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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP TATUAPÉ
ARETHA ROLIM MENDES
JULIANA LIMA RIBEIRO
JULIANE DA SILVA MOTA
LUCIANA PEIXOTO DOS SANTOS
THAINA DE PAULA CAVALCANTI DOS SANTOS
RELATÓRIO DE VISITA AO CAPS II ADULTO ITAQUERA
SÃO PAULO – 2018
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP TATUAPÉ
ARETHA ROLIM MENDES N851EF8
JULIANA LIMA RIBEIRO T4308A5
JULIANE DA SILVA MOTA C813BH7
LUCIANA PEIXOTO DOS SANTOS C98FBB7
THAINA DE PAULA CAVALCANTI DOS SANTOS N885DJ5
RELATÓRIO DE VISITA AO CAPS II ADULTO ITAQUERA
Relatório relizado pelas alunas do 4º e 5º semestres do curso de Psicologia, para a disciplina de psicologia comunitária, ministrada pela professora Karin Telles.
 PAULO – 2018
	“Qualquer pessoa que já tenha estudado a história da loucura e saiba como eram os grandes manicômios, onde os “loucos” passavam a maior parte de suas vidas trancados, ficará espantado ao entrar em uma instituição de saúde mental e encontrar todas as portas abertas e os chamados loucos, denominação erroneamente empregada para definir os pacientes com transtornos mentais, passeando pelo pátio ou assistindo à TV na sala de entrada.” (ROSA E VILHENA, 2012).
	A citação acima descreve exatamente como nos sentimos ao adentrar a unidade CAPS II em Itaquera, diferente das unidades públicas de saúde, o CAPS é um grande casarão arejado e com um jardim enorme, após a recepção, tem uma sala muito grande com mesa de pebolim, TV, uma mesa grande no centro e até um brechó no canto, onde são vendidas roupas que os próprios pacientes e familiares doam para serem comprados por outros com menos condições e arrecadar verba para melhorias na unidade.
	Fomos recebidas pelo gerente do CAPS, que nos conduziu à uma sala de multiuso e prontamente nos explicou sobre a proposta e o funcionamento do CAPS II Itaquera. Este CAPS é administrado diretamente pela prefeitura e todos os seus funcionários, com exceção da limpeza e vigilância são servidores públicos, o gestor é Assistente de Gestão de Políticas Públicas, como formação em Fisioterapia, o CAPS conta com quatro psicólogos, três psiquiatras de 10 horas semanais cada, quatro enfermeiros, quatro assistentes sociais, além da equipe administrativa e auxiliares de enfermagem, funciona de segunda a sexta feira, das 07:00hrs às 19:00hrs, e tem aproximadamente 600 pacientes ativos em tratamento.
	O gestor nos falou um pouco sobre o programa de atenção psicossocial, que surgiu após a reforma psiquiátrica, em meados de 1970, com o fechamento dos hospitais psiquiátricos, que eram totalmente desumanizados e criação de centros de atenção psicossocial, onde o paciente realiza seu tratamento em liberdade, trazendo autonomia e reinserção na sociedade. Existem três tipos de CAPS, que diferenciam-se pelo porte, capacidade de atendimento, perfil de usuário atendido e são distribuídos conforme o perfil populacional de cada município. O CAPS I, para municípios com população de até 50000 habitantes e tem capacidade para atender até cerca de 240 pessoas por mês, o CAPS II, para municípios com mais de 50000 habitantes, tem capacidade para atender cerca de 360 pessoas por mês, e o CAPS III, para municípios com mais de 200000 habitantes, funcionam 24 horas e tem no máximo cinco leitos, e realiza, quando necessário, acolhimento noturno (internações de no máximo sete dias). Existem também os CAPS especializados no atendimento de crianças e adolescentes, que são os CAPSi e os especializados no atendimento de pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e outras drogas, que são os CAPSad. (ROSA E VILHENA, 2012). O CAPS Itaquera é um CAPS II, que deveria atender a uma população de no máximo 200000 habitantes, porém a população do subdistrito de Itaquera é de 600000 habitantes, portanto, seriam necessários pelo menos mais um CAPS III ou outros CAPS II para dar conta da demanda. Além do CAPS, existem as residências terapêuticas, que atendem pacientes que passaram muito tempo internados em hospitais psiquiátricos, e perderam o vínculo familiar, eles vivem nessas residências, mas não em regime de internação, eles tem autonomia para ir até o CAPS fazer o seu tratamento, bem como administrar seus benefícios sociais (os que recebem). A região de Itaquera possui duas residências terapêuticas que ficam próximas do CAPS, ambas administradas por Organizações sócias de Saude (OSS).
	O CAPS funciona com livre demanda, ou seja, não é necessário encaminhamento. O paciente que chegar ao CAPS será atendido por um técnico que prestará o acolhimento a fim de identificar se aquele tem perfil para ser atendido no CAPS, ou se deverá ser encaminhado para a UBS de referência para acolhimento. O gestor nos informou que o perfil de atendimento no CAPS, é quando o paciente oferece risco a si ou aos outros, e apenas em casos de risco ou crise grave, é que o paciente é encaminhado para internação hospitalar, porém a internação não deve durar mais que 14 dias.
	O papel do psicólogo no CAPS será de acompanhar o paciente, além da psicoterapia, pois muitos pacientes necessitam de acompanhamento diário no CAPS, sejam em oficinas, terapias de grupo e atendimento médico. Alguns pacientes inclusive almoçam na unidade.
	(CANTELE, ett al. 2012) Foi realizado um estudo com psicólogos de um CAPS do Rio Grande do Sul, onde identificou-se uma frustração por parte dos profissionais devido falta de capacitação e dificuldade em lidar com as demandas. A principal queixa dos profissionais se dá devido ao modelo de atendimento que é pouco abordado na universidade e a falta de suporte e assistência do governo para lidar com os pacientes.
	O gestor do CAPS Itaquera nos passou uma frustração muito parecida, pois cada psicólogo é responsável por aproximadamente 150 pacientes, sendo impossível o atendimento individualizado, devendo priorizar o atendimento em grupo e oficinas, que são determinados conforme a patologia e necessidades dos pacientes, sendo necessários alguns atendimentos individuais em alguns casos específicos e para elaboração do PTS (plano de tratamento singular) dos pacientes. O PTS é elaborado individualmente para cada paciente, conforme suas necessidades e singularidades.
	Sobre as atribuições do psicólogo:
	“a preparação do doente mental para sua reinserção social e sua manutenção na comunidade, a orientação da família dos pacientes, a preparação e orientação profissional do doente mental, a realização de pesquisas e avaliação de programas, a participação na formação dos demais trabalhadores de saúde mental e a produção de informação à sociedade sobre aspectos relacionados à saúde mental {...} a de criar um conjunto amplo de medidas que interfiram nas condições de vida do paciente e permitam criar alianças e vínculos fortes com a comunidade.” (KUBO E BATOMÉ in CANTELE ett al. 2012).
	Todos os profissionais de nível superior que atuam no CAPS, que são os chamados técnicos, estão aptos para realizar o acolhimento e oficinas com pacientes, porém o papel do psicólogo, além dos seus atendimentos, também dar assistência à equipe, para tal, existe o grupo técnico, onde os profissionais se reúnem para discutir os casos e identificar possíveis alternativas de tratamento.
	(CANTELE ett al. 2012) Finaliza sinalizando a importância da supervisão institucional, que sempre deve levar em conta o conjunto institucional, que engloba a rede, a gestão, as politicas públicas, os estudos de caso e ainda um espaço para que os profissionais possam compartilhar suas angústias e sentimentos dentro do contexto multiprofissional.
	Concluímos que a proposta do CAPS sem dúvida é a melhor alternativa no tratamento de pessoas com transtornos mentais, bem como tem papel importantíssimo para sua reabilitação e reinserção na sociedade, sempre dando suporte para que esse cidadão não tenha “recaídas”, pois mesmo após a alta, o acesso ao CAPS sempre será acessível, evitando uma desestruturação do paciente. Porém se faz necessárias ainda muitas melhorias no serviço, bem como a ampliação, com a abertura de mais unidades e contratação demais profissionais para as unidades em funcionamento, visto que as unidades CAPS e residências terapêuticas existentes não são suficientes para atendimento de toda a população, assim como ampliação do atendimento em saúde mental nas unidades básicas, fortalecendo a rede, e dando suporte e assistência aos pacientes em alta do CAPS, a fim de que estes permaneçam inseridos na sociedade, tornando o serviço público de saúde mental unificado e eficiente.
REFERÊNCIAS
ROSA, C. M. VILHENA, J. Do Manicômio ao CAPS. Da contenção (IM)piedosa à responsabilização. Santa Cruz do Sul. 2012.
CANTELE, J. ett al. A psicologia no modelo atual de atenção em saúde mental. Santa Maria, RS. 2012

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