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CIENCIA POLITICA CASO CONCRETO PlanoDeAula Semana 3 respostado professor

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CIÊNCIA POLÍTICA - Plano de aula 3
CASO CONCRETO 1
Leia, atentamente, os trechos abaixo e defina o que vem a ser a categoria homem civil para Rousseau.  
“O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém, é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não de uma associação; nela não existe bem público, nem corpo político.” (Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.).
“O homem natural é tudo para si mesmo; é a unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se relaciona consigo mesmo ou com seu semelhante. O homem civil é apenas uma unidade fracionária que se liga ao denominador, e cujo valor está em sua relação com o todo, que é o corpo social. As boas instituições sociais são as que melhor sabem desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir o eu para a unidade comum, de sorte que cada particular não se julgue mais como tal, e sim como uma parte da unidade, e só seja percebido no todo.” (ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 1999.). 
Resposta: Podemos entender a categoria homem civil em Rousseau, a partir do momento em que o homem deixa de ser escravo e é restituído à liberdade, sendo esta a finalidade do contrato social, pois este contrato não projeta o retorno à natureza originária, mas exige a construção de um modelo social, não baseado nos instintos, e sim na consciência global, o homem aberto para a comunidade.
História: a questão em Rousseau
 
O primeiro problema que Rousseau considera no Contrato Social é formulado do seguinte modo: Uma vez que, nascendo todos os homens livres, eles só alienam a liberdade para obter algo mais útil; mas, uma vez que nenhum homem tem autoridade natural sobre os demais homens e a força não gera direito algum, toda autoridade justificável entre os homens deve fundamentar-se no seu consentimento. Deste modo, os obstáculos que existem para o gozo da liberdade individual requererá o entendimento da ideia de história. A história é o meio no qual age a liberdade humana e ela não pode ser substituída pela Providência, pois ela constitui-se um espaço aberto para a liberdade natural do homem. Rousseau constrói uma filosofia da história sem se ocupar do estudo histórico propriamente dito. A história é um meio para ensinar a moral e não possui sua própria finalidade enquanto ciência. A história deforma a verdade sobre o homem, e o leitor corre o risco de se deixar guiar pelo julgamento do historiador e de não ver senão pelos olhos de outro, de não aprender a julgar por ele mesmo o passado, mas o presente; ou seja, deveríamos aprender a tratar, nós mesmos, os princípios constantes da natureza humana que se manifestam na história. Por isso, falamos em “idéia de história” e não em “História”. A ideia de história tem o seu valor, na medida em que ela permite aos fatos falarem pelo homem, pois a retórica humana não é capaz de expressar com exatidão e isenção sua situação e seu determinado contexto histórico. Com a história devemos aprender a distinguir a verdade da aparência, os homens tais como eles são do que eles querem parecer. Nesse sentido, as contradições e os conflitos do mundo contemporâneo são a expressão culminante da antinomia que atinge a humanidade, não em sua “natureza”, mas em sua “história”. A história é a testemunha não apenas da grandeza do homem e de sua razão, mas também de sua decadência. Rousseau não associa a realização de valores morais com o curso da história, como se fazia no caso das teorias do progresso, a marcha das coisas, não aporta nenhuma sanção moral ao estado de fato que ela produziu e não a justifica.
 Rousseau: da liberdade natural á liberdade civil.
Vital Ataíde da Silva
Resumo
O artigo versa sobre a liberdade em Rousseau partindo de duas ideias básicas. A primeira é que a liberdade existiu de forma marcante no homem natural e a segunda é que esse homem veio a perdê-la ao longo de sua história, quando por processos históricos longínquos se constituiu em sociedade. O texto propõe uma discussão – a partir da leitura de duas obras de Rousseau, ou seja, Da origem das desigualdades entre os homens e Do Contrato Social – da possibilidade de retorno à liberdade na sociedade civil, onde se vislumbra a oportunidade desse resgate. Para Rousseau, o homem no estado de natureza vivia feliz e em paz, enquanto que no estado de sociedade predomina a desigualdade entre os homens: a desigualdade moral. O pacto social é garantia da vida em sociedade e da convergência de interesses dos seus membros. Um pacto pela liberdade do indivíduo e pela sociedade democrática.
Para Rousseau, o homem nasceria bom, mas a sociedade o corromperia. Da mesma forma, o homem nasceria livre, mas por toda parte se encontraria acorrentado por fatores como sua própria vaidade, fruto da corrupção do coração. O indivíduo se tornaria escravo de suas necessidades e daqueles que o rodeiam, o que em certo sentido refere-se a uma preocupação constante com o mundo das aparências, do orgulho, da busca por reconhecimento e status. Mesmo assim, acreditava que seria possível se pensar numa sociedade ideal, tendo assim sua ideologia refletida na concepção da Revolução Francesa ao final do século XVIII.
A questão que se colocava era a seguinte: como preservar a liberdade natural do homem e ao mesmo tempo garantir a segurança e o bem-estar da vida em sociedade? Segundo Rousseau, isso seria possível através de um contrato social, por meio do qual prevaleceria a soberania da sociedade, a soberania política da vontade coletiva.
Rosseau percebeu que a busca pelo bem-estar seria o único móvel das ações humanas e, da mesma, em determinados momentos o interesse comum poderia fazer o indivíduo contar com a assistência de seus semelhantes. Por outro lado, em outros momentos, a concorrência faria com que todos desconfiassem de todos. Dessa forma, nesse contrato social seria preciso definir a questão da igualdade entre todos, do comprometimento entre todos. Se por um lado a vontade individual diria respeito à vontade particular, a vontade do cidadão (daquele que vive em sociedade e tem consciência disso) deveria ser coletiva, deveria haver um interesse no bem comum.
O homem perdeu a liberdade original. Rousseau procura explicar o que torna essa mudança legítima. A ordem social é um direito sagrado que não existe na natureza e funda-se em convenções. A mais antiga das sociedades é a família, diz Rousseau. O pai tem cuidado com os filhos e por isso sente amor. No Estado, o governante não ama o povo, mas tem prazer em governar. Alguns filósofos falaram que a desigualdade é natural, alguns nascem para governar, outros para serem governados.
Rousseau vê num rei e seu povo, o senhor seu escravo, pois o interesse de um só homem será sempre o interesse privado.
Os homens para se conservarem, se agregam e formam um conjunto de forças com único objetivo.
No contrato social, os bens são protegidos e a pessoa, unindo-se às outras obedecem a si mesmo, conservando a liberdade. O pacto social pode ser definido quando “cada um de nós coloca sua pessoa e sua potência sob a direção suprema da vontade geral”.

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