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controle de erosão

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72 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS
EM FOCO
CONTROLES DE EROSÃO
EROSÃO
Define-se erosão como a desagregação e remoção do solo 
ou fragmentos e partículas de rochas, pela ação combinada 
da gravidade com a água, vento e gelo. No Brasil destaca-se 
a água como agente erosivo, cujo início do processo se dá 
através do desprendimento das partículas do solo pelo im-
pacto das gotas de chuva na superfície e pelo escoamento 
superficial. A erosão situa-se entre os mais sérios problemas 
que o homem vem enfrentando na atualidade, principal-
mente pelo aumento constante e progressivo das áreas atin-
gidas, sejam elas urbanas ou rurais, além das alterações nos 
recursos hídricos. 
A erosão manifesta-se como um fenômeno resultante da 
ruptura de equilíbrio do meio ambiente, decorrente da 
transformação drástica da paisagem por eliminação da co-
bertura vegetal natural e introdução de novas formas de uso 
do solo. Dessa maneira, o território brasileiro ao longo dos 
anos de sua ocupação, vem manifestando não só a erosão 
correspondente à intensificação da atividade agrícola, mas 
também aquela relativa ao uso urbano do solo, como um 
conjunto de processos para desnudar a superfície terrestre.
CAUSAS
A erosão constitui um processo natural no desenvolvimen-
to da paisagem. A atuação lenta e contínua dos processos 
erosivos modifica a forma do relevo, normalmente após lon-
gos períodos de tempo. Com a interferência antrópica, esse 
processo natural pode ser acelerado com o tempo ou, como 
é mais frequente, ter aumentada sua intensidade. Os condi-
cionantes que influenciam na aceleração dos processos ero-
sivos são determinados por quatro fatores naturais básicos e 
pela ocupação humana que determinam a intensidade dos 
Depósito de sedimentos no córrego, proveniente do processo de erosão
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FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 73
processos, podendo destacar os mais importantes: clima, 
tipo de solo, topografia, cobertura vegetal e ação antrópica.
CLIMA 
A água de chuva provoca a erosão através do impacto das 
gotas sobre a superfície do solo, caindo com velocidade e 
energia variáveis, e através da ação da enxurrada. A chuva é 
reconhecidamente o principal elemento climático de impor-
tância direta no desenvolvimento dos processos erosivos. 
SOLO
A influência da topografia do terreno na intensidade erosiva 
verifica-se principalmente pela declividade e comprimento 
de rampa (comprimento da encosta ou da vertente). Estes 
fatores interferem diretamente na velocidade do escoamen-
to das águas pluviais (enxurradas).
COBERTURA VEGETAL 
É o fator mais importante de defesa natural do solo 
que funciona como uma manta protetora, evitando a 
desagregação das partículas de solo que é a primeira fase 
da erosão. Entre os principais efeitos da cobertura vegetal 
destacam-se a proteção contra o impacto direto das gotas 
de chuva, a dispersão e quebra da energia das águas de es-
coamento superficial, o aumento da infiltração pela produ-
ção de poros no solo por ação das raízes e o aumento da 
capacidade de retenção de água pela estruturação do solo 
por efeito da produção e incorporação de matéria orgânica. 
AÇÃO ANTRÓPICA 
A forma como se usa o solo tem grande influência no pro-
cesso erosivo, iniciada pelo desmatamento e seguida pelo 
cultivo das terras, implantação de estradas, criação e ex-
pansão das vilas e cidades, sobretudo quando efetuada de 
modo inadequado, constitui o fator decisivo da aceleração 
dos processos erosivos. Dentre os fatores formadores de 
erosão, o principal detonante e que agrava, sobremaneira 
tais processos é a atividade humana. As principais agressões 
causadas pela ação antrópica decorrentes são:
•	 Retirada da cobertura vegetal, seguida pela queimada;
•	 Agricultura praticada sem conservação do solo, tais 
como plantio morro abaixo, sem rotação de cultura etc.;
•	 Formação de pastos com alta densidade de ani-
mais, proporcionando um excessivo pisoteio em determina-
das direções, formando trilhas e sulcos;
•	 Divisa de propriedades, de culturas perpendicula-
res às curvas de nível;
•	 Aberturas de estradas e carreadores sem o devido 
cuidado na execução de obras de drenagem para coletar e 
transportar águas pluviais;
•	 Execução de loteamentos sem implantação da in-
fraestrutura.
LOCAIS PROPÍCIOS 
Regiões com solos arenosos que possuem baixa proporção 
de partículas argilosas apresentam maior facilidade para a 
erosão, mesmo em pequenas enxurradas. A ocupação de-
sordenada do meio ambiente, a concentração de chuvas em 
Erosão do tipo boçoroca ou voçoroca de grande porte em área rural
Talude instável pela ação do piping que contribui com evolução lateral 
e remontante do processo erosivo. Nota-se a franja capilar (excesso de 
umidade) na base do talude
Boçoroca ou voçoroca que atingiu o lençol freático em estágio de evo-
lução lateral acelerada. O sedimento é transportado para rios, córre-
gos, ribeirões, reservatório de hidrelétrica e abastecimentos
74 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS
determinados meses do ano e as formações arenosas, são 
fatores que contribuem na geração dos processos erosivos. 
Este quadro de desequilíbrio da natureza continuará, en-
quanto a ocupação agrícola não adotar as práticas conser-
vacionistas adequadas e respeitar a capacidade de uso das 
terras e, enquanto nas áreas urbanas a expansão e a ocupa-
ção não forem planejadas e não respeitarem o conhecimen-
to do meio físico (geologia, geomorfologia e pedologia), 
com relação a suas potencialidades e limitações.
O tipo do solo também determina a suscetibilidade dos ter-
renos à erosão, a erodibilidade, ou seja, a menor ou a maior 
facilidade dos solos serem erodidos, fixados os demais fa-
tores, como declividade do terreno, das características do 
perfil do solo e das condições climáticas.
PODER EROSIVO DA ÁGUA
A chuva é reconhecidamente o principal elemento climático 
de importância direta no desenvolvimento dos processos ero-
sivos. De acordo com (RODRIGUES, 1982), o clima é um dos 
mais importantes condicionantes dos processos erosivos, uma 
vez que a água da chuva atua tanto na denudação do terreno 
como no comportamento do lençol freático. Esse autor analisa 
todos os fatores que caracterizam o quadro climático, tecendo 
considerações válidas para regiões tropicais e subtropicais, nas 
quais se observam com mais frequência e maior intensidade a 
ocorrência de fenômenos erosivos acelerados como:
•	 Volume de precipitação: os processos erosivos 
são mais atuantes e apresentam maior energia durante o 
período mais chuvoso;
•	 Intensidade de precipitação: durante uma preci-
pitação há significativa variação da intensidade das chuvas;
•	 Duração da precipitação: quando houver chuvas 
de mesma intensidade, mas com tempos de duração dife-
rentes, observam-se notoriamente, ações erosivas diferen-
ciadas que tenderão a aumentar quanto mais demoradas 
forem as chuvas;
•	 Frequência de precipitação: quando ocorrerem 
chuvas fortes espaçadas por pequenos e grandes intervalos 
de tempo (o solo fica saturado) haverá um agravamento sig-
nificativo do processo erosivo;
Assoreamento do córrego que destruiu a vegetação da várzea
O encontro de dois córregos sendo o primeiro com águas cristalinas e o 
segundo com sedimentos em suspenção proveniente de processo erosivo
Evolução lateral da erosão do tipo boçoroca ou voçoroca devido à 
instabilidade dos taludes
Voçoroca em área rural em evolução lateral acelerada
FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 75
•	 Variações de temperatura: durante as oscilações 
na temperatura, períodos ora frios, ora quentes, observam-
-se, respectivamente, contrações e expansões no solo, in-
duzindo mudanças como ressecamento, diminuição da sua 
coesão, desagregação etc., que favorecem a instalação do 
processo erosivo.
TIPOS DE EROSÕESConceitualmente, é importante distinguir os processos de 
erosão por escoamento laminar, dos processos de erosão 
linear acelerada que envolve a movimentação de grandes 
massas de solo e sedimentos, conhecidos no Brasil como 
sulcos, ravinas e boçorocas. 
A Erosão Laminar caracteriza-se pelo escoamento difuso das 
águas das chuvas. Esse tipo de erosão retira a camada super-
ficial do solo de maneira quase homogênea. Trata-se de um 
tipo de erosão quase imperceptível quando se encontra no 
início, levando o solo a uma coloração clara e ao descobri-
mento das raízes das árvores com o seu avanço. Esse tipo de 
erosão é extremamente atuante em áreas de uso agrícola, 
onde os solos apresentam-se desnudos em determinadas 
épocas do ano, antecedendo o período de plantio. Na área 
urbana, também, ocorre esse tipo de processo na expansão 
da cidade por meio de abertura de novos loteamentos e 
bairros sem infraestrutura.
Erosão Linear corresponde às formas de erosão causadas por 
escoamento superficial concentrado, que comanda o despren-
dimento das partículas do solo e o transporte dessas partículas 
(desprendidas), segundo as condições hidráulicas desse escoa-
mento. Pode haver também a ação combinada entre o escoa-
mento superficial concentrado e o escoamento subsuperficial.
Já a Erosão por Escoamento Concentrado pode causar gran-
des incisões lineares na forma de sulcos, ravina e boçorocas. 
Ela corresponde a um avançado estágio de degradação do 
solo, cujo poder destrutivo local é superior ao das outras for-
mas, e, portanto, de difícil contenção.
Sulcos são pequenas incisões em forma de filetes muito ra-
sos, representados por áreas onde ocorrem erosão laminar 
muito intensa. Este processo ocorre nas linhas de maior con-
centração das águas de escoamento superficiais, resultando 
Processo erosivo colocando em risco a edificação Voçoroca de grande porte
Voçoroca de grande porte com evolução acelerada em área rural
Voçoroca com taludes instáveis
76 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS
em pequenas incisões no terreno. Os sulcos podem passar 
despercebidos até que comecem a interferir no trabalho de 
preparo do solo e diminuir sua produtividade.
Ravina é um sulco profundo no solo provocado pela ação 
erosiva da água de escoamento superficial concentrado, e 
que não pode ser combatida pelos métodos mais simples 
de conservação de solo. Geralmente tem um formato em “V”, 
retilínea, alongada e estreita. São raras as ramificações e não 
chega a atingir o lençol freático. O desenvolvimento lateral se 
dá pelo escoamento das águas pluviais no seu interior, provo-
cando erosão no pé do talude e consequentemente resultan-
do em um deslizamento. O desenvolvimento da ravina evolui 
de montante para jusante e o escoamento das águas pluviais 
no seu interior e nos taludes só ocorre quando chove.
Boçoroca ou Voçoroca é o progresso do ravinamento que 
atinge um limiar que é o freático. Nesta etapa, intervêm 
processos ligados à circulação das águas de subsuperfície, 
fazendo com que o ravinamento atinja grandes dimensões e 
passe a ser denominada erosão em boçoroca. A palavra bo-
çoroca provém do tupi-guarani ibi-çoroc, e tem o significado 
de “terra rasgada” (PICHLER, 1953), ou então de mbaê-çorog-
ca, traduzível por “coisa rasgada” (FURLANI, 1980). A origem 
indígena da palavra vem de encontro ao fato de que essas 
feições são reconhecidas de longa data, tendo sido descritas 
pela primeira vez em 1868 por Burton (PONÇANO e PRANDI-
NI, 1987; FURLANI, 1980).
A erosão em boçoroca são as mais graves porque envolvem 
mecanismos mais complexos, ligados aos fluxos superficiais 
e também subsuperficiais da água infiltrada no solo. Fre-
quentemente apresentam fluxo de água livre e contínuo no 
seu fundo, alimentado pelo “vazamento” do lençol freático 
que, nesse caso, foi interceptado pelo rasgo da terra, e que 
fica minando nas suas paredes (taludes) na forma de sur-
gências ou através de verdadeiras tubulações naturais cha-
madas de dutos ou piping, como o fenômeno é conhecido 
internacionalmente. Na bibliografia, a maioria dos autores 
menciona o fenômeno piping como o mais importante pro-
cesso de evolução da boçoroca, mas nestas condições há 
pouco aprofundamento para entender os seus mecanismos.
As boçorocas são de difícil controle e necessitam de grandes in-
vestimentos para sua recuperação, no caso das boçorocas rurais, 
quando atingem grandes proporções, a melhor solução é criar 
mecanismos no controle das águas superficiais e subsuperficiais 
e integrar a paisagem. Apesar do papel da ação das águas sub-
terrâneas terem sido destacados por vários autores, ele não tem 
sido considerado nos projetos da maioria das obras de conten-
ção das boçorocas. A ação das águas subterrâneas é diretamente 
responsável pelo insucesso de numerosas obras de engenharia.
IMPACTO DOS PROCESSOS EROSIVOS NOS 
RECURSOS HÍDRICOS
O impacto da erosão nos recursos hídricos manifesta-se 
através do assoreamento dos cursos d’água e reservatórios. 
A deterioração da qualidade dessas águas pode trazer com 
maior frequência e intensidade inundações danosas e tam-
bém alterações ecológicas que afetam a fauna e a flora.
Quanto aos danos socioeconômicos, destaca-se a ocorrên-
cia de inundações em rios urbanos afetando a população 
que habita suas margens ou também a escassez de água 
para uma determinada população, devido à colmatação de 
reservatórios de abastecimento, resultando na diminuição 
da capacidade de armazenamento. 
Nos cursos d’água e reservatórios, ocorre o aumento da tur-
bidez, devido ao acréscimo da quantidade de sedimentos 
Processo do tipo voçoroca com instabilidade de taludes recente
FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 77
em suspensão na água. O aumento na quantidade de sedi-
mentos transportados leva a despesas maiores com trata-
mento de água para o consumo, além disso, prejudica a vida 
de organismos aquáticos, pela diminuição da incidência da 
luz solar. O problema do assoreamento traduz-se pelos se-
guintes impactos:
•	 Diminuição do armazenamento de água;
•	 Colmatação total de pequenos lagos e açudes;
•	 Obstrução de canais de cursos d’água;
•	 Destruição do habitat de espécies aquáticas;
•	 Criação de turbidez, prejudicando o aproveitamen-
to da água e reduzindo a atividade de fotossíntese;
•	 Degradação da água para consumo;
•	 Aumento dos custos para o tratamento da água;
•	 Prejuízo dos sistemas de distribuição de água;
•	 Veiculação de poluentes como fertilizantes, inseti-
cidas, pesticidas e herbicidas;
•	 Obstrução de canais de irrigação e navegação;
•	 Abrasão nas tubulações e nas partes internas das 
turbinas.
PREVENÇÕES
Como mencionado, a ocupação desordenada atua como 
importante agente desencadeador de processos erosivos, 
pois aumenta o surgimento de cidades em locais impróprios 
sem a utilização de instrumentos técnicos adequados como 
Planos Diretores compatíveis com a realidade regional, e 
uma infraestrutura adequada, aliado ainda às características 
do meio físico, tais como solos arenosos suscetíveis à erosão.
Para prevenir os efeitos dos processos erosivos deve-se de-
finir e implantar adequadamente práticas de prevenção. Ini-
ciado o processo erosivo, todas as alternativas de contenção 
são caras e de difícil execução. Os projetos de loteamentos 
ou conjuntos habitacionais devem ser concebidos a partir 
de um planejamento urbanístico integrado que contemple 
de forma eficiente um sistema de drenagem. Deve contem-
plar também, como condição básica, a correta concepção de 
obras de correção para os processos erosivos já instalados. 
Em alguns países vêm sendo elaboradas, aprovadas e aplica-
das às leis do uso do solo, tanto para áreas rurais, como para 
áreas urbanas. Essas leis são conjuntos de dispositivos legais 
que orientam melhor o uso do solo. Nas áreas urbanas, regula-
mentam os trabalhos de terraplanagem de novos loteamentos, 
aberturasde novas ruas entre outros, para diminuir a fonte dos 
processos erosivos e, por consequência, a produção de sedi-
mentos que serão depositados nas obras de drenagem urbana.
No campo da agronomia, são bastante conhecidas as práti-
cas de prevenção e controle da erosão. A erosão, de acordo 
com a sua intensidade, atinge diretamente os horizontes 
do solo, reduzindo o espaço para o crescimento vegetal e 
a busca de nutrientes pelas suas raízes, levando ao empo-
brecimento do solo e à baixa produtividade agrícola. São 
bastante conhecidas as práticas de prevenção e controle na 
proteção do solo, frente à ação erosiva da gota da chuva e 
do escoamento superficial, e na possibilidade de promover 
a exploração racional de determinada área, considerando-
-se suas potencialidades e limitações. Dentre as questões 
técnicas, destaca-se a utilização adequada de práticas agrí-
colas de conservação do solo, podendo agrupá-las em vege-
tativas, edáficas e mecânicas.
O plano de prevenção da erosão urbana consiste basicamen-
te no ordenamento do assentamento urbano, que estabele-
ce as normas básicas para evitar problemas futuros, além de 
planejar situações que favorecem o desencadeamento do 
Processo do tipo voçoroca em evolução, comprometendo a vegetação de porte arbóreo
78 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS
Material depositado no interior da erosão que será transportado e 
depositado nos córregos, ribeirões, rios e reservatórios situados à 
jusante, comprometendo a capacidade de armazenamento de águas Vista geral da voçoroca em área rural com evolução acelerada
Assoreamento em rio de grande porte devido à deposição de sedimentos 
transportados pelo processo erosivo
processo erosivo, e no caso de espaços já ocupados, reduz 
ou elimina os possíveis efeitos negativos dessa ocupação.
Para a garantia de implantação de um plano de prevenção, 
devem ser definidas diretrizes legais, compreendendo uma 
legislação relativa ao perímetro urbano, zoneamento urba-
no, arruamento e loteamento. Para prevenir a erosão nessas 
áreas pode-se planejar e programar as expansões dentro da 
técnica estabelecida para o controle e, consequentemente, 
para que não sejam necessárias aplicações volumosas de re-
cursos em sedes ou distritos urbanos que, com uma simples 
expansão de área, vejam ressurgir problemas antes comba-
tidos. A observação mostra claramente que toda a tecnolo-
gia desenvolvida no combate da erosão urbana ao longo do 
tempo foi voltada para o controle dos processos desenca-
deados, em vez da tentativa de preveni-los.
Evidentemente, trata-se de um processo dinâmico, que deve 
acompanhar a expansão urbana, a implantação de infraes-
trutura e o aumento de densidades ocupacionais, apesar de 
que o próprio grau de urbanização torna-se agente causa-
dor do processo erosivo. O uso e a ocupação do solo devem 
atingir os objetivos de diminuição dos efeitos destes fatores 
sobre a erosão urbana, definindo as restrições de uso, justifi-
cáveis do ponto de vista econômico ou social.
A implantação de medidas preventivas e o enfrentamento 
de problemas decorrentes do uso e ocupação do solo rea-
lizado de forma inadequada, buscando a melhoria da qua-
lidade de vida e a própria melhoria dos investimentos, exi-
gem análise e sistematização integrada dos processos que 
sejam significativos para o conhecimento e a abordagem do 
meio ambiente. Uma ferramenta fundamental na prevenção 
dos processos erosivos é a elaboração de uma Carta Geotéc-
nica, que tenha como pressuposto básico:
•	 Predeterminar o desempenho da interação entre o 
uso do solo e o meio físico, bem como indicar os conflitos 
potenciais entre as próprias formas de uso e ocupação;
•	 Orientar medidas preventivas e corretivas para diminuir 
os gastos e riscos aos empreendimentos e no meio circundante.
A carta geotécnica é um produto resultante da caracteri-
zação dos terrenos, considerando os parâmetros dos seus 
componentes físicos, os quais induzem ao desenvolvimento 
de processos e fenômenos responsáveis pela dinâmica da 
crosta terrestre. Assim, a cartografia apresenta diversas de-
nominações, de acordo com o objetivo, conteúdo, natureza 
dos terrenos e formas de ocupação (BITAR et al., 1992; FREI-
TAS e ALMEIDA, 1995):
•	 Cartas Geotécnicas (lato sensu): apresentam as li-
mitações e potencialidades dos terrenos e estabelecem di-
retrizes de ocupação;
•	 Cartas de Risco Geológico: avaliam os danos po-
tenciais à ocupação de acordo com as características ou fe-
nômenos naturais ou induzidos pelo uso do solo;
•	 Cartas de Suscetibilidade: destacam um ou mais fe-
nômenos ou comportamentos indesejáveis para uma determi-
nada forma de uso do solo (Carta de Suscetibilidade à Erosão);
•	 Cartas de Atributos (geológicos ou geotécnicos): 
apresentam a distribuição geográfica de características de 
interesse a uma ou mais formas de uso e ocupação;
FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 79
•	 Cartas de Capacidade do Uso da Terra: têm a finali-
dade específica do uso rural e agrícola, desenvolvidas a partir 
do confronto do mapa de classes de declividade dos terrenos 
com as unidades pedológicas do solo. Estabelecem classes 
homogêneas de terras com base no grau de limitação deste 
uso, e subclasses com base na natureza da limitação.
CONTROLE DE EROSÃO
Controle dos processos erosivos são medidas estruturais e 
não estruturais para diminuir a incidência de erosões tanto 
na área urbana como na área rural.
CONTROLE URBANO
Conhecendo-se as características da bacia de contribuição 
e dos processos erosivos, passa a ser realizada a concepção 
das obras de contenção e a elaboração do projeto executi-
vo, de maneira a garantir a eliminação das causas ativas do 
desenvolvimento das erosões. É importante salientar que 
durante a elaboração do projeto é necessário conhecer:
•	 As características geométricas dos processos erosi-
vos que podem sofrer modificações após curtos períodos de 
chuva, exigindo flexibilidade do projeto com adaptação das 
obras realizadas durante a construção;
•	 Apesar da existência da erosão, cujos processos 
e mecanismos erosivos são comuns, todo projeto deve 
considerar as especificidades próprias da erosão, o que 
dificulta a generalização de soluções padrões para um 
determinado conjunto de processos erosivos.
Na elaboração do projeto é fundamental a análise da bacia de 
contribuição para a elaboração de projetos, contemplando o 
conjunto de medidas principais que consistem basicamente de:
•	 Microdrenagem que é importante, para o controle e 
prevenção da erosão, evita o escoamento direto sobre o solo, 
através de estruturas de captação e condução das águas superfi-
ciais (sarjetas, bocas de lobo, coletores, galerias e poços de visita).
•	 Macrodrenagem que são obras responsáveis pelo 
escoamento final das águas pluviais drenadas da área urbana, 
para fora do perímetro urbano, até atingirem os locais 
adequados para deságue em dissipadores de energia, ou se-
ções artificiais ou naturais, hidraulicamente estáveis (emissá-
rios em tubos de concreto armado, canais abertos ou fecha-
dos de concreto armado, canais abertos em gabiões e grama). 
As obras de macrodrenagem visam melhorar as condições de 
escoamento para reduzir os problemas de erosões, assorea-
mento e inundações ao longo dos principais talvegues. A so-
lução definitiva seria prolongar o emissário até um córrego 
ou talvegue que apresentasse estabilidade, conduzindo-o às 
vezes, pelo interior da erosão até um local adequado para a 
descarga das águas, onde a sua energia possa ser dissipada.
•	 Obras de extremidades que são os dissipadores 
de energia, dispostos na saída dos emissários, tendo a 
finalidade de reduzir a velocidade das águas, permitindo um 
escoamento tranquilo no talvegue receptor.
Erosão do tipo ravina ativada por falta de obras de extremidade. 
Exemplo de destruição do sistema de galeria
Erosão do tipo ravina desencadeada pelaconcentração do escoamen-
to superficial das águas pluviais
Erosão em área urbana desencadeada pela concentração do escoa-
mento das águas pluviais lançada na encosta por galeria sem obras 
de extremidades, colocando em risco o sistema viário e as edificações
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80 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS
•	 Pavimentação para evitar a erosão laminar e em 
sulcos, nas ruas onde a declividade é maior, assegurando a 
adequada eficiência do sistema de microdrenagem. A pavi-
mentação deve ser entendida como parte integrante do sis-
tema de drenagem, apesar do alto custo envolvido, convém 
sempre rever o plano urbanístico da cidade, priorizando a 
pavimentação das ruas de maior concentração de escoa-
mento superficial.
Consequência dos sedimentos provenientes dos processos. Os sedimentos diminuem a capacidade de água nos rios, reservatórios de abasteci-
mento etc., principalmente em épocas de escassez de água
PRÁTICAS DE CARÁTER VEGETATIVO
UTILIZA-SE A COBERTURA VEGETAL COMO CRITÉRIO BÁSICO DE CONTENÇÃO DA EROSÃO
TÉCNICAS COMENTÁRIOS
PLANTAS DE COBERTURA
Têm sido normalmente utilizadas em culturas permanentes, tais como plantio de café, laranja e fruticul-
tura em geral, cobrindo os claros deixados no terreno por suas copas. Em culturas anuais, as plantas de 
cobertura, quando utilizadas, visam completar o efeito de cobertura já proporcionado pelas plantas culti-
vadas. Erosão: o aumento da cobertura vegetal do solo está diretamente relacionado com o aumento de 
produção. Quando maior a produção de biomassa, maior a produtividade e consequentemente menores 
serão as perdas causadas pela erosão.
CULTURAS EM FAIXAS
Plantio em faixas de exploração contínua ou em rotação, intercalado, em geral, com culturas anuais ou 
semiperenes (cana de açúcar, mandioca etc.) Os principais objetivos é interceptar a velocidade das enxur-
radas e dos ventos, facilitar a infiltração das águas e permitir a contenção do solo parcialmente erodido. O 
efeito da cultura em faixa no controle de erosão é baseado em três princípios: as diferenças em densidade 
das culturas empregadas, o parcelamento dos lançantes e a disposição em contorno. A disposição alter-
nada de culturas diferentes faz com que as perdas por erosão, sofridas por determinada cultura sejam, em 
parte, controladas por cultura. Culturas como feijão, mamona e mandioca perdem mais solo e água por 
erosão do que amendoim, algodão e arroz, e estas, por sua vez, perdem mais que soja, batatinha, milho e 
cana-de-açúcar (LOMBARDI NETO, 1994).
CORDÕES DE VEGETAÇÃO PERMANENTE
São fileiras de plantas perenes ou semiperenes e de crescimento denso, (cana-de-açúcar, por exemplo), 
dispostas com determinado espaçamento e sempre em contorno. Apresentam comportamento de con-
trole da erosão semelhante às culturas em faixa.
ALTERNÂNCIA DE CAPINAS
Intercalação nas capinas de maneira a manter parcelas da área em cultivo, com mato, imediatamente abai-
xo de outra recém-capinada. Seu efeito no controle da erosão é semelhante ao observado na cultura em 
faixas e cordões de vegetação permanente. A eficiência desse sistema no controle de erosão será tanto 
maior quanto mais próximas das curvas de nível do terreno estiveram às ruas das plantas. Sendo bem 
conduzido, ele não afeta a produção (LOMBARDI NETO e DRUGOWICH, 1994).
QUEBRA-VENTOS Barreira densa de árvores visando interceptar a ação dos ventos, controlando a erosão eólica.
CEIFA DO MATO
Uma das maneiras eficientes de controlar a erosão nas culturas perenes (café, cacau e pomares) cortan-
do as ervas daninhas a uma pequena altura da superfície do solo. Nessa prática deixam-se intactos os 
sistemas radiculares do mato e das plantas perenes e uma pequena vegetação protetora de cobertura, 
constituída de tocos (LOMBARDI NETO e DRUGOWICH, 1994).
COBERTURA MORTA
A cobertura do solo com restos de culturas é uma das mais eficientes práticas de controle da erosão, es-
pecialmente no caso da erosão eólica. Essa prática tende a melhorar a estrutura do solo na camada su-
perficial. O efeito mais importante, do ponto de vista de controle da erosão, pela proteção que oferece 
o impacto das gotas de chuva e contra o escoamento acelerado da enxurrada (LOMBARDI NETO, 1994).
FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 81
Encostas recuperadas
•	 Estabilização dos Taludes ou Aterro da 
Boçoroca que são obras complementares com a 
finalidade de proteger os taludes resultantes, contra 
a erosão promovida pelas chuvas e contra possíveis 
escorregamentos. Essas obras normalmente são 
realizadas através de serviços de terraplenagem (cortes 
com bermas e aterros) e medidas de proteção superficial 
através da revegetação. Na área de empréstimo usada 
como aterro, deve ser executada a remoção da camada 
superficial e o armazenamento do solo para, posterior-
mente, lançá-lo sobre o material de aterro, possibili-
tando uma recuperação imediata da vegetação. Nesse 
material devem ser feitos ensaios geotécnicos (Granu-
lometria, Ensaio de Compactação Proctor, Limite de At-
terberg, Infiltração, Densidade e Umidade Natural). 
•	 Bioengenharia que é a cobertura vegetal e tem 
papel importante no controle da erosão. Ela colabora para 
a estabilização dos taludes laterais, diques e reaterro, pro-
tegendo o solo descoberto pelo movimento de terra do 
impacto direto das gotas de chuvas, além de conter e dis-
pensar o escoamento superficial concentrado.
•	 Estabilização de Talvegues (leito da boçoroca) é 
responsável por promover o equilíbrio e impedir a evolu-
ção da boçoroca. A estabilização é utilizada em sistemas 
de barragens escalonadas no seu leito, permitindo assim, 
diminuir a declividade do fundo do talvegue e estabilizar 
o leito pelo assoreamento. A construção dos barramen-
tos (semelhante ao dique) no interior da boçoroca deve 
ser feita à jusante do dique de terra. Todas as barragens 
devem ser construídas em uma única etapa, para que o 
assoreamento causado pela barragem à jusante proteja 
a barragem de montante, e assim sucessivamente. As so-
82 • FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS
luções comumente encontradas são diques de terra, bar-
ragem em gabião e solo-cimento. É importante ressaltar, 
que estas medidas não têm como finalidade a retenção de 
água, e sim dos sedimentos.
•	 Disciplinamento das Águas Subterrâneas: a 
ação das águas subterrâneas (lençol freático ou lençol 
suspenso) é apontada como um dos maiores desafios 
existentes na execução de obras em boçorocas. Ao 
atingir o lençol freático, os mecanismos de erosão são 
intensificados em função do surgimento do gradiente 
piezométrico que ao emergir no pé do talude, apresenta 
suficiente força para deslocar partículas, podendo 
estabelecer o processo de erosão tubular regressiva (pi-
ping). Ocorre também a liquefação do material arenoso 
pela lenta percolação d’água junto à parede da boçoroca, 
provocando uma diminuição da coesão do solo e conse-
quente solapamento do talude. O tratamento convencio-
nal é feito com a aplicação de drenos enterrados, visando 
a drenagem das águas subsuperficiais, impedindo o ar-
raste do solo pelo piping. 
•	 Conservação das Obras que engloba as inspeções 
periódicas para verificação das condições das estruturas 
hidráulicas e o monitoramento específico para avaliar o fun-
cionamento dos drenos e filtros. Com o colapso de uma sim-
ples estrutura, seu efeito destruidor se multiplica, compro-
metendo toda a obra, dessa forma, medidas de manutenção 
como a limpeza e desobstrução de canais e tubulações, re-
paros em canais e dissipadores podem prolongar a vida útil 
das obras. 
Quando as obras de microdrenagem e de pavimentação são 
implantadas sem a execução das obras de macrodrenagem 
e extremidades, haveráuma transferência dos processos ero-
sivos das áreas urbanas para as periurbanas, com o agrava-
mento da situação. Nas bacias onde são implantadas adequa-
damente, mas onde a malha viária não possui pavimentação, 
os problemas causados pelos efeitos da erosão laminar e em 
PRÁTICAS DE CARÁTER EDÁFICO
SÃO PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS QUE MANTÊM OU MELHORAM AS CONDIÇÕES DE FERTILIDADE DO SOLO E, INDIRETAMENTE, 
CONTROLAM A EROSÃO.
TÉCNICAS COMENTÁRIOS
CONTROLE DE FOGO
Prática muito comum na agricultura brasileira, destruindo a matéria orgânica e o nitrogênio, bem como a 
estrutura ou organização das partículas constituintes do solo, condicionando a diminuição na capacidade de 
absorção e retenção de umidade. Esta prática diminui a resistência do solo à erosão.
ADUBAÇÃO VERDE E PLANTIO
Incorporação de nitrogênio e matéria orgânica no solo, enterrando-se restos vegetais ainda verdes. O húmus 
produzido melhora as condições físicas do solo pela estruturação e aumento de porosidade. A porosidade 
do solo é bastante aumentada pela ação dos organismos vivos do solo (plantas e animais).
ADUBAÇÃO QUÍMICA
Manutenção e restauração da fertilidade do solo proporcionando aumento de produtividade e melhor co-
bertura vegetal, protegendo desta forma, o solo.
ADUBAÇÃO ORGÂNICA Incorporação de matéria orgânica no solo pela aplicação de certos produtos (esterco e composto orgânico).
ROTAÇÃO DE CULTURA
Plantio de diferentes tipos de lavouras (plantas que esgotam, recuperam ou conservam os solos), numa mes-
ma gleba, visando ao controle de doenças e pragas e melhoria das características físicas do solo.
CALAGEM
Correção da acidez do solo pela aplicação de cálcio. Solos ácidos dificultam o aproveitamento do fósforo 
pelas plantas e o desenvolvimento de microrganismos fixadores do nitrogênio atmosférico. Portanto, a cala-
gem proporciona melhores coberturas vegetais do solo, protegendo-o contra a erosão.
sulcos prejudicam a eficiência do funcionamento do sistema 
de drenagem, devido ao intenso assoreamento.
CONTROLE RURAL
Para o controle rural são necessárias noções de tecnolo-
gias disponíveis para práticas agrícolas a fim de controlar o 
escoamento superficial do solo. Os processos erosivos em 
áreas de cultivo podem ser reduzidos ou controlados com 
a aplicação de práticas conservacionistas, que têm por con-
cepção fundamental garantir a máxima infiltração e o me-
nor escoamento superficial das águas pluviais.
O controle da erosão em áreas rurais destaca-se fundamen-
talmente com a utilização adequada de práticas agrícolas de 
conservação do solo como a adoção de medidas contra a 
erosão associada a estradas e o fornecimento de subsídios, 
visando o planejamento da ocupação agrícola por meio da 
elaboração de mapas de capacidade de erosão das terras. 
Partindo da preparação do solo que se determina a poten-
cialidade do processo erosivo, toda e qualquer medida para 
redução da erosão e aumento da infiltração de água no solo, 
deve considerar os seguintes pontos básicos:
•	 Impacto direto das gotas de chuva sobre a super-
fície do solo;
•	 Diminuição da desagregação das partículas do solo;
•	 Aumento da capacidade de infiltração de água no solo;
•	 Redução da velocidade de escoamento das águas 
superficiais.
São várias as técnicas de conservação do solo adotadas na 
agricultura, podendo-se agrupá-las em vegetativas, edáficas 
e mecânicas. As técnicas de caráter vegetativo e edáfico são 
de mais fácil aplicação, menos dispendiosas e mantêm os 
terrenos cultivados em condições próximas ao seu estado 
natural, devendo, portanto, ser privilegiadas. Recomenda-se 
a adoção das técnicas mecânicas em terrenos muito susce-
tíveis à erosão, em complementação às técnicas vegetativas 
e edáficas.
FUNDAÇÕES & OBRAS GEOTÉCNICAS • 83
CONTROLE DAS RAVINAS E BOÇOROCAS EM 
ÁREA RURAL
O controle destes processos, além de difícil é oneroso, po-
dendo até ser mais elevado que o próprio valor da terra. 
Portanto é essencial efetuar as medidas de controle destes 
processos para prevenir a sua formação. As medidas para o 
seu controle poderão ser feitas por meio dos seguintes pro-
cedimentos (BERTOLINI et al., 1994):
•	 Isolamento da área afetada com cerca para evitar o 
acesso de gado, trânsito de máquina e veículos que podem 
favorecer a concentração da enxurrada e dificultar o desen-
volvimento da vegetação;
•	 Drenagem da água subterrânea quando atinge o 
lençol freático, o sucesso do controle da boçoroca é cole-
tar essa água e ser conduzida até um leito de drenagem 
estável, que pode ser feito com dreno de pedra ou feixes 
de bambu;
•	 Controle da erosão em toda bacia de captação 
para evitar que o escoamento superficial das águas plu-
viais tenha na erosão um canal escoadouro. Isso pode ser 
conseguido com o sistema de terraceamento, canais es-
coadouros ou divergentes, plantio em nível, cobertura ve-
getal ou outras práticas que deverão ser implantadas em 
todas as áreas a montantes e laterais, formando a bacia de 
captação da erosão;
•	 Suavização dos taludes da erosão, em que as pare-
des da erosão são muito íngremes, havendo a necessidade 
de suavização nos taludes para facilitar a implantação da ve-
getação protetora do solo;
•	 Construção de paliçadas ou pequenas barragens 
que podem ser feitas com madeira, pedra, galhos ou troncos 
de árvores, entulho ou terra, tendo a finalidade de evitar o 
escoamento em velocidade no interior da erosão;
•	 Vegetação da erosão que deve ser feita com plan-
tas rústicas que desenvolvam bem em solos erodidos pro-
porcionem boa cobertura do solo e tenham um sistema ra-
dicular abundante. 
Aplicando essas medidas, o processo erosivo se estabiliza e 
o solo começa a se reconstituir, mas a melhor alternativa é 
a adoção de medidas preventivas utilizando o uso da terra, 
segundo sua capacidade, para não desencadear esses pro-
cessos. O uso inadequado das práticas conservacionistas 
também transforma áreas com grande incidência de pro-
cessos erosivos. 
BENEFÍCIOS DO CONTROLE DA EROSÃO
A erosão é um grave problema no Planeta, em face do seu 
poder destrutivo, tanto de solos agricultáveis, contribuindo 
para a degradação de áreas urbanizadas ou em urbanização, 
onde causam alterações nos recursos hídricos. Os benefícios 
da prevenção são: evitar a degradação do solo, aumentar a 
produtividade na agricultura, diminuir a poluição dos ma-
nanciais decorrentes do adubo que é transportado, evitar o 
assoreamento dos corpos d’água entre outros. Esse controle 
não é novidade, pois os Incas e os Chineses empregavam 
continuamente a agricultura em terraços (tabuleiros) tendo 
como finalidade controlar as enxurradas, evitando assim o 
desencadeamento dos processos erosivos.
PRÁTICAS DE CARÁTER MECÂNICO
SÃO PRÁTICAS ARTIFICIALMENTE DESENVOLVIDAS NAS ÁREAS DE CULTIVO PELA EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS EM CANAIS E ATERROS, COM 
FINALIDADE DE CONTROLAR O ESCOAMENTO SUPERFICIAL DAS ÁGUAS E FACILITAR A SUA INFILTRAÇÃO.
TÉCNICA COMENTÁRIOS
PLANTIO EM CONTORNO (NÍVEL)
Marcação no terreno de curvas de nível e execução em espaços estabelecidos de sulcos e camalhões de 
terra. As fileiras de cultura e os sulcos e camalhões, acompanhando as curvas de nível, constituem obstáculos 
que se opõem ao percurso livre das enxurradas, controlando a erosão.
TERRACEAMENTO
Essa prática é a mais antiga e eficiente de controle de erosão nas terras cultivadas, sendo constituída de um 
canal e um camalhão com a finalidade de parcelar o comprimento de rampa, possibilitando a redução de 
velocidade e subdividindo o volume do deflúvio superficial (facilitando sua infiltração no solo) ou disciplinar 
o seu escoamento até um leito estável de drenagem natural. São vários os métodos utilizados: terraço em 
nível, terraço em desnível, terraço em patamar e outros, e sua escolha depende das condições do terreno.
CANAIS ESCOADOUROS
Canaisde dimensões apropriadas, vegetados, capazes de transportar com segurança a água de escoamento 
superficial proveniente dos sistemas de terraceamento ou de outras estruturas. São estruturas rasas e largas, 
com declividade moderada e estabelecida em leitos resistentes à erosão. Sua melhor localização talvez seja 
a depressão natural, onde são encaminhadas naturalmente as águas que escorrem em um terreno, desde os 
espigões até o rio ou depressão mais baixa.
Gerson Salviano de Almeida Fi-
lho é tecnólogo civil pela FATEC 
(Faculdade de Tecnologia de São 
Paulo), 1988, possui mestrado em 
Engenharia Civil na área de Recur-
sos Hídricos pela UNICAMP (Uni-
versidade Estadual de Campinas), 
2000, e doutorado na mesma insti-
tuição pelo Instituto de Geografia. 
Atualmente é pesquisador do Cen-
tro de Tecnologias Geoambientais 
na seção de Investigações, Riscos e Desastres Naturais do IPT 
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo). 
Possui vários trabalhos na área de processos erosivos, assorea-
mento e recursos hídricos. 
A
rq
ui
vo
 P
es
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al

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