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Introdução A tuberculose é uma doença granulomatosa crônica contagiosa, causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Comumente, acomete os pulmões, mas pode afetar qualquer órgão ou tecido. Histórico Epidemiologia O agravo atinge a todos os grupos etários, com maior predomínio nos indivíduos economicamente ativos (15 - 54 anos) e do sexo masculino. Nos pacientes adultos, maiores de 15 anos, a Tuberculose pulmonar é a forma mais frequente, atingindo cerca de 90% dos casos. Nos menores de 15 anos, este percentual é de 75%, podendo, entretanto, se localizar em outras partes do organismo: rins, ossos e meninges, dentre outras, em função das quais se expressará clinicamente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, no mundo, 10,4 milhões de pessoas tiveram tuberculose em 2015, e mais de 1 milhão morreram por conta da doença. Esses resultados configuram a tuberculose como um grave problema de saúde pública, salientando-se que a OMS a reconhece como a doença infecciosa de maior mortalidade no mundo, superando o HIV e a malária juntos. Incidência: 2007-2016 houve uma variação de -1,7%/ano. Apesar dessa redução, convém ressaltar que a meta para eliminação da tuberculose como problema de saúde pública no Brasil é de <10 casos para cada 100 mil hab. Vale salientar que esse resultado apenas será alcançado caso haja melhoria no cenário atual de alguns indicadores operacionais e epidemiológicos – por exemplo, a redução do coeficiente de incidência de aids. Risco de adoecimento por tuberculose: 67,2/100 mil hab. no Amazonas, em 2016. O coeficiente de mortalidade por tuberculose no Brasil apresentou redução de 15,4% no período de 2006 a 2015. Apesar dessa redução, em 2015, o Brasil ainda registrou 4.543 óbitos por tuberculose sendo o risco de óbito no Amazonas 3,2/100 mil hab. Nas áreas do mundo nas quais a AIDS é prevalente, o HIV tem se tornado o fator de risco isolado mais importante para o desenvolvimento de tuberculose, que é a principal causa de morte, por doença infecciosa, em pessoas vivendo com HIV/aids, e o uso da terapia antirretroviral em pacientes coinfectados reduz a mortalidade nesse grupo mais vulnerável. A tuberculose permanece a principal causa de óbitos ao redor do mundo em pessoas privadas em termos econômicos e de saúde, uma vez que prospera em condições de pobreza, aglomeração e doença debilitante crônica. Pessoas idosas são vulneráveis devido à debilidade do sistema imunológico. Etiologia M. tuberculosis, também conhecido como bacilo de Koch (BK). O complexo M. tuberculosis e constituido de várias especies: M. tuberculosis hominis, M. bovis, M. avium, M. africanum, M. microti e M. pinnipedii. As micobactérias são bacilos delgados, álcool-ácido resistentes (isto é, possuem alto conteúdo de lipídios complexos que prontamente coram-se pela técnica de Ziehl- Neelsen [fucsina carbol] e subsequentemente resistem à descoloração). O M. tuberculosis é um bacilo não formador de esporos, sem flagelos, não produtor de toxina, aeróbio estrito e intracelular facultativo. É capaz de sobreviver no interior de células fagocitárias. Apresenta longo período de geração (16 a 20 h), dependendo da oferta de oxigênio, de nutrientes e do pH do meio. Devido à presença de uma parede celular complexa que contém grandes quantidades de lipídeos, o bacilo é protegido da ação de agentes químicos, embora seja facilmente destruído por agentes físicos. A trasmissão usualmente é direta e por inalação de microrganismos aerossolizados, quando um indivíduo infectado tosse, elimina gotículas contaminadas, chamadas gotículas de Flügge, que permanecem algumas horas em suspensão no ar. Ao se inspirar o ar contendo essas gotículas aspira-se o núcleo seco da gotícula, chamado de núcleo de Wells contendo de um a três bacilos, atinge os bronquíolos e os alvéolos. Outras formas de contaminação são através de expectoração ou exposição a secreções contaminadas oriundas de pessoas infectadas. Período de transmissibilidade: Enquanto o doente estiver eliminando bacilos e não houver iniciado o tratamento. Com o início do esquema terapêutico recomendado, a transmissão é reduzida, gradativamente, a níveis insignificantes, ao fim de poucos dias ou semanas. As crianças, com Tuberculose pulmonar, geralmente não são infectantes. A tuberculose orofaríngea e intestinal adquirida pela ingestão de leite contaminado com Mycobacterium bovis é rara em nações desenvolvidas, porém ainda é observada em países portadores de bovinos leiteiros tuberculosos e naqueles com venda de leite não pasteurizado. Outras micobactérias, em especial as do complexo Mycobacterium avium, são muito menos virulentas em relação ao M. tuberculosis e raramente causam doença em pessoas imunocompetentes. Entretanto, causam doença em 10-30% dos pacientes com AIDS. É importante que a infecção por M. tuberculosis seja diferenciada da doença. A infecção é a presença dos organismos, os quais podem ou não causar a doença clinicamente significativa. Na maioria das pessoas, a tuberculose primária é assintomática, apesar de poder causar febre e efusão pleural. Organismos viáveis podem permanecer dormentes em tais lesões por décadas. Se as defesas imunes forem diminuídas, a infecção pode reativar para produzir doença comunicável e potencialmente ameaçadora à vida. Após a infecção pelo M. tuberculosis, transcorrem, em média, 4 a 12 semanas para a detecção das lesões primarias. A maioria dos novos casos de doença pulmonar ocorre em torno de 12 meses após a infecção inicial. Patogenia Pessoas imunocompetentes irão bloquear uma infecção potencial com macrófagos ativados, especialmente se a dose infectante for baixa, uma vez que a agressão por um microrganismo é seguida de uma reação inflamatória inespecífica (resposta imunitária inata), que consiste na migração de leucócitos (células efetoras) para os tecidos a fim de eliminar ou conter o agente invasor, resposta que geralmente é eficaz na eliminação do patógeno. Se a infecção progredir, o hospedeiro isola os patógenos em uma lesão fechada, denominada tubérculo (significando protrusão ou massa), uma característica que dá à doença seu nome. Quando a doença é interrompida neste ponto, as lesões cicatrizam lentamente, tornando-se calcificadas. Elas são mostradas claramente nos raios X, e são denominadas complexos de Ghon (a tomografia computadorizada [TC] é mais sensível que os raios X para detectar lesões por TB). Se as defesas do corpo falham nesse estágio, o tubérculo se rompe e libera bacilos virulentos nas vias aéreas do pulmão, e então nos sistemas cardiovascular e linfático. Tuberculose primária Na maioria dos indivíduos, a tuberculose primária, apesar da bacteremia, é assintomática e tem evolução “benigna”. O primeiro contato do bacilo com o indivíduo (primoinfecção) determina diversas reações: exsudativa (nódulo exsudativo), produtiva (granuloma duro), produtivo-caseosa (granuloma com necrose caseosa) ou cicatrizante (nódulo calcificado). As manifestações patológicas da tuberculose, como os granulomas caseosos e a cavitação, são resultado da hipersensibilidade que se desenvolve em conjunto com a resposta imune do hospedeiro. Reação exsudativa Os bacilos inalados chegam aos alvéolos, onde macrófagos alveolares e células polimorfonucleares - neutrófilos - atraídos por PAMPs da bactéria são a primeira linha de defesa do hospedeiro. Nas três primeiras semanas de infecção, a resposta inflamatória pulmonar é inespecífica (pode ser confundida com pneumonia ou até mesmo um quadro gripal) e feita por neutrófilos e macrófagos. O bacilo penetra em macrófagos por endocitose mediada por diversos receptoresdos macrófagos, PRRs de manose se ligam à lipoarabinomanana, um glicolipídeo da parede celular bacteriana, e receptores do sistema complementos se ligam à bactérias previamente opsonizadas. Apesar de fagocitarem os bacilos, os macrófagos não os destroem, pois componentes do BK bloqueiam a fusão dos fagossomos com os lisossomos, impedindo a formação dos fagolisossomos, eficientes na eliminação microbiana. Com isso, os bacilos permanecem vivos e se proliferam dentro dos macófagos. Reação produtiva Como a resposta puramente exsudativa não é suficiente para conter o avanço do bacilo, é acionada uma segunda linha de defesa. Macrófagos contendo bacilos liberam IL-12, que estimula linfócitos T de padrão Th1 a liberar citocinas, sobretudo interferon- γ (IFN-γ), que é o principal ativador de macrófagos, tornando-os capazes de matar os microrganismos. O interferon estimula a formação de fagolisossomos nos macrófagos infectados, expondo as bactérias a um ambiente ácido inóspito. O interferon também é capaz de produzir óxido nítrico, capaz de destruir diversos constituintes micobacterianos. O interferon também orquestra a formação de granulomas e necrose caseosa. Por ação do IFN-γ, macrófagos ativados transformam-se em células epitelioides; estas tendem a se aglomerar e a formar sincícios, originando células gigantes multinucleadas. Com a organização dessas células, a inflamação adquire o padrão granulomatoso. Na tuberculose, os granulomas contêm uma ou mais células gigantes no centro, ao redor das quais existem células epitelioides; na periferia, encontram-se linfócitos, macrófagos recém-chegados e poucos plasmócitos. Em algumas pessoas, a infecção progride devido à idade avançada ou imunossupressão, e a resposta imune contínua resulta em destruição tecidual devido a caseação e cavitação. Reação produtivo-caseosa Macrófagos, células epitelioides e linfócitos T causam a morte dos bacilos existentes no granuloma. Dependendo do número de bacilos presentes e do grau de hipersensibilidade do hospedeiro, surge necrose caseosa no centro do granuloma. Quanto maior a carga de bacilos e maior o grau de hipersensibilidade do hospedeiro, maior é a extensão da necrose nos granulomas. Reação de cicatrização Com a morte dos bacilos e o controle da multiplicação bacteriana, o granuloma segue o curso natural de reparação de toda reação inflamatória, que é sua colagenização induzida pelo fator de crescimento de fibroblastos (FGF) secretado por macrófagos. Com isso, a lesão entra em processo de cicatrização, hialinização e calcificação. Complexo de Ghon A reação inflamatória inicial e os granulomas, com ou sem necrose, formam-se preferencialmente na região inferior do lobo superior ou na superior do lobo inferior. O conjunto desses granulomas recebe o nome de nódulo de Ghon. A partir deste, os bacilos alcançam os vasos linfáticos e os linfonodos hilares, onde promovem o mesmo tipo de reação inflamatória, ou seja, linfadenite granulomatosa. Ao conjunto de nódulo de Ghon e linfadenite dá-se o nome de complexo primário ou complexo de Ghon. Esse complexo primário pode ter dois destinos: (1) cura, que ocorre na grande maioria dos casos. Em certas pessoas, alguns bacilos podem permanecer latentes (viáveis) nesses locais por muito tempo, mas sem provocar lesões (forma latente). (2) tuberculose- doença. Quando não há cura da infecção, os bacilos persistem nos tecidos, multiplicando- se e podem se disseminar para os próprios pulmões (pelas vias aéreas) ou para outros órgãos (pela via sanguínea). Esse quadro constitui a tuberculose primária progressiva. Tuberculose secundária Mais comum em adultos, é aquela que ocorre em indivíduo que teve anteriormente a primoinfecção. Como já comentado, após a infecção primária os bacilos podem se retirar a um estado latente e metabolicamente inerte. Na vida adulta, por qualquer condição que resulte em queda da imunidade, os bacilos latentes voltam a se multiplicar e dão origem a novos granulomas e a novas lesões (tuberculose por reativação). Por serem aeróbios, os bacilos multiplicam-se preferencialmente nos ápices pulmonares (porções mais aeradas, com maior tensão de oxigênio e menor fluxo sanguíneo), onde as lesões da tuberculose secundária são mais comuns. Outras vezes, o indivíduo que teve a primoinfecção curada bacteriologicamente sofre uma nova infecção. Por isso, a tuberculose secundária é também conhecida como tuberculose do adulto ou tuberculose de reinfecção, podendo esta ser endógena ou exógena. As lesões da tuberculose secundária apresentam-se em quatro formas macroscópicas: apical, cavernosa, ácino-nodosa e miliar. Tuberculose apical A reativação dos bacilos dá origem a granulomas produtivos, granulomas produtivo-caseosos e nódulos fibrocalcificados, em razão de surtos repetidos de ativação, formação de granulomas e neoformação conjuntiva. Por essa razão, nesses casos são frequentes extensas lesões fibrocaseosas nos ápices pulmonares. Tuberculose cavernosa Quando ocorre necrose extensa nos locais atingidos, o material necrótico se liquefaz e é drenado por um brônquio, dando origem a grandes cavitações conhecidas como cavernas tuberculosas. Quando há destruição também de vasos sanguíneos, surge hemoptise. O número, o tamanho e a forma das cavernas variam bastante. Com a fibrose que se forma na sua parede e no parênquima adjacente, às vezes podem surgir outras lesões pulmonares Tuberculose miliar Com a expansão das lesões destrutivas, os bacilos podem penetrar nos vasos sanguíneos, através dos quais são levados a outros pontos no próprio pulmão e a vários outros órgãos, sobretudo fígado, baço, rins, meninges e medula óssea. Forma-se assim grande número de pequenos nódulos inflamatórios nos locais atingidos (nódulos miliares), constituindo a tuberculose miliar Tuberculose ácino-nodosa A partir da lesão apical ou de reativação da lesão primária, pode haver proliferação dos bacilos e sua disseminação pelas vias aéreas. O transporte dos bacilos através dos brônquios por ação dos movimentos respiratórios leva ao aparecimento de lesões axiais peribrônquicas que acompanham a histoarquitetura pulmonar. Nesses casos, a inflamação granulomatosa compromete caracteristicamente ácinos pulmonares inteiros, podendo ser reconhecida macroscopicamente como condensação parenquimatosa com a forma acinar. Quando ácinos adjacentes são acometidos, formam-se as lesões em trevo. Se os bacilos atingem a pleura, forma-se pleurite tuberculosa, com derrame pleural. Manifestações clínicas As manifestações clínicas da tuberculose formam um espectro variável, que depende de fatores do hospedeiro, do patógeno e da interação destes, a virulência do bacilo, a quantidade do inóculo e a suscetibilidade genética do hospedeiro também influenciam a apresentação clínica da doença Cerca de 5% das pessoas primo-infectadas desenvolvem doença clinicamente significativa. Em contraste com a tuberculose secundária, a tuberculose primária progressiva mais frequentemente se assemelha a uma pneumonia bacteriana aguda. A forma pulmonar se manifesta mais comumente como infiltrado nas regiões média e inferior dos pulmões, associado a linfadenomegalia hilar ipisilateral. Pode ocorrer atelectasia resultante da compressão brônquica extrínseca provocada pela linfadenomegalia (síndrome do lobo médio). Essa forma da doença é responsável por grande número dos achados de nódulo pulmonar e/ou ganglionar calcificado em radiografia de tórax realizada por outro motivo. A tosse é o sintoma mais comum da tuberculose pulmonar, geralmente produtiva. A hemoptise ocorre como sintoma inicial em menos de 25% dos casosde doença em atividade. A dor pleurítica advém da inflamação do parênquima pulmonar adjacente à pleura. A dispneia correlaciona-se com o acometimento extenso do pulmão, que pode evoluir para insuficiência respiratória. Os sintomas sistêmicos, em sua maioria, são relacionados a citocinas liberadas por macrófagos ativados: febre é o mais frequente, ocorrendo em até 80% dos doentes, tendo como característica não exceder 38°C e surgir preferencialmente no período vespertino. Perda de peso, suores noturnos, perda de apetite, fraqueza e astenia são sintomas correlacionados com a TB, mas podem estar relacionados com doenças concomitantes. Os sintomas dependem do órgão acometido e são resultantes dos processos inflamatório e obstrutivo provocados pelas lesões. Os sintomas sistêmicos são muito menos frequentes. Abordagem diagnóstica atual É baseada nos sintomas e epidemiologia. Exames laboratoriais As manifestações hematológicas mais comuns são leucocitose e anemia, porém monocitose e eosinofilia também ocorrem. Sendo a anemia mais comum nos portadores de doença disseminada. Pancitopenia, geralmente, é consequência do acometimento da medula óssea pela tuberculose. A hiponatremia é o distúrbio hidroeletrolítico mais comum e é secundário a uma substância análoga ao hormônio antidiurético produzida pelo tecido pulmonar doente. Baciloscopia direta do escarro É o método prioritário, permite identificar o doente bacilifero. Método simples e seguro, deve ser realizado por todos os laboratórios. A baciloscopia direta deverá ser indicada para todos os sintomáticos respiratórios (indivíduo com tosse e expectoração por três semanas e mais). Deverá ser dada ênfase, para realização deste exame, em pacientes que apresentem alterações pulmonares na radiografia de tórax e nos contatos de Tuberculose pulmonar baciliferos. Também é utilizada para acompanhar a evolução bacteriológica do paciente pulmonar, inicialmente positivo, durante o tratamento. O controle bacteriológico deve ser de preferência mensal e, obrigatoriamente, ao término do segundo, quarto e sexto mês de tratamento. Recomenda-se, para o diagnóstico, a coleta de duas amostras de escarro: uma por ocasião da primeira consulta, e a segunda na manhã do dia seguinte, ao despertar. Cultura de escarro ou outras secreções É indicada para suspeitos de Tuberculose pulmonar negativos ao exame direto do escarro, e para o diagnóstico de formas extrapulmonares, como meníngea, renal, pleural, óssea e ganglionar, e também para o diagnóstico de Tuberculose em pacientes HIV positivo. Também está indicada a solicitação desse exame acompanhado do teste de sensibilidade, nos casos de suspeita de resistência bacteriana às drogas, ou ao final do segundo mês de tratamento quando a baciloscopia se mantém positiva, retratamento após falência ao esquema básico ou reinício após abandono. Exame radiológico É auxiliar no diagnóstico da Tuberculose, justificando-se sua utilização, se possível, nos casos suspeitos. Este exame permite a identificação de pessoas portadoras de imagens sugestivas de Tuberculose, ou de outras patologias. O exame radiológico, em pacientes com baciloscopia positiva, tem como função principal, a exclusão de outra doença pulmonar associada, que necessite de tratamento concomitante, além de permitir avaliação da evolução radiológica dos pacientes, sobretudo daqueles que não responderam a quimioterapia. Tomografia computadorizada de tórax Método diagnostico útil, notadamente a tomografia computadorizada de alta resolução, em alguns casos em que a radiografia do tórax apresenta resultados imprecisos, por alterações parenquimatosas mínimas ou por não permitir distinguir lesões antigas das lesões da Tuberculose ativa. No entanto, esse método é de maior custo e menor oferta, restrito aos centros de referência. Prova tuberculínica ou teste de Mantoux Indicada, como método auxiliar, no diagnóstico da Tuberculose, em pessoas não vacinadas com BCG ou indivíduos infectados pelo HIV. A prova tuberculínica quando positiva, isoladamente, indica apenas a presença de infecção, e não é suficiente para o diagnóstico da Tuberculose doença. No Brasil, a tuberculina usada é o PPD RT23, aplicado por via intradérmica, no terço médio da face anterior do antebraco esquerdo, na dose de 0,1ml, equivalente a 2UT (unidades de tuberculina). A leitura da prova tuberculínica é realizada de 48 a 72 horas após a aplicação, podendo este prazo ser estendido para 96 horas, caso o paciente falte a consulta de leitura na data agendada. O maior diâmetro transverso da área de endurecimento palpável deve ser medido com régua milimetrada, e o resultado, registrado em milímetros. A interpretação do resultado depende da probabilidade de infecção latente, do risco de adoecimento por TB, do tamanho do endurado e da idade. Todos os indivíduos infectados pelo HIV devem ser submetidos à prova tuberculínica. Enduração ≥5mm reflete infecção latente, para qual deve ser iniciada a quimioprofilaxia (ou tratamento da infecção latente) com isoniazida, após exclusão de Tuberculose ativa. Para pacientes com enduração entre 0 e 4mm, e em uso de terapia anti- retroviral, recomenda-se fazer o teste seis meses após o início da terapia, devido à possibilidade de restauração da resposta tuberculínica e anualmente após a recuperação (reconstituição) imune. Exame anatomopatológico Sempre que possível, nas formas extrapulmonares, deve-se realizar a biópsia. No material colhido será feito o exame direto, a cultura e o exame anatomo-patologico, para identificar o M. tuberculosis, ou o processo inflamatório granulomatoso compatível com a Tuberculose. Citação da terapêutica atual O tratamento da Tuberculose deve ser feito em regime ambulatorial, supervisionado, no serviço de saúde mais próximo da residência do doente. Antes de iniciar a quimioterapia, e necessário orientar o paciente quanto ao tratamento. Para isso, deve-se explicar, em linguagem acessível, as características da doença e o esquema de tratamento que será seguido - drogas, duração, benefícios do uso regular da medicação, consequências advindas do abandono do tratamento e possíveis efeitos adversos dos medicamentos. Principal estratégia do novo modelo de atenção ao paciente com Tuberculose, o DOTS, Estratégia de Tratamento Diretamente Observado, é fator essencial para se promover o real e efetivo controle da Tuberculose. A estratégia DOTS visa o aumento da adesão dos pacientes, maior descoberta das fontes de infecção (pacientes pulmonares bacilíferos), e o aumento da cura, reduzindo-se o risco de transmissão da doença na comunidade. As drogas usadas, nos esquemas padronizados, são as seguintes: Isoniazida – H Rifampicina - R Pirazinamida – Z Etambutol – E É recomendado o uso de Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol na primeira fase do tratamento durante dois meses seguidos de Rifampicina e Isoniazida durante quatro meses, mantendo dessa forma o regime de curta duração de 6 meses. Para crianças menores de 10 anos de idade continua a recomendação com 3 fármacos na primeira fase (RHZ) e 2 fármacos (RH) na segunda fase. Primeira fase ou de ataque - As 4 drogas preconizadas serão administradas em comprimidos compostos por dosagens fixas de Rifampicina – 150mg, Isoniazida – 75mg, Pirazinamida – 400mg e Etambutol – 275mg. Segunda fase, ou de manutenção - As 2 drogas preconizadas serão administradas em comprimidos com dosagens fixas de Rifampicina – 150mg e Isoniazida – 75mg. Em casos individualizados, cuja evolução clínica inicial não tenha sido satisfatória, ou ainda nos casos de TB extrapulmonar, com a orientaçãode especialistas ou profissionais de unidades de referência, o tempo de tratamento poderá ser prolongado, na sua 2a fase, por mais três meses. Diagnóstico diferencial Pneumonias, micoses pulmonares (paracoccidioidomicose, histoplasmose), sarcoidose e carcinoma brônquico, dentre outras enfermidades.
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