Resenha Filme A Caça

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Psicologia do Cotidiano – 2018
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Resenha do Filme A Caça
Um filme premiado, denso, cheio de reflexões acerca do ser humano e da sociedade onde vivemos. 
É a história de Lucas, um homem solitário, mas bastante querido na cidade e na escola infantil onde trabalha. Logo observamos que ele está numa luta para passar mais tempo com o filho, sua mulher inclusive diz que ele é sem ambição e possui um trabalho medíocre. No meio dessa situação, ele é acusado de abuso por uma das alunas, que inclusive é filha do seu melhor amigo. Mesmo sem nenhuma prova concreta, apenas o relato de uma menina de 5 anos, que a todo momento é descrita por ter uma imaginação fértil, ele é extremamente hostilizado por toda a cidade. 
O filme trata de um assunto bastante polêmico: a denúncia de abuso infantil feita pela própria criança. Embora eu tenha tido, em alguns momentos, a sensação de que essa acusação pudesse ser verdadeira, principalmente ao observar o irmão que já havia estudado com Lucas, falo da reação dele, inclusive antes do abuso acontecer. Mas enfim, com o desenrolar dos fatos, o filme mostra que a acusação não fora verdadeira e a partir daí temos alguns pontos de reflexão:
Primeiro Ponto: Algumas culturas populares (senso comum), que assumimos como verdadeiras são extremamente perigosas, e aqui vemos incutida a cultura de que “Criança não mente”. 
Somos seres extremamente complexos, não existe parâmetro absoluto. Uma criança pode sim fantasiar, criar situações e até se vingar, já que tudo começa depois que ele rejeita seu bilhete e ela vê sua paixão infantil não ser correspondida. E fazendo um link para o segundo ponto, como uma mentira, de uma hora para outra pode se espalhar com tanto poder e se tornar um senso comum. 
Segundo Ponto: O que uma inverdade, um boato, pode fazer com a vida de alguém.
Acho interessante como o filme aborda a fragilidade das relações de amizade e confiança, num piscar de olhos, com apenas algumas palavras, a confiança pode acabar, a amizade pode virar ódio. 
Por conta da mentira, Lucas perde tudo, os amigos, o emprego, sua casa é apedrejada e sua cachorra é assassinada, isso inclusive me remete a outra reflexão: até onde vai a crueldade humana? E porque vemos atitudes como essas “validadas” por um julgamento que nós mesmos fizemos? Isso não faz nenhum sentido. 
O mundo está doente, nós enquanto psicólogos, precisamos cada vez mais nos capacitar para que situações como essas não aconteçam. É importantíssimo a análise detalhada de cada fato, analisar todos os ângulos, colocar o “óculos do outro”, buscar enxergar a verdade de cada um. É uma tarefa difícil, árdua, mas acredito que com um pouco de vontade e capacitação, podemos conseguir.