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Livro Eletrônico Aula 02 Direito Processual Penal p/ PC-MG (Delegado) - Pós Edital Professor: Renan Araujo 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo AULA 02: PROCESSO, PROCEDIMENTO E RELAÇÌO JURêDICA PROCESSUAL. ELEMENTOS IDENTIFICADORES DA RELAÇÌO PROCESSUAL. FORMAS DO PROCEDIMENTO. PRETENSÌO PUNITIVA. TIPOS DE PROCESSO PENAL. AÌO PENAL. AÌO CIVIL EX DELICTO. SUMçRIO 1 PROCESSO, PROCEDIMENTO E RELAÌO JURêDICA PROCESSUAL ............... 3 1.1 Elementos identificadores da relao processual ................................. 5 1.2 Sujeitos processuais ............................................................................ 6 1.3 Objeto da relao processual ............................................................... 6 1.4 Pressupostos processuais .................................................................... 7 1.4.1 Subjetivos ........................................................................................... 7 1.4.1.1 Quanto ao juiz .............................................................................. 7 1.4.1.2 Quanto s partes ........................................................................... 8 1.4.2 Objetivos ............................................................................................ 9 2 FORMAS DO PROCEDIMENTO ...................................................................... 9 3 PRETENSÌO PUNITIVA ............................................................................. 10 4 AÌO PENAL ............................................................................................. 11 4.1 Condies da ao penal .................................................................... 11 4.1.1 Possibilidade Jurdica do pedido ........................................................... 12 4.1.2 Interesse de Agir ............................................................................... 12 4.1.3 Legitimidade ad causam ativa e passiva ................................................ 14 4.2 Espcies de Ao Penal ...................................................................... 15 4.2.1 Ao penal pblica incondicionada ........................................................ 16 4.2.2 Ao penal pblica condicionada ( representao do ofendido e requisio do Ministro da Justia) ........................................................................................ 19 4.2.3 Ao penal privada exclusiva ............................................................... 22 4.2.3.1 Renncia, perdo e perempo ..................................................... 24 4.2.4 Ao penal privada subsidiria da pblica .............................................. 26 4.2.4.1 Atuao do MP na ao penal privada subsidiria da pblica .............. 27 4.2.5 Ao penal personalssima .................................................................. 28 4.3 Denncia e queixa: elementos ........................................................... 28 4.3.1 Exposio do fato criminoso ................................................................ 28 4.3.2 Qualificao do acusado ...................................................................... 29 4.3.3 Classificao do delito (tipificao do delito) .......................................... 29 4.3.4 Rol de testemunhas ............................................................................ 29 4.3.5 Endereamento ................................................................................. 29 4.3.6 Redao em vernculo ........................................................................ 29 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 4.3.7 Subscrio ........................................................................................ 29 5 AÌO CIVIL EX DELICTO ........................................................................... 29 6 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES ..................................................... 32 7 SòMULAS PERTINENTES ........................................................................... 36 7.1 Smulas do STF .................................................................................. 36 7.2 Smulas do STJ .................................................................................. 37 8 JURISPRUDæNCIA CORRELATA ................................................................. 37 9 RESUMO .................................................................................................... 39 10 LISTA DE EXERCêCIOS ........................................................................... 43 11 EXERCêCIOS COMENTADOS ................................................................... 61 12 GABARITO ............................................................................................. 98 Ol, pessoal! Hoje vamos estudar a ao penal, analisando suas caractersticas, espcies, etc. Muita ateno aula de hoje, pois possui alguns pontos bem relevantes para fins de prova! Veremos, ainda, a ao civil ex delicto. Antes de tudo isso, porm, vamos fazer uma breve introduo sobre o processo penal, estudando temas como a diferena entre Òprocesso e procedimentoÓ, a natureza da relao jurdico-processual, etc. Bons estudos! Prof. Renan Araujo 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 1! PROCESSO, PROCEDIMENTO E RELAÌO JURêDICA PROCESSUAL O processo o meio do qual o Estado se utiliza para exercer a jurisdio (o poder de ÒdizerÓ o direito aplicvel ao caso concreto). o instrumento necessrio para que o Estado-Juiz conhea a pretenso do autor e, ao final, lhe diga se possui ou no razo. Na clssica definio de Hlio Tornaghi, o processo Òum caminhar para frente (pro cedere); uma sequncia ordenada de atos que se encadeiam numa sucesso lgica e com um fim: o de possibilitar, ao juiz, o julgamento.Ó1 No mbito penal, o processo pode ter incio pela iniciativa do Ministrio Pblico (ao penal pblica) ou do ofendido (ao penal privada). O procedimento, por outro lado, nada mais do que o rito utilizado no processo. Antes de adentrar em uma definio mais tcnica, podemos compreender a diferena entre processo e procedimento com uma simples comparao com o instituto do casamento. Como assim? Vamos entender a comparao! Todas as religies possuem a celebrao do casamento. O casamento, assim, a forma pela qual cada uma das religies ir, ao final, dizer que os nubentes esto casados. O casamento, assim, o instrumento utilizado para que os nubentes adquiram o estado civil de casado. No entanto, cada uma das religies existentes adota uma forma diferente de cerimnia. Assim, temos que a cerimnia de casamento dos catlicos diversa da existente entre os muulmanos, que, por sua vez, em nada se parece com o casamento dos budistas, etc. No entanto, todos, ao final, buscam o casamento. Essa a noo de processo e procedimento. Enquanto o processo (ou ÒcasamentoÓ) o instrumento pelo qual o Estado exercer a jurisdio, o procedimento o caminhoque ser perseguido at o objetivo final (na comparao, seriam as diferentes formas de celebrar o casamento). Dito isto, acredito que a noo de procedimento fique mais fcil de ser aprendida. Segundo Frederico Marques, ÒQuando os atos se coordenam numa srie sucessiva com um fim determinado, fala- se que h processo, se o movimento se realiza em funo da atividade jurisdicional; se uma atividade administrativa que se desenvolve, o que existe nessa srie de atos, que se entrelaam, to-s procedimento.Ó2 Quanto natureza jurdica do processo, diversas foram as teorias que se preocuparam em defini-la. Assim, parte da doutrina defendia que o 1 TORNAGHI, Hlio. A relao Processual Penal. 2» ed. So Paulo: Saraiva, 1987, pg. 1. 2 MARQUES, Jos Frederico. Elementos de Direito Processual Penal. Vol. I. Campinas: Bookseller, 2002, pgs. 348/349. 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo processo era um verdadeiro contrato entre as partes. Outros, contudo, entendiam que o processo seria um quase-contrato. Atualmente, prevalece o entendimento de que, na verdade, o processo possui natureza de relao jurdica. O grande idealizador do processo como uma relao jurdica foi o autor Oskar Von Blow3. Segundo afirmava Blow, h duas relaes processuais distintas: uma de direito material e outra de direito processual. A relao de direito material, segundo aquele autor, seria a causa de pedir da ao, consistente na prpria relao debatida em juzo. Assim, no mbito penal, a relao de direito material seria a prpria violao da norma penal pelo sujeito ativo do crime. J a relao de direito processual consistiria naquela estabelecida com o prprio processo, em que estariam relacionados juiz, autor e ru. Assim, definia que a relao jurdica processual era distinta da relao de direito material. importante destacar que relao jurdica o vnculo entre vrias pessoas, mediante a qual uma delas pode pretender alguma coisa a que a outra est obrigada. Destarte, considerando que as partes em um processo tm seus direitos, deveres, nus e poderes regulados por lei processual, temos, ento, configurada uma relao jurdica processual. Embora a teoria acima tenha surgido no processo civil, sua aplicao do direito processual penal totalmente vlida. Trazendo a questo para a esfera processual penal, podemos identificar verdadeira relao jurdica entre o juiz, o rgo de acusao e o acusado, inteiramente regulada por leis processuais. O acusado deixa de ser um mero objeto da persecuo penal para ser verdadeiro sujeito de direito, a quem se confere o direito ampla defesa, ao julgamento por juiz natural, ao contraditrio, de no ser preso se no houver flagrante ou ordem escrita da autoridade judiciria, presuno de inocncia, entre outros. A doutrina costuma identificar 6 caractersticas da relao jurdica processual. So elas: 1 Ð NATUREZA PòBLICA Ð a relao jurdica processual pblica, tendo em vista que o processo um instrumento de que se vale o Estado para exercer uma funo que lhe prpria: a jurisdio. 2 Ð AUTONOMIA Ð significa que a relao de direito processual diversa da relao da relao jurdica de direito material, que dela independe. Significa dizer que a relao jurdica processual independe que o autor da ao tenha razo em suas alegaes. Mesmo que o acusado seja inocente, ou seja, que a suposta relao jurdica de direito material inexista, a relao jurdica processual permanece hgida e vlida. 3 Em obra lanada em 1868 (A teoria das excees processuais e os pressupostos processuais). 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 3 Ð PROGRESSIVIDADE (ou CONTINUIDADE, ou DINAMICIDADE) Ð a ideia aqui de que os atos processuais possuem um encadeamento lgico e progressivo at a prolao da sentena. 4 Ð COMPLEXIDADE Ð de acordo com a doutrina, a complexidade decorre da progressividade. Significa que o carter complexo da relao processual advm dos numerosos atos praticados pelas partes, no exerccio de seus direitos, obrigaes, nus e poderes. 5 Ð UNICIDADE (ou UNIDADE) Ð exprime a ideia de que a relao jurdica processual nica, permanecendo a mesma do incio ao fim. 6 Ð TRILATERALIDADE Ð trata-se do carter trplice da relao processual, na qual temos a presena de trs sujeitos distintos: o rgo de acusao, o acusado, e o juiz. Resumidamente, temos: 1.1!Elementos identificadores da relao processual A configurao da relao processual pressupe a existncia de trs elementos: sujeitos, objeto e pressupostos processuais. RELAÌO JURêDICA PROCESSUAL NATUREZA PòBLICA AUTONOMIA PROGRESSIVI- DADE COMPLEXIDADE UNICIDADE TRILATERALI- DADE 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 1.2!Sujeitos processuais Quanto aos sujeitos processuais, marcam a existncia da relao processual o juiz (ou Estado-Juiz), o autor (rgo do MP ou ofendido) e o ru (acusado). H quem diga que no processo penal no existiriam partes. Isso porque, na definio de Francesco Carnelutti, a lide se caracterizaria por um conflito de interesses, qualificado por uma pretenso resistida. Ocorre que, no processo penal, o acusado no precisa necessariamente resistir pretenso do Ministrio Pblico. No entanto, ainda que o acusado concorde em ser punido, o Estado no poder abrir mo da utilizao do processo. E mais. No poder sequer condenar o acusado com base apenas em sua confisso. nesse sentido que a definio de parte acaba se esvaziando, j que, no processo civil, para que se fale em lide (e, por consequncia, em parte), necessria a resistncia pretenso. Ademais, aqueles que defendem a inexistncia de partes no processo penal afirmam que no h um conflito de interesses envolvido. Com efeito, no processo civil, o autor objetiva a satisfao de um interesse que lhe prprio, sendo certo que a condenao do ru lhe reverter algum acrscimo patrimonial (na maioria das vezes). Por outro lado, no processo penal, a vtima em nada aproveitaria a condenao do ru. Ainda que a vtima tenha um forte desejo de punio do acusado, no se pode concluir que estaramos diante de um verdadeiro conflito de interesses. Por fim, sustenta-se que a atuao do Ministrio Pblico imparcial, na medida em que a ele interessa a condenao do culpado e a absolvio do inocente. Assim, no seria um sujeito parcial. Nada obstante, se em sua prova no contiver qualquer aluso s discusses ora trazidas, voc deve entender que os sujeitos da relao processual so: o rgo de acusao, o juiz e o acusado. Apesar da discusso acerca da existncia ou no de parte no processo penal, sem dvida alguma, juiz, rgo de acusao e acusado so sujeitos do processo. Existem outros sujeitos no processo penal, mas eles no integram a relao jurdico-processual (peritos, defensor do acusado, etc.). 1.3!Objeto da relao processual Consiste na aplicao da lei penalao caso concreto. Dessa forma, no caso de um roubo de um aparelho celular, o objeto da relao jurdica processual a sentena, que decidir sobre a aplicao da lei penal ao caso concreto, conforme pedido do autor. 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 1.4!Pressupostos processuais So os requisitos necessrios para a existncia de uma relao jurdica processual vlida. De acordo com a doutrina, podem ser: 1.4.1!Subjetivos 1.4.1.1! Quanto ao juiz I) investidura Ð o juiz deve ser um agente oficial do Estado, que tenha ingressado na magistratura por intermdio de concurso pblico; II) competncia Ð todo juiz possui jurisdio. No entanto, por questo convenincia, os diversos rgos jurisdicionais tm sua atribuio (leia-se: competncia) limitada por lei. Assim, um juiz que atua em uma Vara Criminal, por exemplo, no pode decidir acerca da nulidade do casamento de uma pessoa. Da mesma forma, um juiz que atua na rea cvel no possui competncia para julgar uma demanda trabalhista. Dessa maneira, podemos entender que a competncia o poder de exercer a jurisdio nos limites definidos pela lei. III) imparcialidade Ð a noo de imparcialidade do rgo judicial prpria do sistema acusatrio, devendo o juiz permanecer em uma posio equidistante das partes. Ao contrrio do que ocorre no sistema inquisitivo, no sistema acusatrio vedado ao juiz praticar atos de persecuo penal na fase de investigao, no podendo, ainda, ter qualquer relao com as partes, com a causa a ser julgada ou com outros juzes. Por essa razo, a legislao processual penal traz uma srie de motivos causadores de suspeio, impedimento ou incompatibilidade do juiz (artigos 112, 252, 253 e 254 do CPP).4 4 ÒArt. 112. O juiz, o rgo do Ministrio Pblico, os serventurios ou funcionrios de justia e os peritos ou intrpretes abster-se-o de servir no processo, quando houver incompatibilidade ou impedimento legal, que declararo nos autos. Se no se der a absteno, a incompatibilidade ou impedimento poder ser arguido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceo de suspeio.Ó ÒArt. 252. O juiz no poder exercer jurisdio no processo em que: I - tiver funcionado seu cnjuge ou parente, consangneo ou afim, em linha reta ou colateral at o terceiro grau, inclusive, como defensor ou advogado, rgo do Ministrio Pblico, autoridade policial, auxiliar da justia ou perito; II - ele prprio houver desempenhado qualquer dessas funes ou servido como testemunha; III - tiver funcionado como juiz de outra instncia, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre a questo; IV - ele prprio ou seu cnjuge ou parente, consanguneo ou afim em linha reta ou colateral at o terceiro grau, inclusive, for parte ou diretamente interessado no feito. 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Parte da doutrina se refere capacidade do juiz, que se subdividiria em objetiva (competncia) e subjetiva (imparcialidade). No entanto, entendo que o termo no est correto, na medida em que a capacidade, instituto definido pela lei civil5, possui sentido tcnico bem diverso. Assim, no recomendvel a utilizao do mesmo termo para a indicao de situaes totalmente distintas. 1.4.1.2! Quanto s partes I) capacidade de ser parte Ð trata-se da aptido genrica para ser autor ou ru em ao judicial. Dessa forma, menores de 18 anos de idade no possuem capacidade para ser parte em processo penal (no obstante os maiores de 12 anos respondam por seus atos na forma do Estatuto da Criana e do Adolescente); II) capacidade processual Ð alm de ter capacidade para ser parte, a pessoa deve ter as condies de exercer validamente seus direitos; III) capacidade postulatria Ð aptido para representar a parte, caso ela prpria no tenha, por fora de lei, capacidade para atuar em juzo em nome prprio. Dessa forma, dever ser verificado se a parte encontra-se devidamente representada por advogado ou defensor pblico. Exceo regra: habeas corpus (qualquer pessoa pode elaborar um habeas corpus). Art. 253. Nos juzos coletivos, no podero servir no mesmo processo os juzes que forem entre si parentes, consanguneos ou afins, em linha reta ou colateral at o terceiro grau, inclusive. Art. 254. O juiz dar-se- por suspeito, e, se no o fizer, poder ser recusado por qualquer das partes: I - se for amigo ntimo ou inimigo capital de qualquer deles; II - se ele, seu cnjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a processo por fato anlogo, sobre cujo carter criminoso haja controvrsia; III - se ele, seu cnjuge, ou parente, consangneo, ou afim, at o terceiro grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha de ser julgado por qualquer das partes; IV - se tiver aconselhado qualquer das partes; V - se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes; Vl - se for scio, acionista ou administrador de sociedade interessada no processo.Ó 5 a aptido para o exerccio de direitos, por si prprio ou por intermdio de representante ou assistente. 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 1.4.2!Objetivos Extrnsecos Ð inexistncia de fatos impeditivos, como litispendncia e coisa julgada (art. 95, III e V); Intrnsecos Ð procedimento adequado, citao vlida do ru, interveno do Ministrio Pblico e da defesa, inexistncia de qualquer nulidade prevista na legislao processual etc. 2! FORMAS DO PROCEDIMENTO A doutrina divide as formas do procedimento em trs aspectos: de lugar, de tempo e de modo. → DE LUGAR: em geral, os atos processuais devem ser realizados no local da sede do juzo. H casos, todavia, que a lei excetua essa regra, como a oitiva de uma testemunha que resida em outra comarca, feita por intermdio de carta precatria, ou a busca e a apreenso de documentos em outro Estado da federao. → DE TEMPO: deve-se considerar a poca em que os atos devem ser praticados e lapso temporal entre os diversos atos processuais. A classificao mais comum dos prazos pode ser abaixo observada: ¥! ordinrio ou dilatrio: aqueles que admitem reduo ou ampliao por vontade das partes. ¥! legais: determinados em lei; ¥! judiciais: determinado pelo juiz; ¥! convencionais: estabelecido pela livre vontade das partes; ¥! peremptrios: inalterveis. Se a parte no praticar o ato no prazo determinado, no poder mais faz-lo; ¥! comuns: quando correm para ambas as partes simultaneamente. Na ao penal pblica, a existncia de prazo comum no possvel ocorrer. Isso porque, no prazo comum, em regra, os autos no podem ser retirados do cartrio. Vamos esclarecer melhor essa ideia. Imagine-se que o juiz determine s partes a manifestao sobre o laudo pericial produzido nos autos. Sendo ambas as partes representadas por advogados, sero intimadas por dirio oficial. Nesse caso, os advogados tero cincia do ato processual na mesma ocasio, contando-se o prazo para manifestao a partir do primeiro dia til subsequente publicao no dirio oficial. Assim, sendo o prazo comum, em regra, no podero levar os autos. No entanto, o Ministrio Pblico sempre intimado pessoalmente, contando-se o prazo para sua manifestao a partir do dia til seguinte ao da data em que os autos deram entrada no MP. Dessa forma, no h como termos prazo em comum na ao 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo penal pblica, na medida em que as partes (MP e acusado) so intimadas em momentos e de formas diferentes. ¥! prprios: a no observncia pode trazer sanes processuais. Dessa forma, se o acusado no apresentar a apelao no prazo fixado, perder a chance de recorrer. ¥! imprprios: podem acarretar apenas sanes de carter disciplinar. Como exemplo, podemos citar o prazo de 8 (oito) dias para a apresentao de razes ao recurso de apelao. Mesmo que no as apresente no prazo, a parte poder apresenta-las posteriormente (artigo 601 do CPP). → DE MODO: ¥! quanto linguagem: temos um sistema misto no processo penal, informado pelo princpio da oralidade (por exemplo, nas alegaes finais, que so feitas oralmente em regra) e pela forma escrita (denncia e defesa prvia, por exemplo). ¥! quanto atividade: o processo inicia-se pelo impulso das partes e desenvolve-se, predominantemente, pelo impulso oficial. Cabe ao juiz dar andamento ao feito determinando a prtica de atos processuais; ¥! quanto ao procedimento: escolhido com vistas, em geral, natureza da relao jurdica material levada apreciao do Judicirio. Dessa forma, tratando-se de crime apenado 4 (quatro) anos ou mais de privao de liberdade, ser observado o procedimento ordinrio (salvo se houver previso legal de outro procedimento especial). Se a sano mxima for de at 4 (quatro) anos de pena privativa de liberdade, ser adotado o procedimento sumrio, salvo previso legal de outro procedimento especial. Por fim, adotar-se- o procedimento sumarssimo nos crimes do Juizado Especial Criminal (que so apenados com at 2 anos de pena privativa de liberdade, cumulados ou no com pena de multa).! Os procedimentos especiais esto previstos nos artigos 406 a 497 do CPP (Tribunal do Jri), no artigo 514 do CPP (crimes cometidos por funcionrios pblicos), no artigo na Lei 11.101/2005 (crimes falimentares), no artigo 519 a 523 do CPP (crimes contra a honra a que sejam cominadas penas mximas superiores a dois anos de privao de liberdade) e artigos 524 a 530-I do CPP (crimes contra a propriedade imaterial. 3! PRETENSÌO PUNITIVA Violada a norma penal, surge para o Estado o poder/dever de punir (jus puniendi). a expresso do poder de imprio do Estado, 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo visando punio daqueles que feriram gravemente bens jurdicos penalmente tutelados. Pode-se compreender o jus puniendi sob duas perspectivas: in abstacto e in concreto. No primeiro caso, tem-se que o Estado possui o jus puniendi no momento em que elabora leis penais, cominando penas ao que transgredirem uma norma penal. Contudo, no exato momento em que determinada pessoa viola a norma penal, surge o jus puniendi in concreto. Diversos pensadores tentaram explicar a legitimidade estatal para o exerccio do jus puniendi. De acordo com John Locke, o Estado teria o direito de punir, j que o homem, no estado de natureza, tem o direito de punir. Contudo, abre mo desse direito para passar a viver em sociedade (pactum subjectiones), conferindo ao Estado esse poder, a fim de preservar a si prprio e a sua liberdade. Rousseau, de outro lado, defendia que os homens, ao sarem de seu estado de natureza, constituam a sociedade por intermdio de um verdadeiro pacto (contratualismo). O homem abriria mo de sua liberdade natural em troca da garantia de sua paz e segurana. Quanto sua natureza jurdica, a doutrina diverge. Parte da doutrina entende que o jus puniendi seria um Òdireito penal subjetivoÓ (tese capitaneada por Karl Binding). Para outros, o jus puniendi seria um verdadeiro poder, no um direito subjetivo (Enrico Ferri). H, ainda, aqueles que entendem que o jus puniendi seria uma faculdade do Estado (Cobo del Rosal e Vives Antn). Na doutrina brasileira, prevalece o entendimento de que o jus puniendi um poder-dever. 4! AÌO PENAL Quando algum pratica um fato criminoso, surge para o Estado o poder-dever de punir o infrator. Esse poder-dever, esse direito, chamado de ius puniendi. Entretanto, o Estado, para que exera validamente e legitimamente o seu ius puniendi, deve faz-lo mediante a utilizao de um mecanismo que possibilite a busca pela verdade material (no meramente a verdade formal), mas que ao mesmo tempo respeite os direitos e garantias fundamentais do indivduo. Esse mecanismo chamado de Processo Penal. Mas, professor, onde entra a Ao Penal nisso? A ao penal , nada mais nada menos que, o ato inicial desse mecanismo todo chamado processo penal. 4.1!Condies da ao penal 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Tal qual ocorre no processo civil, no processo penal a ao tambm deve obedecer a algumas condies. Sem elas a ao penal ajuizada deve ser rejeitada de imediato pelo Juiz. Nesse sentido temos o art. 395, II do CPP: Art. 395. A denncia ou queixa ser rejeitada quando: (Redao dada pela Lei n¼ 11.719, de 2008). (...) II - faltar pressuposto processual ou condio para o exerccio da ao penal; ou (Includo pela Lei n¼ 11.719, de 2008). So condies da ao penal: 4.1.1!Possibilidade Jurdica do pedido Para que esteja configurada essa condio da ao, basta que a ao penal tenha sido ajuizada com base em conduta que se amolde em fato tpico. Assim, no se exige que a conduta tenha sido tpica, ilcita e o agente culpvel. Mesmo se o titular da ao penal (MP ou ofendido) verificar que o crime foi praticado em legtima defesa, por exemplo, (exclui a ilicitude) a conduta tpica, estando cumprido o requisito da possibilidade jurdica do pedido. 4.1.2!Interesse de Agir Se no processo civil o interesse de agir caracterizado como a necessidade da prestao da tutela jurisdicional, devendo a parte autora comprovar que no h outro meio para a resoluo do litgio que no seja a via judicial, no processo penal um pouco diferente. No processo penal a via judicial obrigatria, no podendo o Estado exercer o seu ius puniendi fora do processo penal. O processo civil facultativo, podendo as partes resolver a lide sem a interveno do Judicirio. O processo penal, por sua vez, obrigatrio, devendo o titular da ao penal provocar o Judicirio para que a lide seja resolvida. H quem defenda, inclusive, que no necessariamente h lide no processo penal (a lide o fenmeno que ocorre quando uma parte possui uma pretenso que resistida pela outra parte), pois ainda que o acusado reconhea que deve ser punido, a punio s pode ocorrer aps o processo penal, dado o interesse pblico envolvido. Noprocesso penal o interesse de agir est mais ligado a questes como a utilizao da via adequada. Assim, no pode o membro do MP oferecer queixa em face de algum que praticou homicdio, pois se trata de crime de ao penal pblica. Nesse caso, o MP parte legtima, pois 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo o titular da ao penal. No entanto, a via escolhida est errada (deveria ter sido ajuizada ao penal pblica, denncia). Alguns autores entendem que o interesse de agir no processo penal est relacionado existncia de lastro probatrio mnimo (existncia de indcios de autoria e prova da materialidade). Esses elementos, no entanto, formam o que outra parte da Doutrina entende como justa causa. Obviamente que os autores que entendem serem estes elementos integrantes do conceito de Òinteresse de agirÓ, entendem tambm que no existe a justa causa como uma condio autnoma da ao penal. O CPP, no entanto, em algumas passagens, prev a existncia da justa causa: Art. 395. A denncia ou queixa ser rejeitada quando: (...) III - faltar justa causa para o exerccio da ao penal. [...] Art. 648. A coao considerar-se- ilegal: I - quando no houver justa causa; Percebam, no entanto, que em nenhum momento o CPP trata a justa causa como uma condio da ao. Mais que isso: no momento em que o art. 395, II do CPP diz que a denncia ou queixa ser rejeitada6 quando faltar alguma das condies da ao penal, e, logo aps, em inciso diverso, diz que tambm ser rejeitada a denncia ou queixa quando faltar justa causa, est, implicitamente, considerando que a justa causa no uma condio da ao penal. O tema bem polmico, e vocs devem saber que h divergncia. Em provas discursivas, vale a pena se alongar sobre isso. Em provas objetivas, vocs devem ter em mente que, pela literalidade do CPP, a justa causa no condio da ao, sendo assim considerada apenas por parte da Doutrina. O STJ, por sua vez, quando da anlise de diversos HCs que pretendiam o trancamento da ao penal por ausncia de justa causa, deixou claro que justa causa a existncia de lastro probatrio mnimo, apto a justificar o ajuizamento da demanda penal em face daqueles sujeitos pela prtica daqueles fatos7. 6 Apesar de o recebimento ou rejeio da inicial acusatria ocorrer inicialmente antes da apresentao da resposta acusao, nada impede que o Juiz avalie novamente a regularidade da denncia aps a apresentao da defesa e, neste caso, poder rejeitar a denncia neste momento. 7 Ver, por todos: Ò(...)1. A alegada ausncia de justa causa para o prosseguimento da ao penal - em razo da inexistncia de elementos de prova que demonstrem ter o paciente participado dos fatos narrados na denncia e da ausncia de vnculo entre ele e os supostos mandantes do crime - 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 4.1.3!Legitimidade ad causam ativa e passiva A legitimidade (e aqui nos aproximamos do processo civil) o que se pode chamar de pertinncia subjetiva para a demanda. Assim, a presena do MP no polo ativo de uma denncia pelo crime de homicdio pertinente, pois a Constituio o coloca como titular exclusivo da Ao Penal, o que corroborado pelo CPP. Tambm deve haver legitimidade passiva, ou seja, quem deve figurar no polo passivo (ser o ru da ao) quem efetivamente praticou o crime8, ou seja, o sujeito ativo do crime. CUIDADO! O sujeito ativo do crime (infrator) ser, no processo penal, o sujeito passivo na relao processual! Parte da Doutrina entende que os inimputveis so partes ilegtimas para figurar no polo passivo da ao penal. Entretanto, essa posio merece algumas consideraes. A inimputabilidade por critrio meramente biolgico somente uma, e refere-se menoridade penal. Ou seja, somente o menor de 18 anos ser sempre inimputvel, sem que se exija qualquer anlise do mrito da demanda. De plano se pode considerar sua ilegitimidade, conforme prev o art. 27 do CP: Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos so penalmente inimputveis, ficando sujeitos s normas estabelecidas na legislao especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) Assim, se o titular da ao penal ajuza a ao em face de um menor de 18 anos, falta uma das condies da ao, que a imputabilidade penal, pois de maneira nenhuma pode o menor de 18 anos responder criminalmente, estando sujeito s normas do ECA. Entretanto, se estivermos diante dos demais casos de inimputabilidade, a hiptese no de ilegitimidade passiva, pois a anlise da imputabilidade do agente depender da avaliao dos fatores, das circunstncias do delito, podendo se concluir pela sua demanda a anlise de fatos e provas, providncia incabvel na via estreita do habeas corpus, carente de dilao probatria. 2. O trancamento da ao penal pela via do habeas corpus cabvel apenas quando demonstrada a atipicidade da conduta, a extino da punibilidade ou a manifesta ausncia de provas da existncia do crime e de indcios de autoria. (...)Ó (HC 197.886/RS, Rel. Ministro SEBASTIÌO REIS JòNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 10/04/2012, DJe 25/04/2012) 8 Ningum pode responder por crime alheio, j que se adota o princpio da INTRANSCENDæNCIA da pena. 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo inimputabilidade. o que ocorre com os doentes mentais que ao tempo do crime eram inteiramente incapazes de compreender o carter ilcito da conduta e se comportar conforme o direito. A prova mais cabal de que nesse caso no h ilegitimidade que, considerando o Juiz que o agente era inimputvel poca do fato, no rejeitar a denncia ou queixa (o que deveria ser feito, em razo do art. 395, II do CPP), mas absolver o acusado e aplicar medida de segurana (absolvio imprpria). Assim, o Juiz adentrar ao mrito da causa. Ora, se a ausncia de condio da ao obsta a apreciao do mrito, fica claro que nessa hiptese no h ilegitimidade. Quanto pessoa jurdica, pacfico o entendimento doutrinrio e jurisprudencial no sentido de que a Pessoa Jurdica pode figurar no polo ativo (podem ser autoras) do processo penal, at porque h previso expressa nesse sentido: Art. 37. As fundaes, associaes ou sociedades legalmente constitudas podero exercer a ao penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silncio destes, pelos seus diretores ou scios-gerentes. Quanto possibilidade de a pessoa jurdica ser sujeito passivo no processo penal, ou seja, quanto sua legitimidade passiva, a Doutrina se divide, uns entendendo no ser possvel, outros pugnando pela possibilidade. O STF e o STJ entendem que a Pessoa Jurdica pode figurar no polo passivo de ao penal por crime ambiental, conforme previsto no art. 225, ¤ 3¡ da CF/88, regulamentado pela Lei 9.605/98. Quanto aos crimes contra a ordem econmica, por no haver regulamentao legal, a jurisprudncia no vem admitindo que a pessoa jurdicaresponda por tais crimes9. 4.2!Espcies de Ao Penal A ao penal pode ser pblica incondicionada, pblica condicionada, ou privada. Nos termos do quadro esquemtico, para facilitar a compreenso de vocs: 9 A jurisprudncia CLçSSICA adota a teoria da DUPLA IMPUTAÌO para que a pessoa jurdica possa ser sujeito PASSIVO NO PROCESSO (sujeito ativo do crime), exigindo a indicao, tambm, da pessoa fsica que agiu em seu nome. Contudo, h decises recentes no STF e no STJ admitindo a punio da pessoa jurdica sem que haja necessidade de se imputar o fato, tambm, a uma pessoa fsica, dispensando, portanto, a dupla imputao. Contudo, no sabemos se ir se confirmar como ÒjurisprudnciaÓ. 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Assim pode se resumir, graficamente, as espcies de ao penal previstas no CPP10. Vamos estudar, agora, cada uma das seis espcies de ao penal: 4.2.1!Ao penal pblica incondicionada a regra no ordenamento processual penal brasileiro. Sua titularidade pertence ao Ministrio Pblico, de forma privativa, nos termos do art. 129, I da Constituio da Repblica. Apesar de ser a regra, existem excees, claro. No precisamos, contudo, saber quais so as excees. Precisamos saber que, independentemente de qual seja o crime, quando praticado em detrimento do patrimnio ou interesse da Unio, Estado e Municpio, a ao penal ser pblica. o que prev o art. 24, ¤2¼ do CPP: Art. 24 (...) ¤ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimnio ou interesse da Unio, Estado e Municpio, a ao penal ser pblica. (Includo pela Lei n¼ 8.699, de 27.8.1993) Por se tratar de uma ao penal em que h forte interesse pblico na punio do autor do fato, qualquer pessoa do povo poder provocar a atuao do MP: 10 A Doutrina cita, ainda, a ao penal popular, prevista na Lei 1.079/50, mas essa espcie polmica e no possui previso no CPP, motivo pelo qual, no ser objeto do nosso estudo. AÌO PENAL PòBLICA PRIVADA INCONDICIONADA CONDICIONADA REPRESENTAÌO DO OFENDIDO REQUISIÌO DO MINISTRO DA JUSTIA EXCLUSIVA PERSONALêSSIMA SUBSIDIçRIA DA PòBLICA 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Art. 27. Qualquer pessoa do povo poder provocar a iniciativa do Ministrio Pblico, nos casos em que caiba a ao pblica, fornecendo-lhe, por escrito, informaes sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convico. Importante ressaltar que este artigo se aplica, inclusive, s aes penais pblicas condicionadas. Alguns princpios regem a ao penal pblica incondicionada: ¥! Obrigatoriedade Ð Havendo indcios de autoria e prova da materialidade do delito, o membro do MP deve oferecer a denncia, no podendo deixar de faz-lo, pois no pode dispor da ao penal. Atualmente esta regra est excepcionada pela previso de transao penal nos Juizados especiais (Lei 9.099/95), que hiptese na qual o titular da ao penal e o infrator transacionam, de forma a evitar o ajuizamento da demanda. A previso no inconstitucional, pois a prpria Constituio a prev, em seu art. 98, I. A Doutrina admite que, estando presentes causas excludentes da ilicitude, de maneira inequvoca, poder o membro do MP deixar de oferecer denncia. ¥! Indisponibilidade Ð Uma vez ajuizada a ao penal pblica, no pode seu titular dela desistir ou transigir, nos termos do art. 42 do CPP: Art. 42. O Ministrio Pblico no poder desistir da ao penal. Esta regra tambm est excepcionada pela previso de transao penal e suspenso condicional do processo, que so institutos previstos na Lei dos Juizados Especiais (Lei 9.099/95). ¥! Oficialidade Ð A ao penal pblica ser ajuizada por um rgo oficial, no caso, o MP. Entretanto, pode ocorrer de, transcorrido o prazo legal para que o MP oferea a denncia, este no o faa nem promova o arquivamento do IP, ou seja, fique inerte. Nesse caso, a lei prev que o ofendido poder promover ao penal privada subsidiria da pblica (que estudaremos melhor daqui a pouco). Assim, podemos concluir que a ao penal pblica exclusiva do MP, durante o prazo legal. Findo este prazo, a lei estabelece um prazo de seis meses no qual tanto o MP quanto o ofendido pode ajuizar a ao penal, numa verdadeira hiptese de legitimao concorrente: Art. 29. Ser admitida ao privada nos crimes de ao pblica, se esta no for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministrio Pblico aditar a queixa, repudi-la e oferecer denncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligncia do querelante, retomar a ao como parte principal. Findo este prazo de seis meses no qual o ofendido pode ajuizar a ao penal privada subsidiria da 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo pblica, a legitimidade volta a ser do MP, exclusivamente, desde que ainda no esteja extinta a punibilidade. ¥! Divisibilidade Ð Havendo mais de um infrator (autor do crime), pode o MP ajuizar a demanda somente em face um ou alguns deles, reservando para os outros, o ajuizamento em momento posterior, de forma a conseguir mais tempo para reunir elementos de prova. No nenhum bice quanto a isso, e esta prtica no configura precluso para o MP, podendo aditar a denncia posteriormente, a fim de incluir os demais autores do crime ou, ainda, promover outra ao penal em face dos outros autores do crime. Com relao divisibilidade, importante notar que este um princpio que, por si s, pulveriza a tese de arquivamento implcito. Inclusive essa a orientao firmada pelo prprio STJ: (...) 3 - No vigora o princpio da indivisibilidade na ao penal pblica. O Parquet livre para formar sua convico incluindo na increpao as pessoas que entenda terem praticados ilcitos penais, ou seja, mediante a constatao de indcios de autoria e materialidade, no se podendo falar em arquivamento implcito em relao a quem no foi denunciado. 4 - Recurso no conhecido. (RHC 34.233/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 06/05/2014, DJe 14/05/2014) Importante ressaltar que o membro do MP no est obrigado a ajuizar a denncia sempre que for instaurado um inqurito policial. Ele s ajuizar a denncia se estiverem presentes dois requisitos: ¥! Prova da materialidade ¥! Indcios de autoria Caso no estejam presentes estes requisitos, o membro do MP dever requerer o arquivamento do INQURITO POLICIAL, ou seja, no ir ajuizar a denncia. Mas e se o Juiz no concordar com o requerimento de arquivamento formulado pelo MP? Neste caso, o Juiz dever remeter o caso para apreciao pelo Chefe do MP (PGJ), que quem decidir o caso: Art. 28. Se o rgo do Ministrio Pblico, ao invs de apresentar a denncia, requerer o arquivamento do inqurito policial ou de quaisquer peas de informao, ojuiz, no caso de considerar improcedentes as razes invocadas, 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo far remessa do inqurito ou peas de informao ao procurador-geral, e este oferecer a denncia, designar outro rgo do Ministrio Pblico para oferec- la, ou insistir no pedido de arquivamento, ao qual s ento estar o juiz obrigado a atender. O PGJ poder: ¥! Concordar com o membro do MP Ð Neste caso o Juiz deve proceder ao arquivamento. ¥! Discordar do membro do MP Ð Neste caso, ele mesmo (PGJ) dever ajuizar a denncia ou deve indicar outro membro do MP para oferece-la. Alis, se o membro do MP j dispuser destes elementos, poder dispensar a instaurao do IP. Mas qual o prazo para que o membro do MP oferea a denncia? Em regra, 05 dias no caso de ru preso e 15 dias no caso de ru solto. Art. 46. O prazo para oferecimento da denncia, estando o ru preso, ser de 5 dias, contado da data em que o rgo do Ministrio Pblico receber os autos do inqurito policial, e de 15 dias, se o ru estiver solto ou afianado. No ltimo caso, se houver devoluo do inqurito autoridade policial (art. 16), contar- se- o prazo da data em que o rgo do Ministrio Pblico receber novamente os autos. ¤ 1o Quando o Ministrio Pblico dispensar o inqurito policial, o prazo para o oferecimento da denncia contar-se- da data em que tiver recebido as peas de informaes ou a representao O oferecimento em momento posterior no implica nulidade da denncia, que pode ser oferecida enquanto no estiver extinta a punibilidade do delito. 4.2.2!Ao penal pblica condicionada ( representao do ofendido e requisio do Ministro da Justia) Temos, aqui, duas hipteses pertencentes mesma categoria de ao penal, a ao penal pblica condicionada. Aplica-se a esta espcie de ao penal tudo o que foi dito a respeito da ao penal pblica, havendo, no entanto, alguns pontos especiais. Aqui, para que o MP (titular da ao penal) possa exercer legitimamente o seu direito de ajuizar a ao penal pblica, dever estar presente uma condio de procedibilidade11, que a representao do 11 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 12.¼ edio. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 152/153 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA 2 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo ofendido ou a requisio do Ministro da Justia, a depender do caso. Frise- se que, em regra, a ao penal pblica e incondicionada. Somente ser condicionada se a lei expressamente dispuser neste sentido. Para facilitar o estudo de vocs, elaborei os seguintes quadros com as peculiaridades da ao penal pblica condicionada, tanto no caso de condicionamento representao do ofendido quanto no caso de requisio do Ministro da Justia. AÌO PENAL PòBLICA CONDICIONADA Ë REPRESENTAÌO DO OFENDIDO Ø! Trata-se de condio imprescindvel, nos termos do art. 24 do CPP. Ø! A representao admite retratao, mas somente at o oferecimento da denncia (cuidado! Costumam colocar em provas de concurso que a retratao pode ocorrer at o recebimento da denncia. Isto est errado! uma pegadinha!) Ø! Admite-se, ainda, a retratao da retratao. Ou seja, a vtima oferece a representao e se retrata (volta atrs). Posteriormente, a vtima resolve oferecer novamente a representao. Ø! Caso ajuizada a ao penal sem a representao, esta nulidade processual pode ser sanada posteriormente, caso a vtima a apresente em Juzo (desde que realizada dentro do prazo de seis meses que a vtima possui para representar, nos termos do art. 38 do CP). Ø! No se exige forma especfica para a representao, bastando que descreva claramente a inteno de ver o infrator ser processado. Pode ser escrita ou oral12 (neste ltimo caso, dever ser reduzida a termo, ou seja, ser Òpassada para o papelÓ). A jurisprudncia admite que o simples registro de ocorrncia em sede policial, desde que conste informao de que a vtima pretende ver o infrator punido, PODE ser considerado como representao. Ø! A representao no pode ser dividida quanto aos autores do fato. Ou se representa em face de todos eles, ou no h representao, pois esta no se refere propriamente aos agentes que praticaram o delito, mas ao fato. Quando a vtima representa, est manifestando seu desejo em ver o fato ser objeto de ao penal para que sejam punidos os responsveis. Entretanto, embora no possa haver fracionamento da representao, isso no impede que o MP denuncie apenas um ou alguns dos infratores, pois um dos princpios da ao penal pblica a divisibilidade. Ø! A legitimidade para oferecer a representao do ofendido, se maior de 18 anos e capaz (art. 34 do CP). Embora o dispositivo 12 NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execuo penal. 12.¼ edio. Ed. Forense. Rio de Janeiro, 2015, p. 154/155 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA b Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo legal estabelea que se o ofendido tiver mais de 18 e menos de 21 anos tanto ele quanto seu representante legal possam apresentar a representao, este artigo perdeu o sentido com o advento do Novo Cdigo Civil em 2002, que estabeleceu a maioridade civil em 18 anos. Ø! Se o ofendido for menor ou incapaz, ter legitimidade o seu representante legal. Porm, se o ofendido no possuir representante legal ou os seus interesses colidirem com o do representante, o Juiz deve nomear curador, por fora do art. 33 do CPP (por analogia). Este curador no est obrigado a oferecer a representao, devendo apenas analisar se salutar ou no para o ofendido (maioria da Doutrina entende isso, mas controvertido). Ø! Se ofendido falecer, aplica-se a ordem de legitimao prevista no art. 24, ¤ 1¡ do CPP13. importante observar que essa ordem deve ser observada14. A Doutrina equipara o companheiro ao cnjuge. Ø! O prazo para representao de SEIS MESES, contados da data em que veio a saber quem o autor do delito (art. 38 do CPP).15 Ø! Se o ofendido for menor de idade, o prazo, para ele, s comea a fluir quando este completar 18 anos. Ø! Se a vtima vier a falecer, o prazo comea a correr para os legitimados (cnjuge, ascendente, etc.) quando tomarem conhecimento do fato ou de sua autoria (art. 38, ¤ nico do CPP) ou, no caso de j ser conhecido, da data do bito da vtima. Ø! A representao pode ser oferecida perante o MP, a autoridade policial ou mesmo perante o Juiz. J quanto ao penal pblica condicionada requisio do Ministro da Justia: AÌO PENAL PòBLICA CONDICIONADA Ë REQUISIÌO DO MINISTRO DA JUSTIA 13 Art. 24 (...) ¤ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por deciso judicial, o direito de representao passar ao cnjuge, ascendente, descendente ou irmo. (Pargrafo nico renumerado pela Lei n¼ 8.699, de 27.8.1993). 14 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 156 15 Art. 38. Salvo disposio em contrrio, o ofendido, ou seu representante legal, decair nodireito de queixa ou de representao, se no o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denncia; 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA d Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Ø! Prevista apenas para determinados crimes, nos quais existe um juzo poltico acerca da convenincia em v-los apurados ou no. So poucas as hipteses, citando, como exemplo, o crime cometido contra a honra do Presidente da Repblica (art. 141, I, c/c art. 145, ¤ nico, do CP). Ø! Diferentemente do que ocorre com a representao, no h prazo decadencial para o oferecimento da requisio, podendo esta ocorrer enquanto no estiver extinta a punibilidade do crime. Ø! A maioria da Doutrina entende que no cabe retratao dessa requisio16, ao contrrio do que ocorre com a representao do ofendido, por no haver previso legal e por se tratar a requisio, de um ato administrativo. Ø! O MP no est vinculado requisio, podendo deixar de ajuizar a ao penal. 4.2.3!Ao penal privada exclusiva a modalidade de ao penal privada clssica. aquela na qual a Lei entende que a vontade do ofendido em ver ou no o crime apurado e o infrator processado so superiores ao interesse pblico em apurar o fato. Alguns princpios regem a ao penal privada: ⇒!Oportunidade Ð Diferentemente do que ocorre com relao ao penal pblica, que obrigatria para o MP, na ao penal privada compete ao ofendido ou aos demais legitimados proceder anlise da convenincia do ajuizamento da ao. ⇒!Disponibilidade Ð Tambm de maneira diversa do que ocorre na ao penal pblica, aqui o titular da ao penal (ofendido) pode desistir da ao penal proposta (art. 51 do CPP). ⇒! Indivisibilidade Ð Outra caracterstica diversa a impossibilidade de se fracionar o exerccio da ao penal em relao aos infratores. O ofendido no obrigado a ajuizar a queixa, mas se o fizer, deve ajuizar a queixa em face de todos os agentes que cometeram o crime, sob pena de se caracterizar a RENòNCIA em relao queles que no foram includos no polo passivo da ao. Assim, considerando que houve a renncia ao direito de queixa em relao a alguns dos criminosos, o benefcio se estende tambm aos agentes que foram acionados judicialmente, por fora do art. 48 do CP: Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigar ao processo de todos, e o Ministrio Pblico velar pela sua indivisibilidade. 16 Nesse sentido, TOURINHO FILHO, FREDERICO MARQUES e MIRABETE. Em sentido contrrio, NUCCI. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 157/158 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA e Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo O prazo para ajuizamento da ao penal privada (queixa) decadencial de seis meses, e comea a fluir da data em que o ofendido tomou cincia de quem foi o autor do delito. O STF e o STJ entendem que se a queixa foi ajuizada dentro do prazo legal, mas perante juzo incompetente, mesmo assim ter sido interrompido o prazo decadencial, pois o ofendido no ficou inerte.17 A queixa pode ser oferecida pessoalmente ou por procurador, desde que se trate de procurao com poderes especiais, nos termos do art. 44 do CPP. Caso o ofendido venha a falecer, podero ajuizar a ao penal: §! Cnjuge §! Ascendente §! Descendente §! Irmo Importante ressaltar que deve ser respeitada esta ordem, ou seja, se aparecer mais de uma pessoa para exercer o direito de queixa, dever ter preferncia primeiramente o cnjuge, depois os ascendentes, e por a vai (art. 36 do CPP). Essas mesmas pessoas tambm tm legitimidade para dar SEGUIMENTO ao penal, caso o ofendido ajuze a queixa e, posteriormente, venha a falecer. ⇒!Quando o comea a correr o prazo para estes legitimados? O prazo, neste caso, varia: §! Se j foi ajuizada a ao penal Ð Possuem o prazo de 60 dias, sob pena de perempo. §! Se ainda no foi ajuizada a ao penal Ð O prazo comea a correr a partir do bito do ofendido, exceto se ainda no se sabia, nesse momento, quem era o provvel infrator. ⇒!No caso de j ter se iniciado o prazo decadencial de seis meses, com a morte do ofendido esse prazo recomea do zero? No. Os sucessores, neste caso, tero como prazo aquele que faltava para o ofendido. Ex.: Se havia transcorrido 04 meses do prazo, os sucessores tero apenas 02 meses para ajuizar a ao penal. 17 (RHC 25.611/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 09/08/2011, DJe 25/08/2011) 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA 9 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 4.2.3.1! Renncia, perdo e perempo O ofendido pode renunciar ao direito de ajuizar a ao (queixa), e se o fizer somente a um dos infratores, a todos se estender, por fora do art. 49 do CPP: Art. 49. A renncia ao exerccio do direito de queixa, em relao a um dos autores do crime, a todos se estender. A renncia s pode ocorrer antes do ajuizamento da demanda e pode ser expressa ou tcita. Com relao renncia tcita (decorrente da no incluso de algum dos infratores na ao penal), o STJ firmou entendimento no sentido de que a omisso do querelante (ausncia de incluso de algum dos infratores) deve ter sido VOLUNTçRIA, ou seja, ele deve ter, de fato, querido no processar o infrator. Em se tratando de omisso INVOLUNTçRIA (mero esquecimento, por exemplo), no se pode considerar ter ocorrido renncia tcita, devendo o MP requerer a intimao do querelante para que se manifeste quanto aos demais infratores.18 Aps o ajuizamento da demanda o que poder ocorrer o perdo do ofendido. Nos termos do art. 51 do CPP: Art. 51. O perdo concedido a um dos querelados aproveitar a todos, sem que produza, todavia, efeito em relao ao que o recusar. A utilizao do termo querelado denota que s pode ocorrer o perdo depois de ajuizada a queixa, pois s aps este momento h querelante (ofendido) e querelado (autor do crime). O perdo, semelhana do que ocorre com a renncia ao direito de queixa, tambm pode ser expresso ou tcito. No primeiro caso, simples, decorre de manifestao expressa do querelante no sentido de que perdoa o infrator. No segundo caso, decorre da prtica de algum ato incompatvel com a inteno de processar o infrator (ex.: Casar-se com o infrator). O perdo pode ser: ¥! Judicial (processual) Ð quando oferecido pelo querelante dentro do processo ¥! Extrajudicial (extraprocessual) Ð quando o querelante oferece o perdo FORA do processo (no o faz em manifestao processual) Diferentemente da renncia, que ato unilateral (no depende de aceitao), o perdo ato bilateral, ou seja, deve ser aceito pelo querelado: 18 (RHC 55.142/MG, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 12/05/2015, DJe 21/05/2015) 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 10 CURSODE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Art. 58. Concedido o perdo, mediante declarao expressa nos autos, o querelado ser intimado a dizer, dentro de trs dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silncio importar aceitao. Pargrafo nico. Aceito o perdo, o juiz julgar extinta a punibilidade. Assim, uma vez oferecido o perdo, o querelado ser intimado para, em 03 dias, dizer se aceita o perdo, valendo o silncio como aceitao. Todavia, importante ressaltar que, em razo do princpio da indivisibilidade da ao penal privada, o perdo oferecido a um dos infratores se estende aos demais. Porm, se algum deles recusar, isso no prejudica o direito dos demais. EXEMPLO: Maria ajuizou queixa-crime contra Jos, Pedro e Paulo. Todavia, durante o processo, oferecer o perdo a Jos (mas no a Pedro e Paulo). Este perdo, porm, se estender a Pedro e Paulo. A partir de agora, Jos, Pedro e Paulo consideram-se perdoados e, cada um deles poder escolher se aceita, ou no, o perdo. O perdo pode ser aceito pessoalmente (pelo ofendido ou seu representante legal) ou por procurador com poderes especiais. Na ao penal privada pode ocorrer, ainda, a perempo da ao penal, que a perda do direito de prosseguir na ao como punio ao querelante que foi inerte ou negligente no processo. As hipteses esto previstas no art. 60 do CPP: Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar- se- perempta a ao penal: I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos; II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, no comparecer em juzo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber faz-lo, ressalvado o disposto no art. 36; III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenao nas alegaes finais; IV - quando, sendo o querelante pessoa jurdica, esta se extinguir sem deixar sucessor. Com relao ao inciso I (deixar de dar andamento ao processo por 30 dias seguidos), a Doutrina19 pacfica no sentido de que no possvel falar em perempo quando o querelante deixa de dar seguimento ao 19 NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 166 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo processo por vrias vezes, mas todas elas em perodo inferior a 30 dias (25 dias em uma vez, 15 em outra, etc.). 4.2.4!Ao penal privada subsidiria da pblica Trata-se de hiptese na qual a ao penal , na verdade, pblica, ou seja, o seu titular o MP. No entanto, em razo da inrcia do MP em oferecer a denncia no prazo legal (em regra, 15 dias se indiciado solto, ou 05 dias se indiciado preso), a lei confere ao ofendido o direito de ajuizar uma ao penal privada (queixa) que substitui a ao penal pblica. Esta previso est contida no art. 29 do CPP: Art. 29. Ser admitida ao privada nos crimes de ao pblica, se esta no for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministrio Pblico aditar a queixa, repudi-la e oferecer denncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligncia do querelante, retomar a ao como parte principal. Entretanto, o ofendido tem um prazo de seis meses para oferecer a ao penal privada, que comea a correr no dia em que se esgota o prazo do MP para oferecer a denncia, conforme art. 38 do CPP: Art. 38. Salvo disposio em contrrio, o ofendido, ou seu representante legal, decair no direito de queixa ou de representao, se no o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denncia. Importante ressaltar que, a partir do momento em que se inicia o prazo para a vtima, tanto ela quanto o MP possuem legitimidade para ajuizar a ao penal (a vtima para ajuizar a ao penal privada subsidiria e o MP para ajuizar a ao penal pblica). Trata-se, portanto, de legitimidade concorrente. CUIDADO! Ao final do prazo de seis meses, a vtima perde o direito de ajuizar a queixa-crime subsidiria, ocorrendo a decadncia do direito. Todavia, o MP continua podendo ajuizar a ao penal pblica. Da, portanto, boa parte da Doutrina chamar esta decadncia de decadncia imprpria, eis que no gera a extino da punibilidade (apenas a perda do direito de ajuizamento pela vtima). Para que surja o direito de ajuizamento da queixa-crime subsidiria, necessrio que haja INRCIA do MP. Assim, no cabe ao penal privada subsidiria da pblica se: §! O MP requer a realizao de novas diligncias 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo §! Promove o arquivamento do IP §! Adota outras providncias Nestes casos no se pode admitir a ao penal privada, pois esta somente existe para os casos nos quais o MP permaneceu inerte, sem nada fazer. Se o MP pratica uma destas condutas, no h inrcia, mas apenas a prtica de atos que lhe so permitidos.20 Por fim, no admissvel o perdo do ofendido na ao penal privada subsidiria da pblica, pois se trata de ao originariamente pblica, na qual s se admitiu o manejo da ao privada em razo de uma circunstncia temporal. Tanto assim que o art. 105 do CP estabelece que: Art. 105 - O perdo do ofendido, nos crimes em que somente se procede mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ao. Ora, se o artigo fala em Òcrimes em que somente se procede mediante queixaÓ, exclui desta lista a ao penal privada subsidiria da pblica, pois esta cabvel nos crimes que so, originariamente, de ao penal PòBLICA. 4.2.4.1! Atuao do MP na ao penal privada subsidiria da pblica O MP atua em toda e qualquer ao penal. Nas aes penais pblicas, atua como acusador (autor da ao) e fiscal da lei (custos legis). Na ao penal privada o MP atua apenas como fiscal da lei (custos legis). Na ao penal privada subsidiria da pblica, todavia, temos uma atuao sui generis (peculiar), eis que o MP atua como fiscal da lei, mas por ser o original titular da ao penal, sua atuao ser bem mais ampla que nas aes privadas exclusivas. Vejamos o que diz o art. 29 do CPP: Art. 29. Ser admitida ao privada nos crimes de ao pblica, se esta no for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministrio Pblico aditar a queixa, repudi-la e oferecer denncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligncia do querelante, retomar a ao como parte principal. O MP pode, especificamente no caso da ao penal privada subsidiria da pblica: ⇒! Aditar a queixa Ð Com relao a este aditamento, ele pode se referir a qualquer aspecto (incluso de rus, incluso de qualificadoras, etc.). Na ao penal privada exclusiva o MP at pode 20 Na Jurisprudncia, por todos: (AgRg no RMS 27.518/SP, Rel.Ministro MARCO AURLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 20/02/2014, DJe 27/02/2014) Na Doutrina, por todos: PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 159 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo aditar a queixa, mas apenas em relao a elementos formais, nunca em relao a elementos essenciais (no pode o MP, na ao penal privada exclusiva, incluir um ru, por exemplo). ⇒! Repudiar a queixa Ð O MP s pode repudiar a queixa quando alegar que no ficou inerte, ou seja, que no hiptese de ajuizamento da queixa-crime subsidiria. Neste caso, dever desde logo apresentar a denncia substitutiva. ⇒! Retomar a ao como parte principal Ð Aqui o querelante (a vtima) negligente na conduo de causa, cabendo ao MP retomar a ao como parte principal (como autor da ao). 4.2.5!Ao penal personalssima Trata-se de modalidade de ao penal privada exclusiva, cuja nica diferena que, nesta hiptese, somente o ofendido21 (mais ningum, em hiptese nenhuma!) poder ajuizar a ao22. Assim, se o ofendido falecer, nada mais haver a ser feito, estando extinta a punibilidade, pois a legitimidade no se estende aos sucessores, como acontece nos demais crimes de ao privada. Alm disso, se o ofendido menor, o seu representante no pode ajuizar a demanda. Assim, deve o ofendido aguardar a maioridade para ajuizar a ao penal privada. 4.3!Denncia e queixa: elementos A denncia ou queixa deve conter alguns elementos: 4.3.1!Exposio do fato criminoso Deve a inicial acusatria (denncia ou queixa) expor de forma detalhada o fato criminoso, com todas as suas circunstncias, at para permitir o exerccio do direito de defesa. 21 A nica hiptese ainda existente no nosso ordenamento o crime previsto no art. 236 do CP: Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que no seja casamento anterior: Pena - deteno, de seis meses a dois anos. Pargrafo nico - A ao penal depende de queixa do contraente enganado e no pode ser intentada seno depois de transitar em julgado a sentena que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 22 PACELLI, Eugnio. Op. cit., p. 157/158 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo 4.3.2!Qualificao do acusado Deve a inicial, ainda, conter a qualificao do acusado. Se o acusador no dispuser da qualificao completa do acusado, por faltarem informaes, dever ao menos indicar os elementos pelos quais seja possvel identifica-lo (marcas no corpo, caractersticas fsicas diversas, etc.). 4.3.3!Classificao do delito (tipificao do delito) a simples indicao do dispositivo legal violado pelo acusado (art. 155, no crime de furto, por exemplo). Entende-se que este requisito no indispensvel, pois o acusado se defende dos fatos, e no dos dispositivos imputados. Assim, se a inicial narrar um roubo mas indicar o dispositivo do furto (indicar o art. 155, erroneamente), o Juiz poder, mais frente, corrigir o equvoco. 4.3.4!Rol de testemunhas A inicial acusatria deve vir acompanhada do rol de testemunhas, quando houver. 4.3.5!Endereamento Deve a inicial ser endereada ao Juiz competente para apreciar o caso. O endereamento errneo, porm, no invalida a pea acusatria. 4.3.6!Redao em vernculo Deve a inicial acusatria ser escrita em portugus (todos os atos processuais devem ser praticados em lngua portuguesa ou traduzidos para o portugus). 4.3.7!Subscrio Deve a inicial acusatria ser assinada pelo membro do MP (denncia) ou pelo advogado do querelante (no caso da queixa-crime). 5! AÌO CIVIL EX DELICTO A ao civil ex delicto nada mais que a ao ajuizada no Juzo Cvel, pela vtima ou seus herdeiros, com vistas apurao do dano 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo produzido pelo infrator, e condenao do mesmo ao pagamento da indenizao cabvel. A ao civil ex delicto pode ser ajuizada tendo como TêTULO EXECUTIVO a sentena penal CONDENATîRIA ou ser ajuizada como mera ao cvel de conhecimento, independentemente da esfera criminal. Vejamos o art. 63 do CPP: Art. 63. Transitada em julgado a sentena condenatria, podero promover- lhe a execuo, no juzo cvel, para o efeito da reparao do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros. Pargrafo nico. Transitada em julgado a sentena condenatria, a execuo poder ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste Cdigo sem prejuzo da liquidao para a apurao do dano efetivamente sofrido. (Includo pela Lei n¼ 11.719, de 2008). Art. 64. Sem prejuzo do disposto no artigo anterior, a ao para ressarcimento do dano poder ser proposta no juzo cvel, contra o autor do crime e, se for caso, contra o responsvel civil. (Vide Lei n¼ 5.970, de 1973) Vejam que o ¤ nico do art. 63 permite, inclusive, que a execuo seja feita com base no valor certo fixado pelo Juiz na sentena condenatria (conforme a novel previso do art. 387, IV do CPP), embora seja permitida a liquidao da sentena para apurao do real valor devido. Assim, a vtima tem DUAS OPÍES: ¥! Ajuizar uma ao na Vara Cvel, independentemente da ao criminal que corre paralelamente. ¥! Esperar o julgamento do processo criminal para utilizar a sentena condenatria como TêTULO EXECUTIVO no Juzo Cvel, de forma a ÒpularÓ a fase do processo de conhecimento, partindo direto para a execuo. Caso a vtima deseje esperar o desfecho do processo criminal, ela dever aguardar o TRåNSITO EM JULGADO DA SENTENA CONDENATîRIA, no podendo se utilizar da mera sentena condenatria RECORRêVEL, ou seja, no existe execuo provisria da sentena criminal no Juzo cvel. Sendo ajuizada a ao penal DEPOIS de ajuizada a ao de reparao civil, poder (O Juiz no est obrigado) o Juiz da Vara Cvel SUSPENDER o curso da ao cvel at o julgamento final da ao penal, para EVITAR DECISÍES CONFLITANTES DENTRO DO JUDICIçRIO (Pois o fato o mesmo). Essa previso est contida no art. 64, ¤ nico do CPP: Art. 64 (...) Pargrafo nico. Intentada a ao penal, o juiz da ao civil poder suspender o curso desta, at o julgamento definitivo daquela. 01377082628 - WESLLEY DE OLIVEIRA SILVA Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 10 CURSO DE D. PROCESSUAL PENAL PARA PC-MG (2018) Ð DELEGADO DE POLêCIA Teoria e questes Aula 02 Ð Prof. Renan Araujo Embora as esferas cvel e criminal sejam INDEPENDENTES, ocorrendo alguns resultados no bojo do processo criminal, eles repercutiro na esfera cvel, fazendo coisa julgada material naquela esfera. Como assim? A ao cvel poder ser proposta normalmente, independentemente da ao penal. No entanto, ocorrendo alguns tipos de desfechos na ao penal, a questo no poder mais ser discutida no Juzo Cvel23. So elas: ü! Se o acusado for ABSOLVIDO POR INEXISTæNCIA DO FATO. ü! ABSOLVIDO
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