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Avaliação UNIDADE 2 2 UNIDADE 2 AVALIAÇÃO PARA INÍCIO DE CONVERSA Querido (a) aluno (a), estivemos juntos na Unidade I, na qual pudemos conhecer melhor sobre o processo avaliativo, conceitos e finalidades. Nesta unidade, iremos aprofundar ainda mais sobre o tema Avaliação e compreender a sua relação com o processo de ensino-aprendizagem. Para isso, iremos entender como funciona a avaliação e que instrumentos e procedimentos os professores utilizam para avaliar, como se dá e o que é o processo de ensino-aprendizagem e como ele se relaciona com a avaliação. Além disso, iremos estudar também as mudanças pelas quais passou a didática brasileira e de como essas mudanças contribuem para a modificação nesse processo. PAlAVRAS DO PROfESSOR Meu Caro (a), como já estudamos na unidade I dessa disciplina, a avaliação não pode ser con- siderada de forma independente do processo de ensino-aprendizagem, ela é parte dele. E tem a função, de uma forma geral, de diagnosticar se esse processo conseguiu alcançar seu principal objetivo: a aprendizagem do aluno. Para dar esse diagnóstico é fundamental conhecer as abordagens, os instrumentos e procedi- mentos ligados à avaliação, para assim saber aplicá-los de maneira eficiente, e daí atuar, de maneira responsável, até alcançar o resultado desejado. No seu livro texto, na página 31, a figura 2.1 apresenta um esquema sobre o sistema de avaliação: as entradas (abordagens, instrumentos e procedimentos); o processamento (ação responsável); e as saídas (os resultados esperados). Nesse sistema todas as etapas estão interligadas, caso uma não seja bem realizada, as outras, consequentemente, também não sairão como desejado. Nessa unidade, focaremos principalmente nas entradas (abordagens, instrumentos e procedimen- tos). Veremos cada uma delas a seguir. Você está preparado? Então vamos em frente. SISTEMA DE AVAlIAÇÃO: ABORDAGENS, INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS De acordo com Mere Abramowicz, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, “A avaliação deve ser encarada como reorientação para uma aprendizagem melhor e para a melhoria do sis- tema de ensino”, ou seja, a avaliação deve fazer parte do processo de aprendizagem e contribuir 3 para (re) organização desse processo. Se na avaliação o aluno demonstrar que tem dificuldade em determinado assunto, cabe ao professor (re) pensar estratégias para que haja de fato a apren- dizagem. Na unidade I, estudamos sobre o trio pedagógico proposto por Both (2008): competência, capa- cidade e habilidade. Esses elementos podem ser importantes guias para uma avaliação eficaz, pois ela pode analisar o desenvolvimento do aluno a partir desses três eixos: o domínio do que foi estudado (competência), aplicação do que foi estudado (capacidade) e o uso do que foi estudado com criatividade (habilidade). DICA É necessário, para que esses elementos funcionem, que o aluno esteja conscien- te do processo, ou seja, que ele saiba para onde está indo, o que está aprenden- do, como está seu desempenho, que tenha autoconsciência de todo o processo. Também o professor deve saber para onde está indo a aprendizagem, se suas estratégias estão de fato funcionando. Essas estratégias estão ligadas à abor- dagem que o professor utiliza. Mas quais seriam essas abordagens? Maria da Graça Nicoletti Mizukami (1996) apresenta, no livro Ensino: As abordagens do processo (1996), cinco abordagens, que podem ter um referencial filosófico, ser intuitivas ou baseadas na prática, ou podem ser reproduções de modelos vivenciados, e por isso podem apresentar dife- rentes conceitos de educação, ensino-aprendizagem, didática e avaliação. São elas: Abordagem tradicional, abordagem comportamentalista, abordagem humanista, abordagem cognitivista e abordagem sociocultural. Na abordagem tradicional a avaliação, geralmente, ocorre através de provas, exames, exercícios, testes orais, etc. o conhecimento é considerado estático, pois o aluno só reproduz o que foi me- morizado. Na abordagem comportamentalista, a avaliação é guiada pelos objetivos estabelecidos, serve para constatar se o aluno aprendeu e conseguiu alcançar os objetivos esperados. O aluno avança num ritmo próprio, mas sem errar. A avaliação é parte do processo de ensino-aprendizagem, mas, assim como na tradicional, a ênfase é nos resultados finais, ou seja, no produto obtido. Na abordagem humanista, o aluno assume o controle da aprendizagem, ou seja, a avaliação se dá por meio da autoavaliação, só ele será capaz de se julgar, a partir de critérios internos. Na abordagem cognitivista, o processo de ensino-aprendizagem se dá na relação do estudante com o meio, se baseia no ensaio, no erro, na investigação, na pesquisa, na solução de problemas, facilitando o aprender a pensar. A avaliação deve ser qualitativa, através da observação se o aluno já adquiriu noções, conservações, realizou operações, relações, etc. 4 Por fim, na abordagem sociocultural, avaliação se dá através da autoavaliação, tanto professores quanto alunos, passam por essa avaliação de forma permanente, a fim de tomarem ciência de suas dificuldades e processos. lEITURA COMPlEMENTAR Para um aprofundamento maior sobre essas abordagens, vale a leitura do livro de Mizukami, Ensino: As abordagens do processo (1996), e do artigo O Processo Ensino-Aprendizagem Permeado Pela Avaliação Contínua, de Joseli Rampazzo da Silva Almeida e de Márcia Bastos de Almeida, no link. Agora, caro (a) aluno (a), fica mais fácil compreender os motivos pelos quais os professores esco- lhem esta ou aquela postura na sua prática avaliativa. ACESSE O AMBIENTE VIRTUAl No seu livro texto, na página 33, há uma análise bastante interessante sobre a abordagem da educação à distância (EaD) e sua contribuição para o processo de ensino-aprendizagem, pois, ao utilizar as tecnologias de maneira eficaz, pode inovar o sistema tradicional, principalmente, nos aspectos: ensino presencial, seleção de conteúdos, flexibilidade e motivação do aluno. Deve-se ficar claro, que independente da abordagem assumida pelos professores, o sistema de avaliação deve sempre ter como foco a aprendizagem. Além das abordagens, o sistema avaliativo conta com dois aliados: os instrumentos e os procedimentos. É o que veremos a seguir. INSTRUMENTOS DO SISTEMA DE AVAlIAÇÃO PAlAVRAS DO PROfESSOR Caro (a) estudante, já ficou claro, nesse nosso estudo, que o aluno deve saber qual o objetivo da avaliação e o que ela pretende. Mas e o papel do professor? Ele deve ter em mente que a avaliação faz parte do processo de aprendizagem, e não que é apenas uma forma de punição aos alunos indisciplinados. De acordo com Both (2012b) o professor deve responder a quatro perguntas: “o que deve ser avaliado”, “quem deve ser avaliado”, “quem deve fazer a avaliação” e “como fazer a avaliação”. Tendo em vista que o que interessa na avaliação é o desempenho do aluno no processo de apren- dizagem, devem ser avaliados não só os aspectos informativos, mas também os processuais, ou http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1516-8.pdf 5 seja, a participação do aluno em sala de aula e suas contribuições no dia a dia do ambiente es- colar. Assim, deve ser avaliado não só o quantitativo, característica da avaliação somativa, como também o qualitativo, que caracteriza a avaliação formativa. Quanto a quem deve ser avaliado, temos a resposta na ponta da língua: o aluno! Sim, o aluno deve ser avaliado, mas também deve ser avaliado o professor, bem como a sua metodologia de ensino, e a própria avaliação, o que chamamos de meta-avaliação, isto é, a avaliação do próprio processo, com a finalidade de buscar sempre melhorias e adequação à realidade do aluno. GUARDE ESSA IDEIA! Como na pergunta anterior, a reposta à pergunta “quem deve fazer a avaliação” parece óbvia: o professor. No entanto, vimos na unidade I, que a avaliação pode ser feita pelo próprio aluno, na autoavaliação, ou por um colega. Mais do que tirar dosprofessores a responsabilidade única e autoritária da avaliação, abre a possibilidade de trazer para o processo avaliativo, outras pessoas que fazem par- te do universo escolar: gestores, secretários, coordenadores e os próprios pais. E por fim, como fazer a avaliação? É necessário saber primeiro o que se quer avaliar. Após deter- minar isso, é hora de escolher os instrumentos de avaliação que melhor se adequem ao que se deseja avaliar. Geralmente, a escolha é feita a partir de critérios mais subjetivos como ter mais familiaridade, ou ser mais prático mesmo. Entretanto, é importante que a escolha seja feita de acordo com a funcionalidade do instrumento em relação ao processo de aprendizagem do aluno, tendo em vista o que se quer melhorar e as capacidades e habilidades que se quer destacar com determinada atividade. ACESSE O AMBIENTE VIRTUAl O professor tem diversos instrumentos que podem ser utilizados de maneira efi- caz, se adequando ao objetivo pretendido. No livro-texto, na página 36, o quadro 2.1 apresenta alguns desses instrumentos, destacando sua definição, função, vantagens e pontos que merecem atenção. Entre esses instrumentos estão: a prova objetiva, dissertativa, seminário, debate, autoavaliação, entre outros. lEITURA COMPlEMENTAR Meu caro (a), indico para complementar a tabela do livro-texto, a leitura da tabela de instrumentos no link. http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-avaliacao/tabela_avaliacao_024.html 6 PROCEDIMENTOS DO SISTEMA DE AVAlIAÇÃO VOCê SABIA? Você sabia que para estudarmos os procedimentos da avaliação, é necessário que você compreenda a diferença entre os instrumentos e os procedimentos? Pois é, os primeiros são os meios pelos quais o professor coleta os dados do pro- cesso de aprendizagem: provas, questionários, debates, etc.; o segundo são os meios que ele utiliza cada um desses instrumentos, estudados no tópico anterior. Meu caro (a), durante toda a disciplina, temos frisado a importância de compreender a avaliação como um elemento que valorize a aprendizagem, dessa forma, a escolha dos instrumentos e dos procedimentos deve ser feita com muita atenção. Pensando no objetivo destacado desde o início do processo, e no desempenho do aluno, essa escolha deve ser coerente, dinâmica e inovadora. Coerente com o que foi trabalhado; dinâmico em relação ao próprio processo, aberto a mudanças e ajustes necessários; e inovador na forma como se pretende alcançar o objetivo, de acordo com as necessidades do momento. Para isso, podemos destacar alguns procedimentos: • Observação em sala: a fim de verificar a interação do aluno com os outros, sua frequên- cia, sua responsabilidade com as atividades, etc. • Realização de entrevista: pode ser feita informalmente, ou seguindo um roteiro, o im- portante é registrar as informações obtidas. Muitos alunos revelam melhor o que apren- deram, oralmente. • Realização de dinâmicas: As dinâmicas podem ser previamente estruturadas (pequenas peças teatrais, jogos, etc.). Ou dinâmicas estruturantes, em que os próprios alunos as- sumem a direção da atividade (jogos inventados, dramatizações espontâneas). • Construção de portfólio: o professor cria um arquivo sobre o aluno, com seus trabalhos e atividades, assim, fica fácil analisar o desenvolvimento do aluno, no decorrer das atividades. • Aplicação de instrumentos formais: Realização de provas, testes, exercícios de casa ou de classe, relatórios, etc. Infelizmente, a avaliação, na maioria das escolas, funciona apenas como forma de coletar dados quantitativos sobre o aluno. Esses dados são importantes, por uma questão de ordem do ambiente escolar (transferência do aluno, histórico escolar, etc), no entanto, o foco da avaliação deve ser principalmente, a aprendizagem do aluno e seu desempenho durante todo o processo, baseado na competência, capacidade e habilidade. ??? 7 ACESSE O AMBIENTE VIRTUAl No seu livro-texto, o quadro 2.2, na página 38, apresenta quatro parâmetros des- critivos de desempenho e ações voltadas para aprendizagem, unindo diagnóstico e execução. São eles: Conhecimento construído, Conhecimento consentido, Co- nhecimento recebido e Conhecimento percebido. Esses parâmetros possibilitam uma melhor análise do desempenho do aluno, vai além de concei- tos e notas, que não são suficientes para determinar se houve a construção/ desenvolvimento de conhecimento do aluno. Geralmente, nas escolas, são utilizados conceitos ou notas, e a avaliação é comandada pela avaliação somativa, com o uso limitado da avaliação formativa. Em alguns casos (deveria ser em todos!), a avaliação formativa é a principal. A tabela 2.3, na página 40, mostra que há uma equiva- lência entre os parâmetros descritivos, notas e conceitos. Os parâmetros apresentam uma maior flexibilidade, dando ao professor maior liberdade para avaliar o processo completo. OS PROCESSOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM PAlAVRAS DO PROfESSOR Caro aluno (a), muito já foi discutido sobre o processo de ensino-aprendizagem, destacando sem- pre a avaliação como integrante fundamental desse processo. Ensino, aprendizagem e avaliação fazem parte de um processo maior, que é o processo didático, que de acordo com Veiga (2011, p. 13): Tem por objetivo dar resposta a uma necessidade: ensinar. O resultado do ensinar é dar respostas a uma outra necessidade: a do aluno que procura aprender [aprendizagem]. Ensinar e aprender envolvem o pesquisar. E essas três dimensões necessitam do avaliar. Esse processo não se faz de forma isolada. Implica interação entre sujeitos ou entre sujeitos e objetivos. Nesse tópico responderemos às perguntas: o que é o ensinar? E o que é aprender (aprendizagem)? Além de compreender como elas se relacionam e como elas interagem com a avaliação. O que é ensinar? Todos nós, professores ou não, já tivemos que ensinar algo a alguém, seja a usar um computador, a fazer uma comida, a andar de bicicleta. Vez ou outra ocupamos esse papel. Mesmo em situações cotidianas, como as exemplificadas acima, quem ensina deve ter domínio de três aspectos: conhe- cer sobre o que é ensinado, saber como ensinar, e compreender as relações situacionais do outro. Esses três aspectos se relacionam com três elementos que devem estar articulados no ato de 8 ensinar: conhecimento, professor e aluno. Apesar de parecer uma atividade simples, ensinar não pode se limitar a passar conteúdos, ela é uma prática social, um instrumento de mudança, ensinar é um ato político! Por sua complexidade, o ensino é regido por diversas teorias, no seu livro texto há uma tabela (2.3 – página 41) com quatro dessas teorias, que apresentam como elemento em comum a interrelação entre os elementos que formam o ensino. São elas: Teoria Cognitivista; Teoria Artística; Teoria Compreensiva; Teoria Sociocomunicativa. • A Teoria Cognitivista - desenvolvida por Jean Piaget, parte do pressuposto que o ensino é um processo dinâmico centrado nos processos cognitivos, baseado na investigação, na pesquisa, na solução de problemas, facilitando o “aprender a pensar”; • Teoria Artística - o ensino é compreendido como uma atividade estética, poética e re- flexiva. E, por ser arte, exige irrepetibilidade de atividade, intuição e sensibilidade em todo o processo de ensino. • Teoria Compreensiva – o ensino se dá quando se cria uma conexão entre os problemas e os interesses dos professores e dos alunos, dessa forma, o ensino se torna contex- tualizado e flexível, levando em conta as vivências e experiências dos alunos de forma compreensiva; • Teoria Sociocomunicativa – o ensino é baseado na interação social e comunicativa entre professor e aluno. Essa relação permite que o ensino se torne mais criativo e transfor- mador. PARA PESqUISAR Para um maior aprofundamento na leitura, sugiro a leitura do livro Lições de Didática (2006), de Ilma Passos Alencastro Veiga, o capítulo específico do livro que trata sobre essas teorias pode ser encontrado no link: books.google.com.br.A partir da análise do quadro do livro texto e dos itens aqui apontados, é possível observar o quanto o ensino é uma questão complexa. A autora Veiga (2011), ao perceber essa complexidade, verificou como os profissionais compreendiam o ensino, e pediu que eles apresentassem uma descrição. Com as descrições ela desenvolveu cinco eixos, a saber: 1. Ensinar é um ato intencional – o ensino tem a intenção de conduzir o aluno no processo de aprendizagem; 2. Ensinar significa interagir e compartilhar – o ensino se dá por meio da interação e com- partilhamento de experiências vividas por professores e alunos; 3. Ensinar exprime afetividade – ensinar deve ser compreendido como um ato de amor, pois é através da afetividade que o professor conquista a confiança do aluno e torna o ensino mais humanizado; 4. Ensinar pressupõe construção de conhecimento e rigor metodológico – o professor deve ser o mediador no processo de aprendizagem do aluno, e saber integrar os saberes pré- vios dos alunos à construção de novos saberes, utilizando uma metodologia eficiente; 9 5. Ensinar exige planejamento didático – o professor deve ter um planejamento flexível que atenda às necessidades dos alunos, aos objetivos que ele vislumbrou e ao planeja- mento pedagógico da escola. DICA Fique atento! No seu livro texto, esses eixos estão apresentados na figura 2.2, na página 43. Voltando ao nosso raciocínio, a partir dessa análise feita por Veiga, é possível compreender o en- sino como uma prática social, que necessita de interação, afetividade, estímulo, intenção e plane- jamento, visando sempre o desenvolvimento do aluno e de suas potencialidades. Além disso, fica claro que a função do professor não é apenas transmitir um conteúdo, mas criar um ambiente que promova o conhecimento, para isso ele deve ter domínio da disciplina, compreender a dinâmica escolar, ser acessível e flexível, e entender que cada aluno tem o seu tempo de aprendizagem, e que isso refletirá, diretamente, na sua avaliação. Como poetizou Cora Coralina “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”, o professor, ou melhor, o bom professor deve ter a consciência de que ensinar é estar em eterno aprendizado. O que é aprender? Caro (a) aluno (a), sabemos que há políticas públicas de incentivo à entrada e permanência de crianças e jovens na escola, no entanto, os resultados brasileiros em relação à aprendizagem, como vimos na Unidade I (60ª posição, entre os 76 países pesquisados) são alarmantes, mostram que há um enorme déficit quanto a aprendizagem. Não é fácil de determinar as causas desse déficit, principalmente, pela complexidade do ato de aprender, que vai além da cognição, envolve o emocional, social, cultural, etc. Mas antes de de- batermos sobre as dificuldades do processo de aprendizagem, temos que entender o que é o ato de aprender. Piaget, no livro Seis estudos de Psicologia (1990), afirma que aprender: É uma construção contínua, comparável à edificação de um grande prédio que, na medida em que se acrescenta algo, ficará mais sólido, ou à montagem de um mecanismo delicado, cujas fases gradativas de ajustamento conduziriam a uma flexibilidade e uma mobilidade das peças tanto maiores quanto mais estável se tornasse o equilíbrio. (p.12) A aprendizagem é, portanto, o ato de aprender a aprender, é o processo pelo qual habilidades, conhecimentos e valores são adquiridos, transformados ou desenvolvidos, através do estudo, da observação, da prática, etc. Ela é um ato bastante pessoal, visto que é um processo individual, mas ocorre através da interação com outras pessoas, seja em casa, no parque, na praia, na es- cola. Ou seja, é um processo individual, mas que ocorre num ambiente coletivo. Entende-se que a escola é responsável pela aprendizagem, mas não deve se limitar aos conteúdos transmitidos, 10 ela deve despertar no aluno a consciência do seu desempenho e de como se dá a aprendizagem. Assim a aprendizagem, deve ser compreendida na escola, como uma ação interativa, do aluno com a escola, com os pais, com os professores, com os colegas e com o seu conhecimento, e deve ser baseada num ensino contextualizado. Pois, através de um ensino contextualizado, o aluno, além de entender informações e resolver questões, também é capaz de formular hipóteses, descrever o raciocínio usado para isso e deixa claro o que sabe e o que não sabe (ROMANOWSKI, 2011). Dessa forma, dois elementos são fundamentais no processo de aprendizagem: a atividade docen- te e a própria sala de aula. Pois é o professor e sua metodologia, didática, projetos, atividades, conhecimento, etc, que irão seduzir o aluno, tornar o ambiente escolar menos ácido, assim como a própria organização da sala, em como estão dispostas as cadeiras, em como o professor circula entre os alunos. Para que a aula e a aprendizagem se tornem mais interativas, é necessário (re) pensar nesses elementos, não só a metodologia, avaliação e o planejamento, mas também a organização desse espaço, que criam o que Romanowski (2011) chamou de ecossistema da apren- dizagem, que é constituído das seguintes características: • Multiplicidade (ou simultaneidade) – na sala de aula diversos eventos acontecem ao mesmo tempo, o professor deve lidar com essa simultaneidade, chamando a atenção dos alunos, coibindo as conversas, etc. • Imediatismo (ou rapidez) – deve-se ter em conta, que as aulas não são corridas, e que, durante a explanação do conteúdo, imprevistos deverão acontecer (dúvidas, questiona- mentos, conversas, etc), assim, ao planejar a aula, o professor deve ter isso em mente e deixar sempre esse espaço, pois não adianta correr com o assunto, se o aluno não o compreender. • Historicidade – Contextualização do assunto! É difícil para um aluno compreender algo que não está inserido no seu contexto, o ideal é sempre o professor tratar o assunto, levando para os fatos cotidianos, fazendo analogias e comparações. • Autenticidade – o professor tem que ser autêntico, isso não tem a ver com enfeitar demais a aula, mas ele deve ter seu estilo, algo que o caracterize e o que o identifique, isso vem com o tempo e com a convivência com os alunos. • Regularidade – As aulas devem ter regularidade, continuidade, mesmo que haja im- previstos, os alunos têm que se sentir seguros, sabendo que não haverá alterações que atrapalhem o andamento do conteúdo. O professor não pode mudar, de repente, o assunto que está dando, a forma como estava trabalhando, etc. Caro (a) estudante, cabe ao professor conhecer esses elementos constitutivos do ecossistema de aprendizagem e dominá-los, para assim ter como resultado uma aula dinâmica e tornar a apren- dizagem uma ação interativa. De acordo com Romanowski (2011) o aprender interativo considera as experiências dos alunos, a comunicação na sala de aula e as diferentes estratégias de apren- dizagem. Considerar as experiências dos alunos é, para muitos, fundamental para tornar a aprendizagem dinâmica, pois o professor cria um ambiente de interação, contextualizado, aproximando o aluno ao conteúdo trabalhado e ao próprio processo de aprendizagem. Dessa forma, o processo do aprender passa a fazer sentido para o estudante. 11 Deve-se ter bastante cuidado em como se dá a comunicação em sala de aula, seja através da lin- guagem verbal, seja através de gestos, de olhares, ou de expressões. O professor deve saber se comunicar com o aluno e, principalmente, deve prestar atenção na maneira com que o estudante recebe as suas mensagens (verbais e não verbais) e como as interpreta. E por fim, a diferenciação das estratégias de aprendizagem está relacionada às estratégias que o professor utiliza para atingir cada aluno, levando em conta que cada um tem um processo indi- vidual de aprendizagem e meios particulares de aprender. Há o aluno que só aprende copiando o que o professor fala, outro que só precisa ouvir, outro que só assimila um assunto quando lê, etc. Cabe ao professor identificar cada um dessesprocedimentos, e escolher estratégias que valori- zem cada um desses processos. Para isso, de acordo com Romanowski, o professor deve realizar atividades que trabalhem com a dedução, indução, dialetização e a divergência. Além de auxiliar o aluno na descoberta do seu estilo de aprendizagem. Fica claro, estimado aluno, que a aprendizagem interativa está muito além da simples assimilação de conteúdos, ela permite que, através do diálogo, da troca de experiências e da busca por novas estratégias o aluno desenvolva seus saberes. Não podemos esquecer, no entanto, que, para essa aprendizagem ser de fato eficiente, ela deve contar com a avaliação. lEITURA COMPlEMENTAR Para maior compreensão sobre o que é e como se dá a aprendizagem sugiro a leitura dos textos: “Desenvolvimento e aprendizagem processo de construção do conhecimento e desenvolvimento mental do individuo”, de Maria Sebastiana Gomes Mota e Francisca Elisa de Lima Pereira, no link; e “Aprendizagem e suas implicações no processo educativo”, de Sueli De Fátima Alexandre, no link. Avaliação é aprendizagem e ensino Querido (a) aluno (a), nesta unidade focamos em responder o que é o ensino e o que é aprendiza- gem e em como se dá esse processo. Deve-se ter em mente que no ambiente escolar, todo tipo de interação gera aprendizagem, inclusive a avaliação. De acordo com Villas Boas (2008, p. 132-133): Todas as atividades escolares, em todos os seus momentos e em todos os seus espaços, propiciam aprendizagens. A avaliação está presente, formal ou informalmente. Aprendem-se os conteúdos curriculares, assim como as relações sociais e afetivas que inevitavelmente os acompanham. Até as pesquisas conduzidas em escolas constituem possibilidades de aprendizagens e de avaliação. Assim, de acordo com a autora, tudo, no ambiente escolar, é ensino, aprendizagem e avaliação. Compreendendo a avaliação de uma forma não tradicional e classificatória, além de excludente, mas como uma mediadora em relação ao processo de aprendizagem. A avaliação, por esse prisma, é interativa e inclusiva. http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf3/tcc_desenvolvimento.pdf http://www.slmb.ueg.br/iconeletras/artigos/volume6/aprendizagem-e-suas-implicacoes.pdf 12 Tanto a avaliação quanto a aprendizagem fazem parte do nosso cotidiano, estamos o tempo in- teiro num processo de aprendizagem, ele é contínuo, seja na escola ou não, já avaliação ocorre em momentos reservados para a aprendizagem. Assim, a avaliação só ocorre, de acordo com Wachowicz (2011), se o indivíduo estiver vivenciando a aprendizagem, eles estão intrinsecamente interligados. GUARDE ESSA IDEIA! Para que isso de fato ocorra na escola, é preciso que se compreenda o objetivo da avaliação e que ela deve ser feita em relação ao que os alunos estão apren- dendo, sem julgamentos. Por isso, dois conceitos, que já estudamos na unidade I, devem ser sempre lembrados: metacognição e autoavalição. A metacognição é quando o aluno passa a se voltar para o próprio ato de conhecer, ou seja, ele se conscientiza do próprio processo de aprendizagem, e o analisa, se debruça sobre ele, o que faz com seu desempenho melhore, pois, a partir dessa análise, ele encontra meios de solucionar algumas dificuldades, busca estratégias para aprender, após uma autoavaliação. lEITURA COMPlEMENTAR Sugiro, para aprofundamento sobre metacognição, a leitura do texto “Metacog- nição: Um Apoio ao Processo de Aprendizagem”, de Célia Ribeiro, no link. A autoavaliação não é um processo instantâneo, ela deve ser desenvolvida, com a ajuda dos pro- fessores e colegas. Não é simples se autoavaliar, apesar de fazermos isso internamente o tempo inteiro, expor essa autocrítica é bastante complexo. Ainda mais porque, no ambiente escolar tradicional, está pré-estabelecido que quem tem o poder de julgar e avaliar é apenas o professor. Fica fácil compreender, caro aluno, que a avaliação, quando formativa, está diretamente ligada à aprendizagem, pois, durante esses processos de autoavaliação e metacognição, é o que se apren- deu e o como se aprendeu que ficam em destaque. Dessa forma, podemos concluir que aprendiza- gem, avaliação e ensino são inseparáveis. DIDÁTICA: INTERAÇÃO ENTRE ENSINO, APRENDIZAGEM E AVAlIAÇÃO A didática é a área da pedagogia que faz a articulação entre tudo que estudamos nessa unidade: os instrumentos e procedimentos da avaliação, processo de ensino-aprendizagem e avaliação, etc. Segundo Libâneo, no livro Didática (1990), a didática é: uma das disciplinas da Pedagogia que estuda o processo de ensino através de seus componentes – os conteúdos escolares, o ensino e aprendizagem – para, com o embasamento numa teoria da educação formular diretrizes orientadoras da atividade profissional dos professores. http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n1/16802.pdf 13 Ela contribui para o desenvolvimento crítico dos professores em relação ao processo de ensino -aprendizagem, respondendo às perguntas: “como”, “para quem”, “o que” e “por que” ensinar. ACESSE O AMBIENTE VIRTUAl No seu livro texto, na página 51, há uma contextualização histórica da didática no Brasil, nas últimas décadas, remontando à década de 70, época marcada pela ditadura militar e bipolaridade mundial (capitalismo X socialismo), quando foi adotada uma abordagem técnica e racionalista na educação, o aluno era prepa- rado, basicamente, para o mercado de trabalho. A década de 80, com a abertura política, não se desejava mais uma educação tecnicista, mas sim uma educação preocupada com a transformação social, tomando como mola propulsora a demo- cratização do ensino e a permanência do aluno na escola. Nesse período, houve uma reformulação da didática no Brasil e surgiram nomes como Dermeval Savia- ni, com a pedagogia histórico-crítica, e José Carlos Libâneo, com a pedagogia crítico-social dos conteúdos. Foi a partir dessa revisão didática, que o espaço escolar foi reorganizado, e os novos conceitos foram consolidados, resultando na nossa escola hoje, tendo o individuo como centro o processo de ensino-aprendizagem. Assim como o ensino-aprendizagem, a avaliação também teve suas mudanças. Na década de 70, a avaliação era centrada na classificação, na reprodução exata do conteúdo, excluindo qualquer um que não seguisse o padrão desejado. Com as mudanças da didática, na década de 80, a avaliação também sofreu alterações, o papel da avaliação foi revisto, levando em consideração não só o conteúdo trabalhado em sala, mas também as experiências do aluno, seu conhecimento prévio, o ambiente em que está inserido, etc. Apesar dessa reorganização ter começado há 36 anos, não estamos no ponto ideal, ainda estamos caminhando para uma mudança efetiva. lEITURA COMPlEMENTAR Para se aprofundar mais sobre a didática, sugiro a leitura do livro Didática (1990), de José Libâneo e do texto A didática e a aprendizagem do pensar e do aprender, do mesmo autor, no link. Hoje, o aluno não exerce mais o papel passivo de receber os conteúdos e decorá-los para passar nas provas no final do bimestre. Ele é participante ativo e crítico de seu processo de aprendiza- gem, dele é exigido mais criatividade, interação e responsabilidade. Quanto ao professor, diferen- te da década de 70, ele não é único que tem a posse do conhecimento, na verdade, hoje, ele tem bastante concorrência, mas o seu papel é ser um mediador do processo de ensino-aprendizagem, de filtrar e moldar todas essas informações que os alunos trazem das experiências vividas, da internet, da televisão, mostrando o que, de fato, é importante e legítimo. http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n27/n27a01 14 PAlAVRAS DO PROfESSOR Caro (a) aluno (a), a avaliação entra aí como um elemento norteador, que indica- rá se o professor está mediando esse processo de forma eficiente e se o aluno está participando ativamente do seu processo de aprendizagem. Tornando assim, com essa parceria entre professor e aluno, o processo mais interativo, humano e amoroso. Nesta unidade, aprendemossobre os procedimentos e instrumentos da avaliação, bem como com- preendemos sua relação com o processo de ensino-aprendizagem e como esses elementos são articulados pela didática. Continuaremos, na próxima unidade, desvendando os segredos da ava- liação. Espero que você tenha absorvido bem este conteúdo. Lembre-se que o seu tutor estará a sua dis- posição para lhe auxiliar no que for preciso. Até a próxima!
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