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Aula 2 - Ética e Responsabilidade Social As três fases da ética empresarial Reflexão ética - A ética é parte intrínseca da conduta humana, pois todas as nossas atividades envolvel uma carga moral. O homem, no seu cotidiano, vive diante de muitos problemas. Veja alguns deles: - Devo sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em que posso mentir? - Será correto tomar tal atitude? - Devo ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de vida? - Será que posso mentir para conquistar meu cliente? Esses tipos de pergunta nos levam a refletir sobre comportamento ético-moral sem nem nos darmos conta, não é mesmo? Vamos, então, teorizar nosso conhecimento sobre esse assunto, analisando, a partir de agora, as diversas fases da questão ética que afetam o nosso comportamento, inclusive no mundo corporativo. 1) Ética empresarial A Ética Empresarial é a aplicação da Ética ao ambiente das empresas, onde os colaboradores e o gestores devem agir e interagir com os consumidores, os fornecedores e o s investidores, visando estabelecer relações de mercado transparente, que contemplem valores tais como, fidalidade, sinceridade e autenticidade, a fim de preservarem o coletivo. No mundo corporativo, as questões éticas são especialmente complexas. A atividade de ganhar dinheiro sempre teve uma aliança meio desconfortável com o senso particular de moralidade das pessoas. Questões como o valor, o bem, o mal e, mais ainda, a dedicação ao trabalho, fazem sentido? Ter fé é irracional? Devemos respeitar quem não é respeitável? O que é um princípio? Enfim, estas e outras perguntas que permeiam nossa mente são pertinentes a Ética Empresarial. A questão ética vem se destacando com o passar dos tempos em todos os setores, e no mundo corporativo não poderia ser diferente. Como a própria vida, a Ética Empresarial é feita de fases. Vamos conhecê-las agora. A) Fase 1: A Era Industrial Segundo Cortina (2007: 19), 1970 - Surge com ímpeto o tema da ética dos negócios ou, como definida pelos europeus, da ética das empresas. 1980 - O tema propaga-se pela Europa. 1990 - Propaga-se pela América Latina e pelo Oriente. Questões com certo grau de complexidade, como: - Cultura da empresa - Avaliações de qualidade - Recursos humanos - Clima ético - Responsabilidade corporativa - Comunicação e balanço social Passaram a ter destaque, principalmente, no mundo reflexivo. Na verdade, um conjunto de dimensões que compõe o caráter de uma organização. Adam Smith e Max Weber fizeram uma grande contribuição na era industrial ao garantir que existia uma conexão entre ética e empresa. Eles afirmaram que o sucesso empresarial seria alcançado quando a organização, dentro de sua estrutura, se preocupasse condições legais e morais. Tanto Adam Smith quanto max Weber sofreram muitas críticas, mas nada que desmentisse o fato de que os dois marcaram a história da ética empresarial. Adam Smith escreveu Teoria dos sentimentos morais, antes da sua mais famosa e importante obra. Riqueza das nações, onde ressalta que, além do lucro de uma empresa, existem outros valores e sentimentos que envolvem a atividade econômica. Max Weber, com sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo, também deu uma larga contribuição à Ética Empresarial. Com suas postulações a respeito da crença de que o empresário chamado a criar riqueza e a fomentar o bem-estar social agradava a Deus justificava a busca pela riqueza. Devido as ideias de Weber, houve mudanças nos hábitos relacionados à riqueza e à poupança. B) Fase 2: A Era Pós-Industrial Segundo Cortina (2007:28), novas razões surgem para o fortalecimento da Ética Empresarial na década de 1970. Primeiro, a necessidade de se criar capital social ou a necessidade premente de redes de confiança. Depois de vários escândalos, principalmente na sociedade norte-americana, como o Watergate, a desconfiança passou a predominar em todo o mundo. Making Democracy Work, onde procura mostrar como as redes de confiança contribuem para o funcionamento da economia. (Cortina, 2007:28). O fim das ideologias trouxe o interesse pelas boas práticas em todas as esferas, inclusive na esfera corporativa. Em terceiro lugar, a concepção da empresa sofreu transformação em vários pontos: - Dimensão cultural. - Uma nova visão da empresa, não como máquina para obter o máximo de produção, mas sim como organização, como empresa. - O modelo taylorista foi substituído pelo pós-taylorista. - Todos os stakeholders ganhando e não somente os acionistas. Em quarto lugar, novos desafios organizacionais levam a entender que a ética se fazia necessária na gestão. A maturidade do mercado implica em uma postura mais exigente por parte das empresas, visando a sua própria sobrevivência em tal mercado. Valores - e não regras - deveriam delinear as empresas, dentro de um mundo globalizado e altamente competitivo. É preciso buscar a fidelidade do consumidor. Em último lugar, Cortina chama atenção para a exigência cada vez maior advinda de uma ética cívica, configurada pelos valores compartilhados dentro de uma sociedade pluralista. Assim, a revitalização da Ética Empresarial depende de sua reformulação. C) Fase 3: A Era da informação Esta Ética Empresarial revitalizada depara-se com novos desafios, como a passagem da economia velha para a chamada nova economia e a era da informação. Vejamos alguns desses grandes desafios sob a ótica de Cortina (2007: 32-34): - Lideranças muito suscetíveis à questão financeira, trocando de empresa em curto espaço de tempo. - Os habitantes do ciberespaço têm sua moral individual, porém nada garante que será compartilhada. - Trabalhador pouco qualificado, precariedade do trabalho e as justas exigências de um salário digno. - Dificuldade da construção de uma ética global, em um universo com enormes diversidades culturais. Nesta era da informação, as universidades vêm fomentando a necessidade de dois pilares vitais relativos à ética empresarial: integridade e transparência, para que haja viabilidade empresarial. Na era da informação, uma coisa é patente: escândalos empresariais têm largos espaços nos veículos de comunicação, o que nos leva a reformular leis e, sobretudo, hábitos. A integridade e a transparência devem ser incorporadas ao caráter - das pessoas, do cidadão e da empresa. Somente assim haverá mudança de fato.
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