Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/257811458 Fraturas da clavícula: Quando operar ? Chapter · January 2013 DOI: 10.13140/2.1.2924.8327 CITATIONS 0 READS 7,498 6 authors, including: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Latin American Development, Democracy, and Social Issues View project science of variation group View project Nelson Elias Vila Velha Hospital 127 PUBLICATIONS 94 CITATIONS SEE PROFILE Campinhos La vila velha hospital 3 PUBLICATIONS 0 CITATIONS SEE PROFILE Saulo Gomes de Oliveira Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitó… 9 PUBLICATIONS 17 CITATIONS SEE PROFILE Alves Mbo Universidade Severino Sombra 1 PUBLICATION 0 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Nelson Elias on 21 May 2014. The user has requested enhancement of the downloaded file. ■ INTRODUÇÃO As fraturas da clavícula são lesões comuns compreendendo, aproximadamente, 40% das fraturas do ombro e entre 5 a 12% de todas fraturas. Tem uma incidência em torno de 20 a 50 por 100.000 pacientes por ano.1,2 Apesar da existência de muitos trabalhos com experiência clínica no tratamento das fraturas da clavícula, existe muita controvérsia com referência ao tratamento ideal. As fraturas da clavícula podem ser tratadas por método conservador ou cirúrgico. Nosso propósito é relatar as indicações do tratamento cirúrgico, fazendo uma comparação com o método conservador, baseado em trabalhos recentes publicados. 9 NELSON ELIAS JOSE EDUARDO GRANDI RIBEIRO FILHO LUIZ AUGUSTO CAMPINHOS SAULO OLIVEIRA MATEUS BORGES OLIVEIRA ALVES CILAS REIS FRATURA DA CLAVÍCULA: QUANDO OPERAR? | PR OA TO | C icl o 1 0 | Vo lum e 1 | ■ OBJETIVOS Após a leitura deste artigo, o leitor poderá: ■ reconhecer a importância dos estudos científicos da medicina baseada em evidências comparando o tratamento cirúrgico com o conservador nas fraturas mediodiafisárias da clavícula; ■ identificar a localização da fratura mais frequente e sua relação com o tipo de tratamento; ■ compreender por que o tratamento conservador diminuiu suas indicações no tratamento das fraturas mediodiafisárias da clavícula; ■ identificar os fatores preditivos de prognóstico da ocorrência de pseudartrose, consolidação viciosa e do resultado funcional; ■ estabelecer critérios para indicação do tratamento cirúrgico; ■ conhecer os diversos tipos de osteossíntese. ■ ESQUEMA CONCEITUAL Conclusões Caso clínico Resultado funcional Tratamento cirúrgico A lesão na clavívula Estudos sobre a lesão de clavícula 10 FR AT UR A D A C LA VÍC UL A: QU AN DO OP ER AR ? ■ A LESÃO NA CLAVÍVULA Historicamente, as fraturas da clavícula eram tratadas conservadoramente, e os ortopedistas as consideravam como uma lesão simples, de tratamento simples e resultados favoráveis.2 Entretanto, com a realização de estudos baseados em evidências, os resultados foram melhor avaliados e os conceitos clássicos, no tratamento destas fraturas, mudaram. Os egípcios foram os primeiros a relatar conduta terapêutica nas lesões de clavícula. Relatos de tratamento conservador das fraturas da clavícula constam no Edwin Smith Papyrus, escrito no século 17 a.C.3 O tratamento conservador variou de imobilização em 8, tipoias, aparelhos gessados, imobilização tipo Velpeau, etc. Uma distribuição bimodal da fratura da clavícula no sexo masculino tem sido relatada com o primeiro pico ocorrendo abaixo dos 25 anos e o segundo entre 55 e 75 anos. A distribuição é unimodal no sexo feminino com maior incidência entre a quinta e sexta década de vida. Normalmente, está relacionada à osteoporose devido a quedas por mecanismos de baixa energia.4 Fraturas da diáfise correspondem de 60 a 80% de todas as fraturas da clavícula, 20 a 30% da extremidade lateral e de 2 a 3% da extremidade medial. Estas fraturas tendem a ser diafisárias quando um trauma direto é aplicado nessa região do ombro, por exemplo, durante atividades esportivas como esportes equestres e ciclismo.4 As fraturas da diáfise ocorrem mais comumente em adultos jovens enquanto que na extremidade medial e lateral são mais comuns em pessoas idosas. A maioria das fraturas diafisárias apresenta desvios enquanto que as mediais e laterais, frequentemente não apresentam desvios.4 Diferentes mecanismos de produção da lesão são relatados, variando desde uma simples queda a um trauma decorrente de atividade esportiva.5 As causas não traumáticas incluem tumores primários e metastáticos, alterações genéticas (osteogênese imperfeita, raquitismo) dentre outras.6 Um grande número de classificações foi proposto para as fraturas da clavícula.7-9 A mais comumente empregada é a de Allman que divide a clavícula em 3 grupos baseada na localização da fratura em relação ao segmento do osso: ■ grupo I terço médio; ■ grupo II terço lateral; ■ grupo III terço medial. Os subgrupos citados são divididos com relação ao grau de desvio e à fragmentação.7 ■ ESTUDOS SOBRE A LESÃO DE CLAVÍCULA Charles Nerr8 foi um dos pioneiros na publicação de trabalhos da lesão de clavícula. O tratamento conservador das fraturas da clavícula baseou-se nesse trabalho clássico,8 enfatizando que a fratura da clavícula tinha um prognóstico favorável. Relatava que a pseudartrose era incomum e que a consolidação viciosa era apenas de interesse radiográfico, sem relevância clínica. O estudo referido não era frequentemente estratificado pela idade, localização ou gravidade da fratura e frequentemente eram incluídas fraturas da clavícula na criança, que apresenta um maior potencial de consolidação e remodelação. Predominava o conceito de que essas fraturas poderiam ser tratadas conservadoramente. 11 | PR OA TO | C icl o 1 0 | Vo lum e 1 | Com o surgimento de novas publicações, baseadas em evidências, pacientes foram mais criteriosamente selecionados para indicação do tipo de tratamento.5,9-11 Robinson9 relatou índices de 21% de pseudartroses nas fraturas desviadas e com fragmentação. A idade avançada e o sexo feminino foram associados significativamente com maior índice de pseudartrose no tratamento conservador quando comparado com o cirúrgico.10-13 Hill e colaboradores14 publicaram um dos primeiros estudos que deram partida para novas ideias sobre o tratamento das fraturas da clavícula. Eles concluíram que pacientes adultos que apresentavam fratura mediodiafisária com desvio completo, tratados conservadoramente tiveram uma taxa de pseudartrose de 15,3% muito maior que as publicadas anteriormente. Esse estudo mostrou que a pseudartrose estava relacionada com um encurtamento inicial > 2mm. Ficou evidente que muitas fraturas da clavícula consolidam quando tratadas conservadoramente e que o paciente considerado de risco é o que apresenta fratura diafisária, desviada e fragmentada aumentando a incidência de pseudartrose. RESULTADO FUNCIONAL Sintomatologia persistente após tratamento conservador e insatisfação dos pacientes como resultado da dor, fraqueza muscular, sintomas neurológicos e aspectos cosméticos começaram a ser identificados e relatados como fatores de mal resultado, apesar da consolidação da fratura ter ocorrido. Nowak e colaboradores15 demonstraram que 46% dos pacientes tinham sequelas da fratura da clavícula indicando que eles não tinham se recuperado totalmente da fratura. Usaram regressão logística e encontraram que os fatores preditivos de um resultado funcional ruim eram: ■ perda do contato ósseo no foco de fratura; ■ fraturas multifragmentares; ■ paciente idoso. Lazaridese Zafiropoulos16 demonstraram que 25,8% dos pacientes tratados conservadoramente estavam insatisfeitos com os resultados, apresentando dor contínua e diminuição do movimento articular do ombro. Encurtamento de 8mm em homens e de 14mm nas mulheres estava correlacionado com os maus resultados, além do aspecto estético inaceitável. McKee e colaboradores17 estudaram 30 pacientes que tinham fratura de clavícula, tratados conservadoramente com consolidação de todas as fraturas. Sete estavam parcialmente satisfeitos enquanto que 8 estavam insatisfeitos. A média do DASH score foi de 24,6 (normal = 10,1) e do Constante score de 71 (normal = 92), demonstrando uma incapacidade significativa. Um encurtamento > 2cm estava associado à maior insatisfação dos pacientes. A causa de disfunção persistente do ombro após consolidação viciosa permanece obscura. Provavelmente, quando a fratura consolida com encurtamento promove mudanças na posição da clavícula fraturada e na posição espacial da escápula, como descritas por Ledger e colaboradores18 e isto ocorreria na presença de encurtamento da clavícula > 15mm, ocasionando também dor e função articular limitada. 12 FR AT UR A D A C LA VÍC UL A: QU AN DO OP ER AR ? ■ TRATAMENTO CIRÚRGICO As indicações para o tratamento cirúrgico das fraturas da clavícula podem ser: ■ absolutas: fraturas expostas; encurtamento igual ou maior do que 20mm, grande desvio e ou fragmentação; eminente lesão da pele por uma espícula óssea; comprometimento neurovascular, pseudartrose sintomática, dissociação escápulo-torácica; ■ relativas: desvio maior do que 15mm; alterações neurológicas como doença de Parkinson, trauma craniano, epilepsia; fratura bilateral; intolerância para imobilização; múltiplas fraturas, politrauma, ombro flutuante e indicações cosméticas. As indicações para o tratamento cirúrgico das fraturas da clavícula podem variar de serviço para serviço. LEMBRAR Quando houver indicação para operar, existem várias opções de implantes: placa e parafusos permanecem o gold standard do tratamento cirúrgico das fraturas da clavícula.10 A placa pode ser posicionada na região superior ou anteroinferior da clavícula: ■ na posição superior, haveria um maior risco de lesões neurovasculares (pela broca e por parafusos longos) e maior necessidade da remoção do implante por causar desconforto debaixo da pele, porém de mais fácil execução; ■ quando colocada anteroinferiormente, traria maior dificuldade cirúrgica, pela necessidade de realizar maior dissecção e maior dificuldade para modelar a placa, na impossibilidade de usar uma placa especial, porém ofereceria menor risco de lesão neurovascular, além da possibilidade da colocação de parafusos mais longos melhorando a qualidade de fixação nas fraturas osteoporóticas. Cabe, portanto, ao cirurgião, baseado em sua experiência, a escolha do local da aplicação da placa. Deve-se tomar cuidado, durante o acesso, para não lesar o nervo supraclavicular (Figura 1). Figura 1 – Imagem mostrando o nervo supraescapular, que deve ser isolado e preservado. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. 13 | PR OA TO | C icl o 1 0 | Vo lum e 1 | Outros tipos de fixação interna têm sido usados, incluindo dispositivos intramedulares (titanium elastic nails, pinos intramedulares de Rockwood, Kirschner, Rush e haste de Kuntscher), porém a maioria destes implantes tem sido pouco empregada devido ao problema da migração com necessidade de retirá-los após a consolidação da fratura.10 Muitos autores têm publicado relatos dos resultados comparando tratamento conservador e cirúrgico das fraturas da clavícula, entretanto, a literatura referente à incidência da fixação e à necessidade da remoção dos implantes permanece obscura.11-13 A detecção de fatores de riscos que podem induzir à pseudartrose e consolidação viciosa é muito útil para definição do tratamento da fratura da clavícula. Uma melhor compreensão da história natural da fratura mediodiafisária da clavícula permite uma melhor análise do tratamento. Entretanto, uma análise isolada não justifica a indicação cirúrgica para todas as fraturas da clavícula com desvio. A indicação cirúrgica proporciona melhores resultados e baixa taxa de complicações quando comparada com o tratamento conservador? Ainda não há resposta para essa pergunta. Em uma revisão sistemática publicada por Zlowodzki e colaboradores, em 2005,10 foram avaliadas 2.144 fraturas da clavícula, sendo que 97% estavam na região diafisária média. Em sua análise das fraturas com desvio, houve uma taxa de pseudartrose de 15,1% nos pacientes tratados conservadoramente comparada com uma taxa de 2,2% para fixação com placa e parafusos e de 2,0% para fixação intramedular. Zlowodzki e colaboradores verificaram que pacientes idosos, com desvio da fratura, sexo feminino e fragmentação da fratura apresentavam maior possibilidade de evoluir para pseudartrose e sequelas a longo prazo se submetidos ao tratamento conservador. Em 2007 em um trabalho multicêntrico prospectivo randomizado11 comparando tratamento cirúrgico com placa e parafusos e tratamento conservador nas fraturas diafisárias da clavícula (fragmentadas, desviadas, com encurtamento > 20mm) em 132 pacientes, o tratamento cirúrgico obteve melhores resultados com significância estatística. Houve 2 pseudartroses no grupo operado e 7 no grupo tratado conservadoramente, assim como nenhuma consolidação viciosa no grupo operado e 9 sintomáticas no grupo não operado. No grupo tratado cirurgicamente, a consolidação ocorreu em 16 semanas, enquanto que no grupo não operado a consolidação foi de 28 semanas. Estes autores recomendam o tratamento cirúrgico nessas fraturas. Em uma metanálise de estudos clínicos randomizados, publicada em 2012, McKee e colaboradores17 concluíram que o tratamento cirúrgico das fraturas mediodiafisárias da clavícula foi superior ao tratamento conservador, apresentando taxas menores de pseudartrose, consolidação viciosa sintomática e retorno mais precoce às atividades desenvolvidas antes da fratura. 14 FR AT UR A D A C LA VÍC UL A: QU AN DO OP ER AR ? ATIVIDADE 1. As fraturas da clavícula são lesões comuns compreendendo, aproximadamente, ...... das fraturas do ombro. A) 20%. B) 30%. C) 40%. D) 50%. Resposta no final do artigo 2. No que se refere à lesão na clavícula, marque V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas. A) ( ) Uma distribuição bimodal da fratura da clavícula no sexo masculino tem sido relatada com o primeiro pico ocorrendo entre 25 e 35 anos e o segundo entre 55 e 75 anos. B) ( ) A distribuição é unimodal no sexo feminino com maior incidência entre a quinta e sexta décadas de vida. C) ( ) As fraturas da diáfise ocorrem mais comumente em adultos e idosos. Escolha a sequência correta: A) V – F – V. B) F – V – F. C) V – V – F. D) F – F – V. Resposta no final do artigo 3. Cite mecanismos de produção da lesão de clavícula. ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... ........................................................................................................................................... 4. Sobre a localização das fraturas da clavícula é correto afirmar, EXCETO que: A) a maioria ocorre na região mediodiafisária. B) as da extremidade lateral correspondem de 20 a 30%. C) as de localização medial são pouco frequentes e mais comuns em pacientes idosos. D) aslaterais estão associadas à luxação acromioclavicular. Resposta no final do artigo 15 | PR OA TO | C icl o 1 0 | Vo lum e 1 | 5. Com relação ao tratamento conservador das fraturas mediodiafisárias da clavícula, o que mostram os trabalhos atuais? A) Os resultados continuam muito bons. B) O tipo de imobilização interfere com o resultado. C) Com a extratificação de cada caso, como idade do paciente, tipo e localização da fratura, verificou-se que os resultados não eram tão bons como se afirmava. D) O tempo ideal de imobilização teria que ser de 6 semanas. Resposta no final do artigo 6. Quais os sinais preditivos da fratura de clavícula que se tratadas conservadoramente poderiam evoluir para complicações? I – Fratura no idoso. II – Fratura diafisária, multifragmentada. III – Encurtamento inicial > 20mm. Está(ão) correta(s): A) apenas a I. B) apenas a II. C) apenas a III. D) a I, a II e a III. Resposta no final do artigo 7. Quando a fratura da clavícula consolida com encurtamento, qual o valor desse encurtamento implicaria em um resultado funcional ruim? A) 2 a 5mm. B) 5 a 10mm. C) 10 a 13mm. D) maior do que 15mm. Resposta no final do artigo 8. Qual das seguintes condições tem indicação absoluta do tratamento cirúrgico da fratura da clavícula? A) Traumatismo cranioencefálico. B) Encurtamento igual ou maior do que 20mm. C) Doença de Parkinson. D) Ombro flutuante. Resposta no final do artigo 16 FR AT UR A D A C LA VÍC UL A: QU AN DO OP ER AR ? 9. Entre as desvantagens da colocação da placa e parafusos na região superior da clavícula, quando comparada com a posição anteroinferior, NÃO está: A) maior necessidade retirar material de síntese. B) procedimento cirúrgico de mais difícil execução. C) maior chance de lesão neurovascular. D) colocação de parafusos mais curtos. Resposta no final do artigo ■ CASO CLÍNICO Paciente de 42 anos, policial federal, após trauma direto sobre o ombro direito passou a apresentar dor e deformidade. Exame radiográfico (Figura 2) evidenciou uma fratura mediodiafisária da clavícula, desviada e multifragmentada. Figura 2 – Exame radiográfico da clavícula fraturada. Fonte: Arquivo de imagens dos autores. ATIVIDADE 10. Qual sua opção de tratamento? A) Conservador com tipoia. B) Conservador com imobilização tipo 8. C) Cirúrgico com fio intramedular. D) Cirúrgico com placa e parafusos. Resposta no final do artigo 17 | PR OA TO | C icl o 1 0 | Vo lum e 1 | 11. Se você optasse pela colocação de placa e parafusos, onde ela seria colocada? A) Superior ou anteroinferior. B) Anteroinferior. C) Posterior. D) Lateral. Resposta no final do artigo A colocação da placa é possível nas posições superior ou anteroinferior. Optamos pela anteroinferior (Figura 3) por algumas razões: oferecer menor risco de lesão neurovascular e menor incômodo, pois a placa superior traz desconforto debaixo da pele e muitas vezes necessita ser removida. Figura 3 – Radiografia pós-operatória do paciente, com a colocação da placa na posição anteroinferior Fonte: Arquivo de imagens dos autores. ■ CONCLUSÕES As fraturas diafisárias da clavícula são as mais frequentes de todas fraturas da clavícula. LEMBRAR O tratamento cirúrgico, atualmente, tem sido mais indicado em virtude dos trabalhos atuais terem mostrado que existem fatores preditivos de maus resultados quando a opção for o tratamento conservador, a saber: fraturas com encurtamento >20mm multifragmentadas em pacientes idosos, 18 FR AT UR A D A C LA VÍC UL A: QU AN DO OP ER AR ? do sexo feminino e com osteoporose. Esses fatores podem ser os responsáveis pela evolução para pseudartrose, consolidação viciosa, com um resultado funcional ruim. Ao se optar pelo tipo de tratamento, deve-se levar em consideração muitos fatores, desde a profissão do paciente; se é lado dominante, tipo e localização da fratura, demanda funcional, qualidade do osso, dentre outros. A osteossíntese com placa e parafusos é um método eficiente ficando a critério do ortopedista a colocação da placa superior ou anteroinferior. São necessários mais estudos para que os resultados funcionais a longo prazo possam ser efetivamente avaliados. ■ RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: C Atividade 2 Resposta: B Comentário: Uma distribuição bimodal da fratura da clavícula no sexo masculino tem sido relatada com o primeiro pico ocorrendo abaixo dos 25 anos e o segundo entre 55 e 75 anos. As fraturas da diáfise ocorrem mais comumente em adultos jovens enquanto que na extremidade medial e lateral são mais comuns em pessoas idosas. A maioria das fraturas diafisárias apresenta desvios, enquanto que as mediais e laterais, frequentemente, não apresentam desvios. Atividade 4 Resposta: D Comentário: Fraturas da diáfise correspondem a 60 a 80% de todas fraturas da clavícula, 20 a 30% da extremidade lateral e de 2 a 3% da extremidade medial. Atividade 5 Resposta: C Comentário: Hill e colaboradores14 publicaram um dos primeiros estudos que deram partida para novas ideias sobre o tratamento das fraturas da clavícula. Segundo eles, pacientes adultos com fratura mediodiafisária com desvio completo, tratados conservadoramente, tiveram uma taxa de pseudartrose de 15,3%, que era muito maior do que as publicadas anteriormente. Atividade 6 Resposta: D Comentário: O paciente considerado de risco é o do sexo feminino, que apresenta fratura diafisária fragmentada, com encurtamento inicial superior a 20mm e com osteoporose. Estes fatores contri- buem para evolução ruim, com maior taxa de pseudartrose e consolidação viciosa sintomática. Atividade 7 Resposta: D Comentário: Provavelmente, quando a fratura consolida com encurtamento > 15mm promove mudanças na posição da clavícula e na posição espacial na escápula, como descritas por Ledger e colaboradores 18 trazendo incapacidade funcional para o ombro do lado acometido. 19 | PR OA TO | C icl o 1 0 | Vo lum e 1 | Atividade 8 Resposta: B Comentário: As indicações absolutas para o tratamento cirúrgico das fraturas de clavícula são: fraturas expostas; encurtamento igual ou maior que 20mm, grande desvio e ou fragmentação; eminente lesão da pele por uma espícula óssea; comprometimento neurovascular, pseudartrose sintomática dissociação escapulotorácica. Atividade 9 Resposta: B Comentário: Trata-se de um procedimento cirúrgico de mais fácil execução quando comparado com a opção da fixação da placa e parafusos na região anteroinferior da clavícula. A abordagem cirúrgica para colocação da placa anteroinferior necessita maior dissecção e a placa precisa ser bem modelada para boa adaptação óssea quando não dispusermos de placas especiais. Atividade 10 Resposta: D Comentário: A fratura apresenta encurtamento e fragmentação em um paciente jovem e ativo. O tratamento conservador é uma opção, mas existe uma grande possibilidade de ocorrer consoli- dação viciosa com encurtamento e repercussão funcional para o ombro. Na fixação intramedular, por muitas vezes, além de não manter a redução, é possível a migração, antes da consolidação, do dispositivo intramedular. Optamos pelo tratamento cirúrgico com placa e parafusos, pois dessa maneira seria possível uma boa redução e manutenção da redução. Atividade 11 Resposta: A Comentário: No tratamento desse caso, também devemos considerar a profissão do paciente. Como é um policial federal, realiza treinamentos constantes com armas de fogo, principalmente fuzil, que normalmente é transportado sobre o ombro direito. Uma eventual presença da placa na posição superior poderia incapacitá-lo para o transporte desta arma e para suas atividades laborativas. ■ REFERÊNCIAS 1. Lazarus M. Fracturesof the clavicle. In: Bucholz RW, editor. Rockwood and green’s fractures in adults. Philadelphia: Lippincott Williams and Wilkins; 2006. p. 1211-56. 2. Ring D. Injuries to the shoulder girdle. In: Browner B, editor. Skeletal tTrauma. 3rd ed. Philadelphia: Else- vier Science; 2003. p. 1625-54. 3. Kamel Hussein M. An ancient Egyptian treatise on traumatology, 2800 BC. J Bone Joint Surg Br. 1949 May;31B(2):309-12. 4. Court-Brown CM, Caesar B. Epidemiology of adult fractures: a review. Injury. 2006 Aug;37(8):691-7. 5. Jeray KJ. Acute midshaft clavicular fracture. J Am Acad Orthop Surg. 2007 Apr;15(4):239-48. 6. Dabezies EJ, Warren PD. Fractures in very low birth weight infants with rickets. Clin Orthop Relat Res. 1997 Feb;(335):233-9. 20 FR AT UR A D A C LA VÍC UL A: QU AN DO OP ER AR ? 7. Allman FL Jr. Fractures and ligamentous injuries of the clavicle and its articulation. J Bone Joint Surg Am. 1967 Jun;49(4):774-84. 8. Neer CS 2nd. Fractures of the distal third of the clavicle. Clin Orthop Relat Res. 1968 May-Jun;58:43-50. 9. Robinson CM. Fractures of the clavicle in the adult. Epidemiology and classification. J Bone Joint Surg Br. 1998 May;80(3):476-84. 10. Zlowodzki M, Zelle BA, Cole PA, Jeray K, McKee MD; Evidence-Based Orthopaedic Trauma Working Group. Treatment of acute midshaft clavicle fractures: systematic review of 2144 fractures: on behalf of the Evidence-Based Orthopaedic Trauma Working Group. J Orthop Trauma. 2005 Aug;19(7):504-7. 11. Canadian Orthopaedic Trauma Society. Non-operative treatment compared with plate fixation of displaced midshaft clavicular fractures. A multicenter randomised clinical trial. J Bone Joint Surg Am. 2007 Jan;89(1):1-10. 12. Thyagarajan DS, Day M, Dent C, Williams R, Evans R. Treatment of mid-shaft clavicle fractures: a comparative study. Int J Shoulder Surg. 2009 Apr;3(2):23-7. 13. Kotelnicki JJ, Bote HO, Mitts KG. The management of clavicle fractures. JAAPA. 2006 Sep;19(9):50, 53- 4, 56. 14. Hill JM, McGuire MH, Crosby LA. Closed treatment of displaced middle-third fractures of the clavicle gives poor results. J Bone Joint Surg Br. 1997 Jul;79(4):537-9. 15. Nowak J, Holgersson M, Larsson S. Can we predict long-term sequelae after fractures of the clavicle based on initial findings? A prospective study with nine to ten years of follow-up. J Shoulder Elbow Surg. 2004 Sep-Oct;13(5):479-86. 16. Lazarides S, Zafiropoulos G. Conservative treatment of fractures at the middle third of the clavicle: the relevance of shortening and clinical outcome. J Shoulder Elbow Surg. 2006 Mar-Apr;15(2):191-4. 17. McKee RC, Whelan DB, Schemitsch EH, McKee MD. Operative versus nonoperative care of dis- placed midshaft clavicular fractures: a meta-analysis of randomized clinical trials. J Bone Joint Surg Am. 2012 Apr;94(8):675-84. 18. Ledger M, Leeks N, Ackland T, Wang A. Short malunions of the clavicle: an anatomic and functional study. J Shoulder Elbow Surg. 2005 Jul-Aug;14(4):349-54. Como citar este documento Elias N, Ribeiro Filho JEG, Campinhos LA, Oliveira S, Alves MBO, Reis C. Fratura da clavícula: quando operar? In: Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; Guimarães JM, Barreto JM, organizadores. PROATO Programa de Atualização em Traumatologia e Ortopedia: Ciclo 10. Porto Alegre: Artmed/Panamericana; 2013. p. 9-58. (Sistema de Educação Médica Continuada a Distância, v.1). 21 | PR OA TO | C icl o 1 0 | Vo lum e 1 | View publication statsView publication stats
Compartilhar