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5º Peça Constitucional

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DE FAZENDA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE SUCUPIRA - TO.
ANDREAS, brasileiro naturalizado, casado, desempregado, portadora a carteira de identidade RG nº ..........., inscrito no CPF sob o nº..............., residente e domiciliado na Rua................, nº…, Bairro........, CEP.............., Sucupira, TO, sobre o INGRESSO DO LITISCONSORTE NECESSÁRIO NO MANDADO DE SEGURANÇA, impetrado por ADALGISA PORTELA, nacionalidade, estado civil, estudante, portadora a carteira de identidade RG nº ..........., inscrito no CPF sob o nº..............., residente e domiciliado na Rua................, nº…, Bairro........, CEP.............., Sucupira, TO, por seu advogado que esta subscreve, constituído na forma do incluso instrumento de mandato, vem respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, impetrar o seguinte MANDADO DE SEGURANÇA, com fulcro nos artigo 5.º caput, I, XXXIV, LXIX, art. 12 da Constituição Federal de 1988, e No artigo 1º e seguintes da Lei nº 12.016/09 e artigos 99 e 114 do Novo Código Civil.
Contra ato ilegal e abusivo por parte do PREFEITO MUNICIPAL DO MUNICÍPIO DE SUCUPIRA, na pessoa do Sr. ODORICO PARAGUAÇU, com endereço Rua......................., nº:......., Bairro…, CEP…, Sucupira, TO, pelos fatos e fundamentos jurídicos que a seguir passa a expor:
I – DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
É importante salientar que o impetrante uma vez que não tem condições financeiras de arcar com as despesas do processo e as custas processuais do referido processo, sem que haja prejuízo de seu sustento e de sua família, requer a concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do artigo 99 do NCPC, artigo 5º inciso V da Constituição Federal. 
II – DO CABIMENTO
A Constituição Federal estabelece em seu artigo 5º a titularidade de direitos e garantias fundamentais a brasileiros e estrangeiros residente no Brasil. Como desdobramento deste direito fundamental temos dois subprincípios que não se confundem: a universalidade e a igualdade, de acordo com a seguinte transcrição:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
Os atos administrativos em regra, são os que mais ensejam lesões a direitos individuais e coletivo, portanto estão sujeitos a impetração de Mandado de Segurança, o qual o Mandado de Segurança será sempre a correção de ato ou omissão de autoridade, desde que, ilegal e ofensivo de direito individual ou coletivo, líquido e certo, do impetrante, de acordo com os artigos transcritos a seguir:
O art. 5º. [......
 LXIX - Conceder-se-á Mandado de Segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
III – DOS FATOS
O impetrante ingressou como litisconsorte necessário no Mandado de Segurança, o qual foi interposto por Adalgisa Portela, contra a Administração Pública da Prefeitura do Municipal de Sucupira. Ocorre que Andreas, aprovado em 1º lugar no concurso de provas e títulos para o cargo de assistente administrativo da Prefeitura do Município de Sucupira (conforme cópia do edital do concurso e resultado em anexo), no qual estava previstas 2 (duas) vagas, conforme edital. Onde o deferido concurso foi homologado em 5 de Janeiro de 2014. Tendo em vista que, nos termos do edital, o prazo de validade do concurso é de 2 (dois) anos, prorrogáveis por igual período critério da administração pública do Município de Sucupira e ocorre que a administração pública do Município de Sucupira não pretende prorrogar o prazo de validade do certame por mais dois anos, devido os cargos de assistente administrativo objetos do certame, já terem sido ocupados por contratação temporária para atender excepcionalmente interesse público por mera conveniência. Ou seja, os cargos objeto de provimento por concurso público, foram ocupados pelos filhos, do Prefeito Odorico Paraguaçu.
O impetrante tem direitos amparados pela Constituição Federal e preenche os requisitos necessários para ocupar um cargo público. Pois o impetrante tem nacionalidade argentina, mas é casado com uma brasileira e residente no Brasil ininterruptamente desde 1992, sem condenação penal, e já requereu a nacionalidade brasileira, obtendo-a em 2009.
Portanto, o Impetrante de fato, assim com, Adalgisa Portela, adquiriram direito líquido e certo no momento em que foram aprovados e classificados no referido certame dentro do número de vagas ofertadas no Edital do referido concurso no ano de 2014, quando da homologação dos aprovados no dia 05 de Janeiro de 2014.
IV – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
É de conhecimento público, que no Município de Sucupira existem 2 (duas) pessoas contratadas, precariamente, através de contratos temporários, e que estão exercendo os cargos de assistente administrativo, ocupando assim, indevidamente, os cargos efetivos destinados aos aprovados no concurso. E que ainda, os cargos são ocupados pelos filhos do prefeito.
Tal situação caracteriza a ilegalidade no artigo 5º, 37 da Constituição federal de 1988, de acordo com a transcrição seguinte:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
Art. 37. A administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, a seguinte:
O art. 5º, caput da Constituição da República Federativa do Brasil atribuiu a titularidade de direitos e garantias fundamentais a brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil. Como desdobramento deste direito fundamental temos dois subprincípios que não se confundem: a universalidade e a igualdade.
O Princípio da legalidade prevê serem todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Coelho apud Scarlet (2014, p318) traça um paralelo deste dispositivo com a Constituição Portuguesa de 1976 (art. 12), no sentido de que “todos os cidadãos gozam de direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição”, onde não se deixa a margem de dúvida no tocante à recepção do princípio da universalidade no direito constitucional positivo brasileiro.
O princípio da universalidade significa que toda pessoa, enquanto ser humano, detém a titularidade de direitos e garantias fundamentais. Assim, a universalidade, enquanto um dos atributos dos direitos humanos, prevê indistintamente a aplicabilidade de direitos e garantias mínimos, que, contudo, podem ser sujeitos a limitações pela própria ordem Constitucional. Scarlet (2014, p. 318) pontua que o caput do art. 5º da CRFB/88 prevê tais limitações da universalidade e se vale da lição de Gomes Canotilho quanto à extensão da universalidade, que “será alargada ou restringida de acordo com a postura do legislador constituinte, sempre respeitando o núcleo essencial de direitos fundamentais, que é intangível por qualquer discricionariedade, núcleo que pode ser alargado pela atuação e concretização judicial dos direitos”.
Ordenamento jurídico pátrio estabelece que para a investidura do cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público. É que o que dispõe o art. 37, II, da Constituição Federal, na transcrição seguinte:
Art. 37.[... 
II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeaçãoe exoneração.
Pelo exposto, vejamos que a legalidade por si só não garante que uma determinada ordem constitucional seja legítima. Aprofundando ainda mais tal discussão, nos valeremos e Habermas (1998), que trata a dignidade da pessoa humana através de um conjunto de valores que reflete não apenas uma visão particular do mundo, mas na qual a produção de normas será legítima a partir do momento que o sujeito é ao mesmo tempo autor e destinatário das normas. É o agir comunicativo: o sujeito participa da produção da norma que se submete. 
O Supremo Tribunal Federal possui decisões que veiculam as mais diversas facetas da dignidade humana, confira-se:
a) Direito ao esquecimento enquanto dignidade da pessoa humana:
EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL. VEICULAÇÃO DE PROGRAMA TELEVISIVO QUE ABORDA CRIME OCORRIDO HÁ VÁRIAS DÉCADAS. AÇÃO INDENIZATÓRIA PROPOSTA POR FAMILIARES DA VÍTIMA. ALEGADOS DANOS MORAIS. DIREITO AO ESQUECIMENTO. DEBATE ACERCA DA HARMONIZAÇÃO DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DO DIREITO À INFORMAÇÃO COM AQUELES QUE PROTEGEM A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E A INVIOLABILIDADE DA HONRA E DA INTIMIDADE. PRESENÇA DE REPERCUSSÃO GERAL. (ARE 833248 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 11/12/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-033 DIVULG 19-02-2015 PUBLIC 20-02-2015)
Ressalta-se também um importante precedente e que se encaixa perfeitamente nos artigo 12, II, b da Constituição Federal, de acordo com a seguinte transcrição:
Art. 12. São brasileiros:
II - naturalizados:
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
O Impetrante candidato é de nacionalidade argentina, mas casado com uma brasileira e residente no Brasil ininterruptamente desde 1992 e sem condenação penal, onde já requereu a nacionalidade brasileira, logrando êxito em obtê-la em 2009.
Assim, os brasileiros naturalizados podem ter acesso a cargos públicos nos termos do art. 37, I, da CRFB/88 desde que os não elencados no art. 12, §3º, da CRFB/88, e artigos 112 a 121, do Estatuto do Estrangeiro (Lei n° 6.815/1980), bem como nos termos do acordo bilateral Brasil-Portugal – Decreto nº 3.927, de 19 de setembro de 2001, seja obedecida ao tratamento de reciprocidade entre brasileiros e portugueses.
Também é importante informar que a formação do litisconsórcio é obrigatória em razão da unitariedade da relação jurídica em questão. Didier (2014) esclarece que a redação do art. 114, NCPC/15 na transcrição seguinte:
Na verdade, é tautológica: o litisconsórcio é necessário quando a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes; ou seja, será necessário quando for necessário. Mas no trecho em que remete à relação jurídica controvertida (‘quando, pela natureza da relação jurídica controvertida’) o legislador indica que está a referir-se ao litisconsórcio unitário, que é o tipo de litisconsórcio definido a partir da relação jurídica litigiosa. 
Desta forma, o Impetrante optou por ingressar em juízo a partir da citação promovida por Adalgisa, deixou de ocupar a posição de litisconsorte passivo necessário para ocupar a posição de litisconsorte ativo necessário.
Portanto, o Impetrante de fato é legítimo, assim com, Adalgisa Portela, e adquiriram direito líquido e certo no momento em que foram aprovados e classificados no referido certame dentro do número de vagas ofertadas no Edital do referido concurso no ano de 2014, quando da homologação dos aprovados no dia 05 de Janeiro de 2014.
V - DOS PEDIDOS
Ante ao exposto, estando caracterizada a ilegalidade do ato ora atacado e o abuso de poder praticado pela Autoridade Coatora, em flagrante transgressão a Princípios Constitucionais e em evidente violação de direito líquido e certo do Impetrante, atendendo ao princípio constitucional do controle judicial dos atos administrativos, REQUER desse Honrado Juízo que receba o presente MANDADO DE SEGURANÇA, para os fins de:
a) A concessão dos benefícios da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do artigo 99 do NCPC, uma vez que não tem condições financeiras de arcar com as custas do processo e honorários advocatícios, conforme o artigo 99 da NCPC.
b) se digne V. Exa., em conceder o Mandado requerido, procedente, a convocação e nomeação do Impetrante dentro prazo legal de validade do concurso em que a autor foi aprovado.
c) Notificar a Autoridade Coatora na pessoa do Prefeito Municipal Senhor Odorico Paraguaçu, por todo conteúdo desta, nos termos do art. 7º, da Lei nº 12.016/09. Intimar o Nobre Representante do Ministério Público para acompanhar o feito;
d) A notificação da autoridade coatora para que apresente o número vagas para os cargos efetivos a serem ocupados pelos aprovados no concurso, de acordo o parágrafo primeiro do artigo 6º da Lei 12.016 /2009;
e) Declaração de ilegalidade das contratações diretas por tempo determinado;
g) Requerimento de intimação da autoridade coatora para prestação de informações;
i) Requerimento de intimação do órgão de execução do Ministério Público para se manifestar sobre a ciência e providências no feito.
Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais).
Nestes termos,
Pede deferimento.
Sucupira, 05 de Abril de 2016.
Advogado
OAB......

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