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INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS Pressuposto e Subentendido

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4 – Informações Implícitas: Pressuposto e Subentendido 1 
4 - INFORMAÇÕES IMPLÍCITAS - Pressuposto e Subentendido 
Comunicação e Expressão – Profª. Denise Duarte 
 
 
 
Observe a seguinte frase: “Fiz faculdade, mas aprendi algumas coisas.” 
Nela, o falante transmite duas informações de maneira explícita: primeiro que ele frequentou um curso superior; e depois, 
que ele aprendeu algumas coisas. 
 
Ao ligar essas duas informações com um mas comunica também de modo implícito sua crítica ao sistema de ensino 
superior, pois a frase passa a transmitir a ideia de que nas faculdades não se aprende nada. 
 
Um dos aspectos mais intrigantes da leitura de um texto é a verificação de que ele pode dizer coisas que parece não estar 
dizendo: além das informações explicitamente enunciadas, existem outras que ficam subentendidas ou pressupostas. 
Para realizar uma leitura eficiente, o leitor deve captar tanto os dados explícitos quanto os implícitos. Se ele não tiver essa 
habilidade, a de ler nas entrelinhas, passará por cima de significados importantes ou – o que é bem pior - concordará com 
ideias ou pontos de vista que rejeitaria se percebesse. 
 
 
PRESSUPOSTOS: são aquelas ideias não expressas de maneira explícita, mas que 
o leitor pode perceber a partir do sentido certas palavras ou expressões contidas 
na frase. 
 
Ex.: Pedro deixou de fumar. 
 
Ideia explícita: agora, Pedro não fuma. 
Ideia implícita ou pressuposto: antes, Pedro fumava (informação transmitida pelo verbo “deixar”). 
 
A informação explícita pode ser questionada pelo ouvinte, que pode ou não concordar com ela. Os pressupostos, no 
entanto, têm que ser verdadeiros ou pelo menos admitidos como verdadeiros, porque é a partir deles que se constroem as 
informações explícitas. Se o pressuposto é falso, a informação explícita não tem cabimento. No exemplo acima, se Pedro 
não fumava antes, não tem cabimento afirmar que ele deixou de fumar. 
 
Ao introduzir um conteúdo sob a forma de pressuposto, o falante transforma o ouvinte em cúmplice, pois a ideia implícita 
não é posta em discussão, é apresentada como se fosse aceita por todos, e os argumentos explícitos só contribuem para 
confirmá-la. O pressuposto aprisiona o ouvinte ao sistema de pensamento montado pelo falante. 
 
Ex.: É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de um ataque soviético. 
 
Ideia explícita: - a necessidade da construção de mísseis; 
 - com a finalidade de defesa contra o ataque soviético. 
Pressuposto: - os soviéticos pretendem atacar o Ocidente. 
 
Argumentos contra: 
- os mísseis não são eficientes para conter o ataque soviético; 
- uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os soviéticos; 
- a negociação com os soviéticos é o único meio de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente. 
 
Como se pode ver, os argumentos são contrários ao que está dito explicitamente, mas todos eles confirmam o 
pressuposto, isto é, todos os argumentos aceitam que os soviéticos pretendem atacar o Ocidente. 
 
A aceitação do pressuposto é que permite levar adiante o debate. Os pressupostos são marcados, nas frases, por meio de 
vários indicadores como: 
 
a) Certos advérbios: ainda, totalmente etc. “Os resultados da pesquisa ainda não chegaram”. 
b) Certos verbos: tornar, continuar, vir a ser, ficar, passar a, deixar de, começar a, transformar-se, pretender, supor, alegar 
imaginar etc. “Renato continua doente”. 
c) Orações adjetivas explicativas: “Os candidatos a prefeito, que só querem defender seus interesses, não pensam no 
povo.” (todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais) 
d) Orações adjetivas restritivas: “Os candidatos a prefeito que só querem defender seus interesses não pensam no 
povo.” (nem todos os candidatos a prefeito têm interesses individuais). 
e) Adjetivos: “Os partidos radicais acabarão com a democracia no Brasil.” (existem partidos radicais no Brasil). 
f) Algumas conjunções: “Ela é muito inteligente apesar de ser mulher”. (existem mulheres que não são inteligentes). 
4 – Informações Implícitas: Pressuposto e Subentendido 2 
SUBENTENDIDOS: são insinuações escondidas por trás de uma afirmação, ou seja, 
insinuações presentes numa frase ou num conjunto de frases e que não são marcadas 
linguisticamente. 
 
Exemplos: 
 
Você vai à casa de uma pessoa e uma das janelas da sala está aberta e por onde entra um vento terrível e você diz: “Que 
frio terrível!” 
Você pode estar insinuando “Feche a janela”. 
Mas, se o dono da casa alegar que não é higiênico ficar com todas as janelas fechadas. 
Você pode dizer que concorda e que apenas constatou que o frio era muito intenso. 
 
Uma pessoa com o cigarro na mão pergunta: 
─ Você tem fogo? 
Acharia estranho se você dissesse 
─ Tenho e não lhe acendesse o cigarro 
Atrás da pergunta ‘Você tem fogo?’ Fica subentendido: Acenda-me o cigarro por favor. 
 
O Brasil continua sendo o melhor do mundo no futebol. 
Existe o pressuposto de que o Brasil já era o melhor do mundo, compartilhado, pelo menos, com o interlocutor. Em 
propaganda, tanto o pressuposto como o subentendido acabam por ser poderosos instrumentos de persuasão, uma vez 
que inserem o interlocutor no enunciado publicitário ao chamá-lo para completar o efeito de sentido desejado. 
 
Diferença entre pressuposto e subentendido: o pressuposto é um dado posto como indiscutível para o falante e para o 
ouvinte, não é para ser contestado; o subentendido é de responsabilidade do ouvinte, pois o falante, ao subentender, 
esconde-se por trás do sentido literal das palavras e pode dizer que não estava querendo falar o que o ouvinte entendeu. O 
subentendido diz sem dizer, sugere, mas não diz. 
 
 
EXERCÍCIOS: 
 
1. Leia com atenção os dois segmentos que vêm a seguir: 
a) Os latifúndios que são improdutivos estarão sujeitos à desapropriação. 
b) Os latifúndios, que são improdutivos, estarão sujeitos à desapropriação. 
Os dois trechos acima não possuem o mesmo significado, pois contêm pressupostos diferentes. Supondo que existam 
apenas essas duas opções para incluir num projeto de reforma agrária, 
a) Qual delas contaria com o apoio dos latifundiários? 
b) Qual seria apoiada pelos sem-terra? Explique sua resposta. 
 
 
 
 
 
2. Observe o noticiário que segue: 
a) Foi posto em liberdade, hoje, o maníaco do estilete, que tem espalhado pânico nas ruas de Pinheiros. 
b) Por causa da greve do poder judiciário, prescreveu, hoje, o prazo de reclusão de criminosos detidos há mais de trinta 
dias. 
As duas notícias, postas lado a lado, induzem a um subentendido. De que subentendido se trata? 
 
 
 
 
 
PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS EM LETRAS DE MÚSICA 
 
 Com a deflagração do golpe militar em 31 de março de 1964, o panorama da sociedade brasileira iria mudar 
radicalmente, a começar pelas sanções impostas pelos novos governantes no que tange às liberdades democráticas, 
impondo gradativamente um silêncio autoritário que iria fazer calar as vozes mais brilhantes do país, em todos os campos 
do conhecimento. As contradições do regime recém imposto iriam tornar-se bem evidentes quando anunciaram a 
possibilidade de eleições diretas em 1965 e logo depois sufocaram os anseios da população mantendo as forças armadas 
sob o comando do exército no poder. Essas e outras atitudes como a cassação de deputados, as restrições a imprensa e 
às artes, notadamente na música popular, geraram uma insatisfação que tinha na universidade seu apelo maior. Vivíamos 
em constante tensão, nossos passos eram vigiados, e nossas consciências manipuladas. 
 Mas com todo esse clima o Brasil conseguia sobreviver com uma efervescência cultural extraordinária, e a porta vez da 
insatisfação era capitaneada pela música popularque vivia momentos gloriosos, principalmente em função do sucesso dos 
Festivais que eram realizados pelas emissoras de televisão. A produção musical brasileira estava dividida em dois 
extremos, aqueles que se vinculavam ao “iê iê iê” sob a influência dos Beatles e os outros que se preocupavam com as 
questões sociais e que passariam a história como os compositores de uma vertente denominada de música de protesto. 
4 – Informações Implícitas: Pressuposto e Subentendido 3 
 O maior expoente dessa canção arrebatadora e que criticava abertamente o regime foi Geraldo Vandré, artista típico de 
uma geração contestadora e que sabia muito bem qual o seu papel na sociedade e a importância da mensagem que a sua 
arte tinha para fazer valer seus direitos de cidadão livre em face de uma repressão contínua, aliando a tudo isso os graves 
problemas de ordem social, política e econômica em que vivia o país. Música: “Caminhando” ou “Para não dizer que não 
falei das Flores”. 
 Outro compositor muito censurado durante o regime militar foi Chico Buarque de Hollanda. Censurado por qualquer 
motivo, nos anos 70, bastava aparecer na censura uma música de sua autoria para os censores tentarem a transformação 
para peritos . 
 
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Lições de Texto: leitura e redação. (lição 20) 
FIORIN, José Luiz e PLATÃO, Francisco. Para entender o texto: leitura e redação (Lição 27) 
 
 
TRABALHO PARA NOTA: 
1. Em grupos, leiam as letras das músicas, destacando em cada uma delas: 
 a) dois pressupostos 
 b) dois subentendidos 
Expliquem o que querem dizer. 
2. Vocês consideram a música de Geraldo Vandré um protesto em relação ao regime da época? Justifiquem. 
Retirem versos para comprovar sua argumentação. 
3. Qual o sentido da palavra “Cálice” na letra de Chico Buarque de Hollanda? Por que o autor pede com insistência 
esse “Cálice”? 
4. Interpretem a 3ª estrofe da música “Cálice”. A que silêncio o autor se refere? 
5. Justifiquem o título da música: “Apesar de você” de Chico Buarque. 
6. Qual o sentido dos seguintes versos: “Quando chegar o momento, esse meu sofrimento, vou cobrar com juros, 
juro...” 
7. Quando indagado pela censura sobre quem seria o “você” da letra de sua música, Chico alegou ser uma mulher 
muito mandona, autoritária. Vocês concordam? Por quê? 
8. Pesquisem uma letra de música atual que contenha pressupostos e subentendidos. Expliquem o porquê, 
fazendo uma relação com o contexto histórico da época. 
 
 
Apesar de você 
 Chico Buarque/1970 
 
Hoje você é quem manda 
Falou, tá falado 
Não tem discussão 
A minha gente hoje anda 
Falando de lado 
E olhando pro chão, v iu 
Você que inventou esse estado 
E inventou de inventar 
Toda a escuridão 
Você que inventou o pecado 
Esqueceu-se de inventar 
O perdão 
 
Apesar de você 
Amanhã há de ser 
Outro dia 
Eu pergunto a você 
Onde vai se esconder 
Da enorme euforia 
Como vai proibir 
Quando o galo insist ir 
Em cantar 
Água nova brotando 
E a gente se amando 
Sem parar 
 
Quando chegar o momento 
Esse meu sofr imento 
Vou cobrar com juros, juro 
Todo esse amor reprimido 
Esse grito cont ido 
Este samba no escuro 
Você que inventou a tr isteza 
Ora, tenha a f ineza. 
 
De des inventar 
Você va i pagar e é dobrado 
Cada lágr ima ro lada 
Nesse meu penar 
 
Apesar de você 
Amanhã há de ser 
Out ro d ia 
Inda pago pra ver 
O jard im f lorescer 
Qual você não quer ia 
Você va i se amargar 
Vendo o d ia ra iar 
Sem lhe pedi r l icença 
E eu vou morrer de r i r 
Que esse d ia há de v i r 
Antes do que você pensa 
 
Apesar de você 
Amanhã há de ser 
Out ro d ia 
Você va i ter que ver 
A manhã renascer 
E esbanjar poes ia 
Como vai se expl icar 
Vendo o céu c larear 
De repente, impunemente. 
Como vai abafar 
Nosso coro a cantar 
Na sua f rente 
 
Apesar de você 
Amanhã há de ser 
Out ro d ia 
Você va i se dar ma l 
Etc . e ta l 
4 – Informações Implícitas: Pressuposto e Subentendido 4 
 
 
Cálice 
 Gilberto Gil e Chico Buarque (1973) 
 
(REFRÃO) 
Pai, afasta de mim esse cálice 
Pai, afasta de mim esse cálice 
Pai, afasta de mim esse cálice 
De vinho tinto de sangue 
 
Como beber dessa bebida amarga 
Tragar a dor, engolir a labuta 
Mesmo calada a boca, resta o peito 
Silêncio na cidade não se escuta 
De que me vale ser filho da santa 
Melhor seria ser filho da outra 
Outra realidade menos morta 
Tanta mentira, tanta força bruta 
(REFRÃO) 
 
Como é difícil acordar calado 
Se na calada da noite eu me dano 
Quero lançar um grito desumano 
Que é uma maneira de ser escutado 
Esse silêncio todo me atordoa 
Atordoado eu permaneço atento 
Na arquibancada pra a qualquer momento 
Ver emergir o monstro da lagoa 
(REFRÃO) 
 
De muito gorda a porca já não anda 
De muito usada a faca já não corta 
Como é difícil, pai, abrir a porta 
Essa palavra presa na garganta 
Esse pileque homérico no mundo 
De que adianta ter boa vontade 
Mesmo calado o peito, resta a cuca 
Dos bêbados do centro da cidade 
(REFRÃO) 
 
Talvez o mundo não seja pequeno 
Nem seja a vida um fato consumado 
Quero inventar o meu próprio pecado 
Quero morrer do meu próprio veneno 
Quero perder de vez tua cabeça 
Minha cabeça perder teu juízo 
Quero cheirar fumaça de óleo diesel 
Me embriagar até que alguém me esqueça 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pra Não Dizer que Não Falei das Flores 
 Geraldo Vandré (1968) 
 
Caminhando e cantando e seguindo a canção 
Somos todos iguais, braços dados ou não 
Nas escolas, nas ruas, campos, construções 
Caminhando e cantando e seguindo a canção 
 
Vem, vamos embora, que esperar não é saber 
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer 
 
Pelos campos há fome em grandes plantações 
Pelas ruas marchando indecisos cordões 
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão 
E acreditam nas flores vencendo o canhão 
 
Vem, vamos embora, que esperar não é saber 
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer 
 
Há soldados armados, amados ou não 
Quase todos perdidos de armas na mão 
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição 
De morrer pela pátria e viver sem razão 
 
Vem, vamos embora, que esperar não é saber 
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer 
 
Nas escolas, nas ruas, campos, construções 
Somos todos soldados, armados ou não 
Caminhando e cantando e seguindo a canção 
Somos todos iguais, braços dados ou não 
Os amores na mente, as flores no chão 
A certeza na frente, a história na mão 
Caminhando e cantando e seguindo a canção 
Aprendendo e ensinando uma nova lição 
 
Vem, vamos embora, que esperar não é saber 
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

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