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Artigo Origem Pele

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A pele através da história
Ester Santana
Giselle Silva
Relatório apresentado em cumprimento às exigências da disciplina Origem da Vida, ministrada pelo professor Kléber Neves, como quesito para a obtenção do grau 1.
(2016.1)
O maior sentido do nosso corpo é o tato. Provavelmente é o mais
 importante dos sentidos para os processos de dormir e acordar; informamos
sobre a profundidade, a espessura e a forma; sentimos, amamos e odiamos,
somos suscetíveis e tocados através de corpúsculos táteis da nossa pele.
 J Lionel Taylor, The stages of Human life,
1921, p. 157
RESUMO
Por meio deste trabalho, visamos analisar de uma maneira geral os aspectos ambientais, higiênicos e seletivos que contribuíram de forma direta e indireta para a transformação da pele humana. A pele será abordada desde a sua função como órgão tátil, a necessidade de se adaptar a novos meios até o aspecto morfológico no sentido de possuir uma pelagem menos densa, fator que ao longo de milênios desperta a curiosidade de diversos pesquisadores e antropólogos que buscam desde respostas simples como, por onde se iniciou a diferenciação da pigmentação da pele até as mais complexas sobre como estas diferenciações influenciaram na conjuntura social humana.
INTRODUÇÃO:
Envolvida no crescimento e desenvolvimento do organismo, a pele é um dos mais antigos e sensíveis órgão do nosso corpo, o nosso mais eficiente protetor. A pele é um órgão tátil e assim o sendo, na evolução dos sentidos o tato, sem duvidas, foi o primeiro a surgir. A teoria evolutiva do homem aponta que, com o passar dos milênios a pele sofreu diversas modificações em resposta a seleção natural. A pele dos primeiros hominídeos correspondia a certas necessidades que ao longo da evolução acabaram por se tornar obsoletas. Os pelos, por exemplo, deixaram de ter um papel essencial no corpo humano e passaram a ser coadjuvantes no conjunto do corpo – o que não extingue a importância de sua função. Observando a família dos hominídeos, é notório que o gênero humano foi aquele que mais perdeu pelos. Com isso, surgem as seguintes questões: Qual a vantagem evolutiva dessa perda de pelagem? Em que momento se iniciou essa diminuição de pelos? Por que os homens possuem mais pelos do que as mulheres? Um aspecto válido de ressaltar é que nós, seres humanos, não apenas perdemos pelos em comparação aos demais primatas, mas possuímos mais pelos do tipo velus espalhados pelo corpo do que tipo terminais (mais grossos), encontrados em barbas, cabelos e virilha. Analisando a pele microscopicamente, é possível perceber que temos o mesmo número de folículos pilosos do que os chipanzés, a diferença está nos nossos pelos, que atualmente são pouco desenvolvidos. Entretanto, possuímos cerca de dez vezes mais glândulas sudoríparas que os macacos. Esse fato explica o porquê de alguns chimpanzés, mais fortes que seres humanos, não conseguem sustentar esforço físico por longos períodos de tempo. No corpo humano, os níveis altos de transpiração em uma pele desnuda proporcionam ao tecido epitelial uma sensação de frescor que atenua o calor químico produzido através desse trabalho. Tal ganho evolutivo foi de suma importância para não apenas permitir um esforço físico contínuo, porém facilitar a termorregulção, pois o cérebro funciona somente sob temperaturas controladas. A pele, então, passou a funcionar como um radiador, e sem ele o cérebro aqueceria rápido demais durante esforço físico, podendo ocasionar danos fatais.
 
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E BIPEDISMO COMO PRESSÃO SELETIVA
O crescimento capilar reduzido nos seres humanos ainda é um mistério na evolução humana e são alvo de estudos de alguns biólogos e antropólogos. Em 2014, o livro Apes and Human Evolution, do antropólogo Russell Tuttle, abordou a teoria de que nossos ancestrais começaram a perder pelos em certas partes do corpo há cerca de três milhões de anos, devido a uma forte mudança climática. De acordo com as pesquisas, dele, o resfriamento global secou as florestas da África Central, onde habitavam os primeiros hominídeos, tornando tudo uma grande pastagem. Com esse evento, a penugem que antes tinha uma utilidade essencial para a coleta de frutas, sementes e tubérculos nas árvores perdeu sua função. Com o calor da savana, sair para caçar, possuindo todos aqueles pesos, tornou-se uma tarefa árdua e exaustiva. Assim, somente aqueles que tinham uma pelagem menor conseguiam sair para caçar durante o dia. Tal hipótese entra em concordância com o fato de nossa linhagem ter evoluído os sistemas de dissipação de calor distribuídos pelo corpo através de glândulas écrinas da sudorese. Alguns estudos também apontam que nesse momento, surgiu o bipedismo, pois a postura ereta diminui a superfície do corpo exposta à luz solar. Na posição vertical, a cabeça fica mais exposta do que o resto do corpo. A função dos cabelos se mostra fundamental justamente por isso, os pelos nessa região não podem ser finos, do contrário, não seriam eficazes na proteção dos raios UV que o sol incide. 
O crescimento capilar é essencial na termorregulação, ou seja, o calor sai de forma mais eficiente através do suor dos corpos mais despelados. Pensando nessa vantagem, outra questão pode ser levantada é o porquê de ainda possuirmos tantos pelos em áreas como axila, tórax e virilha quando muitas pessoas recorrem à depilação para uma melhor estética. Contudo, esse crescimento capilar nessas regiões indicam a puberdade em ambos os sexos e estimulam as glândulas anexas para reproduzir odor e secreção específicos como uma resposta sexual. Além disso, os pelos mais grossos na região genital têm a função protetora contra agentes infecciosos. 
 
POR QUE EXISTEM DIFERENTES PIGMENTAÇÕES DE PELE?
Teoria da Vitamina D.
Os nativos da África subsaariana e África Oriental, atualmente, têm a pele negra. O DNA deles possui o gene MC1R, que está ligado à pigmentação da pele. Muitos cientistas, incluindo Charles Darwin, acreditaram que a pele negra é uma característica herdada logo no início da evolução humana, como uma forma adaptativa para a redução dos danos provocados pela radiação UV. Mel Greaves, um professor do Instituto de Pesquisa do Câncer do Reino Unido, a fim de testar essa teoria, estudou alguns albinos africanos – pessoas com ausência congênita da pigmentação da pele, cabelo e olhos. Chegou à conclusão, então, de que são indivíduos muito propensos ao câncer de pele. De acordo com as pesquisas de Greaves, na África equatorial, quase todos os albinos são diagnosticados com câncer de pele a partir dos 20 anos de idade. Dentro da porcentagem dos que não desenvolvem o câncer, foram encontradas basicamente mulheres que passam a maior parte do tempo em casa e por isso não se expõem tanto ao sol. Uma pele mais escura não garante que um câncer de pele não seja desenvolvido, contudo, as altas concentrações de melanina terminam servindo como uma defesa natural contra os raios ultravioletas. Greaves especula que o gene associado à melanina provavelmente surgiu de forma acidental nos ancestrais humanos, deixando a cargo da seleção natural de transmitir tal característica aos descendentes. Acredita-se que os hominídeos que vieram da África nos últimos 100 mil anos já tinham a pele escura, entretanto, devido à sua dispersão para latitudes mais elevadas, ocorreu uma despigmentação da pele. A cor mais escura da pele dos hominídeos os incapacitava de sintetizar vitamina D, o que gerou muitos casos de raquitismo naqueles que migraram para as regiões da Europa. Por outro lado, os que migraram do Equador, ou dos trópicos, para o sul da Índia, Austrália e Nova Guiné, lugares onde a radiação UV é maior, permaneceram com a cor escura herdada dos hominídeos.
 Abordando melhor o papel da vitamina D, estudos com negros americanos os indicaram como mais suscetíveis ao raquitismo, comprovando que as concentrações de vitamina D são de fato muito menores do que as de caucasianos. Isso porque nas peles pouco pigmentadas, o tempo para se alcançar os níveis máximos devitamina D é muito menor. 
Nutricionalmente, a vitamina D não é de fato uma vitamina, o termo mais propício talvez seria o de pró-hormônio. Ela possui a mesma estrutura química que vários hormônios como o hormônio feminino estradial, a aldosterona, que é responsável pelo metabolismo do sódio e o cortisol, hormônio relacionado ao stress e imunomodulação. Quando os raios UVB infiltram a pele humana, a provitamina D3 é fotolisada a vitamina D3, como indica a figura abaixo. Esta penetra o fígado e depois o rim, a fim de exercer sua função. Contudo, a exposição solar excessiva não ocasiona um acúmulo de vitamina D devido a conversão da provitamina D3 em lumisterol inativo, que só será convertido a vitamina D3 quando a exposição ao sol diminuir. No caso das peles mais escuras, o bronzeamento age como um filtro solar, impedindo a penetração dos raios UVB, diminuindo assim a síntese de vitamina D (imagem).
 
ADAPTAÇÃO CONTRA ECTOPARASITAS E SELEÇÃO SEXUAL
Outra hipótese levantada no estudo da evolução da pele e perda de pelos é que o corpo humano se tornou menos peludo como um meio de reduzir a prevalência de parasitas externos que rotineiramente infestam pele. Um corpo com uma maior pelagem seria mais atraente e seguro para insetos como carrapatos, piolhos, moscas de mordedura e outros ectoparasitas, como pulgas e carrapatos. Esses invasores não só trazem irritação e aborrecimento, como são portadores de doenças virais, bacterianas e à base de protozoários como a malária, doença do sono e todas aquelas que podem ocasionar problemas médicos crônicos e, em alguns casos, morte. Os piolhos, que estão confinados às áreas peludas do corpo, comumente encontrados no cabelo, parecem suportar essa teoria dos parasitas. O rato toupeira pelado vive subterraneamente, podendo ser alvo de parasitas que são facilmente encontrados sob a terra, mas são inertes a elas. Aparentemente, o calor do seu corpo, junto ao calor produzido pela terra impede que ele perca energia para o frio, o que concede ao animal a capacidade de permanecer “nu”. 
Durante a embriogenese se determina o número total de folículos pilosos que cada individuo terá ao longo de sua vida. Na verdade, nossos ancestrais não apresentavam mais folículos pilosos e sim possuíam pelos terminais por todo o corpo. Os pelos terminais se mantêm presentes e abundantes na virilha, axila e barba e se mantiveram ali provavelmente devido a uma pressão evolutiva, como a seleção sexual. Esta característica desenvolveu-se graças a ação dos hormônios androgênicos, que são responsáveis pela regulação do crescimento capilar, com o auxílio de outros hormônios como a tireoide e prolactina. Nos homens fazem apresentar pelos terminais no corpo que desenvolvem normalmente a partir da puberdade e têm sua quantidade definida pela concentração de hormônios masculinos. Por isso, os homens possuem vários pelos terminais corporais (pelos grossos) enquanto as mulheres geralmente possuem velus. 
A possibilidade de que a seleção sexual tenha também contribuído para este processo de mudança não pode ser ignorada, especialmente a seleção sexual associada à escolha de parceiros, ainda que seja bastante discutível se a seleção sexual poderia sozinha ter sido responsável por esta tendência, sendo provavelmente um mecanismo adicional. Porém, este tipo de processo evolutivo poderia explicar o dismorfismo sexual de nossa espécie em que os homens têm mais pelos terminais no corpo e as mulheres mais pelos velus (ou como resultado de uma escolha secundária de outra característica, por exemplo, correlacionada com a proporção de testosterona que também afetaria o padrão e distribuição dos pelos), ainda que muitos critiquem esta ideia por estar apoiada em padrões de beleza muito recentes que parecem mais fruto da cultura moderna do que de um contexto socioecológico mais primitivo. Por fim, a maior proporção de modo geral de pelos do tipo velus, curtos e finos, tanto em mulheres como homens, em relação a outros primatas, pode ser uma característica secundária associada a neotenia, isto é, a manutenção de características mais juvenis em relação a dos ancestrais diretos na vida adulta que além de resultar no padrão de pelagem humana também estaria associado com crânios maiores em relação a mandíbula e cérebros proporcionalmente maiores, sendo o padrão de pelagem tendo inicialmente vindo a reboque da seleção de outras características neotênicas, como as decorrentes de cérebros proporcionalmente maiores e mais plásticos.
O MÚSCULO ERETOR DE PELOS COMO VESTÍGIO DA EVOLUÇÃO HUMANA
Por que em uma situação de pavor ou frio, nossa pele estria e os pelos ficam arrepiados? A resposta para essa pergunta está atrelada a um músculo liso chamado músculo eretor do pelo (imagem). Quando esse músculo é contraído, a cavidade em que o pelo se encontra é puxado, permitindo que o pelo fique perpendicular à superfície da pele, também arqueando esta ao produzir a vulgar “pele de galinha”, que surge como resposta a temperaturas amenas, por exemplo.
Em situações nas quais um animal peludo se sente ameaçado, ele consegue eriçar os pelos, causando a ilusão de que seu tamanho aumentou, a fim de aparentar ao oponente uma forma mais ameaçadora. Isso só é possível porque quando um animal se sente ameaçado, o sistema nervoso simpático entra em ação, mandando sinais que estimulem o músculo eretor, arrepiando os pelos com o intuito de amedrontar o adversário. Embora esse mecanismo não faça muito sentido para os seres humanos, tal resposta do sistema nervoso funciona de maneira semelhante com os seres humanos. Se não há relevância para nós, por que, então, possuímos esse músculo?
Há aproximadamente 3 milhões de anos, um ancestral de nossa espécie, o Australopithecus afarensis, ocupava a África. Bem como o ser humano atual, ele era um ser bípede, andava sob duas pernas, mas era pouco mais de 1m mais baixo do que a média. Tinha o corpo coberto de pelo e o cérebro era menor. Assim, imagina-se que eles, sim, faziam uso do músculo eretor de pelo, já que possuíam penugem suficiente para isso.
Somente cerca de 500 mil anos depois, o Homo habilis originou a espécie Homo ergaster. Este, por sua vez, se assemelhava muito a nós em vários aspectos. Por exemplo, o cérebro já havia se tornado mais desenvolvido e provavelmente já demonstravam capacidade de comunicação através da fala. A adaptação primordial é que essa espécie também perdeu o aspecto peludo característico dos ancestrais.
Nós, homo sapiens, não possuímos tanta pelagem no corpo, porém ainda temos as instruções gênicas envolvidas na produção e ativação dos músculos eretores do pelo em nosso corpo. Esse é um exemplo de uma característica anatômica que outrora teve um importante papel, mas hoje não é de fato útil para nós. Tornaram-se um vestígio no qual podemos observar de perto e analisar o processo de evolução humana.
CONCLUSÃO
Como podemos observar, é difícil traçar uma linha cronológica para descrever a consequências que cada evento teve sobre as diversas modificações sofridas pela pele humana, tendo em vista que o modelo com o convivemos hoje advém de inúmeras hipóteses e cenários evolutivos que podem se relacionar de maneira complexa para gerar este atual padrão de pele exposta que nos caracteriza e diferencia de outros primatas e mesmo mamíferos. 
BIBLIOGRAFIA
Montagu, A. Tocar: O Significado Humano da Pele. São Paulo, Summus, 1988.
Jablonski, N.G. Skin: A Natural History. University of California Press, 2006.
Jablonski, N.G. The Naked Truth. Sci Am. 2010 Feb;302(2):42-9. Scientific American 302, 42 49 doi:10.1038/scientificamerican0210-42 PubMed PMID: 20128222.
George Chaplin, Nina G. Jablonski. Vitamin D and the evolution of human depigmentation. American Journal of Physical Anthropology: 2009. DOI: 10.1002/ajpa.21079 US: http://dx.doi.org/10.1002/ajpa.21079
Tuttle, R. H. Apes and Human Evolution. Harvard University Press, Cambridge, MA and London, 2014.
BOOK REVIEW
Russell H. Tuttle: Apes and Human Evolution
Harvard University Press, Cambridge,MA and London, 
BOOK REVIEW
Russell H. Tuttle: Apes and Human Evolution
Harvard University Press, Cambridge, MA and London, 201

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