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Traducão: TCC Positiva na Prática (Bannink, 2017)

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Este documento trata-se de uma tradução não-profissional do capítulo “Positive CBT in Practice”, escrito 
por Fredrike Bannink, no livro “Positive Psychology Interventions in Practice”, organizado por Carmel 
Proctor. A tradução foi realizada por Carlos Alberto Dorneles Nonnenmacher, estudante de Psicologia da 
Universidade Feevale. A tradução visa apenas a divulgação do conhecimento científico e da TCC. Qualquer 
consideração: carlosdornelesn@gmail.com. 
Positive Psychology Interventions in Practice, capítulo 2, p. 15-28, 2017 
TCC Positiva na Prática 
Fredrike Bannink 
Bannink Therapy, Training, Coaching and Mediation Practice, Amsterdam, The 
Netherlands 
 
 
As décadas recentes têm testemunhado o desenvolvimento de abordagens colaborativas e 
baseadas em competências para o trabalho com clientes. Este artigo revela como a terapia 
cognitivo-comportamental (TCC) torna-se TCC positiva, com uma mudança no foco da terapia 
do que está errado para o que está certo com os clientes, e do que não está funcionando para o que 
está. O conceito de TCC positiva, que pode ser vista como uma Quarta Onda de TCC, buscou 
reforçar o bem-estar dos clientes e dos terapeutas, baseando-se em pesquisas e aplicações da 
psicologia positiva e da terapia breve focada em soluções. Uma análise comportamental funcional 
das exceções ao problema e a técnica da “seta ascendente” em vez de “seta descendente” são duas 
das mais práticas aplicações da TCC positiva, descritas neste capítulo. 
 
 
Abreviações 
 
TCC Terapia cognitivo-comportamental 
AFC Análise funcional do comportamento 
TBFS Terapia breve focada em soluções 
 
 
Introdução 
 
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) evoluiu para atender uma grande variedade 
de clientes e um impressionante conjunto de evidências atestam sua eficácia. Ainda assim, 
alguns resultados, particularmente aqueles de longo prazo, deixam uma margem 
substancial para melhorias. O que será necessário para ajudar clientes a se beneficiarem 
mais da terapia? O que mais os terapeutas podem fazer para apoiá-los no desenvolvimento 
de resiliência e bem-estar a longo prazo? Como os terapeutas podem utilizar intervenções 
menos demandantes de seus clientes? Como podem aumentar sua autoeficácia e 
autoestima? O que será preciso para tornar a TCC melhor e mais rápida e, assim, com 
melhor custo-benefício? E por último, mas não menos importante: como a TCC pode ser 
mais gentil aos terapeutas? A TCC positiva (Bannink, 2012) surgiu do desejo de encontrar 
uma nova forma avançada para a aplicação da TCC tradicional. Ela busca providenciar 
respostas para as perguntas acima. 
 A TCC tem sido fortemente influenciada pelo modelo médico de diagnóstico e 
tratamento. A estrutura de resolução de problemas – determinando a natureza do 
problema e então intervindo – influencia o conteúdo da interação entre terapeutas e 
clientes: eles se focam na patologia e no que está errado com seus clientes. A investigação 
se foca nos problemas, limitações e deficiências, além de mencionar poucas ou nenhuma 
força ou habilidade do cliente. Contudo, são suas forças, habilidades e recursos que são 
mais importantes em ajudá-los para a mudança. Seligman (2011), co-fundador do 
movimento da psicologia positiva, aponta que se quisermos florescer e termos bem-estar, 
precisamos minimizar nosso infortúnio; mas além disso, devemos ter emoções positivas, 
sentido, realização e relações positivas. 
 A TCC positiva se baseia na pesquisa e aplicações da psicologia positiva e da 
terapia breve de focada em soluções. A psicologia positiva é o estudo acadêmico daquilo 
que faz a vida valer a pena de ser vivida e daquilo que permite os indivíduos e a 
comunidade prosperar. É também o estudo das condições e processos que levam ao 
melhor funcionamento dos indivíduos, das relações e do trabalho. A terapia breve focada 
em soluções (TBFS) é a aplicação pragmática de um conjunto de princípios e ferramentas, 
sendo melhor descrita como a descoberta de uma rota direta “daquilo que funciona” para 
o cliente, neste momento, neste contexto. A ênfase recai na construção de soluções, 
contrastando com à ênfase tradicional na análise dos problemas. É uma abordagem 
direcionada à mudança, que exige conversas sobre o que é desejado, o que está 
funcionando e o que pode constituir progresso (Bannink e Jackson, 2011). 
 Este capítulo providencia uma descrição condensada da TCC positiva, com 
informações a respeito do mesmo processo cognitivo-comportamental utilizado na TCC 
tradicional. Esse processo inclui o aprimoramento da aliança terapêutica, seguido de uma 
investigação (na TCC positiva esta é primeiramente direcionada às forças, recursos, o que 
funciona, e objetivos), incluindo a realização de análises funcionais do comportamento. 
A próxima etapa do tratamento é a realização de um convite aos pacientes para a 
mudança: mudar suas perspectivas, comportamentos e sentimentos. Tarefas de casa e 
avaliação do tratamento são descritas, bem como o papel mutável do terapeuta de TCC 
positiva. 
 De um ponto de vista teórico, a TCC positiva é diferente da TCC tradicional. A 
TCC tradicional utiliza uma lógica positivista (as fundações da ciência permanecem em 
observações objetivamente quantificáveis), enquanto a TCC positiva – como a TBFS – 
utiliza uma visão socio-construtivista (as noções do indivíduo sobre o que é real – 
incluindo sua percepção da natureza dos problemas, habilidades e soluções – são 
construídas na comunicação cotidiana com outros). Isso também significa uma mudança 
na linguagem empregada na terapia: em vez de termos como “aprendendo” e 
“desaprendendo” seguindo os princípios da aprendizagem (TCC), a TCC positiva utiliza 
o termo “tornando-se melhor em”, pois há sempre exceções ao problema (Wittgenstein, 
1968). 
 
TCC positiva 
 
Se há uma TCC positiva, há também uma TCC negativa, poderíamos imaginar. Eu não 
acredito que existe uma forma negativa de TCC, já que todas as formas de psicoterapia – 
incluindo a TCC tradicional focada em problemas – têm como objetivos principais ajudar 
os clientes nas mudanças desejadas em suas vidas. Nos últimos 30 anos, contudo, tem 
havido uma mudança de paradigma com o desenvolvimento de abordagens baseadas em 
competências e mais colaborativas para trabalhar com os clientes. A psicologia positiva 
e a TBFS estão entre essas abordagens direcionadas às forças e futuros preferidos dos 
clientes, em vez de seus déficits e problemas do passado ou presente. 
 A saúde mental é mais do que a ausência de doença mental. O foco da TCC 
positiva não é a doença mental ou a patologia, no que está errado com os clientes e na 
reparação do que está pior, mas na saúde mental e nas forças, no que está certo com eles 
e na criação do que é melhor. Nessa jornada, a TCC positiva não precisa ser construída 
do zero, mas envolve uma mudança do foco na redução dos problemas para o foco no 
aprimoramento das forças do cliente e naquilo que funciona. A TCC positiva pode ser 
vista como sendo o outro lado da “moeda da TCC” e pode ser facilmente combinada com 
a TCC tradicional. Esse foco positivo tem ajudado a TBFS a se tornar mais curta que 
outras psicoterapias (Franklin et al, 2012; Gingerich e Peterson, 2013). O mesmo pode 
ser verdade para a TCC positiva, pois ela utiliza o mesmo foco positivo. Muitos 
profissionais trabalhando nos campos da psicologia positiva e TBFS afirmam que as 
conversas com seus clientes são mais leves, resultando em menor esgotamento (Medina 
e Beyebach, 2014). 
 Uma abordagem baseada em forças, com suas raízes na psicologia positiva, é uma 
perspectiva filosófica na qual as pessoas são vistas como capazes e como tendo 
habilidades e recursos internos e em seus sistemas sociais. Quandoativadas e integradas 
com novas experiências, compreensões e habilidades, as forças oferecem novos caminhos 
para reduzir a dor e o sofrimento, resolver preocupações e conflitos, e enfrentar os 
estressores da vida mais efetivamente. O resultado é uma percepção aumentada de bem-
estar e qualidade de vida e maiores níveis de funcionamento interpessoal e social. 
 Saleebey (2007) descreve a perspectiva de forças em psicoterapia. A despeito das 
dificuldades, todas pessoas possuem forças que podem ser direcionadas para a melhora 
da qualidade de suas vidas. Terapeutas deveriam respeitar essas forças e as direções nas 
quais os clientes desejam aplica-las. A motivação do cliente é aumentada por uma ênfase 
consistente nelas, da forma como eles as definem. A sua descoberta requer um processo 
de exploração colaborativa na dupla terapêutica; os terapeutas não têm a última palavra 
no que os clientes precisam melhorar em suas vidas. O foco nas forças distancia os 
terapeutas da tentação de julgar ou culpar seus clientes por suas dificuldades e os 
aproxima da descoberta de como eles têm manejado sua sobrevivência, mesmo nas 
circunstâncias mais difíceis. Todos ambientes, até mesmo os mais sombrios, possuem 
recursos. 
 Kuyken et al (2009) pontuam que na literatura da TCC tem havido uma ênfase 
maior na identificação de fatores precipitantes, preditores e perpetuadores dos problemas 
do que na identificação das forças. Eles defendem a inclusão de forças sempre que 
possível durante a conceitualização de caso. 
 Além disso, uma abordagem baseada em soluções, focando no que funciona para 
este cliente, neste contexto, neste momento, com suas raízes na TBFS (Bannink, 2007, 
2010a, b, 2014, 2015a, b), favorece o bem-estar dos clientes, convidando-os a descrever 
seu futuro preferido (em vez de seus problemas ou seu futuro temido) e encontrar forças 
e soluções para atingir suas metas. 
 Pesquisas apontam que terapeutas bem-sucedidos focam nas forças, habilidades e 
suporte disponível de seus clientes, desde o início das sessões. Criam um ambiente no 
qual os clientes sentem que são percebidos como pessoas com um bom funcionamento. 
Terapeutas bem-sucedidos também se asseguram de terminar suas sessões retomando as 
forças dos clientes (Grassman e Grawe, 2006), fortalecendo uma boa aliança terapêutica 
no caminho. 
 
A aliança terapêutica 
 
A aliança terapêutica tem sido definida de muitas maneiras e, apesar da diversidade de 
definições, o consenso é de que ela representa um vínculo positivo entre terapeuta e 
cliente, bem como um engajamento ativo e colaborativo nas tarefas terapêuticas 
projetadas para ajudar o cliente. Os terapeutas fazem esforços explícitos para facilitar a 
criação de uma aliança positiva e sistematicamente monitorá-la com os instrumentos 
atualmente disponíveis, mais do que apenas se basear em impressões clínicas. É 
importante ter em mente que a visão do cliente acerca da aliança (e não a do terapeuta) é 
o mais conhecido preditor de resultados (Duncan, 2010). 
 A TCC positiva começa com a construção de rapport. O terapeuta faz um começo 
positivo ao perguntar sobre o cotidiano de seu cliente: “Que tipo de trabalho você tem?”, 
“Que série você está?” (quando o cliente é uma criança), seguindo com questões como: 
“O que você gosta no seu trabalho?”, “No que você é bom?”, “Que hobbies você 
possui?”, “Qual a sua matéria favorita na escola?”, “Qual é o seu professor favorito?”. 
Essas perguntas podem ser vistas como quebra-gelo, mas também são o início da 
descoberta de informações úteis sobre as forças e soluções já presentes na vida do cliente. 
Elas estabelecem o tom para uma conversa mais leve do que a que o cliente talvez 
estivesse esperando. 
 Muitos clientes gostam de ter a oportunidade de falar sobre seus problemas, até 
porque podem pensar que esse é o propósito da terapia. Os terapeutas de TCC positiva 
escutam respeitosamente as suas histórias e oferecem reconhecimento, mas não 
perguntam por detalhes do problema. Com a questão “Como isso é um problema para 
você?”, os clientes podem começar a falar sobre o problema de uma forma diferente. Pode 
ser útil fornecer informações acerca da TCC positiva com seu foco nas possibilidades em 
vez das impossibilidades e nas forças em vez de fraquezas. Quando os clientes insistem 
em falar sobre seus problemas, os terapeutas podem perguntar: “Quantas sessões você 
acredita que precisa para falar sobre problemas e o que está errado com você antes de 
começarmos a averiguar seu futuro preferido e o que está certo com você?”. 
 
Investigação 
 
A TCC positiva está mais interessada no que os clientes querem mudar em suas vidas do 
que explorar seus problemas e mais interessada no que está certo do que com que está 
errado com eles. Assim, o primeiro desafio encontrado pelos terapeutas de TCC positiva 
é o de convidar seus clientes a mudar de uma conversa sobre o problema (problem talk) 
para uma conversa sobre forças e soluções (strenghts and solutions talk) no momento em 
que tiveram tempo suficiente para descrever seus problemas e se sentirem ouvidos (10-
15 minutos costumam ser o suficiente). Investigar o que os clientes gostariam que fosse 
diferente (suas metas), forças e recursos (exceções ao problema e suas competências), 
motivação para mudar, progresso, esperança e confiança são todas parte do entendimento 
e conceitualização de caso na TCC positiva. 
 Kuyken et al (2009) propõem que a psicoterapia possui dois objetivos principais: 
aliviar o sofrimento e construir resiliência. As abordagens mais comuns de TCC estão 
preocupadas exclusivamente ou na maior parte do tempo com os problemas do cliente, 
suas vulnerabilidades e a história da adversidade. Um foco nas forças costuma ser mais 
engajador para os clientes e vantajoso por reforçar suas forças no processo de mudança 
para pavimentar um caminho para melhoras duradouras. Os clientes frequentemente não 
estão cientes de suas estratégias de coping para sua resiliência e salientá-las aumenta a 
probabilidade de considerarem seu uso durante desafios futuros. Perceber as estratégias 
que uma pessoa emprega para lidar com a adversidade costuma ser um primeiro passo na 
conceitualização da resiliência. Elas podem ser comportamentais (e.g., persistir em seus 
esforços), cognitivas (e.g., solução de problemas, aceitação) emocionais (e.g., humor, 
reasseguramento), sociais (e.g., buscar ajuda), espirituais (e.g., encontrar sentido no 
sofrimento) ou físicas (e.g., dormir e comer bem). 
 Estabelecer metas enfatiza a possibilidade de mudança e começa a direcionar o 
foco dos clientes para as futuras possibilidades em vez de para seus problemas. Isso 
reforça a noção de que são um membro ativo da relação terapêutica e que o envolvimento 
completo é necessário. Hawton et al (1995) afirmam que metas definidas ajudam a impor 
uma estrutura ao tratamento. Elas também preparam os clientes para a alta: tornam 
explícito que a terapia será encerrada quando as metas forem atingidas ou que a terapia 
será descontinuada se houver pouco progresso. Isso não significa que as metas não podem 
ser renegociadas durante o tratamento, mas sim que isso deveria ser feito explicitamente 
junto com os clientes, reduzindo assim o risco de a dupla terapêutica estar buscando 
objetivos distintos. Finalmente, estabelecer metas fornece a oportunidade para uma 
avaliação dos resultados relacionados aos problemas dos clientes. 
 As metas podem ser estabelecidas em termos de aumentar forças ou valores 
positivos (metas de aproximação: e.g., ser mais atencioso) e reduzir o sofrimento (metas 
de evitação: e.g.; sentir menos ansiedade). “Qual será o melhor resultado de você vir aqui 
me ver?” é uma boa maneira de começaressa parte da sessão ou “Quando podemos parar 
de nos encontrarmos assim?” ou “Quais são suas melhores expectativas?”, seguidos de 
“Qual diferença fará quando suas expectativas forem atendidas?”. 
 A TCC positiva não é “problemofóbica”. Os clientes recebem uma oportunidade 
de descrever seus problemas, aos quais os terapeutas ouvem respeitosamente. Mas 
nenhum detalhe sobre a natureza e severidade do problema são perguntados e as causas 
não são analisadas. Perguntas sobre as exceções ao problema – uma forma de diagnóstico 
diferencial – podem revelar que alguns transtornos podem ser eliminados (e.g., quando 
perguntada sobre exceções, uma criança que poderia ter sido diagnosticada com TDAH 
aparentemente se mostrou capaz de sentar em silêncio na sala de aula. 
 Outra forma de conduzir a TCC positiva é primeiramente coletar todos sintomas, 
queixas e limitações e então “traduzir” todas descrições do problema em metas (“O que 
você gostaria de ver em vez disso?”) e então descartar a coleção de problemas quando 
estiver trabalhando com o que os clientes gostariam que fosse diferente em suas vidas. 
Outra pergunta útil é: “Suponha que esses problemas não estivessem aí, como você ou 
sua vida/relacionamento/trabalho seria diferente?”. 
 Bakker et al (2010) pontuam que os terapeutas podem escolher por começar o 
tratamento imediatamente e, se necessário, prestar atenção ao diagnóstico posteriormente. 
Transtornos psiquiátricos severos ou uma suspeita dos mesmos justificam a decisão de 
conduzir um diagnóstico ponderado, já que a identificação de patologias orgânicas 
subjacentes tem consequências terapeutas diretas. Cuidados ambulatoriais na saúde 
primária ou secundária são congruentes com uma abordagem da TCC positiva. Durante 
a primeira e subsequentes conversas, ficará evidente se um diagnóstico avançado é 
necessário, por exemplo, se há uma deterioração na condição do cliente ou se o tratamento 
falha em gerar resultados positivos. Análogo ao tratamento por passos (stepped care), 
podemos pensar em diagnóstico por passos (stepped diagnosis). 
 Na TCC tradicional, o automonitoramento de problemas é usado para ganhar uma 
descrição acurada de comportamentos (em vez de depender da memória), para ajudar a 
adaptar a intervenção em relação ao progresso do cliente e providenciar feedback sobre o 
mesmo. O automonitoramento é frequentemente integrado à terapia, tanto nas sessões 
quanto como parte das tarefas de casa. Na TCC positiva, o automonitoramento não é sobre 
os problemas ou sintomas, mas sobre as forças e exceções aos problemas do cliente. 
Quando os clientes usam essa forma de automonitoramento positivo eles costumam se 
sentir mais competentes e podem escolher fazer mais aquilo que funciona para mudar sua 
situação para melhor. 
 A metodologia da análise funcional identifica variáveis que influenciam a 
ocorrência de comportamentos problemáticos e se tornou um dos alicerces da 
investigação comportamental. A pesquisa demonstra que comportamentos podem ser 
aprendidos e desaprendidos através de padrões de associação, recompensas e punições. 
A análise funcional do comportamento (AFC) olha além do comportamento em si: o foco 
está na identificação de fatores significativos associados com a (não-) ocorrência de 
comportamentos específicos. Na AFC, cada problema é analisado em termos de A-B-C: 
antecedentes, comportamentos e crenças (behaviours and beliefs) e consequências. Cada 
um desses fatores aumenta ou diminui a probabilidade de que o comportamento aconteça. 
Na TCC tradicional, uma AFC é composta de ABCs do comportamento problemático, 
enquanto na TCC positiva (veja abaixo) a AFC é composta de comportamentos desejados 
e/ou exceções ao comportamento problemático. Terapeutas de TCC podem também usar 
tanto a AFC tradicional quanto a positiva. 
 
 Entrevista de AFC positiva em três questões: 
 
1. Suponha que essa noite, enquanto estiver dormindo, um milagre aconteça e seus 
problemas são todos resolvidos. Mas porque você está dormindo, você não sabe 
que ele aconteceu. Qual será a primeira coisa que você perceberá pela manhã que 
lhe dirá que o milagre aconteceu? Qual será a primeira coisa que você fará 
diferente que fará você saber que ele aconteceu? O que mais? O que mais? O que 
você espera ver e descobrir no mundo à sua volta, particularmente em seu 
trabalho? 
2. Me fale sobre situações recentes em que você estava melhor ou (parte do) milagre 
estava acontecendo, mesmo que só um pouco. 
3. Quando as coisas estão um pouco melhores, o que você repara que você e outros 
fazem diferente? Quais são as consequências que você percebeu? 
 
Na TCC positiva, os clientes fazem mais aquilo que já funciona: não há 
necessidade de tentar algo diferente, pois as soluções já estão presentes. Os clientes 
reportam sobre a eficácia da intervenção e coletam observações a partir do 
automonitoramento, e o ciclo da AFC se repete. Ao identificar forças e exceções, o plano 
de intervenção foca no aumento do uso de habilidades apropriadas que os clientes já 
possuem em vez de basear-se na manipulação de antecedentes e consequências para 
reduzir comportamentos negativos. Perguntas envolvem: “O que está melhor (desde a 
última vez que nos vimos)?”, “O que está diferente (desde a última vez que nos vimos)?”, 
“O que foi útil (mesmo que só um pouco)?”. 
 
Mudando a perspectiva 
 
O’Hanlon (2000) afirma que quando as pessoas não estão felizes ou não estão 
conseguindo os resultados que querem, elas deveriam fazer algo diferente. Os clientes 
devem mudar a forma como agem ou pensam sobre o problema, ou ambos. Isso quase 
certamente irá resultar em uma mudança na forma de sentir o problema. 
 Ao mudar a perspectiva do problema, o foco está na mudança em como os clientes 
pensam e no que eles prestam atenção, como uma maneira de mudar a situação para 
melhor. Isso pode envolver cinco intervenções. A primeira é a de reconhecer os 
sentimentos e o passado sem deixá-los determinar o que podem fazer. Os clientes são 
convidados a criar histórias mais compassivas e úteis e encontrar uma visão mais gentil 
de si mesmos, outros e/ou a situação (Gilbert, 2010). 
 A segunda intervenção é o convite aos clientes para mudar ao que estão prestando 
atenção em uma situação problemática. O ponto de partida é que um problema não se 
manifesta sempre na mesma intensidade. Direcionar a atenção dos clientes para sucessos 
passados ou presentes em vez de seus fracassos gera uma expectativa positiva: eles 
começar a ver a si mesmos e/ou a situação sob uma luz mais positiva. 
 A terceira intervenção é sobre o foco no que os clientes querem no futuro, mais 
do que eles não gostam no presente ou passado. Estabelecer metas sobre o que os clientes 
querem diferente no futuro enfatiza a mudança e começa a focar nas possibilidades, mais 
do que em seus sintomas e problemas. 
 A quarta intervenção envolve o desafio de crenças inúteis sobre si e as situações. 
A TCC tradicional auxilia os clientes a identificar e testar empiricamente as cognições 
inúteis, que estão por trás de padrões negativos e repetidos de emoção e comportamento, 
enquanto a TCC positiva auxilia os clientes a encontrar cognições adaptativas e úteis que 
criam uma experiência mais positiva do self, outros e o mundo. Essas cognições (mais) 
adaptativas não precisam ser desenvolvidas, pois elas já estão presentes (exceções ao 
problema) e podem ser usadas novamente. 
 A quinta e última intervenção envolve o uso de uma perspectiva espiritual para 
auxiliar os clientes a transcender suas dificuldades e se basear nos recursos além de suas 
habilidades usuais. O’Hanlon (2000) descreve os três Cs da espiritualidade como fontes 
de resiliência. Conexão significa mover-sealém de seu ego pequeno e isolado ou 
personalidade para conectar-se com algo maior, dentro ou fora de si. Compaixão significa 
aliviar sua atitude frente a si mesmo ou outros, “sentir com” em vez de ser contra si, 
outros, ou o mundo. E contribuição significa não ser egoísta e servir a outros ou ao 
mundo. 
 
Técnica da seta ascendente 
 
Como um exemplo de como a TCC positiva difere da TCC tradicional, que usa a técnica 
da seta descendente, eu introduzi a técnica da seta ascendente, com um foco nas reações 
positivas à dada situação, ou a exceções ao problema. As chamadas crenças nucleares 
são centrais, crenças absolutas sobre o self, outros e o mundo. As pessoas desenvolvem 
tanto crenças positivas quanto negativas. Os pensamentos automáticos e interpretações 
subjacentes levam o terapeuta e os clientes em direção a crenças nucleares relevantes. A 
técnica da seta descendente, focada em problemas, é uma das maneiras de identificar 
crenças que sustentam reações negativas a determinada situação. As questões envolvem: 
“O que é tão ruim sobre…?”. “Qual é o pior cenário possível?”. Essas questões são 
repetidas para cada resposta oferecida pelo cliente. 
 Perguntas usando a técnica da seta ascendente são: “Como você gostaria que a 
situação fosse diferente?”, “O que de melhor poderia acontecer?”, “Qual seria o melhor 
cenário possível?”, “Suponha que isso aconteça, que diferença isso fará (para você, para 
os outros)?”. Essas questões também são repetidas às respostas que os clientes oferecem. 
 
Mudando o comportamento 
 
Uma maneira de resolver um problema é não analisar as suas causas, mas mudar o que os 
clientes estão fazendo para solucioná-lo. A maneira de fazer isso é determinar como eles 
continuam agindo da mesma forma repetidamente (o padrão problemático) e começar a 
experimentar fazer algo diferente (quebrar o padrão). Ao mudar a atitude frente ao 
problema, o foco está nas ações concretas que os clientes podem tomar para conseguir 
mudanças. A primeira intervenção é o convite a prestar atenção a padrões repetidos a 
que estão inseridos ou a que outros estão inseridos junto com eles, e mudar qualquer coisa 
possível sobre esse padrão. Os clientes podem modificar suas ações a partir da mudança 
de qualquer parte de seus comportamentos repetidos na situação. Ao usar estratégias 
paradoxais, os clientes são convidados a seguir com o problema ou tentar piorá-lo (maior 
intensidade ou frequência) ou tentar deliberadamente fazê-lo acontecer. Ao incrementar 
novos comportamentos ao padrão problemático, são convidados a encontrar algo que 
podem fazer toda vez que têm o problema, algo que é bom para eles. Ou pode ser sugerido 
que façam esse comportamento evitado primeiro, cada vez que sentirem a necessidade de 
“se livrar” do problema. 
 A segunda intervenção é notar o que os clientes estão fazendo quando as coisas 
estão indo bem, convidando-os a fazer mais disso. Pergunte aos clientes: “Quando você 
não experimentou o problema depois de achar que ele iria acontecer?”. Encontre um 
momento que seja a exceção ao padrão problemático costumeiro e busque por mudanças 
que os clientes podem realizar a partir da repetição deliberada de qualquer ação que tenha 
funcionado. Convide os clientes a perceber o que acontece quando o problema termina 
ou começa a terminar. Então, convide-os a realizar alguma das ações úteis que já 
realizaram antes em situações problemáticas. Ou importe padrões de soluções de outras 
situações nas quais os clientes se sentiram competentes. Examine os padrões no trabalho, 
em hobbies, com amigos, e em outros contextos para encontrar algo que os clientes podem 
usar efetivamente na situação-problema. Pergunte: “Por que o problema não é pior?”. 
Use as habilidades naturais do cliente que limitam a severidade do problema e que eles 
vêm usando sem perceber. Na maioria das vezes, os clientes sabem muito bem – 
geralmente melhor do que os terapeutas – o que funciona e o que não funciona, mas em 
prol da mudança eles devem fazer algo diferente do que estão atualmente fazendo. 
 Na TCC tradicional, os procedimentos de modificação (como estratégias de 
autocontrole ou experimentos comportamentais) costumam ser sugeridos pelo terapeuta, 
cujo papel é o de especialista na relação. Na TCC positiva, os procedimentos de 
modificação estão sempre disponíveis: os clientes, co-especialistas no que funciona, são 
competentes para realizar mudanças e já as realizaram antes. Além disso, há sempre 
exceções ao problema. Os procedimentos podem ser os mesmos sugeridos pelos 
terapeutas de TCC tradicional, com a diferença de que na TCC positiva os clientes que os 
trazem à tona, uma vez que já foram úteis anteriormente, são “baseados em evidências” 
e podem ser repetidos. 
 
Mudando a forma de sentir 
 
A TCC tradicional busca obter uma clareza acerca das situações causadoras de 
sofrimento. Ao ajudar os clientes a diferenciar claramente os pensamentos das emoções, 
ela enfatiza estas durante o processo e ajuda-os a avaliar os pensamentos disfuncionais 
que têm influenciado seu humor. O trabalho do terapeuta é de minimizar o efeito negativo: 
dispensando o uso de drogas ou instigando intervenções psicológicas, assim ajudando as 
pessoas a se sentirem menos ansiosas, irritadas ou deprimidas. Seligman (2011), contudo, 
descreveu alguns resultados desapontadores dessa abordagem baseada em fazer pessoas 
miseráveis ficarem menos miseráveis. Ele descobriu que, como terapeuta, ele ajudaria um 
cliente a se livrar da raiva, ansiedade ou tristeza. Ele pensou que então iria ter um paciente 
feliz, mas isso nunca acontecia. Ele tinha um paciente vazio, pois suas habilidades de 
florescimento são menores que as de minimizar o sofrimento. 
 Como um exemplo de como a redução do afeto negativo não automaticamente 
aumenta o afeto positivo, uma pesquisa em um contexto de coaching por Grant e 
O’Connor (2010) demonstrou que perguntas focadas no problema reduzem o afeto 
negativo e aumentam a autoeficácia, mas não aumentam a compreensão da natureza do 
problema ou reforçam o afeto positivo. As perguntas focadas na solução aumentam o 
afeto positivo, diminuem o afeto negativo, aumentam a auto-eficácia, bem como 
aumentam o insight e compreensão do participante sobre a natureza do problema. 
 Na TCC positiva, o foco está nas emoções positivas: “Como você se sentirá 
quando as suas melhores expectativas forem cumpridas?”, “Como você estará se 
sentindo diferente ao perceber que os passos que está dando são para a direção certa?”. 
Trazer o melhor do passado, perguntando sobre sucessos e competências anteriores, 
também engatilha emoções positivas. 
 A teoria de ampliar-e-construir (broaden-and-build theory) de emoções positivas 
(Fredickson, 2009) sugere que as emoções negativas estreitam nossos repertórios de 
pensamento-comportamento, enquanto as emoções positivas ampliam nossa consciência 
(awareness) e encorajam pensamentos e comportamentos novos, variados e 
exploratórios. O poder de fazer perguntas abertas, focadas no que os clientes querem 
(“Como você saberá que essa sessão foi útil?”, “Como você saberá que o problema foi 
solucionado?”, “O que tem funcionado bem?”, “O que é melhor?”), todas servem para 
expandir a diversidade de pensamentos e ações. O uso da imaginação (por exemplo, 
usando a pergunta do milagre) também cria emoções positivas e tem um poderoso 
impacto na capacidade de expandir ideias e atividades. O uso de elogios e perguntas sobre 
a competência (“Como você conseguiu fazer aquilo?”, “Como você decidiu fazer 
aquilo?”) também geram emoções positivas. O foco dos terapeutas de TCC positiva está 
na identificação de habilidades e recursos de seus clientes e elogiar ou devolver estespara 
eles. 
 
Tarefas de casa 
 
Na TCC tradicional, as tarefas de casa são consideradas importantes, pois aprender e 
desaprender é necessário pelos princípios da aprendizagem e é presumido que a mudança 
toma lugar especialmente entre as sessões de terapia. Por exemplo, o automonitoramento 
é a ferramenta mais utilizada na TCC, e é quase invariavelmente utilizada tanto no estágio 
de investigação inicial do caso e para monitorar a mudança subsequente. Outra ferramenta 
vastamente utilizada é a dos experimentos comportamentais. Há três tipos de 
experimentos na TCC (Bennett-Levy et al, 2004). Um é a manipulação experimental do 
ambiente. Para esse é necessário fazer alguma coisa, algo de diferente ao que o cliente 
costuma fazer em uma situação em particular. Por exemplo, o cliente pode tentar 
responder a pergunta: “Se eu for ao supermercado sozinho e não tomar minhas 
precauções costumeiras, eu vou realmente desmaiar (como minha crença atual prediz) 
ou eu vou apenas me sentir ansioso (a previsão de uma teoria alternativa)?”. 
 Outro tipo constitui-se de experimentos observacionais, nos quais ou é impossível 
ou desnecessário manipular variáveis-chave. Em vez disso, os clientes observam e 
coletam evidências, as quais são relevantes para seus pensamentos ou crenças negativas. 
Por exemplo, um cliente pode tentar responder à pergunta: “As pessoas pensarão que eu 
sou estúpido ou anormal se eu suar em situações sociais?”. 
 O terceiro tipo constitui-se de experimentos orientados à descoberta, quando os 
clientes têm pouca ou nenhuma ideia do que acontecerá quando realizam um experimento 
comportamental e precisam coletar dados sistematicamente para “construir uma teoria”. 
Por exemplo, um cliente pode tentar responder à pergunta: “O que pode acontecer se eu 
agir ‘como se’ eu fosse valorizado por outros?”. Ou o cliente pode ser encorajado a tentar 
diferentes maneiras de se comportar para coletar esses dados (“Como uma pessoa 
valorizada agiria nessas circunstâncias?”). 
 A TCC positiva emprega os mesmos tipos de experimentos comportamentais, 
mas, novamente, com um foco positivo. Na manipulação experimental do ambiente, o 
cliente é convidado a explorar as exceções do problema: o que fez – mesmo levemente – 
diferente de antes? Como isso foi útil? Ele pensa que seria uma boa ideia usar essa solução 
novamente? Nos experimentos observacionais, o cliente é convidado a observar e coletar 
evidências relevantes aos seus pensamentos e crenças positivas específicas. Por exemplo, 
ele pode responder à pergunta: “As pessoas pensarão que sou gostável se eu for nessa 
festa?”. Quando prestam atenção aos seus pensamentos e crenças positivas, as chances 
são de encontrar evidências a favor dessas cognições, enquanto o contrário acontece 
quando prestam atenção a pensamentos e crenças negativas. Nos experimentos orientados 
à descoberta, o cliente é convidado a agir como se seu futuro preferido já tenha chegado 
ou como se estivesse um ou dois pontos acima na sua escala de progresso. Durante a 
sessão, ele pode ser convidado a fingir que as coisas estão indo melhor e mostrar ao 
terapeuta (por alguns minutos) como sua vida/relacionamentos serão diferentes e como 
isso parecerá. 
 Na TCC positiva, as tarefas de casa são apenas importantes se os clientes pensam 
que são úteis. A ideia do foco na solução na TCC positiva é de que quando os clientes 
mudam suas construções, o que se presume que aconteça durante e entre as sessões de 
terapia, a mudança comportamental acontece naturalmente. 
 A tarefa de casa tem o objetivo de direcionar a atenção dos clientes para aqueles 
aspectos de suas experiências e situações que são mais úteis no atingimento de suas metas. 
A apresentação de tarefas de casa como um “experimento” ou até mesmo um “pequeno 
experimento” pode facilitar para os clientes, pois isso alivia a pressão de ser bem-
sucedido em completa-las. Antes de dar sugestões, é útil perguntar se eles querem, de 
fato, ter tarefas de casa. Se eles dizem que não veem nenhuma necessidade, 
provavelmente têm uma boa razão: talvez não considerem útil ou não tenham tempo. 
Nesses casos, os terapeutas não precisam sugerir algo, mas podem perguntar aos clientes 
o que eles considerariam útil. Quando os clientes estão se sentindo um tanto hesitantes 
sobre a mudança, convide eles a observar em vez de fazer algo. 
 Os terapeutas focados na solução, Walter e Peller (1992), mencionam quatro 
tarefas de casa básicas. A primeira é observar o positivo: “Entre agora e a próxima 
sessão, perceba o que está acontecendo na sua vida (casamento, família, trabalho, etc) 
que você gostaria que continuasse”. A segunda é fazer ainda mais essas coisas positivas 
ou exceções, deliberadamente e dentro do controle do cliente: “Continue o que você está 
fazendo e que considere útil e tome nota para poder me falar na próxima sessão”. 
 A terceira tarefa é descobrir como as exceções espontâneas ocorrem: “Em dias 
específicos da semana você pode fingir se sentir diferente e ver o que acontece. Eu sei 
que nem sempre você pode se sentir desse jeito. De fato, você pode se sentir do jeito de 
sempre. Contudo, eu acho que potencialmente há diferenças em seus comportamentos e 
pensamentos quando se sente diferente. Então, em dias ímpares, finja se sentir diferente 
e em dias pares não tente fazer nada diferente do habitual. Observe quais diferenças você 
percebe”. A quarta tarefa é realizar uma pequena solução milagrosa (“Suponha que um 
milagre aconteceu e seus problemas sumiram. Você pode querer experimentar essa nova 
ideia. Você pode querer fazer isso só para ver como é”). 
 
Avaliação 
 
Nas sessões subsequentes, os clientes e o terapeuta cuidadosamente exploram o que é 
melhor. Os terapeutas pedem uma explicação detalhada das exceções positivas, elogiam 
e enfatizam os inputs dos clientes na descoberta de soluções. No final das sessões, os 
clientes são questionados sobre a utilidade de outra sessão, e se for o caso, quando 
gostariam de retornar. De fato, em muitos casos os clientes pensam que não é necessário 
retornar ou agendam uma sessão mais adiante no futuro do que seria o comum em outras 
formas de psicoterapia. O objetivo dessas sessões é descrito em Bannink (2010a, b, 2012). 
No final de cada sessão, os clientes são convidados a dar feedback sobre a relação 
terapêutica, se as metas e tópicos discutidos eram aqueles desejados e se o método ou 
abordagem foram apropriadas para eles (e.g., Escala de Avaliação da Sessão [Session 
Rating Scale]; Duncan, 2010). 
 
O papel do terapeuta de TCC positiva 
 
Na TCC positiva, o papel do terapeuta é diferente daquele na TCC tradicional. Do papel 
de único expert na sala, que explora e analisa o problema e fornece sugestões aos clientes 
de como solucioná-lo, o papel muda para aquele no qual o terapeuta não precisa empurrar 
ou puxar. Os terapeutas de TCC positiva “não sabem” (eles fazem perguntas) e estão 
“guiando a um passo atrás”. Metaforicamente, eles ficam atrás de seus clientes e dão 
tapinhas em seus ombros com perguntas focadas na solução, convidando-os a olhar para 
seu futuro preferido e, para atingir suas metas, vislumbrar um amplo horizonte de 
possibilidades pessoais. 
 Os clientes são vistos como co-especialistas e seus terapeutas os convidam – 
através de perguntas focadas na solução – a compartilhar sua expertise para alcançar o 
futuro preferido. Os terapeutas também mudam o foco atencional de seus clientes 
utilizando princípios de aprendizagem durante as sessões de terapia: reforço positivo de 
forças e conversas sobre soluções (prestando atenção a conversas sobre metas, exceções, 
possibilidades, forças e recursos) e punição negativa de conversas sobre problemas (nãoprestar atenção às conversas sobre problemas, causas, impossibilidades e fraquezas). 
 
Conclusão 
 
A TCC positiva atualmente oferece a melhor visão construtiva daquilo que a terapia 
cognitivo-comportamental parece quando integrada com a psicologia positiva e a terapia 
breve focada em soluções. A TCC positiva muda o foco da terapia daquilo que está errado 
com os clientes para o que está certo com eles, e daquilo que não está funcionando para 
o que está. Essa transição representa uma mudança de paradigma da análise do problema 
para a análise da meta, de um foco nos déficits e fraquezas para um que é construído sobre 
recursos e forças, e da redução de sofrimento para a construção de sucesso. A TCC 
positiva recentemente emergiu do desejo de encontrar uma nova maneira de aplicação da 
TCC tradicional. As pesquisas atualmente estão sendo conduzidas na Universidade de 
Maastricht, nos Países Baixos, buscando descobrir como a TCC positiva é distinta, ou 
mesmo superior, à TCC tradicional. 
 
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