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Disciplina: Análise de falhas Graduação em Processos Metalúrgicos Professor: Fábio de Oliveira Braga Engenheiro Metalúrgico Doutor em Ciências (Ciência dos Materiais) fdbraga@firjan.com.br fabio_obraga@yahoo.com.br Tema da aula: Rio de Janeiro, Fevereiro de 2018 Mecânica da fratura – Aspectos macroscópicos – Parte I 1. Introdução 1. Introdução Como definido na última aula: Fratura - separação ou fragmentação de um corpo sólido em duas ou mais partes, sob a ação de tensões. Acúmulo de dano - o aumento do número de imperfeições ou defeitos na estrutura atômica. As tensões provocam este acúmulo → resistência ou ductilidade no local podem ser excedidas → criação de duas novas superfícies livres (trinca). 1. Introdução Trinca micrométrica em cobre. Observe um o acúmulo de defeitos (discordâncias) próximo à ponta da trinca. 1. Introdução Mecânica da fratura linear elástica (MFLE) – aplicação da teoria da elasticidade ao fenômeno de fratura, mais precisamente à propagação de trincas. Tenacidade à fratura – resistência de um material à propagação de trincas. A MFLE é utilizada para realizar uma medida quantitativa da tenacidade à fratura. Vários órgãos de normalização têm padrões (normas) sobre tenacidade à fratura. ASTM – E1820, E399, E1921, E1290; BSI – 8571, 7448, 5447, 12737; JIS – R1607. 1. Introdução Uma das principais perguntas que a mecânica da fratura busca responder é: A que valor de carga externa a trinca existente no material irá começar a crescer? Para respondê-la: deve-se calcular as tensões na ponta da trinca e nas suas vizinhanças. Campo de tensões na extremidade de uma trinca elíptica Concentração de tensões na ponta de um entalhe 1. Introdução As trincas possuem características diferentes, dependendo do tipo de carregamento: Modos de carregamento das trincas: (a) trinca fechada; (b) modo de abertura – esforço perpendicular ao plano da trinca; (c) modo de deslizamento – esforço no plano da trinca mas perpendicular à linha da extremidade da trinca; (d) modo de rasgamento – esforço no plano da trinca e paralelo à linha da extremidade da trinca. 1. Introdução Modos de carregamento das trincas: (a) modo I (abertura); (b) modo II (deslizamento); (c) modo III (rasgamento). 1. Introdução Dos parâmetros que descrevem a tenacidade à fratura de um material, um dos mais utilizados é a tenacidade à fratura em deformação plana (KIC). Ele é definido como o fator de intensidade de tensão no modo I de carregamento, em condições de deformação plana. Fator de intensidade de tensão: K = σm/σo 2. Resistência teórica de um cristal Modelo de Orowan (1949): 2. Resistência teórica do cristal Resultados: e Tabela: Resistência à tração teórica de cristais de diversos metais e do diamante. A maior fonte de erro é o γ, por não poder ser medido com boa precisão. 2. Resistência teórica do cristal 3. Concentração de tensões 3. Concentração de tensões Requisito fundamental para fratura: tensão na ponta da trinca ultrapassa a resistência teórica do material. No entanto, a resistência na ponta da trinca é praticamente impossível de medir. Um critério mais útil: Critério de Griffith – prediz a força que precisa ser aplicada para fazer crescer a trinca em um corpo de já a possui. Para entender o critério de Griffith é necessário entender o conceito de concentração de tensão e fator de concentração de tensão. Concentração de tensão – é a presença de altas tensões mecânicas nas vizinhanças de um defeito ou trinca. Concentração de tensões na ponta de um entalhe 3. Concentração de tensões Fator de concentração de tensão A tensão de teórica de fratura de um sólido é da ordem de E/10. Resistência real: algumas ordens de magnitude menor que o teórico. Griffith – Buscou explicar a discrepância. ← Fórmula de Inglis (1913) 3. Concentração de tensões Raio de curvatura da ponta da trinca: Fator de concentração de tensões 3. Concentração de tensões Fator de concentração de tensão Note que Kt depende mais da forma do defeito do que do tamanho. Por isso, em diversos livros existem gráficos com o cálculo do Kt para diferentes geometrias de defeito. 3. Concentração de tensões Além de produzir concentração de tensão, um entalhe (defeito) produz uma situação de tensão biaxial e triaxial. No caso de uma placa contendo um entalhe circular e submetida a carga axial. 3. Concentração de tensões Exemplo: Embora o módulo elástico do vidro de sílica seja baixo (E = 70 MPa), a resistência teórica de um vidro sem defeito seria tão alto quanto 3 GPa. Explique o porquê. Para ajudá-lo na argumentação, calcule a resistência do vidro contendo uma trinca de 1 μm de comprimento e raio da ponta de 0,25 nm. Aproveite para explicar por que as fibras de vidro são mais resistentes que as peças de vidro de grandes dimensões. R: σ = 24 MPa 3. Concentração de tensões Exemplo 2: As seguintes placas estão sob carga de tração. A tensão de escoamento do material é 150 MPa. R: σ = 300 MPa para entalhe circular e σ = 700 MPa para entalhe elíptico. (a) Calcule as tensões máximas em ambas as placas. (b) Os materiais irão escoar? (c) Para qual configuração a tensão é maior? 3. Concentração de tensões 4. Critério de fratura de Griffith 4. Critério de fratura de Griffith Baseado em um balanço termodinâmico (de energia). No momento da propagação da trinca: Energia elástica é liberada em um volume de material. Duas novas superfícies livres são criadas (faces da trinca). Para Griffith, uma trinca pré-existente irá se propagar se a energia elástica liberada for maior que a energia para criação das novas superfícies. 4. Critério de fratura de Griffith Energia elástica Energia de superfície Variação de energia com a fratura: t = espessura; γs = energia de superfície específica. ΔU = variação de energia potencial por unidade de espessura. 4. Critério de fratura de Griffith Condição de equilíbrio: 1ª derivada de ΔU em relação a “a” = 0. Rearranjando: Válida para o estado plano de tensão Válida para o estado plano de deformação 4. Critério de fratura de Griffith Distinção do estado plano de tensão e estado plano de deformação 4. Critério de fratura de Griffith Voltando à expressão do estado plano de tensão e rearranjando: Observar que o lado direito da expressão só possui propriedades do material. O lado esquerdo é a definição de tenacidade à fratura. Portanto, Griffith chegou ao mesmo resultado que Inglis. Mas a fórmula de Griffith não possui o termo ρ (raio da trinca) que é difícil de ser medido. Portanto, para Griffith: 𝐾𝐼𝐶 = 𝜎 𝜋𝑎 4. Critério de fratura de Griffith Exemplo 3: Considere um material frágil com γs = 1 J/m² e E = 100 GPa. (a) Qual a tensão de ruptura deste material se ele contém uma trinca de 1 mm de comprimento? (b) Se fosse possível aumentar γs para 3000 J/m², qual seria a tensão de ruptura? R: (a) 11,3 MPa; (b) 618 MPa. 1. Anderson, T.L. Fracture Mechanics. 3ª ed. 2005. 2. Meyers, M.A.; Chawla, K.K. Mechanical Behavior of Materials. 2ª ed. Cambridge University Press. 2009. 3. Orowan, E. „Fracture and Strength of Solids. Rep. Prog. Phys., 12 (1949) 185. 4. Inglis, C.E. Proc. Inst. Naval Arch., 55 (1913) 163, 219.
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