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Resumo Direito Civil Sucessões

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Apostila de Direito das Sucessões 
 
 
 
1 
Prof. AGEU CAVALCANTE LEMOS JÚNIOR 2.017 
www.ageuadvocacia.com.br 
 
DIREITO DAS SUCESSÕES 
I - DA SUCESSÃO EM GERAL 
1.1 – CONCEITO DO DIREITO DAS SUCESSÕES 
- O Direito das sucessões vem a ser o conjunto de normas que 
disciplinam a transferência do patrimônio de alguém, depois de 
sua morte, ao herdeiro, em virtude de lei ou de testamento. 
- Com a morte do autor da herança, o sucessor passa a ter a 
posição jurídica do finado, sem qualquer alteração na relação 
de direito, que permanece a mesma apesar da mudança de 
sujeito. 
 
1.2 - SENTIDO DA PALAVRA "SUCESSÃO" 
1 - Em sentido amplo - a palavra sucessão se aplica a todos os 
modos derivados de aquisição do domínio, ou seja, é o ato pelo qual 
alguém sucede a outrem, investindo-se, no todo ou em parte, nos 
direitos que lhe pertenciam. 
 
2 - Em sentido estrito - a palavra sucessão significa a 
transferência, total ou parcial, de herança, por morte de alguém, a 
um ou mais herdeiros. 
No presente momento, trataremos apenas da sucessão em sentido 
estrito, ou seja, da sucessão causa mortis. 
 
1.3 – FUNDAMENTO DO DIREITO DAS SUCESSÕES 
- O fundamento do direito sucessório é a propriedade, conjugada 
ou não com o direito de família. 
- A possibilidade de transferir bens mortis causa é corolário do 
direito de propriedade, uma vez que, em caso contrário, a 
propriedade ficaria despida de um de seus caracteres, ou seja, 
a perpetuidade. 
 
1.4 – CONTEÚDO DO DIREITO DAS SUCESSÕES 
- Em nosso Código Civil, o direito das sucessões divide-se em 
quatro partes: 
Apostila de Direito das Sucessões 
 
 
 
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1ª - Sucessão em geral – onde traça normas sobre a sucessão 
legítima e testamentária, relativas à transmissão, aceitação, à 
renúncia e à indignidade; 
2ª - Sucessão legítima – onde abrange a transmissão da herança, 
que se opera em virtude de lei às pessoas constantes da ordem de 
vocação hereditária; 
3ª - Sucessão testamentária – onde contém disposições relativas 
à transferência de bens causa mortis por ato de última vontade; 
 
4ª - Inventário e partilha – onde estabelece as normas sobre o 
processo judicial por meio do qual se descreve os bens da herança, 
se lavra o título de herdeiro, se liquida o passivo do monte, se paga o 
imposto de transmissão mortis causa e se efetua a partilha dos bens 
entre os herdeiros. 
 
1.5 – CLASSIFICAÇÃO 
- Quanto à fonte de que deriva: 
a) testamentária: oriunda de testamento válido ou de codicilo. 
Vigora em nosso ordenamento jurídico o sistema da liberdade de 
testar limitada, por meio do qual se o testador tiver herdeiros 
necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge sucessíveis - art. 
1845, CC), só poderá dispor de metade da herança. Assim, o 
patrimônio do de cujus é dividido em duas partes: legítima (ou 
reserva dos herdeiros necessários) e porção disponível; 
 
b) legítima ou ab intestato: resulta da lei nos casos de ausência, 
nulidade, anulabilidade ou caducidade do testamento. 
 
- Admite-se a existência simultânea dessas duas espécies de 
sucessão, eis que se o testamento não abranger a totalidade 
dos bens do falecido, a parte de seu patrimônio não 
mencionada no ato de última vontade transmite-se aos 
herdeiros legítimos na ordem da vocação hereditária. 
 
- O ordenamento jurídico pátrio não admite a denominada 
sucessão contratual, pois veda contratos que tenham por objeto 
herança de pessoa viva (art. 426 CC). 
 
- Alguns autores, nos termos do art. 2.018 do CC/2002, apontam 
Apostila de Direito das Sucessões 
 
 
 
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uma exceção a essa regra: possibilidade de partilha feita por 
ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, 
conquanto que não prejudique a legítima dos herdeiros 
necessários. 
- O Código Civil/2002 não mais admite as chamadas doações 
antenupciais causa mortis, que, na vigência do Código Civil de 
1916 (art. 314), eram consideradas como mais uma espécie de 
sucessão contratual. 
- Quanto aos efeitos: 
a) a título universal - quando houver transferência da totalidade ou 
de uma parte indeterminada (porção abstrata) da herança, tanto no 
seu ativo como no passivo, para o herdeiro do de cujus. Se a 
sucessão a título universal decorrer de testamento, diz-se que houve 
a instituição de herdeiro (herdeiro instituído, nomeado ou 
testamentário). A sucessão legítima é sempre a título universal e o 
sucessor se denomina herdeiro legítimo. Se houver um único herdeiro 
que recebe a totalidade da herança, dá-se a ele o nome de herdeiro 
universal; 
b) a título singular - quando o testador transfere ao beneficiário 
apenas bens certos e determinados. Decorre apenas de testamento e 
diz-se que houve a nomeação de legatário. 
O legatário não responde pelas dívidas e encargos da herança, salvo 
em se tratando de débitos tributários, caso em que sua 
responsabilidade fica limitada ao montante do legado (art. 131, II do 
CTN). 
1.6 - ABERTURA _DA SUCESSÃO, DELAÇÃO OU DEVOLUÇÃO 
SUCESSÓRIA 
 
- Dá-se a abertura da sucessão no momento do falecimento do 
de cujus, transmitindo-se a herança, sem solução de 
continuidade, aos herdeiros legítimos e testamentários 
(princípio da saisine), ainda que eles ignorem o fato. 
- Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa 
certa, existente no acervo, salvo se o legado estiver sob 
condição suspensiva. Entretanto, não se defere de imediato a 
posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade 
própria. 
- Sobre o assunto, Carlos Roberto Gonçalves leciona: "Quanto 
aos legatários, a situação é diferente: adquirem a propriedade 
dos bens infungíveis desde a abertura da sucessão; dos 
fungíveis, porém, só pela partilha. A posse, em ambos os 
Apostila de Direito das Sucessões 
 
 
 
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casos, deve ser requerida aos herdeiros, que só estão 
obrigados a entregá-la por ocasião da partilha depois de 
comprovada a solvência do espólio". 
1.7 - HERANÇA 
- É o objeto da sucessão, confundindo-se com o patrimônio do de 
cujus, ou seja, é o conjunto de direitos e obrigações que se 
transmitem aos seus sucessores; 
- Excluem-se da herança os direitos personalíssimos que se 
extinguem com a morte (pátrio poder, tutela, :curatela, direitos 
políticos etc.) e os direitos e deveres patrimoniais que não 
passam aos herdeiros, por serem inerentes à pessoa do de 
cujus (uso, usufruto etc.). 
- A herança difere da meação. Esta constitui a parte que cada 
cônjuge ou companheiro possui sobre os bens comunicáveis e 
independe da abertura da sucessão. 
- Aquela é o patrimônio do de cujus, abrangendo seus bens 
particulares e sua meação sobre os bens comuns. Assim, 
quando se fala em herança, deve-se ter em mente que dela não 
faz parte da meação do cônjuge ou do companheiro 
sobrevivente, já que pertenciam a estes antes mesmo do óbito 
do de cujus. 
- O herdeiro não representa o de cujus, pois o sucede apenas nos 
bens e não na sua pessoa. Somente assume a titularidade das 
relações jurídicas patrimoniais dofalecido. 
- O direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel, exigindo 
escritura pública para a sua cessão e autorização do cônjuge 
para que o respectivo titular possa estar em juízo. 
- O direito à herança, quanto à posse e à propriedade, é 
indivisível até a partilha, regulando-se pelas normas relativas 
ao condomínio. 
- Ela é inicialmente deferida como um todo unitário 
(universalidade de direito), ainda que vários sejam os 
herdeiros. Assim, o co-herdeiro não pode vender ou hipotecar 
parte determinada de coisa comum do espólio, mas apenas 
ceder direitos hereditários concernentes a sua parte ideal. 
- O Código Civil /2002 estabelece que "é ineficaz a cessão, pelo 
co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da 
herança considerado singularmente" (art. 1.793, §2°), bem 
como que "ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do 
juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente 
do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade" (art. 1.793, 
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§3°). 
- Os demais co-herdeiros têm direito de preferência, tendo em 
vista que, até a partilha, existe um condomínio indivisível (Arts. 
1.794 e 1.795, CC/2002). 
- Segundo noticia MHD, inexiste consenso na doutrina e na 
jurisprudência a respeito da necessidade da anuência dos 
demais herdeiros para que haja a cessão do quinhão hereditário 
de um deles a terceiros. 
- Qualquer dos co-herdeiros pode reclamar a universalidade da 
herança ao terceiro, que indevidamente a possua, não podendo 
este opor-lhe, em exceção, o caráter parcial do seu direito nos 
bens da sucessão. Este direito não é personalíssimo, razão pela 
qual pode o cessionário se valer do mesmo. 
 
1.8 - LOCAL DA ABERTURA DA SUCESSÃO E DO JUÍZO DO 
INVENTÁRIO 
O local da abertura da sucessão é o do último domicílio do falecido, o 
qual passa a ser competente para o inventário, a partilha, a 
arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e 
praticamente todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o 
óbito tenha ocorrido no estrangeiro. Se o autor da herança não 
possuía domicílio certo, o juízo competente é o da situação dos bens 
e, se, além disso, possuía bens em lugares diversos, o do lugar do 
óbito. 
Ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha ele residido 
fora do território nacional, compete à autoridade judiciária brasileira, 
com exclusão de qualquer outra, proceder ao inventário e partilha de 
bens situados no Brasil. 
Em princípio, cessa a universalidade do juízo do inventário com o 
término do estado de indivisão da herança, o que se dá com a 
partilha. 
 
1.9- CESSÃO DA HERANCA 
Consiste na transferência que o herdeiro, legítimo ou testamentário, 
faz a outrem de todo quinhão hereditário que lhe compete após a 
abertura da sucessão, ou de parte dele. Pode ser gratuita ou onerosa. 
 Princípios: 
- O cedente deve ter capacidade genérica e dispositiva; 
- A cessão só valerá após a abertura da sucessão e deverá ser 
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feita por escritura pública, qualquer que seja o valor; 
- Somente pode ser efetivada antes da partilha; 
- O cedente transfere sua quota ideal na massa hereditária, sem 
discriminar bens, sob pena de ineficácia da cessão (art. 1.793, 
§§2° e 3Q, CC/2002); 
- O cessionário sucede inter vivos, sendo sucessor a título 
singular; 
- O cessionário assume, em relação aos direitos hereditários, a 
mesma condição jurídica do cedente. Todavia, o Código 
Civil/2002 ressalva que "os direitos, conferidos ao herdeiro em 
conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, 
presumem-se não abrangidos pela cessão feita 
anteriormente" (art. 1.793, §1°); 
- O cessionário corre o risco' de ver a herança ser absorvida 
pelos débitos; 
- É negócio jurídico aleatório; 
- O cedente, em regra, não responde pelos riscos da evicção; 
- A cessão da herança feita sem a anuência dos credores do 
espólio autoriza que o cedente seja acionado por eles; 
- Os co-herdeiros têm direito de preferência na aquisição dos 
direitos hereditários de qualquer um deles (art. 1.794, CC). 
Caso esse direito de preferência não seja observado, o co-
herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, 
depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se 
o requerer até 180 dias após a transmissão. Sendo vários co-
herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o 
quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas 
hereditárias (art. 1.795, CC); 
- O cessionário intervém no processo de inventário, sendo 
contemplado na partilha, tirando-se em seu nome o pagamento 
que caberia ao cedente, desde que nenhum dos coherdeiros use 
do direito de preferência antes da partilha; 
- A cessão pode ser anulada por qualquer vício do negócio 
jurídico. 
1.10 - LEGITIMACÃO E CAPACIDADE PARA SUCEDER 
 
- Capacidade civil e capacidade-sucessória - Não se confunde a 
capacidade sucessória com a capacidade civil. Esta é a aptidão que a 
pessoa tem para exercer, por si, os atos da vida civil. Aquela, por sua 
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vez, é a aptidão para receber os bens deixados pelo de cujus. 
- Momento em que se verifica - A capacidade e a legitimação para 
suceder é a do tempo da abertura da sucessão, que se regulará 
conforme alei então em vigor. Assim, a capacidade e legitimação do 
herdeiro instituído e do legatário deve se aferir ao tempo da abertura 
da sucessão, e não da confecção do testamento. Entretanto, se a 
instituição de herdeiro ou de legatário se subordinar a condição 
suspensiva, só por ocasião de seu implemento se apreciará dita 
capacidade e legitimação. 
- Pressupostos para a verificação da capacidade sucessória: 
a) morte do de cujus; 
b) sobrevivência do sucessor; 
c) pertencer o sucessor à espécie humana ou se tratar"de pessoa 
jurídica; 
d) título ou fundamento jurídico do direito de herdeiro ou 
legatário. 
OBS: 
1 – A pessoa jurídica, exceto os Municípios, o Distrito Federal e a 
União, não pode suceder ab intestato. Pode, entretanto, suceder por 
testamento, desde que exista legalmente, admitindo-se, ainda, 
transmissão hereditária condicional, no caso de se contemplar pessoa 
jurídica ainda não constituída. 
Sobre o assunto, Maria Helena Diniz esclarece: "Entretanto, tolera-se 
que o testador transmita bens a um ente moral, sob a condição de 
constituir-se regularmente, ou a uma sociedade de fato, aguardando-
se sua constituição legal, quando, então, opera-se a transmissão 
hereditária". O Código Civil/2002 é expresso quanto à possibilidade 
de se contemplar através de testamento "as pessoas jurídicas, cuja 
organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação". 
A pessoa jurídica em liquidação não pode suceder, porque já deixou 
de existir, "uma vez que se prolonga sua personalidade apenas em 
atenção aos atos necessários à liquidação patrimonial" (MHD). . 
2 – A concessão de herança ou legado a uma pessoa com o encargo 
de cuidar de determinada coisa inanimada ou de animal não fere o 
terceiro pressuposto acima mencionado, eis que o sucessor será a 
pessoacontemplada. 
 
1.10.1 - SITUACÃO DO EMBRIÃO CRIOPRESERVADO, DO 
NASCITURO E DA PESSOA AINDA NÃO CONCEBIDA AO TEMPO 
DA ABERTURA DA SUCESSÃO. 
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- Segundo o Código Civil/2002, legitima-se a suceder, as pessoas 
nascidas ou já concebidas no momento da abertura da 
sucessão (art. 1.798). E o mesmo estatuto preceitua que "a 
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; 
mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do 
nascituro" (art. 2°). 
- O primeiro problema que se impõe diante dessas disposições é 
o de definir a partir de que momento considera-se concebida 
uma pessoa: se é, a partir da nidação do ovo ou zigoto no útero 
materno (momento em que há, em tese, uma viabilidade da 
gestação ser exitosa), ou se a partir da fecundação do óvulo 
pelo espermatozóide (quando já se tem definida a carga 
genética do potencial ser futuro). 
- O problema não se propunha quando da edição do Código Civil 
de 1916, uma vez que, naquela época, a ciência não estava 
avançada a ponto de, como hoje, existirem inúmeros métodos 
de reprodução assistida, inclusive com a fecundação extra-
uterina do óvulo e subseqüente congelamento 
(criopreservação) de embriões excedentários (não implantados 
imediatamente). 
- A questão é por demais complexa e ensejaria, a toda evidência, 
um trabalho exclusivo para ela. Assim, serão abordadas apenas 
algumas breves considerações acerca do assunto. 
- Maria Helena Diniz considera como ser humano concebido o 
óvulo fecundado “in vitro", caracterizando-se como titular de 
direitos da personalidade, como à vida, à integridade física e à 
saúde, tanto que há vedações quanto à manipulação genética 
dos mesmos. 
- No mesmo sentido, Ana Cristina Rafful considera a fecundação 
como ato de conceber, antes mesmo da implantação do 
embrião no útero materno. Tal autora cita julgado proferido por 
um Tribunal dos Estados Unidos, em que, em outubro de 1989, 
decidiu-se que os embriões são pessoas e devem acompanhar a 
mãe porque a vida humana se inicia na concepção. 
- De fato, o embrião congelado - ou, mais tecnicamente, 
criopreservado - já se caracteriza como um ser humano 
concebido, pois, segundo Maria Helena Diniz, "com a fusão dos 
gametas (masculino e feminino), determinam-se os caracteres 
do novo ser humano, surgindo, então, a pessoa, enquanto 
sujeito de direito". 
- O Código Civil/2002 dá respaldo a esse entendimento, pois, no 
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art. 1.597, IV, refere-se a embriões excedentários decorrentes 
de concepção artificial homóloga, dando a entender que 
aqueles, antes mesmo de implantados, já são seres humanos 
concebidos. 
- Aí surge a pergunta: esses embriões congelados já se 
legitimam a suceder, porque consideram-se pessoas concebidas 
no momento da abertura da sucessão? 
- Embora o embrião criopreservado possa ser considerado como 
ser concebido, não ostenta a natureza de nascituro, pois, como 
tal, somente há que se considerar aquele já implantado no 
útero materno. Isso porque apenas a partir desse momento é 
que se pode falar em vida viável. 
- Neste sentido, J. M. Carvalho Santos entende que o embrião 
não implantado não possui direito à tutela jurídica, por não 
possuir condições de desenvolvimento fora do útero materno. 
- Corroborando esse entendimento, tramita no Congresso 
Nacional projeto de lei de autoria do deputado Ricardo Fiúza, o 
qual, entre outras coisas, visa à alteração do art. 2° do Código 
Civil/2002, a fim de que o mesmo passe a dispor que "a lei põe 
a salvo os direitos do embrião e os do nascituro". Consta de tal 
projeto, como justificativa, a afirmação de que o embrião, antes 
de implantado e viabilizado no ventre da mãe, não pode ser 
considerado nascituro. 
- Na mesma linha, o Código de Processo Civil somente admite a 
medida denominada posse em nome do nascituro quando há 
prova da gravidez, não bastando a mera demonstração da 
existência de embriões. 
- Por motivos de razoabilidade, esse é o melhor entendimento, 
pois, do contrário, teríamos que admitir, por exemplo, a 
reserva de bens da herança a fim de atender ao eventual 
direito sucessório do embrião criopreservado ou a posse em 
nome do nascituro. 
- Se essas medidas fossem adotadas, até, quando elas 
prevaleceriam? Enquanto a mãe vivesse, uma vez que até a 
sua morte haveria possibilidade de gestação? Enquanto não 
fosse reconhecida a inviabilidade de desenvolvimento do 
embrião, o que dependeria de comprovação e, talvez, 
demandaria muito tempo? E, enquanto isso, os bens ficariam 
com quem? Com a mãe ou com o inventariante? Além disso, se 
a reserva de bens determinada no curso do inventário tem 
natureza cautelar, como seria possível propor a ação principal 
provavelmente petição de herança - no prazo de 30 dias, se, 
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nesse prazo, não ocorresse sequer a implantação do óvulo? 
- As incertezas que decorrem dessa situação, evidentemente, 
não recomendam que o embrião criopreservado tenha seus 
eventuais direitos patrimoniais protegidos, senão depois de 
implantado no útero materno e demonstrado o estado de 
gravidez. Isso porque a ausência de viabilidade imediata 
desautoriza qualquer medida de proteção a um possível direito 
patrimonial, em detrimento de herdeiros já existentes e 
dotados de personalidade. 
- Com isso não se está sustentando que o embrião 
criopreservado não teria direitos sucessórios sobre a herança 
deixada por seu genitor, caso este falecesse antes da 
implantação daquele no útero materno. Mas, simplesmente, 
que, apenas após assumir a condição de nascituro (implantação 
no útero), se admitiria a posse em seu nome (providência 
cautelar), assegurando-se seus direitos sucessórios a partir do 
nascimento, com efeitos ex tunc, ou seja, desde a concepção in 
vitro. 
- De outra parte, o nascituro - ser humano concebido e com vida 
intra-uterina - tem capacidade sucessória excepcional, eis que, 
apesar de não possuir personalidade civil, seu representante 
legal recebe a herança sob condição resolutiva. Se não nascer 
com vida, é como se nunca houvesse existido. 
- Pessoa ainda não concebida ao tempo da abertura da sucessão 
não pode herdar. Entretanto, admite-se a confecção de 
testamento contemplando "os filhos, ainda não concebidos, de 
pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao 
abrir-se a sucessão", caso em que haverá transmissão 
hereditária condicional. 
- Em relação a essa prole eventual, o Código Civil dispõe, em seu 
art. 1.800, § 4°, que se, decorridos dois anos após a abertura 
da sucessão (prazo de espera), não for concebido o herdeiro 
esperado, os bens reservados, salvo disposição em 
contrário do testador1, caberão aos herdeiros legítimos. No 
caso dessas pessoas ainda não concebidas serem contempladas 
em testamento, "os bens da herança serão confiados, após a 
liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juízo (art. 
1.800, caput)”, de modo que, “nascendo com vida o herdeiro 
esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e 
 
1Essa expressão "salvo disposição em contrário" se refere ao destino dos bens, e 
não ao prazo de espera de 4 (quatro) anos, contado da abertura da sucessão. Esta 
ação não pode ser proposta. pelo ofendido, ao qual é assegurado o direito de 
deserdar o ofensor. 
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rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador" 
(art. 1.800, §3°). 
 
2 - INDIGNIDADE 
2.1 - Conceito - "Pena civil que priva do direito à herança não só o 
herdeiro, bem como o legatário que cometeu atos criminosos ou 
reprováveis, taxativamente enumerados em lei, contra a vida, a 
honra e a liberdade do de cujus" (MHD), ou de certas pessoas de sua 
família (Código Civil/2002). 
 
2.2 - Causas: 
 
a) os que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de 
homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja 
sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou 
descendente. Não se aplica a exclusão, se tratar-se de 
homicídio culposo, de aberratio ictus, de erro quanto à pessoa, 
de legítima defesa, de estado de necessidade. Há autores que 
entendem que a instigação ao suicídio se equipara ao 
homicídio, para efeito de exclusão por indignidade; 
b) os que houverem acusado, caluniosamente em juízo o autor da 
herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu 
cônjuge ou companheiro; 
c) os que, por violência ou meios fraudulentos, a inibirem ou 
obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus 
be,ns por ato de última vontade. 
 
- Os casos de exclusão do herdeiro ou legatário por indignidade 
são somente estes, inadmitindo-se interpretação extensiva ou 
aplicação analógica. 
 
8.2 - Declaração jurídica da indignidade - A exclusão do herdeiro 
ou legatário, em qualquer dos casos de indignidade, será declarada 
por sentença, em ação ordinária, movida por quem tenha interesse 
na sucessão. Tal ação encontra-se sujeita ao prazo decadencial 
 
8.3 – Efeitos da Indignidade: 
1- São pessoais os efeitos da exclusão, razão pela qual os 
descendentes do herdeiro legítimo excluído sucedem, como se 
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ele fosse morto antes da abertura da sucessão (sucedem por 
representação); 
2- O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto e à 
administração dos bens, que a seus sucessores couberem na 
herança, nem à sucessão eventual desses bens; 
3- O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e 
rendimentos que dos bens da herança houver auferido, mas 
tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação 
deles; 
4- São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a 
terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente 
praticados pelo herdeiro excluído, antes da sentença de 
exclusão; mas aos co-herdeiros subsiste, quando 
prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos; 
5- O excluído deverá responder por perdas e danos, no caso de 
restar apurada a obstação, ocultação ou destruição do 
testamento por culpa ou dolo; 
6- Para alguns autores, segundo noticia MHD, o indigno não está 
proibido de representar seu pai na sucessão de outro parente, 
já que a pena deve ser considerada restritivamente. 
Entretanto, MHD e Sílvio Rodrigues têm entendimento em 
sentido contrário. 
 
8.4 – Herdeiro aparente 
- É aquele que se conduz como herdeiro, mas que não possui 
qualquer direito sobre os bens da sucessão. O Código de 1916 
previa a figurado herdeiro aparente apenas no caso de exclusão 
por indignidade (art. 1.600 do CC). 
- Diante disso perguntava-se se eram válidos os atos de 
alienação e de oneração de bens da herança feitos pelo 
herdeiro aparente, fora do caso do art. 1.600 do CC. 
Entretanto, o Código Civil/2002 resolveu o impasse, ao dispor 
que "são eficazes as alienações feitas, a título oneroso, pelo 
herdeiro aparente a terceiro de boa-fé" (art. 1.827, parágrafo 
único). 
 
8.5 - Reabilitação do indigno 
- Afigura-se possível, mediante ato autêntico, ou testamento da 
pessoa ofendida, resolvendo admiti-lo na sucessão. 
- O perdão dado pelo ofendido é irretratável. No entanto, "não 
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havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em 
testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já 
conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da 
disposição testamentária" (art. 1.818, parágrafo único, 
CC/2002). 
 
8.6 - Distinção entre incapacidade sucessória e indignidade 
(segundo MHD): 
- a incapacidade sucessória impede que nasça o direito à 
sucessão; a indignidade obsta a conservação da herança; 
- o incapaz não adquire a herança em momento algum; o indigno 
a adquire quando da abertura da sucessão, vindo a perdê-la 
com o trânsito em julgado de sentença declaratória de sua 
indignidade. 
9 - ACEITACÃO OU ADIÇÃO DA HERANCA 
9.1 - Conceito – É o ato pelo qual o herdeiro ou legatário manifesta 
a vontade de receber a herança ou o legado que lhe é transmitido. 
- Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao 
herdeiro, desde a abertura da sucessão. A transmissão tem-se 
por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança. 
 
Classificação: 
- Quanto à forma: 
a) tácita - quando resulta tão-somente de atos próprios da qualidade 
de herdeiro. Não exprimem aceitação da herança os atos oficiosos, 
como o funeral do finado, os meramente conservatórios ou os de 
administração e guarda provisória. Não importa igualmente aceitação 
a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-
herdeiros; 
 
b) expressa - quando se faz por declaração escrita; 
 
c) presumida - o interessado em que o herdeiro declare se aceita, 
ou não, a herança, poderá, vinte dias depois de aberta a sucessão, 
requerer ao juiz que fixe prazo razoável, não maior de trinta dias, 
para, dentro nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a 
herança por aceita. 
 
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-Quanto à pessoa que a manifesta: 
a) direta - se manifestada pelo próprio herdeiro; 
 
b) indireta - se alguém a faz pelo herdeiro, podendo ser feita: 
- pelos herdeiros do herdeiro: se este falecer antes de declarar se 
aceita ou não a herança. Não se afigura admissível se se tratar de 
vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada. 
"Os chamados à sucessão do herdeiro antes da aceitação, desde que 
concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou 
renunciar a primeira" (art. 1.809, parágrafo único, CC/2002); 
 
- pelo tutor ou curador: de heranças e legados, com ou sem 
encargos, mediante autorização do juiz; 
- por mandatário ou gestor de negócios: há controvérsias quanto 
à admissibilidade de aceitação da herança pelo gestor de negócios; 
 
- pelos credores do herdeiro: se a renúncia prejudicar os credores, 
poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do 
renunciante. Entretanto, depois de pagas as dívidasdo renunciante, 
prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido 
aos demais herdeiros. A habilitação dos credores se fará no prazo de 
30(trinta) dias seguintes ao conhecimento do fato (art. 1.813, §1°, 
CC/2002). 
 
Conteúdo: Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, 
sob condição, ou a termo o herdeiro, a quem se testarem legados, 
pode aceitá-los, renunciando a herança, ou aceitando-a, repudiá-los. 
- "O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um 
quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode 
livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que 
renuncia" (art. 1808, § 2°, CC/2002) 
 
Retratação: são irrevogáveis os atos de aceitação e de renúncia da 
herança (art. 1.812, CC/2002). 
 
Anulação: É cabível, por exemplo, se o aceitante não é o herdeiro ou 
se existirem vícios de consentimento. 
 
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10 - RENÚNCIA OU REPÚDIO DA HERANÇA 
10.1 – Conceito: É o ato solene pelo qual o herdeiro ou o legatário 
manifesta a vontade de não aceitar a herança ou o legado que lhe é 
transmitido. 
- A renúncia pura e simples, ou abdicativa, é a renúncia 
propriamente dita, vez que é manifestada de forma 
incondicional em favor do monte. 
- Contrapõe-se a ela a denominada renúncia translativa ou em 
favor de alguém, a qual caracteriza uma aceitação tácita 
seguida de uma cessão dos direitos hereditários em favor de 
pessoa certa e determinada. 
 
Requisitos: 
- capacidade jurídica do renunciante: exige-se, inclusive, a 
capacidade para alienar; 
OBS: Segundo MHD, a pessoa casada pode renunciar à herança ou 
legado independentemente de prévio consentimento do cônjuge. 
Entretanto, Amoldo Wald e Sílvio Rodrigues têm entendimento em 
sentido contrário. 
- O mandatário, para renunciar à herança pelo mandante, 
necessita de poderes especiais e expressos. O representante 
legal do menor, por sua vez, necessita de autorização judicial. 
 
- forma prescrita em Lei: deve constar expressamente de 
instrumento público, ou de termo judicial, sob pena de nulidade 
absoluta; 
 
- inadmissibilidade de condição ou termo: a renúncia é ato puro 
e simples; 
 
- impossibilidade de repúdio parcial da herança: admite-se, 
entretanto, que o herdeiro que suceder, concomitantemente, a título 
universal, como herdeiro, e a título singular, como legatário, possa 
renunciar integralmente à herança, conservando o legado, ou vice-
versa; 
- Ademais, "o herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de 
um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode 
livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que 
renuncia" (art. 1.808, § 2°, CC/2002); 
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- Abertura da sucessão: somente a partir dela é que o herdeiro ou 
o legatário adquire direito à herança ou ao legado. 
 
Efeitos: 
- o renunciante é tratado como se nunca houvesse sido chamado à 
sucessão; 
 
- na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros 
herdeiros da mesma classe, e, sendo ele o único desta, devolve-se 
aos da subseqüente (direito de acrescer); 
 
- os descendentes do renunciante não herdam por representação na 
sucessão legítima; porém, se ele for o único legítimo de sua classe, 
ou se todos os outros da mesma classe renunciarem à herança, 
poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça; 
- na sucessão testamentária, a renúncia do herdeiro torna caduca a 
disposição de última vontade que o beneficie, a não ser que o 
testador tenha indicado substituto ou haja direito de acrescer 
entre Os herdeiros; 
 
- o que renuncia a herança não se encontra impedido de aceitar 
legado, e vice-versa; o renunciante pode administrar e ter usufruto 
dos bens que, em razão de sua renúncia, forem transmitidos a seus 
filhos menores sob pátrio poder. 
 
Retratação: A renúncia é irrevogável. Pode, entretanto, ser anulada 
por vício de consentimento, por exemplo. 
 
11 - RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS PELAS DÍVIDAS 
- O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da 
herança; incumbe-lhe, porém, provar o excesso, salvo se 
houver inventário que a escuse, demonstrando o valor dos bens 
herdados (arts. 1.792 e 1.821, CC/2002). 
- No mesmo sentido, dispõe o art. 597 do CPC: "O espólio 
responde pelas dívidas do falecido; mas, feita a partilha, cada 
herdeiro responde por elas na proporção da parte que na 
herança lhe coube". 
 
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OBS: Seguindo a mesma orientação, vide os arts. 836 e 1.997 do 
CC/2002. 
- Os quinhões hereditários dos que herdam por direito de 
representação não respondem pelas dívidas do representado, 
mas apenas pelas do falecido. 
- Os bens doados, embora a título de adiantamento de legítima, 
não respondem pelos encargos da sucessão (WBM). 
 
12 - HERANCA JACENTE 
Conceito: É aquela relativamente à qual não há herdeiro legítimo ou 
testamentário notoriamente conhecido. 
 
Casos: 
Não havendo testamento: se o falecido não deixar herdeiros 
legítimos notoriamente conhecidos; 
 
Havendo testamento: se o herdeiro nomeado não existir ou 
renunciar à herança, e se o falecido não deixar herdeiros legítimos 
notoriamente conhecidos. 
Arrecadação: Nos casos em que a herança se considera jacente, o 
juiz da comarca onde o falecido tiver domicílio procederá, sem perda 
de tempo (deve-se aguardar o prazo legal de 30 dias a contar da 
abertura da sucessão); à arrecadação de todos os seus bens, na 
forma prevista nos arts. 1.144 a 1.151 do CPC. 
 
- Não se procederá à arrecadação; ou suspender-se-á esta quando 
iniciada, se se apresentar para reclamar os bens o cônjuge, herdeiro 
ou testamenteiro notoriamente conhecido e não houver oposição 
motivada do curador, de qualquer interessado, do órgão do Ministério 
Público ou do representante da Fazenda Pública. 
 
- Ultimada a arrecadação, mandará o juiz expedir edital, que será 
estampado 03 (três) vezes, com intervalo de 30 dias para cada um, 
no órgão oficial e na imprensa da comarca, para que a habilitar-se os 
sucessores do finado no prazo de 6 meses contados da primeira 
publicação. 
 
- Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade de 
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testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge, a arrecadação 
converter-se-á em inventário. 
 
- A herança jacente ficará sob a guarda e administração de um 
curador até a efetiva entrega ao sucessor legalmente habilitado, ou 
até a declaração de vacância. 
 
- Enquanto não for nomeado curador, o juiz designará um depositário 
e lhe entregará os bens arrecadados, mediante simples termo nos 
autos depois de compromissado. 
 
- Habilitação de herdeiro e de credor para receber herança 
arrecadada: 
1) Até o trânsito em julgado da declaração da vacância: 
a) Herdeiro: No prazo de 6 (seis) meses, a contarda primeira 
publicação do edital, ou até o trânsito em julgado da declaração 
de vacância. Far-se-á nos próprios autos, observando-se o 
procedimento dos arts. 1.055 a 1.062 do CPC. 
b) Credor: mediante habilitação na forma prevista para o 
inventário ou ação direta; 
 
2) Após o trânsito em julgado da declaração da vacância: o 
cônjuge, os herdeiros e os credores somente poderão reclamar o seu 
direito através de ação direta. 
 
13 - HERANÇA VACANTE 
Conceito: "É a que não foi disputada, com êxito, por qualquer 
herdeiro e que, judicialmente, foi proclamada de ninguém" (SR). 
 
Declaração da vacância: Após um ano da publicação do primeiro 
edital, não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente. 
Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma 
sentença que a. julgar improcedente. Sendo diversas as habilitações, 
deve-se aguardar o julgamento da última. "Quando todos os 
chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo 
declarada vacante" (art. 1.823, CC/2002). 
 
OBS: 
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- Para Sílvio Rodrigues a declaração da vacância não confere o 
domínio dos bens vagos ao Poder Público; apenas aqueles são 
entregues a este, que os conserva em condição semelhante à do 
depositário. Para Maria Helena Diniz e Washington de Barros Monteiro 
com a declaração da vacância, a propriedade dos bens arrecadados é 
transferida sob condição resolutiva, ao Município ou ao Distrito 
Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, ou à União, 
quando situados em território federal. 
 
- Julgados recentes da 3ª e da 4ª Turmas do STJ parecem considerar 
que a propriedade dos bens da herança jacente passa ao Poder 
Público com a sentença declaratória da vacância, razão pela qual, até 
esse momento, podem os mesmos ser adquiridos por usucapião (DJU 
de11/06/2001, p. 196; DJU de 27/11/2000, p. 169). 
 
- Todavia, há julgado proferido em 1994 pela 4ª Turma daquele 
Tribunal, no qual decidiu-se que "antes do decurso do prazo do artigo 
1594 do CC/16 (correspondente ao art. 1.822 do CC/02), os bens de 
herança jacente podem ser adquiridos por usucapião" (STJ, 4ª 
Turma, AGA 35437/SP. Rel: Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, decisão 
de 16/12/1994, DJ de 20/02/1995, p. 3.188). 
 
- Decorridos cinco anos da aberturada sucessão, os bens arrecadados 
passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se 
localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao do 
domínio da União, quando situados em território federal. 
 
Efeitos: 
1 - cessação dos deveres do curador; 
2 - afastamento da sucessão legítima dos colaterais que não tenham 
se habilitado até a declaração de vacância; 
3 - entrega dos bens vagos ao Município, Distrito Federal ou União, 
conforme o caso; 
4 - com a transferência definitiva do domínio dos bens vagos ao 
Poder Público, deve este aplicá-los em fundações destinadas a 
desenvolver o ensino universitário. 
 
14 - PETICÃO DE HERANCA 
Conceito: É a ação que cabe ao herdeiro para demandar o 
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reconhecimento de seu direito sucessório, para obter a restituição da 
herança, ou de parte dela, contra quem, na qualidade de herdeiro, ou 
mesmo sem título, a possua. 
 
Regras: 
- Ainda que exercida por um só herdeiro, essa ação pode 
compreender a totalidade dos bens hereditários. 
- O possuidor da herança está obrigado à restituição dos bens do 
acervo, fixando-lhe a responsabilidade segundo a sua posse (de 
boa ou de má-fé). 
- A partir da citação, a responsabilidade do possuidor se há de 
aferir pelas regras concernentes à posse de má-fé e à mora. A 
esse respeito, vide o estudo da posse na parte relativa ao 
Direito das Coisas. 
- O herdeiro pode demandar os bens da herança, mesmo em 
poder de terceiros, sem prejuízo da responsabilidade do 
possuidor originário pelo valor dos bens alienados. Entretanto, 
são eficazes as alienações feitas a título oneroso, pelo herdeiro 
aparente a terceiro de boa-fé. 
- O prazo para ajuizamento da ação de petição de herança é de 
10 (dez) anos, a contar da abertura da sucessão. 
 
II -DA SUCESSÃO LEGÍTIMA 
1 - ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA 
Conceito: "É a relação preferencial, estabelecida pela lei, das 
pessoas que são chamadas a suceder o finado" (SR). Muitos 
doutrinadores dizem que se trata do testamento presumido do de 
cujus. 
 
Ordem (quadro comparativo): 
LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO 
CÓDIGO CIVIL/2002 
CÓDIGO CIVIL/2002 
1º - Descendentes 1º - Descendentes e cônjuge ou 
companheiro. 
2º - Ascendentes 2º - Ascendentes e cônjuge ou 
companheiro. 
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3º - Cônjuge ou companheiro que 
satisfaça os requisitos do art. 1º, 
§ 1º da Lei 8.971/94. 
3º - Cônjuge sobrevivente. 
4º - Colaterais até o 4º grau. 4º - Colaterais até o 4º grau. 
5º - Municípios, Distrito federal e 
União. 
OBS: Tinha-se o entendimento 
que esses entes, em caso de 
vacância da herança, não eram 
propriamente herdeiros, não se 
aplicando a eles o princípio da 
saisine, razão pela qual o Novo 
CC não os incluiu na ordem de 
vocação hereditária, mantendo-
os, porém, na condição de 
beneficiários da herança vacante. 
 
Regra da convocação para suceder: Geralmente, uma classe 
somente é chamada quando faltarem herdeiros da classe precedente, 
observando-se os seguintes critérios: 
 
LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO 
CC/02 
CÓDIGO CIVIL/2002 
1º - Se houver descendentes, eles 
herdam a totalidade da herança. 
Se houver descendentes e não 
houver cônjuge nem companheiro 
sucessível, aqueles herdam a 
totalidade da herança. 
Se houver descendentes e 
cônjuge casado com o falecido por 
regime diverso da comunhão 
universal e da separação 
obrigatória, desde que não seja 
comunhão parcial em que o autor 
da herança não totalidade da 
herança haja deixado bens 
particulares, tais herdeiros 
dividem entre si, segundo 
critérios a serem estudados 
adiante, a totalidade da herança. 
Se houver descendentes e 
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companheiro do falecido, tais 
herdeiros dividem entre si, 
segundo critérios a serem 
estudados adiante, a totalidade da 
herança. 
2º - Não havendo herdeiros da 
classe dos descendentes, são 
chamados à sucessão os 
ascendentes. 
2° - Não havendo descendentes, 
cônjuge nem companheiro 
sucessível, os ascendentes 
herdam a totalidade da herança. 
Se houver ascendentes e cônjuge 
(qualquer que seja o regime de 
bens), tais herdeiros dividem 
entre si, segundo critérios a 
serem estudados adiante, a 
totalidade da herança. Se houver 
descendentes e companheiro do 
falecido, tais herdeiros dividem 
entre si, segundo critérios a 
serem estudados adiante, a 
totalidade da herança. 
3º - À falta de descendentes e 
ascendentes será deferida a 
sucessão ao cônjuge 
sobrevivente, se, ao tempoda 
morte do outro, não estava 
dissolvida a sociedade conjugal, 
ou ao companheiro que observe 
os requisitos da Lei n° 8.971/94. 
3º - À falta de descendentes e 
ascendentes será deferida a 
sucessão por inteiro ao cônjuge 
sobrevivente, se, ao tempo da 
morte'do outro, não estavam 
separados judicialmente, nem 
separados de fato há mais de 2 
(dois) anos, salvo prova, neste 
caso, de que essa convivência se 
tornara impossível sem culpa do 
sobrevivente. 
4° - Se não houver cônjuge 
sobrevivente nem companheiro 
sucessível, serão chamados a 
suceder os colaterais até o quarto 
grau. 
4° - Se não houver cônjuge 
sobrevivente nem companheiro 
sucessível, serão chamados a 
suceder por inteiro os colaterais 
até o quarto grau. Se não houver 
cônjuge sobrevivente e houver 
colaterais e companheiro do 
falecido, eles dividirão entre si a 
totalidade da herança, segundo 
critérios a serem estudados 
adiante. 
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- vide a 3° regra deste quadro 5° - Não havendo parentes nem 
cônjuge sucessível, o 
companheiro sobrevivente terá 
direito à totalidade da herança. 
6º - Não sobrevivendo cônjuge, 
companheiro ou qualquer parente 
sucessível, ou tendo eles 
renunciado à herança, esta se 
devolve ao Município ou ao 
Distrito Federal, se localizada nas 
respectivas circunscrições, ou à 
União, quando situada em 
território federal. 
6° - Não Sobrevivendo cônjuge, 
companheiro ou qualquer parente 
sucessível, ou tendo eles 
renunciado à herança, esta se 
devolve ao Município ou ao 
Distrito Federal, se localizada nas 
respectivas circunscrições, ou à 
União, quando situada em 
território federal. 
 
 
Exceções (sucessão anômala ou irregular): 
- A sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil será regulada 
pela lei brasileira, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, 
sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus 
(art.5°, XXXI, da CF/88, e art. 10, §1°, da LINJB – antiga LICC). 
 
- À brasileira, casada com estrangeiro sob regime que exclua a 
comunhão universal, caberá, por morte do marido, o usufruto vitalício 
de quarta parte dos bens deste, se houver filhos brasileiros do casal 
ou do marido, e de metade, se não os houver (art. 17 do Decreto Lei 
n° 3.200/41). 
 
- Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será 
assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o 
direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à 
residência da família, desde que seja o único bem daquela natureza a 
inventariar (art. 1.831, CC/2002). 
 
- O Código Civil, entretanto, não trouxe expresso esse direito real de 
habitação ao companheiro sobrevivente ou ao filho portador de 
deficiência. 
 
OBS: Enunciado 117 da I Jornada de Direito Civil: “117: O direito real 
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de habitação deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter 
sido revogada a previsão da Lei 9.278, seja em razão da 
interpretação analógica do artigo 1.831, informado pelo artigo 6º, 
caput, da Constituição Federal”. 
- Ainda, impende consignar que a Quarta Turma do Colendo Superior 
Tribunal de Justiça, por meio de julgamento do Recurso Especial nº 
1.203.144-RS (2010/0127865-4), ocorrido em 27/05/2014, de 
relatoria do Ministro Luís Felipe Salomão, em ação de manutenção 
de posse ajuizada antes mesmo de eventual pedido expresso de 
reconhecimento de união estável, manteve decisão que reconheceu o 
direito real de habitação a companheira supérstite. 
 
- A Lei n° 6.858/80, regulamentada pelo Decreto n° 85.845/81 
manda pagar, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante 
a Previdência Social e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei 
civil, indicados em alvará judicial, independentemente de inventário e 
arrolamento, os seguintes valores não recebidos em vida pelo titular: 
a) Quantias devidas pelos empregadores aos empregados, em 
decorrência da relação de emprego; 
b) Importâncias devidas pelas pessoas jurídicas de direito público 
aos respectivos servidores; 
c) Saldos das contas individuais de FGTS e PIS/PASEP; 
d) Restituições relativas a impostos recolhidos por pessoa física; 
e) Saldos de contas bancárias, cadernetas de poupança e contas 
de fundos de investimento, desde que inexistam outros bens 
sujeitos a inventário e desde que de valor até 500 ORTNs. 
 
2- DESCENDENTES 
- São os que primeiro são chamados a suceder o de cujus. 
Entretanto; os descendentes podem concorrer à herança com o 
cônjuge ou companheiro sobrevivente, conforme regras adiante 
consignadas. 
- Os filhos sucedem por cabeça (recebem quinhões iguais), e os 
outros descendentes, por cabeça ou por estirpe (o quinhão do pré-
morto é dividido entre seus herdeiros), conforme se achem, ou não, 
no mesmo grau. 
 
- Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, 
têm os mesmos direitos sucessórios. 
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- Os descendentes mais próximos excluem os mais remotos, 
ressalvado o direito de representação. 
 
- Os descendentes da mesma classe têm os mesmos direitos à 
sucessão de seus ascendentes (art. 1.834). 
 
3 - ASCENDENTES 
- Os de grau mais próximo excluem os de grau mais remoto, sem 
distinção de linhas (linha paterna e linha materna). 
 
- Havendo igualdade em grau e diversidade de linha, os ascendentes 
da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha 
materna. 
 
- No caso da adoção, é recíproco o direito sucessório entre o adotado, 
seus descendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e 
colaterais até o 4° grau, observada a ordem de vocação hereditária. 
 
- Os ascendentes podem concorrer à herança com o cônjuge ou 
companheiro sobrevivente, conforme regras adiante consignadas. 
 
4 - CÔNJUGE 
- Conforme já antecipado, o cônjuge herda ab intestato, 
independentemente da sua meação - que não é objeto da herança 
deixada pelo falecido, em concurso com descendentes e ascendentes 
e, não havendo nenhum deles, sozinho. 
 
- Todavia, para que possa participar da sucessão, o cônjuge 
sobrevivente não pode estar separado judicialmente, nem de fato por 
mais de dois anos do falecido, salvo, neste último caso, se provar que 
a convivência se tornara impossível sem culpa sua (do sobrevivente). 
 
- Aqui já se apresenta uma inovação, pois no sistema anterior o 
cônjuge só era afastado da sucessão se, ao tempo da morte do de 
cujus, não estivesse dissolvida a sociedade conjugal, ainda que 
houvesse prolongada separação de fato; 
 
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- A inovação, nesse aspecto, é merecedora de elogios, uma vez que a 
prolongada separação de fato, embora continue a não ser causa de 
dissolução da sociedade conjugal, indica ruptura dos vínculos afetivos 
existentes entre os cônjuges, afastando a presunçãode que o 
falecido presumivelmente desejaria contemplar o sobrevivente com 
parte de seu patrimônio. 
 
- A crítica, entretanto, fica por conta da exceção: salvo se a 
convivência se tornou impossível sem culpa do sobrevivente. Se por 
um lado, o legislador pretendeu impedir uma eventual punição ao 
cônjuge inocente, por outro lado possibilitou o surgimento de 
situações de difícil solução, como, por exemplo, a possibilidade de 
concorrerem à mesma herança, em conjunto, cônjuge e companheiro 
do falecido, além de outros parentes, conforme será abordado mais 
adiante. Não bastasse isso, a existência de separação de fato por 
mais de dois anos é suficiente para, independentemente de culpa de 
quem quer que seja, ensejara decretação do divórcio direto, o que 
evidencia efetivo rompimento dos laços afetivos existentes entre os 
cônjuges separados de fato. 
 
- Como se vê, a situação é complicada, razão pela qual deveria o 
legislador ter afastado a sucessão pelo cônjuge em duas hipóteses: 
a) quando, após separação de fato por qualquer prazo e 
independentemente do culpado, o falecido houvesse 
estabelecido união estável com outra pessoa; 
b) quando houvesse separação de fato por mais de dois anos, 
ainda que o falecido não tivesse estabelecido união estável 
com outra pessoa e ainda que fosse ele o responsável pelo 
impossibilidade da convivência. 
 
Ainda sobre a sucessão pelo cônjuge, outras considerações 
devem ser feitas: 
1°) - Só concorre com descendentes se o regime de bens não for a 
comunhão universal (o legislador entendeu que nesse caso não 
haveria necessidade), a comunhão parcial sem bens particulares do 
falecido (porque, de fato, equivaleria à comunhão universal) e a 
separação obrigatória (para não constituir burla indireta à 
obrigatoriedade do regime). 
- Entretanto, parece haver um contra-senso, pois não incidem 
essas restrições quando o cônjuge concorre com ascendentes 
do de cujus. 
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2°) Concorrendo com descendentes, ao cônjuge sobrevivente caberá 
quinhão igual ao dos que sucedem por cabeça, não podendo a sua 
quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos 
herdeiros com que concorrer. 
- Note-se que, ainda que haja descendentes não comuns, se ao 
menos um deles também o for do cônjuge sobrevivente, terá 
ele direito a, no mínimo, um quarto. 
- Ora, apesar de o texto legal não ser claro neste aspecto (art. 
1.832, CC), deve prevalecer a interpretação mais benéfica ao 
cônjuge, pois não houve restrição expressa ao mínimo de um 
quarto na hipótese de existirem descendentes comuns e não 
comuns. A lei poderia ter sido mais clara. 
 
3°) Concorrendo com ascendentes em primeiro grau (pais ), ao 
cônjuge tocará 1/3 da herança; caber-lhe-á a metade desta se 
houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau (art. 1.837, 
CC). 
 
4°) Cabe ao cônjuge a totalidade da herança, se não houver 
descendentes nem ascendentes, ainda que haja colaterais. 
 
5°) Se concorrer com descendentes ou com ascendentes, o cônjuge 
ainda terá direito real de habitação sobre o imóvel que sirva como 
residência para a família, desde que seja o único dessa natureza a 
inventariar, independentemente de sua meação e da parte que lhe 
couber na herança, qualquer que seja o regime de bens (art. 1.831, 
CC). 
- Esse direito, ao contrário do que ocorria na vigência do 
CC/1916 não se extingue por novo casamento. 
 
 
4.1 - QUADRO COMPARATIVO DA SITUACÃO SUCESSÓRIA DO 
CÔNJUGE ANTES E APÓS O CÓDIGO CIVIL DE 2002. 
 
LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO 
CC/02 
 
- se houver descendentes, o 
cônjuge sobrevivente não herda, 
- O cônjuge sobrevivente concorre 
com os descendentes, salvo se 
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ressalvadas algumas hipóteses de 
sucessão anômala. 
casado com o falecido no regime 
da comunhão universal, da 
separação obrigatória de bens, 
ou se, no regime da comunhão 
parcial, o autor da herança não 
houver deixado bens 
particulares. 
- Em concorrência com os 
descendentes, caberá ao 
cônjuge quinhão igual ao dos 
que sucederem por cabeça, não 
podendo a sua quota ser inferior 
à quarta parte da herança, se 
for ascendente dos herdeiros 
com que concorrer. 
- Se houver ascendentes, o 
cônjuge sobrevivente não herda, 
ressalvadas algumas hipóteses de 
sucessão anômala. 
- O cônjuge sobrevivente concorre 
com os ascendentes, qualquer 
que seja o regime de bens. 
Concorrendo com ascendentes em 
primeiro grau, ao cônjuge tocará 
1/3 (um terço) da herança; 
caber-lhe-á a metade desta se 
houver um só ascendente, ou se 
maior for aquele grau. 
- A falta de descendentes e 
ascendentes será deferida a 
sucessão por inteiro ao cônjuge 
sobrevivente. 
- À falta de descendentes e 
ascendentes será deferida a 
sucessão por inteiro ao cônjuge 
sobrevivente. 
- Não se reconhece direitos 
sucessórios ao cônjuge 
sobrevivente apenas se, ao tempo 
da abertura da sucessão, já 
estava dissolvida a sociedade 
conjugal. 
- Não se reconhece direitos 
sucessórios ao cônjuge 
sobrevivente se, ao tempo da 
abertura da sucessão, eles 
estavam separados judicialmente 
ou separados de fato há mais de 
2 (dois) anos, salvo prova, neste 
caso, de que essa convivência se 
tornara impossível sem culpa do 
sobrevivente. 
- Ao cônjuge sobrevivente, casado 
sob regime da comunhão 
universal, enquanto viver e 
- Ao cônjuge sobrevivente, 
qualquer que seja o regime de 
bens, será assegurado, sem 
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permanecer viúvo, será 
assegurado, sem prejuízo da 
participação que lhe caiba na 
herança, o direito real de 
habitação relativamente ao imóvel 
destinado à residência da família, 
desde que seja o único bem 
daquela natureza a inventariar. 
prejuízo da participação que lhe 
caiba na herança, o direito real de 
habitação relativamente ao imóvel 
destinado à residência da família, 
desde que seja o único bem 
daquela natureza a inventariar. 
- O cônjuge viúvo, se o regime de 
bens do casamento não era o da 
comunhão universal, terá direito, 
enquanto durar a viuvez, ao 
usufruto da quarta parte dos bens 
do cônjuge falecido, se houver 
filhos deste ou do casal, e à 
metade, se não houver filhos 
embora sobrevivam ascendentes 
do de cujus. 
- O novo Código Civil não mais 
estabelece o usufruto vidual em 
favor do cônjuge sobrevivente. 
 
5 - COMPANHEIRO 
- Primeiramente, a sucessão do companheiro foi disciplinada pelo 
Código Civil (art. 1.790) em local bastante distante dos 
dispositivos que tratam da ordem da vocação hereditária. 
- Essa impropriedade técnica só se justifica pelo fato de que o 
projeto original não se referia ao companheiro, tendo sido o 
assunto disciplinado, em local impróprio, pelo Congresso 
Nacional. 
- Melhor seria que tivesse sido disciplinado em conjunto com a 
ordem da vocação hereditária e os herdeiros nela incluídos 
expressamente pelo Código Civil/2002. 
- O companheiro, para herdar, deverá estar convivendo com o 
falecido ao tempo da abertura da sucessão(requisito implícito), 
sendo que essa herança não prejudicará seu eventual direito à 
meação dos bens que se comuniquem (a comunhão parcial é a 
regra). 
- O companheiro concorre com os descendentes, os ascendentes 
e os colaterais do de cujus, ao contrário do que ocorria 
anteriormente. 
- Com efeito, antes do Código de 2002, o companheiro só 
sucedia em não havendo descendentes nem ascendentes 
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sucessíveis, recebendo a totalidade da herança ainda que 
houvesse colaterais. 
- O companheiro, ao concorrer com descendentes, não se 
submete às mesmas restrições impostas ao cônjuge em 
situação similar (regime de bens). 
- Esse o único aspecto em que a sucessão do companheiro se 
apresenta em situação mais favorável que a do cônjuge. 
- A princípio, o companheiro só participará da sucessão do outro 
no que tange aos bens adquiridos a título oneroso na 
constância da união estável. É o que estabelece o caput do art. 
1.790 do CC/2002. 
- Todavia, essa restrição somente se aplica às hipóteses em que 
o companheiro sobrevivente concorre com parentes do falecido 
(descendentes ascendentes e colaterais). 
- A redação do artigo 1.790 do CC/02 estabelece que se o 
companheiro(a) concorrer com filhos comuns, terá direito a 
uma cota equivalente à que por lei for atribuída ao filho (sem 
garantia de no mínimo um quarto) e, se concorrer com 
descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do 
que couber a cada um daqueles, exclusivamente no que pertine 
aos aludidos bens. 
- Mais adiante prevê que se concorrer com filhos comuns e 
descendentes não comuns do autor da herança, deve-se aplicar 
em seu favor a regra mais benéfica, que, aliás, parece decorrer 
da literalidade da lei, conforme preconizam Sílvio de Salvo 
Venosa e Inácio de Carvalho Neto. 
- Todavia, se concorrer com outros parentes do de cujus, 
receberá 1/3 da herança (apenas no que tange aos bens 
adquiridos a título oneroso na constância da união estável). Por 
fim, assiste razão a Nelson Nery, quando leciona que, se não 
houver parentes sucessíveis, o companheiro receberá a 
totalidade da herança, e não apenas os bens adquiridos 
onerosamente na constância da união estável. 
- Essa interpretação está de acordo com o art. 1.844 do 
CC/2002, segundo o qual a herança só se devolverá ao Poder 
Público se não, sobreviver cônjuge, companheiro ou parente 
sucessível. 
- Diferente é a posição de Inácio de Carvalho Neto e de Sílvio 
Rodrigues (atualizado por Zeno Veloso), para quem a sucessão 
do companheiro sempre incidirá exclusivamente sobre os bens 
adquiridos a título oneroso na constância da união estável. 
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- Como se vê, melhorou a situação sucessória do companheiro no 
que tange à possibilidade de concorrer com descendentes e 
ascendentes, mas piorou no que tange à impossibilidade de 
afastar completamente os colaterais. 
 
OBS IMPORTANTE: O STF iniciou dia 31 de agosto de 
2016 o julgamento de RE que discute a legitimidade do 
tratamento diferenciado dado a cônjuge e a 
companheiro, pelo artigo 1790 do Código Civil, para fins 
de sucessão. A análise foi suspensa, contudo, por 
pedido de vista do ministro Dias Toffoli. Até a data da 
suspensão, sete ministros já haviam votado pela 
inconstitucionalidade da norma, por entenderem que a 
CF garante a equiparação entre os regimes da união 
estável e do casamento no tocante ao regime 
sucessório. 
* Posteriormente, em maio de 2017 o STF concluiu e 
DECIDIU POR UNANIMIDADE o julgamento do RE, 
DETERMINANDO A INCONSTITUCIONALIDADE DO 
TRATAMENTO DIFERENCIADO ENTRE CÔNJUGES E 
COMPANHEIROS, igualando as regras de divisão da 
herança nas duas situações. 
- O recurso teve repercussão geral reconhecida pela 
Corte em abril de 2015. . 
 
11.5.1 - QUADRO COMPARATIVO DA SITUACÃO SUCESSÓRIA 
DO COMPANHEIRO ANTES E APÓS O CÓDIGO CIVIL DE 2002 
 
- CÓDIGO CIVIL/1916 E LEGISLAÇÃO ANTERIOR AO NOVO 
CODIGO CIVIL 
 
1º) Se houver descendentes, o companheiro sobrevivente não herda, 
ressalvadas algumas hipóteses de sucessão anômala. 
 
2º) Se houver ascendentes, o companheiro sobrevivente não herda, 
ressalvadas algumas hipóteses de sucessão anômala. 
 
3º) À falta de descendentes e ascendentes será deferida a sucessão 
por inteiro ao companheiro sobrevivente que preencha os requisitos 
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da Lei n° 8.971/94. Havendo companheiro sobrevivente que se 
enquadre nessa situação, 'os colaterais do de cujus nada herdam. 
 
4º) Não se reconhece direitos sucessórios ao companheiro 
sobrevivente se, ao tempo da abertura da sucessão, já estava 
dissolvida a união estável. 
 
5°) Ao companheiro sobrevivente que preencha os requisitos da Lei 
n° 8.971/94 é assegurado, enquanto não constituir nova união, o 
usufruto da quarta parte dos bens do "de cujus", se houver filhos 
dest_ ou comuns, e da metade, se não houver filhos, embora 
sobrevivam ascendentes. 
 
6°) Ao companheiro sobrevivente que preencha os requisitos da Lei 
n° 9.278/96 é assegurado direito real de habitação. 
 
CÓDIGO CIVIL/2002 - Interpretação do artigo 1.790 após 
decisão do STF 
 
O STF concluiu e DECIDIU POR UNANIMIDADE pela 
INCONSTITUCIONALIDADE DO TRATAMENTO 
DIFERENCIADO ENTRE CÔNJUGES E COMPANHEIROS, 
igualando as regras de divisão da herança nas duas 
situações. 
 
11.6 - POSSIBILIDADE DO CÔNJUGE CONCORRER À MESMA 
SUCESSÃO COM DESCENDENTES 
 
Antes do Código de 2002, por força da Lei n° 
8.971/94, impossível se afigurava concorrerem à mesma herança 
companheiro e cônjuge sobrevivente. Todavia, agora, existe essa 
possibilidade. 
Ora, para a caracterização da união estável, o 
Código/2002 exige convivência pública, duradoura e contínua entre 
homem e mulher com o objetivo de constituir família (praticamente 
os mesmos requisitos da Lei n° 9.278/96), desde que entre eles. não 
haja impedimento para se casar. Todavia, ressalva que se o 
impedimento matrimonial consistir em casamento anterior de um dos 
companheiros, ainda assim admitir-se-á a configuração da união 
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estável, desde que o casado esteja separado judicialmente ou de 
fato, independentemente do prazo. 
 
Por outro lado, o CC/2002 estabelece que um 
cônjuge só é afastado da sucessão do outro se estiver separado 
judicialmente, ou de fato por mais de dois anos, salvo, neste último 
caso, se provar que a convivência se tornou impossível sem culpa sua 
(do sobrevivente ). 
Pois bem. E se o falecido deixou esposa e 
companheira em condições de suceder? A primeira por não estar 
separada judicialmente nem de fato por mais de dois anos e a 
segunda por estar caracterizada a união estável, embora a separação 
de fato do falecido fosse recente. 
 
O CC/2002 não contém solução expressa, 
provavelmente porque o legislador não se deu conta de que, pelo seu 
texto,poderia haver essa possibilidade de um cônjuge e um 
companheiro concorrerem à mesma herança. Diante da omissão da 
lei, resta ao intérprete dar a solução para o problema. 
 
Extrai-se do sistema inserido no Código 
Civil/2002 as seguintes conclusões: 
1 - o cônjuge, quando participa da sucessão com outros herdeiros 
legítimos, recebe parte sobre a totalidade da herança; 
2 - o companheiro, quando participa da sucessão com outros 
herdeiros legítimos, recebe parte sobre os bens da herança 
adquiridos a título oneroso na constância da união estável. 
Nessas circunstâncias, resta, de início, a 
intérprete adotar uma das seguintes linhas de raciocínio: 
1ª) ou se garante ao cônjuge parte sobre a totalidade da herança, 
inclusive sobre os bens adquiridos onerosamente pelo falecido 
durante a união estável, mesmo após, a separação de fato do Casal; 
2ª) ou se afasta a possibilidade de o cônjuge participar da sucessão 
no que tange a tais bens, relativamente aos quais sucederiam apenas 
os demais herdeiros legítimos, inclusive o companheiro sobrevivente. 
 
Das duas opções, a segunda parece ser a 
mais justa, pois não seria razoável o cônjuge participar da sucessão 
no que tange aos bens adquiridos pelo falecido após a separação de 
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fato e durante a união estável estabelecida com outra pessoa. 
 
Logo, se cônjuge e companheiro concorrerem 
à mesma herança, será preciso separar-se, dentro do patrimônio do 
de cujus, os bens por ele adquiridos a título oneroso na constância da 
união estável dos demais. 
 
Aqueles (bens adquiridos onerosamente na 
constância da união, estável) submeter-se-ão às regras referentes à 
sucessão do companheiro, ainda que em concurso com parentes do 
falecido. Os outros bens, submeter-se-ão às regras referentes à 
sucessão do cônjuge, ainda que em concurso com parentes do 
falecido. 
 
A solução gerará a possibilidade de 
concorrerem à sucessão, concomitantemente, cônjuge, companheiro 
e colaterais do falecido, embora pela ordem da vocação hereditária o 
cônjuge afaste estes últimos. 
 
A situação, como se vê, é complexa, podendo 
dar ensejo a inúmeras interpretações. Por isso, seria melhor alterar-
se o novo Código Civil, afastando qualquer possibilidade de cônjuge e 
companheiro concorrerem à mesma herança. No mínimo, dever-se-ia 
afastar expressamente a possibilidade de o cônjuge separado de fato, 
nos casos em que pode suceder, participar da partilha quanto aos 
bens adquiridos a título oneroso na constância da união estável 
posterior a tal separação. 
 
11.7 - COLATERAIS 
 
- Beneficia apenas até o quarto grau. 
- Os mais próximos excluem os mais remotos, ressalvado o direito de 
representação concedido aos filhos dos irmãos. 
- Concorrendo irmãos bilaterais ou germanos com irmãos unilaterais, 
cada um destes receberá a metade do que cada um daqueles herdar. 
- Não concorrendo à herança irmão bilateral, herdarão, em partes 
iguais, os bilaterais. 
- Se com irmão ou irmãos do de cujus concorrerem filhos de irmão 
unilateral ou bilateral, terão estes, por direito de representação, a 
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parte que caberia ao pai ou à mãe, se vivessem. 
- Em falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os 
tios. Os sobrinhos, apesar de estarem no mesmo, grau de parentesco 
que os tios, herdam com preferência sobre estes. 
- Se só concorrerem à herança filhos de irmãos falecidos, herdarão 
por cabeça. Se concorrerem filhos de irmãos bilaterais, com filhos de 
irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar 
cada um daqueles. Se todos forem filhos de irmãos 1terais, ou todos 
de irmãos unilaterais, herdarão todos por igual. 
- Os colaterais podem concorrer à herança com o companheiro 
sobrevivente, conforme regras anteriormente consignadas. 
 
 
11.8 - PODER PÚBLICO 
 
A sucessão pelo Poder Público já foi tratada 
anteriormente, quando se discorreu sobre a herança jacente e 
herança vacante. O Poder Público não é herdeiro, não lhe sendo 
conhecido o direito de saisine. 
11.9 - DIREITO DE REPRESENTAÇÃO 
 
Conceito - "Consiste na convocação legal para suceder em lugar de 
outro herdeiro, parente mais próximo do finado, mas anteriormente 
pré-morto, ausente ou incapaz de suceder, no instante em que se 
abre a sucessão" (MHD). 
 
Herdeiros passíveis de representação: 
I -na linha reta descendente, ad infinitum; 
II- na linha colateral, unicamente em favor dos filhos de irmãos do 
falecido, quando com irmão ou irmãos deste concorrerem. 
 
* O direito de representação nunca se dá na linha reta ascendente. 
 
Requisitos: 
I - haver o representado falecido antes do de cujus, sido declarado 
ausente (nos casos em que se admite a abertura da sucessão 
definitiva) ou declarado indigno; 
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II - descender o representante do representado; 
III - não ocorrer solução de continuidade no encadeamento dos graus 
entre representante e sucedido; 
IV - ter o representante legitimação para herdar do representado no 
instante da abertura da sucessão. 
Efeitos: 
I - os representantes herdam o que herdaria o representado, se 
vivesse; 
II - o quinhão do representado partir-se-á por igual entre os 
representantes; 
III - a quota hereditária do representante não responde pelas dívidas 
do representado, mas pelas do autor da herança; 
IV - os representantes estão obrigados a trazer à colação o que o 
representado deveria conferir, ainda que aqueles não o hajam 
herdado; 
V - o renunciante à herança de uma pessoa pode representá-la na 
sucessão de outra; 
VI - o direito de representação só opera em relação à sucessão 
legítima; 
VII - o representante, parente do de cujus em grau mais remoto, 
herdará como se fosse do mesmo grau do representado, afastando 
outros parentes, mesmo que sejam de grau mais próximo que o seu. 
 
 
- DA SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
1 - TESTAMENTO 
Conceito - É o ato revogável pelo qual alguém, de conformidade com 
a lei, dispõe, no todo ou em parte, do seu patrimônio, para depois de 
sua morte. Pode, entretanto, conter disposições de caráter 
extrapatrimonial ou mesmo limitar-se a elas. 
 
Caracteres: 
I - revogável; 
II - unilateral e personalíssimo; 
III - gratuito, admitindo a instituição de encargo; 
 IV - solene; 
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V - produz efeitos após o falecimento do testador. 
 
2 - CAPACIDADE TESTAMENTÁRIA ATIVA 
Em regra, todas as pessoas físicas possuem 
capacidade para testar, exceto os incapazes e os que, no ato de 
testar, não tiverem pleno discernimento. Os maiores de 16 
(dezesseis) anos, entretanto, podem testar, independentemente de 
assistência. 
A capacidade para testar deve ser aferida por 
ocasião da confecção do testamento. Assim, a incapacidade 
superveniente do testador não invalida o testamento

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