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Fato típico o que é e quais são os seus elementos Dr

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15/03/2016 Fato típico: o que é e quais são os seus elementos? ~ Dr. Civilize­se!
http://www.civilize­se.com/2013/06/o­que­e­o­fato­tipico­e­quais­sao­seus­elementos.html#.VuhCd_krLIU 1/18
Fato Típico é o comportamento humano que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo
previsto na lei penal. A primeira característica do crime é ser um fato típico, descrito, como tal, numa lei penal.
Um  acontecimento  da  vida  que  corresponde  exatamente  a  um  modelo  de  fato  contido  numa  norma  penal
incriminadora, a um tipo.
Para que o operador do Direito possa chegar à conclusão de que determinado acontecimento  da  vida  é  um 
fato    típico,    deve    debruçar­se    sobre    ele    e,    analisando­o,  decompô­lo  em  suas  faces mais  simples,  para
verificar, com certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe relação de adequação exata, fiel, perfeita, completa,
total e absoluta. Essa relação é a tipicidade.
Para que determinado fato da vida seja considerado  típico, é preciso que todos os seus componentes, todos os
seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos.
Os  componentes  de  um  fato  típico  são  a  conduta humana,  a  consequência dessa conduta se ela a produzir
(o resultado), a relação de causa e efeito entre aquela e esta (nexo causal) e, por fim, a tipicidade.
 
CONDUTA
Considera­se conduta a ação ou omissão humana consciente e voluntária dirigida a uma finalidade.
Teorias da Conduta
Teoria Causalista, Clássica ou Naturalística  
A teoria causalista ou naturalista da ação, de BELING e VONLISZT, incorpora ao conceito de conduta as leis da
natureza; daí o seu nome. Os adeptos da teoria causalista ou  naturalista entendem que a conduta é um puro fator
15/03/2016 Fato típico: o que é e quais são os seus elementos? ~ Dr. Civilize­se!
http://www.civilize­se.com/2013/06/o­que­e­o­fato­tipico­e­quais­sao­seus­elementos.html#.VuhCd_krLIU 2/18
de causalidade.
Segundo eles, a vontade é a causa da conduta e esta é a causa do resultado. Em outras palavras: a conduta é efeito
da vontade e causa do resultado. A vontade causa a conduta, que dá causa ao resultado.
Para  o  causalismo,  a  conduta  é um comportamento humano  voluntário que  se  exterioriza    e    consiste    num 
movimento  ou  na  abstenção  de  um  movimento  corporal.
Essa    teoria    considera    imprescindível    que    a    conduta    típica    seja    um    comportamento  voluntário, 
impulsionado  pela  vontade  do  homem,  que se  concretiza,   torna­se  real, material, por meio de uma ação
positiva ou negativa.
Existe  conduta  na  atitude  de  Cláudio  que  se  levanta da  cama  e  vai  até  o banheiro, para escovar os dentes,
tropeça  e  derruba  seu  filho  que,  na  queda,  fratura  o  braço. O movimento  voluntário  das  pernas  de  Cláudio
dentro de  seu quarto – o andar,  tropeçando – causou a  fratura do braço de  seu  filho. A vontade de Cláudio
impulsionou seu comportamento, que deu causa ao resultado.
Igualmente, é conduta o  comportamento  de  Jorge,  impulsionado  por  sua vontade, que consiste em atirar, com
a mão, uma pedra em direção ao corpo de Mário, ferindo­o.
Os  causalistas,  ao  examinarem  a  conduta  de  uma  pessoa,  não  realizam  qualquer  valoração    acerca    do    fim 
pretendido  pelo  agente.  Para  eles,  basta  analisar  a voluntariedade do comportamento – se o agente queria
movimentar­se ou abster­se de um  movimento  –  e  se  há  nexo  de  causa  e  efeito  entre o  comportamento  e  a
conseqüência dele advinda.
Não se importam – quando examinam a conduta – com o conteúdo da vontade do  agente.  Não  perguntam  se 
Cláudio,  ao  derrubar  seu  filho,  desejava ou  não  feri­lo, nem se Jorge, ao atirar a pedra, queria ou não atingir
e ferir o corpo de Mário.
Para    a    teoria    causal,    essas    são   questões   que   não    se  resolvem   no   âmbito   da conduta, do  fato  típico,
momento  em que basta  verificar­se  a  voluntariedade do  agente  e  o nexo de  causalidade  entre  a  conduta  e  o
resultado.
A  finalidade,  o  conteúdo  da  vontade,  diz  o  causalismo,  não  são  temas  para serem abordados no momento
da análise da tipicidade do fato. Devem ser estudados quando se for verificar a culpabilidade, que é a terceira
característica do crime.
Teoria Finalista
Contra  o  causalismo  levantaram­se  críticas  importantes,  falhas  cruciais. Imaginem­se três fatos da vida:
1.  Fato A: João, voluntariamente, dispara um tiro de revólver contra Márcio, causando­lhe um ferimento na
perna direita.
2. Fato B: Pedro, voluntariamente, dispara um tiro de revólver contra Paulo, causando­lhe um ferimento na
perna direita.
3. Fato    C:    Antônio,    voluntariamente,    dispara    um    tiro    de    revólver    contra  Sérgio,  causando­lhe  um
ferimento na perna direita.
Nos três fatos, as três condutas consistem em três ações voluntárias de pressionar a  tecla  do  gatilho  da  arma 
de  fogo,  disparando­a  em direção  a  outra  pessoa.  As conseqüências  das  três  condutas,  os  resultados,  são
15/03/2016 Fato típico: o que é e quais são os seus elementos? ~ Dr. Civilize­se!
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absolutamente  idênticos  nos  três fatos: lesão do corpo do sujeito passivo.
Em qual tipo legal de crime se ajusta cada um dos três fatos? Seriam três “lesões corporais”,   dolosas,   como 
definidas  no  art.  129  do  Código  Penal?  Ou  seriam  três “lesões corporais”, culposas, de que trata o § 6ºdo
mesmo art. 129? Ou poderiam os três fatos caracterizar­se como três tentativas de homicídio?
O  adepto  da  teoria  causalista  não  pode,  neste  momento,  responder  a  essas indagações, porque, segundo
ele, não importa, no âmbito do fato típico, o conteúdo da vontade  do  agente.  De  conseqüência,  só  poderá 
responder  quando  for  analisar  a culpabilidade.
É indiscutível que ele precisa verificar o que se continha na vontade de cada um dos agentes, para definir em qual
tipo legal de crime sua conduta se ajusta. Sem essa análise, é impossível afirmar se como e quando um fato da
vida é típico.
Para se dizer que no fato  A houve tentativa de homicídio, é necessário que se analise o conteúdo da vontade de
João e se conclua que ele desejava matar Márcio, não conseguindo porque, errando, só atingiu a perna, região
não letal.
No    segundo    fato,    B,    para    se    afirmar    que    houve    uma    lesão    corporal    dolosa,    é  indispensável    que, 
analisando­se  o  conteúdo  da  vontade  de  Pedro,  se  conclua  pela certeza de que este queria apenas e tão­
somente ferir Paulo.
E  no  terceiro  fato,  C,  terá  havido  lesão  corporal  culposa,  quando  se  chegar  à conclusão  de  que  Antônio, 
ao  disparar  voluntariamente  sua  arma,  não  desejava  nem matar, nem ferir Sérgio, mas, apenas, brincar com
seu revólver.
A distinção entre uma lesão corporal intencional, uma lesão corporal causada por negligência e uma tentativa de
homicídio em que a vítima sai ferida está no conteúdo da vontade dos três agentes, na finalidade da vontade do
agente dos três fatos, posto que o resultado é idêntico nas três hipóteses.
HANS WELZEL,  estudando  a  conduta  nas  primeiras  décadas  do  século  passado, verificou que o elemento
diversificador dos fatos típicos não está em seu resultado, mas na  ação.  A  ação  do  homem  que  mata  outro 
com  vontade de  matar  é  punida  mais rigorosamente que a conduta do homem que mata outro sem vontade de
matar, apesar de o resultado ser o mesmo nas duas situações (morte de um homem), porque o Direito deseja
censurar mais severamente aquele que  teve vontade de causar o mal a outrem. Ao Direito  importa distinguir
entre o que quis um resultado e o que não o quis,mas, por descuido, o causou.
Com  base  nessas  observações,  WELZEL estruturou  a  Teoria  Finalista  da  Ação  ou Teoria da Ação Final, que
diz ser toda ação uma atividade humana final, ou o exercício da atividade finalista.
Todo  e  qualquer  comportamento  humano  é  um  acontecimento  finalista  e  não puramente causal, pois o
homem, enquanto ser consciente das leis naturais, de causa e  efeito,  pode  prever  as  conseqüências  de  seu 
comportamento  e  tem  condições  de dirigir sua atividade no sentido da produção de um  ou de outro resultado.
E, sempre que age, ele o faz com determinada finalidade.
Toda vontade tem um conteúdo, que é o fim. A teoria causal, quando prescinde da análise   do   conteúdo   da 
vontade,  está  fraturando  o  conceito  de  ação,  que  é  um fenômeno uno. A vontade que impulsiona a conduta
tem um conteúdo que não pode ser separado dela.
A diferença, portanto, entre as duas teorias é que, para os causalistas, a ação é um puro  processo  causal,  ao 
passo  que  o  finalismo  demonstrou  que  a  conduta  é  um processo causal dirigido a determinada finalidade.
Não  importa,  neste  primeiro  momento,  qual  seja  a  finalidade,  mas  que  ela  exista  sempre.    Em    algumas 
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situações,  essa  finalidade  é  dirigida  à  produção  de  um  dano  a algum bem jurídico, noutras o fim pode ser a
obtenção de um resultado permitido ou não proibido. Mas, sempre, haverá uma finalidade, sempre a vontade
humana terá um conteúdo, não importa com qual natureza.
Segundo WELZEL, a direção final da ação realiza­se em duas fases: internamente, na  esfera  do  pensamento, 
quando  o  homem  se  propõe  realizar  alguma  coisa  e, externamente, quando concretiza, materializa esta sua
vontade, por meio da colocação em  marcha  de  um  processo  causal,  dominado  pela  finalidade,  para  alcançar 
o  fim proposto.
Na proposição da realização da conduta, estão incluídas a escolha do fim, a seleção dos meios e a aceitação dos
efeitos secundários da realização da ação.
Isso quer dizer que a finalidade da ação engloba não somente o fim escolhido, mas também os meios utilizados e
os efeitos desta utilização.
Por  exemplo,  quando  alguém  decide  viajar  de  Brasília  para  Salvador,  por  via terrestre, conduzindo seu
veículo, durante um final de semana,  integram a direção  final da conduta:  (a) chegar a Salvador, um objetivo
lícito;  (b)  viajar  por  rodovia,  dirigindo o  veículo  (meios);  (c)  a  possibilidade de  atropelar  um animal  ou uma
pessoa na pista ou colidir  com outro veículo, enfim,  toda e qualquer conseqüência secundária, decorrente da
colocação do processo causal dirigido à finalidade estabelecida inicialmente.
A  conclusão  indiscutível  é  de  que  somente  analisando  o  conteúdo  da  vontade  é  que  se    pode    afirmar    a 
realização  de  um  tipo  legal  de  crime,  já  que  a  finalidade  é  parte integrante da conduta, dela inseparável.
Essa é a essência do finalismo.
Teoria Social da Ação
Alguns  importantes  estudiosos  do  Direito  Penal,  como  JESCHEK e  WESSELS, entenderam  que  o  finalismo 
de  WELZEL seria  insuficiente  para  conceituar  a  conduta, porque  esquecia  uma  característica  essencial  de 
todo  comportamento humano,  que  é seu lado social.
Nem o causalismo, nem o finalismo, segundo eles, conseguem explicar a ação, pelo que acresceram ao conceito
de conduta a  idéia   de relevância social; assim, ação é um   comportamento   humano   socialmente   relevante, 
questionado  pelos  requisitos  do Direito e não pelas leis naturais.
Segundo  essa  teoria,  para  se  verificar  a  tipicidade de  uma  conduta  é indispensável  conhecer  não  apenas 
seus  aspectos  causais  e  finalísticos,  mas  também sua nota social. Seria relevante do ponto de vista  social a
conduta que fosse capaz de afetar o relacionamento do indivíduo com o meio social. Para  essa  teoria,  para  que 
o  agente  pratique uma  infração  penal  é  necessário  que,  além  de realizar todos os elementos previstos no tipo
penal, tenha  também  a  intenção  de  produzir  um resultado socialmente relevante .
Teoria Adotada no Brasil 
A teoria adotada pelo código penal é a FINALISTA. A teoria  finalista  é  a  que  melhor  atende  aos  interesses  do 
Direito  Penal,  até porque é a teoria que consegue explicar a conduta com base no próprio direito positivo. Em
síntese,   a   conduta   é   o   comportamento   voluntário   do   homem  dirigido   a   um   fim, proibido ou não. Só
constituem condutas os  comportamentos  corporais  voluntários  externos dos humanos,  consistentes  em  fazer
alguma coisa ou em deixar de fazer alguma coisa.
15/03/2016 Fato típico: o que é e quais são os seus elementos? ~ Dr. Civilize­se!
http://www.civilize­se.com/2013/06/o­que­e­o­fato­tipico­e­quais­sao­seus­elementos.html#.VuhCd_krLIU 5/18
Elementos da Conduta
São quatro:
a) vontade;
A conduta, ademais,   deve  refletir   um  ato voluntário ,    isto   é,   algo  que  seja   o   produto  de  sua vontade
consciente. Nos chamados “ atos reflexos ”    (como   o    reflexo    rotuliano)   e   na coação    física  irresistível  (vis
 absoluta),  ocorrem  atos  involuntários  e,  por  isso  mesmo,  penalmente  irrelevantes. Quando  se  trata  de
 “atos  instintivos”,  o  agente  responde  pelo  crime,  pois  são  atos  conscientes  e voluntários — neles há sempre
um querer, ainda que primitivo.
b) finalidade;
Pressupõe um agir destinado a um fim, seja ele de ordem lícita ou ilícita.
c) exteriorização (inexiste enquanto enclausurada na mente);
Só  haverá  conduta  se  ocorrer  a exteriorização  do  pensamento ,   mediante  um  movimento corpóreo  ou
 abstenção  indevida  de  um  movimento. Afinal,  cogitationis  poenam  nemo  patitur,  vale dizer, o Direito Penal
não pune o pensamento, por mais imoral, pecaminoso ou “criminoso” que seja.
Significa  que,  enquanto  a  ideia  delituosa  não  ultrapassar  a  esfera  do  pensamento,  por  pior  que seja,  não
 se  poderá  censurar  criminalmente  o  ato.  Se  uma  pessoa,  em  momento  de  ira,  deseja conscientemente
matar  seu  desafeto,  mas  nada  faz  nesse  sentido,  acalmando­se  após,  para  o  direito  penal  a  ideação  será
considerada  irrelevante. Pode­se  falar,  obviamente,  em  reprovar o  ato do ponto de  vista moral  ou  religioso,
nunca porém à luz do Direito Penal.
d) consciência
Só entram no campo da ilicitude penal os atos conscientes . Se alguém pratica uma conduta sem ter consciência
do que  faz, o ato é penalmente  irrelevante  (ex.:  fato praticado em estado de  sonambulismo ou  sob efeito de
hipnose).
Exclusão da Conduta
Só existe conduta quando houver vontade do agente. A experiência da vida mostra algumas situações em que o
homem,  sem  vontade, movimenta­se  ou  abstém­se  de movimento,  dando  causa,  com uma  dessas  atitudes,  a
alguma  lesão  a  um  bem  jurídico  penalmente  protegido.  São  hipóteses  em  que  se  pode  até  ter  movimento
humano, mas não se tem fato típico. São elas:
Caso Fortuito ou Força Maior
São acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que fogem da vontade do ser humano. Se não há vontade, não há
dolo  nem  culpa.  Pode  ocorrer  por  fato  de  terceiros,  como  greve  de  ônibus,  ou  por  fato  da  natureza,  como
15/03/2016 Fato típico: o que é e quais são os seus elementos? ~ Dr. Civilize­se!
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inundação.
Coação Física Irresistível
Em  algumas  situações,  incide  sobre  alguém  uma  força    física    externa    irresistível,a    qual,    atuando 
materialmente   sobre   ele,   não   pode   ser repelida, de modo a não  lhe deixar qualquer opção de movimento
corporal. Trata­se de uma força absoluta, a que não se pode resistir.
Nesses  casos,  o  homem  deixa  de  movimentar­se,  deixa de  realizar  um comportamento positivo, de fazer
alguma coisa, sem vontade alguma de abster­se, mas em  virtude  da  irresistibilidade  da  força  externa  que 
sobre  ele  atua.  Essa  força  é  tão forte, que elimina, totalmente, a possibilidade de  o homem ter vontade. Nem
vontade de omitir­se.
A  força  deve  ser  física  e  absoluta,  deve  atuar  materialmente,  concretamente, sobre o corpo do homem e não
apenas sobre sua mente, e deve ser de tal intensidade, que  seja  impossível  a  ele  contrapor­se,  de  modo  a, 
pelo  menos,  neutralizá­la  ou diminuí­la, tornando­a resistível.
Havendo  a  chamada  vis  absoluta,  não  há  vontade,  não  há  conduta  e,  de conseqüência, não há fato típico, e
por isso o fato não é crime.
A coação física irresistível ocorre, em síntese, quando  o  coagido  não  tem  liberdade  para  agir  .  Não lhe resta
outra alternativa, a não ser praticar um ato em conformidade  com  a  vontade  do  autor  .  Exclui  a conduta e o
fato  típico  . Na coação moral irresistível (vis compulsiva),  o  coagido  pode  escolher  o caminho a ser seguido :
obedecer ou não a ordem do coautor  . Como a sua vontade existe, embora de  forma viciada,   a   exclui­se   a 
culpabilidade,  em  face  da inexigibilidade de conduta diversa.
Movimentos Reflexos
Movimento reflexo é  uma reação  motora  em conseqüência da excitação dos sentidos . O movimento corpóreo 
não    se   deve    ao    elemento    volitivo,   mas    ao  fisiológico  . Em movimentos do  corpo ditados pelos  reflexos
naturais, também não se pode falar na existência de vontade.
Imaginem a situação: João, vendo Joana sentada ao lado da parede da sala de aula, e estando por ela apaixonado,
resolve abordá­la, dirigindo­se a sua frente, onde pretende  declarar  seu  amor.  Ao  se  aproximar  da  amada, 
encosta  seu  braço  à  parede que, por um defeito da fiação elétrica interna, emite um choque elétrico que atinge,
com grande  intensidade,  o  corpo  de  João.  Este,  num  movimento  reflexo,  impensado, indesejado,  move 
bruscamente  o  braço,  atingindo  o  rosto  de  Joana,  bem  no  olho direito, causando­lhe equimoses.
Esse  fato  revela  um  movimento  corporal  de  João  que, todavia,  não  constitui conduta, posto que não houve,
da parte dele, qualquer vontade de movimentar o braço.
O que houve foi um movimento corporal instintivo, impensado, indesejado, mas determinado  pela  dor  sofrida 
e  que  gerou  um  comando cerebral  dirigido  a  João  no sentido  de  que  ele  movesse  seu  braço,  livrando­o  do
choque  elétrico.  Não  houve vontade e, por isso, não houve conduta. Sem conduta, não há fato típico, não há
crime.
Estado de Inconsciência
É  o  caso  do  sonambulismo  ou  da  hipnose  onde  também  não  há  conduta,  por    falta    de    vontade    nos 
comportamentos  praticados em completo estado de inconsciência .
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No movimento  reflexo,  não  há  nem  consciência  acerca  do fato  e,  de  conseqüência,  não pode haver vontade.
Nos  chamados  estados  de  inconsciência,  não  existe,  simplesmente,  a  consciência.  O  agente    encontra­se
absolutamente privado da possibilidade de saber qualquer coisa. É como se ele estivesse cego, surdo, mudo e em
sono profundo. Logo, não pode querer.
Durante  o  sono,  no  sonambulismo,  na  embriaguez  letárgica,  não  se  pode afirmar que o agente tenha agido,
porque, em qualquer dessas hipóteses, não se pode concluir pela existência de mínima vontade.
Nos casos em que o agente se tenha colocado, voluntariamente, num estado de inconsciência, para realizar o fato
típico, chamados  actiones liberae in causa, o direito vai considerar relevante a atitude anterior, realizada com
consciência.
Ausente, pois, a consciência, ausente a vontade e,  de conseqüência, a conduta, ainda que dessa situação decorra
qualquer lesão a qualquer bem jurídico. Não havendo conduta, não há fato típico, e sem este não há o crime.
Espécies de Conduta
São duas: ação e omissão .
Ação é a conduta positiva, que se manifesta por um movimento corpóreo. A maioria dos tipos penais descreve
condutas positivas (“matar”, “subtrair”, “constranger”, “falsificar”, “apropriar­se” etc.).  A  norma penal nesses
crimes ,  chamados comissivos, é  proibitiva (ex.: “não matarás”, “não furtarás” etc.).
Omissão  é  a    conduta    negativa,    que    consiste    na    indevida    abstenção    de    um   movimento.   Nos  crimes 
omissivos, a norma penal é mandamental ou imperativa: em vez de proibir alguma conduta,determina uma ação,
punindo aquele que se omite.
Omissão penalmente relevante
Teorias da omissão
Há duas teorias acerca da natureza jurídica da omissão: naturalística ou causal e normativa ou jurídica.
A  primeira sustenta  que se  deverá  imputar  um  resultado  a  um  omitente  sempre  que  sua inação lhe der
causa. Esse nexo de causalidade entre a omissão e o resultado verificar­se­ia quando o sujeito pudesse agir para
evitá­lo, deixando de fazê­lo. Se um indivíduo, por exemplo, caminha por uma  calçada  e  visualiza,  a  poucos 
metros,  uma  idosa distraída  prestes  a  atravessar  a  rua  e  ser atropelada, nada fazendo para alertá­la ou salvá­
la do perigo (embora nada o impeça), e, com isso, deixa de evitar sua morte, responde por homicídio.
A    segunda  teoria  parte  da  premissa  de  que  a  omissão  é  um nada  e  do nada,  nada  vem  (ex    nihilo,  nihil). A
omissão,  portanto,  não  produz  nenhuma  relação    de  causalidade.  A    possibilidade  de  atribuir  (imputar)  ao
omitente o resultado dá­se não por haver nexo real entre a omissão e o  resultado (até porque  esse  nexo  é 
inexistente),  mas  como decorrência  de  uma  obrigação  jurídica  anterior  à omissão ,  que  impõe  ao  sujeito 
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que,   podendo,   aja   no   sentido   de   evitar   a   produção   do   resultado.   O nexo entre omissão e resultado é,
portanto,  jurídico  ou  normativo  (leia­se:  deriva  da  existência  de  um  dever  jurídico  de  agir  para  evitar  o
resultado).  Nesse  sentido,  dispõe  nosso  CP  no  art.  13,  §  2º  (“A  omissão  é  penalmente  relevante  quando  o
omitente devia e podia agir para evitar o resultado (...)”).
Espécies de crimes omissivos
Há duas   espécies de   crimes   omissivos: próprios    (ou   puros) e impróprios,    impuros   ou comissivos por
omissão .
Os primeiros são aqueles em que o próprio tipo penal descreve uma conduta omissiva (ex.: arts. 135, 244 e 269
do CP). Em outras palavras: o verbo nuclear contém um não fazer (non facere).
Tais  crimes  são  crimes  de  mera  conduta ,  ou  seja,  o  tipo  penal  nem  sequer  faz  referência  à ocorrência  de 
um  resultado  naturalístico.  Basta  que  o  sujeito  se  tenha  omitido  indevidamente, independentemente da
ocorrência de qualquer modificação no mundo exterior.
Nesses  casos,  portanto,  não  se  coloca  a  discussão  estudada  no  item  anterior,  a  respeito  dos requisitos para
imputação de um resultado a uma omissão. Repita­se que, nos omissivos puros, basta a inação, à qual não se
vincula necessariamente algum resultado material.
Nos crimes comissivos por omissão , o tipo penal incriminador descreve uma conduta positiva, édizer, uma ação.
O  sujeito,  no  entanto,  responde pelo  crime porque  estava  juridicamente  obrigado  a  impedir  a  ocorrência  do
resultado e, mesmo podendo fazê­lo, omitiu­se.
Para que alguém responda por um crime comissivo por omissão, é necessário que, nos termos do art. 13, § 2º ,
do CP, tenha o dever jurídico de evitar o resultado.
As hipóteses em que há o citado dever jurídico são as seguintes:
Dever  legal  ou  imposição  legal:  quando  o  agente  tiver,  por  lei,  obrigação  de  proteção, cuidado e
vigilância (ex.: mãe com relação aos filhos; diretor do presídio no tocante aos presos).
Dever    de    garantidor    ou    “garante”:    quando    o    agente,    de    qualquer    forma,    assumiu    a
responsabilidade    de    impedir    o    resultado    (não    apenas    contratualmente).    É    o    caso    do    médico
plantonista; do guia de alpinistas; do salva­vidas, com relação aos banhistas; da babá, para com acriança.
Ingerência    na    norma:   quando   o    agente    criou,    com    seu    comportamento    anterior,    o    risco   da
ocorrência do resultado (ex.: o nadador exímio que convida para a travessia de um rio pessoa que não sabe
nadar torna­se obrigado a evitar seu afogamento; a pessoa que joga um cigarro aceso em matagal obriga­se a
evitar eventual incêndio).
Pode ainda ser a conduta dolosa ou culposa.
Estabeleceu­se que os fatos definidos como crime serão dolosos ou culposos. Os primeiros constituem a regra e
serão punidos mais rigorosamente, porque constituem comportamentos merecedores de maior resposta penal.
Logo, somente haverá conduta típica dolosa ou conduta típica culposa. Por isso, é necessário entender tanto o
conceito de  dolo quanto o de  culpa,  em sentido estrito, que qualificam as condutas, respectivamente, de dolosas
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e de culposas.
Conduta Dolosa
Consiste na vontade de concretizar os elementos objetivos e normativos do tipo. Trata­se de elemento subjetivo
implícito da conduta, presente no fato típico de crime doloso.
Conduta Culposa
Os  doutrinadores  ensinam  que  não  existe  um  conceito perfeito  de  culpa,  em sentido estrito, mas que, com
base no enunciado no  art. 18, II, do Código Penal (diz­se o  crime  culposo  quando  o  agente  deu  causa  ao 
resultado,  por  imprudência, negligência  ou  imperícia),  se  poderia  dizer  que  culposa  é  a  conduta  voluntária 
que produz  resultado  ilícito,  não  desejado,  mas  previsível,  e  excepcionalmente  previsto, que podia, com a
devida atenção, ser evitado.
A culpa, em sentido estrito, ou negligência, expressão mais técnica e precisa e que evita confusões desnecessárias,
é a falta de cuidado do agente, numa situação em que ele poderia prever a causação de um resultado danoso, que
ele não deseja, nem aceita, e às vezes nem prevê, mas que, com seu comportamento, produz e que poderia ter
sido evitado.
Desse conceito  extraem­se  os  elementos  que  integram a  culpa,  em  sentido estrito:  (a)  conduta  voluntária; 
(b)  inobservância  do  dever  de  cuidado  objetivo;  (c) resultado lesivo indesejado; (d) previsibilidade objetiva;
(e) tipicidade.
RESULTADO
A expressão resultado tem natureza equívoca, já que possui dois significados distintos em matéria penal. Pode se
falar, assim, em resultado material ou naturalístico e em resultado jurídico ou normativo.
O resultado naturalístico ou material consiste na modificação no mundo exterior provocada pela conduta.
Trata­se de um evento que só se faz necessário em crimes materiais, ou seja, naqueles cujo tipo  penal  descreva 
a  conduta  e  a  modificação  no  mundo  externo,  exigindo  ambas  para  efeito  de consumação.
O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma
penal. Todas as infrações devem conter, expressa ou implicitamente, algum resultado, pois não  há  delito  sem 
que  ocorra  lesão  ou  perigo  (concreto  ou  abstrato)  a  algum  bem  penalmente protegido.
A  doutrina  moderna  dá  preferência  ao  exame  do  resultado  jurídico .  Este  constitui elemento implícito de
todo fato penalmente típico , pois se encontra ínsito na noção de tipicidade material.
O resultado naturalístico, porém, não pode ser menosprezado, uma vez que se cuida de elementar presente  em 
determinados  tipos  penais,  de  tal  modo  que  desprezar  sua  análise  seria  malferir  o princípio da legalidade.
Classificação dos Crimes Quanto ao Resultado Naturalístico
Materiais ou de resultado: o tipo penal descreve a conduta e um resultado material, exigindo­o para fins
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de consumação. Exemplos: homicídio (CP, art. 121), furto (CP, art. 155), roubo (CP, art.157), estelionato (CP,
art. 171). Portanto, o tipo penal é composto por conduta e resultado.
Formais  ou  de  consumação  antecipada:  o  tipo  penal  descreve  a  conduta  e  o  resultado material,
porém não o exige para fins de consumação. Exemplos: extorsão (CP, art. 158), extorsão mediante sequestro
(CP, art. 159), sequestro qualificado pelo fim libidinoso (CP, art. 148, § 1º , V).
De   mera    conduta    ou    simples    atividade:   o   tipo   penal   não   faz   nenhuma  alusão  a   resultado
naturalístico,  limitando­se  a  descrever  a  conduta  punível  independentemente  de  qualquer modificação 
no  mundo  exterior.  Exemplos:  omissão  de socorro  (CP,  art.  135),  violação  de domicílio (CP, art. 150).
Alguns  autores  afirmam  que  nos crimes  formais  o tipo  penal é  incongruente ,  porquanto descreve conduta e
resultado, mas se contenta com aquela para que ocorra a consumação, vale dizer, exige menos do que aquilo que
está escrito na norma penal.
Classificação dos Crimes Quanto ao Resultado Jurídico
De dano ou de  lesão: quando a consumação exige efetiva  lesão ao bem tutelado. Exemplos: homicídio
(CP, art. 121), lesão corporal (CP, art. 129), furto (CP, art. 155).
De  perigo  ou  de  ameaça:  caso  a  consumação  se  dê  apenas  com  a  exposição  do  bem  jurídico  a  uma 
situação  de  risco.  Exemplos:  perigo  de  contágio  venéreo  (CP,  art.  130),  perigo  à  vida  ou saúde de
outrem (CP, art. 132). Estes se subdividem em crimes de perigo concreto ou real (o risco figura como
elementar do tipo e, em face disto, exige efetiva demonstração) e de perigo abstrato ou presumido  (o
perigo  não  está  previsto  como  elementar,  porque  o  legislador  presume  que  a  conduta  descrita  é,  em  si,
perigosa, tornando desnecessária a demonstração concreta do risco).
NEXO CAUSAL, RELAÇÃO DE CAUSALIDADE OU NEXO DE
CAUSALIDADE
Entende­se por relação de causalidade o vínculo que une a causa, enquanto fator propulsor, a seu efeito, como
consequência derivada. Trata­se do liame que une a causa ao resultado que produziu. O nexo  de  causalidade 
interessa   particularmente   ao   estudo   do   Direito   Penal,   pois,    em    face   de   nosso Código Penal  (art.  13),
constitui requisito expresso do fato típico. Esse vínculo, porém, não se fará necessário em todos os crimes, mas
somente naqueles em que à conduta exigir­se a produção de um resultado, isto é, de uma modificação no mundo
exterior, ou seja, cuida­se de um exame que se fará necessário no âmbito dos crimes materiais ou de resultado.
As teorias sobre a relação de causalidade
Existem, no âmbito da Filosofia e da Ciência do Direito, várias teorias destinadas a esclarecer quais os critérios
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para se estabelecer a relação de causalidade. Dada a diversidade de pontos de vista, é possível distinguir dois
grandes grupos:
Teorias da condição  simples: trata­se  daquelas  que  não  fazem  qualquer  distinção  entre  os fatores
que antecederam o resultado.
Teorias  da  condição    qualificada    ou    individualizadoras:  abrange    aquelas    que    dão    aos
antecedentes diferente hierarquia ou grau de importância.
A teoria da  condição  simples ,  isto  é,  que não  estabelece  níveis  de  importância  entre  os antecedentes  do 
resultado  ,    é   mais    conhecida    comoteoria    da    conditio    sine    qua    non    ou    da equivalência  dos
antecedentes.
Boa partes dos autores atribuem­na a Von Buri e Stuart Mill, muito embora haja quem a considere concebida,
originariamente, por Juluis Glaser.
Para esta  teoria, todo o  fator  que exercer influência  em  determinado  resultado, ainda  que minimamente, será
considerado sua causa.
Sob o enfoque da conditio sine qua non, que foi adotada expressamente pelo nosso Código Penal (art. 13, caput,
parte final), haverá relação de causalidade entre  todo e qualquer  fator que anteceder o resultado e nele  tiver
alguma  interferência.  O  método  utilizado  para  se  aferir  o  nexo  de  causalidade  é  o  juízo  de  eliminação
hipotética, vale dizer, quando se pretender examinar a relação causal entre uma conduta e um resultado, basta
eliminá­la  hipoteticamente  e  verificar,  após,  se  o  resultado  teria  ou  não  ocorrido  exatamente  como  se  dera.
Assim, se, depois de retirado mentalmente determinado fator, notar­se que o resultado não se teria produzido
(ou  não  teria  ocorrido  exatamente  do  mesmo  modo),  poder­se­á  dizer  que  entre  a  conduta  (mentalmente
eliminada) e o resultado houve nexo causal. Por outro lado, se a conclusão for a de que, com ou sem a conduta
(hipoteticamente retirada), o resultado teria se produzido do mesmo modo como se deu, então , ficará afastada a
relação de causalidade.
Essa teoria já sofreu várias objeções, dentre as quais se podem apontar: a de confundir a parte com  o  todo  e  a 
de    gerar    soluções    aberrantes,    mediante    um    regresso    ao    infinito    ou    produzindo    um  ciclo  causal
interminável.
As  soluções    aberrantes    decorrentes da    teoria da conditio    sine   qua   non  referem­se    a    um  exagero    nos 
antecedentes  e  um  excesso  nos  consequentes .  Os casos em  que  há  exagero  nos antecedentes correspondem
ao chamado regressus ad infinitum  . São exemplos clássicos: a discussão da relação  de  causalidade  entre  a 
fabricação   da    arma   de    fogo    e   o   homicídio   praticado    com   o  instrumento bélico; o nexo causal  entre a
confecção  de  uma  cama  por  um marceneiro  e  o  estupro  nela  cometido;  a  relação  sexual  entre  os  pais  que
conceberam o criminoso e o delito por ele praticado.
Os  excessos  nos  consequentes  referem­se  aos  “cursos causais  extraordinários”.  São exemplos: a imputação
da morte decorrente do incêndio no hospital ao agente que atropelou a vítima culposamente,  fazendo  com  que 
ela  fosse  internada  no  nosocômio;  a  atribuição  da  morte  de  um paraplégico durante desabamento em um
estabelecimento fechado a quem deu causa à sua condição de deficiente  físico  em  anterior  acidente,  caso  se 
constate  que  o  falecido  teria  sobrevivido  se  não tivesse reduzida sua mobilidade.
Dentre as teorias da condição qualificada ou individualizadoras,  merece destaque a teoria da    causalidade 
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adequada. A maioria dos autores atribui sua  criação  a um  fisiólogo,  Von Kries.
Segundo  ela,  somente  se  reputa  causa  o  antecedente  adequado  à  produção  do  resultado.  Para  que  se  possa
considerar um resultado como causado por um homem, faz­se mister que este, além de realizar um antecedente
indispensável, desenvolva uma atividade adequada à concretização do evento.
Causa, portanto,  é  apenas  o  antecedente  adequado  à  produção  do  resultado,  segundo  uma regularidade 
estatística.   O   nexo   de    causalidade   não    se    afere   por   meio   da    simples    eliminação hipotética, mas por
intermédio de um  juízo de prognose póstuma objetiva. Em outras palavras,  para  se  verificar    a    relação    de 
causalidade    entre    conduta    e    resultado,    deve­se    analisar    se,    no   momento    da  conduta,  o  resultado  se
afigurava como provável ou  possível, segundo um prognóstico capaz de ser realizado por uma pessoa mediana,
baseado no quod plerumque accidit.
A  teoria em questão  também sofreu diversas objeções. Houve, em primeiro  lugar, quem julgasse supérfluo o
exame do que já aconteceu como se não tivesse, ainda, ocorrido. Forte crítica, contudo, foi a que apontou ser
impossível determinar, com a  precisão estatística que a teoria sugere existir, o grau de possibilidade para que
uma conduta produza determinado resultado. Existiram, por fim, aqueles que  a  taxaram  de  ser  responsável 
por  uma  ampliação  excessiva  das  causas  de  irresponsabilidade penal, gerando um excesso de absolvições.
Há, ainda, outras  teorias  individualizadoras,  todas  derivadas,  em  certa  medida,  da  teoria  da causalidade 
adequada.    São    elas:    a  teoria    da    condição    perigosa  (Grispigni),    a  da    causa    humana
exclusiva (Antolisei), e a da causalidade jurídica (Maggiore).
A teoria adotada em nosso Código Penal
Como  já  tivemos  a  oportunidade  de  destacar,  nosso  Código  ,  desde  sua  versão  original,  em  1940,  adotou
expressamente a teoria da equivalência dos antecedentes ou da conditio sine qua non. É o que dispõe o art.
13,  caput:  “O  resultado  de  que  depende  a  existência  do  crime  somente  é  imputável  a  quem  lhe  deu  causa.
Considera­se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido ”.
Para essa  teoria,  repise­se,  todos  os  antecedentes  do  resultado,  ainda  que  sobre  ele  tenham exercido 
mínima  influência,  serão  considerados  como  sua  “causa”.  A  verificação  da  relação  de causalidade baseia­se
no juízo de eliminação hipotética.
A teoria da equivalência dos antecedentes ou da conditio sine qua non e as causas
independentes
Desenvolveu­se,  no  âmbito  da  teoria  da  equivalência dos  antecedentes  ou  da conditio  sine qua non, o estudo
das causas independentes . Cuida­se de fatores que podem interpor­ se no nexo de causalidade entre a conduta e
o resultado, de modo a influenciar no liame causal.
A doutrina distingue   causas  dependentes  e  independentes.  As  primeiras  seriam as  que  têm origem na
conduta do sujeito e inserem­se dentro da sua linha de desdobramento causal natural, esperada. São elementos
situados no âmbito do quod plerumque accidit, isto é, decorrências normais ou corriqueiras da  conduta  (como 
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ocorre  no  caso  da  morte  por  choque  hemorrágico  subsequente  a  um  ferimento perfurante  profundo;  ou, 
ainda,  segundo  nossa  jurisprudência,  na  hipótese  da  morte  por  conta  de infecção hospitalar).
Quanto  às causas  independentes,  são  as  que,  originando­se  ou  não  da  conduta,  produzem  por  si  sós    o 
resultado.  Elas configuram  um  fator  que  está  fora  do quod  plerumque  accidit,  ou  seja,  não pertencem ao
âmbito do que normalmente acontece. São eventos inusitados, inesperados, dos quais se pode  citar  a  morte 
provocadapor  sangramento  oriundo  de  uma  pequena  ferida  incisa,  em  vítima hemofílica.
De acordo com a teoria da equivalência e seu juízo de eliminação hipotética,quando o resultado for produto de
causas dependentes, o agente por ele responderá.
No  que   concerne   às causas    independentes  ,    entretanto,    faz­se   necessário distinguir entre   as  causas
absolutamente e as relativamente independentes da conduta.
Por causas  absolutamente  independentes ,  entendem­se as  que  produzem  por  si  sós  o resultado, não
possuindo qualquer origem ou relação com a conduta praticada. Nesse caso, o resultado  ocorreria  de  qualquer 
modo,  com  ou  sem  o  comportamento  realizado  (eliminação hipotética),  motivo  pelo  qual  fica  afastado  o 
nexo  de  causalidade  (fazendo  com  que  não  se  possa imputar o resultado ao autor da conduta).
As   causas    absolutamente    independentes dividem­  se    em   preexistentes    ou    anteriores  (quando
anteriores  à  conduta), concomitantes  ou  simultâneas  (quando  ocorrem  ao  mesmo  tempo)  e posteriores
ou supervenientes  (quando  se  verificam  após  a  conduta  praticada).  A  título  de  ilustração,  citam­se  alguns
exemplos: a) efetuar disparos de arma de fogo, com intenção homicida, em pessoa que falecera minutos antes (a
morte  anterior  configura  causa  preexistente);  b)  atirar  em pessoa  que,  no  exato   momento    do    tiro,    sofre 
ataque    cardíaco    fulminante    e    que    não    guarda    relação    alguma    com    o  disparo  (o  infarto  é  a  causa
concomitante);  c)  ministrar  veneno  na  comida  da  vítima,  que,  antes  que  a  peçonha  faça  efeito,  vem  a  ser
atropelada (causa superveniente; nesse caso, o agente só responde  pelos atos praticados, ou seja, por tentativa
de homicídio).
Já  as causas relativamente independentes ,  por  seu  turno,  são  as  que, agregadas à conduta, conduzem 
à  produção  do  resultado .  Com  base  na  teoria  da  equivalência  dos  antecedentes,  a presença de uma causa
desta natureza não exclui o nexo de causalidade.
Do    mesmo    modo    que    as    causas    absolutamente    independentes,  elas    também    se    dividem 
em preexistentes ou anteriores, concomitantes ou simultâneas e supervenientes ou posteriores .
A  título de  exemplo, observem­se os  seguintes  casos hipotéticos:  a)  efetuar  ferimento  leve,  com  instrumento
cortante, num hemofílico, que sangra até a morte (a hemofilia é a causa preexistente, que, somada à conduta do
agente, produziu a morte). Note­se que, nesse exemplo, pressupõe­se que o sujeito tenha vibrado um golpe leve
no ofendido, que não produziria a morte de uma pessoa saudável; b) disparar contra a vítima que, ao ser atingida
pelo projétil, sofre ataque cardíaco, vindo a morrer, apurando­se  que a soma desses fatores produziu a morte
(considera­se, nesse caso, que o disparo, isoladamente, não teria o condão de matá­la, o mesmo ocorrendo com
relação ao ataque do coração —  causa  concomitante);  c)  após  um  atropelamento,  a  vítima  é  socorrida  com 
algumas  lesões;  no caminho ao hospital, a ambulância capota, ocorrendo a morte (o capotamento da ambulância
é a causa superveniente que, aliada ao atropelamento, deu causa à morte do ofendido). Deste último exemplo há
algumas variantes dignas de menção: a vítima chega ilesa da ambulância ao hospital, que se incendeia; a  vítima 
chega  sem  outras  lesões  ao  hospital,  mas  falece  por  decorrência  de  um  erro  médico;  ou, ainda, depois de
ser atendida no nosocômio, tem uma de suas pernas amputadas como consequência da gravidade dos ferimentos
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e, depois de receber alta, morre num incêndio ocorrido no interior de um teatro, de onde não conseguiu fugir em
razão de sua reduzida capacidade de locomoção.
Em todas as hipóteses retratadas no grupo das causas relativamente independentes da conduta, há nexo  causal 
entre   esta   e   o    resultado    (pela    teoria   da conditio).   A    imputação   do    resultado,    todavia, exigirá   outro 
elemento,   de    caráter    subjetivo,    consistente    em    se    verificar    se    a    causa    era   por    ele  conhecida  (o que
conduzirá  à  responsabilização  a  título  de  dolo),  ou,  ao  menos,  previsível  (indicativo  de    culpa).    Sem    tais 
requisitos,  por  óbvio,  ter­se­ia  a  responsabilidade  objetiva  do  agente,  algo repudiado de há muito no campo
do Direito Penal.
As  situações designadas  como causas  relativamente  independentes  supervenientes da  conduta  correspondem 
àquilo  que  os  autores  estrangeiros  denominam  “cursos  causais  extraordinários  ou hipotéticos”. São casos
em que não haverá imputação pela teoria da imputação objetiva (como será visto  adiante). De qualquer modo,
vale  consignar  que  tais  situações  se  enquadram  no  art.  13,  §  1º  ,  do  CP,  que  expressamente  exclui  a
responsabilidade penal.
Em suma:
as  causas  absolutamente  independentes  sempre  excluem  o  nexo  causal,  de  modo  que  o agente nunca
responderá pelo resultado; somente pelos atos praticados;
as causas relativamente independentes não excluem o nexo causal, motivo por que o agente, se as conhecia
ou se, embora não as conhecendo, podia prevê­las, responde pelo resultado;
na causa  relativamente  independente  superveniente  à  conduta,  embora  exista  nexo  de causalidade entre
esta e o resultado, o  legislador afasta a  imputação (art. 13, § 1º ),  impedindo que o agente responda pelo
evento subsequente, somente sendo possível atribuir­lhe o resultado que diretamente produziu.
Imputação Objetiva
A  relação  de  imputação  objetiva,  inserida  como  elemento  do  fato  típico  pelo  funcionalismo,  atua  como  um
complemento à relação de causalidade.
Por  meio  dela,  agregam­se  outros  requisitos  que  irão  atuar  em  conjunto  com  a  relação  de causalidade,  de 
modo  a  permitir  que  a  atribuição  de  um  resultado  a  uma  conduta  não  seja  um procedimento  meramente 
lógico    (fundado    na    teoria    da  equivalência    dos    antecedentes),    mas    se  constitua    também    de    um 
procedimento    justo.   A  imputação (ato   de   atribuir   a   alguém   determinado resultado, sujeitando­o às suas
consequências)  não  pode  se  basear  apenas  numa  relação  lógica,  pois  é  preciso  ter  em  mente  que  a
responsabilidade penal deve atender, antes de tudo, a critérios justos.
Por  esse  motivo,   considera­se  que,   depois  de  constatada  a  presença  do  nexo  de  causalidade entre  a 
conduta    e    o    resultado,    deve    o    intérprete    exigir    a    demonstração    de    outros    requisitos,    que  atuarão
conjugadamente  e,  se  presentes,  permitirão  a  imputação  do  evento  ao  autor.  São  eles,  segundo  orientação
predominante  entre  os  adeptos  do  funcionalismo:  a  criação  de  um  risco  juridicamente proibido  e 
relevante;  a   produção   do   risco   no   resultado;  que   o   resultado   provocado   se   encontre   na
esfera de proteção do tipo penal violado.
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TIPICIDADE
A tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do resultado constitui elemento necessário ao fato típico de
qualquer infração penal.
Deve ser analisada em dois planos: formal e material.
Entende­se  por  tipicidade  a relação  de  subsunção  entre  um  fato  concreto  e  um  tipo  penal (tipicidade
formal) e a lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado (tipicidadematerial).
Trata­se  de  uma  relação  de  encaixe,  de  enquadramento.  É  o  adjetivo  que  pode  ou  não  ser  dado  a  um  fato,
conforme ele se enquadre ou não na lei penal.
O conceito de tipicidade, como se concebe modernamente, passou a ser estruturado a partir das lições de Beling
(1906), cujo maior mérito foi distingui­la da antijuridicidade e da culpabilidade. Seus ensinamentos, entretanto,
foram  aperfeiçoados  até  que  se  chegasse  à  concepção  vigente.  Jiménez  de  Asúa  sistematizou  essa  evolução,
dividindo­a em três fases:
Fase  da  independência  (Beling    —    1906):    a    tipicidade    possuía  função    meramente    descritiva,
completamente separada da ilicitude e da culpabilidade (entre elas não haveria nenhuma relação). Tratar­se­
ia  de  elemento  valorativamente  neutro.  Sua  concepção  não  admitia  o  reconhecimento  de  elementos
normativos ou subjetivos do tipo.
Fase do caráter indiciário da ilicitude ou da ratio cognoscendi (Mayer — 1915): a tipicidade deixa
de ter função meramente descritiva, representando um indício da antijuridicidade . Embora se mantenha a
independência  entre  tipicidade  e  antijuridicidade,  admite­se  ser  uma  indício  da  outra.  Pela    teoria    de 
Mayer,  praticando­se  um  fato  típico,  ele  se  presume  ilícito.  Essa  presunção, contudo, é relativa, pois
admite prova em contrário . Além disso, a tipicidade não é valorativamente neutra ou descritiva, de modo
que se torna admissível o reconhecimento de elementos normativos e subjetivos do tipo penal.
Fase  da  ratio  essendi  da  ilicitude  (Mezger  —  1931):  Mezger  atribui  ao  tipo  função  constitutiva  da
ilicitude, de tal forma que, se o fato for lícito, será atípico. A ilicitude faz parte da tipicidade. O tipo penal do
homicídio  não  seria  matar  alguém,  mas  matar  alguém  fora  das  hipóteses  de  legítima  defesa,  estado  de
necessidade etc. A concepção defendida por Mayer é, ainda hoje, a dominante.
Adequação típica
Para  muitos,  é  sinônimo  de  tipicidade,  ou  seja,  a  relação  de  subsunção  entre  o  fato  e  a  norma penal e a
lesão ou perigo de  lesão ao bem tutelado. Há quem pense de modo diverso, afirmando que tipicidade seria a
mera correspondência formal entre  o  fato  e  a  norma,  enquanto  a  adequação  típica,  a  correspondência  que 
levaria   em   conta   não apenas uma relação  formal de  justaposição, mas a consideração de outros requisitos,
como o dolo ou a culpa. Não nos parece correto esse ponto de vista, porque dolo e culpa ingressam no tipo penal,
como elementos inerentes à conduta.
Há duas modalidades de adequação típica:
Adequação típica por subordinação imediata ou direta: dá­se quando a adequação entre o fato  e  a 
norma  penal  incriminadora  é  imediata,  direta;  não  é  preciso  que  se  recorra  a  nenhuma norma de
extensão do tipo. Exemplo: alguém efetua dolosamente vários disparos contra a vítima — esse fato se amolda
diretamente ao tipo penal incriminador do art. 121 do CP.
Adequação  típica    por  subordinação mediata    ou    indireta:    o    enquadramento  fato/norma não
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ocorre diretamente, exigindo­ se o recurso a uma norma de extensão para haver subsunção total entre  fato 
concreto  e  lei  penal.  Exemplo:  se  alguém ,  com  intenção  homicida,  efetua  vários disparos de arma de
fogo contra outrem e foge, sendo a vítima socorrida e salva a tempo, esse fato não se amolda ao tipo penal do
art. 121 (não houve morte). Também não se enquadra no art. 129 (lesões corporais), porque o sujeito agiu
com animus necandi (o art. 129  pressupõe animus laedendi ). Seria o fato atípico? Não. Para que ocorra o
perfeito enquadramento da conduta com a norma,   contudo,   será   preciso   recorrer   a   uma   norma   de 
extensão;  no  caso,  o  art.  14,  II,  que descreve a tentativa. O mesmo se verifica quando alguém empresta
arma de fogo a um homicida, que  a  utiliza  posteriormente  para  cometer  o  crime.  Sua  conduta  não 
encontra    correspondência direta  com o art.  121 do CP. Novamente é preciso,  então,  socorrer­se de uma
norma de extensão; nesse caso, o art. 29, caput, que pune a participação.
Tipicidade conglobante (Zaffaroni)
Trata­se, segundo seu autor,   de   um dos aspectos da tipicidade penal, que se subdividiria em tipicidade legal
(adequação do fato com a norma penal, segundo uma  análise estritamente formal) e tipicidade   conglobante 
(inadequação  do  fato  a  normas  extrapenais).  Por  meio  desta,  deve­se verificar se o fato, que aparentemente
viola uma norma penal incriminadora, não é permitido ou mesmo incentivado  por  outra  norma  jurídica  (como 
no  caso  das  intervenções  médico­cirúrgicas,  violência desportiva, estrito cumprimento de um dever legal etc.).
Não  teria  sentido,  dentro  dessa  perspectiva,  afirmar  que  a  conduta  do médico  que  realiza  uma  cirurgia  no
paciente viola a norma penal do art. 129 do  CP  (não  ofenderás  a  integridade  corporal  alheia) e,  ao  mesmo 
tempo,  atende  ao  preceito constitucional segundo o qual a saúde é um direito de todos (não seria lógico dizer
que ele viola uma norma e obedece a outra, ao mesmo tempo).
Por  meio  da  tipicidade  conglobante  (que  resulta  numa  análise  conglobada  do  fato  com  todas  as  normas 
jurídicas,  inclusive  extrapenais), situações  consideradas  tradicionalmente  como  típicas, mas  enquadráveis 
nas  excludentes  de  ilicitude (exercício  regular  de  um  direito  ou  estrito cumprimento  de  um  dever legal),
passariam  a  ser  tratadas  como  atípicas,    pela  falta  de    tipicidade  conglobante.  Com  a  adoção  da  teoria  da
imputação objetiva, tais resultados (atipicidade de fatos então considerados típicos, porém lícitos) são atingidos 
sem necessidade dessa construção, que se torna supérflua.
Observe­se,  porém,  que  independentemente  da  teoria  adotada,  não  haverá  crime  por  parte  do médico que
faz a cirurgia ou do desportista que atua dentro das regras do esporte, embora divirjam os doutrinadores acerca
do fundamento.
Funções do tipo penal
O    tipo   penal    contém  três  relevantes  funções:    a    função    selecionadora;    a    função   de    garantia;    a  função
motivadora geral.
A  função  selecionadora refere­se  à  tarefa  de escolher,  dentre  a  quase  infinita  gama  de comportamentos 
humanos,  quais  devem  ser  inseridos  como conteúdo  das normas  penais incriminadoras . Cuida­se de dever
incumbido ao órgão encarregado  de elaborar as leis penais, mas admite, sem dúvida, controle judicial, de modo
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a co nformar a eleição às normas constitucionais (p. ex. , ao princípio da alteridade, da insignificância etc. ).
A função de garantia constitui a realização material e concreta do ideal de segurança jurídica que o princípio da
legalidade busca fornecer. Em outras palavras,  trata­se de garantir que somente haverá    imposição   de   pena 
criminal  se  o  ato  realizado  corresponder  (de  modo  perfeito)  a  um comportamento descrito previamente no
dispositivo legal.
A  função  motivadora  geral corresponde  ao  intento  de fazer  com  que  os  destinatários  das normas motivem­
se a se comportar de acordo com o que elas prescrevem. Assim, se o  tipo penal define   como   crime   “matar 
alguém”,   espera­se   que   com  essa   regra   as   pessoas   se   abstenham  de suprimir   a   vida   humana  alheia. 
Referida  função  remonta  à  racionalidade  comunicativa  desempenhada pelo  Direito  Penal,consistente  em 
transmitir    à    sociedade    mensagens    de    confiança    no    modelo  normativo,  estimulando  comportamentos
conforme o Direito.
Tipo objetivo e tipo subjetivo — tipos normais e anormais
O  tipo  objetivo  corresponde  ao comportamento  descrito  no  preceito  primário  da  norma incriminadora,
desconsiderando­se o estado anímico  do agente, isto é, sem a análise de sua intenção.
O  tipo  subjetivo  ,  de  sua  parte,  corresponde  à  atitude  psíquica  interna  que  cada  tipo  objetivo  requer.  Asúa
afirmava  que  os  tipos  penais  deveriam  ser,  de    regra,  objetivos,  daí  por  que  os  chama  de  tipos    normais  . 
Quando,  por  outro  lado,  inseriam­se  elementos  subjetivos  ou  normativos  na disposição, como a elementar
“para si ou para outrem” (no crime de  furto) ou “com fins  libidinosos”  (no sequestro qualificado), ou, ainda,
“indevidamente” (no crime de prevaricação), estar­se­ia diante de tipos anormais .
É de ver, contudo, que todo tipo de crime doloso possui um elemento subjetivo implícito: o dolo e, nos crimes
culposos, um elemento normativo tácito: a culpa.
Tipo aberto e tipo fechado
Entende­se por tipo aberto aquele em cuja definição empregam­ se termos amplos , de modo a abarcar diversos
comportamentos diferentes. É a técnica utilizada na maioria dos crimes culposos (“se o homicídio é culposo” —
diz o art. 121, § 3º , do CP). O tipo fechado , por outro lado, é aquele que utiliza expressões de alcance restrito ,
englobando poucos comportamentos na definição legal. Eles apresentam uma descrição completa do modelo de
conduta proibida. O legislador deve, sempre que possível, preferir os tipos fechados aos abertos, e m razão do
princípio da legalidade. Estes, contudo, podem  ser  construídos  sem  ofensa  à  Constituição,  até  porque,  ainda 
que  suas  expressões  sejam amplas, eles sempre possuirão conteúdo determinado.
Quadro Sinótico:
15/03/2016 Fato típico: o que é e quais são os seus elementos? ~ Dr. Civilize­se!
http://www.civilize­se.com/2013/06/o­que­e­o­fato­tipico­e­quais­sao­seus­elementos.html#.VuhCd_krLIU 18/18

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