Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MBA EM GESTÃO EMPRESARIAL GESTÃO ESTRATÉGIA DE CUSTOS Fabiano Simões Coelho fabiano@fabianocoelho.com.br http://www.fabianocoelho.com.br Realização Fundação Getulio Vargas FGV Management Gestão Estratégica de Custos Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Fundação Getulio Vargas. Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material didático são reservados ao(s) autor(es). COELHO, Fabiano Simões. Gestão Estratégica de Custos. 1ª Rio de Janeiro: FGV Management – Cursos de Educação Continuada. 114 p. Bibliografia 1. Formação de Preços 2. Custos Coordenação Executiva do FGV Management: Prof. Ricardo Spinelli de Carvalho Coordenador Geral da Central de Qualidade: Prof. Carlos Longo Coordenadores de Área: Prof. Ernani Hickmann Prof. José Carlos Sardinha Prof. Marilson Gonçalves Prof. Ronaldo Andrade Profa. Sylvia Constant Vergara. A sua opinião é muito importante para nós Fale Conosco! Central de Qualidade – FGV Management * ouvidoria@fgv.br Gestão Estratégica de Custos Sumário 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 6 1.1 Ementa 6 1.2 Carga horária total 6 1.3 Objetivos 6 1.4 Conteúdo programático 6 1.5 Metodologia 7 1.6 Bibliografia Recomendada 7 Curriculum resumido dos professores 7 2 TEXTO DE ESTUDO 8 O Significado Das Informações Do Balanço E Seus Reflexos No Demonstrativo De Resultado 8 Conceito de Ativo 9 Capital de Giro 11 Custo de Capital 13 A Empresa JCS e o seu Custo de Capital 14 H2R Ltda. 16 CONTABILIDADE DE CUSTOS 16 Objetivos da Contabilidade de Custos 17 O Demonstrativo De Resultado 18 O Demonstrativo de Resultado de uma Empresa Comercial 20 O Demonstrativo de Resultado na Empresa Industrial 20 CONCEITOS, DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES 21 TERMINOLOGIA CONTÁBIL 21 CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS 23 Dilema Contábil: Custeio por absorção VS Custeio Variável 26 INTRODUÇÃO 26 ABORDAGEM POR ABSORÇÃO 27 ABORDAGEM POR CONTRIBUIÇÃO - CUSTEIO VARIÁVEL 29 Análise Custo-Volume-Lucro 32 Custeio Baseado em Atividades - A.B.C. 40 Introdução 40 Os Benefícios e as Restrições do ABC 41 Atribuição de custos às Atividades 42 Identificação e Seleção dos Direcionadores de Custos 43 PROCESSO DECISÓRIO NA FORMAÇÃO DE PREÇO 49 POLÍTICAS DE FIXAÇÃO DE PREÇOS DE PRODUTOS, CONSIDERANDO O CUSTO 50 INTRODUÇÃO 50 A IMPORTÂNCIA DO CUSTO UNITÁRIO 53 Política de Preço de um Produto Quando Varia o Valor de um Insumo 54 Demonstrativo de Resultado Projetado 56 Decisão de Preço Para uma Encomenda Especial Com base em Lucro Pré-Definido 56 Decisão de Preço Com Objetivo em Volume de Negócio e Lucro 59 Decisão de Preço Considerando o Retorno sobre o Investimento 61 EXERCÍCIO - Posto Lagoa Vermelha 66 Decisão de Retirar ou Adicionar Produtos ou Departamentos 68 Decisão de Comprar ou Fazer 70 Decisão de Produção Quando Há Fatores Limitativos 73 2.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75 Gestão Estratégica de Custos 3 MATERIAL COMPLEMENTAR 76 3.1 ESTUDOS DE CASOS DO CAPÍTULO 2.1 76 3.1.1 THE DOCUMENT SALE 76 3.1.2 BAUSCH & LOMB 77 3.1.3 BENS DE PRESTÍGIO 78 3.1.4 O lado obscuro do Diamante 79 3.1.5 Reforma no Balcão 81 3.2 ESTUDOS DE CASOS DO CAPÍTULO 2.3 84 3.2.1 modelo Absorção e ABC 84 3.2.1.1 – Absorção Puro 84 3.2.1.2 – Absorção Lógico 85 3.2.1.3 – Custo Baseado em Atividades (ABC) 86 3.2.2 PEANUT... ou O Maior Controle dos Negócios 87 3.2.3 SN Ltda. 90 3.2.3.1 – Com mais produtos 91 3.2.4 A LOJA DO VOVÔ 92 3.2.5 Exercício 2.2 HORNGREN 93 3.2.6 A Loja do Vovô com vários produtos 94 3.2.7 Exercício 2.12 HORNEGREN 95 3.2.8 Exercícios de Projeções de Cenário 01 96 3.2.9 Exercícios de Projeções de Cenário 02 97 3.2.10 A Loja do Vovô e o Imposto de Renda 98 3.2.11 Exercício 2.32 HORNEGREN 99 3.2.12 A fábrica do titio com vários produtos 100 3.2.13 Exercício 2.27 HORNEGREN 101 3.2.14 Análise Custo-Volume -Lucro e o comportamento de custos 102 3.2.15 A Fábrica do Titio e os Padrões de Comportamento dos Custos 103 3.2.16 A Loja do Vovô - Comportamento dos Custos 104 3.3 ESTUDOS DE CASOS DO CAPÍTULO 2.4 105 3.3.1 Aceitar ou Rejeitar uma Proposta - o caso McDonald’s 105 3.3.2 Decisão de Preço em uma concorrência 106 3.3.3 Decisão de Preço com objetivo em lucro e quantidade 107 3.3.4 Custos Fixos Identificados por departamento 108 3.3.5 Custos Fixos Identificados por produtos – Comprar ou fazer 110 3.3.6 Fator Limitante 112 3.3.7 A LOJA SARDINHA REVELAÇÕES - 1 HORA 113 3.3.8 RETORNO SOBRE INVESTIMENTO E SUA VELOCIDADE 114 3.4 - Transparências 115 Gestão Estratégica de Custos 6 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1.1 Ementa Estratégia mercadológica de preço: os impulsos de compra do consumidor e a curva de demanda para as empresas, análise do macroambiente, as estratégias de preço. O significado das informações do demonstrativo de resultado. Custeio por contribuição versus custeio por absorção. Análise custo-volume-lucro: ponto de equilíbrio, metas de vendas com objetivo de lucro. Decisão de preço quando varia o preço do insumo. Decisão de aceitar ou rejeitar uma proposta. Decisão de preço considerando o retorno sobre o investimento. Retirar ou adicionar um produto de linha. Custo ABC. Decisão de comprar ou fazer. 1.2 Carga horária total 24 horas/aula 1.3 Objetivos · Identificar as diferenças entre Contabilidade Financeira e Contabilidade de Custos. · Analisar o Break-Even-Point , a maximização de resultado e o impacto do Imposto de Renda. · Diferenciar a aplicabilidade entre os métodos de custeio absorção, variável e ABC - Custeio Baseado em Atividade. · Formar o preço através da análise de Mark-Up. Aplicar a relação custo-benefício e custo de oportunidade na análise de custos. 1.4 Conteúdo programático Aspectos Mercadológicos na Formação de Preços Modelo Geral Estrutura de mercado Fatores acessórios Políticas de preços Custos Métodos de custeio Custeio direto Decisões de curto e longo prazos de preços Gestão Estratégica de Custos 7 1.5 Metodologia A metodologia utilizada será de exposição dialogada, debates, estudos de caso. Criar situações onde os alunos poderão absorver o aprendizado de forma e exercitar, vivenciando situações. 1.6 Bibliografia Recomendada ASSEF, Roberto. Guia prático de formação de preço. 9a ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997 COGAN, Samuel. Custos e Preços: Formação e analise. São Paulo: Pioneira, 1999. DUTRA, René Gomes. Custos: uma abordagem prática. 4a ed. São Paulo: Atlas, 1995. HORNEGREN, C.T; Introdução à Contabilidade Gerencial. Rio de Janeiro: PHB, 5ª edição, 1985. Curriculum resumido dos professores Fabiano Simões Coelho é Mestre em Ciências Contábeis pela FAF/UERJ – Faculdade de Administração e Finanças da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Pós graduado em Ciências Contábeis pela FGV/EPGE em 2000. Graduado em Ciências Contábeis pela UERJ em 1998. Trabalhou como prestador de serviços de consultoria para a Petrobrás, ASEP e outras empresas. É professor do Programa de Cursos Conveniados da FGV Management, Professor da Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas e professor da Faculdade da Cidade - Rio de Janeiro. Autor de trabalhos publicados em revistas especializadas no Brasil e no exterior. Gestão Estratégica de Custos 8 2 TEXTO DE ESTUDO O Significado Das Informações Do Balanço E Seus Reflexos No Demonstrativo De Resultado A decisão de uma pessoa racional sobre investir em uma organizaçãosempre considera que a receita operacional ao longo do tempo deverá cobrir os custos relacionados a obtenção dessa receita e ainda contribuir com o retorno desejado pelos investidores. Em outras palavras, os modelos de decisão sempre explicitam o retorno sobre investimento. Por exemplo, a decisão de preço que tem de ser tomada a priori, projeta- se um volume de operação desejado, os respectivos custos operacionais e o lucro desejado. Em função dessas variáveis define-se o preço. É importante refletir, contudo, que o lucro aqui mencionado refere-se a garantia do retorno desejado pelos investidores. Caso contrário a médio e longo prazo a organização não contará com quem financie sua operação. Pois, os investidores aplicarão suas poupanças em outras que satisfaçam suas necessidades. Esses investimentos são apresentados no BALANÇO através das contas do PASSIVO 1. Os investimentos realizados por uma empresa são expressos através de suas contas do Ativo. O retorno sobre o ativo é o retorno sobre o investimento: sendo, uma medida de performance gerencial. Esta informação permite o investidor conhecer se a empresa A teve performance superior a B, porque: (1) apesar de ambas apresentarem o mesmo resultado operacional, os ativos da empresa A são inferiores aos da empresa B; ou, (2) ambas possuem o mesmo investimento, mas a empresa A apresenta um lucro superior ao da empresa B. Este conceito expressa: a empresa A é mais eficiente, pois exige menos recursos para obter os mesmos resultados ou com os mesmos recursos obtém resultados superiores. A decisão em qual empresa deveremos investir estará sempre considerando o item: retorno sobre o investimento. A empresa eficiente, isto é, a que obtém o retorno desejado pelos investidores, terá mais facilidade de conseguir recursos no mercado, porque: os banqueiros emprestarão a juros mais baixos; propensos acionistas estarão disposto a pagar ágio em emissão de ações; e ainda, investidores em potencial aceitarão adquirir debêntures em melhores condições para a empresa. Em resumo, investidores esperarão: empresas eficientes, em uma indústria, conseguirão o retorno esperado pelo mercado. O lucro, nada mais é que o retorno sobre o investimento (ou, ativo) multiplicado pelo investimento (ou, ativo). Assim sendo, uma empresa, com investimentos ociosos, para obter o retorno esperado pelo mercado, terá de conseguir um lucro superior ao da outra empresa que realizou aplicações eficientemente ..... uma tarefa dita impossível. Pois, para obter esse lucro superior, o preço de seu produto terá de ser mais elevado, estimulando os consumidores a optarem inicialmente para o produto do concorrente. E, o preço, juntamente com o volume de vendas e os custos do produto afetam diretamente o lucro da empresa, consequentemente, o retorno sobre o investimento. 1 Referenciaremos PASSIVO como o conjunto das contas: Exigibilidades mais Patrimônio Líquido. Gestão Estratégica de Custos 9 Para compreendermos melhor o funcionamento sobre o retorno sobre o ativo, inicialmente aprofundaremos a discussão em torno dos conceitos de ativo, capital de giro e, finalmente, discutiremos o conceito de custo de capital. Esse custo de capital reflete o retorno que o ativo deverá gerar de forma a cobrir a demanda dos investimentos no passivo. Conceito de Ativo À compreensão do conceito de ATIVO está diretamente ligado ao entendimento do objetivo da contabilidade: que tem sua definição mais corriqueira oriunda do Accounting Terminology Bulletin No. 1 da American Institute of Certified Public Accounting (AICPA), de 1941: Contabilidade é a arte de registrar, classificar e resumir de forma significativa e em termos monetários, transações e eventos que são, pelo menos em parte, de características financeiras...2. A definição da AICPA nos faz "olhar" o ATIVO de uma forma estática, como bens e direitos que uma empresa possui e que foram adquiridos a um custo monetário mensurável3, e não de maneira que permita mensurar eficiência, como aplicações capazes de gerar receitas em períodos futuros 4. A forma estática pode induzir a erros de percepção na informação. Indicando: uma empresa possui mais bens e direitos que outra não significa competência. Por exemplo, duas empresas, A e B, trabalham na mesma indústria, produzindo produtos similares. O ativo de A é valorado em $1.000, enquanto o de B em $2.000. O resultado de ambas empresas são iguais: vendas $1.000, custos $900 e lucro $100. Se considerarmos a definição de que ATIVOS são bens e direitos - deveremos, consequentemente, escolher a empresa B como superior a empresa A; o ativo da empresa B é superior. Investidores, de forma diferente da definição estática (bens e direitos), mesmo leigo em contabilidade, optaria seus investimentos para a empresa A: investiria menos recursos para obter o mesmo resultado. Dessa forma, o nosso aplicador estará em vantagem competitiva - seu retorno sobre o investimento será superior. Procurando expressar de forma mais adequada, a Accounting Principles Board (APB), no Statement No. 4 de Outubro de 1970, refere a contabilidade como conceito de informação. Contabilidade é uma atividade de serviço. Sua função é fornecer informações quantitativas, de preferência de natureza financeira, sobre entidades econômicas, com a intenção de ser útil à tomada de decisões, permitindo uma escolha razoável entre cursos alternativos de ações....5. A conceituação contemporânea da contabilidade fez, também, evoluir o conceito e valoração do ATIVO, um bem tem valor se for moeda ou um item que 2 Most, K.S ., Accounting Theory, Grid, 1977, p. 1 3 Anthony, R., Contabilidade Gerencial , Atlas, 1981, p. 45 4 Garrison, R.H., Managerial Accounting: Concepts for Planning, Control, Decision Making , BPI, 1988, Fifth Edition, p. 280 5 Most, K.S ., Accounting Theory, Grid, 1977, p. 2 Gestão Estratégica de Custos 10 provavelmente seja convertido em moeda ou se espera que beneficie o futuro funcionamento da empresa6. Permitindo o investidor avaliar os investimentos das empresas de forma pertinente. Pois, investimentos adequados gerarão VANTAGENS COMPETITIVA EM CUSTOS : o retorno sobre o investimento deverá ser superior, por uma das seguintes razões. (1) Preço mais baixo que o concorrente, induz uma demanda superior pelos consumidores. Demanda maior do que a esperada, significa lucro acima do esperado. (2) Preço igual à da concorrência, porem, a lucratividade por produto é superior. Em demandas iguais, consequentemente, o lucro será superior. O ativo é, portanto, uma medida que reflete o investimento na operação da empresa e esse pode ser dividido em dois grandes grupos: ATIVO PERMANENTE e ATIVO CIRCULANTE. Os investimentos no parque fabril, como prédio, máquinas, equipamentos, etc., compreendem os valores apresentados no item ATIVO PERMANENTE. Esses investimentos representam a capacidade produtiva da empresa, que geralmente é um fenômeno limitador. Imaginemos, uma empresa automobilística que deseja produzir 40.000 carros por período. Sua política é: o parque fabril tenha uma capacidade máxima de 80% da produção desejada. Os investimentos no ATIVO PERMANENTE da fábrica, permitirão produzir no máximo 50.000 carros (40.000 dividido por 80%). O valor do investimento para esta unidade fabril será de $15.000.000. Os investimentos em ATIVO PERMANENTE têm efeito de longo prazo, pois serão utilizados por mais de um período contábil (que, normalmente, é de um ano). Os custos relacionados a esses investimentos são apropriados como despesas de depreciação nos exercícios contábeis em que a empresa dele se utiliza. Em empresa manufatureira, as despesas de depreciação da área industrialsão alocadas ao custo do produto; enquanto, as despesas de depreciação das áreas comerciais e administrativas são consideradas despesas do período. Os custos do produto são apropriados as contas estoques e quando o produto é vendido, seu custo é confrontado com o valor da receita. O método de valorar este custo é o de custeio por absorção, onde os custos fixos são alocados ao produto. Este procedimento pode, também, ser empregado para projeção; neste caso, os custos dos insumos de produção e o volume de operação são projetados. No nosso caso, intencionamos produzir 40.000 carros, que deverá acarretar em um custo total de produção de $40.000.000. Uma parte deste valor é o custo de depreciação da unidade fabril; o custo de fabricação por unidade é, por sua vez, projetado em $1.000 ($40.000.000/40.000 carros). As despesas do período, termo empregado quando utilizamos o método de custeio por absorção, são relacionadas aos insumos dos setores de vendas e de administração. Elas são "carregadas" ao item despesas operacionais, do Demonstrativo de Resultados, independentemente se houver alguma venda do produto. 6 Anthony, R., Contabilidade Gerencial , Atlas, 1981, p. 45 Gestão Estratégica de Custos 11 Em empresa produtora de bens o investimento em ATIVO PERMANENTE é um dos principais elementos na definição da eficiência da empresa. Sem ATIVOS PERMANENTES a empresa não pode gerar produtos e estoques. Espera-se que uma empresa industrial possa ganhar mais com seus ATIVOS PERMANENTES do que com seus ATIVOS CIRCULANTES. Os ATIVOS PERMANENTES representam os verdadeiros ativos rentáveis da empresa... Em geral, os ATIVOS CIRCULANTES da empresa, excetuando-se os títulos negociáveis, não são ativos rentáveis... Se a empresa pudesse ganhar mais dinheiro comprando estoques do que produzindo-o ou investindo seu dinheiro em títulos negociáveis, não deveria estar no ramo industrial. Em outras palavras, caso uma empresa não possa obter mais nos investimentos em ATIVO PERMANENTE do que nos investimentos em ATIVOS CIRCULANTES, deve-se vender todos os seus ATIVOS PERMANENTES e usar os proventos para adquirir ATIVOS CIRCULANTES.7 A decisão de investimentos em ATIVOS PERMANENTES merecem a maior atenção possível da alta administração, pelo fato de que elas comprometem a empresa por longo período de tempo. Investimentos ociosos ou desatualizados permitem que concorrentes, com investimentos adequados, tirem vantagem competitiva em custo. Não obstante, somente o investimento em ATIVO PERMANENTE não é suficiente para que uma empresa opere. A empresa tem de alocar recursos em contas necessárias a sua operação corrente. O grupo dessas contas é denominado ATIVO CIRCULANTE, também, conhecido como CAPITAL DE GIRO Capital de Giro Desconsiderar as questões sobre o CAPITAL DE GIRO podem causar inúmeros dissabores, como mostra a experiência recente de empresas que apresentavam condições aparentemente saudáveis, a considerar-se seus ativos, e foram incapazes de atender aos seus compromissos de curto prazo, caracterizando a situação conhecida como insolvência técnica. No mundo real, os executivos passam a maior parte de seu tempo administrando seus ativos e passivos circulantes, em um processo tão repetitivo que acaba por obscurecer sua importância. No Brasil, entre as maiores empresas em termos de vendas em 1992, o capital de giro líquido (ou capital circulante líquido) representava, na média, cerca de 21% do patrimônio líquido. E era da ordem de 15% e 40%, entre as maiores empresas industriais e comerciais, respectivamente. Por essas razões, a Política e a Administração do Capital de Giro desempenham papel importante na gestão de qualquer empresa. Enquanto a primeira estabelece o nível a ser mantido de cada categoria dos ativos circulantes - caixa e títulos, contas a receber e estoques - e a forma de financiá-los, a Administração do Capital de Giro se preocupa em assegurar que as metas estabelecidas sejam seguidas. Mas em que consiste, de fato, o capital de giro de uma empresa ? O termo capital de giro foi cunhado a partir da atividade desenvolvida pelo caixeiro-viajante do passado, que enchia sua carroça com mercadorias e saía pelos povoados buscando vendê- las. Essas mercadorias tinham o nome de capital de giro ("working capital" em inglês) 7 Gitman, L.J., Princípios de Administração Financeira, Harbra, 1984, Terceira Edição, p. 284 Gestão Estratégica de Custos 12 porque era isso que ele vendia, ou girava, trocando-as por dinheiro. Por exemplo, se o caxeiro viajante tem um carroça capaz de carregar 100 unidade de um produto, ao custo de $1,00/unid. e o resultado dessas vendas geraram um valor de $150. Ao retornar ("turnover") este homem deverá: (1) utilizar $100 como o capital necessário para adquirir as mesmas mercadorias e (2) considerar $50 como lucro da empreitada. A carroça e o cavalo constituíam seus ativos permanentes. Enquanto, o valor necessário para adquirir as mercadorias, o investimento em capital de giro (ou, "working capital")8. Note que seu lucro ao fim de um dado período, como um ano, seria a função do número de viagens realizada (isto é, do giro ou 'turnover"). Por exemplo, se o vendedor, ao fim de um ano, conseguisse realizar 10 viagens (um giro de 10), teria um lucro anual de: Lucro no Ano = Lucro por Viagem x Giro no Ano Lucro no Ano = 50 x 10 = $500 Como visto acima o ATIVO CIRCULANTE representa investimentos em contas necessárias a operação corrente. Mais especificamente, a empresa necessita de estoques para atender a demanda dos clientes. Idealmente, o investimento em estoque deveria ser ZERO; quando o cliente chegar para adquirir o produto, esse estaria chegando do fabricante ou estaria acabando de ser produzido. Infelizmente projetar esse procedimento é inviável. Pois o consumidor não encontrando a marca desejada, provavelmente, adquirirá o produto do concorrente. Podendo a empresa perder: a oportunidade de vender e a lealdade do consumidor. Os investimentos nas contas do ATIVO CIRCULANTE estão relacionadas com o risco de insolvência técnica (insolvência técnica significa: incapacidade da empresa de pagar suas contas no vencimento); sendo mensurado "através do montante do Capital Circulante Líquido ou do Índice de Liquidez Correntes... Supõe-se que: quanto maior o montante de Capital Circulante Líquido (definido como: Ativo Circulante menos o Passivo Circulante) menos risco a empresa apresenta"9. O valor investido a conta CAIXA é um dos principais elementos que tem por fim evitar insolvência técnica. Ele amortiza as diferenças existentes no fluxo de entrada e saída de caixa e evita possíveis problemas quando o fluxo de entrada de caixa não ocorre como projetado. A diferença entre o fluxo de entrada e saída de caixa, também, ocorre por haver períodos em que o volume de pagamentos será superior ao do recebimento. Como conseqüênc ia, necessita-se haver um saldo de caixa para cobrir essa diferença. Os investimentos em contas do CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO são denominados como CAPITAL DE GIRO PRÓPRIO; o ATIVO CIRCULANTE são conhecidos por CAPITAL DE GIRO. Essa denominação, CAPITAL DE GIRO, é devido ao fluxo em que os investimentos em ESTOQUES ao serem vendidos a clientes tornam-se CONTAS A RECEBER. E, finalmente, ao transformar essas dívidas em CAIXA ocorre-se um GIRO OPERACIONAL na empresa. O dinheiro regresso a conta CAIXA, por sua vez, irá adquirir novamente ESTOQUE, recomeçando o GIRO. Os valores dos GIROS das contas do ATIVO CIRCULANTE mensuram quão eficiente a firma gerencia seus investimentos operacionais. Apesar de não existir um valor ótimo 8 Brigham, E.F.,Fundamentals of Financial Management, Dryden, 1989, Fifth Edition, p. 269 9 Gitman, L.J. Op cit. p. 283 Gestão Estratégica de Custos 13 para cada uma dessas contas, o giro é uma medida que pode ser empregada para responder a seguinte pergunta: A vista dos níveis operacionais correntes ou projetados, o valor investido em cada item do ativo é razoável, baixo ou alto ? 10 Custo de Capital O custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa precisa obter sobre seus investimentos de forma a manter inalterado o valor de mercado da empresa11. Esta taxa pode ser considerada como o retorno exigido pelos investidores a fim de atrair o financiamento necessário a custo razoável. O investidor estará sempre procurando obter uma taxa de retorno composta: (1) do custo de juros livre do risco do empreendimento e (2) do prêmio de risco do empreendimento. A taxa de retorno desejada pelo investidor pode ser expressa pela seguinte equação matemática: k = j + r onde: k = taxa de retorno desejada pelo investidor j = custo do juros livre do risco r = prêmio exigido pelo risco percebido pelo investidor Portanto, projetos com taxa de retorno abaixo do custo de capital diminuirão o valor da firma: o preço da ação será reduzido e investidores de renda fixas (debêntures, bancos, etc.) exigirão juros superiores para financiar a empresa (pois, a taxa de risco será mais alta). Por outro lado, projetos com taxa de retorno superior a do custo de capital aumentarão o valor da empresa: acionistas terão o preço da ação elevado e outros investidores aceitarão financiar a empresa a juros que embutem prêmio de risco mais baixo. O custo de capital é uma taxa que compreende as várias fontes de financiamento, combinando as respectivas taxas. As fontes de financiamento, por sua vez, são representadas pelas contas do PASSIVO. Por exemplo, imaginemos que a empresa XYZ possui a seguinte estrutura de passivo: ATIVO PASSIVO Ativo Circulante $800 Fornecedores $200 Exigibilidades $800 Ativo Permanente $1.200 Patrimônio Líquido $1.000 Ativo - Total $2.000 Ativo – Total $2.000 Nessa estrutura estamos dividindo o Passivo em três grupos de contas: Fornecedores, que representam as dívidas vinculadas a operação da empresa; Exigibilidades, que são relacionadas a investidores que retornos cujas taxas são fixas ou previamente estabelecidas; e, Patrimônio Líquido, que representa os acionistas da empresa. A separação aqui apresentada está caracterizada pelo custo relativo a cada grupo de financiadores. Por exemplo, os financiadores de Exigibilidades querem uma taxa de 10 Brigham, E.F. Op cit. p. 268 11 Gitman, L.J. Op cit . p. 479 Gestão Estratégica de Custos 14 juros de 10% a.a. e os acionistas desejam um retorno sobre o Patrimônio Líquido de 32% a.a. A conta Fornecedores não tem custo especificado, seu valor é contrabalançado com a conta Estoque, do Ativo Circulante; significando: aquisição a preço superior automaticamente estará elevando o valor do ATIVO. E, quanto maior o valor do ATIVO maior terá de ser o preço do produto a fim de produzir a mesma taxa de retorno. PEDE-SE: Qual deverá ser a taxa de retorno dessa empresa de forma a fazer frente as taxas exigidas pelos investidores ? (Em outras palavras, qual o custo de capital da empresa XYZ ?) RESPOSTA: A conta Exigibilidade corresponde a 40% do total do ATIVO ($800/$2.000); o custo para empresa desse item é de: 0,04 (40% a um custo de !0%; ou, 0,40 x 0,10). O Patrimônio Líquido eqüivale a 50% do ATIVO ($1.000/$2.000); seu custo para empresa considerando o retorno desejado pelos acionista é de 16%, ou 0,16 (50% ao custo de 32%; ou, 0,50 x 0,32). Portanto, combinando os custos dos dois itens para empresa, teremos um custo de capital igual a 20% (0,20 = 0,04 + 0,16). Assim sendo, se a empresa obtiver um lucro anual de $400, poderá pagar um juros de $80, que é 10% do valor da Exigibilidade, e contribuirá para os acionistas com $320 ($400 menos $80): valor esse igual a 32% do Patrimônio Líquido. O exemplo acima é muito simples: o imposto de renda não é considerado. Além do mais ele não tem por fim ensinar como você deve determinara custo de capital, mas de alerta- lo quanto a importância da obtenção do Lucro Operacional de forma a atender os investidores da empresa. A decisão sobre o valor do custo de capital de uma empresa é assunto de teoria financeira, assunto fora do nosso escopo12. A Empresa JCS e o seu Custo de Capital A empresa JCS tem um ativo total de $1.000,00, com a seguinte estrutura de passivo: ATIVO PASSIVO Ativo Circulante $400 Fornecedores $100 Exigibilidades $400 Ativo Permanente $800 Patrimônio Líquido $500 Ativo – Total $1.000 Ativo – Total $1.000 A estrutura do passivo, também denominada estrutura de capitais, pode ser dividida em três grupos de contas: 1. Passivo Operacional, que tem contas como Fornecedores, representam as dívidas vinculadas a operação da empresa. A principal característica dessa conta é que o custo explícito desse recurso é 0 (zero). Por exemplo, ao adquirirmos um produto para pagarmos num prazo de 60 dias, seu valor terá embutido os juros cobrado pelo fornecedor, digamos que a vista o produto é vendido por $80 e com pagamento em 12 Para adquirir conhecimento de como determinar o custo de capital de uma empresa leia: Van Horne, J.C., Fundamentos de Administração Financeira, PHB, 1983, Quinta Edição, c. 15, pp. 266 a 288 Gestão Estratégica de Custos 15 60 dias por $85. O valor registrado na nota fiscal é $85, sendo esse contabilizado à estoque, que ao ser vendido é debitado à conta Custos das Mercadorias Vendidas. 2. Exigibilidades, cujo conjunto de contas estão relacionadas a investidores que demandam retornos com taxas são fixas ou previamente estabelecidas. Por exemplo, empréstimos de curto e longo prazos realizados por bancos, debentures, etc. 3. Patrimônio Líquido, que representa o conjunto de contas pertencentes aos acionistas da empresa; por exemplo, Capital, Lucros Retidos. Os financiadores da conta Exigibilidades querem uma taxa de juros de 10% a.a. e os acionistas desejam um retorno sobre o Patrimônio Líquido de 16% a.a, livre do imposto de renda. O imposto de renda possui uma taxa de 50%. OBS: É importante notar que ativos ociosos elevarão o valor do ATIVO. E, quanto maior o valor do ATIVO maior terá de ser o lucro gerado pelos mesmos a fim de produzir a mesma taxa de retorno. PEDE-SE: Qual deverá ser a taxa de retorno dessa empresa de forma a fazer frente as taxas exigidas pelos investidores ? (Em outras palavras, qual o custo de capital da empresa JCS ?) RESPOSTA: A conta Exigibilidade corresponde a 40% do total do ATIVO ($400/$1.000); o custo para empresa desse item é de: 0,04 (40% a um custo de !0%; ou, 0,40 x 0,10); o que significa que o lucro operacional terá de contemplar um valor igual a $40 para pagar os juros cobrados pelos bancos. O Patrimônio Líquido eqüivale a 50% do ATIVO ($500/$1.000). O retorno desejado pelos acionistas livre do Imposto de Renda é 16%. O imposto de renda possui uma taxa de 50%, significando que o retorno para os acionistas antes do imposto de renda deverá ser 32% Lucro antes do Imposto de Renda (LAIR) LAIR Menos: Imposto de Renda (IR) 0,5 x LAIR Igual: Lucro Líquido (16% do Patrimônio Líquido {PL}) 0,16PL LAIR – 0,5LAIR = 0,16PL LAIR = 0,16PL / 0,5 = 0,32PL Como o PL da empresa é de $500, o valor a ser obtido no LAIR é 32% de $500, isto é, $160. Dessa forma, $80 serão pagos ao Imposto de Renda e $80 serão revertidos ao PL, perfazendo os 16% de retorno desejado. Em outras palavras, o retorno desejado pelos acionista depoisdo imposto de renda é de 16%, ou 0,16 (50% ao custo de 32%; ou, 0,50 x 0,32). Portanto, combinando os custos dos dois itens para empresa, teremos um custo de capital igual a 20% (0,20 = 0,04 + 0,16). Em resumo, o LO terá de ser 20% do valor do ativo, ou seja, $200; $160 para o LAIR e $40 para pagar os juros dos empréstimos. Gestão Estratégica de Custos 16 H2R Ltda. A H2R Ltda. possui um ativo total no valor de $2.000.000,00. A empresa pretende operar com a seguinte estrutura de capital, isto é de Passivo: PASSIVO 1 Exigível de Curto Prazo 1.1 Fornecedores $ 300.000,00 1.2 Impostos Indiretos $ 50.000,00 1.3 Empréstimo para Capital de Giro $ 150.000,00 Exigível de Curto Prazo - Total $ 500.000,00 2 Exigível de Longo Prazo 2.1 Debêntures $ 500.000,00 $ 500.000,00 3 Patrimônio Líquido 3.1 Capital $ 700.000,00 3.2 Lucros Retidos $ 300.000,00 $1.000.000,00 Passivo – Total $2.000.000,00 Os empréstimos para capital de giro têm um custo anual de 10%; enquanto as debêntures 13% aa. Os acionistas desejam um retorno sobre o Patrimônio Líquido de 17,5% aa, livre do imposto de renda. O imposto de renda tem uma taxa de 30%. Pergunta-se: 1. Quanto deverá a H2R obter de lucro operacional para fazer frente a demanda das fontes financiadoras de capital, isto é, dos valores apresentados no Passivo ? 2. Qual é a percentagem do lucro operacional em relação ao Ativo Total, isto é, qual é a rentabilidade requerida do Ativo Total ? CONTABILIDADE DE CUSTOS A Contabilidade de Custos forma parcela ponderável da moderna Contabilidade Administrativa, Gerencial ou Analítica. Passaremos a expor alguns conceitos breves que nos auxiliarão a desenvolver a tese de que as técnicas de Contabilidade de Custos constituem um poderoso instrumento nas mãos do administrador para o eficiente desempenho de suas funções. Importante notar que durante muito tempo se pensou que a Contabilidade de Custos se referia apenas ao custeamento dos produtos e que servia somente às empresas industriais. Todavia, atualmente, esse ramo da Contabilidade é constituído de técnicas Gestão Estratégica de Custos 17 que podem ser aplicadas a muitas outras atividades, inclusive, e principalmente, aos serviços públicos e ainda às empresas não- lucrativas. Uma distinção clara entre Contabilidade Industrial e Contabilidade de Custos é essencial nesta ponto. Contabilidade Industrial é a aplicação dos princípios e preceitos da Contabilidade Geral, ao registro, organização e controle das operações de uma empresa industrial, assim como o são a Contabilidade Bancária, a de Transportes, a de Seguros e assim por diante. A Contabilidade de Custos, no entanto, engloba técnicas de Contabilidade Geral e outras técnicas extracontábeis para o registro, organização, análise e interpretação dos dados relacionados à produção ou à prestação de serviços, podendo ser aplicada igualmente como detalhe da Contabilidade Industrial, da Contabilidade Bancária, da Contabilidade de Transportes e de Seguros. Objetivos da Contabilidade de Custos A idéia básica de custos, atualmente, é de que eles devem ser determinados, tendo em vista o uso a que se destinam. A “diversidade de objetivos da Contabilidade de Custos torna difícil estabelecer um só tipo de custo da produção, que se adapte a todas as necessidades. Cada utilização de custo requer, de fato, diferentes tipos de custos”. Por isso, a Contabilidade de Custos, quando acumula os custos e os organiza em informações relevantes, pretende atingir três objetivos principais: a determinação do lucro, o controle das operações e a tomada de decisões. Os dados de custos necessários para a determinação do lucro podem ser extraídos diretamente dos registros convencionais da Contabilidade. Uma ou outra compilação deverá ser feita para transformá-los em informações úteis. Por exemplo, a separação dos custos em aplicados e periódicos já vai fornecer resultados mais realísticos à Administração. A acumulação dos custos por fases de fabricação, por departamentos e por produtos resultará em apropriações mais racionais. O atendimento do princípio contábil de que a toda renda devem ser computados os custos necessários para realizá- la é a maneira mais usada e correta para o levantamento do lucro do período. Considerando, ainda, os mesmos dados básicos, pode a Contabilidade, por meio de classificações especiais, atender ao controle. Quando o contador acumula os custos por centros de responsabilidade e dentro de cada centro classifica os custos por função, por natureza e por possibilidade de controle, dota a Administração de meio eficaz para a determinação dos custos por componente da organização e, conseqüentemente, para o exercício de controle mais efetivo sobre o desempenho de cada um dos responsáveis por esses mesmos componentes. O sistema de custos-padrão, adotado pelas empresas industriais e que também pode ser empregado para o controle de outras atividades, é instrumento valioso à disposição do administrador o qual permite a criação de metas contra as quais medir os resultados. A separação dos custos em relação ao volume, isto é, custos fixos e custos variáveis, fornecerá ao contador meios para dar melhores informações à administração em termos de controle (por exemplo, os orçamentos flexíveis) e em termos de auxílio ao processo decisório (por exemplo, a análise do ponto de equilíbrio). Tratando-se das relações entre a Contabilidade de Custos e o processo de decisão, vale lembrar a existência de diversos tipos de custos que devem atender a várias finalidades. Neste ponto é que reside a maior utilidade das técnicas de Custos. Os dados de custos Gestão Estratégica de Custos 18 são manipulados de formas diferentes, objetivando emprestar-lhes a significação exigida para a solução dos mais complexos problemas que enfrenta o administrador. Na fixação do preço de venda de um produto devem ser computados todos os custos e, principalmente, num regime inflacionário, os custos de reposição. A recuperação dos custos através da venda servirá para cobrir os impostos, os juros, as despesas para expansão, os dividendos e a reposição das matérias-primas e de outros fatores de produção necessários para o reinício e manutenção do ciclo operacional. O custeamento dos planos e das alternativas, das atividades de distribuição e dos inventários por meio de tipos diferentes de custos, permitirá ao administrador tomar decisões mais científicas. É sabido que existem fatores qualitativos de extrema importância que devem ser levados em conta ao se tomar uma decisão. Todavia, mesmo reconhecendo que existem elementos imponderáveis na escolha de uma alternativa, este processo será mais válido se auxiliado por fatores de natureza quantitativa. Em resumo, a Contabilidade de Custos fornece informações para: 1. A determinação dos custos dos fatores de produção; 2. A determinação dos custos de qualquer natureza; 3. A determinação dos custos dos setores de uma organização; 4. A redução dos custos dos fatores de produção, de qualquer atividade ou de setores da organização; 5. O controle das operações e das atividades de qualquer organização; 6. A administração, quando esta deseja tomar uma decisão, estabelecer planos ou solucionar problemas especiais; 7. O levantamento dos custos dos desperdícios, do tempo ocioso dos operários, da capacidade ociosa do equipamento, dos produtos danificados, do trabalho necessário para conserto, dos serviços de garantia de produtos; 8. A determinação da época em que se deve desfazer de um equipamento, isto é, quando as despesas de manutenção e reparos ultrapassam os benefícios advindos da utilização do equipamento; 9. A determinação dos custos dos pedidosnão satisfeitos; 10. A determinação dos custos dos inventários com a finalidade de ajudar o cálculo do estoque mínimo, do lote mais econômico de compra, da época de compra; 11. O estabelecimento dos orçamentos. O Demonstrativo De Resultado A contabilidade financeira prepara relatórios econômico financeiros para usuários externos a empresa, como bancos, investidores, etc. Sua ênfase é empregar os princípios e regras estabelecidos por entidades que a regulamentam. No Brasil, por exemplo, uma empresa com capital aberto necessita atender regras que satisfaçam a demanda da Secretária da Receita Federal do Ministério da Fazenda e da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A preocupação, portanto, da contabilidade financeira está com a forma que os fenômenos econômicos, que afetam as entidades, serão medidos e comunicados. É vital para a Gestão Estratégica de Custos 19 economia que as informações sejam compreendidas claramente, a fim de serem bem utilizadas na determinação quanto à alocação de recursos. Com base nessas informações econômicas as empresas são capazes de captar recursos para investimentos em seus ativos. O usuário dos relatórios contábeis tem de ter confiança nas informações. Elas devem permitir comparações entre relatórios de períodos passados e de outras empresas. Assim sendo, projeções sobre o futuro comportamento das entidades poderão ser realizados. Em resumo, a contabilidade financeira necessita de padrões de divulgação que são os princípios contábeis de aceitação geral. Os princípios são guias para preparar os relatórios econômico financeiros e têm como objetivo: compreensão, confiabilidade e comparação. Os valores apresentados no relatório do Demonstrativo de Resultados, de acordo com a Contabilidade Financeira, utilizam do MÉTODO DA COMPETÊNCIA. Esse método tem por objetivo apropriar os custos que foram necessários à organização para obter a receita que está sendo apresentada. Em outras palavras, quais foram os custos incorridos pela organização na obtenção da receita que está sendo apresentada. De uma forma geral, para empresas comerciais, os Demonstrativos de Resultados empregados na Contabilidade Financeira têm a seguinte estrutura de informação: Receita (R) Menos: Custos das Mercadorias Vendidas (CMV) Igual: Margem ou Lucro Bruto (MB) Menos: Despesas Operacionais (DO) Igual: Lucro Operacional (LO) Menos: Despesas de Juros (DJ) Igual: Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) Menos: Imposto de Renda (IR) Igual: Lucro Líquido (LL) Essa estrutura de informação é conhecida, também, como CUSTEIO FUNCIONAL, pois as informações são apresentadas conforme a função de sua origem. O Custo da Mercadoria Vendida (CMV) representa a função básica do negócio. Uma empresa comercial adquire mercadorias com o intuito de revendê-la. Não há transformação, simplesmente a empresa cria um canal de distribuição desse produto para seu consumidor. Esse canal de distribuição pode ser mais ou menos sofisticado. Como o nome induz, CMV significa quanto custou as mercadorias que foram vendidas. É importante, não trocar o custo da mercadoria comprada com o custo da mercadoria vendida. Por exemplo, a empresa H2R é uma loja de móveis e comprou 10 cadeiras para revendê-las em sua loja. Cada cadeira custou $50; portanto, o custo de compras foi de $500. Essas cadeiras foram registradas à Estoque pelo valor de $500 e seus valores serão retirados dessa conta conforme são vendidos. Nesse mesmo período, a empresa vendeu 8 cadeiras pelo valor de $1.600. A receita é declarada com a venda de oito (8) cadeiras, portanto para determinarmos o lucro da empresa, teremos inicialmente de confrontar a essa receita o custo das mercadorias que foram vendidas, isto é, o custo das oito (8) cadeiras que foram vendidas. Em resumo, a relação CMV com a R nos fornece um sinal da política de preço da empresa. O LUCRO BRUTO refere-se o resultado básico do negócio. Gestão Estratégica de Custos 20 As duas (2) cadeiras que ficaram em Estoque estão ao seu custo de compra, $100 (ou, $50 cada). Ao término de período, esse valor é conhecido como ESTOQUE FINAL. Como mencionado anteriormente, a fim de determinarmos o lucro teremos de apropriar as outras despesas organizacionais. Essas despesas ocorreram para venda do produto, como aluguel da loja, comissão de vendedores, etc. Contudo, não se tem como relacionar diretamente as mesmas aos produtos. Elas são competência do PERÍODO. Assim sendo, por convenção, estabeleceu-se que todas as despesas incorridas nas áreas de vendas e administrativas seriam alocadas ao item DESPESAS OPERACIONAIS. Sua subtração ao LUCRO BRUTO nos informaria o LUCRO OPERACIONAL. Esse lucro mostra a capacidade gerencial dos administradores frente ao ativo disponível. As DESPESAS DE JUROS, também, referem-se ao período, isto é, sua competência está relacionada ao período de obtenção da receita e não com a venda do produto. Assim sendo, a subtração das Despesas de Juros ao Lucro Operacional temos o Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR). O Demonstrativo de Resultado de uma Empresa Comercial ¨ O fluxo da informação no DEREX O Demonstrativo de Resultado na Empresa Industrial ¨ O fluxo da informação do DEREX e as contas de estoques: Materiais; Produtos em Processo e Produtos Acabados ¨ O significado das informações de custos na produção: Materiais Diretos; Mão-de- Obra Direta; e, Custos Indiretos de Fabricação Na empresa industrial os materiais são transformados em produtos que para serem vendidos. Essa transformação tem a ajuda da mão de obra direta, assim com essa transformação demanda recursos fabris, que são custos indiretos de fabricação, como: aluguel da fábrica, salário de engenheiros, gerente da fábrica, depreciação de máquinas, etc. Todos esses custos serão apropriados ao produto, pois sua fabricação depende dessas despesas. Elas ocorrem durante a produção e são básicas ao negócio. Ao vender o produto, os custos exigidos a sua produção são destinados a conta CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS, que tem o mesmo significado do CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS. Sendo que esta é a denominação para o comércio, enquanto a outra é para indústria. Como ocorre nas empresas comerciais, as despesas de vendas e administrativas são alocadas as DESPESAS OPERACIONAIS de competência ao período da obtenção da RECEITA. A diferença para contabilidade comercial e industrial está na conta ESTOQUE. Na contabilidade comercial só há uma conta ESTOQUE, enquanto na industrial três (3): Estoque de Material Direto – que são os custos dos produtos disponíveis, mas ainda não enviados à produção. Estoque de Produto em Processo (ou de Produtos em Fabricação ou de Produtos em Elaboração) – que são os custos dos produtos ainda não acabados na linha de produção, seus custos são formados por proporções apropriadas dos três principais Gestão Estratégica de Custos 21 custos de fabricação, materiais diretos, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. Estoque de Produtos Acabados – que são os custos dos produtos inteiramente acabados e que ainda não foram vendidos. Como mencionado anteriormente, os três principais custos de fabricação são: materiais diretos, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. E, podemos defini- los da seguinte forma: Material Direto. Todos os materiais fisicamente identificados como partes do produto acabados e que podem ser associados aos produtos acabados de modo economicamente viável. Mão de Obra Direta. Toda a mão de obra que pode ser fisicamente associada aos produtos acabados de forma economicamente viável. Custos Indiretos de Fabricação. Todos os custos que são associados ao processo produtivo e que não são materiais diretos e mão de obra direta. A relaçãoentre essas contas e o fluxo da informação para determinar o lucro no Demonstrativo de Resultados pode ser explicada pelos exemplos a seguir: CONCEITOS, DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES TERMINOLOGIA CONTÁBIL O ponto inicial da exposição sobre custos está na terminologia. Infelizmente, encontramos em todas as áreas, principalmente nas sociais (e econômicas em particular) uma profusão de nomes para um único conceito e também conceitos diferentes para uma única palavra. Gasto - Sacrifício que a entidade arca para obtenção de um bem ou serviço, representado por entrega ou promessa de entrega de ativos. O gasto se concretiza Gestão Estratégica de Custos 22 quando os serviços ou bens adquiridos são prestados ou passam a ser de propriedade da empresa. EXEMPLOS: · Gasto com mão-de-obra (salários e encargos) = aquisição de serviços de mão de obra. · Gasto com aquisição de mercadorias para revenda. · Gasto com aquisição de matérias-primas para industrialização. · Gasto com energia elétrica = aquisição de serviços de fornecimento de energia. · Gasto com aluguel de edifício (aquisição de serviços). · Gasto com Reorganização Administrativa (serviço). Investimento - Gasto com bem ou serviço ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a períodos futuros. EXEMPLOS: · Aquisição de móveis e utensílios. · Aquisição de imóveis. · Despesas pré-operacionais. · Aquisição de marcas e patentes. · Aquisição de matéria-prima. · Aquisição de material de escritório. Custo - Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços: são todos os gastos relativos à atividade de produção. EXEMPLOS: · Salários do pessoal da produção. · Matéria-prima utilizada no processo produtivo. · Combustíveis e lubrificantes usados nas máquinas da fábrica. · Aluguéis e seguros do prédio da fábrica. · Depreciação dos equipamentos da fábrica. · Gastos com manutenção das máquinas da fábrica. Despesa - Gastos com bens e serviços não utilizados nas atividades produtivas e consumidos com a finalidade de obtenção de receitas. Em termos práticos, nem sempre é fácil distinguir Custos e Despesas. Pode-se, entretanto, propor uma regra simples do ponto de vista didático: todos os gastos realizados com o produto até que esteja pronto, são Custos; a partir daí, são Despesas. Assim, por exemplo, gastos com embalagens são Custos se realizados no âmbito do processo produtivo (o produto é vendido embalado); são Despesas, se realizados após a produção. Todos os Custos que estão incorporados nos produtos acabados que são fabricados pela empresa industrial são reconhecidos como Despesas no momento em que os produtos são vendidos. A matéria-prima industrial que, no momento de sua compra, representava um Investimento, passa a ser considerada Custo no momento de sua utilização na produção e torna-se Despesa quando o produto fabricado é vendido. Entretanto, a matéria-prima incorporada nos produtos acabados em estoque, pelo fato destes serem ativados, volta a ser Investimento. Gestão Estratégica de Custos 23 Os encargos financeiros incorridos pela empresa, mesmo aqueles decorrentes da aquisição de insumos para a produção, são sempre considerados Despesas. EXEMPLO: · Salários e encargos sociais do pessoal de vendas. · Salários e encargos sociais do pessoal administrativo. · Energia elétrica consumida na sede administrativa. · Gasto com combustíveis e refeições do pessoal de vendas. · Conta telefônica da administração e de vendas. · Aluguéis e seguros da sede administrativa. Desembolso - Saídas de caixa para atender a aquisição de um bem ou serviço. Pode ocorrer antes, durante ou após a entrada da utilidade comprada, portanto defasada ou não do gasto. Perda - É um gasto não intencional decorrente de fatores externos fortuitos ou da atividade produtiva normal da empresa. No 1º caso, são considerados da mesma natureza que as Despesas e são jogadas diretamente contra o resultado do período. EXEMPLOS: · Incêndio. · Obsoletismo de estoques. · Período de greve. · Enchente. · Furto/roubo. No 2º caso, onde se enquadram, por exemplo, as perdas normais de matérias-primas na produção industrial, integram o Custo de produção. EXEMPLO: Uma indústria de estamparia que aproveita apenas 80% da chapa de aço e considera 20% como perda técnica. Da mesma forma, o camiseiro que considera o preço do pano total comprado, como custo, não se importando com os retalhos. Em alguns casos admite-se considerar dias parados por motivo de greve como “ociosidade” e incluí- los nos gastos gerais de fabricação para rateio na formação do custo de todos os produtos. CLASSIFICAÇÃO DE CUSTOS A) QUANTO A ALOCAÇÃO AO PRODUTO Custo Direto - São aqueles que podem ser apropriados diretamente aos produtos fabricados, porque há uma medida objetiva de seu consumo nesta fabricação. EXEMPLOS: · Matéria-prima - Normalmente, a empresa sabe qual a quantidade exata de matéria prima que está sendo utilizada para a produção de uma unidade do produto. Sabe-se o preço da matéria-prima, o custo daí resultante está associado diretamente ao produto. · Mão-de-Obra direta - Trata-se dos custos com os trabalhadores utilizados diretamente no produção. Sabendo-se Quanto tempo cada um trabalhou no produto e o preço da mão-de-obra, é possível apropriá-la diretamente ao produto. Gestão Estratégica de Custos 24 · Material de embalagem. · Depreciação de equipamento quando é utilizado para produzir apenas um tipo de produto. · Energia elétrica das máquinas, quando é possível saber quanto foi consumido na produção de cada produto. Custo Indireto - São os custos que dependem de cálculos, rateios ou estimativas para serem apropriados em diferentes produtos, portanto, são os custos que só são apropriados indiretamente aos produtos. O parâmetro utilizado para as estimativas é chamado de base ou critério de rateio. EXEMPLOS: · Depreciação de equipamentos que são utilizados na fabricação de mais de um produto. · Salários dos chefes de supervisão de equipes de produção. · Aluguel da fábrica. · Gastos com limpeza da fábrica. · Energia elétrica que não pode ser associada ao produto. OBSERVAÇÕES: 1. Se a empresa produz apenas um produto, todos os seus custos são diretos. 2. Às vezes, o custo é direto por natureza, mas é de tão pequeno valor que não compensaria o trabalho de associá-lo a cada produto, sendo tratado como indireto. Exemplo: Gastos com verniz e cola na fabricação de móveis. B) QUANTO AO VOLUME Custo Fixo - Custos Fixos são aqueles cujos valores são os mesmos qualquer que seja o volume e produção da empresa. É o caso, por exemplo, do aluguel da fábrica. Este será cobrado pelo mesmo valor qualquer que seja o nível de produção, inclusive no caso da fábrica nada produzir. Observe que os Custos Fixos são fixos em relação ao volume de produção, mas podem variar de va lor no decorrer do tempo. O aluguel da fábrica, mesmo quando sofre reajuste em determinado mês, não deixa de ser considerado um Custo Fixo, uma vez que terá o mesmo valor qualquer que seja a produção do mês. Outros exemplos: Imposto Predial, Depreciação dos equipamentos (pelo método linear), Salários de vigias e porteiros da fábrica, Prêmios de seguro, etc. GRÁFICO REPRESENTATIVO DOS CUSTOS FIXOS (CF) Unidades Produzidas C us to Unidades Produzidas C us to Custo Fixo Total Custo Fixo Unitário Gestão Estratégica de Custos 25 Custo Variável - Custos Variáveis são aqueles cujos valores se alteram em função do volume de produção da empresa. Exemplo: matéria-prima consumida. Se não houver quantidade produzida, o Custo Variável será nulo. Os CustosVariáveis aumentam à medida em que aumenta a produção. OUTROS EXEMPLOS: · Materiais indiretos consumidos. · Depreciação dos equipamentos (quando esta for feita em função das horas/máquina trabalhadas). · Gastos com horas-extras na produção. GRÁFICO REPRESENTATIVO DOS CUSTOS VARIÁVEIS (CV) GRÁFICO CLÁSSICO DOS CUSTOS TOTAIS (CT) Custo Semi-Fixo - Custos Semi-Fixos são custos que são fixos numa determinada faixa de produção, mas que variam se há uma mudança nesta faixa. Considere, por exemplo, a necessidade de supervisores de produção de uma fábrica expressa na tabela a seguir: Volume de Produção Quantidade Necessária de Supervisores Custo em R$ (Salários + Encargos) 0 – 20.000 1 120.000 20.001 – 40.000 2 240.000 40.001 – 60.000 3 360.000 60.001 – 80.000 4 480.000 Unidades Produzidas Cu sto Unidades Produzidas Cu stoTeoria Prática Custo Variável Unitário Custo Variável Total Receita Total C.F. + D.F. C.V. + D.V. Quantidade Pr eç o LUCRO PREJUÍZO Gestão Estratégica de Custos 26 Custo Semi-Variável - Custos Semi-Variáveis são custos que variam com o nível de produção mas que, entretanto, têm uma parcela fixa que existe mesmo que não haja produção. É o caso, por exemplo, da conta de energia elétrica da fábrica, na qual a concessionária cobra uma taxa mínima mesmo que nada seja gasto no período, embora o valor da conta dependa do número de quilowatts consumidos e, portanto, do volume de produção da empresa. Outros exemplos: aluguel de uma copiadora no qual se cobra uma parcela fixa mesmo que nenhuma cópia seja tirada; gasto com combustível para aquecimento de uma caldeira, que varia de acordo com o nível de atividade, mas que existirá, mesmo que seja num valor mínimo, quando nada se produza, já que a caldeira não pode esfriar. Dilema Contábil: Custeio por absorção VS Custeio Variável INTRODUÇÃO A decisão de investimento é reflexo dos resultados das organizações, sendo esses representados pelo VALOR DA FIRMA. O VALOR DA FIRMA se traduz no preço de sua ação, e é um conceito que expressa o binômio risco-retorno. Esse valor é determinado pela expectativa do investidor com respeito ao retorno da empresa, na presença de risco. A existência do risco é devido a falta de certeza quanto ao retorno. Portanto, o risco pode ser definido como a possibilidade do retorno real se desviar do esperado. As expectativas são continuamente revistas com base em novas informações que são procedentes de decisões de investimentos, financiamentos ou dividendos13. Caso a empresa atinja a expectativa de seus investidores, o valor da ação se mantêm. Se os resultados superarem as expectativas, o valor da firma aumenta através do aumento do preço da ação; caso contrário o valor da ação cai. Portanto, os elementos custo, volume de produção e retorno sobre o investimento são fatores importantes na decisão de preço do produto. Pois, o valor da firma é uma medida para mensurar a performance de empresas, sendo empregada pela revista FORTUNE para classificar as melhores. O preço final de um produto, que deve ter um valor capaz de pagar os custos e gerar lucros aos acionistas, é função da estratégia escolhida pela empresa. Entretanto, pode-se perceber que, independente da estratégia empregada, o retorno sobre investimento, o volume de produção e os custos de operação são variáveis interdependentes e essenciais na adoção de uma política de preços. Registre-se, ainda, que o retorno sobre investimento, ou o lucro, tem um papel limitador, pois a sobrevivência do produto, e como conseqüência, da empresa, dependerá desse retorno ser aquele mínimo exigido pelos investidores. Em vista dessas considerações, não é espantoso que tantas empresas lancem mão de modelos com abordagem da orientação no custo do produto para que as auxiliem na definição do preço de seus produtos. A abordagem orientada no custo do produto tem como objetivo fixar preço com uma margem sobre o custo do produto. Esta margem permitirá um retorno adequado sobre o investimento. A primeira vista, este é um procedimento para empresas que podem fixar seus próprios preços, pois aliam a este valor computado uma combinação de palpite 13 Van Horne, J.C ., Financial Management and Policy, Prentice-Hall, 1971, Second Edition, Cap. 2 Gestão Estratégica de Custos 27 sagaz e hábitos misteriosos14. O preço computado, por sua vez, é conhecido como preço-meta, por ter embutido a expectativa do retorno sobre o investimento. O método do preço-meta pode ser, também, empregado por empresas que tenham pouca influência sobre o preço de mercado. Este é caso que mostra: (1) qual deverá ser o preço ideal do mercado para a estrutura atual de custo da empresa; ou, (2) qual deverá ser a estrutura de custo ideal da empresa para um dado preço de mercado. A primeira situação deixa a empresa a mercê do mercado, sem nenhuma ação gerencial. No segundo, o método sinaliza um custo a ser perseguido. A seguir discutiremos o efeito das duas abordagens contábeis, absorção versus contribuição, no custo do produto; mais a frente, mostraremos através de exemplos a vantagem da abordagem por contribuição em algumas decisões, como a de preço. Ao término deste módulo, entre outras coisas, esperamos que o leitor seja capaz de: - distinguir margem de contribuição de margem bruta e suas aplicações; - identificar a importância do custo unitário; - distinguir o conceito: abordagem por absorção e abordagem por contribuição; ABORDAGEM POR ABSORÇÃO A abordagem por absorção é que encontramos nos Demonstrativos Financeiros. A principal diferença é encontrada em empresa industrial, pois todos os custos variáveis mais os custos fixos de produção, são alocados ao produto. Por exemplo, se os custos variáveis do produto X montam a $10 e os custos indiretos da fábrica totalizam $100, o custo de X será $15 caso sua contribuição para os resultados da empresa sejam de 5%. O preço de X será definido atribuindo-se uma margem de lucro a esse valor $15. Subjacente a esse valor de $15 está a percepção de que não faz diferença se os custos da produção são fixos ou variáveis.. Os custos indiretos fixos, por exemplo, depreciação, são essenciais ao processo produtivo, assim como são os custos variáveis, tal qual matéria-primas; portanto, não podem ser ignorados no custeio unitário do produto15. Os custos de vendas e administrativos, para qualquer tipo de empresa, são alocados ao Demonstrativo de Resultados sob o título de Despesas Operacionais. Esses custos são definidos como despesas do período ; pois não estão diretamente relacionados com produto ou serviço oferecido, mas com a unidade de tempo. Em outras palavras: os custos com aluguel da loja, com o salário do presidente, com os vendedores, etc. não são estocáveis, portanto, não aumentam o custo do produto ou do serviço se não houver negócio em um determinado período. A empresa incorrerá nessas despesas a cada período sendo o mesmo confrontado à Receita para fins de computar o lucro do período. Os custos de produção são definidos como custos do produto, sendo o valor incorrido no processo produtivo atribuído ao produto. Uma vez o produto esteja pronto seu valor é levado a conta Estoque para posteriormente ser confrontado à Receita, através da conta Custos das Mercadorias Vendidas, quando ocorrer a venda. Deve-se notar que o 14 Horngren, C.T. , Introdução à Contabilidade Gerencial , PHB, 1981, Quinta Edição, p. 74 15 Garrison, R.H., Managerial Accounting: Concepts for Planning, Control, Decision Making , BPI, 1988, Fifth Edition, p.278 Gestão Estratégica de Custos 28 valor do produtovaria de acordo com o nível de produção. No exemplo anterior o produto X absorve $5 de custos fixos por contribuir 5% para os resultados da empresa. Imagine, agora, que a empresa só fabrique o produto X a um volume de 20 unidades e todos os custos indiretos da fábrica são fixos. Os custos variáveis continuam $10 por unidade. Se por uma razão qualquer a produção industrial caiu de 20 para 10, os custos do produto X passaram para $20; sendo $10 dos custos variáveis e $10 pela alocação dos custos fixos ao produto (que é, $100 dividido por 10 unidades). Empresas que possuem, proporcionalmente, um alto percentual de custos fixos em seus custos totais, assim como empresas que comercializam seus produtos através de contratos (como, por exemplo, empreiteiras), têm um grande apelo em empregar a abordagem por absorção para tomada de decisão de preço, E, uma das razões para a decisão de preço ser comumente baseada na abordagem por absorção é a crença de que o valor definido salvaguardará a empresa de um possível prejuízo, isto é, os custos serão cobertos pelo preço que, ainda, contribuirá com uma margem de lucro. No entanto, esse argumento é ilusório, porque pode ocorrer prejuízo se as vendas não atingirem o volume empregado no cálculo do custo unitário. Mais convincente é o argumento de que esse custo unitário pode ser utilizado para ser comparado com o custo unitário do produto concorrente, além de ser uma estimativa razoável da relação entre custos e preços dos competidores. A despeito de sua simplicidade uma série de argumentos contra o método é apresentada na literatura16: ü método não considera a demanda pelo produto; é possível que não existam consumidores dispostos a pagar o preço computado pela firma. ü método não considera a competição. Se seu emprego for irracional e rígido, a empresa pode perder oportunidades de negócios, como no exemplo da empresa de telecomunicação. Se a empresa não aceita a proposta, que irá gerar um aumento em seus lucros, pode ficar vulnerável perante os concorrentes. ü Qualquer método empregado para alocar os custos indiretos de fabricação são arbitrários e podem ser irrealistas; é difícil mostrar as relações de causa-e-efeito entre os custos alocados e a maioria dos produtos. O principal problema com o método de absorção é que a utilização indiscriminada dos custos unitários pode resultar em premissas erradas na previsão de como os custos totais comportar-se-ão. Uma interpretação errada dos custos fixos unitários (isto é, o eventual desconhecimento sobre a função de formação de custo do produto) irá gerar uma análise de custo errada. 16 Boone, L.E. e D.L. Kurtz, Contemporary Marketing , Dryden, 1989, Sixth Edition, pp. 359 e 360 e Atkin, B., editado por Pocock, M.A. e A.H.Taylor, Financial Planning and Control , Pricing Policy, Gower, 1988, Second Edition, p. 69 Gestão Estratégica de Custos 29 ABORDAGEM POR CONTRIBUIÇÃO - CUSTEIO VARIÁVEL Os proponentes da abordagem por contribuição utilizam as críticas apresentadas à técnica da absorção para enfatizar a flexibilidade desse método como um meio de resposta às condições de demanda e de competição. Por exemplo, há uma oportunidade de exportar 1.000 unidades do produto X pelo preço de $14 a unidade. Seu custo, de acordo com a abordagem por absorção, foi computado em $15, mas para a abordagem por contribuição o que conta é o custo marginal - o aumento do custo devido ao pedido. Nesse caso, o valor incremental é igual ao unitário, que é o mesmo do custo variável, isto é, $10. Então, qualquer preço acima de $10 irá aumentar o lucro da empresa. No exemplo, se a empresa aceitar esse negócio, cada unidade exportada contribuirá com $4 para o lucro da empresa e o lucro final terá majorado em $4.000 (obtido pela razão de 1.000 unidades com a contribuição de $4 por unidade). O método se baseia na contribuição de cada produto. No exemplo da firma de telecomunicação, há uma possibilidade de produzir 100 unid de um equipamento especial, o preço unit a ser comercializado é de $370, os custos variáveis por unid do produto X são de $280. Digamos que depois de sua análise sobre a tendência de custos da empresa, você conclui: (1) a empresa possui custos fixos no valor de $32.000, que independem do produto a ser produzido; e, (2) o outro produto de linha possui custos variáveis totalizando $48.000. As informações podem ser apresentadas como: Produto de linha Equip Especial TOTAL Receita $100.000 $37.000 $137.000 (-)Custos Variáveis 48.000 28.000 76.000 Mg de Contribuição $52.000 $ 9.000 $ 61.000 (-)Custos Fixos 32.000 CUSTOS DiretosIndiretos RATEIO Produto Y Produto Z Estoque ESQUEMA BÁSICO DE ALOCAÇÃO MÉTODO ABSORÇÃO RESULTADO Vendas (-) CPV (=) Resultado Bruto (-) Desp. Administrativas (-) Desp. Vendas (=) Resultado Líquido DESPESAS Gestão Estratégica de Custos 30 Lucro $ 29.000 A utilização da abordagem por contribuição permite que a empresa, em circunstância específica, considere e responda os pedidos individuais de maneira apropriada. Em períodos em que a demanda é alta, a decisão quanto à produção e comercialização deverá recair sobre os produtos que trazem uma margem maior de contribuição; para os períodos de baixa demanda, a informação por contribuição permite que se saiba o limite máximo a que a firma pode reduzir o preço do produto a fim de conseguir qualquer contribuição para o negócio 17. No exemplo acima, se a demanda sobre o produto de linha for grande, a administração empresa deverá direcionar sua atenção para este produto, em detrimento a do pedido especial. A margem de contribuição sobre a receita, do produto de linha, é 52% ($52.000 / $100.000); enquanto, a do pedido especial é de 24,3% ($9.000 / $37.000). Significando, que cada unidade monetária vendida, 52% desse valor estará contribuindo tanto para pagar os custos fixos como para gerar lucro. Na opinião de alguns contadores, as informações oriundas da abordagem variável são superiores e deveriam ser utilizadas nos relatórios contábeis, ao invés da abordagem por absorção18. Entre os argumentos favoráveis à abordagem por contribuição encontram- se: Ø Os custos indiretos fixos estão relacionados com a capacidade de produção instalada e projetada ao invés do número de unidades efetivamente produzido em um respectivo período. Em outras palavras, os custos para criar a disponibilidade, isto é, os equipamentos, o seguro, os salários dos gerentes e supervisores etc., representam custos relacionados a estar pronto para produzir e, como conseqüência, seriam incorridos independentemente de a produção real ser o volume A ou B19. Ø Os custos dos ativos fixos, como as depreciações de prédios e equipamentos, são funções do tempo. Em outras palavras, estão relacionados com a passagem do tempo e não com a produção de uma unidade e, portanto, deveriam ser tratados como custos do período. Independente da produção realizada, os custos fixos seriam alocados à despesa do período. Os custos variáveis seriam atrelados aos produtos e seriam os únicos custos considerados para efeito de registrá-los como estoque 20. Ø Os lucros aumentam ou diminuem em função das vendas e a abordagem por contribuição apresenta claramente essa variação, já que existe uma proporcionalidade constante entre o valor das vendas e dos custos variáveis. As informações explícitas da relação entre as vendas e os custos variáveis facilitam a utilização da análise do ponto de equilíbrio21. 17 Atkin, B., editado por Pocock, M.A. e A.H.Taylor, Financial Planning and Control , Pricing Policy, Gower, 1988, Second Edition, p. 70 18 DeCoster, D.T. e E.L. Schafer, ManagementAccounting: A Decision Emphasis , Wiley/Hamilton, 1976, 19 Garrison, R.H., Managerial Accounting: Concepts for Planning, Control, Decision Making , BPI, 1988, Fifth Edition, p.27 20 DeCoster, D.T. e E.L. Schafer, Management Accounting: A Decision Emphasis , Wiley/Hamilton, 1976, 21 DeCoster, D.T. e E.L. Schafer, Management Accounting: A Decision Emphasis , Wiley/Hamilton, 1976, Gestão Estratégica de Custos 31 Não obstante o aparente pragmatismo em se empregar o método por contribuição, há restrições e perigos em sua utilização22: Ø Para sobreviver a longo prazo a empresa tem que conseguir uma receita que cubra os custos variáveis, os custos fixos e um lucro que satisfaça os investidores. Portanto, esse método não deve ser aplicado sem verificar essas restrições. Ø O emprego de custos variáveis para a decisão de preço de pedidos marginais pode trazer problemas com consumidores tradicionais e/ou com esse mesmo cliente no futuro. Os consumidores tradicionais podem se sentir ludibriados por estarem pagando mais caro pelo mesmo produto. Por outro lado, o cliente que adquiriu o produto mais barato poderá querer o mesmo tratamento no futuro. Como conseqüência, a firma poderá não cobrir seus custos fixos e/ou obter o lucro requerido pelos investidores. Ø Há sempre o risco de, ao empregar preço menor para pedidos marginais, provocar retaliação de competidores, resultando em uma margem de lucro baixa por produto. Pior, os consumidores podem se acostumar com o preço baixo do produto e não o adquirir, no futuro, a preço superior, afetando o retorno desejado pelos investidores, Ø Nem sempre é fácil associar custos incrementais a produtos relacionados aos pedidos especiais. Nem sempre os custos variáveis são os custos marginais ou incrementais; podem existir, também, custos fixos, assim como, em algumas situações pode ser difícil atribuir custos variáveis ao produto. Ø Podem haver restrições legais por praticar preços diferentes em relação ao mesmo produto. Apesar das restrições e perigos, apresentadas acima, quando se emprega o método por contribuição para apreçar produto, este fornece informações mais detalhadas que a abordagem por absorção, pois os padrões de comportamento de custos variáveis e fixos são delineados explicitamente. O método de abordagem por contribuição é sensível às relações de custo-volume-lucro, sendo, portanto, uma base mais fácil e melhor para o estabelecimento de fórmulas de fixação de preço. 22 Atkin, B., editado por Pocock, M.A. e A.H. Taylor, Financial Planning and Control , Pricing Policy, Gower, 1988, Second Edition, p.70 e Boone, L.E. e D.L. Kurtz, Contemporary Marketing , Dryden, 1989, Sixth Edition, p. 360 Gestão Estratégica de Custos 32 Análise Custo-Volume-Lucro Definição dos custos variáveis e custos fixos e calcular os efeitos das variações de volume sobre cada um destes custos. Uma das análises mais relevante em negócio é a de custo-volume-lucro. Conhecendo-se o comportamento dos custos do produto, essa análise permite estudar o efeito no lucro se ocorrer variação no volume de vendas ?, ou qual o volume de vendas será necessário para que o lucro do negócio seja $X ?, ou que preço deve ter o produto, dado que o volume de operação será de Y unidades e o lucro desejado deverá ser de $Z ?. As relações entre receita, despesas e lucro são estudadas a fim de responderem perguntas similares as apresentadas. Para utilizar essa análise é importante que os custos da empresa sejam divididos em fixos e variáveis. Os custos fixos e variáveis são definidos em termos da variação de um custo total em relação às variações de quantidade de uma atividade escolhida. Ao descrever a diferença entre esses dois tipos de custos encontra-se os seguintes pontos relevantes: 1. qualquer negócio pode classificar seus custos em fixos e variáveis, o importante é conhecer o intervalo operacional (também conhecido como intervalo de confiança) no qual os valores estabelecidos para os custos fixos e variáveis são constantes; por exemplo, entre 300 a 600 unidades o somatório dos custos fixos é de $1.000 e o somatório dos custos variáveis por unidade é de $5,00; 2. os custos fixos por unidade são variáveis e os custos variáveis por unidade são fixos; contudo, quando estamos descrevendo para um nível de operação, como os custos para 400, 450 e 500 unidades. O somatório dos custos fixos é $1.000, não variando. Enquanto o somatório dos custos variáveis para 400 unidades é de $2.000, para 450 é de $2.250 e para 500 é de $2.500. Sendo diferentes para cada um desses níveis; e, CUSTOS FixosVariáveis Produto Y Produto Z Estoque ESQUEMA BÁSICO DE ALOCAÇÃO CUSTEIO VARIÁVEL DESPESAS Fixa Variável RESULTADO Vendas (-) Custo Variável (-) Desp. Var. Venda (=) Margem Contribuição (-) C. Fixo Produção (-) Desp. Administrativas (-) Desp. Fixas Vendas (=) Resultado Líquido Gestão Estratégica de Custos 33 3. o custo unitário médio compreende o custo total (somatório dos custos fixos e dos custos variáveis) para o nível de operação dividido por esse nível de operação. Assim sendo, o custo unitário médio para o nível de operação em: - 400 unidades será $7,50 ([$1.000 + $2.000] / 400), - 450 unidades será $7,22 ([$1.000 + $2.250] / 450), - 500 unidades será $7,00 ([$1.000 + $2.500] / 500). A parcela relativa aos custos variáveis por unidade será constante ($5,00 por unidade), mas a dos custos fixos por unidade irá variar (para 400 unidades é de $2,50 por unidade, para 450 é de $2,22 e para 500 é de $2,00). Razão por que temos de ser cuidadosos quando utilizamos a informação do custo unitário médio em tomadas de decisão. Calculo do volume da atividade tanto em valores quanto em unidades, para atingir o ponto de equilíbrio. A análise do custo-volume-lucro baseia-se na fórmula: Receita = Custos Totais + Lucro O ponto de equilíbrio expressa o volume a ser comercializado a fim de que o Lucro seja 0 (zero), isso é, que os custos sejam iguais a receita. Por exemplo, o Hotel Savoy possui 200 quartos e opera 365 dias ao ano. Se operar a 100% de capacidade durante todo o ano terá 73.000 diárias (200 diárias por dia x 365 dias ao ano). A diária do hotel é de $55. O custo variável por diária é de $5 e os custos fixos no ano totalizam $1.000.000,00. Pergunta-se: quantas diárias terão de ser obtidas no ano para se ter o ponto de equilíbrio ? O objetivo é obter uma receita em que subtraindo dos custos encontre um lucro igual a zero. Os custos por sua vez, são divididos em variáveis e fixos; e, em cada diária que se obtém incorre-se num custo variável de $5. Assim sendo, os custos variáveis durante um ano podem ser expressos de uma forma geral como: Custos Variáveis = custos variáveis por diária x número de diárias no ano isto é, como o objetivo é saber o número de diárias no ano que fornecerá o ponto de equilíbrio, esta será definida como Q e a fórmula acima toma a forma: Custos Variáveis = $5 x Q A receita anual com diárias pode ser definida como: Receita = preço por diária x número de diárias no ano Considerando que o valor da diária é de $55, pode-se, portanto, expressar que a receita no ponto de equilíbrio será: Receita = $55 x Q Como, os custos fixos anuais totalizam $1.000.000,00, pode-se estruturar essas informações da seguinte forma: Receita 55 x Q Menos: Custos Variáveis 5 x Q Igual: Margem de Contribuição 50 x Q Gestão Estratégica de Custos 34 Menos: Custos Fixos 1.000.000 Igual: Lucro 0 A equação acima, diz que Margem de Contribuição menos Custos Fixos é igual ao Lucro, assim sendo: 50 x Q – 1.000.000
Compartilhar