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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Faculdade de Medicina Veterinária Disciplina Anatomia Animal Aplicada à Zootecnia ROTEIRO TEÓRICO-PRÁTICO SOBRE MIOLOGIA DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS Prof. André Luiz Quagliatto Santos - Responsável. Profa. Lucélia Gonçalves Vieira – Colaboradora. Uberlândia/ 2018 RESUMO SOBRE MIOLOGIA – PARTE TEÓRICA O tecido muscular constitui cerca de metade do peso total do corpo. A maior parte da forma do corpo é devida aos numerosos músculos presos ao esqueleto e subjacentes à pele. Outros tipos de músculos estão localizados nas paredes dos órgãos ocos e nos vasos sanguíneos. FUNÇÕES As funções dos músculos dependem de sua localização. Em todos os casos, entretanto, a ação muscular é o resultado da ação de contratilidade das células musculares individuais, que lhes confere propriedade de contração e distensão, ou seja, permite encurtar ou estender o músculo. Por meio de contrações sustentadas, ou por contrações alternadas, o tecido muscular exerce cinco funções chave: produção dos movimentos corporais, estabilização das posições do corpo, regulação do volume dos órgãos, movimentação de substâncias dentro do corpo e produção de calor. - Produção dos movimentos: os movimentos do corpo como andar, correr ou saltar dependem do funcionamento integrado de ossos, articulações e músculos esqueléticos; - Estabilização das posições corporais: as contrações dos músculos esqueléticos estabilizam as articulações e participam da manutenção das posições corporais como ficar de pé. Os músculos posturais se contraem continuamente, quando o animal está acordado. Por exemplo, os músculos do pescoço; - Regulação do volume dos órgãos: a contração sustentada das faixas anelares dos músculos lisos, os esfíncteres, pode impedir a saída do conteúdo de um órgão oco, como estômago e bexiga urinária; - Movimento de substâncias dentro do corpo: as contrações do músculo cardíaco bombeiam o sangue para os vasos sanguíneos do corpo. A contração dos músculos lisos, nas paredes dos vasos sanguíneos, ajuda a regular seus diâmetros e dessa forma regula o fluxo sanguíneo. As contrações dos músculos lisos também movem o alimento e substâncias, como a bile e as enzimas digestivas, ao longo do trato gastrintestinal; empurram os gametas pelos sistemas reprodutores dentre outros exemplos. - Produção de calor: quando o tecido muscular se contrai, ele também produz calor. Grande parte desse calor, liberado pelos músculos, é usado na manutenção da temperatura corporal do animal. CLASSIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS QUANTO AO ASPECTO HISTOLÓGICO - Músculo esquelético: como o nome indica, a maioria está fixada aos ossos do esqueleto. As contrações dos músculos esqueléticos exercem força nos ossos e os movem. Conseqüentemente o músculo esquelético é responsável por atividades tais como, andar, correr, saltar e etc. O tecido muscular esquelético é referido como estriado, porque faixas alternadas claras e escuras (estriações) são visíveis quando examinado ao microscópio. Suas fibras são cilíndricas e longas, não ramificadas com estriações transversais dispostas em feixes paralelos e múltiplos núcleos periféricos. Este tipo de tecido atua, principalmente, de modo voluntário. - Músculo cardíaco: é um tipo de músculo especializado que forma a parede do coração, o miocárdio. Ele é involuntário como o músculo liso. Suas fibras são mais curtas e se ramificam e anastomosam com estriações transversais paralelas, discos intercalados e núcleos, isolado e central. - Músculo liso: Localizam-se nas estruturas ocas internas, como os vasos sanguíneos, as vias aeríferas e a maioria dos órgãos da cavidade abodmino-pélvica. Também é encontrado na pele, preso aos folículos pilosos. As fibras desse músculo são fusiformes pequenas, isoladas ou aglomeradas, sem estriações e com núcleo único e central. A ação do músculo liso é, involuntária. COMPONENTES ANATÔMICOS DO MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO - Envoltórios dos músculos: cada músculo estriado esquelético é composto de numerosas células musculares individuais, as fibras musculares. Estas fibras estão mantidas unidas por delgadas bainhas de membranas de tecido conjuntivo chamadas de fáscias. A fáscia que envolve o músculo todo é o epimísio. A fáscia também penetra no músculo, separando as fibras musculares em feixes chamados fascículos. Esta fáscia é o perimísio. Extensões muito delgadas da fáscia, chamada endomísio, envolve a membrana celular de cada fibra muscular. - Fixações do músculo esquelético: os músculos estão ancorados ao esqueleto por extensões do endomísio, perimísio e epimísio. Estes tecidos conjuntivos continuam-se para além da extremidade do músculo e se fixam diretamente no periósteo do osso, ou pode se constituir numa forte conexão fibrosa chamada tendão, que então se torna contínuo com o periósteo do osso. Alguns tendões são muito curtos, enquanto outros pode ter até mais de 30cm de comprimento. Os tendões que assumem a forma laminar são chamados de aponeuroses. Tanto os tendões quanto as aponeuroses são esbranquiçados e brilhantes, muito resistentes e praticamente inextensíveis, constituído por tecido conjuntivo denso. Tendões e aponeuroses servem para fixar o músculo ao esqueleto, cartilagem, cápsulas articulares, septos intermusculares, derme e tendão de outro músculo. Em certos músculos, as fibras dos tendões são tão reduzidas que se tem a impressão de que o ventre muscular se prende diretamente no osso. As fixações de ambas as extremidades de um músculo esquelético são dadas nomes específicos. A origem é a extremidade menos móvel e geralmente é proximal. A inserção é a extremidade mais móvel e geralmente é distal. O ventre muscular é a porção média, a mais carnosa, nela predomina as fibras musculares é, portanto, a parte ativa dos músculos, isto é, a parte contrátil. CLASSIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS 1.1 Quanto à forma e arranjo de suas fibras A função do músculo condiciona sua forma e o arranjo de suas fibras. Como as funções dos músculos são variadas, também o são sua morfologia e o arranjo de suas fibras. De modo geral os músculos têm as fibras dispostas paralelas ou oblíquas. - Disposição paralela das fibras: 1- Músculos longos: os fascículos correm paralelamente ao longo eixo do músculo, formando músculos em forma de fita ou tira. Este tipo de músculo tem função de deslocamento, apresentam como elemento de fixação o tendão, e está localizado principalmente nos membros; 2- Músculos largos: Músculos nos quais o comprimento e largura se equivalem. Tem função de proteção, apresentam como elemento de fixação a aponeurose, e está localizado no tórax e no abdome. - Disposição oblíqua das fibras: Músculos cujas fibras são oblíquas em relação aos tendões e denominam-se como peniforme, porque esta disposição lembra uma pena. 1- Unipenados: quando feixes musculares se prendem numa só borda do tendão. 2- Bipenado: quando os feixes musculares e prendem nas duas bordas do tendão. 3- Multipenado: quando os feixes musculares se prendem em dois ou mais tendões. - Disposição circular das fibras: São os músculos circulares que rodeiam orifícios e canais, como os músculos orbiculares. 1.2 QUANTO À ORIGEM Os músculos podem apresentar mais de um tendão de origem. - Bíceps: São os músculos que se originam por dois tendões. Exemplo: músculo bíceps braquial e músculo bíceps femoral; - Tríceps: São os músculos que se originam por três tendões. Exemplo: músculo tríceps braquial;- Quadríceps: São os músculos que se originam por quatro tendões. Exemplo: músculo quadríceps femoral. 1.3 QUANTO À INSERÇÃO Do mesmo modo, os músculos podem inserir-se por mais de um tendão. - Bicaudado: quando há dois tendões de inserção. Exemplo: Músculo flexor superficial dos dedos em ruminantes e músculo flexor profundo dos dedos em ruminantes; - Policaudado: quando há três ou mais tendões de inserção. Exemplo: Músculo flexor comum dos dedos e músculo extensor comum dos dedos. 1.4 QUANTO AO VENTRE MUSCULAR Alguns músculos apresentam mais de um ventre muscular, com tendões intermediários situados entre eles. - Digástricos: Músculos que apresentam dois ventres musculares. Exemplo: Músculo digástrico; - Poligástricos: Músculos que apresentam vários ventres musculares, como é o caso do músculo reto do abdome. 1.5 QUANTO A AÇÃO MUSCULAR Dependendo da ação principal resultante da contração do músculo, o mesmo pode ser classificado como: - Flexor e extensor; - Adutor e abdutor; - Pronador e supinador; - Depressores ou elevadores; - Dilatadores, esfíncteres, orbiculares, tensores dentre outros. 2 CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DOS MÚSCULOS - Agonistas: Realizam o movimento principal; - Antagonistas: Contrapõem ao movimento principal A maior parte dos movimentos é resultado da ação conjunta de vários músculos. Muitos músculos estriados esqueléticos estão dispostos em pares opostos nas articulações, sendo os flexores/extensores, adutores/abdutores e assim por diante. Nos pares de opositores, um músculo chamado de agonista (=líder), contrai-se para gerar a ação desejada, enquanto o outro músculo, o antagonista (=contra), relaxa e permite os efeitos do agonista. O antagonista e o agonista estão, com freqüência, localizados um de cada lado do osso ou articulação. Exemplo: Ao fletir o braço o bíceps braquial é o agonista e o tríceps braquial o antagonista. Um músculo agonista pode também funcionar como um antagonista e vice-versa, como por exemplo, ao estender o antebraço, o tríceps é o agonista e o bíceps braquial o antagonista. Note que se o agonista e o antagonista contraírem simultaneamente, com forças equivalentes, não ocorrerá movimento. - Sinergista (=trabalho junto): Estabilizam articulações para o agonista agir. Exemplo: os músculos que fletem os dedos (agonistas) cruzam a articulação intercárpicas e radiocárpicas (articulações intermediárias). Se o movimento, nessas articulações não fosse impedido, não seria possível fletir os dedos sem fletir o punho ao mesmo tempo. A contração sinérgica dos extensores do carpo estabiliza a articulação do punho e evita sua movimentação (movimento indesejável), enquanto os músculos flexores dos dedos se contraem para fletir eficientemente os dedos. Os sinergistas estão, normalmente, localizados próximos do agonista. - Fixadores: Fixadores ou posturais contribui para manutenção da postura. Alguns músculos de um grupo muscular também agem como fixadores, que estabilizam a origem do agonista de modo que ele possa agir mais eficientemente. Os fixadores imobiliazam a extremidade proximal de um membro enquanto os movimentos ocorrem na extremidade distal. Exemplo: a escápula é um osso com movimentos livres que serve como origem de muitos músculos que movem o braço, entretanto, quando os músculos dos braços se contraem, a escápula deve manter-se imóvel. Isso é conseguido pela ação dos músculos fixadores, que seguram a escápula firmemente. Na abdução do braço, o músculo deltóide serve como agonista, enquanto os músculos fixadores (Músculos peitoral, trapézio, serrátil e outros) seguram a escápula. ÓRGÃOS ACESSÓRIOS DO SISTEMA MUSCULAR Bainhas sinoviais e bainhas fibrosas dos tendões e as bolsas sinoviais são considerados anexos ou órgãos acessórios do sistema muscular. - Bainha sinovial: Em determinados locais, os tendões correm em contato com extensas superfícies ósseas. Neste ponto os tendões são envolvidos por dupla membrana conjuntiva sinovial. A cavidade limitada pelas membranas é preenchida por líquido semelhando ao líquido sinovial das cavidades articulares. Este sistema facilita o deslocamento do tendão pela diminuição de seu atrito com as partes duras. Estas membranas são altamente vascularizadas e podem, ocasionalmente, inflamar-se provocando graves infecções. - Bainha fibrosa: São elementos fibrosos que alojam os tendões, também vasos e nervos protegendo-os e direcionando o movimento. - Bolsa sinovial: São sacos de tecido conjuntivo revestidos internamente por membrana sinovial e preenchidos por líquido viscoso semelhante ao sinovial. As bolsas sinoviais aparecem em pontos de atrito entre tendões e ossos e entre a pele e ossos. Tal como as bainhas, elas também auxiliam o movimento pela diminuição do atrito entre as partes em contato. Algumas bolsas inflamam-se com certa facilidade e recebe o nome de bursite. NOMENCLATURA DOS MÚSCULOS ESQUELÉTICOS Vários critérios são usados para dar nome aos músculos; cada um deles descreve uma característica particular do músculo que está sendo nomeado. É muito útil familiarizar com tais critérios. Forma: os nomes dos músculos fazem referência ao seu formato. Ex. músculo trapézio, forma de trapézio, músculo rombóide, forma de losango; Ação: Os nomes dos músculos fazem referência às ações do músculo, pelo uso do termo flexor, extensor, adutor ou pronador. Ex. músculo flexor superficial dos dedos flexiona os dedos; Localização: É possível localizar certos músculos pelos seus nomes. Ex. músculos intercostais estão localizados entre as costelas; Origens e inserção: as fixações de um músculo no esqueleto são inclusas em alguns nomes. Ex. músculo esternomandibular, tem origem no esterno e insere na mandíbula; Número de origens: Alguns músculos têm duas, três ou quatro origens. Ex. Tríceps braquial e quadríceps; Número de ventre: faz referência ao número de ventre presente no músculo. Ex. músculo digástrico e reto abdominal. INERVAÇÃO DOS MÚSCULOS A atividade muscular é controlada pelo sistema neural. Nenhum músculo pode contrair-se se não receber estimula através do nervo. Cada músculo é inervado por um ou mais nervos que contém fibras motoras, sensitivas, simpática e parassimpática. O impulso neural é transmitido pelas fibras motoras e é ele quem mantém o tônus e determina as contrações musculares. As fibras sensitivas servem à sensibilidade muscular e as fibras simpáticas e parassimpáticas respondem apenas pela vasomotricidade. A unidade motora é a estrutura que compreende um neurônio e as fibras musculares inervadas. A força de um músculo depende da quantidade de unidades motoras em ação. VASCULARIZAÇÃO DOS MÚSCULOS Os músculos recebem suprimento sanguíneo através de uma ou mais artérias, que neles penetram por uma das extremidades ou pelo meio de seu ventre. As artérias dividem-se em ramos cada vez menos calibrosos, dispondo-se nos sentidos das fibras musculares e se ramificam intensamente, formando um extenso leito capilar. A drenagem do sangue é feita por veias que seguem, em geral, o tipo de distribuição arterial. A contração muscular é importante para impulsionar o sangue e a linfa pelas veias e pelos vasos linfáticos em direção ao coração. RESUMO SOBRE MIOLOGIA – PARTE PRÁTICA 1. Identifique as variedades de músculos: - Músculo liso nas paredes das vísceras e vasos; - Músculo estriado esquelético na superfície corporal de um cadáver dissecado; - Músculo estriado cardíaco em corações dissecados. 2. Identificar nos músculos estriados esqueléticos as seguintes estruturas que os compõem: - Ventremuscular; - Tendão; - Aponeurose; - Fáscia muscular; 3. Em um membro dissecado procure identificar os músculos com suas origens (proximais) e inserções (distais). Note que nestes segmentos (membros), os músculos se caracterizam na maioria por serem classificados como músculos longos e fusiformes. 4. Na musculatura do tórax e abdome observe que estes são na sua maioria classificados como músculos largos e está preso a parede do tronco ou a outros músculos por meio de aponeuroses. 5. Identifique nos diferentes cadáveres disponíveis a classificação e exemplos de músculos estriados esqueléticos, como: - Músculos longos: presentes no pescoço, coluna vertebral e membros; - Músculos longos e fusiformes: presentes nos membros; - Músculos largos: presentes na parede do tórax e abdome; - Músculo orbicular do olho: com disposição circular das fibras - Bíceps: músculo bíceps braquial e femoral; - Tríceps: músculo tríceps braquial; - Quadríceps: músculo quadríceps femoral; - Monocaudado: alguns músculos dos membros; - Bicaudado: músculos flexores superficial e profundo dos dedos dos ruminantes; - Policaudado: músculos flexor e extensor dos dedos; - Digástrico: músculo digástrico (extremidades da articulação temporo-mandibular); - Poligástrico: músculo reto do abdome (parede ventral do abdome) observe também as intersecções tendíneas.
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