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O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E O NEOCONSTITUCIONALISMO: A FORÇA NORMATIVA DA JURISPRUDÊNCIA

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O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E O NEOCONSTITUCIONALISMO: A FORÇA NORMATIVA DA JURISPRUDÊNCIA
Erick Silva de Oliveira
SUMÁRIO: 1Introdução; 2 Noções gerais sobre o movimento do Neoconstitucionalismo; 3 Considerações sobre o Supremo Tribunal Federal; 4 O Neoconstitucionalismo e o Supremo Tribunal Federal: a força normativa das Súmulas Vinculantes; Considerações Finais
RESUMO
Sabendo que o processo histórico do Direito Constitucional brasileiro tem-se demonstrado bastante favorável ao movimento conhecido como Neoconstitucionalismo, é de intensa relevância utilizar este viés em consonância com o Poder Judiciário do nosso país, haja vista que a tomada de decisões, bem como a interpretação constitucional advém deste ente e que, por conseguinte, deve ser analisado no âmago das novas leituras oferecidas pelas doutrinas hodiernas. Mais adiante, através desta questão levantada, pode-se observar que existem alguns meios pelos quais é possível se identificar algumas características neoconstitucionalistas (ex.: Súmulas Vinculantes do STF com carga interpretativa no mínimo diferenciada), situação esta que será analisada exaustiva e intensamente, neste artigo, com o escopo de levantar pensamentos críticos sobre a temática abordada.
Palavras-Chave:Supremo Tribunal Federal. Súmulas vinculantes. Jurisprudência do STF. Neoconstitucionalismo.
1INTRODUÇÃO
Partindo de uma perspectiva neoconstitucionalista, sabe-se que o Direito Constitucional como um todo tem passado por transformações diversas para a sua afirmação na sociedade e, mais que isso, tem modificado seus parâmetros de análise e interpretação por parte do órgão mais importante do Poder Judiciário, que acaba por influir em todo o sistema normativo brasileiro: o Supremo Tribunal Federal. 
Pois bem, ao perceber esse processo de transformação citado anteriormente, é necessária uma breve colocação no que se diz respeito ao neoconstitucionalismo, na qual em seu âmbito de, como retrata Barroso (2005),desenvolvimento de uma nova dogmática da interpretação constitucionalacaba nos transparecendo que o Poder Judiciário, através do STF, é o detentor de toda e qualquer competência interpretativa, sendo possível até mesmo erigir decisões repudiadas pelos demais poderes, mas que são muitas vezes ditas como inquestionáveis. Dando continuidade a essa colocação é de nosso objetivo chamar a atenção do leitor ao âmago de interpretação normativa do STF, assim como sua autoridade e jurisprudência própria, que acabam sendo, reiteradamente, uma forma de hierarquia entre a “tríplice” de poderes. 
Além disso, é necessário também, que se observe a leitura e absorção da sociedade (que busca informação) e dos demais poderes, bem como dos demais tribunais que fazem parte do Poder Judiciário. Cabe a nós, nesse viés, mostrar que as jurisprudências do STF, que no caso estão normativamente expressas como Súmulas Vinculantes, causam um certo desconforto para com os outros tomadores de decisão dessa tripartição de poderes.
Entende-se, portanto, que a temática envolvida neste artigo científico é de significativa relevância, haja vista que nos causa inquietação e nos permite indagar de várias maneiras este órgão do Poder Judiciário muitas vezes “inquestionável”, como citamos mais acima.
2 Noções gerais sobre o movimento do Neoconstitucionalismo
Sabendo que a distribuição da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 possui um semblante neoconstitucional, é de suma importância ater-se a algumas informações referentes a esse movimento, além de relacioná-lo à temática do poder normativo do Poder Judiciário, que afinal é o objeto de estudo deste artigo científico.
É bem verdade que a distribuição da normatividade fica por conta do Poder Legislativo. No entanto, existem funções atípicas que podem ser destrinchadas dentro da “tríplice de poderes” desenvolvendo características não peculiares a cada ente. Buscando uma demonstração através de um levantamento histórico, são esclarecedoras as palavras de BARROSO:
Antes de 1945, vigorava na maior parte da Europa um modelo de supremacia do Poder Legislativo, na linha da doutrina inglesa de soberania do Parlamento e da concepção francesa da lei como expressão da vontade geral. A partir do final da década de 40, todavia, a onda constitucional trouxe não apenas novas constituições, mas também um novo modelo, inspirado pela experiência americana: o da supremacia da Constituição. A fórmula envolvia a constitucionalização dos direitos fundamentais, que ficavam imunizados em relação ao processo político majoritário: sua proteção passava a caber ao Judiciário. Inúmeros países europeus vieram a adotar um modelo próprio de controle de constitucionalidade, associado à criação de tribunais constitucionais. (2005)
Entende-se, desta feita, que o neoconstitucionalismo, que resulta a supremacia da Constituição, atribui ao Poder Judiciário plenos poderes de controlar normas de nascedouro hodierno, isto é, as novas atribuições normativas devem ser fiscalizadas e contempladas através da égide dos entes do Judiciário, sobretudo pelo Supremo Tribunal Federal, que estabelece a maior representação desse eixo da “tríplice” e reflete a correta interpretação das escrituras da Lei Maior. 
Diante dessas assertivas sobre o Supremo Tribunal Federal, Barroso corrobora desta maneira:
No sistema constitucional brasileiro, o Supremo Tribunal Federal pode exercer o controle de constitucionalidade (i) em ações de sua competência originária (CF, art. 102, I), (ii) por via de recurso extraordinário (CF, art. 102, III) e (iii) em processos objetivos, nos quais se veiculam as ações diretas [16]. De 1988 até abril de 2005 já haviam sido ajuizadas 3.469 ações diretas de inconstitucionalidade (ADIn), 9 ações declaratórias de constitucionalidade e 69 arguições de descumprimento de preceito fundamental. Para conter o número implausível de recursos extraordinários interpostos para o Supremo Tribunal Federal, a Emenda Constitucional nº 45, que procedeu a diversas modificações na disciplina do Poder Judiciário, criou a figura da repercussão geral da questão constitucional discutida, como requisito de admissibilidade do recurso. (2005)
Sabido disso é importante analisar a temática que Daniel Sarmento desenvolveu em seu artigo referente ao neoconstitucionalismo aqui no Brasil, que chama atenção aos “riscos para a democracia de uma judicialização excessiva da vida social, os perigos de uma jurisprudência calcada numa metodologia muito aberta, sobretudo no contexto de uma civilização que tem no “jeitinho” uma das suas marcas distintivas”. [1: SARMENTO, Daniel et. al. (Org.). O Neoconstitucionalismo no Brasil: riscos e possibilidades. Rio de Janeiro: Lumem, 2009;]
Através dessa posição é evidente que discussões sobre o neoconstitucionalismo, distribuídas através do viés do Poder Judiciário são de relevância significativa, haja vista que ao mesmo tempo que delimita ao PJ o poder de interpretar a Constituição, abrange a jurisprudência de seu ente mais influente (STF) de forma perigosa e discricionária.[2: Poder Judiário;][3: Supremo Tribunal Federal.]
O neoconstitucionalismo trouxe consigo uma nova levada de interpretação de normas e incorporação de princípios que acabam por se chocarem hora ou outra. De acordo com essa situação gerada por essa corrente, comenta Sarmento:
caracteriza-se pela abertura e indeterminação semânticas – são, em grande parte, princípios e não regras - a sua aplicação direta pelo Poder Judiciário importou na adoção de novas técnicas e estilos hermenêuticos, ao lado da tradicional subsunção. A necessidade de resolver tensões entre princípios constitucionais colidentes – freqüente em constituições compromissórias, marcadas pela riqueza e pelo pluralismo axiológico – deu espaço ao desenvolvimento da técnica da ponderação, e tornou freqüente o recurso ao princípio da proporcionalidade na esfera judicial. E a busca de legitimidade para estas decisões, no marco de sociedades plurais e complexas, impulsionou o desenvolvimento dediversas teorias da argumentação jurídica, que incorporaram ao Direito elementos que o positivismo clássico costumava desprezar, como considerações de natureza moral, ou relacionadas ao campo empírico subjacente às normas. (p.6/7, 2009)
Sabe-se que, desta feita, o papel do Poder Judiciário, frente à corrente neoconstitucionalista, tornou-se influente e progrediu, de acordo com o nosso entendimento, para uma nova etapa de relações jurídicas mais bem estruturadas diante da separação dos poderes. É importante, no entanto, que se tome cuidado para que não ocorra o que muitos chamam de “hipertrofia do Poder Judiciário”, que nada mais é que uma exacerbação de demandas para esta coluna da “tríplice”. 
Mais adiante, falando dessa separação de poderes, é interessante lembrar que diante de uma leitura clássica da mesma, o Poder Judiciário possuía limites e possibilidades extremamente rígidos. Porém, com a institucionalização do neoconstitucionalismo, toda essa rigidez cedeu lugar à visões mais abertas e influentes sobre a constitucionalização, sendo levado em consideração não mais concepções de cunho estritamente majoritárias e sim estabelecimentos normativos garantidores de direitos fundamentais e das minorias. É sabido, além disso, que as teorias e relações baseadas tão somente na codificação ou lei formal, perdem um pouco sua força e são substituídas pela supremacia da Constituição e pelo poder das jurisprudências.[4: SARMENTO, p. 8/9, 2009.]
Por fim, no que tange à recepção dessa corrente aqui no Brasil, consideremos, mais uma vez, as colocações de Daniel Sarmento:
A Assembléia Constituinte de 1987/1988, que coroou o processo de redemocratização do país, quis romper com este estado de coisas, e promulgou uma Constituição contendo um amplo e generoso elenco de direitos fundamentais de diversas dimensões – direitos individuais, políticos, sociais e difusos - aos quaisconferiu aplicabilidade imediata (art. 5º, Parágrafo 1º), e protegeu diante do próprio
poder de reforma (art. 60, Parágrafo 4º, IV). Além disso, reforçou o papel do Judiciário, consagrando a inafastabilidade da tutela judicial (art. 5º, XXXV), criando diversos novos remédios constitucionais, fortalecendo a independência da instituição, bem como do Ministério Público, e ampliando e robustecendo os mecanismos de controle de constitucionalidade. Neste último tópico, ela democratizou o acesso ao controle abstrato de constitucionalidade, ao adotar um vasto elenco de legitimados ativos para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade (art. 103) e ampliou o escopo da jurisdição constitucional, ao instituir no Brasil o controle da inconstitucionalidade por omissão, tanto através de ação direta como do mandado de injunção. (p. 14, 2009)
Nesta linha de raciocínio, portanto, entende-se que a corrente do neoconstitucionalismo diz muito a respeito do Poder Judiciário e sua ascendência na sociedade hodierna. A decorrência disso foi a elevação do seu mais influente ente: Supremo Tribunal Federal, sendo órgão garantidor da interpretação constitucional e com deveres normativos, dispostos através das Súmulas Vinculantes, que serão retratadas, em específico, em um capítulo mais adiante. 
3 Considerações sobre o Supremo Tribunal Federal.
Para um posterior entendimento acerca da relação do novo movimento constitucional em relação ao órgão de cúpula do judiciário no Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF), se faz necessária a apresentação de alguns elementos essenciais e inerentes a esta instituição do Poder Judiciário. Ou seja, iremos aclarar os principais elementos que dizem respeito à própria natureza do STF, a fim de estabelecer os pilares que servirão para a compreensão da relação acima.
Tem-se, a princípio, que explicar a composição do Pretório Excelso, e para tal é interessante a leitura que faz FERNANDES:
O Supremo Tribunal Federal compõe-se de 11 Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os Ministros do Supremo Tribunal Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal [...] Os 11 Ministros do STF são divididos em duas Turmas (cada uma com cinco membros), que estão no mesmo patamar de hierarquia. Além disso, o Presidente do STF (que tem mandato de 2 anos, vedada a reeleição para o período imediatamente subsequente e não participa de nenhuma das Turmas) apenas participa das sessões plenárias. (p. 938- 939, 2012)
O Supremo Tribunal Federal, tomando por base esta citação, presa por uma composição coerente com a complexidade da hodierna sociedade brasileira. Um órgão de cúpula, sobretudo quando em um Estado Democrático de Direito, deve ser composto por quem detém o saber, principalmente o jurídico. Ademais, o corpo pessoal do STF- os Ministros- não se encontra em posições hierárquicas entre si, o que permite a livre tomada de decisões frente à realidade jurídica e social.
Por se tratar de uma Corte Constitucional, é evidente que recai, sobre esta, competências específicas, que determinam a legitimidade para se analisar e julgar determinados casos. MENDES e BRANCO enfatizam que:
A discussão na Constituinte sobre a instituição de uma Corte Constitucional que deveria ocupar-se, fundamentalmente, do controle de constitucionalidade, acabou por permitir que o Supremo Tribunal Federal não só mantivesse sua competência tradicional, com algumas restrições, como adquirisse novas e significativas atribuições. A Constituição de 1988 ampliou significativamente a competência originária do Supremo Tribunal Federal, especialmente no que concerne ao controle de constitucionalidade de leis e atos normativos e ao controle de constitucionalidade da omissão inconstitucional. (p. 1020, 2012)
Decerto,o Constituinte Originário,devido os antecedentes históricos de um regime autoritário- ditatorial- reconhece a necessidade de ampliar o rol de competências do Supremo Tribunal Federal. Com isso, a Corte Constitucional está apta a coibir os desatinos lógicos em face das garantias expressas da Constituição de 1988. Dessa forma, o controle de constitucionalidade tende a torna-se mais rápido e, de fato, produzir efetividade. Ou seja, o controle de constitucionalidade, além de mais célere, tem força normativa, uma vez que os atos impugnados com declaração de invalidade produzem efeitos extunc, invalidando os atos pretéritos constituídos sob a égide da norma ora inconstitucional.
No que se refere às competências do Supremo Tribunal Federal, FERNANDES profere que:
O STF é dotado de competências originárias e recursais. As competências originárias são aquelas em que o STF processa e julga em instância única e de forma originária. Já as competências recursais são aquelas em que a apreciação da matéria pelo STF se dá mediante recurso ordinário ou extraordinário (análise em última instância). (p. 939, 2012)
No que toca a questão das competências originárias é lógico perceber que estas são oriundas da própria natureza do Supremo Tribunal Federal. Este leque de competências encontra-se em um rol taxativo, enumeradas na Constituição Federal. “Nesses termos, as mesmas não podem ser ampliadas por legislação ordinária, havendo a necessidade, para tal, de atuação do Poder Constituinte reformador (via emenda constitucional)”. (FERNANDES, p.939, 2012).
As competências originárias encontram-se no inciso, do artigo 102, da Constituição, respectivamente alíneas “a” a “r”. Nesteartigo, o que demonstra claramente o controle- este imprescindível- constitucionaldos atos jurídicos proferidos em esfera nacional é a alínea “a”, que foi inserida pela Emenda Constitucional n.3, de 17- 3- 1993. Essa alínea, presente no inciso I, dispõe que compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou qualquer ato normativo, de âmbito federal o estadual e a ação de declaração de constitucionalidade dos atos normativos do campo jurídico federal.As competências recursais encontram-se também no artigo 102, porém, nos incisos II (alíneas “a” e “b”) e III (alíneas “a”, “b”, “c” e “d”). No que concerne ao inciso III (recursos extraordinários), FERNANDES expõe algumas questões importantes:
Uma primeira questão importante é que o STF (apesar de algumas críticas) já deixou assente que não faz em grau de recurso extraordinário o reexame da matéria fática do caso, ou seja, o Pretório Excelso só se debruça sobre a matéria de direito do caso impugnado. Nesses termos é a Súmula n° 279 do STF que preleciona que: “para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário” [...] Já deixou consignado o STF que só cabe recurso extraordinário se a ofensa for direta e frontal à Constituição. Assim sendo, se a ofensa for indireta ou reflexa não se deve admitir a interposição do mesmo. A ofensa reflexa é aquela que, para que se tenha a conclusão de contrariedade à norma constitucional antes deve-se observar a contrariedade a normas infraconstitucionais, ou mesmo na hipótese de para se atingir a violação do preceito constitucional haver a necessidade de interpretação do entendimento das normas infraconstitucionais. (p. 949, 2012).
Indubitavelmente, tanto as competências originárias quanto as recursais visam atender a alta demanda do universo jurídico-social na esfera nacional. Como cidadãos, não podemos anuir, portanto, com políticas que objetivam restringir excessivamente os poderes de atuação do órgão de cúpula do Poder Judiciário, bem como não podemos aquiescer com aquelas que tender a altear demasiadamente a atuação deste, de modo a torná-lo uma instituição soberana e autoritária.
4O Neoconstitucionalismo e o Supremo Tribunal Federal: a força normativa das Súmulas Vinculantes
Conforme o que já foi aclarado, O Neoconstitucionalismo legitima a ampla atuação do Poder Judiciário no que concerne à resolução dos litígios presentes em nosso contexto sócio-jurídico. Por certo, esse movimento influenciou sobretudo a prestação jurisdicional por parte do órgão de cúpula do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal.
O honorável jurista Luís Alberto Barroso (apud MUTIM, 2009) enfatiza acerca dessa expansão da atuação do Poder Judiciário:
Antes de 1945, vigorava na maior parte da Europa um modelo de supremacia do Poder Legislativo, na linha da doutrina inglesa de soberania do Parlamento e da concepção francesa da lei como expressão da vontade geral. A partir do final da década de 40, todavia, a onda constitucional trouxe não apenas novas constituições, mas também um novo modelo, inspirado pela experiência americana: o da supremacia da Constituição. A fórmula envolvia a constitucionalização dos direito fundamentais, que ficavam imunizados em relação ao processo político majoritário: sua proteção passava a caber ao Judiciário.Inúmero países europeus vieram a adotar um modelo próprio de constitucionalidade, associado à criação de tribunais constitucionais.Assim se passou inicialmente, na Alemanha (1951) e na Itália (1956).
O processo de ampliação da atuação do judiciário, especialmente do STF, inicia-se com o fim da década de 40 e perpassa na sociedade pós-moderna. Na pós-modernidade, no tocante a isto, surge a figura das Súmulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal.
O artigo 103-A, da Lei Maior, dispõe que:
O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e á administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1° A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
As Súmulas Vinculantes, portanto, visam direcionar a atuação dos órgãos do Poder Judiciário, sobretudo quando há conflitos interpretativos-aplicativos das normas do ordenamento jurídico, de modo a garantir a segurança jurídica e aplicação coerente dos preceitos jurídicos. Assim, as Súmulas assumem um papel importante dentro do nosso Estado Democrático de Direito, vez que busca facilitar a aplicação do Direito ao caso concreto.
Porém, ainda que o Neoconstitucionalismo tenha sua pré-história iniciada no final da década de 40, o instrumento da Súmula inovou no mundo jurídico brasileiro:
Com isso, surge em terraebrasilisum instituto que não perpassa nossa tradição típica do civil law(sistema romano-germânico) e que mais se coaduna com o common law[...] Assim sendo, a Súmula Vinculante que se relaciona intimamente com a lógica anglo –saxã da fundamentalidade da fonte jurisprudencial do direito, com base no staredecisis (ater-se ao decidido), desenvolvido a partir do binding precedente (precedente obrigatório prolatado por um Tribunal), vem sendo objeto de inúmeras controvérsias e discussões acaloradas nos últimos anos. (FERNANDES, p.977-978)
As Súmulas assemelham-se com sistema jurídico anglo-saxônico, porquanto estabelece um “norte” para os Magistrados aplicarem as normas ao mundo fático; há, em verdade um parâmetro a ser seguido pelos membros do Poder Judiciário. 
Decerto, esse mecanismo produziu efeitos primários dentro do sistema jurisprundencial brasileiro. Porém, para que tal produza efeitos normativos, ou seja, tenha, além de existência, a validade e a eficácia, é preciso preencher alguns requisitos, que são imprescindíveis ao processo formal de sua constituição.
A Súmula Vinculante, a princípio, deve ser aprovada por pelo menos 8 Ministros, ou seja, no mínimo 2/3 dos membros do Supremo Tribunal Federal. Além disso, é necessário que haja posicionamento semelhante, pelos Ministros, sobre a mesma matéria, de modo que, preteritamente, a matéria já tenha sido objeto de debates dentro do STF, havendo posicionamentos repetidos e homogêneos. Por outro lado, uma Súmula pode ser editada por decisão única do Plenário da Suprema Corte. Por fim, já que as necessidades sociais influenciam no mundo jurídico, nada obsta em que as Súmulas já constituídas sejam modificadas (revisadas) ou canceladas. (MENDES, BRANCO, 2012).
Diante disso, brota um questionamento necessário a esta temática: o Poder Constituinte Derivado Reformador está coibido de legislar matérias que vão de encontro ao que está contido em uma Súmula Vinculante?
FERNANDES profere, nesse sentido:
Obviamente, o legislador, no exercício de sua função típica legislativa (no ato de legislar), não está preso ao conteúdo de uma súmula vinculante (tese da não fossilização do legislador). Com isso, se revogada ou modificada a lei em que se fundou a edição de enunciado de súmula vinculante, o Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, procederá à sua revisão ou cancelamento, conforme o caso. (p. 980, 2012)
É evidente que o Direito tende a modificar-se em detrimento das mutações sociais. Destarte, o legislador está apto a transgredir o que está disposto nas Súmulas, de forma que estas que devem moldar-se por tais, sendo canceladas ou revisadas.
Considerações finais
Partindo da premissa da corrente neoconstitucionalista aliada com a figura do Poder Judiciário, tem-se que a influência hodierna difundida do último é decorrência das asseverações do primeiro, isto é, diante da evolução histórica do constitucionalismo o ente da “tríplice de poderes” passou do Legislativo (período clássico) para o Judiciário (período moderno). 
Foi perceptível também, com a pesquisa aqui levantada, que o ente mais influente do Poder Judiciário (o Supremo Tribunal Federal) procurou estabelecer mandados normativos referente às decisões tomadas, reiteradamente, pelos demais entes desta esfera: resultou o que o ordenamentojurídico brasileiro intitulou de Súmulas Vinculantes, que refletem uma criativa jurisprudência para as procedentes decisões no âmago da justiça do Brasil, sendo influente até mesmo em áreas adversas ao Judiciário. 
Mais adiante, foi de importante abordagem os efeitos e possibilidades referentes às Sumulas Vinculantes do Supremo Tribunal Federal, que traduzem uma demanda de cunho normativo e que têm como maior função tornar célere alguns processos condizentes ao Judiciário, além de tornar segura a interpretação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Entende-se, dessa maneira, que o neoconstitucionalismo resultou a maior atribuição do Judiciário que por sua vez resultou uma leitura mais bem difundida no ordenamento jurídico brasileiro: as Súmulas Vinculantes (jurisprudência). 
REFERÊNCIAS
BUSTAMANTE, Thomas. A criação do direito pela jurisprudência: notas sobre a aplicação do direito e a epistemológica na teoria pura do direito. Revista da Faculdade de Direito de Uberlândia V. 38 – n. 2. 2010, p. 685-706. Disponível em:<http://www.seer.ufu.br/index.php/revistafadir/article/view/18518/9922>.
FERRO, Marcelo Roberto. A jurisprudência como forma de expressão do direito.Revista dos Tribunais Online. Doutrinas Essenciais Obrigações e Contratos, vol. 1, p. 237, Junho/2011.
FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de Direito Constitucional. 3. Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011
LIEBMAN, Enrico Tullio. A força criativa da jurisprudência e os limites impostos pelo texto da lei. Revista dos Tribunais Online. Revista de Processo, v. 43, p. 47, Julho/1986.
MENDES, Gilmar; BRANCO, Paulo Gonet. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2011.
MUTIM, Marcel Santos. A decisão do supremo tribunal federal em controle de constitucionalidade difuso e a vinculação de sua fundamentação. Jus navigandi, Teresina, ano 14, n. 2073, 5 mar. 2009 . Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/12413>. Acesso em: 21 maio 2013.
SARMENTO, Daniel et. al. (Org.). O Neoconstitucionalismo no Brasil: riscos e possibilidades. Rio de Janeiro: Lumem, 2009.

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