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Este documento trata-se de uma tradução não-profissional do capítulo “Positive CBT in Practice”, escrito por Fredrike Bannink, no livro “Positive Psychology Interventions in Practice”, organizado por Carmel Proctor. A tradução foi realizada por Carlos Alberto Dorneles Nonnenmacher, estudante de Psicologia da Universidade Feevale. A tradução visa apenas a divulgação do conhecimento científico e da TCC. Qualquer consideração: carlosdornelesn@gmail.com. Positive Psychology Interventions in Practice, capítulo 2, p. 15-28, 2017 TCC Positiva na Prática Fredrike Bannink Bannink Therapy, Training, Coaching and Mediation Practice, Amsterdam, The Netherlands As décadas recentes têm testemunhado o desenvolvimento de abordagens colaborativas e baseadas em competências para o trabalho com clientes. Este artigo revela como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) torna-se TCC positiva, com uma mudança no foco da terapia do que está errado para o que está certo com os clientes, e do que não está funcionando para o que está. O conceito de TCC positiva, que pode ser vista como uma Quarta Onda de TCC, buscou reforçar o bem-estar dos clientes e dos terapeutas, baseando-se em pesquisas e aplicações da psicologia positiva e da terapia breve focada em soluções. Uma análise comportamental funcional das exceções ao problema e a técnica da “seta ascendente” em vez de “seta descendente” são duas das mais práticas aplicações da TCC positiva, descritas neste capítulo. Abreviações TCC Terapia cognitivo-comportamental AFC Análise funcional do comportamento TBFS Terapia breve focada em soluções Introdução A terapia cognitivo-comportamental (TCC) evoluiu para atender uma grande variedade de clientes e um impressionante conjunto de evidências atestam sua eficácia. Ainda assim, alguns resultados, particularmente aqueles de longo prazo, deixam uma margem substancial para melhorias. O que será necessário para ajudar clientes a se beneficiarem mais da terapia? O que mais os terapeutas podem fazer para apoiá-los no desenvolvimento de resiliência e bem-estar a longo prazo? Como os terapeutas podem utilizar intervenções menos demandantes de seus clientes? Como podem aumentar sua autoeficácia e autoestima? O que será preciso para tornar a TCC melhor e mais rápida e, assim, com melhor custo-benefício? E por último, mas não menos importante: como a TCC pode ser mais gentil aos terapeutas? A TCC positiva (Bannink, 2012) surgiu do desejo de encontrar uma nova forma avançada para a aplicação da TCC tradicional. Ela busca providenciar respostas para as perguntas acima. A TCC tem sido fortemente influenciada pelo modelo médico de diagnóstico e tratamento. A estrutura de resolução de problemas – determinando a natureza do problema e então intervindo – influencia o conteúdo da interação entre terapeutas e clientes: eles se focam na patologia e no que está errado com seus clientes. A investigação se foca nos problemas, limitações e deficiências, além de mencionar poucas ou nenhuma força ou habilidade do cliente. Contudo, são suas forças, habilidades e recursos que são mais importantes em ajudá-los para a mudança. Seligman (2011), co-fundador do movimento da psicologia positiva, aponta que se quisermos florescer e termos bem-estar, precisamos minimizar nosso infortúnio; mas além disso, devemos ter emoções positivas, sentido, realização e relações positivas. A TCC positiva se baseia na pesquisa e aplicações da psicologia positiva e da terapia breve de focada em soluções. A psicologia positiva é o estudo acadêmico daquilo que faz a vida valer a pena de ser vivida e daquilo que permite os indivíduos e a comunidade prosperar. É também o estudo das condições e processos que levam ao melhor funcionamento dos indivíduos, das relações e do trabalho. A terapia breve focada em soluções (TBFS) é a aplicação pragmática de um conjunto de princípios e ferramentas, sendo melhor descrita como a descoberta de uma rota direta “daquilo que funciona” para o cliente, neste momento, neste contexto. A ênfase recai na construção de soluções, contrastando com à ênfase tradicional na análise dos problemas. É uma abordagem direcionada à mudança, que exige conversas sobre o que é desejado, o que está funcionando e o que pode constituir progresso (Bannink e Jackson, 2011). Este capítulo providencia uma descrição condensada da TCC positiva, com informações a respeito do mesmo processo cognitivo-comportamental utilizado na TCC tradicional. Esse processo inclui o aprimoramento da aliança terapêutica, seguido de uma investigação (na TCC positiva esta é primeiramente direcionada às forças, recursos, o que funciona, e objetivos), incluindo a realização de análises funcionais do comportamento. A próxima etapa do tratamento é a realização de um convite aos pacientes para a mudança: mudar suas perspectivas, comportamentos e sentimentos. Tarefas de casa e avaliação do tratamento são descritas, bem como o papel mutável do terapeuta de TCC positiva. De um ponto de vista teórico, a TCC positiva é diferente da TCC tradicional. A TCC tradicional utiliza uma lógica positivista (as fundações da ciência permanecem em observações objetivamente quantificáveis), enquanto a TCC positiva – como a TBFS – utiliza uma visão socio-construtivista (as noções do indivíduo sobre o que é real – incluindo sua percepção da natureza dos problemas, habilidades e soluções – são construídas na comunicação cotidiana com outros). Isso também significa uma mudança na linguagem empregada na terapia: em vez de termos como “aprendendo” e “desaprendendo” seguindo os princípios da aprendizagem (TCC), a TCC positiva utiliza o termo “tornando-se melhor em”, pois há sempre exceções ao problema (Wittgenstein, 1968). TCC positiva Se há uma TCC positiva, há também uma TCC negativa, poderíamos imaginar. Eu não acredito que existe uma forma negativa de TCC, já que todas as formas de psicoterapia – incluindo a TCC tradicional focada em problemas – têm como objetivos principais ajudar os clientes nas mudanças desejadas em suas vidas. Nos últimos 30 anos, contudo, tem havido uma mudança de paradigma com o desenvolvimento de abordagens baseadas em competências e mais colaborativas para trabalhar com os clientes. A psicologia positiva e a TBFS estão entre essas abordagens direcionadas às forças e futuros preferidos dos clientes, em vez de seus déficits e problemas do passado ou presente. A saúde mental é mais do que a ausência de doença mental. O foco da TCC positiva não é a doença mental ou a patologia, no que está errado com os clientes e na reparação do que está pior, mas na saúde mental e nas forças, no que está certo com eles e na criação do que é melhor. Nessa jornada, a TCC positiva não precisa ser construída do zero, mas envolve uma mudança do foco na redução dos problemas para o foco no aprimoramento das forças do cliente e naquilo que funciona. A TCC positiva pode ser vista como sendo o outro lado da “moeda da TCC” e pode ser facilmente combinada com a TCC tradicional. Esse foco positivo tem ajudado a TBFS a se tornar mais curta que outras psicoterapias (Franklin et al, 2012; Gingerich e Peterson, 2013). O mesmo pode ser verdade para a TCC positiva, pois ela utiliza o mesmo foco positivo. Muitos profissionais trabalhando nos campos da psicologia positiva e TBFS afirmam que as conversas com seus clientes são mais leves, resultando em menor esgotamento (Medina e Beyebach, 2014). Uma abordagem baseada em forças, com suas raízes na psicologia positiva, é uma perspectiva filosófica na qual as pessoas são vistas como capazes e como tendo habilidades e recursos internos e em seus sistemas sociais. Quandoativadas e integradas com novas experiências, compreensões e habilidades, as forças oferecem novos caminhos para reduzir a dor e o sofrimento, resolver preocupações e conflitos, e enfrentar os estressores da vida mais efetivamente. O resultado é uma percepção aumentada de bem- estar e qualidade de vida e maiores níveis de funcionamento interpessoal e social. Saleebey (2007) descreve a perspectiva de forças em psicoterapia. A despeito das dificuldades, todas pessoas possuem forças que podem ser direcionadas para a melhora da qualidade de suas vidas. Terapeutas deveriam respeitar essas forças e as direções nas quais os clientes desejam aplica-las. A motivação do cliente é aumentada por uma ênfase consistente nelas, da forma como eles as definem. A sua descoberta requer um processo de exploração colaborativa na dupla terapêutica; os terapeutas não têm a última palavra no que os clientes precisam melhorar em suas vidas. O foco nas forças distancia os terapeutas da tentação de julgar ou culpar seus clientes por suas dificuldades e os aproxima da descoberta de como eles têm manejado sua sobrevivência, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Todos ambientes, até mesmo os mais sombrios, possuem recursos. Kuyken et al (2009) pontuam que na literatura da TCC tem havido uma ênfase maior na identificação de fatores precipitantes, preditores e perpetuadores dos problemas do que na identificação das forças. Eles defendem a inclusão de forças sempre que possível durante a conceitualização de caso. Além disso, uma abordagem baseada em soluções, focando no que funciona para este cliente, neste contexto, neste momento, com suas raízes na TBFS (Bannink, 2007, 2010a, b, 2014, 2015a, b), favorece o bem-estar dos clientes, convidando-os a descrever seu futuro preferido (em vez de seus problemas ou seu futuro temido) e encontrar forças e soluções para atingir suas metas. Pesquisas apontam que terapeutas bem-sucedidos focam nas forças, habilidades e suporte disponível de seus clientes, desde o início das sessões. Criam um ambiente no qual os clientes sentem que são percebidos como pessoas com um bom funcionamento. Terapeutas bem-sucedidos também se asseguram de terminar suas sessões retomando as forças dos clientes (Grassman e Grawe, 2006), fortalecendo uma boa aliança terapêutica no caminho. A aliança terapêutica A aliança terapêutica tem sido definida de muitas maneiras e, apesar da diversidade de definições, o consenso é de que ela representa um vínculo positivo entre terapeuta e cliente, bem como um engajamento ativo e colaborativo nas tarefas terapêuticas projetadas para ajudar o cliente. Os terapeutas fazem esforços explícitos para facilitar a criação de uma aliança positiva e sistematicamente monitorá-la com os instrumentos atualmente disponíveis, mais do que apenas se basear em impressões clínicas. É importante ter em mente que a visão do cliente acerca da aliança (e não a do terapeuta) é o mais conhecido preditor de resultados (Duncan, 2010). A TCC positiva começa com a construção de rapport. O terapeuta faz um começo positivo ao perguntar sobre o cotidiano de seu cliente: “Que tipo de trabalho você tem?”, “Que série você está?” (quando o cliente é uma criança), seguindo com questões como: “O que você gosta no seu trabalho?”, “No que você é bom?”, “Que hobbies você possui?”, “Qual a sua matéria favorita na escola?”, “Qual é o seu professor favorito?”. Essas perguntas podem ser vistas como quebra-gelo, mas também são o início da descoberta de informações úteis sobre as forças e soluções já presentes na vida do cliente. Elas estabelecem o tom para uma conversa mais leve do que a que o cliente talvez estivesse esperando. Muitos clientes gostam de ter a oportunidade de falar sobre seus problemas, até porque podem pensar que esse é o propósito da terapia. Os terapeutas de TCC positiva escutam respeitosamente as suas histórias e oferecem reconhecimento, mas não perguntam por detalhes do problema. Com a questão “Como isso é um problema para você?”, os clientes podem começar a falar sobre o problema de uma forma diferente. Pode ser útil fornecer informações acerca da TCC positiva com seu foco nas possibilidades em vez das impossibilidades e nas forças em vez de fraquezas. Quando os clientes insistem em falar sobre seus problemas, os terapeutas podem perguntar: “Quantas sessões você acredita que precisa para falar sobre problemas e o que está errado com você antes de começarmos a averiguar seu futuro preferido e o que está certo com você?”. Investigação A TCC positiva está mais interessada no que os clientes querem mudar em suas vidas do que explorar seus problemas e mais interessada no que está certo do que com que está errado com eles. Assim, o primeiro desafio encontrado pelos terapeutas de TCC positiva é o de convidar seus clientes a mudar de uma conversa sobre o problema (problem talk) para uma conversa sobre forças e soluções (strenghts and solutions talk) no momento em que tiveram tempo suficiente para descrever seus problemas e se sentirem ouvidos (10- 15 minutos costumam ser o suficiente). Investigar o que os clientes gostariam que fosse diferente (suas metas), forças e recursos (exceções ao problema e suas competências), motivação para mudar, progresso, esperança e confiança são todas parte do entendimento e conceitualização de caso na TCC positiva. Kuyken et al (2009) propõem que a psicoterapia possui dois objetivos principais: aliviar o sofrimento e construir resiliência. As abordagens mais comuns de TCC estão preocupadas exclusivamente ou na maior parte do tempo com os problemas do cliente, suas vulnerabilidades e a história da adversidade. Um foco nas forças costuma ser mais engajador para os clientes e vantajoso por reforçar suas forças no processo de mudança para pavimentar um caminho para melhoras duradouras. Os clientes frequentemente não estão cientes de suas estratégias de coping para sua resiliência e salientá-las aumenta a probabilidade de considerarem seu uso durante desafios futuros. Perceber as estratégias que uma pessoa emprega para lidar com a adversidade costuma ser um primeiro passo na conceitualização da resiliência. Elas podem ser comportamentais (e.g., persistir em seus esforços), cognitivas (e.g., solução de problemas, aceitação) emocionais (e.g., humor, reasseguramento), sociais (e.g., buscar ajuda), espirituais (e.g., encontrar sentido no sofrimento) ou físicas (e.g., dormir e comer bem). Estabelecer metas enfatiza a possibilidade de mudança e começa a direcionar o foco dos clientes para as futuras possibilidades em vez de para seus problemas. Isso reforça a noção de que são um membro ativo da relação terapêutica e que o envolvimento completo é necessário. Hawton et al (1995) afirmam que metas definidas ajudam a impor uma estrutura ao tratamento. Elas também preparam os clientes para a alta: tornam explícito que a terapia será encerrada quando as metas forem atingidas ou que a terapia será descontinuada se houver pouco progresso. Isso não significa que as metas não podem ser renegociadas durante o tratamento, mas sim que isso deveria ser feito explicitamente junto com os clientes, reduzindo assim o risco de a dupla terapêutica estar buscando objetivos distintos. Finalmente, estabelecer metas fornece a oportunidade para uma avaliação dos resultados relacionados aos problemas dos clientes. As metas podem ser estabelecidas em termos de aumentar forças ou valores positivos (metas de aproximação: e.g., ser mais atencioso) e reduzir o sofrimento (metas de evitação: e.g.; sentir menos ansiedade). “Qual será o melhor resultado de você vir aqui me ver?” é uma boa maneira de começaressa parte da sessão ou “Quando podemos parar de nos encontrarmos assim?” ou “Quais são suas melhores expectativas?”, seguidos de “Qual diferença fará quando suas expectativas forem atendidas?”. A TCC positiva não é “problemofóbica”. Os clientes recebem uma oportunidade de descrever seus problemas, aos quais os terapeutas ouvem respeitosamente. Mas nenhum detalhe sobre a natureza e severidade do problema são perguntados e as causas não são analisadas. Perguntas sobre as exceções ao problema – uma forma de diagnóstico diferencial – podem revelar que alguns transtornos podem ser eliminados (e.g., quando perguntada sobre exceções, uma criança que poderia ter sido diagnosticada com TDAH aparentemente se mostrou capaz de sentar em silêncio na sala de aula. Outra forma de conduzir a TCC positiva é primeiramente coletar todos sintomas, queixas e limitações e então “traduzir” todas descrições do problema em metas (“O que você gostaria de ver em vez disso?”) e então descartar a coleção de problemas quando estiver trabalhando com o que os clientes gostariam que fosse diferente em suas vidas. Outra pergunta útil é: “Suponha que esses problemas não estivessem aí, como você ou sua vida/relacionamento/trabalho seria diferente?”. Bakker et al (2010) pontuam que os terapeutas podem escolher por começar o tratamento imediatamente e, se necessário, prestar atenção ao diagnóstico posteriormente. Transtornos psiquiátricos severos ou uma suspeita dos mesmos justificam a decisão de conduzir um diagnóstico ponderado, já que a identificação de patologias orgânicas subjacentes tem consequências terapeutas diretas. Cuidados ambulatoriais na saúde primária ou secundária são congruentes com uma abordagem da TCC positiva. Durante a primeira e subsequentes conversas, ficará evidente se um diagnóstico avançado é necessário, por exemplo, se há uma deterioração na condição do cliente ou se o tratamento falha em gerar resultados positivos. Análogo ao tratamento por passos (stepped care), podemos pensar em diagnóstico por passos (stepped diagnosis). Na TCC tradicional, o automonitoramento de problemas é usado para ganhar uma descrição acurada de comportamentos (em vez de depender da memória), para ajudar a adaptar a intervenção em relação ao progresso do cliente e providenciar feedback sobre o mesmo. O automonitoramento é frequentemente integrado à terapia, tanto nas sessões quanto como parte das tarefas de casa. Na TCC positiva, o automonitoramento não é sobre os problemas ou sintomas, mas sobre as forças e exceções aos problemas do cliente. Quando os clientes usam essa forma de automonitoramento positivo eles costumam se sentir mais competentes e podem escolher fazer mais aquilo que funciona para mudar sua situação para melhor. A metodologia da análise funcional identifica variáveis que influenciam a ocorrência de comportamentos problemáticos e se tornou um dos alicerces da investigação comportamental. A pesquisa demonstra que comportamentos podem ser aprendidos e desaprendidos através de padrões de associação, recompensas e punições. A análise funcional do comportamento (AFC) olha além do comportamento em si: o foco está na identificação de fatores significativos associados com a (não-) ocorrência de comportamentos específicos. Na AFC, cada problema é analisado em termos de A-B-C: antecedentes, comportamentos e crenças (behaviours and beliefs) e consequências. Cada um desses fatores aumenta ou diminui a probabilidade de que o comportamento aconteça. Na TCC tradicional, uma AFC é composta de ABCs do comportamento problemático, enquanto na TCC positiva (veja abaixo) a AFC é composta de comportamentos desejados e/ou exceções ao comportamento problemático. Terapeutas de TCC podem também usar tanto a AFC tradicional quanto a positiva. Entrevista de AFC positiva em três questões: 1. Suponha que essa noite, enquanto estiver dormindo, um milagre aconteça e seus problemas são todos resolvidos. Mas porque você está dormindo, você não sabe que ele aconteceu. Qual será a primeira coisa que você perceberá pela manhã que lhe dirá que o milagre aconteceu? Qual será a primeira coisa que você fará diferente que fará você saber que ele aconteceu? O que mais? O que mais? O que você espera ver e descobrir no mundo à sua volta, particularmente em seu trabalho? 2. Me fale sobre situações recentes em que você estava melhor ou (parte do) milagre estava acontecendo, mesmo que só um pouco. 3. Quando as coisas estão um pouco melhores, o que você repara que você e outros fazem diferente? Quais são as consequências que você percebeu? Na TCC positiva, os clientes fazem mais aquilo que já funciona: não há necessidade de tentar algo diferente, pois as soluções já estão presentes. Os clientes reportam sobre a eficácia da intervenção e coletam observações a partir do automonitoramento, e o ciclo da AFC se repete. Ao identificar forças e exceções, o plano de intervenção foca no aumento do uso de habilidades apropriadas que os clientes já possuem em vez de basear-se na manipulação de antecedentes e consequências para reduzir comportamentos negativos. Perguntas envolvem: “O que está melhor (desde a última vez que nos vimos)?”, “O que está diferente (desde a última vez que nos vimos)?”, “O que foi útil (mesmo que só um pouco)?”. Mudando a perspectiva O’Hanlon (2000) afirma que quando as pessoas não estão felizes ou não estão conseguindo os resultados que querem, elas deveriam fazer algo diferente. Os clientes devem mudar a forma como agem ou pensam sobre o problema, ou ambos. Isso quase certamente irá resultar em uma mudança na forma de sentir o problema. Ao mudar a perspectiva do problema, o foco está na mudança em como os clientes pensam e no que eles prestam atenção, como uma maneira de mudar a situação para melhor. Isso pode envolver cinco intervenções. A primeira é a de reconhecer os sentimentos e o passado sem deixá-los determinar o que podem fazer. Os clientes são convidados a criar histórias mais compassivas e úteis e encontrar uma visão mais gentil de si mesmos, outros e/ou a situação (Gilbert, 2010). A segunda intervenção é o convite aos clientes para mudar ao que estão prestando atenção em uma situação problemática. O ponto de partida é que um problema não se manifesta sempre na mesma intensidade. Direcionar a atenção dos clientes para sucessos passados ou presentes em vez de seus fracassos gera uma expectativa positiva: eles começar a ver a si mesmos e/ou a situação sob uma luz mais positiva. A terceira intervenção é sobre o foco no que os clientes querem no futuro, mais do que eles não gostam no presente ou passado. Estabelecer metas sobre o que os clientes querem diferente no futuro enfatiza a mudança e começa a focar nas possibilidades, mais do que em seus sintomas e problemas. A quarta intervenção envolve o desafio de crenças inúteis sobre si e as situações. A TCC tradicional auxilia os clientes a identificar e testar empiricamente as cognições inúteis, que estão por trás de padrões negativos e repetidos de emoção e comportamento, enquanto a TCC positiva auxilia os clientes a encontrar cognições adaptativas e úteis que criam uma experiência mais positiva do self, outros e o mundo. Essas cognições (mais) adaptativas não precisam ser desenvolvidas, pois elas já estão presentes (exceções ao problema) e podem ser usadas novamente. A quinta e última intervenção envolve o uso de uma perspectiva espiritual para auxiliar os clientes a transcender suas dificuldades e se basear nos recursos além de suas habilidades usuais. O’Hanlon (2000) descreve os três Cs da espiritualidade como fontes de resiliência. Conexão significa mover-sealém de seu ego pequeno e isolado ou personalidade para conectar-se com algo maior, dentro ou fora de si. Compaixão significa aliviar sua atitude frente a si mesmo ou outros, “sentir com” em vez de ser contra si, outros, ou o mundo. E contribuição significa não ser egoísta e servir a outros ou ao mundo. Técnica da seta ascendente Como um exemplo de como a TCC positiva difere da TCC tradicional, que usa a técnica da seta descendente, eu introduzi a técnica da seta ascendente, com um foco nas reações positivas à dada situação, ou a exceções ao problema. As chamadas crenças nucleares são centrais, crenças absolutas sobre o self, outros e o mundo. As pessoas desenvolvem tanto crenças positivas quanto negativas. Os pensamentos automáticos e interpretações subjacentes levam o terapeuta e os clientes em direção a crenças nucleares relevantes. A técnica da seta descendente, focada em problemas, é uma das maneiras de identificar crenças que sustentam reações negativas a determinada situação. As questões envolvem: “O que é tão ruim sobre…?”. “Qual é o pior cenário possível?”. Essas questões são repetidas para cada resposta oferecida pelo cliente. Perguntas usando a técnica da seta ascendente são: “Como você gostaria que a situação fosse diferente?”, “O que de melhor poderia acontecer?”, “Qual seria o melhor cenário possível?”, “Suponha que isso aconteça, que diferença isso fará (para você, para os outros)?”. Essas questões também são repetidas às respostas que os clientes oferecem. Mudando o comportamento Uma maneira de resolver um problema é não analisar as suas causas, mas mudar o que os clientes estão fazendo para solucioná-lo. A maneira de fazer isso é determinar como eles continuam agindo da mesma forma repetidamente (o padrão problemático) e começar a experimentar fazer algo diferente (quebrar o padrão). Ao mudar a atitude frente ao problema, o foco está nas ações concretas que os clientes podem tomar para conseguir mudanças. A primeira intervenção é o convite a prestar atenção a padrões repetidos a que estão inseridos ou a que outros estão inseridos junto com eles, e mudar qualquer coisa possível sobre esse padrão. Os clientes podem modificar suas ações a partir da mudança de qualquer parte de seus comportamentos repetidos na situação. Ao usar estratégias paradoxais, os clientes são convidados a seguir com o problema ou tentar piorá-lo (maior intensidade ou frequência) ou tentar deliberadamente fazê-lo acontecer. Ao incrementar novos comportamentos ao padrão problemático, são convidados a encontrar algo que podem fazer toda vez que têm o problema, algo que é bom para eles. Ou pode ser sugerido que façam esse comportamento evitado primeiro, cada vez que sentirem a necessidade de “se livrar” do problema. A segunda intervenção é notar o que os clientes estão fazendo quando as coisas estão indo bem, convidando-os a fazer mais disso. Pergunte aos clientes: “Quando você não experimentou o problema depois de achar que ele iria acontecer?”. Encontre um momento que seja a exceção ao padrão problemático costumeiro e busque por mudanças que os clientes podem realizar a partir da repetição deliberada de qualquer ação que tenha funcionado. Convide os clientes a perceber o que acontece quando o problema termina ou começa a terminar. Então, convide-os a realizar alguma das ações úteis que já realizaram antes em situações problemáticas. Ou importe padrões de soluções de outras situações nas quais os clientes se sentiram competentes. Examine os padrões no trabalho, em hobbies, com amigos, e em outros contextos para encontrar algo que os clientes podem usar efetivamente na situação-problema. Pergunte: “Por que o problema não é pior?”. Use as habilidades naturais do cliente que limitam a severidade do problema e que eles vêm usando sem perceber. Na maioria das vezes, os clientes sabem muito bem – geralmente melhor do que os terapeutas – o que funciona e o que não funciona, mas em prol da mudança eles devem fazer algo diferente do que estão atualmente fazendo. Na TCC tradicional, os procedimentos de modificação (como estratégias de autocontrole ou experimentos comportamentais) costumam ser sugeridos pelo terapeuta, cujo papel é o de especialista na relação. Na TCC positiva, os procedimentos de modificação estão sempre disponíveis: os clientes, co-especialistas no que funciona, são competentes para realizar mudanças e já as realizaram antes. Além disso, há sempre exceções ao problema. Os procedimentos podem ser os mesmos sugeridos pelos terapeutas de TCC tradicional, com a diferença de que na TCC positiva os clientes que os trazem à tona, uma vez que já foram úteis anteriormente, são “baseados em evidências” e podem ser repetidos. Mudando a forma de sentir A TCC tradicional busca obter uma clareza acerca das situações causadoras de sofrimento. Ao ajudar os clientes a diferenciar claramente os pensamentos das emoções, ela enfatiza estas durante o processo e ajuda-os a avaliar os pensamentos disfuncionais que têm influenciado seu humor. O trabalho do terapeuta é de minimizar o efeito negativo: dispensando o uso de drogas ou instigando intervenções psicológicas, assim ajudando as pessoas a se sentirem menos ansiosas, irritadas ou deprimidas. Seligman (2011), contudo, descreveu alguns resultados desapontadores dessa abordagem baseada em fazer pessoas miseráveis ficarem menos miseráveis. Ele descobriu que, como terapeuta, ele ajudaria um cliente a se livrar da raiva, ansiedade ou tristeza. Ele pensou que então iria ter um paciente feliz, mas isso nunca acontecia. Ele tinha um paciente vazio, pois suas habilidades de florescimento são menores que as de minimizar o sofrimento. Como um exemplo de como a redução do afeto negativo não automaticamente aumenta o afeto positivo, uma pesquisa em um contexto de coaching por Grant e O’Connor (2010) demonstrou que perguntas focadas no problema reduzem o afeto negativo e aumentam a autoeficácia, mas não aumentam a compreensão da natureza do problema ou reforçam o afeto positivo. As perguntas focadas na solução aumentam o afeto positivo, diminuem o afeto negativo, aumentam a auto-eficácia, bem como aumentam o insight e compreensão do participante sobre a natureza do problema. Na TCC positiva, o foco está nas emoções positivas: “Como você se sentirá quando as suas melhores expectativas forem cumpridas?”, “Como você estará se sentindo diferente ao perceber que os passos que está dando são para a direção certa?”. Trazer o melhor do passado, perguntando sobre sucessos e competências anteriores, também engatilha emoções positivas. A teoria de ampliar-e-construir (broaden-and-build theory) de emoções positivas (Fredickson, 2009) sugere que as emoções negativas estreitam nossos repertórios de pensamento-comportamento, enquanto as emoções positivas ampliam nossa consciência (awareness) e encorajam pensamentos e comportamentos novos, variados e exploratórios. O poder de fazer perguntas abertas, focadas no que os clientes querem (“Como você saberá que essa sessão foi útil?”, “Como você saberá que o problema foi solucionado?”, “O que tem funcionado bem?”, “O que é melhor?”), todas servem para expandir a diversidade de pensamentos e ações. O uso da imaginação (por exemplo, usando a pergunta do milagre) também cria emoções positivas e tem um poderoso impacto na capacidade de expandir ideias e atividades. O uso de elogios e perguntas sobre a competência (“Como você conseguiu fazer aquilo?”, “Como você decidiu fazer aquilo?”) também geram emoções positivas. O foco dos terapeutas de TCC positiva está na identificação de habilidades e recursos de seus clientes e elogiar ou devolver estespara eles. Tarefas de casa Na TCC tradicional, as tarefas de casa são consideradas importantes, pois aprender e desaprender é necessário pelos princípios da aprendizagem e é presumido que a mudança toma lugar especialmente entre as sessões de terapia. Por exemplo, o automonitoramento é a ferramenta mais utilizada na TCC, e é quase invariavelmente utilizada tanto no estágio de investigação inicial do caso e para monitorar a mudança subsequente. Outra ferramenta vastamente utilizada é a dos experimentos comportamentais. Há três tipos de experimentos na TCC (Bennett-Levy et al, 2004). Um é a manipulação experimental do ambiente. Para esse é necessário fazer alguma coisa, algo de diferente ao que o cliente costuma fazer em uma situação em particular. Por exemplo, o cliente pode tentar responder a pergunta: “Se eu for ao supermercado sozinho e não tomar minhas precauções costumeiras, eu vou realmente desmaiar (como minha crença atual prediz) ou eu vou apenas me sentir ansioso (a previsão de uma teoria alternativa)?”. Outro tipo constitui-se de experimentos observacionais, nos quais ou é impossível ou desnecessário manipular variáveis-chave. Em vez disso, os clientes observam e coletam evidências, as quais são relevantes para seus pensamentos ou crenças negativas. Por exemplo, um cliente pode tentar responder à pergunta: “As pessoas pensarão que eu sou estúpido ou anormal se eu suar em situações sociais?”. O terceiro tipo constitui-se de experimentos orientados à descoberta, quando os clientes têm pouca ou nenhuma ideia do que acontecerá quando realizam um experimento comportamental e precisam coletar dados sistematicamente para “construir uma teoria”. Por exemplo, um cliente pode tentar responder à pergunta: “O que pode acontecer se eu agir ‘como se’ eu fosse valorizado por outros?”. Ou o cliente pode ser encorajado a tentar diferentes maneiras de se comportar para coletar esses dados (“Como uma pessoa valorizada agiria nessas circunstâncias?”). A TCC positiva emprega os mesmos tipos de experimentos comportamentais, mas, novamente, com um foco positivo. Na manipulação experimental do ambiente, o cliente é convidado a explorar as exceções do problema: o que fez – mesmo levemente – diferente de antes? Como isso foi útil? Ele pensa que seria uma boa ideia usar essa solução novamente? Nos experimentos observacionais, o cliente é convidado a observar e coletar evidências relevantes aos seus pensamentos e crenças positivas específicas. Por exemplo, ele pode responder à pergunta: “As pessoas pensarão que sou gostável se eu for nessa festa?”. Quando prestam atenção aos seus pensamentos e crenças positivas, as chances são de encontrar evidências a favor dessas cognições, enquanto o contrário acontece quando prestam atenção a pensamentos e crenças negativas. Nos experimentos orientados à descoberta, o cliente é convidado a agir como se seu futuro preferido já tenha chegado ou como se estivesse um ou dois pontos acima na sua escala de progresso. Durante a sessão, ele pode ser convidado a fingir que as coisas estão indo melhor e mostrar ao terapeuta (por alguns minutos) como sua vida/relacionamentos serão diferentes e como isso parecerá. Na TCC positiva, as tarefas de casa são apenas importantes se os clientes pensam que são úteis. A ideia do foco na solução na TCC positiva é de que quando os clientes mudam suas construções, o que se presume que aconteça durante e entre as sessões de terapia, a mudança comportamental acontece naturalmente. A tarefa de casa tem o objetivo de direcionar a atenção dos clientes para aqueles aspectos de suas experiências e situações que são mais úteis no atingimento de suas metas. A apresentação de tarefas de casa como um “experimento” ou até mesmo um “pequeno experimento” pode facilitar para os clientes, pois isso alivia a pressão de ser bem- sucedido em completa-las. Antes de dar sugestões, é útil perguntar se eles querem, de fato, ter tarefas de casa. Se eles dizem que não veem nenhuma necessidade, provavelmente têm uma boa razão: talvez não considerem útil ou não tenham tempo. Nesses casos, os terapeutas não precisam sugerir algo, mas podem perguntar aos clientes o que eles considerariam útil. Quando os clientes estão se sentindo um tanto hesitantes sobre a mudança, convide eles a observar em vez de fazer algo. Os terapeutas focados na solução, Walter e Peller (1992), mencionam quatro tarefas de casa básicas. A primeira é observar o positivo: “Entre agora e a próxima sessão, perceba o que está acontecendo na sua vida (casamento, família, trabalho, etc) que você gostaria que continuasse”. A segunda é fazer ainda mais essas coisas positivas ou exceções, deliberadamente e dentro do controle do cliente: “Continue o que você está fazendo e que considere útil e tome nota para poder me falar na próxima sessão”. A terceira tarefa é descobrir como as exceções espontâneas ocorrem: “Em dias específicos da semana você pode fingir se sentir diferente e ver o que acontece. Eu sei que nem sempre você pode se sentir desse jeito. De fato, você pode se sentir do jeito de sempre. Contudo, eu acho que potencialmente há diferenças em seus comportamentos e pensamentos quando se sente diferente. Então, em dias ímpares, finja se sentir diferente e em dias pares não tente fazer nada diferente do habitual. Observe quais diferenças você percebe”. A quarta tarefa é realizar uma pequena solução milagrosa (“Suponha que um milagre aconteceu e seus problemas sumiram. Você pode querer experimentar essa nova ideia. Você pode querer fazer isso só para ver como é”). Avaliação Nas sessões subsequentes, os clientes e o terapeuta cuidadosamente exploram o que é melhor. Os terapeutas pedem uma explicação detalhada das exceções positivas, elogiam e enfatizam os inputs dos clientes na descoberta de soluções. No final das sessões, os clientes são questionados sobre a utilidade de outra sessão, e se for o caso, quando gostariam de retornar. De fato, em muitos casos os clientes pensam que não é necessário retornar ou agendam uma sessão mais adiante no futuro do que seria o comum em outras formas de psicoterapia. O objetivo dessas sessões é descrito em Bannink (2010a, b, 2012). No final de cada sessão, os clientes são convidados a dar feedback sobre a relação terapêutica, se as metas e tópicos discutidos eram aqueles desejados e se o método ou abordagem foram apropriadas para eles (e.g., Escala de Avaliação da Sessão [Session Rating Scale]; Duncan, 2010). O papel do terapeuta de TCC positiva Na TCC positiva, o papel do terapeuta é diferente daquele na TCC tradicional. Do papel de único expert na sala, que explora e analisa o problema e fornece sugestões aos clientes de como solucioná-lo, o papel muda para aquele no qual o terapeuta não precisa empurrar ou puxar. Os terapeutas de TCC positiva “não sabem” (eles fazem perguntas) e estão “guiando a um passo atrás”. Metaforicamente, eles ficam atrás de seus clientes e dão tapinhas em seus ombros com perguntas focadas na solução, convidando-os a olhar para seu futuro preferido e, para atingir suas metas, vislumbrar um amplo horizonte de possibilidades pessoais. Os clientes são vistos como co-especialistas e seus terapeutas os convidam – através de perguntas focadas na solução – a compartilhar sua expertise para alcançar o futuro preferido. Os terapeutas também mudam o foco atencional de seus clientes utilizando princípios de aprendizagem durante as sessões de terapia: reforço positivo de forças e conversas sobre soluções (prestando atenção a conversas sobre metas, exceções, possibilidades, forças e recursos) e punição negativa de conversas sobre problemas (nãoprestar atenção às conversas sobre problemas, causas, impossibilidades e fraquezas). Conclusão A TCC positiva atualmente oferece a melhor visão construtiva daquilo que a terapia cognitivo-comportamental parece quando integrada com a psicologia positiva e a terapia breve focada em soluções. A TCC positiva muda o foco da terapia daquilo que está errado com os clientes para o que está certo com eles, e daquilo que não está funcionando para o que está. Essa transição representa uma mudança de paradigma da análise do problema para a análise da meta, de um foco nos déficits e fraquezas para um que é construído sobre recursos e forças, e da redução de sofrimento para a construção de sucesso. A TCC positiva recentemente emergiu do desejo de encontrar uma nova maneira de aplicação da TCC tradicional. As pesquisas atualmente estão sendo conduzidas na Universidade de Maastricht, nos Países Baixos, buscando descobrir como a TCC positiva é distinta, ou mesmo superior, à TCC tradicional. Referências Bakker, J. M., Bannink, F. P., & Macdonald, A. (2010). Solution-focused psychiatry. The Psychiatrist, 34, 297–300. Bannink, F. P. (2007). Solution-focused brief therapy. Journal of Contemporary Psychotherapy, 37(2), 87–94. Bannink, F. P. (2010a). 1001 Solution-focused questions. Handbook for solution-focused interviewing. New York: Norton. Bannink, F. P. (2010b). Handbook of solution focused conflict management. Cambridge, MA: Hogrefe. Bannink, F. 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