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APG 16 - Medo de ser o próximo Nayara Viana, 3 período, unifipmoc Objetivos: Analisar a classe de bactérias que pertencem às micobactérias. Compreender a etiologia, epidemiologia e fisiopatologia da tuberculose. Elucidar a prevenção, fatores de risco, diagnóstico e tratamento da tuberculose. Descrever o tratamento diferenciado para pacientes com resitência bacteriana. Micobactérias A TB é causada pela infecção com qualquer um dos três membros do complexo M. tuberculosis: M. tuberculosis, M. africanum ou M. bovis. As bactérias do gênero Mycobacterium são bastonetes delgados, aeróbicos, que crescem em cadeias retas ou ramificadas. As micobactérias possuem uma parede celular única, cerácea, composta por glicolipídios e lipídios incomuns, incluindo ácido micólico, que as torna acidorresistentes, significando que elas irão reter colorações mesmo com tratamento com uma mistura de ácido e álcool. A base para a”resistência ao ácido“ é o revestimento ceroso do organismo, que é composto de ácido micólico e outros lipopolissacarídeos complexos. Elas são fracamente Gram-positivas. Esse organismo causador é um bacilo delgado, imóvel, não formador de esporos, não produtor de toxinas. É um aeróbio facultativo de crescimento lento (tempo de duplicação de 18 a 24 horas) que pode persistir intracelularmente por longos períodos de tempo. São semelhantes às outras bactérias, com exceção de sua cápsula cerosa externa que as torna mais resistentes à destruição. O bacilo da tuberculose pode persistir em lesões necróticas e calcificadas antigas e manter sua capacidade de reiniciar a proliferação. O Mycobacterium tuberculosis hominis é o tipo mais frequente de tuberculose que ameaça seres humanos. Existe também a miobactéria Mycobacterium aviumintracellulare (MAI) que são muito menos virulentas que o M. tuberculosis hominis. Raramente causam doença, exceto nos indivíduos gravemente imunossuprimidos, inclusive pacientes infectados pelo HIV. E em geral é transmitido pela ingestão de alimentos ou água contaminada. Mycobacterium tuberculosis hominis é um microrganismo disseminado pelo ar em diminutas partículas invisíveis conhecidas como núcleos goticulares, acumuladas nas secreções respiratórias dos pacientes com tuberculose em atividade. Tossir, espirrar e falar produzem gotículas respiratórias. Essas gotículas evaporam e abrigam os microrganismos (núcleos goticulares), que permanecem suspensos no ar e são transportados pelas correntes de ar. Desse modo, viver em condições de aglomeração e ambientes confinados aumenta o risco de disseminação da doença. Etiologia A parede celular da micobatérias diminui sua permeabilidade aos antibióticos e aumenta sua sobrevivência no interior de macrófagos, o que dificulta sua eliminação. É transmitido por via aérea de uma pessoa “bacilífera” com TB pulmonar ou laríngea, que elimina bacilos no ambiente e estes podem ficar suspensos em pequenas partículas no ar. O termo “bacilífero” se refere a uma pessoa com TB pulmonar ou laríngea e com amostra positiva no exame de escarro. Essa trans missão ocorre por via respiratória, por meio da inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro. As partículas menores de bacilos (núcleos de Wells) contêm um a dois bacilos que podem ficar suspensas no ar por horas, capazes de infectar outros indivíduos. É por isso que, embora a tuberculose possa se apresentar de diversas formas, a forma pulmonar tem maior relevância no contexto epidemiológico, por ser a que mais frequentemente torna o paciente capaz de transmitir o bacilo. A pessoa bacilífera pode infectar até 10 a 15 pessoas, em média, de uma comunidade no período de um ano. Após o início do tratamento, a transmissão cai gradualmente, tornando-se muito baixa após cerca de quinze dias, tornando importante a boa adesão e o acompanhamento por baciloscopia de controle. Epidemiologia De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que a tuberculose afete mais de um bilhão de indivíduos em todo o mundo, com 8,7 milhões de novos casos e 1,4 milhão de mortes por ano. Nayara Viana, 3 período, unifipmoc A tuberculose é mais comum entre indivíduos: o Nascidos em países com incidência alta da infecção. Residentes de instituições com aglomerações de alto risco (ex. unidades correcionais, serviços de tratamento de adictos e abrigos para pessoas sem lar e etc). TB ocorre com mais frequência em homens do que em mulheres, e a maior prevalência da doença é em jovens adultos. A infecção pelo HIV tem um profundo efeito na epidemiologia da TB, acelerando a história natural da doença e promovendo progressão da infecção para TB ativa. Estima-se que 1,1 milhões de indivíduos infectados pelo HIV tenham TB ao redor do mundo. A TB é a principal causa de óbito em indivíduos infectados pelo HIV. A tuberculose em qualquer lugar onde exista pobreza, aglomeração, e doença debilitante crônica. No Brasil os estados que possuem maiores índices da doença são o rio de janeiro e o amazonas, Em 2020, o Brasil registrou 66.819 casos novos de TB, com um coeficiente de incidência de 31,6 casos por 100 mil habitantes. Em 2019, foram notificados cerca de 4,5 mil óbitos pela doença, com um coeficiente de mortalidade de 2,2 óbitos por 100 mil habitantes. É importante que a infecção pelo M. tuberculosis seja diferenciada da doença ativa. Amaioria das infecções é adquirida pela transmissão de pessoa a pessoa de organismos veiculados pelo ar, de um caso ativo para um hospedeiro suscetível. Na maioria das pessoas saudáveis, a tuberculose primária é assintomática, apesar de poder causar febre e derrame pleural. Geralmente, a única evidência da infecção, se alguma permanecer, é um nódulo pulmonar pequenino e fibrocalcificado no local da infecção. Organismos viáveis podem permanecer dormentes por décadas em tais lesões. Se as defesas imunes forem diminuídas, a infecção pode ser reativada, causando uma doença transmissível e potencialmente com risco de morte. Ainfecção tipicamente leva ao desenvolvimento de hipersensibilidade tardia aos antígenos do M. tuberculosis, que podem ser detectados através do teste dérmico da tuberculina (PPD ou Mantoux). Cerca de 2 a 4 semanas após a infecção, a injeção intracutânea de derivado proteico purificado do M. tuberculosis induz uma induração visível e palpável, que tem seu pico em 48 a 72 horas. O teste da tuberculina positivo significa imunidade mediada por células T aos antígenos micobacterianos, porém não faz distinção entre a infecção e a doença ativa. Reações falso-negativas podem ocorrer em certas situações como infecções virais, sarcoidose, desnutrição, linfoma de Hodgkin, imunossupressão e (notavelmente) doença tuberculosa ativa incontrolável. Reações falso-positivas podem resultar da infecção por micobactérias atípicas ou vacinação prévia com BCG (Bacilo Calmette-Guerin), uma cepa atenuada de M. bovis que é utilizada como vacina em alguns países. Fisiopatologia A evolução da infecção em uma pessoa imunocompetente não previamente exposta depende do desenvolvimento da imunidade antimicobacteriana mediada por células T. Essas células T controlam a resposta do hospedeiro às bactérias e também resultam no desenvolvimento de lesões patológicas, tais como granulomas caseosos e cavitação. Cedo na infecção, o M. tuberculosis se multiplica essencialmente de forma incontrolada dentro dos macrófagos, enquanto mais tarde, na infecção, a resposta celular estimula os macrófagos a controlarem a proliferação da bactéria. Os passos na infecção são os seguintes: Entrada nos macrófagos: O M. tuberculosis entra nos macrófagos pela fagocitose mediada por vários receptores expressos no fagócito, incluindo a lectina ligada à manose e o CR3. Replicaçãonos macrófagos: O M. tuberculosis inibe a maturação do fagossomo e bloqueia a formação do fagolisossoma, permitindo que a bactéria se multiplique de forma descontrolada dentro da vesícula, protegida dos mecanismos microbicidas dos lisossomos. A bactéria bloqueia a formação do fagolisossoma pela inibição dos sinais de Ca 2+ e do recrutamento e montagem das proteínas que medeiam a fusão fagossomo-lisossomo. Portanto, durante o estágio mais precoce da tuberculose primária (<3 semanas) em um indivíduo não sensibilizado, as bactérias proliferam nos macrófagos alveolares pulmonares e nos espaços aéreos, resultando em bacteremia e semeadura de múltiplos locais. Apesar da bacteremia, a maioria das pessoas nesse estágio é assintomática ou possui uma doença branda semelhante à gripe. Múltiplos padrões moleculares associados a patógenos do M. tuberculosis, incluindo lipoproteínas e glicolipídios, são reconhecidos pelos receptores da imunidade inata, incluindo os receptores Toll-like, como o TLR2. Isso inicia e aumenta as respostas imunes inata e Nayara Viana, 3 período, unifipmoc adaptativa ao M. tuberculosis, conforme descrito a seguir. A resposta TH1: Há uma ativação dos receptores da imunidade inata, iniciando e aumentando esse tipo de resposta ao bacilo. Uma resposta Th1 é montada após 3 semanas, e essa resposta Th1 irá produzir o IFN-gama. Este, por sua vez, através de um conjunto de processos, estimula a destruição do macrófago infectado, destruindo organelas danificadas e patógenos intracelulares como o M. tuberculosis. Porém, essa mesma resposta Th1 que estimula os macrófagos e destrói micobactérias, gera a formação de granulomar e necrose caseosa. Inflamação granulomatosa e dano tecidual. Além de estimular os macrófagos a matar a micobactéria, a resposta TH1 orquestra a formação do granulomas e a necrose caseosa. Os macrófagos ativados pelo IFN-γ se diferenciam em “histiócitos epitelioides” que se agregam para formar granulomas. Na maioria dos indivíduos, essa resposta acontece antes que a destruição tecidual provoque danos maiores. Em outros, a infecção progride, e a resposta contínua gera focos necróticos. Os macrófagos ativados também secretam TNF e quimiocinas, que atraem monócitos. Nesse contexto, a grande maioria dos indivíduos imunocompetentes irá passar por essa primeira infecção sem desenvolvimento da forma ativa da doença - apenas 2% a 5% destes irá desenvolver essa forma nos primeiros dois anos do contato com o bacilo. Duas a treze semanas após a infecção primária, a imunidade adaptativa específica consegue controlar a replicação bacteriana. Em resumo, a imunidade ao M. tuberculosis é primariamente mediada pelas células TH1, as quais estimulam os macrófagos a matar as bactérias. Essa resposta imune, embora largamente eficaz, ocorre à custa da destruição tecidual. A reativação da infecção ou reexposição aos bacilos em um hospedeiro previamente sensibilizado resulta em uma rápida mobilização de uma reação defensiva, mas também no aumento da necrose tecidual. Já que a imunidade e a resistência das células T estão correlacionadas, assim, então, a perda de imunidade das células T (indicada pela negatividade à tuberculina em um indivíduo previamente positivo para a tuberculina) pode ser um sinal ameaçador de que a resistência ao organismo enfraqueceu. Nayara Viana, 3 período, unifipmoc Após a infecção primária, 95% dos indivíduos entrarão em estado de latência, que é mantida pelo sistema imunológico ativo e competente - a evidência disso ocorre na reativação da tuberculose em momentos de imunodepressão. A ativação tardia, ou reativação, pode ocorrer em condições imunossupressoras, com o desenvolvimento de comorbidades ou até mesmo sem causa aparente. Essa reativação da doença em hospedeiro com imunidade pré-existente gera resposta inflamatória intensa, com formação de granulomas caseosos e, posteriormente – caso o pulmão esteja envolvido – de cavitação pulmonar. E de fato: a forma mais predominante da doença é justamente e tuberculose pulmonar. Logo, ocorre uma resposta imune ativa, porém diminuída, concomitante à replicação do bacilo. Devido à inflamação gerada nesse processo, há apoptose intensa, diminuindo as células T ativas contra o patógeno. Classificação A tuberculose primária é a forma da doença que se desenvolve em uma pessoa previamente não exposta e, portanto, não sensibilizada. Doença clinicamente significativa desenvolve-se em cerca de 5% das pessoas primoinfectadas. Na tuberculose primária, a fonte do organismo é exógena. Na maioria das pessoas, a infecção primária é contida, porém, em outras, a tuberculose primária é progressiva. a tuberculose primária progressiva mais frequentemente se assemelha a uma pneumonia bacteriana aguda, com consolidação do lóbulo, adenopatia hilar e derrame pleural. A disseminação linfo-hematogênica, que segue a infecção primária, pode resultar no desenvolvimento da meningite tuberculosa e na tuberculose miliar. A tuberculose secundária é o padrão da doença que surge em um hospedeiro previamente sensibilizado. Ela pode seguir logo após a tuberculose primária, porém mais comumente aparece muitos anos após a infecção inicial, usualmente quando a resistência do hospedeiro está enfraquecida. Ela mais comumente deriva da reativação de uma infecção latente, mas também pode resultar de uma reinfecção exógena, no caso de uma redução da imunidade do hospedeiro, ou quando um grande inóculo de bacilos virulentos sobrecarrega o sistema imune do hospedeiro. A tuberculose pulmonar secundária classicamente envolve o ápice dos lobos superiores de um ou ambos os pulmões. Devido à preexistência de hipersensibilidade, os bacilos causam uma imediata e marcante resposta tecidual, que tende a isolar o foco de infecção. A tuberculose secundária localizada pode ser assintomática. Quando as manifestações aparecem, elas são usualmente de início insidioso. Sintomas sistêmicos, provavelmente relacionados com citocinas liberadas pelos macrófagos ativados (p. ex., TNF e IL-1), frequentemente aparecem precocemente no curso da doença e incluem mal-estar, anorexia, perda de peso e febre. Comumente, a febre é baixa e remitente (aparecendo no fim de cada tarde e então decresce), e ocorrem suores noturnos. Com o envolvimento pulmonar progressivo, aparece um aumento na quantidade de escarro, primeiramente mucoide e depois purulento. Algum grau de hemoptise está presente em cerca de metade de todos os casos de tuberculose pulmonar. Dor pleurítica pode resultar da extensão da infecção para as superfícies pleurais. Manifestações extrapulmonares de tuberculose são numerosas e dependem do sistema de órgãos envolvido. Tipicamente, o bacilo inalado se implanta nos espaços aéreos distais da parte inferior do lobo superior ou na parte superior do lobo inferior, usualmente próximo à pleura. À medida que a sensibilização se desenvolve, surge uma área de 1 a 1,5 cm de inflamação branco-acinzentada com consolidação, conhecida como o foco de Ghon. Na maioria dos casos, o centro desse foco sofre necrose caseosa. Os bacilos da tuberculose, tanto livres como no interior dos fagócitos, são drenados para os linfonodos regionais, os quais também frequentemente sofrem caseação. Essa combinação de lesão parenquimatosa pulmonar e envolvimento nodal é referida como complexo de Ghon Nayara Viana, 3 período, unifipmoc Na tuberculose secundária, as partes superiores de ambos os pulmões estão crivadas com áreas de caseificação branco-acinzentadas e múltiplas áreas de ecimento e cavitação. As lesões da tuberculose secundária apresentam-se em quatro formas macroscópicas: Apical: extensas lesões fibrocaseosas nos ápices pulmonares. Cavernosa: quandoocorre necrose extensa nos locais atingidos, dando origem a grandes cavitações, as cavernas tuberculosas. Ácino- nodosas, ou Miliar: lesões diminutas semelhantes a sementes de painço (milhomiúdo), que resultam desse tipo de disseminação e podem afetar quase todos os órgãos, principalmente encéfalo, meninges, fígado, rins e medula óssea. Manifestações clínicas A apresentação clínica da tuberculose depende do estágio no curso natural da doença, localização e imunidade do hospedeiro. Os sintomas clássicos (que podem ocorrer em qualquer apresentação) são: febre vespertina, tosse, sudorese noturna e emagrecimento. TUBERCULOSE PULMONAR A TB pulmonar primária ocorre logo em seguida ao contato com o bacilo, sendo portanto mais comum em crianças. Fase inicial: assintomático, gripe discreta. Progressão: febre vespertina, sudorese noturna, emagrecimento, tosse, mal estar. Nayara Viana, 3 período, unifipmoc Fase avançada: dor torácica, cavitações pulmonares + eliminação de escarros hemoptoicos, comprometimento do estado geral. TUBERCULOSE PRIMÁRIA PROGRESSIVA OU DISSEMINADA Forma precoce: início abrupto, com febre, tosse escassa ou ausente; adenomegalia hilar, mediastinal, cervical ou em outras cadeias; comprometimento pulmonar segmentar ou lobar; derrame pleural. Forma tardia: febre prolongada, comprometimento de qualquer órgão ou sistema, principalmente osteoarticular, renal, pulmonar e SNC. TUBERCULOSE MILIAR A doença pulmonar miliar ocorre quando organismos drenados através dos vasos linfáticos entram no sangue venoso e circulam de volta aos pulmões. As lesões individuais são microscópicas ou pequeninas, focos (2 mm) visíveis de consolidação amarelo-esbranquiçados, dispersos pelo parênquima pulmonar (o adjetivo “miliar” é derivado da semelhança desses focos com sementes de milhete). As lesões miliares podem expandir-se e coalescer, resultando na consolidação de grandes regiões ou mesmo de todos os lobos do pulmão. A TB miliar geralmente se apresenta de forma insidiosa, consistindo em febre, perda ponderal, sudorese noturna e poucos sintomas ou sinais localizados. Pode haver meningite tuberculosa concomitante com sintomas associados. O exame físico pode mostrar tubérculo coroide (placa branco-amarelada elevada patognomônica, na fundoscopia, presente em 15% dos casos), linfadenopatia e hepatomegalia. Radiografias do tórax podem mostrar múltiplas opacidades bilaterais pequenas, denominadas infiltrados miliares. TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR É mais comum em crianças e jovens adultos, nos quais representa uma infecção primária progressiva. Ao contrário, em áreas de baixa prevalência da doença, a TB extrapulmonar isolada é mais comum, ocorre mais em idosos nos quais representa a TB de reativação. A infecção pelo HIV está associada a uma frequência mais alta de doença extrapulmonar, incluindo as formas mais sérias de TB disseminada e meningite tuberculosa Dor torácica pleurítica. Astenia, perda ponderal e anorexia. Febre com tosse seca. Em pacientes com mais tempo de evolução da doença e com derrame pleural mais volumoso, a dispneia pode estar presente. Líquido pleural tem características de exsudato. TUBERCULOSE PLEURAL O seu pico de ocorrência é de três a seis meses após a infecção primária. A manifestação típica é o início abrupto de: Febre, dor torácica pleurítica e tosse. Ocasionalmente, ocorre uma forma insidiosa consistindo em febre, perda ponderal e mal-estar. Se o derrame pleural for grande o suficiente, a dispneia pode ser observada. O exame físico mostra macicez à percussão e sons respiratórios diminuídos. Radiografias do tórax tipicamente mostram derrame pleural unilateral, mais frequentemente no hemitórax direito TUBERCULOSE GANGLIONAR PERIFÉRICA Forma mais frequente de tuberculose extra pulmonar em indivíduos coinfectados com HIV. Aumento subagudo dos linfonodos, de forma indolor e assimétrica, das cadeias cervicais anterior e posterior, bem como supraclavicular. Ao exame físico, os linfonodos estão endurecidos ou amolecidos. Evolução possível: Inflamação da pele adjacente. TUBERCULOSE PERICÁRDICA Dor torácica, tosse seca e dispneia. Pode haver febre, emagrecimento, astenia, tontura, edema de membros inferiores, dor no hipocôndrio direito (congestão hepática) e aumento do volume abdominal (ascite). Nayara Viana, 3 período, unifipmoc MENINGITE TUBERCULOSA A meningite TB é normalmente caracterizada por menos de duas semanas de febre, cefaleia e meningismo. Pode haver rebaixamento do nível de consciência, diplopia e, raramente, hemiparesia. O exame físico revela rigidez de nuca e, ocasionalmente, neuropatia de pares cranianos (VI, III, IV, VII em ordem de frequência) e sinais piramidais. Radiografias do tórax podem ser consistentes com a TBP ou a TB miliar. A TC de crânio evidencia realce das meninges basilares pós-contraste, áreas hipodensas compatíveis com infartos, hidrocefalia e, às vezes, lesões inflamatórias focais (tuberculomas). TUBERCULOSE ÓSSEA As localizações mais acometidas são a coluna vertebral e as articulações coxofemoral e do joelho. O quadro clínico é constituído de dor lombar, dor à palpação local e sudorese noturna. TUBERCULOSE GASTROINTESTINAL Febre, dor abdominal e sangramento gastrintestinal ou obstrução. Radiografias contrastadas do intestino delgado e a TC abdominal revelam comprometimento do íleo terminal, similar à doença de Crohn TUBERCULOSE PERITONEAL A síndrome clinica é causada pela descarga de secreção dos linfonodos tuberculosos no espaço peritoneal. Ascite exsudativa está normalmente presente. No exame físico, o abdome tem sido descrito como “pastoso” uma vez que alças intestinais emaranhadas podem ser palpáveis. TUBERCULOSE RENAL É possível que haja poucos sintomas e sinais associados à TB renal, embora a disúria, hematúria e dor no flanco estejam ocasionalmente presentes. O diagnóstico é geralmente sugerido pelo achado de piúria estéril ou hematúria como anomalias iniciais. Diagnóstico Bacteriológico Exame microscópico direto – Baciloscopia direta: A pesquisa do BAAR (bacilo álcool-ácido- resistente), pelo método de Ziehl-Nielsen, é a técnica mais empregada em nosso meio. Executada corretamente, diagnostica de 60% a 80% dos casos de TC pulmonar em adultos - em crianças, a sensibilidade é diminuída pela dificuldade em realizá-lo. Indicado em: Sintomático respiratório; Caso de suspeita clínica ou radiológica de TB pulmonar; Acompanhamento e controle de cura em casos confirmados; Teste rápido molecular para tuberculose: Indicado para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e laríngea em adolescentes e adultos. Esse teste identifica o DNA dos bacilos do complexo M. tuberculosis pela técnica de PCR em tempo real e sua sensibilidade é de 90% em adultos Também detecta resistência à rifampicina, um dos antibióticos usados no tratamento, com sensibilidade de 95% O exame está indicado em: Diagnóstico de novos casos de TB pulmonar e laríngea em adolescentes e adultos; Diagnóstico de formas extra-pulmonares em materiais validados (líquor, gânglios e outros); Triagem de resistência à rifampicina em casos de retratamento ou com suspeita de falência ao tratamento. Amostras recomendadas para realização do teste: escarro, escarro induzido, lavado broncoalveolar, lavado gástrico, líquor, gânglios linfáticos e outros tecidos. Cultura para micobactéria, identificação e teste de sensibilidade: a cultura tem alta especificidade e sensibilidade no diagnóstico. A identificação da espécie é feita por métodos bioquímicos e fenotípicos ou por meio de técnicasmoleculares. Já os testes de sensibilidade identificam possível resistência a algum dos antibióticos utilizados no tratamento. A cultura confirma o resultado de micobacteriose, sendo necessário teste adicional para identificar o patógeno específico. Radiológico Tuberculose primária: A presença do bacilo de Koch no parênquima pulmonar promove a formação de um processo inflamatório granulomatoso, que pode se Nayara Viana, 3 período, unifipmoc manifestar como uma opacidade (nódulo ou consolidação) chamada nódulo de Ghon ou nódulo primário no raio-x. Em adultos, isso ocorre mais nos lobos superiores. A presença de bacilos ou de suas proteínas devido à disseminação ou contato anatômico pode acometer a pleura ou pericárdio, com derrame pleural - que pode ser visto no raio-x - e derrame pericárdico. Na TB miliar, opacidades difusas reticulo-micronodulares no raio- -x podem aparecer no parênquima pulmonar, devido à disseminação hematogênica. Tuberculose pós-primária: As alterações são semelhantes à forma anterior, com predileção por lobos superiores e partes superiores dos lobos inferiores. Nódulos, massas e cavitações podem aparecer com a confluência de granulomas múltiplos. Com a cura, essas cavidades cicatrizam e geram calcificações ou retrações do parênquima. Outros achados são o espessamento da parede brônquica e o aspecto de “árvore em brotamento”. Histopatológico Nesses casos, a identificação de granuloma com necrose de caseificação é compatível com o diagnóstico de tuberculose. Outros métodos diagnósticos Adenosina deaminase (ADA): É uma enzima intracelular presente no linfócito ativado. Em fluidos, a sua detecção pode auxiliar no diagnóstico de TB. Diagnóstico de infecção latente pelo M. tuberculosis (ILTB) Diagnóstico pela prova tuberculínica: Nessa prova, mede-se a resposta imune celular a um derivado proteico purificado do M. tuberculosis, inoculado intradermicamente. A prova tuberculínica não serve como diagnóstico nem para exclusão de adultos com suspeita de TB. Logo, será apenas realizado como avaliação de possível ILTB em adultos. Diagnóstico pelo IGRA: Os IGRA são os ensaios de liberação de interferon- gama. Células anteriormente sensibilizadas pelo agente da tuberculose produzem altos níveis de interferon-gama. Esse método quantifica células T efetoras específicas que foram ativadas após exposição aos antígenos do M. tuberculosis. Está indicado na avaliação de ILTB de adultos. Por ser um exame mais caro, não está disponível no SUS. TRATAMENTO Os antibióticos utilizados no tratamento da TB interferem na maquinaria enzimática ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial à sobrevivência do bacilo. Os fármacos só atuam onde existe metabolismo, ou seja, onde a infecção está ativa, e não latente. Estes serão destruídos pelo sistema imunológico do indivíduo. Existem duas fases no tratamento da tuberculose: a fase intensiva e a fase de manutenção. A fase intensiva tem o objetivo de diminuir a população bacilar consideravelmente, incluindo os resistentes. Já a fase de manutenção visa à eliminação de bacilos latentes ou persistentes e a diminuição da chance de recidiva. IMPORTANTE: Os objetivos do tratamento são erradicar todos os bacilos da tuberculose do paciente infectado, ao mesmo tempo que se evita o desenvolvimento de resistência significativa aos fármacos. O tratamento da tuberculose em atividade requer o uso de vários fármacos. Tuberculose é uma doença singular, para a qual é necessário quimioterapia por um período relativamente longo. O bacilo tem taxa elevada de mutação e tende a adquirir resistência a qualquer fármaco. Por essa razão, os pacientes com tuberculose em atividade usam esquemas com vários fármacos. Testes de sensibilidade aos fármacos são realizados para orientar o tratamento das formas da doença resistentes aos antibióticos. Os fármacos principais usados para tratar tuberculose são INH, rifampicina, pirazinamida (PZA), etambutol e estreptomicina. IZONIAZIDA (INH) Extremamente potente contra o bacilo da tuberculose e, talvez, o fármaco mais amplamente utilizado para tratar essa doença. Mecanismo de ação exato ainda seja desconhecido, aparentemente o fármaco combina- se com uma enzima necessária às cepas do bacilo da tuberculose sensíveis à INH. Nayara Viana, 3 período, unifipmoc A resistência ao fármaco desenvolve-se rapidamente e a combinação com outros fármacos eficazes dificulta o desenvolvimento de resistência. RIFAMPICINA Inibe a síntese de RNA no bacilo. Efeitos adversos: comuns (náuseas, êmese e urticária) raros (hepatite e morte por insuficiência hepática). PIRAZINAMIDA É ativa contra o bacilo da TB em lesões acídicas e em macrófagos: distribui-se por todo o organismo e entra no LCS. Mecanismo de ação: desconhecido. Efeitos adversos: pode contribuir para a toxicidade hepática Retenção de ácido úrico é comum (mas: ataque de gota = raro) ESTREPTOMICINA Primeiro fármaco eficaz descoberto para tratar tuberculose. Deve ser administrada por injeções, limitando sua utilidade, principalmente no tratamento de longa duração Ainda é um fármaco importante para o tratamento da tuberculose e é usado em especial nos pacientes com formas graves e potencialmente fatais da doença. ETAMBUTOL Inibe a síntese da parede celular bacteriana. Bacteriostático específico contra micobactérias. Mecanismo de ação: inibe a arabinosiltransferase, enzima importante para a síntese da parede celular das micobactérias. RESISTÊNCIA AOS MEDICAMENTOS A TB resistente às drogas é mais difícil de ser curada e em alguns casos pode ser incurável. Um problema importante, entretanto, é a falta de informações acerca do perfil de sensibilidade no momento do início do tratamento. Em locais onde os recursos são limitados, os testes de sensibilidade às drogas podem não estar disponíveis. A resistência às drogas é mais provável em casos de retratamento, por isso esquemas padronizados de retratamento são administrados. O risco de resistência às drogas é maior se o esquema inicial não foi administrado em um programa de tratamento diretamente observado. Orientações para o manejo da tuberculose causada por organismos resistentes a drogas Não adicione um único fármaco a um esquema fracassado. Ao iniciar ou modificar a terapia, adicione três drogas não utilizadas anteriormente (uma injetável) para as quais há probabilidade de sensibilidade. Na tuberculose multirresistente a drogas (TB MDR), quando há resistência a drogas adicionais de primeira linha, tratar com 4 a 6 drogas. Pacientes com TB MDR têm prioridade de terapia diretamente observada porque a falha ao tratamento pode estar associada a TB extensamente resistente a drogas. Aterapia intermitente não deve ser usada (exceto com fármacos injetáveis após 2- 3 meses). Não use drogas para as quais o isolado do M. tuberculosis seja resistente. Baixa resistência a isoniazida pode ser uma exceção. Há resistência cruzada entre as rifamicinas, mas não entre a estreptomicina e outros aminoglicosídeos. Nayara Viana, 3 período, unifipmoc Nayara Viana, 3 período, unifipmoc
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