fim de haver mais interação e absorção de nutrientes. Para isso é preciso seguir as orientações de um especialista que irá prescrever qual é melhor o corretivo mais indicado para aquela determinada situação e se os insumos são a base de calcário dolomítico, calcítico, magnesiano, entre outras opções. Vale lembrar que ambos os processos de correção de solo, como a gessagem e a calagem, podem ser realizadas conjuntamente não interferindo entre si. O solo corrigido permite que as plantas cresçam mais rapidamente e sejam mais resistentes a pragas e doenças. Dessa forma, é de suma importância realizar a análise de solo logo no início do planejamento para verificar a viabilidade do projeto. Veja agora o passo-a-passo de como coletar uma amostra de solo. Como coletar uma amostra do solo Para coletar uma amostra, é indicado utilizar
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