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U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a Joa˜o Socorro Pinheiro Ferreira METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTIFICA EM EDUCAC¸A˜O MATEMA´TICA1 1a Edic¸a˜o Macapa´ 2016 1joaoferreira@unifap.br U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 4 U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a Suma´rio 1 CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS 9 1.1 Normas brasileiras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 1.2 Conhecimento cientı´fico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.2.1 Caracterı´sticas do conhecimento cientı´fico . . . . . . . . . 13 1.3 Senso comum e conhecimento cientı´fico . . . . . . . . . . . . . . 13 1.4 Significado de conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 1.5 Categorias de conhecimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.5.1 Conhecimento popular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 1.5.2 Conhecimento cientı´fico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.5.3 Conhecimento empı´rico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.5.4 Conhecimento filoso´fico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.5.5 Conhecimento teolo´gico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.6 Ceticismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.7 Curriculum Lattes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.8 Comiteˆ de E´tica e Pesquisa (CEP) . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.8.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) . . 18 1.9 Avaliac¸a˜o da aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.9.1 Avaliac¸a˜o processual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.9.2 Avaliac¸a˜o formativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.9.3 Avaliac¸a˜o somativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 2 UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O 25 2.1 Sociointeracionismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 2.2 Inteligeˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2.3 Educac¸a˜o emocional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 2.4 Principais ideias dos principais teo´ricos da educac¸a˜o . . . . . . . 43 3 UNIDADE II 67 3.1 PCN-Paraˆmetro Curricular Nacional de Matema´tica . . . . . . . 67 3.2 Etnomatema´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 5 U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 6 SUMA´RIO 4 UNIDADE III 75 4.1 Resoluc¸a˜o de problemas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 4.2 Jogos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 4.3 Utilizac¸a˜o da Histo´ria da Matema´tica no ensino desta mate´ria . . 77 5 UNIDADE IV 81 5.1 Metodologia do Trabalho Cientı´fico: nı´veis e tipos de pesquisa . . 81 5.2 Projeto de pesquisa cientı´fica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 5.3 Apresentac¸a˜o gra´fica dos trabalhos Cientı´ficos . . . . . . . . . . . 98 6 CONSIDERAC¸OES FINAIS 121 REFEREˆNCIAS 128 U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a PREFA´CIO Este livro tem como objetivo subsidiar cientificamente os acadeˆmicos de Li- cenciatura em Matema´tica da Universidade Federal do Amapa´ (UNIFAP) nos es- tudos inerentes a` disciplina Metodologia da Pesquisa Cientifica em Educac¸a˜o Ma- tema´tica (MPCEM). Embora o tı´tulo da disciplina contenha as palavras Educac¸a˜o Matema´tica, a mesma se propo˜em a formar os acadeˆmicos metodologicamente para todas as a´reas de conhecimentos cientı´ficos a fim de que possam produzir trabalhos acadeˆmicos de todas as disciplinas bem como o de conclusa˜o de curso de graduac¸a˜o ou po´s-graduac¸a˜o, em diversas a` a´rea de educac¸a˜o matema´tica. A ementa da disciplina MPCEM e´ a seguinte: 1.To´picos de educac¸a˜o: socion- teracionismo, inteligeˆncia, educac¸a˜o emocional, principais ideias dos principais teo´ricos da educac¸a˜o; 2. PCN-Paraˆmetro Curricular Nacional de Matema´tica; 3. Etnomatema´tica; 4. Resoluc¸a˜o de problemas; 5. Jogos; 6. Utilizac¸a˜o da histo´ria da matema´tica no ensino desta mate´ria; 7. Metodologia do trabalho cientı´fico: nı´veis e tipos de pesquisa; 8. Projeto de pesquisa cientı´fica; 9. Apresentac¸a˜o gra´fica dos trabalhos cientı´ficos. A mesma esta´ dividida em duas partes: a pri- meira faz uma abordagem sobre alguns to´picos de educac¸a˜o matema´tica, que pressupo˜em-se servir de referencial teo´rico das principais tema´ticas de educac¸a˜o matema´tica e a segunda parte, esta´ relacionada diretamente a normatizac¸a˜o da Associac¸a˜o Brasileira de Normas Te´cnicas (ABNT) no que tange a produc¸a˜o tex- tual. As Unidades do Conteu´do Programa´tico do Plano de Ensino da disciplina fo- ram transformadas em capı´tulos nesta apostila. O Capı´tulo 1, apresenta as Considerac¸o˜es Iniciais sobre a disciplina no que se refere as normas brasileiras, a discussa˜o sobre o conhecimento cientı´fico e a sua importaˆncia para a construc¸a˜o do conhecimento, curriculum Lattes, e´tica na pesquisa e avaliac¸a˜o da aprendizagem nesta disciplina. Os Capı´tulos 2, 3, 4 e 5 correspondem, respectivamente, as quatro unidades de estudos do programa da disciplina. O Capı´tulo 6, e´ composto pelas Considerac¸o˜es Finais, destacando-se os resul- tados parciais de uma pesquisa sobre a´rea de concentrac¸a˜o e linha de pesquisa das monografias de conclusa˜o de curso, dos acadeˆmicos de Matema´tica desta univer- 6 U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a SUMA´RIO 7 sidade. Esperamos que este trabalho contribua na formac¸a˜o dos discentes e que os conteu´dos aqui apresentados influenciem na produc¸a˜o de seus trabalhos acadeˆmicos e cientı´ficos no decorrer do curso. FERREIRA, J. S. P. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 8 SUMA´RIO U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a Capı´tulo 1 CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS “Ensinar na˜o e´ transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua pro´pria produc¸a˜o ou a sua construc¸a˜o.” (Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997))1 1.1 Normas brasileiras Um dos elementos da parte po´s-textual de um trabalho acadeˆmico ou cientı´fico e´ denominado de Refereˆncias2, paradoxalmente na disciplina metodologia ci- entı´fica e´ estudada primeiramente. Isto se da´ pelo fato de que o acadeˆmico de- vera´ aprender a registrar corretamente as fontes de pesquisa que produziram as informac¸o˜es que esta˜o citadas direta ou indiretamente em seu trabalho escrito. No Brasil, existe a Associac¸a˜o Brasileira de Normas Te´cnicas (ABNT) que e´ responsa´vel por produzir, emitir e publicar Normas Brasileiras (NBR’s) para dis- ciplinar diversas atividades te´cnicas e cientı´ficas, como e´ o caso das Refereˆncias de que se inicia. A NBR 6023/2012 ([2]), tem por finalidade disciplinar e orientar a escrita de livro ou folheto (manual, guia, cata´logo, enciclope´dia, diciona´rio etc.), trabalhos acadeˆmicos (teses, dissertac¸o˜es, entre outros), publicac¸a˜o perio´dica de fascı´culo ou nu´mero de revista,nu´mero de jornal, caderno etc., na ı´ntegra ou a mate´ria existente em um nu´mero, volume ou fascı´culo de perio´dico (artigos cientı´ficos de 1N.A.: Patrono da Educac¸a˜o Brasileira - Lei No 12.612, de 13 de abril de 2012. 2N.A.: anteriormente era designada de bibliografia ou de refereˆncias bibliogra´ficas. 9 U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 10 CAPI´TULO 1. CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS revistas, editoriais, mate´rias jornalı´sticas, sec¸o˜es, reportagens etc.), revista, bole- tim etc. (onde inclui volume, fascı´culo, nu´meros especiais e suplementos, entre outros, sem tı´tulo pro´prio), Artigo ou mate´ria de revista, boletim etc., (inclusive partes de publicac¸o˜es perio´dicas (volumes, fascı´culos, nu´meros especiais e su- plementos, com tı´tulo pro´prio)), comunicac¸o˜es, editorial, entrevistas, recenso˜es3, reportagens, resenhas e outros, evento como um todo (inclui o conjunto dos docu- mentos reunidos num produto final do pro´prio evento (atas, anais, resultados, pro- ceedings4, entre outras denominac¸o˜es).), patente, documento jurı´dico (Legislac¸a˜o, Jurisprudeˆncia (deciso˜es judiciais) e Doutrina ), imagem em movimento (inclui filmes, videocassetes, DVD, entre outros), documento iconogra´fico (inclui pin- tura, gravura, ilustrac¸a˜o, fotografia, desenho te´cnico, diapositivo5, diafilme6, ma- terial estereogra´fico, transpareˆncia, cartaz entre outros.), Documento cartogra´fico (Inclui atlas, mapa, globo, fotografia ae´rea entre outros. As refereˆncias devem obedecer aos padro˜es indicados para outros tipos de documentos, quando ne- cessa´rio.), Documento sonoro no todo (inclui disco, CD ( compact disc ), cas- sete, rolo, entre outros.) e Documento tridimensional (inclui esculturas, maque- tes, objetos e suas representac¸o˜es (fo´sseis, esqueletos, objetos de museu, animais empalhados, monumentos entre outros).). Exemplos de refereˆncias: sera˜o apresentados somente treˆs (03) exemplos de refereˆncias, os demais casos estudaremos mais adiante. (a) Monografia no todo Os elementos essenciais sa˜o: autor(es), tı´tulo, edic¸a˜o, local, editora e data de 3N.A.: A recensa˜o crı´tica e´ um trabalho de sı´ntese que revistas e jornais cientı´ficas publicam geralmente logo apo´s a edic¸a˜o de uma obra, com o objectivo de a divulgar. Na˜o e´ a mesma coisa que um resumo. O resumo deve-se limitar ao conteu´do do trabalho, sem qualquer julgamento de valor. 4N.A: Anais de Congressos e eventos cientı´ficos (tambe´m sa˜o chamados de Conference Pro- ceedings em ingleˆs) sa˜o uma das formas mais conceituadas de se publicar os resumos e trabalhos apresentados em um congresso, confereˆncia ou outro tipo de evento cientı´fico. Eles sa˜o uma co- letaˆnea de conhecimento, e um documento histo´rico de todas as submisso˜es e suas discusso˜es durante uma edic¸a˜o do encontro cientı´fico, trazendo assim o estado-da-arte em um determinado momento. 5N.A.: substantivo masculino - 1. fot rec.av imagem positiva, esta´tica e translu´cida, de modo geral em pelı´cula, e que se pode projetar. m.q. SLIDE. fot gra´f m.q. CROMO (’fotografia em cores’). 2. gra´f m.q. VAZADO (subst.). 6N.A.: Diafilme e´ uma sequeˆncia de fotografias positivas dispostas em um filme para projec¸a˜o. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 1.1. NORMAS BRASILEIRAS 11 publicac¸a˜o. BARBOSA, J. L. M. Geometria euclidiana plana. 9. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2006. Quando necessa´rio, acrescentam-se elementos complementares a` refereˆncia para melhor identificar o documento. BARBOSA, J. L. M. Geometria euclidiana plana. 9. ed. Rio de Janeiro: SBM, 2006. (Colec¸a˜o do Professor de Matema´tica). (b) Monografia no todo em meio eletroˆnico Quando se tratar de obras consultadas on line, tambe´m sa˜o essenciais as informac¸o˜es sobre o enderec¸o eletroˆnico, apresentado entre os sinais <>, precedido da ex- pressa˜o Disponı´vel em: e a data de acesso ao documento, precedida da expressa˜o Acesso em:, opcionalmente acrescida dos dados referentes a hora, minutos e se- gundos. NOTA – Na˜o se recomenda referenciar material eletroˆnico de curta durac¸a˜o nas redes. FERREIRA, J. S. P. Sistemas dinaˆmicos lineares no R2. Rio de Janeiro: SBM, 2016. (Colec¸a˜o Colo´quios de Matema´tica, ISBN 978-85-8337-108-3). Disponı´vel em: < https : //www.sbm. org.br/wp−content/uploads/2016/06/Sistemas− Dinamicos−Lineares−Joao−Socorro−Pinheiro−Ferreira.pdf >. Acesso em: 16 jan. 2018, 15:14. (c) Nas teses, dissertac¸o˜es ou outros trabalhos acadeˆmicos devem ser indi- cados em nota o tipo de documento (tese, dissertac¸a˜o, trabalho de conclusa˜o de curso etc.), o grau, a vinculac¸a˜o acadeˆmica, o local e a data da defesa, mencionada na folha de aprovac¸a˜o (se houver). FERREIRA, Joa˜o Socorro Pinheiro. Modelagem matema´tica de sistemas epi- demiolo´gicos cla´ssicos: um estudo explorato´rio. 2016.1 recurso online (81 f.). Dissertac¸a˜o (mestrado profissional) - Universidade Estadual de Campinas, Ins- tituto de Matema´tica Estatı´stica e Computac¸a˜o Cientı´fica, Campinas, SP. Dis- ponı´vel em: < http : //repositorio.unicamp.br/ jspui/handle /REPOSIP/321457 >. Acesso em: 20 abr. 2017. As NBR’s mais importantes e utilizadas na escrita acadeˆmica ou cientı´fica, U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 12 CAPI´TULO 1. CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS atualizadas ate´ 2017, sa˜o as seguintes: • NBR 6023:2002: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – Refereˆncia – Elaborac¸a˜o. • NBR 10520:2002: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – Citac¸o˜es. • NBR 6028:2003: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – Resumo – Apresentac¸a˜o. • NBR 6034:2004: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – I´ndice – Apresentac¸a˜o. • NBR 6029:2006: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – Livros e folhetos – Apresentac¸a˜o. • NBR 14724:2011: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – Trabalhos acadeˆmicos – Apresentac¸a˜o. • NBR 15287:2011: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – Projeto de pesquisa – Apresentac¸a˜o. • NBR 6024:2012: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – Numerac¸a˜o progressiva das sec¸o˜es de um documento – Apresentac¸a˜o. • NBR 6027:2012: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – Suma´rio – Apresentac¸a˜o. • NBR 10719:2015: Informac¸a˜o e documentac¸a˜o – Relato´rio te´cnico e/ou cientı´fico – Apresentac¸a˜o Os estudos introduto´rios sobre o conceito e os tipos de conhecimentos (po- pular, cientifico, filoso´fico e religioso) contribuem para o debate acerca do que e´ Cieˆncia e tambe´m para iniciac¸a˜o e a escrita cientifica, dos acadeˆmicos, pois faz com que reflitam o processo tecnolo´gico que a humanidade alcanc¸ou. 1.2 Conhecimento cientı´fico Conhecimento cientı´fico e´ a informac¸a˜o e o saber que parte do princı´pio das ana´lises dos fatos reais e cientificamente comprovados. Para ser reconhecido como um conhecimento cientı´fico, este deve ser base- ado em observac¸o˜es e experimentac¸o˜es, que servem para atestar a veracidade ou falsidade de determinada teoria. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 1.3. SENSO COMUM E CONHECIMENTO CIENTI´FICO 13 A raza˜o deve estar atrelada a lo´gica da experimentac¸a˜o cientı´fica, caso contra´rio o pensamento se configura apenas como um conhecimento filoso´fico. 1.2.1 Caracterı´sticas do conhecimento cientı´fico Uma das principais caracterı´sticas do conhecimento cientı´fico e´ a sistematizac¸a˜o, pois consiste num saber ordenado, ou seja, formado a partir de um conjunto de ideias que sa˜o formadoras de uma teoria. Outro fator que caracteriza o conhecimento cientı´fico e´ o princı´pio da verifi- cabilidade. Determinadaideia ou teoria deve ser verificada e comprovada sob a o´tica da cieˆncia para que possa fazer parte do conhecimento cientı´fico. O conhecimento cientı´fico tambe´m e´ falı´vel, isso significa que na˜o e´ defini- tivo, pois determinada ideia ou teoria pode ser derrubada e substituı´da por outra, a partir de novas comprovac¸o˜es e experimentac¸o˜es cientı´ficas. Entre outras caracterı´sticas inerentes ao conhecimento cientı´fico, destaca-se o fato de ser: racional, objetivo, factual, analı´tico, comunica´vel, acumulativo, explicativo, entre outros fatores relacionados a investigac¸a˜o meto´dica. 1.3 Senso comum e conhecimento cientı´fico Ao contra´rio do conhecimento cientı´fico que requer base teo´rica e comprovac¸o˜es a partir de experimentac¸o˜es, o conhecimento do senso comum e´ pautado princi- palmente nas crendices populares, ideias e conceitos que sa˜o transmitidos atrave´s das gerac¸o˜es por meio de “heranc¸as culturais”. O conhecimento do senso comum na˜o e´ questionador, ou seja, apenas deter- mina o motivo, mas na˜o trac¸a os caminhos que levaram a determinada conclusa˜o. O conhecimento cientı´fico se destina a decifrar e entender todos os processos e etapas de uma ideia ou teoria, a partir do uso de me´todos cientı´ficos. 1.4 Significado de conhecimento Conhecimento e´ o ato ou efeito de conhecer, e´ ter ideia ou a noc¸a˜o de alguma coisa. E´ o saber, a instruc¸a˜o e a informac¸a˜o. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 14 CAPI´TULO 1. CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS Conhecimento tambe´m inclui descric¸o˜es, hipo´teses, conceitos, teorias, princı´pios e procedimentos. O conhecimento e´ um conceito importante no aˆmbito da Pedagogia, sendo que neste caso remete para a aplicac¸a˜o ou lembranc¸a de mate´rias, conceitos, teorias, princı´pios, nomes, que foram aprendidos anteriormente. Para falar de conhecimento, e´ necessa´rio falar sobre dados, e´ uma mistura de co´digos e informac¸a˜o e´ o resultado do processo de manipulac¸a˜o desses dados, assim, o conhecimento pode ser considerado uma informac¸a˜o com uma utilidade. 1.5 Categorias de conhecimento O conhecimento esta´ dividido em uma se´rie de categorias: conhecimento sensorial, que e´ o conhecimento comum entre seres humanos e animais; conhe- cimento intelectual que e´ o raciocı´nio, o pensamento do ser humano; conhe- cimento popular que e´ a forma de conhecimento de uma determinada cultura; conhecimento cientı´fico que sa˜o ana´lises baseadas em provas; conhecimento fi- loso´fico que esta´ ligado a` construc¸a˜o de ideias e conceitos e o conhecimento teolo´gico que e´ o conhecimento adquirido a partir da fe´. 1.5.1 Conhecimento popular O conhecimento vulgar ou popular, a`s vezes denominado senso comum, na˜o se distingue do conhecimento cientı´fico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia e´ a forma, o modo ou o me´todo e os instrumentos do “conhecer”. Saber que determinada planta necessita de uma quantidade “x”de a´gua e que, se na˜o a receber de forma “natural”, deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprova´vel, mas, nem por isso, cientı´fico. Para que isso ocorra, e´ necessa´rio ir mais ale´m: conhecer a natureza dos vegetais, sua composic¸a˜o, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espe´cie de outra. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 1.5. CATEGORIAS DE CONHECIMENTO 15 1.5.1.1 Caracterı´sticas do conhecimento popular (a) Superficial, isto e´, conforma-se com a apareˆncia, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “porque o vi”, “porque o senti”, “porque o disseram”, “porque todo mundo o diz”; (b) Sensitivo, ou seja, referente a viveˆncias, estados de aˆnimo e emoc¸o˜es da vida dia´ria; (c) Subjetivo, pois e´ o pro´prio sujeito que organiza suas experieˆncias e conhe- cimentos, tanto os que adquire por viveˆncia pro´pria quanto os “por ouvi dizer”; (d) Assistema´tico, pois esta “organizac¸a˜o”das experieˆncias na˜o visa a uma sistematizac¸a˜o das ideias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de valida´- las; (e) Acrı´tico, pois, verdadeiros ou na˜o, a pretensa˜o de que esses conhecimentos ou sejam na˜o se manifesta sempre de uma forma crı´tica. 1.5.2 Conhecimento cientı´fico Conhecimento cientı´fico e´ um conhecimento real porque lida com ocorreˆncias ou fatos, constitui um conhecimento contingente, pois suas preposic¸o˜es ou hipo´teses teˆm a sua veracidade ou falsidade comprovada atrave´s da experimentac¸a˜o e na˜o apenas pela raza˜o, como ocorre no conhecimento filoso´fico. 1.5.3 Conhecimento empı´rico O conhecimento empı´rico, e´ aquele que adquirimos no decorrer do dia, e´ feito por meio de tentativas e erros num agrupamento de ideias; o conhecimento empı´rico e´ aquele que na˜o precisa ter comprovac¸a˜o cientı´fica. 1.5.4 Conhecimento filoso´fico Conhecimento filoso´fico e´ o tipo de conhecimento baseado na reflexa˜o e construc¸a˜o de conceitos e ideias, a partir do uso do raciocı´nio em busca do saber. O conhecimento filoso´fico surgiu a partir da capacidade do ser humano de re- fletir, principalmente sobre questa˜o subjetivas, imateriais e suprassensı´veis, como U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 16 CAPI´TULO 1. CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS os conceitos e ideias. Mesmo sendo racional, o conhecimento filoso´fico dispensa a necessidade da verificac¸a˜o cientı´fica, visto que os seus objetos de estudo na˜o apresentam um cara´ter material. A principal preocupac¸a˜o do conhecimento filoso´fico e´ questionar e encontrar respostas racionais para determinadas questo˜es, mas na˜o necessariamente com- provar algo. Neste sentido, pode-se afirmar que este modelo de conhecimento e´ especulativo. 1.5.4.1 Caracterı´sticas do conhecimento filoso´fico (a) Sistema´tico: acredita que a base para a resoluc¸a˜o das questo˜es seja a re- flexa˜o; (b) Elucidativo: tenta entender os pensamentos, os conceitos, os problemas e demais situac¸o˜es da vida que sa˜o impossı´veis de seres desvendados cientifica- mente; (c) Crı´tico: todas as informac¸o˜es devem ser profundamente analisadas e re- fletidas antes de serem levadas em considerac¸a˜o; (d) Especulativo: as concluso˜es sa˜o baseadas em hipo´teses e possibilidades, devido ao uso de teorias abstratas. 1.5.5 Conhecimento teolo´gico O conhecimento teolo´gico ou Teologia ou Teologia Dogma´tica, ou ainda Teo- logia sobrenatural e´ aquele conjunto de verdades a que os homens chegaram, na˜o com o auxilio da inteligeˆncia, mas mediante a aceita; ao dos dados da revela; a` divina, fe´. 1.6 Ceticismo Ceticismo e´ um estado de quem duvida de tudo, de quem e´ descrente. Um indivı´duo ce´tico caracteriza-se por ter predisposic¸a˜o constante para a du´vida, para a incredulidade. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 1.7. CURRICULUM LATTES 17 O ceticismo e´ um sistema filoso´fico fundado pelo filo´sofo grego Pirro (318 a.C.-272 a.C.), que tem por base a afirmac¸a˜o de que o homem na˜o tem capacidade de atingir a certeza absoluta sobre uma verdade ou conhecimento especı´fico. No extremo oposto ao ceticismo como corrente filoso´fica encontra-se o dogmatismo. O ce´tico questiona tudo o que lhe e´ apresentado como verdade e na˜o admite a existeˆncia de dogmas, fenoˆmenos religiosos ou metafı´sicos. O ce´tico pode usar o pensamento crı´tico e o me´todo cientı´fico (ceticismo ci- entı´fico) como tentativa de comprovar a veracidade de algumatese. No entanto, o recurso ao me´todo cientı´fico na˜o e´ uma necessidade imperiosa para o ce´tico, po- dendo muitas vezes preferir a evideˆncia empı´rica para atestar a validade das suas ideias. 1.7 Curriculum Lattes Em homenagem a Ce´sar Lattes7 o Curriculum Lattes e´ um currı´culo elaborado nos padro˜es da Plataforma Lattes, gerida pelo Conselho Nacional de Desenvolvi- mento Cientı´fico e Tecnolo´gico (CNPq). A Plataforma Lattes e´ resultado da experieˆncia do CNPq na integrac¸a˜o de bases de dados de currı´culos, de grupos de pesquisa e de instituic¸o˜es em um u´nico sistema de informac¸a˜o. O Curriculum Lattes se tornou um padra˜o nacional no registro do percurso acadeˆmico de estudantes e pesquisadores do Brasil. Atualmente e´ adotado pela maioria das instituic¸o˜es de fomento, universidades e institutos de pesquisa do paı´s. A riqueza de informac¸o˜es, a abrangeˆncia e confiabilidade sa˜o elementos indis- pensa´veis aos pleitos de financiamentos na a´rea de cieˆncia e tecnologia. O Curriculum Lattes e´ mais abrangente que o Curriculum Vitae, sendo esta a principal diferenc¸a entre os dois. O Curriculum Lattes e´ mais longo, pois deve mencionar detalhadamente tudo o que esta´ relacionado com a carreira do profissi- onal. 7Cesare Mansueto Giulio Lattes, mais conhecido como Ce´sar Lattes (Curitiba, 11 de julho de 1924 — Campinas, 8 de marc¸o de 2005), foi um fı´sico brasileiro, co-descobridor do me´son pi, descoberta que levou o Preˆmio Nobel de Fı´sica de 1950, concedido a Cecil Frank Powell. Fez os seus primeiros estudos em sua cidade natal e depois em Sa˜o Paulo, vindo a graduar-se na Universidade de Sa˜o Paulo, formando-se em 1943, em matema´tica e fı´sica. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 18 CAPI´TULO 1. CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS Todos os dados da Plataforma Lattes esta˜o disponı´veis ao pu´blico para con- sulta na internet. Para o acadeˆmico possuir o curriculum Lattes, devera´ acessar a Plataforma Lattes atrave´s do enderec¸o eletroˆnico http://lattes.cnpq.br/ e se cadastrar, devendo possuir uma fotografia 3× 4 digital e os seus documentos pessoais. 1.8 Comiteˆ de E´tica e Pesquisa (CEP) O Comiteˆ de E´tica em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Amapa´ (UNIFAP) e´ um colegiado multidisciplinar e independente que recebe e avalia projetos de pesquisa envolvendo seres humanos. Possui membros das a´reas da sau´de, cieˆncias exatas, sociais e humanas, que avaliam projetos de suas respectivas a´reas de conhecimento de acordo com as diretrizes e normas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Sau´de (CNS). Foi criado para defender os interesses dos participantes em sua integridade e dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padro˜es e´ticos e cientı´ficos. (Resoluc¸a˜o no466/12 Conselho Nacional de Sau´de). O Comiteˆ de E´tica em Pesquisa da Universidade Federal do Amapa´ ( CEP/UNIFAP), foi criado pela Resoluc¸a˜o no 16/2005 do Conselho Superior da Universidade Fede- ral do Amapa´ e seu 1o Comiteˆ de E´tica, composto ate´ enta˜o por 8 (oito) membros da instituic¸a˜o e 1 (um) representante dos usua´rios. Atualmente o CEP/UNIFAP e´ composto por 18 (dezoito) membros entre titulares e suplentes e 1 (um repre- sentante dos usua´rios, que tem por finalidade a avaliac¸a˜o da pesquisa com seres humanos em nossa Instituic¸a˜o, em conformidade com a legislac¸a˜o brasileira re- gulamentada pela CONEP. Esta missa˜o e´ dividida em duas ac¸o˜es principais: a orientac¸a˜o aos pesquisadores e a ana´lise dos projetos encaminhados. 1.8.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) Segundo a Resoluc¸a˜o 466/12 do CNS, o respeito devido a` dignidade humana exige que toda pesquisa se processe apo´s consentimento livre e esclarecido e, no caso de crianc¸as e adolescentes ou legalmente incapaz tambe´m do assentimento dos sujeitos, indivı´duos ou grupos que por si e/ou por seus representantes legais U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 1.8. COMITEˆ DE E´TICA E PESQUISA (CEP) 19 manifestem a sua anueˆncia a` participac¸a˜o na pesquisa. A seguir o modelo disponı´vel no site da UNIFAP: http://www2.unifap.br/comite/modelo- de-tcle/ de um TCLE. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) (Resoluc¸a˜o 466/2012 CNS/CONEP) O Sr(a) esta´ sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa intitulado . O obje- tivo deste trabalho e´ . Para reali- zar o estudo sera´ necessa´rio que o(a) Sr(a) se disponibilize a participar de en- trevistas, etc agendadas a sua convenieˆncia (de acordo com o seu ), onde sera´ . Para a instituic¸a˜o e para sociedade, esta pesquisa servira´ como paraˆmetro para ava- liar . Os riscos da sua participac¸a˜o nesta pesquisa sa˜o , em virtude das informac¸o˜es coletadas serem utilizadas unicamente com fins cientı´ficos, sendo garantidos o to- tal sigilo e confidencialidade, atrave´s da assinatura deste termo, o qual o(a) Sr.(a) recebera´ uma co´pia. O(a) Sr.(a) tera´ o direito e a liberdade de negar-se a participar desta pesquisa total ou parcialmente ou dela retirar-se a qualquer momento, sem que isto lhe traga qualquer prejuı´zo com relac¸a˜o ao seu atendimento nesta instituic¸a˜o, de acordo com a Resoluc¸a˜o CNS no466/12 e complementares. Para qualquer esclarecimento no decorrer da sua participac¸a˜o, estarei dis- ponı´vel atrave´s dos telefones: (celular), , . O senhor(a) tambe´m podera´ entrar em contato com , o Co- miteˆ de E´tica em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Amapa´ Rodovia JK, s/n – Bairro Marco Zero do Equador - Macapa´/AP, para obter informac¸o˜es so- bre esta pesquisa e/ou sobre a sua participac¸a˜o, atrave´s dos telefones 4009-2804, 4009- 2805. Desde ja´ agradecemos! Eu (nome por extenso) declaro U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 20 CAPI´TULO 1. CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS que apo´s ter sido esclarecido(a) pela pesquisadora, lido o presente termo, e enten- dido tudo o que me foi explicado, concordo em participar da Pesquisa intitulada . Macapa´, de de 20 . Assinatura do Pesquisador ou pesquisadores Nome por extenso Instituic¸a˜o........ Cel: (XX) e-mail: Assinatura do paciente Caso o paciente esteja impossibilitado de assinar: Eu , abaixo assinado, confirmo a leitura do presente termo na ı´ntegra para o(a) paciente , o(a) qual declarou na minha presenc¸a a compreensa˜o plena e aceitac¸a˜o em participar desta pesquisa, o qual utilizou a sua impressa˜o digital (abaixo) para confirmar a participac¸a˜o. Polegar direito (caso na˜o assine). Testemunha no1: Testemunha no2: 1.9 Avaliac¸a˜o da aprendizagem A avaliac¸a˜o desta disciplina sera´ processual, formativa e somativa. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 1.9. AVALIAC¸A˜O DA APRENDIZAGEM 21 1.9.1 Avaliac¸a˜o processual Voceˆ ja´ ouviu falar em avaliac¸a˜o processual? Sinoˆnimo de avaliac¸a˜o formativa ou contı´nua, ela indica a pra´tica de examinar a aprendizagem ao longo das ativida- des realizadas em sala de aula: produc¸o˜es, comenta´rios, apresentac¸o˜es, criac¸o˜es e trabalhos em grupos. “Isso faz a diferenc¸a porque e´ o elo entre o ensino e a aprendizagem e torna o docente corresponsa´vel pelo processo”, afirma Benigna Villas Boas, professora da Universidade de Brası´lia (UnB) e autora de, entre ou- tros livros, Virando a Escola do Avesso por Meio da Avaliac¸a˜o (144 p.). Avaliar dessa maneira permite acompanhar a construc¸a˜o do conhecimento, identificar eventuais problemas e dificuldades e corrigi-los antes de avanc¸ar. “Isso ajuda ainterpretar o que a turma aprendeu ou na˜o e, assim, intervir, mudando as estrate´gias”, explica Jussara Hoffmann, autora de livros como Avaliac¸a˜o Media- dora: Uma Pra´tica em Construc¸a˜o da Pre´-Escola a` Universidade (160 p.). Deveria ser assim sempre, mas em muitas salas de aula ainda predominam provas classificato´rias, que servem como instrumento de poder e domı´nio do do- cente e deixam para o aluno toda a responsabilidade pelo resultado. “E´ importante que os educadores abram ma˜o de avaliac¸o˜es tradicionais e coloquem esse recurso realmente a servic¸o da aprendizagem”, continua Jussara. A rotina atribulada e a formac¸a˜o deficita´ria dos docentes sa˜o aspectos que di- ficultam a adesa˜o a propostas diferenciadas. “Isso resulta em falta de preparo para estimular uma cultura avaliativa que na˜o seja excludente e punitiva”, comenta Jose´ Albertino Carvalho Lordelo, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Apesar dos obsta´culos, e´ perfeitamente possı´vel colocar essa nova visa˜o em pra´tica. “An- tes de mais nada, o professor precisa ter muita clareza de seus objetivos”, res- salta Denise Tonello, orientadora pedago´gica e educacional do Cole´gio Miguel de Cervantes, em Sa˜o Paulo. Segundo ela, um passo importante e´ criar o ha´bito de registrar o que se passa na sala. “Sem isso, informac¸o˜es preciosas podem se perder”, explica Elisabete Montagner, formadora de professores do Sesi, em Sa˜o Paulo. E´ possı´vel anotar falas significativas, o desempenho e as dificuldades apre- sentadas pelos alunos, a participac¸a˜o geral e tudo o mais que ajude a ter um perfil claro da turma e que facilitara´ saber onde, como e quando intervir. “Fichas de acompanhamento facilitam o trabalho com classes numerosas”, diz Elisabete. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 22 CAPI´TULO 1. CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS A atribuic¸a˜o de nota na˜o e´ um problema, pois as escolas e as redes a`s quais esta˜o vinculadas, de um modo geral, costumam adota´-la. Na avaliac¸a˜o formativa, pore´m, ela na˜o ocupa lugar de destaque. “Trata-se de um paraˆmetro, decorreˆncia do processo”, diz Benigna. Outro ponto fundamental e´ diversificar os procedimentos, sempre pensando em criar desafios para a garotada. Nesse sentido, um forte aliado em todas as etapas de ensino e´ o portfo´lio. Ele pode reunir as produc¸o˜es mais significativas do estudante ou do grupo. “Esse material na˜o e´ simplesmente uma colec¸a˜o do que o estudante fez. Ele deve indicar o percurso de aprendizagem”, defende Ce´lia Maria Guimara˜es, professora da Universidade Estadual Paulista “Ju´lio de Mes- quita Filho”(Unesp) e coautora do livro Fundamentos e Pra´ticas da Avaliac¸a˜o na Educac¸a˜o Infantil (Ed. Mediac¸a˜o, no prelo). O portfo´lio permite ao professor ter uma visa˜o mais ampla dos resultados e ao aluno fazer reflexo˜es sobre o que sabe. Ele mesmo pode escolher o que sera´ incorporado a` pasta, num processo de tomada de conscieˆncia sobre o que foi aprendido e o que ainda falta aprender. 1.9.2 Avaliac¸a˜o formativa O que e´? Tambe´m chamada de avaliac¸a˜o para as aprendizagens, a avaliac¸a˜o formativa tem seu foco no processo ensino-aprendizagem. Alguns teo´ricos chegam a nomear essa modalidade com o nome de avaliac¸a˜o formativa diagno´stica. A avaliac¸a˜o formativa na˜o tem finalidade probato´ria e esta´ incorporada no ato de ensinar, inte- grada na ac¸a˜o de formac¸a˜o. Alguns autores consideram que a avaliac¸a˜o formativa englobe as outras modalidades de avaliac¸a˜o ja´ que ela se da´ durante o processo educacional. Seu cara´ter e´ especificamente pedago´gico. Quais sa˜o seus objetivos? A avaliac¸a˜o formativa pretende melhorar o processo de ensino-aprendizagem mediante o uso de informac¸o˜es levantadas por meio da ac¸a˜o avaliativa. Semelhan- temente a` avaliac¸a˜o diagno´stica, a avaliac¸a˜o formativa busca detectar dificuldades suscetı´veis de aparecer durante a aprendizagem a fim de corrigi-las rapidamente. Todavia, seu foco esta´ no processo de ensino e aprendizagem. Atrave´s dessa modalidade de avaliac¸a˜o, informac¸o˜es sobre o desenvolvimento do aluno sa˜o for- U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 1.9. AVALIAC¸A˜O DA APRENDIZAGEM 23 necidas ao professor, permitindo que a pra´tica docente se ajuste a`s necessidades discentes durante o processo. Quais sa˜o as suas caracterı´sticas? Uma das mais importantes caracterı´sticas da avaliac¸a˜o formativa e´ a capaci- dade em gerar, com rapidez, informac¸o˜es u´teis sobre etapas vencidas e dificul- dades encontradas, estabelecendo um feedback contı´nuo sobre o andamento do processo de ensino e aprendizagem. Com esse tipo de avaliac¸a˜o e´ possı´vel ter os subsı´dios para a busca de informac¸o˜es para soluc¸a˜o de problemas e dificul- dades surgidas durante o trabalho com o aluno. Na avaliac¸a˜o formativa, os fa- tores endo´genos, ou seja, os fatores internos a` situac¸a˜o educacional sa˜o levados em conta para proceder a` avaliac¸a˜o. Por acontecer durante o processo de ensino e aprendizagem, a avaliac¸a˜o formativa se caracteriza por possibilitar a proximidade, o conhecimento mu´tuo e o dia´logo entre professor e aluno. Para que servem os seus resultados? Os resultados da avaliac¸a˜o formativa servira˜o de base para identificar como o processo de aprendizagem tem acontecido. As informac¸o˜es que essa avaliac¸a˜o revela permitem o planejamento, o ajuste, o redirecionamento das pra´ticas pe- dago´gicas no intuito de aprimorar as aprendizagens dos alunos. Ou seja, seus re- sultados servem para apoiar, compreender, reforc¸ar, facilitar, harmonizar as com- peteˆncias e aprendizagens dos alunos. 1.9.3 Avaliac¸a˜o somativa O que e´? E´ uma modalidade avaliativa pontual que ocorre ao fim de um processo edu- cacional (ano, semestre, bimestre, ciclo, curso etc.). Ate´m-se a` determinac¸a˜o do grau de domı´nio de alguns objetivos pre´-estabelecidos propondo-se a realizar um balanc¸o somato´rio de uma ou va´rias sequ¨eˆncias de um trabalho de formac¸a˜o. E´ tambe´m chamada de avaliac¸a˜o das aprendizagens. Quais sa˜o seus objetivos? A avaliac¸a˜o somativa esta´ preocupada com os resultados das aprendizagens. Ela pretende, assim, fazer um balanc¸o somato´rio de uma ou va´rias sequeˆncias do trabalho de formac¸a˜o. Essa modalidade avaliativa sintetiza as aprendizagens dos U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 24 CAPI´TULO 1. CONSIDERAC¸O˜ES INICIAIS alunos tendo por base crite´rios gerais. Quais sa˜o as suas caracterı´sticas? Sua principal caracterı´stica e´ a capacidade de ale´m de informar, situar e clas- sificar o avaliado, tendo a perspectiva de conclusa˜o em evideˆncia, pois acontece no final de um processo educacional. Para que servem os seus resultados? A avaliac¸a˜o somativa fornece informac¸o˜es sintetizadas que se destinam ao registro e a` publicac¸a˜o do que parece ter sido assimilado pelos alunos. Ou seja, seus resultados servem para verificar, classificar, situar, informar e certificar. O Capı´tulo 2 corresponde a primeira unidade do Plano de Ensino desta disci- plina. Tem como objetivo apresentar para discutir e debater os principais to´picos da educac¸a˜o brasileira, influenciada por pesquisadores estrangeiros, principal- mente os europeus, destarte8 na quarta sec¸a˜o apresentaremos o resumo da contribuic¸a˜o cientı´fica de alguns dos principais teo´ricos, incluindo os brasileiros que se desta- caram no Se´culo XX, na Educac¸a˜o Matema´tica. 8N.A.: adve´rbio - assim, desta maneira; dessarte. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at ema´t ic a Capı´tulo 2 UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O “A principal meta da educac¸a˜o e´ criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, na˜o simplesmente repetir o que outras gerac¸o˜es ja´ fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educac¸a˜o e´ formar mentes que estejam em condic¸o˜es de criticar, verificar e na˜o aceitar tudo que a elas se propo˜e.” (Jean Piaget (1896-1980)) Neste Capı´tulo sera´ estudada a primeira unidade da disciplina MPCEM, com- posta pelos seguintes conteu´dos: To´picos de educac¸a˜o: so´cionteracionismo, inte- ligeˆncia, educac¸a˜o emocional, principais ideias dos principais teo´ricos da educac¸a˜o. 2.1 Sociointeracionismo Nascido na Bielorru´ssia, Lev Semenovich Vygotsky, foi psico´logo e publicou diversos estudos sobre aprendizagem considerando que o homem e´ um ser social, isto e´, o homem influencia no meio social e reciprocamente e´ influenciado. 25 U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 26 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O Figura 2.1 – Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934). Fonte: Figura de internet (2017). 2.1.1 O sujeito biolo´gico e o sujeito social Segundo Piaget, as func¸o˜es psicolo´gicas teˆm um suporte biolo´gico e sa˜o mol- dadas ao longo da histo´ria da espe´cie e do indivı´duo (biogeˆnese1 e ontogeˆnese2). O sujeito biolo´gico converte-se em sujeito humano pela interac¸a˜o social (sociogeˆnese) . Diferentemente de Piaget, que supo˜e a equilibrac¸a˜o como um princı´pio ba´sico para explicar o desenvolvimento cognitivo, Vygotsky parte da premissa de que esse desenvolvimento deve ser entendido com refereˆncia ao contexto social e cul- tural (microescala) no qual ocorre. 2.1.2 Zona de desenvolvimento proximal (ZDP) O ensino para Vygotsky, deve se antecipar ao que aluno ainda na˜o sabe nem e´ capaz de aprender sozinho, porque, na relac¸a˜o entre o aprendizado e desen- volvimento, o primeiro vem antes. E´ a isso que se refere um de seus principais conceitos, o zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que seria a distaˆncia real de uma criac¸a˜o e aquilo que ela tem o potencial de aprender. Em outras palavras, a zona de desenvolvimento proximal e´ o caminho entre o que a crianc¸a consegue 1Atualmente, a lei da biogeˆnese, atribuı´da a Louis Pasteur, e´ resultante da observac¸a˜o de que seres vivos prove´m apenas de outros seres vivos, atrave´s da reproduc¸a˜o. Ou seja, que seres vivos na˜o se formam diretamente a partir de materiais na˜o-vivos em forma como proposta na gerac¸a˜o espontaˆnea. 2E´ todo o periodo de desenvolvimento de um organismo, desde a fertilizac¸a˜o do zigoto ate´ que ele se complete como individuo adulto. Fases do Desenvolvimento ontogene´tico: Gametogeˆnese, Fertilizac¸a˜o, Clivagem, Gastrulac¸a˜o, Organogeˆnese, Crescimento e diferenciac¸a˜o histolo´gica. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.1. SOCIOINTERACIONISMO 27 aprender sozinha e o que ela esta´ perto de conseguir fazer sozinha. Nas palavras do pro´prio psico´logo, “a zona proximal de hoje sera´ o nı´vel de desenvolvimento real amanha˜”. Ou seja: aquilo que nesse momento uma crianc¸a so´ consegue fazer com a ajuda de algue´m, um pouco mais adiante ela certamente conseguira´ fazer sozinha. Depois que Vygotsky elaborou o conceito, ha´ mais de 90 anos, a integrac¸a˜o de crianc¸as em diferentes nı´veis de desenvolvimento passou a ser encarada como um fator determinante no processo de aprendizado. Figura 2.2 – Zona de Desenvolvimento Proximal Fonte: Figura de internet (2017). Figura 2.3 – Zona de Desenvolvimento Proximal Fonte: Figura de internet (2017). Em sua teoria, Vygotsky apresenta a noc¸a˜o de que o bom aprendizado e´ aquele U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 28 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O que considera o nı´vel de desenvolvimento potencial ou proximal, ou seja, o que as crianc¸as sa˜o capazes de realizar com e sem a ajuda externa. A Zona de Desenvolvimento Proximal e´ o campo intermedia´rio entre o desen- volvimento real e o desenvolvimento potencial. O desenvolvimento real e´ aquilo que o sujeito consolidou de forma autoˆnoma. O desenvolvimento potencial pode ser inferido com base no que o indivı´duo consegue resolver com a ajuda de um mediador. Conhecendo essa zona de desenvolvimento, o educador, como mediador entre o aluno e o meio social, pode oferecer as experieˆncias necessa´rias para o aluno avanc¸ar. Oferecer experieˆncias muito avanc¸adas, ale´m dessa zona, pode ser prejudicial, enquanto experieˆncias aque´m do potencial podem se tornar desinteressantes ou ino´cuas. A ZDP reflete o cara´ter bidirecional das relac¸o˜es entre desenvolvimento e aprendizagem. Pode ser definida como a diferenc¸a entre o nı´vel do que a pessoa e´ capaz de fazer com a ajuda de outros (parceiro mais capaz, pai, ma˜e, professor, etc) e o nı´vel das tarefas que pode fazer por si so´. - nı´vel de desenvolvimento real; - nı´vel de desenvolvimento potencial. A ZDP tem um cara´ter dinaˆmico e complexo. Seus limites variam de in- divı´duo para indivı´duo em relac¸a˜o a diferentes aˆmbitos de desenvolvimento, tare- fas e conteu´dos. Para Vygotsky, a formac¸a˜o se da´ numa relac¸a˜o diale´tica entre o sujeito e a so- ciedade a seu redor – ou seja, homem modifica o ambiente e o ambiente modifica o homem. Para ele o que interessa e´ a interac¸a˜o que cada pessoa estabelece com determinado ambiente, a chamada experieˆncia pessoalmente significativa. Outro conceito da teoria de Viygotsky e´ a mediac¸a˜o. Segundo a teoria Vygots- kiana, toda relac¸a˜o do indivı´duo com o mundo e´ feita por meio de instrumentos te´cnicos e da linguagem – que traz consigo conceitos consolidados da cultura a` qual pertence o sujeito. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.1. SOCIOINTERACIONISMO 29 2.1.3 Aprendizagem mediada E´ a aquisic¸a˜o de conhecimentos por meio de um intermedia´rio entre o ser humano e o ambiente. Ha´ dois tipos de mediadores: os intrumentos e os signos. Figura 2.4 – Aprendizagem mediada. Fonte: Fotografia da internet (2017). Os pilares da teoria de Vygotsky (tambe´m conhecida como “teoria da mediac¸a˜o”) sa˜o: • Os processo mentais superiores (pensamento, linguagem, comportamento volitivo, atenc¸a˜o consciente, memo´ria volunta´ria, etc) teˆm origem em pro- cessos sociais e sa˜o a conversa˜o de relac¸o˜es sociais em func¸o˜es mentais. • Mas como as relac¸o˜es sociais se convertem em func¸o˜es psicolo´gicas? • Instrumentos e signos como mediadores destes processos. 2.1.4 Pensamento verbal E´ a capacidade humana de unir a linguagem ao pensamento para organizar a realidade. Trata-se do pensamento histo´rico-social que distingue o homem dos outros animais. 2.1.5 Instrumentos e signos 2.1.5.1 Instrumentos Um instrumento e´ algo que pode ser usado para fazer alguma coisa. Os ani- mais tambe´m usam instrumentos em sua interac¸a˜o com o ambiente. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 30 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O 2.1.5.2 Signos Um signo e´ algo que significa uma outra coisa e e´ tambe´m um instrumento mediador. 2.1.6 Func¸o˜es mentais superiores A combinac¸a˜o do uso de instrumentos e signos permite o desenvolvimento de func¸o˜es mentais superiores. 2.1.7 Signo e significado Signo e´ algo que significa alguma coisa. Os significadosde palavras e gestos sa˜o construı´dos socialmente. Exemplo 2.1. Exemplo de signo Mesa: o que ha´ de regularidade em uma varie- dade infinita de um tipo de objeto. Exemplo 2.2. Exemplo de significado Pesquisa em portugueˆs se aplica a ativi- dade cientı´fica, em espanhol se aplica a investigac¸a˜o policial. 2.1.8 Tipos de signos Ha´ treˆs tipos de signos: 2.1.8.1 Indicadores Sa˜o aqueles que teˆm uma relac¸a˜o de causa e efeito com aquilo que significam. Exemplo 2.3. Fumac¸a indica fogo. 2.1.8.2 Icoˆnicos Sa˜o imagens ou desenhos daquilo que significam. 2.1.8.3 Simbo´licos Teˆm uma relac¸a˜o abstrata com o que significam. Por exemplo: signos ma- tema´ticos, signos de traˆnsitos. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.1. SOCIOINTERACIONISMO 31 2.1.9 Linguagem As sociedades criam sistemas de signos ao longo da histo´ria que modificam e influenciam seu desenvolvimento social e cultural. Para Vygotsky e´ pela interiorizac¸a˜o de sistemas de signos, produzidos cultu- ralmente, que se da´ o desenvolvimento cognitivo. O domı´nio de linguagens abstratas (fala, matema´tica, mapas, gra´ficos, etc) permite o afastamento de um contexto concreto. Isso leva ao desenvolvimento do pensamento conceitual e proposicional. 2.1.10 Fala A fala e´ um marco no desenvolvimento cognitivo. Func¸a˜o objetiva para controlar e regular o comportamento (“ferramentas do pensamento”). Para Piaget, a fala egoceˆntrica na crianc¸a reflete o pensamento egoceˆntrico. Para Vygotsky ela evolui em direc¸a˜o a fala internalizada. A internalizac¸a˜o da fala leva a` independeˆncia em relac¸a˜o a` realidade concreta e permite o pensamento abstrato flexı´vel. Func¸a˜o subjetiva para se comunicar. 2.1.11 Aprendizagem O desenvolvimento individual consiste, em boa parte, no acesso progressivo a esses signos e sistemas de signos ou, em outras palavras, na aprendizagem pro- gressiva dos signos e sua utilizac¸a˜o A estrutura cognitiva desenvolve-se pelo uso de signos. Quanto mais instrumentos e signos se aprende, mais se amplia a gama de atividades que o sujeito pode aprender. 2.1.12 Parceiro mais capaz A aprendizagem de signos ocorre com a participac¸a˜o em situac¸o˜es de interac¸a˜o social com pessoas mais competentes no uso desses sistemas de sı´mbolos. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 32 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O Desta forma, o desenvolvimento passa por uma fase externa. 2.1.13 Lei da dupla formac¸a˜o No desenvolvimento toda func¸a˜o aparece duas vezes – primeiro em nı´vel so- cial, e, depois, em nı´vel individual. Primeiro entre pessoas (interpessoal) e depois no interior do pro´prio interior da pessoa (intrapessoal). Assim, o desenvolvimento cultural do aluno, ou sua aprendizagem, se da´ me- diante o processo de relac¸a˜o do aluno com o professor ou com outros alunos mais competentes. Desta forma, Vygostky enfoca a interac¸a˜o social; enquanto que Piaget enfoca o indivı´duo como unidade de ana´lise. Aprendizagem e´ a assimilac¸a˜o consciente do mundo fı´sico mediante a interiorizac¸a˜o gradual de atos externos e sua transformac¸a˜o em ac¸o˜es mentais. Privilegiam o ambiente social. Diferentemente de Piaget, para Vygotsky na˜o e´ preciso esperar determinadas estruturas mentais se formarem para que a aprendizagem de um conceito seja possı´vel. E´ o ensino que desencadeia a formac¸a˜o de estruturas mentais necessa´rias a` aprendizagem. E´ preciso, no entanto, na˜o ultrapassar a capacidade cognitiva do aprendiz quando se busca criar novas estruturas mentais. Ou seja, respeitar a ZDP. 2.1.14 Desenvolvimento O ser humano nasce apenas com recursos biolo´gicos, mas com a conviveˆncia social, com seus valores e sua cultura, esses recursos concretizam o processo de humanizac¸a˜o (de desenvolvimento humano), essencialmente possı´vel por meio do Processo Ensino e Aprendizagem (PEA). A` medida que o homem toma conscieˆncia da conscieˆncia que possui, mais e mais ele abstrai sobre seus atos e sobre o meio. E esses elementos da conscieˆncia va˜o dar origem aos denominados processos mentais superiores, envolvendo memorizac¸a˜o ativa seguida de pensamento abstrato. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.1. SOCIOINTERACIONISMO 33 Figura 2.5 – O desenvolvimento do conhecimento. Fonte: Figura de internet (2017). 2.1.15 Implicac¸o˜es para o ensino Vygotsky caracteriza a aprendizagem como um processo que lida com dois tipos de conceitos: Conceitos espontaˆneos: adquiridos no contexto cotidiano a partir de referen- tes concretos. Conceitos cientı´ficos: adquiridos, por meio do ensino, pela atribuic¸a˜o de sig- nificados em uma estrutura conceitual. Os conceitos cientı´ficos sa˜o construı´dos pela explicitac¸a˜o das suas relac¸o˜es com outros conceitos ja´ existentes na estrutura cognitiva do aprendiz (os conceitos pre´vios). Temos aqui novamente a ide´ia de que o aluno aprende a partir do que ja´ sabe! O professor e´ o participante que ja´ internalizou significados socialmente com- partilhados dos assuntos tratados no currı´culo. O aluno deve, de alguma maneira (dia´logos, avaliac¸o˜es, problemas, desafios, etc) ’devolver’ ao professor o significado que captou. O ensino se consuma quando aluno e professor compartilham significados aceitos pela comunidade. Isso implica que todos os envolvidos no PEA devam expressar-se e tenham a oportunidade para isso. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 34 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O Para Vygotsky, o bom ensino e´ aquele que esta´ a` frente do desenvolvimento cognitivo. O professor deve apresentar, dentro de certos limites, desafios e informac¸o˜es cuja utilidade o aluno possa comec¸ar a perceber. Figura 2.6 – O professor mediador deve observar o desenvolvimento da aprendi- zagem do aluno e caso necessa´rio devera´ intervir ajudando-o a apreender o conhe- cimento e sozinho possa resolver as situac¸o˜es problemas. Fonte: Figura de internet (2017). O professor reage a`s tentativas do aprendiz, incentivando, corrigindo, fazendo novas perguntas e exigeˆncias, em func¸a˜o de sua percepc¸a˜o do que ele pode ou na˜o fazer. O aluno evolui porque sempre esta´ recebendo novas informac¸o˜es e desafios, que exigem que ela va´ um pouco ale´m do que ja´ sabe. Ela deve ser assime´trica, isto e´, deve haver pelo menos um parceiro mais capaz em relac¸a˜o ao conteu´do trabalhado. A questa˜o (ou problema ou desafio) que desencadeia a interac¸a˜o deve estar bem definida e ser conhecida por todos os participantes. A ZDP deve ser respeitada. Algumas obras de Vygotsky • A Formac¸a˜o Social da Mente. • Pensamento e Linguagem. • Linguagem, Desenvolvimento e Aprendizagem, Vygotsky, Luria e Leon- tiev. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.2. INTELIGEˆNCIA 35 • A Linguagem e o Outro no Espac¸o Escolar - Vygotsky e a Construc¸a˜o do Conhecimento. 2.2 Inteligeˆncia 2.1 Conceito • Substantivo feminino. 1 Faculdade de conhecer, compreender e aprender. 2 capacidade de compreender e resolver novos problemas e conflitos e de adaptar-se a novas situac¸o˜es. 3 conjunto de func¸o˜es psı´quicas e psicofisiolo´gicas que contribuem para o conhecimento, para a compreensa˜o da natureza das coisas e do significado dos fatos. “a doenc¸a afetou a sua id” 4 modo de interpretar, de julgar; interpretac¸a˜o,juı´zo. 2.2 Id Id (em alema˜o es, “ele, isso”) designa na teoria psicanalı´tica uma das treˆs es- truturas do modelo tria´dico do aparelho psı´quico. O id seria a fonte da energia psı´quica (libido). E´ formado pelas pulso˜es - instintos, impulsos orgaˆnicos e dese- jos inconscientes. Funciona segundo o princı´pio do prazer (al. Lustprinzip), ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o que e´ aversivo. O Id na˜o faz planos, na˜o espera, busca uma soluc¸a˜o imediata para as tenso˜es, na˜o aceita frustrac¸o˜es e na˜o conhece inibic¸a˜o. Ele na˜o tem contato com a reali- dade, e uma satisfac¸a˜o na fantasia pode ter o mesmo efeito de atingir o objetivo atrave´s de uma ac¸a˜o concreta. O id desconhece juı´zo, lo´gica, valores, e´tica ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial, egoı´sta e dirigido ao prazer. De acordo com psicanalistas, o id seria completamente inconsciente. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 36 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O Figura 2.7 – As treˆs estruturas do modelo tria´dico do aparelho psı´quico: ego, superego e id, segundo Sigmund Freud (1856-1939) Fonte: Figura de internet (2017). 2.3 Educac¸a˜o emocional 2.3.1 Introduc¸a˜o A partir do evento das teorias de Daniel Goleman (Inteligeˆncia Emocional) e de Haward Gardner (Inteligeˆncias Mu´ltiplas), houve o desencadeamento de uma verdadeira reviravolta nos estudos acerca da inteligeˆncia e da emoc¸a˜o. Assim, falar em educac¸a˜o emocional implica, necessariamente, numa ana´lise do contexto dessas duas teorias. Embora sejam teorias com formulac¸o˜es aparente- mente distintas, existe uma co-relac¸a˜o muito estreita entre ambas. Talvez, a maior diferenc¸a entre elas esteja no fato de que Goleman da´ um detalhamento muito maior ao papel das emoc¸o˜es. Para entender o conceito de inteligeˆncia emocional, e´ preciso que se tenha uma concepc¸a˜o bastante clara em relac¸a˜o a´ inteligeˆncia e a´ emoc¸a˜o. A partir do se´culo XVII, os psico´logos ja´ admitiam a divisa˜o da mente em treˆs partes: cognic¸a˜o, afeto e motivac¸a˜o. A cognic¸a˜o engloba a memo´ria, o raciocı´nio, o julgamento e a abstrac¸a˜o. O afeto constitui-se de func¸o˜es como: as emoc¸o˜es em si, o humor e´ as sensac¸o˜es. E, finalmente, a motivac¸a˜o refere-se a instintos biolo´gicos ou a comportamentos adquiridos atrave´s do aprendizado. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.3. EDUCAC¸A˜O EMOCIONAL 37 Figura 2.8 – Howard Gardner (1943-) Fonte: Figura de internet (2017). 2.3.2 Inteligeˆncias mu´ltiplas A Teoria das Inteligeˆncias Mu´ltiplas foi desenvolvida pelo psico´logo ameri- cano Howard Gardner. Segundo ele, o ce´rebro dos homens e mulheres possui oito tipos diferentes de inteligeˆncia. Howard Gardner (Scranton, Pensilvaˆnia, 11 de julho de 1943) e´ um psico´logo cognitivo e educacional estado-unidense, ligado a` Universidade de Harvard e co- nhecido em especial pela sua teoria das inteligeˆncias mu´ltiplas. Em 1981 rece- beu preˆmio da MacArthur Foundation. Em 2011 foi galardoado com o Pre´mio Prı´ncipe das Astu´rias das Cieˆncias Sociais. Ele e´ professor de Cognic¸a˜o e Educac¸a˜o na Universidade de Harvard, profes- sor adjunto de neurologia na Universidade de Boston. No entanto, segundo a mesma teoria, a maioria das pessoas possui um ou dois tipos de inteligeˆncias mais desenvolvidas que as outras. Isso explica porque uma pessoa pode ser muito boa com ca´lculos matema´ticos e ter dificuldade com atividades artı´sticas. A teoria ainda afirma que e´ praticamente impossı´vel dizer que uma pessoa e´ “mais inteligente”que a outra. Uma crianc¸a que aprende a multiplicar nu´meros facilmente na˜o e´ necessariamente mais inteligente do que outra que tenha habili- dades mais forte em outro tipo de inteligeˆncia. Depois de mais alguns anos de pesquisa, Gardner ponderou que existe uma 9a inteligeˆncia que talvez seja importante incluir na lista: a inteligeˆncia existencial. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 38 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O 2.3.3 Os nove tipos de inteligeˆncia Segundo Gardner, sa˜o as inteligeˆncias mu´ltiplas sa˜o as seguintes: • Lo´gicomatema´tica. • Linguı´stica. • Musical. • Espacial. • Corporal cineste´sica. • Intrapessoal. • Interpessoal. • Naturalista. • Existencial. 2.3.3.1 Inteligeˆncia logicomatematica A capacidade de confrontar e avaliar objetos e abstrac¸o˜es, discernindo as suas relac¸o˜es e princı´pios subjacentes. Habilidade para raciocı´nio dedutivo e para so- lucionar problemas matema´ticos. Cientistas possuem esta caracterı´stica. A Figura 2.9 da´ uma ideia do que vem a ser os elementos de interesse do indivı´duo logico- matematico. E´ claro que existem muitos outros. Figura 2.9 – Inteligeˆncia logicomatematica. Fonte: Figura de internet (2017). U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.3. EDUCAC¸A˜O EMOCIONAL 39 2.3.3.2 Inteligeˆncia linguı´stica Caracteriza-se por um domı´nio e gosto especial pelos idiomas e pelas palavras e por um desejo em os explorar. E´ predominante em poetas, escritores, e linguis- tas. A Figura 2.10 ilustra algumas a´reas de interesse do elemento linguı´stico. Figura 2.10 – Inteligeˆncia linguı´stica. Fonte: Figura de internet (2017). 2.3.3.3 Inteligeˆncia musical Identifica´vel pela habilidade para compor e executar padro˜es musicais, execu- tando pedac¸os de ouvido, em termos de ritmo e timbre, mas tambe´m escutando-os e discernindo-os. Pode estar associada a outras inteligeˆncias, como a linguı´stica, espacial ou corporal-cineste´sica. E´ predominante em compositores, maestros, mu´sicos e crı´ticos de mu´sica. Figura 2.11 – Inteligeˆncia musical. Fonte: Figura de internet (2017). 2.3.3.4 Inteligeˆncia espacial Expressa-se pela capacidade de compreender o mundo visual com precisa˜o, permitindo transformar, modificar percepc¸o˜es e recriar experieˆncias visuais ate´ U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 40 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O mesmo sem estı´mulos fı´sicos. E´ predominante em arquitetos, artistas, escultores, carto´grafos, geo´grafos, navegadores e jogadores de xadrez, por exemplo. Figura 2.12 – Inteligeˆncia espacial. Fonte: Figura da internet (2017). 2.3.3.5 Inteligeˆncia corporal cineste´sica Traduz-se na maior capacidade de controlar e orquestrar movimentos do corpo. E´ predominante entre atores e aqueles que praticam a danc¸a ou os esportes. Uma pessoa que se comunica atrave´s da ac¸a˜o corporal. O cineste´sico exagero nos abrac¸os, beijos, carinho, fazendo ser notado atrave´s de algum movimento ou barulho. “Sua necessidade cineste´sica(de movimento).” Figura 2.13 – Linguagem corporal cineste´sica Fonte: Figura de internet (2017). 2.3.3.6 Inteligeˆncia intrapessoal Expressa na capacidade de se conhecer, e´ a mais rara inteligeˆncia sob domı´nio do ser humano pois esta´ ligada a capacidade de neutralizac¸a˜o dos vı´cios, entendi- U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.3. EDUCAC¸A˜O EMOCIONAL 41 mento de crenc¸as, limites, preocupac¸o˜es, estilo de vida profissional, autocontrole e domı´nio dos causadores de estresse. A Figura 2.14, mostra a fotografia de Albert Einstein (1879-1955), um fı´sico teo´rico alema˜o. Entre seus principaistrabalhos desenvolveu a teoria da relativi- dade geral, ao lado da mecaˆnica quaˆntica um dos dois pilares da fı´sica moderna. Figura 2.14 – Inteligeˆncia intrapessoal. Fonte: Figura de internet (2017). A inteligeˆncia intrapessoal, segundo historiadores, marcou o seu comporta- mento, pois assim conseguiu de maneira relativamente fa´cil reescrever as teorias da fı´sica cla´ssica sem destruı´-la, pore´m comprovando que a mesma e´ va´lida (ver- dadeira) somente para pequena (baixa) velocidade. 2.3.3.7 Inteligeˆncia interpessoal Expressa pela habilidade de entender as intenc¸o˜es, motivac¸o˜es e desejos dos outros. Encontra-se mais desenvolvida em polı´ticos, religiosos e professores. 2.3.3.8 Inteligeˆncia naturalista Traduz-se na sensibilidade para compreender e organizar os objetos, fenoˆmenos e padro˜es da natureza, como reconhecer e classificar plantas, animais, minerais. E´ caracterı´stica de bio´logos e geo´logos, por exemplo. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 42 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O Figura 2.15 – Inteligeˆncia interpessoal. Fonte: Figura de internet (2017). Figura 2.16 – Inteligeˆncia naturalista. Fonte: Figura de internet (2017). 2.3.3.9 Inteligeˆncia existencial Investigada no terreno ainda do “possı´vel”, carece de maiores evideˆncias. Abrange a capacidade de refletir e ponderar sobre questo˜es fundamentais da existeˆncia. Seria caracterı´stica de lı´deres espirituais e de pensadores filoso´ficos. Figura 2.17 – Inteligeˆncia existencial. Fonte: Figura de internet (2017). U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.4. PRINCIPAIS IDEIAS DOS PRINCIPAIS TEO´RICOS DA EDUCAC¸A˜O 43 2.4 Principais ideias dos principais teo´ricos da educac¸a˜o 2.4.1 Joahnn Heinrich Pestalozzi (1746-1827) Para a mentalidade contemporaˆnea, amor talvez na˜o seja a primeira palavra que venha a` cabec¸a quando se fala em cieˆncia, me´todo ou teoria. Mas o afeto teve papel central na obra de pensadores que lanc¸aram os fundamentos da pedagogia moderna. Nenhum deles deu mais importaˆncia ao amor, em particular ao amor materno, do que o suı´c¸o Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827). Antecipando concepc¸o˜es do movimento da Escola Nova, que so´ surgiria na virada do se´culo 19 para o 20, Pestalozzi afirmava que a func¸a˜o principal do ensino e´ levar as crianc¸as a desenvolver suas habilidades naturais e inatas. “Segundo ele, o amor deflagra o processo de autoeducac¸a˜o”, diz a escritora Dora Incontri, uma das poucas estudiosas de Pestalozzi no Brasil. Me´todo de observac¸a˜o, linguagem, e´poca de aprender na˜o e´ a e´poca de jul- gamento e crı´tica, ensino do simples gradual, tempo para dominar o conteu´do, ensino e´ o alvo par ao desenvolvimento, respeito a individualidade, o ensino deve aumentar os poderes da inteligeˆncia , saber × poder, aprendizagem × conquista da te´cnica, relac¸a˜o professor× aluno de amor, a instruc¸a˜o deve ter uma finalidade. Respeito a`s diferenc¸as individuais e as etapas do desenvolvimento natural das crianc¸as, introduziu os novos recursos da dida´tica. Contra: E´poca de aprender na˜o e´ e´poca de julgamento e crı´tica. Palavras-chave: Escola do trabalho. Comportamentalista. Educac¸a˜o natural segundo o desenvolvimento da crianc¸a, meio para a reforma social. 2.4.2 Johann Friedrich Herbart (1776-1841) Nacionalidade alema˜. Conteu´dos unificados correlacionados a Educac¸a˜o In- fantil Comportamentalista. Seu me´todo inicia-se pelo interesse da crianc¸a, a observac¸a˜o, a solicitac¸a˜o e a ac¸a˜o, correspondendo aos passos de instruc¸a˜o,como regras de exposic¸a˜o. Clareza, associac¸a˜o, sistematizac¸a˜o. Do simples ao complexo. Introduzir a dida´tica, dosagem equilibrada de conhecimento de acordo com a etapa da aprendizagem. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 44 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O Seguidor de Pestalozzi. 2.4.3 Friedrich Froebel (1782-1852) Friedrich Wilhelm August Fro¨bel foi um pedagogo e pedagogista3 alema˜o com raı´zes na escola Pestalozzi. Foi o fundador do primeiro jardim de infaˆncia. Jardim da Infaˆncia. Escola aprender para a vida. Trabalhar canto, gesto e linguagem, trabalhos artesanais. Palavras-chave: Verdade. Justic¸a. Liberdade. Responsabilidade. Iniciativa. Importaˆncia da crianc¸a. Estimulo. Direc¸a˜o. 2.4.4 JohnDewey (1859-1952) Filo´sofo, pedagogo e pedagogista norte-americano. E´ considerado o expoente ma´ximo da escola progressiva norte americana. Projetos, democracia e liberdade – Escola Nova, social coletivo. Behaviorista e funcionalista, pragmatismo, humanista progressista. Ac¸a˜o-reflexa˜o-experieˆncia; educac¸a˜o para a vida e sociedade mais justa e igualita´ria. Cognitivista4: situac¸a˜o problema, ana´lise, incubac¸a˜o, insight, verificac¸a˜o, educac¸a˜o pela ac¸a˜o (experieˆncia), propiciar as crianc¸as condic¸o˜es para resolver por si pro´pria seus problemas, conteu´dos significados. Contra: muito conservador. Na˜o questiona a sociedade e seus valores conser- vadores. 3Adjetivo e substantivo de dois geˆneros: 1. que ou quem e´ especialista em pedagogia. 2. diz-se de ou divulgador de temas pedago´gicos. 4O movimento foi uma resposta ao behaviorismo, que, segundo os cognitivistas, negligencia a cognic¸a˜o. A psicologia cognitiva deriva seu nome do latim cognoscere (’conhecer’) e e´, em parte, derivada de antigas tradic¸o˜es de investigac¸a˜o acerca do pensamento e de processos de resoluc¸a˜o de problemas. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.4. PRINCIPAIS IDEIAS DOS PRINCIPAIS TEO´RICOS DA EDUCAC¸A˜O 45 2.4.5 Rudolf Steiner (1861 -1925) O educador austrı´aco e´ responsa´vel pela pedagogia Waldorf, que e´ responsa´vel por uma relac¸a˜o direta do estudante com a natureza em um processo explorato´rio e investigativo. Os conteu´dos devem ser ensinados va´rias vezes durante o ciclo escolar, entretanto, nunca da mesma maneira. O aluno e´ estimulado a pensar por meio de fa´bulas, lendas e contos, quando crianc¸a, e com rigor cientı´fico quando chega a adolesceˆncia. O estudante, tambe´m, e´ estimulado a interagir com o que lhe e´ apresentado de forma teo´rica. Aulas de quı´mica em laborato´rios onde ha´ a criac¸a˜o de substaˆncias por meio da aplicac¸a˜o de fo´rmulas vistas no quadro negro - inicialmente apresentadas durante a aprendizagem de cieˆncias -, sa˜o exemplo do modelo que abrange diversas fases da vida escolar. Antroposofia5, corpo, alma, imaginac¸a˜o humanista. Aluno no centro, levando em conta as diferentes caracterı´sticas das crianc¸as, concepc¸a˜o holı´stica, eurritmia (trabalhos manuais), seteˆnicos (0/7-bom,7/14-belo,14/21- sabedoria). Professor da classe tutor, conteu´dos da e´poca, escola para elite. Equilı´brio entre o corpo e alma. Contra: Nos primeiros sete anos afirma que a aprendizagem se realiza por meio da imitac¸a˜o e nada deve ser racionalizada. 2.4.6 William Heard Kilpatrick (1871-1965) Pesquisas relacionadas: John Dewey, Harold Rugg e Bruno Maiorca. Pequenos projetos humanistas so´cio-culturais. Trabalhava junto com Dewey. Criticado por perpetuar valores tradicionais. Projetos de produc¸a˜o, consumo, situac¸a˜o-problema e elaborac¸a˜o de um novo me´todo te´cnico. Projeto pedago´gico, atividades significativas, realidade do aluno e a relac¸a˜o com o social, respeitam as etapas de desenvolvimento do aluno. 5A Antroposofia, do grego ”conhecimento do ser humano”, introduzida no inı´cio do se´culo XX pelo austrı´aco Rudolf Steiner,pode ser caracterizada como um me´todo de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o conhecimento obtido pelo me´todo cientı´fico convencional, bem como a sua aplicac¸a˜o em praticamente todas as a´reas da vida humana. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 46 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O Contra: sua escola para elites, escola com poucos alunos, seu me´todo para escola publica na˜o e´ via´vel. Na˜o mostra a realidade. 2.4.7 Maria Montessori (1870-1952) Primeira mulher a se formar em medicina na Ita´lia na˜o poˆde exercer a pro- fissa˜o por ser proibida de examinar corpos masculinos. Maria, enta˜o, se dedicou a estudar crianc¸as com problemas de aprendizagem e, posteriormente, aplicou o estudado em pessoas isentas dessas dificuldades. Dentre suas criac¸o˜es esta´ o me´todo construtivista, onde as crianc¸as aprendem trabalhando com materiais em vez de instruc¸o˜es diretas. A italiana criou uma se´rie de cinco exercı´cios: para a vida cotidiana, sensorial, linguagem, matema´tica e cieˆncias. Os materiais sa˜o constituı´dos por pec¸as so´lidas de diversos tamanhos, formas, espessuras e sons para que o aluno possa interagir com o conteu´do, ate´ enta˜o apresentado no quadro negro, por meio do toque, visa˜o, ale´m da audic¸a˜o. Dentre eles esta´ o material dourado, auxiliador na compreensa˜o do sistema nume´rico decimal frequente nas se´ries iniciais das escolas brasileiras, portanto o Me´todo Montessori e´ o resultado de pesquisas cientı´ficas e empı´ricas desenvolvidos por esta me´dica e pedagoga. Materiais dida´ticos e mobı´lias apropriadas. Esta´gios: de 3 em 3 em anos. Contra: me´todo individualizado, diferente de Freinet educac¸a˜o voltada para a vida. Pro´: abriu a porta para as mulheres ingressarem em uma profissa˜o. Palavras-chave: Liberdade. Atividade. Vitalidade. Individualidade. Autoconfianc¸a. Humanista. Individual. Crianc¸as excepcionais. 2.4.8 Ovide Decroly (1871-1932) Foi me´dico, psico´logo, professor e pedagogista belga. Individual e social, trabalho em conjunto e equilı´brio; Humanista, pedotecnia, crianc¸as especiais, globalizac¸a˜o do conhecimento, cen- tros de interesses, linguagens mu´ltiplas, teorias biossociais. Trabalhos manuais (jogos e brincadeiras). U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.4. PRINCIPAIS IDEIAS DOS PRINCIPAIS TEO´RICOS DA EDUCAC¸A˜O 47 Etapas de aprendizagens: observac¸a˜o, associac¸a˜o, expressa˜o. A escola: sociedade em miniatura, mate´rias concretos, deve ser prazerosa, defende a liberdade de iniciativa e a responsabilidade. Contra: na˜o e´ via´vel para salas com grande nu´mero de alunos, como das escolas pu´blicas. 2.4.9 Jonh Broadus Watson (1878-1959) Foi um psico´logo estadunidense, considerado o fundador do comportamenta- lismo. Behaviorismo (do ingleˆs Behavior = Comportamento) e´ o conjunto de aborda- gens que propo˜e o comportamento como objeto de estudo da psicologia. Alguns consideram John B. Watson o fundador do behaviorismo por conta de seu ma- nifesto, de 1913, no qual afirmou: “A psicologia, como um behaviorista a` veˆ, e´ um ramo puramente objetivo da Cieˆncia Natural. Seu objetivo teo´rico e´ a pre- visa˜o e o controle do comportamento. A introspecc¸a˜o na˜o e´ parte essencial de seu me´todos [...] o behaviorista, em seus esforc¸os para conseguir um esquema unita´rio das respostas animais, na˜o reconhece uma linha diviso´ria entre homem e besta.”. Watson, dessa forma, optava por priorizar a investigac¸a˜o do comportamento por meio de me´todos na˜o introspectivos, medindo comportamentos e eventos publi- camente observa´veis e, acima de tudo, pelo abandono da terminologia mentalista, circular e na˜o operacionalizada da psicologia internalista de seu tempo. 2.4.10 Henri Wallon (1879-1962) Henri Paul Hyacinthe Wallon foi um filo´sofo, me´dico, psico´logo e polı´tico franceˆs. Graduou-se em medicina e psicologia. Fez tambe´m filosofia. Aprendizagem emocional humanista. Habilidade ligada ao emocional. Fazer o que gosta. Importaˆncia do outro, potencial afetivo, relacionamento professor – aluno, ap- sicogeˆnico e´ a da pessoa completa, afetivo, cognitivo e o motor, prioriza o emoci- onal. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 48 CAPI´TULO 2. UNIDADE I - TO´PICOS DE EDUCAC¸A˜O Contra: teoria muito complexa. 2.4.11 Roger Cousinet (1881-1973) Cousinet, teo´rico franceˆs. Humanista. Adepto da psicologia experimental, a crianc¸a como ela e´. Educac¸a˜o centrada no aluno. Trabalha a observac¸a˜o, experimentac¸a˜o, analise de documentos. O aluno e´ sujeito do seu pro´prio conhecimento, autoconfianc¸a. Contra: idem Decroly Palavras-chave: Jogos. Coletivo. 2.4.12 Neil Summerhill (1883 - 1973) Alexander Sutherland Neill, foi um educador e escritor escoceˆs, fundador da escola Summerhill6. Ficou famoso por defender a liberdade das crianc¸as na educac¸a˜o escolar e por ser pioneiro na aplicac¸a˜o teo´rica da gesta˜o democra´tica nas escolas. No campo da Educac¸a˜o, Neill desconstro´i as supostas “verdades”que forma- vam parte do quadro de valores da e´poca quando despreza a visa˜o cientificista de origem positivista que exalta a primazia do(s) me´todo(s) de ensino cartesiano na formac¸a˜o do indivı´duo por este esquecer-se de dar valor a` sensibilidade e aos afetos, condutores da felicidade do individuo enquanto aprendiz. Livro: Liberdade Sem Medo - Summerhill. Liberdade centrada no aluno, educar para a felicidade; escola liberal e princı´pios liberais de autonomia. Salas ambientes, professor perı´odo integral e cada um teˆm sua sala, regras e punic¸o˜es feitas pelos pro´prios alunos. Ac¸a˜o baseada no amor incondicional. Contras: escola para classe me´dia e alta. promiscuidade. Palavras-chave: Liberdade. Autonomia. Responsabilidade Humanista. 6Em uma versa˜o direta do ingleˆs significa Colina de Vera˜o. U ni ve rs id ad e Fe de ra ld o A m ap a´ -L ic en ci at ur a em M at em a´t ic a 2.4. PRINCIPAIS IDEIAS DOS PRINCIPAIS TEO´RICOS DA EDUCAC¸A˜O 49 2.4.13 George Po´lya (1887-1985) George Po´lya (em hu´ngaro: Po´lya Gyo¨rgy); Budapeste, 13 de dezembro de 1887 — Palo Alto, 7 de setembro de 1985 foi um matema´tico hu´ngaro e professor de matema´tica de 1914 a 1940 no ETH Zu¨rich na Suı´c¸a, e de 1940 a 1953 na Stan- ford University. Po´lya permaneceu como professor eme´rito de Stanford o resto de sua vida e carreira. Trabalhou com uma variedade de to´picos matema´ticos, in- cluindo se´ries, teoria dos nu´meros, ana´lise matema´tica, geometria, a´lgebra, com- binato´ria e probabilidade.[2] Tambe´m e´ nota´vel sua contribuic¸a˜o para a heurı´stica em educac¸a˜o matema´tica. Livros: 1. A Arte de Resolver Problemas. 2. Mathematical Discovery: On Understanding, Learning and Teaching Problem Solving Combined (Descoberta Matema´tica: Na Compreensa˜o, Aprendizagem e Ensino Soluc¸a˜o de Problemas). 3. Mathematics and plausible reasoning (Matema´tica e raciocı´nio plausı´vel). 4. Problems and Theorems in Analysis I Series: Integral Calculus. Theory of Functions (Problemas e teoremas em ana´lise I: Series. Ca´lculo integral. Teoria das Func¸o˜es )(Po´lya et al.). 2.4.14 Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) Vygotsky teorizou sobre o sociointeracionismo (homem como um ser social). Lev Semenovich Vygotsky foi um psico´logo bielorusso. Desenvolvimento e aprendizagem se da´ atrave´s da interac¸a˜o social, o bom ensino e´ o que se incide na zona proximal real e proximal potencial, conhecimentos mu´ltiplos. A regia˜o de intersec¸a˜o entre
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