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Revista Juridica Constitucionalidade do Fundo Partidário

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Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 89, p.01-22, fev./mar, 2008 
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Fundo Partidário: A Constitucionalidade da divisão proporcional e 
limitada de recursos públicos 
 
 
Mariana Barbosa Cirne1 
 
 
Sumário: 1. Introdução - 2. O Fundo Partidário e a Cláusula de Barreira - 3. As ações 
declaratórias de inconstitucionalidade 1351-3 e 1354-8 - 4. A presunção de 
constitucionalidade da limitação do art. 13, § 3 da Constituição Federal - 5. A invasão da 
discricionariedade do Poder Legislativo - 6. A igualdade de chances conferida aos partidos 
políticos - 7. O problema da omissão legislativa deixada pelo julgamento das ADINs 1351-3 e 
1354-8 - 8. Avaliação dos requisitos de Constitucionalidade através do Método de J. J. 
Canotilho - 8.1. Restrição à norma de direito, liberdade ou garantia - 8.2. Autorização 
Constitucional - 8.3 Salvaguarda de outros direitos e interessas constitucionais 8.4 
Observância de requisitos constitucionais 8.4.1 Princípio da proporcionalidade (necessidade, 
proporcionalidade e adequação) - 8.4.2. Generalidade e abstração - 8.4.3. Não-
retroatividade e garantia de núcleo essencial - 9. Considerações finais - Referências 
 
1. Introdução 
O Brasil, inegavelmente, é um país que viveu os mais diversos formatos políticos. Do 
Império à República; da ditadura à democracia. Então, após essas etapas, estabeleceu-se 
na Constituição Federal que o governo brasileiro seria fundado na representação popular. 
Para garantir a permanência do poder nas mãos do povo, reconheceu-se a necessidade de 
manter a diversidade política, o que foi possível através dos partidos políticos. 
Para evitar a ingerência do poder econômico nas decisões partidárias, a Constituição 
Federal de 1988 garantiu a sua mantença através de recursos públicos. Nasceu o Fundo 
Partidário Nacional. Para aqueles que entendem os recursos desse fundo como irrelevantes 
 
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 Procuradora Federal, bacharela em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em 
Direito Constitucional pela Universidade Potiguar (UNP). maricirne@hotmail.com 
 
 
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vale a pena esclarecer que, apenas em 2006, a sua arrecadação foi de 117,8 milhões de 
reais (1). Esse montante deveria ser dividido entre as agremiações políticas registradas no 
TSE. Faltava, entretanto, estabelecer de que maneira seria feita essa divisão. Então, em 
1995, a lei 9.069 (2) fixou o critério proporcional, ao mesmo tempo em que exigiu a 
ultrapassagem da cláusula de barreira para o recebimento de maior parte das verbas. 
Desde então, a questão enveredou por discussões políticas e judiciais. O tema ganhou 
maior relevo quando chegou ao Supremo Tribunal Federal. Era o embate: pluralismo 
partidário versus poder de legislar. Por fim, o Pretório Excelso decidiu que a disciplina dada 
à matéria, pela lei 9.069/95, era inconstitucional. Dessa decisão, surgiram os problemas a 
serem tratados nesse trabalho. 
Pretende-se discutir aqui como se pode resolver a lacuna deixada por essa declaração 
de inconstitucionalidade; avaliar a medida tomada na prática; averiguar se o critério fixado 
pelo Congresso Nacional viola o Princípio da Igualdade; além disso, debater até que ponto o 
Poder Judiciário pode adentrar na regulamentação conferida pelo Poder Legislativo aos 
partidos políticos, visto que os critérios eram quantitativos. A metodologia empregada para 
obter as conclusões desse estudo foram os critérios definidos por J. J. Canotilho (3), em sua 
Teoria da Constituição, a análise de instrumentos legais para modular a declaração de 
inconstitucionalidade, bem como a avaliação de princípios constitucionais, juntamente com a 
posição de doutrinadores da área. 
 
2. O fundo partidário e a cláusula de barreira 
A Constituição Federal de 1988 (4) reservou o capítulo IV para abordar o tema partidos 
políticos. Nesse espaço fixou os princípios, consagrou a liberdade de criação e de 
organização. Quando tratou do financiamento das agremiações políticas, determinou no 
artigo 17, §3: “Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso 
gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei.“ 
Em outras palavras, o constituinte assegurou aos partidos políticos o recebimento dos 
recursos do fundo partidário (dinheiro público). Mas, os critérios para o seu recebimento e 
qual seria o percentual devido a cada entidade deveriam ser determinados pela lei. A norma 
constitucional necessitava de regulamentação infraconstitucional para ter eficácia (5). 
Por essa razão, em 1995, o Congresso Nacional finalmente regulamentou o dispositivo 
constitucional, através da lei 9.096 (6). No que concerne ao financiamento partidário atrelou 
o recebimento de recursos aos critérios estabelecidos na chamada cláusula de barreira. Isso 
significou a fixação de uma série de requisitos a que os partidos políticos ficaram 
condicionados para merecerem algumas benesses políticas. Os partidos que não 
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conseguissem alcançar o percentual de votos definido pela lei teriam reduzidos vários 
direitos, como o tempo de horário gratuito na televisão (artigo 49), recursos financeiros 
(artigo 41), entre outros. Os critérios fixados pela cláusula de barreira foram os seguintes: 
Art. 13. Tem direito a funcionamento parlamentar, em todas as Casas 
Legislativas para as quais tenha elegido representante, o partido que, em 
cada eleição para a Câmara dos Deputados obtenha o apoio de, no 
mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os 
brancos e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço dos 
Estados, com um mínimo de dois por cento do total de cada um deles. 
Através da cláusula de barreira (porcentagem mínima de votos a ser obtida na votação 
da Câmara dos Deputados) restou estabelecido no artigo 41 da lei 9.096/95 como seria feita 
a distribuição dos recursos partidários. Um por cento de forma uniforme e noventa e nove 
por cento conforme a representatividade obtida por quem ultrapassa a cláusula de barreira. 
Conclui-se que os valores a serem recebidos teriam proporção direta com o número de votos 
apurados na eleição da Câmara dos Deputados, mas, limitadamente. 
Como se poderia esperar, a reação dos partidos pequenos foi imediata. Entenderam-se 
desfavorecidos pelos novos parâmetros de divisão do fundo partidário. Mais ainda com a 
redução de direitos proveniente da cláusula de barreira. A atitude seguinte foi a propositura 
de duas ações diretas de inconstitucionalidade: 
• ADIN 1351 – 3 (Proposta pelo PC do B e outros) 
Distribuição em 28.09.1995 (7); 
• ADIN 1354 – 8 (Proposta pelo PSC – Partido Socialista Cristão) 
Distribuição por prevenção em 06.10.1995 (8). 
Contudo, não foi imediata a análise do mérito de tais demandas. Ao contrário, houve 
tempo para testar a aplicação dos artigos da lei 9.096/95, ao menos em tese, já que a 
divisão do dinheiro do fundo partidário, conforme artigo 57 da lei 9.096/95, só seria efetuada 
a partir de 2007 (próxima legislatura). O quadro nacional, nas eleições de 2006, terminou da 
seguinte maneira: 
a) no TSE constavam registrados 29 partidos políticos; (9) 
b) dos 29 partidos, 16 tinham representação no Congresso Nacional (10); 
c) após as eleições, 6 partidos ultrapassaram a cláusula de barreiras. (11). 
Passaram a representar o pluralismo partidário os seguintes partidos: 1. Partido 
Progressista (PP); 2. Partido dos Trabalhadores (PT); 3. Partido do Movimento Democrático 
Brasileiro (PMDB); 4. Partido da Frente Liberal(PFL); 5. Partido Socialista Brasileiro (PSB); 
6. Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). 
A despeito da propositura de duas ADINs, terminadas as eleições, a controvérsia sobre a 
cláusula de barreira e o financiamento partidário parecia estar resolvida. Mas, como se 
observará na análise a seguir, a celeuma estava só começando. 
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3. As ações declaratórias de inconstitucionalidade nºs 1351-3 e 1354-8 
Como anteriormente demonstrado, logo após a publicação da lei 9.096, certos partidos 
menores, em 19.09.1995, argüiram a inconstitucionalidade de alguns de seus dispositivos 
perante o Supremo Tribunal Federal. A ADIN 1351-3, distribuída em 28.09.1995, foi proposta 
pelo PC do B, PDT, PT, PSB, PV, PL, PSD, PPS, questionando os seguintes dispositivos: 
artigo 13; expressão contida no art. 41, inciso II; artigo 48; expressão contida no caput do art. 
49 e artigos 56 e 57. 
Destacando o fato do tema desse trabalho ser o financiamento partidário, interessa 
essencialmente a observação do seguinte artigo impugnado: 
Art. 41. O Tribunal Superior Eleitoral, dentro de cinco dias, a contar da data 
do depósito a que se refere o § 1º do artigo anterior, fará a respectiva 
distribuição aos órgãos nacionais dos partidos, obedecendo aos seguintes 
critérios: 
I - um por cento do total do Fundo Partidário será destacado para entrega, 
em partes iguais, a todos os partidos que tenham seus estatutos 
registrados no Tribunal Superior Eleitoral; 
II - noventa e nove por cento do total do Fundo Partidário serão distribuídos 
aos partidos que tenham preenchido as condições do art. 13, na proporção 
dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos 
Deputados.(12) 
Pela redação do artigo 41, ficou claro que o Poder Legislativo, ao fixar um parâmetro 
para dividir a verba do fundo partidário, utilizou o critério proporcional limitado. Tentou-se, 
assim, reduzir o notório problema do crescimento do número de partidos políticos, sem, 
contudo, perder a característica de sistema plural. 
Na petição inicial (13) da ADIN 1351-3, de 22 páginas, os fundamentos para o controle 
de constitucionalidade foram, em síntese, os seguintes: 
• Ofensa ao princípio do pluralismo político, fundamento da República (artigo 
1º, V, da CF); 
• Violação ao exercício do poder do povo, através de seus representantes 
eleitos (artigo 1º, § único da CF); 
• Ofensa à intervenção estatal nas associações e desrespeito ao Direito 
Fundamental da continuidade de seu funcionamento (artigo 5º, XVII, XVIII e 
XIX da CF); 
• Desrespeito à liberdade dos partidos políticos e sua autonomia 
organizacional (artigo 17 da CF); 
• Infração ao direito dos partidos políticos de ter acesso aos recursos do 
fundo partidário (artigo 17§ 2º da CF); 
A argumentação ventilada na peça vestibular foi a de que haveria ofensa aos dispositivos 
constitucionais enumerados acima. Não bastasse isso, em sucessivo, os partidos realizaram 
um paralelo entre os dispositivos da lei 9.096 e a famosa emenda constitucional nº 1/69 (da 
época da ditadura), para apresentar as duas medidas como antidemocráticas. Ressaltaram, 
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também, que a Constituição Federal de 1988 evoluiu, abolindo tais óbices, fazendo apenas 
exigências mínimas para a criação e o funcionamento partidário. Por isso, não caberia o 
retrocesso. 
Outro fundamento aduzido foi o de que apenas o “caráter nacional” precisava de objetiva 
delimitação. Todos os outros princípios enumerados pela Constituição Federal, referentes 
aos partidos políticos, já seriam auto-suficientes. Prescindiriam de regulamentação 
infraconstitucional. Como precedentes, apontaram as ADINs 958-3/ RJ e 966-4/DF, julgadas 
pelo STF, que declararam inconstitucional dispositivos da lei 8.713/93 (chamada de cláusula 
de barreira ou exclusão naquela época). 
O Partido Social Cristão (PSC) propôs uma nova ADIN (1354-8) (14), distribuída em 
06.10.1995, argüindo as mesmas inconstitucionalidades apontadas pela ADIN 1351-3. Em 
suma, o diferencial do novo pleito era o seu pedido liminar. 
Em 18.05.2004 foram concedidas vistas aos autos para que o Procurador Geral da 
República se manifestasse sobre a pretensão das ADINs (15). Em 01.06.2004 foi 
colacionado parecer pela improcedência do pedido, constitucionalidade dos artigos da lei 
9.096 (16). No dia 07.12.2006 foi decidido o mérito, julgando procedente o pedido das 
ADINs, nos seguintes termos: 
O Tribunal, à unanimidade, julgou procedente a ação direta para declarar a 
inconstitucionalidade dos seguintes dispositivos da Lei nº 9096, de 19 de 
setembro de 1995: artigo 013; a expressão "obedecendo aos seguintes 
critérios", contida no caput do artigo 041; incisos 00I e 0II do mesmo artigo 
041; artigo 048; a expressão "que atenda ao disposto no art. 013", contida 
no caput do artigo 49, com redução de texto; caput dos artigos 056 e 057, 
com interpretação que elimina de tais dispositivos as limitações temporais 
neles constantes, até que sobrevenha disposição legislativa a respeito; e a 
expressão "no art. 013", constante no inciso 0II do artigo 057. Também por 
unanimidade, julgou improcedente a ação no que se refere ao inciso 0II do 
artigo 056. Votou a Presidente, Ministra Ellen Gracie. Ausente, 
justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Falaram, pelos 
requerentes, Partido Comunista do Brasil - PC do B e outros, o Dr. Paulo 
Machado Guimarães e, pelo Partido Socialista Brasileiro - PSB, o Dr. José 
Antônio Figueiredo de Almeida. - Plenário, 07.12.2006. - Acórdão, DJ 
30.03.2007(17). 
Interessante ressaltar que, mesmo antes do julgamento pelo pleno, em 16.11.2006, foi 
exarado o seguinte despacho, antevendo a lacuna a ser deixada por uma possível 
declaração de inconstitucionalidade: 
À Presidente - Ministra Ellen Gracie para o exame de empréstimo de 
preferência ao pregão, ante a necessidade de o Tribunal Superior 
Eleitoral baixar ato fixando os parâmetros para a distribuição do fundo 
partidário, tudo a partir dos preceitos da lei 9096/95 questionados. 
imprimam urgência, remetendo cópia a s. exa.. (grifo nosso) (18) 
Então, como previsto, após a declaração de inconstitucionalidade do artigo 13 da lei 
9.096/95 (cláusula de barreira) e, consequentemente, da divisão de recursos do fundo 
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partidário (artigo 41 da lei 9.096/95), ficou carecendo de regulamentação a divisão do fundo 
partidário. Mas, diante do pedido do Supremo Tribunal Federal, o Tribunal Superior Eleitoral 
decidiu a questão da seguinte maneira: 
Agora, o fundo será assim distribuído entre as legendas: uma quota de 29% 
do fundo irá para os partidos na proporção da representação parlamentar 
filiada no início da Legislatura em curso, segundo o artigo 56, item VI, da 
Lei 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos); outra quota de 29% irá para os 
partidos que tenham concorrido ou venham a concorrer às eleições gerais 
para a Câmara dos Deputados, elegendo representantes em duas eleições 
consecutivas em, no mínimo, cinco estados, obtendo, ainda, 1% dos votos 
apurados no país, não computados os brancos e os nulos e distribuídos na 
proporção dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos 
deputados, segundo o artigo 57, item II, da Lei 9.096/95; a quota de 42% 
restante será distribuída igualitariamente entre todos os partidos políticos 
que estejam com os estatutos registrados no TSE. (19) 
A discussão parecia encerrada. Mais um engano. Em verdade, tornou-se cada vez mais 
complicada. Frente à regulamentação do TSE, prontamente, um novo projetode lei saiu do 
Congresso Nacional, aprovado em 27.02.2007 e sancionado pelo presidente Lula, 
disciplinando a divisão dos recursos do fundo partidário. 
O texto da lei 11.459/07 (20) prevê o repasse igualitário de 5% do total de recursos do 
fundo para todos os partidos. Os restantes 95% serão repassados às legendas de acordo 
com o tamanho das bancadas eleitas para a Câmara. Em outras palavras, o Legislativo se 
curvou ao entendimento do Judiciário. Não existe mais a limitação para o recebimento das 
verbas públicas. Criar um partido político, mesmo que sem ideologia alguma, volta a ser um 
ótimo negócio. 
Mesmo assim, tampouco a proporcionalidade da lei nova foi aceita pelos partidos 
menores. O PRTB propôs reclamação (nº 4979) (21) perante o Supremo Tribunal Federal 
para rechaçar o novo critério de divisão do fundo partidário (na época da propositura, era 
ainda um projeto de lei). Pretendia garantir os índices maiores conferidos pelo TSE. Em 
18.04.2007, a reclamação foi arquivada (22) pelo Ministro Gilmar Mendes, com fucro no 
entendimento de que o Poder Legislativo não está vinculado à última palavra do Poder 
Judiciário. Contudo, a nova lei de divisão dos recursos não transparece essa posição. Acaba 
com qualquer limite. Transparece a timidez do Poder Legislativo face às decisões do Poder 
Judiciário. 
Diante desse deslinde jurídico, presta-se esse estudo a defender a posição de que a 
divisão dos recursos do fundo partidário de maneira proporcional, com certos limites, é 
constitucional e o julgamento das ADINs pelo Supremo Tribunal Federal padeceu de vícios 
na verificação de seus requisitos. 
Registre-se que, apesar do trânsito em julgado nas Ações Diretas de 
Inconstitucionalidade em enfoque neste estudo, o tema ainda se revela muito importante, e 
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carente de discussão, pois, a melhor aplicação dos recursos públicos corresponde a um 
anseio social pungente. Não bastasse isso, o mote da cláusula de barreira faz-se palco de 
um importante debate: a limitação do Judiciário para a não-usurpação da competência do 
Poder Legislativo. Os motivos para essas disposições serão explorados a seguir. 
 
4. A presunção de Constitucionalidade da limitação do artigo 17, §3, da 
Constituição Federal 
No artigo 17, §3º, a Constituição Federal definiu que os partidos políticos teriam direito a 
recursos do fundo partidário na forma da lei. Enquadrando-se essa previsão constitucional 
na classificação de José Afonso da Silva, quanto à eficácia das normas constitucionais (23), 
chega-se à seguinte conclusão: trata-se de norma de eficácia limitada. O citado mestre 
explica que: 
(...) as que mencionam uma lei integradora, são normas de eficácia 
limitada, de princípios programáticos e de aplicabilidade indireta, mas são 
tão jurídicas como as outras e exercem relevante função, porque, quanto 
mais se aperfeiçoam e adquirem eficácia mais ampla, mais se tornam 
garantias da democracia e do efetivo exercício dos demais direitos 
fundamentais. (24) 
Existe expressa menção à norma integradora, no artigo 17, § 3º, através da redação “na 
forma da lei”. Logo, é uma norma de eficácia limitada: para o seu titular exercer o direito é 
necessária regulamentação infraconstitucional. Ratificando essa conclusão, Walber Moura 
Agra dá o seguinte conceito para as normas de eficácia limitada: “as que apenas terão 
eficácia imediata quando forem regulamentadas”(25). Explicando a quem incumbe tal 
função, Paulo Bonavides ensina que “as normas de eficácia diferida trazem já definida, 
intacta e regulada pela Constituição a matéria que lhe serve de objeto, a qual será depois 
apenas efetivada na prática mediante atos legislativos de aplicação.”(26) 
O Poder Legislativo – por ser o representante do povo – é quem tem competência para 
garantir eficácia plena à norma constitucional. Quando a Constituição Federal fez a menção 
“na forma da lei” deixou ao Congresso Nacional a missão de fixar seus parâmetros (27) (41 
da lei 9.096/95). 
A disciplina dada pelo artigo 41, de fato, reduziu as verbas que alguns partidos 
receberiam do fundo partidário. Mas, isso não impediu que o sistema continuasse plural. Um 
por cento de todo o dinheiro do fundo partidário seria dividido igualmente. Os outros noventa 
e nove por cento, entre os que ultrapassassem a cláusula de barreira – no ano de 2006, seis 
partidos políticos. A divisão é legítima porque essas agremiações contaram com maior 
representatividade popular. 
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A despeito desses argumentos, os ministros do Supremo Tribunal Federal entenderam 
como inconstitucional a repartição efetuada pelo artigo 41 da lei 9.096. No voto do Ministro 
Gilmar Mendes está expresso: 
O modelo confeccionado pelo legislador brasileiro, no entanto, não deixou 
qualquer espaço para a atuação partidária, mas simplesmente negou, in 
totum, o funcionamento parlamentar, o que evidencia, a meu ver, uma clara 
violação ao princípio da proporcionalidade, na qualidade de princípio da 
reserva legal proporcional (Vorbehalt dês verhältnismässigen Gesetzes). 
(28) 
Com base no princípio da proporcionalidade os ministros entenderam que a lei 9.096 
negou o funcionamento partidário. O ministro Sepúlveda Pertence definiu a situação assim: 
“a cláusula de barreira não mata, mas deixa morrer” (29). 
A despeito de toda reverência que merecem as decisões do Supremo Tribunal Federal, 
esse trabalho se permite divergir do entendimento daquela Corte. Como primeira justificativa 
para a discordância relembra que os critério de limitação da norma constitucional devem ser 
definidos pelo Poder Legislativo, afinal, seus membros são os representantes dos interesses 
dos cidadãos. Foram eleitos pelo voto. São eles que, de maneira indireta, exercem o poder 
do povo. Sobre essa questão, Edílson Farias esclarece que “a solução do conflito entre os 
direitos fundamentais é confiada ao legislador quando o texto constitucional remete à lei 
ordinária a possibilidade de restringir direitos” (30). 
Em síntese, o artigo 17, § 3º, precisa de uma legislação intercalar -“uma lei que se 
interpõe entre a norma constitucional e o fato empírico” (31). O poder constituinte atribui 
essa competência ao Congresso Nacional. Portanto, ao se seguir esse procedimento, deve-
se presumir que a norma editada é constitucional. Partindo de tais premissas, conclui-se que 
a atuação do Supremo Tribunal Federal precisa ser excepcional, em sede de controle. No 
momento em que passa o Poder Legislativo pela chamada “crise legislativa” (32) – enorme 
legiferação do Poder Executivo através de medidas provisórias – não parece razoável nova 
turbação da função pelo Poder Judiciário. 
Destarte, não cabe afirmar que a divisão dos recursos públicos, conforme a 
proporcionalidade de votos obtida na “Casa do povo” – Câmara dos Deputados – é 
inconstitucional. A instituição da cláusula de barreira, e divisão do fundo partidário, passaram 
por um rigoroso controle, perante o Congresso Nacional (processo legislativo, com 
aprovação das duas casas) e o Presidente da República (sanção). Logo, deve-se, 
preliminarmente, entendê-la como constitucional. 
Não bastasse isso, a instituição de cláusula de barreira, para recebimento de verbas do 
fundo partidário, é um mecanismo amplamente adotado em vários Países. Foi o meio 
encontrado para estancar a criação ilimitada de partidos políticos, o que desvirtuava o 
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sistema, face à dificuldade de controle e ao nascimento de agremiaçõesacéfalas 
politicamente. Canotilho esclarece: 
(3) Quais, dentre os partidos e candidatos, devem beneficiar das 
subvenções financeiras? A questão reconduz-se à escolha de um critério 
seletivo dos beneficiários do financiamento. Um dos critérios possíveis é a 
representação parlamentar (Finlândia, Dinamarca, Espanha, Portugal), 
segundo o qual só partidos com representação parlamentar podem 
beneficiar do financiamento público. A repartição far-se-á tendo em conta o 
número de mandatos ou número de votos. Este critério – eis aqui a objeção 
principal – pode conduzir à rigidificação e petrificação do sistema partidário. 
Outro critério toma como base, para a atribuição de subvenções, o número 
de votos obtidos, financiando-se os candidatos ou partidos que tenham uma 
determinada porcentagem de votos (Estados Unidos, Canadá, Alemanha). 
Em alguns países, utiliza-se um critério misto: representação parlamentar e 
percentagem de votos. Isto conduz ao financiamento dos partidos com 
representação parlamentar, distribuindo uma parte igual por todos os 
grupos com formação parlamentar, e outra parte em função do número de 
votos obtidos por cada um deles (Áustria, Itália, Suécia) (33). 
Como ocorrido na Áustria, Itália e Suécia, o Brasil adotou um critério misto. Uma parte 
dos recursos é dividida igualmente (1%) e o restante (99%) proporcionalmente à 
representação, desde que ultrapassada a cláusula de barreira (5% dos votos). 
Por esses argumentos, bem se vê que quem deve determinar qual é o parâmetro ideal 
para a limitação do recebimento de verbas públicas é o Poder Legislativo. O Supremo não 
deve discutir se o percentual definido pela cláusula de barreira é justo ou injusto, sob pena 
de turbação da competência de outro poder. A cláusula de barreira – percentual mínimo de 
votos a ser obtido – já é uma realidade em diversos países. Nesses Estados soberanos, o 
percentual (3%, 4%, 5%, etc.) não foi definido pelo Tribunal Superior Eleitoral (como 
solicitado pelo STF) ou pela Corte Constitucional. Foi estabelecido pela casa legislativa, o 
que o torna legítimo. 
 
5. A invasão da discricionariedade do Poder Legislativo 
Em se tratando de um Poder cujos membros são eleitos pelo voto direto, na qualidade de 
representantes do povo, possuem os parlamentares discricionariedade para escolher a 
melhor imposição legal à sociedade. O único requisito material é a sua obediência aos 
ditames da Constituição Federal. Tratando sobre a margem de liberdade do legislador, 
Pedro Serrano (34) explica que “a vinculação do legislador pela Constituição nem sempre é 
positiva, cabendo-lhe, em diversas situações, a iniciativa criativa nos pressupostos e/ou 
meios, e/ou fins normativos limitada apenas pela não contradição com dispositivos 
constitucionais (limites negativos)”. 
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Permitir que o Supremo Tribunal Federal adentre na esfera de discricionariedade do 
poder legislativo, para definir parâmetros legais, traz as conseqüências enumeradas abaixo, 
prejudiciais ao sistema democrático: 
a) inúmeros julgamentos da Corte Constitucional, declarando os critérios da lei 
como inconstitucionais, fazem com que o Congresso Nacional, em seguida, 
edite novas leis restabelecendo o percentual inquinado. Quem sofre com 
essa disputa de poderes é o povo, que não pode contar com critérios 
seguros no ordenamento jurídico; 
b) a Corte Constitucional se torna, na prática, órgão legislador, pois ao STF 
cumpriria decidir o percentual correto para distribuição dos recursos do 
fundo partidário. O fim da celeuma só será possível quando o Supremo 
Tribunal Federal entender que o critério fixado pelo Congresso Nacional é 
constitucional. 
Sobre os perigos da violação da esfera de competência, Hassemer (35) explica que 
“Existe com ello el peligro real de que el Tribunal Constitucional se extralimite em sus 
competências, que dicte resoluciones allí donde otros (los tribunales de otras jurisdicciones) 
están designados a hacerlo convirtiéndose así em uma “superistancia de casación” o em um 
legislador substituto”. 
No caso em tela, deve-se respeitar o Princípio da Tripartição de Poderes, sob pena de 
tornar sem qualquer efeito a atuação do Poder Legislativo. Retirar a atribuição desse poder, 
através do controle de constitucionalidade (STF) ou por meio das medidas provisórias 
(Presidente da República), é anular os votos do povo. Anna Ferraz (36) ressalta a 
importância dessa divisão de funções, quando afirma que “o estabelecimento de freios e 
contrapesos tem caráter instrumental porquanto serve ao princípio inspirador da limitação do 
poder, para assegurar a liberdade”. 
Dessa feita, a atuação do Supremo, em sede de controle, necessariamente deve ser 
excepcional, sob pena de abalar a tripartição de poderes, gerando um governo em que só as 
decisões do judiciário prevalecem. A fixação de índice percentual (cláusula de barreira e 
divisão do fundo partidário) não está dentro da esfera de competência do Poder Judiciário, 
mas sim do Poder Legislativo. 
 
6. A igualdade de chances conferida aos partidos políticos 
Outro fundamento apontado como violado pela cláusula de barreira, no voto do Ministro 
Gilmar Mendes, é o Princípio da Igualdade de chances. No entanto, mais uma vez, cabe a 
esse estudo discordar desse entendimento. 
As regras da cláusula de barreira, editadas através de uma lei de 1995, já eram 
conhecidas antes da eleição de 2006, para o escrutínio da Câmara dos Deputados. Os 
partidos políticos sabiam que a aplicação de divisão de recurso só ocorreria em 2007, 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 89, p.01-22, fev./mar, 2008 
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11 
conforme determina o artigo 57 da lei 9.096/95, o que garantiu aos partidos políticos a 
possibilidade de se esmerarem para ultrapassar a cláusula de barreira. 
A igualdade de chances foi conferida aos partidos políticos ao se dar conhecimento 
prévio das novas regras. Da mesma forma ocorreu quando lhes foram concedidos meios 
(financeiro, de propaganda, entre outros) equivalentes aos dos “partidos grandes” para obter 
votos na eleição para a Câmara dos Deputados. Prova disso foi o marcante apelo do 
deputado federal Fernando Gabeira (37) nos horários políticos, esforçando-se para 
arregimentar votos suficientes à ultrapassagem da cláusula de barreira. No final, dada a 
legitimidade popular, ganham maiores recursos os partidos que tiveram maior 
representatividade. É um reflexo da proporcionalidade democrática. 
Tratando do Princípio da Igualdade, o professor André Ramos (38) esclarece que “os 
tratamentos diferenciados podem estar em plena consonância com a Constituição”. Então, 
para definir um parâmetro constitucional de desigualdade, o citado estudioso explica que é 
preciso existir uma correlação lógica entre: 
a) O traço diferencial eleito como ponto de apoio da desigualação que se 
pretende instaurar; 
b) a desigualação de tratamento sugerida em função do traço ou característica 
adotada. 
Sendo assim, aplicando-se ao caso estudado, observa-se que o traço diferencial eleito é 
a proporcionalidade de votos obtida pelos partidos que ultrapassaram a cláusula de barreira 
(5% dos votos apurados na Câmara dos Deputados – representatividade mínima). A 
representatividade na “casa do povo” tem direta relação com os recursos que vão permitir o 
funcionamento dos partidos políticos. O dinheiro público deve financiar os partidos que são 
eleitos pelo povo. O poder de escolha é da população. 
Ainda conforme André Ramos (39), a desigualdade deve ter relação direta com a 
diferença observada. Sendo assim: 
• Desigualdade – recebimento de verba pública; 
• Diferença – quantidade de votosrecebida pelo partido político na Câmara 
dos Deputados. 
Por essas razões resta claro que a igualdade de chances foi conferida aos partidos 
políticos, antes mesmo da aplicação dos novos critérios. Não bastasse isso, o juízo utilizado 
para diferenciá-los possui relação direta com a desigualdade, demonstrando-se 
constitucional. 
 
7. O Problema da omissão legislativa deixada pelo julgamento das ADINs 1351-3 e 
1354-8 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 89, p.01-22, fev./mar, 2008 
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12 
No caso em tela, ao declarar inconstitucional a lei que fixou cláusula de barreira, 
terminou o Supremo Tribunal Federal fulminando também o critério para repartir o dinheiro 
do fundo partidário. Diante dessa lacuna, decidiu a Corte Máxima oficiar ao Tribunal Superior 
Eleitoral, a fim que esse órgão legislasse sobre a matéria. Caso isso não ocorresse, não 
existiriam parâmetros para dividir os recursos. Como explicado anteriormente, os critérios 
foram definidos pelo TSE. Contudo, parece a esse estudo que tal medida careceu de 
legitimidade constitucional. Enumeram-se abaixo as razões para essa posição. 
Para entender as razões da discordância, relembre-se que a declaração de 
inconstitucionalidade tem efeitos, em regra, ex-tunc, vinculante e erga omnes. Atestando 
essa regra, Alexandre de Morais (40) esclarece que: 
Declarada a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo federal ou 
estadual, a decisão terá efeito retroativo (ex tunc) e para todos (erga 
omnes), desfazendo, desde sua origem, o ato declarado inconstitucional, 
juntamente com todas as conseqüências dele derivadas, uma vez que os 
atos inconstitucionais são nulos e, portanto, destituídos de qualquer carga 
de eficácia jurídica, alcançando a declaração de inconstitucionalidade da lei 
ou ato normativo, inclusive os atos pretéritos com base nela praticados 
(efeito ex tunc). 
Essa é a regra: a nulidade das leis inconstitucionais, Idéia defendida há muito tempo por 
Rui Barbosa (41). Contudo, em vista de dois requisitos (segurança jurídica ou excepcional 
interesse social) será possível a modulação dos efeitos da ADIN. O artigo 27 da lei 9.868/99 
(42): 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista 
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo 
Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos 
daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em 
julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
A modulação de efeitos permite restringir as conseqüência da declaração ou decidir em 
que momento ela teria eficácia. Diante dessas informações, deve-se analisar a posição 
tomada pelo Supremo Tribunal Federal, face à lacuna deixada pela declaração de 
inconstitucionalidade. 
O controle de constitucionalidade da cláusula de barreira, em seu efeito regular, geraria 
uma grave lacuna no ordenamento. Contudo, esse espaço vazio só poderia ter sido 
preenchido pelo Congresso Nacional, através de outra lei, e não pelo Tribunal Superior 
Eleitoral. Esse órgão não possui legitimidade normativa para regulamentar norma 
constitucional. Logo, é inconstitucional a divisão dos recursos do fundo partidário 
determinada pelo Supremo Tribunal Federal. 
Ao se deparar com a lacuna deixada pela ADIN, o STF não possui competência para 
oficiar a outro órgão, requerendo a regulamentação normativa. Não existe autorização 
constitucional nesse sentido. Portanto, a única medida possível para resolver o problema 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 89, p.01-22, fev./mar, 2008 
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13 
seria modular os seus efeitos. Garantir um lapso temporal para que o Congresso Nacional 
aprovasse uma nova norma, dividindo os recursos do fundo partidário. 
Bem se vê que houve clara impropriedade, na atuação do Supremo Tribunal Federal, ao 
incitar um órgão incompetente para delimitar a norma constitucional. 
 
8. Avaliação dos requisitos de constitucionalidade da restrição através do método 
de J. J. Canotilho 
No intuito de avaliar se a limitação efetuada pela lei 9.096/95, ao artigo 17, § 3º, da CF, 
está dentro dos limites constitucionais, socorre-se esse trabalho dos critérios utilizados por J. 
J. Gomes Canotilho (43). A adoção de tal metodologia justifica-se pelo fato de o direito 
constitucional brasileiro se inspirar em várias diretrizes fixadas na Carta Portuguesa e seguir 
os critérios da Teoria Constitucional desse renomado mestre. O procedimento lecionado é o 
seguinte: 
Para se afirmar existência de uma autêntica restrição é necessário 
desenvolver um procedimento metódico (cfr., infra, Metódica Constitucional) 
destinado a iluminar as seguintes interrogações: (1) Trata-se de efectiva 
restrição do âmbito de protecção da norma consagradora de um direito, 
liberdade e garantia? (2) Existe uma autorização constitucional para essa 
restrição? (3) Corresponde a restrição à necessidade de salvaguardar 
outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos? (4) A lei 
restritiva observou os requisitos expressamente estabelecidos pela 
constituição (necessidade, proporcionalidade, generalidade e abstração, 
não retroactividade garantia do núcleo essencial?). 
Passa-se, em seguida, a aferir cada um dos critérios. 
 
8.1. Restrição à norma de direito, liberdade ou garantia 
O artigo 17, § 3º, da Constituição Federal (44) assegura aos partidos políticos o direito a 
recursos do fundo partidário e a acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. 
Portanto, ao fazer a menção “na forma da lei“, permitiu-se a regulamentação e restrição dos 
direitos enumerados anteriormente. Nessa previsão legal é que o artigo 41 da lei 9.096/95 
(45) surge para limitar os direitos arrolados pela Carta Máxima. Destarte, o referido artigo 41 
significa limitação a norma de direito. Além disso, caracteriza-se como restrição à liberdade 
partidária, visto que reduz a amplitude da pluralidade partidária. 
 
8.2. Autorização Constitucional 
Na Constituição Federal há expressa limitação dos direitos dos partidos políticos, na 
forma da lei. Logo, o constituinte permitiu a restrição desses direitos (acesso ao rádio e à 
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televisão e aos recursos do fundo partidário). Como já delimitado, trata-se de norma de 
eficácia limitada. Asseverando isso, Celso Bastos (46) aduz: 
A utilização de certas expressões lingüísticas, como “a lei regulará” ou “a lei 
disporá”, ou, ainda, “na forma da lei”, deixa de logo claro que a vontade 
constitucional não está integralmente composta. A matéria normada na 
ganhou definitividade em seu perfil. Ela reclama a superveniência de uma 
normação posterior que venha a delimitá-la na sua exata extensão, quer 
para alargá-la, quer para restringi-la. 
Desse modo, nos termos da redação constitucional, o Poder Constituinte Originário 
autorizou a limitação dos direitos partidários através de lei infraconstitucional. 
 
8.3. Salvaguarda de outros direitos e interesses constitucionais 
O cerne da cláusula de barreira e da divisão do fundo partidário está no embate entre 
dois princípios: pluralismo partidário e representação popular. Então, para afirmar a 
legitimidade da limitação do pluralismo partidário em prol da representação do povo, passa-
se a enumerar os interesses constitucionais salvaguardados por tal medida. 
Como já apontado, o sistema democrático passa por uma grave crise de credibilidade, 
visto o grande número de denúncias de corrupção dentro do Congresso Nacional. Esses 
escândalos têm apresentado um quadro nacional em que os partidos políticos vêm sendo 
utilizadoscomo instrumento de defesa de interesses particulares. Manoel Gonçalves (47) 
ressalta essa realidade: 
A experiência, porém, revela que os partidos oferecem riscos para a democracia. Por isso, boa 
parte da doutrina política os encara como um mal, embora necessário, para a democracia. 
Um dos inconvenientes é o seu caráter oligárquico. Poucos os dominam e esses poucos, por 
terem em mãos a formulação das opções eleitorais têm uma influência desproporcionada. Por 
outro lado são eles facilmente corrompidos pelo suborno ou “comprados” por “doações”. 
Outro é o de poderem servir de ponta de lança para o poder econômico. De fato, precisado de 
vultosos recursos para a propaganda, mormente hoje com as técnicas sofisticadas que, ao 
mesmo tempo, reclamam e propiciam os meios de comunicação de massa, podem ser 
“comprados” pelos seus financiadores. E assim usados para a defesa de interesses 
particulares. 
Portanto, a aplicação do Princípio do Pluralismo Partidário, sem qualquer limitação, tem 
apresentado excessos. A existência de um número grande de partidos causa dificuldade na 
fiscalização da atuação das agremiações, gera o nascimento de partidos desprovidos de 
ideologia política e propicia a venda dos votos dentro do plenário. Logo, causa um quadro 
que afeta o funcionamento da própria democracia. 
O meio encontrado por diversos países para modificar essa situação foi a redução da 
liberdade de criação partidária. Significa fortalecer os partidos com representatividade, sem, 
contudo, perder a característica plural. Em verdade, almeja-se aplicar a verba pública nos 
políticos eleitos pelo povo. 
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15 
Assim, a adoção da cláusula de barreira visa garantir a validade do voto conferido pelos 
cidadãos, permitir o funcionamento do sistema democrático, devolver a credibilidade ao 
sistema partidário nacional e garantir transparência na sua atuação. 
 
8.4. Observância de requisitos constitucionais 
8.4.1. Princípio da proporcionalidade (necessidade, proporcionalidade e 
adequação) 
Por fim, dentro dos requisitos de constitucionalidade, passa-se a demonstrar a presença 
da proporcionalidade na delimitação legal conferida pelo Congresso Nacional aos recursos 
partidários. 
Em seu emprego, a técnica normativa correta para a aferição da proporcionalidade em 
sentido estrito é a ponderação de bens (...) (48). Cabe registrar que os direitos atingidos no 
caso em tela são os pertencentes ao pluralismo partidário e ao sistema democrático: 
discricionariedade legislativa e representação proporcional. Através desse meio, é viável 
indagar “se as condições impostas pelo legislador não se revelariam incompatíveis com o 
princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade (adequação, necessidade, razoabilidade) 
(49). 
O princípio da proporcionalidade (verhältnismässigkeitsprinzip) é formado por três 
elementos ou subprincípios, os quais sejam: adequação (Geeignetheit), a necessidade 
(Enforderlichkeit) e a proporcionalidade em sentido estrito (Verhältnismässigkeit) (50). Vale a 
pena verificá-los no caso em tela: 
a) Adequação (avaliar se a medida é apta a atingir objetivo pretendido): 
no caso, a restrição na entrega do dinheiro do fundo partidário conseguirá 
reduzir o número de partidos, permitindo maior controle; transferir dinheiro 
público apenas aos partidos que possuam efetiva representatividade 
nacional; evitar a criação dos chamados “partidos parasitas” – sem 
fundamento ideológico, reduzindo a compra de votos e a defesa de 
interesses exclusivamente particulares. 
b) Necessidade (avaliar se nenhum outro meio se revela efetivamente 
eficaz): várias foram as tentativas do Congresso Nacional, editando leis, e 
até mesmo da população organizada, para reduzir os problemas 
decorrentes do abuso do poder político. Todas restaram infrutíferas. O 
problema permanece, tornando-se cada vez mais grave, redundando em 
esquemas de corrupção como o “mensalão” (compra de votos). Por esses 
motivos, apenas a limitação do número de partidos garantirá maior 
fiscalização e transparência do sistema. Vale ressaltar que esse 
mecanismo demonstrou-se eficaz em diversos países. O sistema brasileiro 
ainda possui a vantagem de garantir a divisão de certo percentual dos 
recursos públicos aos partidos de maneira igualitária. 
c) Proporcionalidade propriamente dita (razoabilidade da medida): o 
requisito diferenciador, que determina o recebimento de maior verba do 
fundo partidário, é a representatividade na Câmara dos Deputados. Dito 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 89, p.01-22, fev./mar, 2008 
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16 
critério se apresenta como plenamente razoável, já que leva em 
consideração o valor da maior quantidade de voto. 
 
8.4.2. Generalidade e abstração 
Canotilho (51) define a lei geral e abstrata como “aquela que se dirige a um número 
indeterminado ou indeterminável de pessoas (destinatários) ou regula um número 
indeterminado ou indeterminável de casos.”. O falado artigo 41 dirige-se a um número 
indeterminável de pessoas: os partidos políticos (de número variável, a cada ano, a 
depender do registro no TSE) e os seus filiados, também beneficiários das verbas públicas 
(número mutável). 
 
8.4.3. Não retroatividade e garantia de núcleo essencial 
O artigo 41 da lei 9.096/95 (52) é uma norma que só entraria em vigor em fevereiro de 
2007, conforme o artigo 57 desse mesmo diploma legal. Logo, não cabe afirmar que há 
retroatividade. Regula evento futuro. 
Foi garantido o núcleo essencial da Constituição Federal, visto que se manteve o 
pluralismo partidário (embora em menor número), a representação popular, e a igualdade de 
chances entre os partidos. 
 
9. Considerações finais 
Diante de todos os argumentos, conclui-se que a medida tomada pelo Congresso 
Nacional, ao limitar o artigo 17, § 3º, da Constituição Federal, através da lei 9.096/95, foi 
plenamente constitucional. Decorre do poder conferido pelo povo aos seus representantes. 
Viria em um momento ideal, visto a enorme descrença política no sistema partidário 
brasileiro. Propunha-se a reduzir o número de agremiações, para um efetivo controle da 
atuação dos partidos pelo povo. Ao mesmo tempo, extirparia os chamados “partidos 
parasitas”, exclusivamente dedicados à apropriação de recursos públicos para fins 
particulares. 
A discussão sobre tal tema é muito relevante, pois, existe uma outra lei, de nº 
11.459/97(54), fixando a divisão dos recursos apenas de acordo com a proporcionalidade. 
Não existe mais a limitação para o recebimento dos recursos públicos. Retorna-se ao ponto 
de partida. Não foi possível encontrar uma solução para a democracia nacional. 
Em verdade, espera-se que a ingerência do Poder Judiciário não acarrete retrocesso nas 
decisões do Poder Legislativo. O problema (desvirtuamento da função dos partidos políticos) 
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existe, e não pode ser ignorado. Então, após um novo passo, restringindo o recebimento de 
verbas, espera-se mais cautela da Corte Constitucional, para não adentrar na esfera de 
competência de outro Poder. Não tentar fixar o percentual correto. Da mesma feita, não 
repassar a função legislativa a outro órgão, como ocorreu quando o STF oficiou o TSE para 
esse fim. 
A Tripartição de Poderes é um sistema vulnerável, que precisa das ponderações de 
todos os integrantes para o seu pleno funcionamento. As decisões do Supremo Tribunal 
Federal, portanto, não podem escapar de sua seara de competência, sob pena de fulminar o 
sistema. Não existe um controle externo sobre as declarações de constitucionalidade 
efetuadaspela Corte. Por essa razão, esse estudo propõe uma releitura da questão, 
esperando que no próximo julgamento, certamente vindouro, o STF garanta a autonomia dos 
percentuais decididos legitimamente pelo Poder Executivo. 
 
Notas explicativas 
(1) FUNDO partidário. Agência Câmara, Brasília, 21 set. 2006. Disponível em: 
<http://www2.camara.gov.br/homeagencia/materias.html?pk=93143> , Acesso em: 10 mai. 2007. 
(2) BRASIL. Lei 9.096, de 19 de setembro de 2005. Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta os arts. 17 e 
14, § 3º, inciso V, da Constituição Federal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9096.htm. 
Acesso em: 15 mar. 2007. 
(3) CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria das Constituições. 3. ed. Coimbra: Almedina, 
1999. p. 422. 
(4) BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm. Acesso em: 05 mar. 2007. 
(5) Registre-se que este trabalho, assim como a doutrina majoritária e o Supremo Tribunal Federal, entende que 
as normas constitucionais possuem eficácia mínima, o que se traduz em vetor interpretativo e impedimento de 
legislação infraconstitucional contrária. Portanto, ao se utilizar a expressão ausência de eficácia, refere-se ao 
exercício direto do direito consagrado constitucionalmente, sem necessidade de regulamentação. 
(6) Op. cit. 
(7) BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADIN 1351-3. Pleno do Supremo Tribunal Federal. Relator: Ministro 
Marco Aurélio. Brasília, DF, 2005. Disponível em: 
<http://www.stf.gov.br/processos/processo.asp?PROCESSO=1351&CLASSE=ADI&ORIGEM=AP&RECURSO=0
&TIP_JULGAMENTO=M> . Acesso em: 20 mar. 2007. 
(8) BRASIL. Supremo Tribunal Federal. ADIN 1354-8. Pleno do Supremo Tribunal Federal. Relator: Ministro 
Marco Aurélio. Brasília, DF, 2005. Disponível em: 
http://www.stf.gov.br/processos/processo.asp?PROCESSO=1354&CLASSE=ADI&ORIGEM=AP&RECURSO=0&
TIP_JULGAMENTO=M. Acesso em: 20 mar. 2007. 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 89, p.01-22, fev./mar, 2008 
www.presidencia.gov.br/revistajuridica 
18 
(9) TERCEIRA interpretação do TSE aponta 6 partidos que alcançam a cláusula de barreira. Agência do 
Tribunal Superior Eleitoral, Brasília, 2006. Disponível em: 
http://agencia.tse.gov.br/noticiaSearch.do?acao=get&id=15564. Acesso em: 15 abr. 2007. 
(10) GUIMARAES, Larissa. Excluídos pela cláusula de barreira, partidos vão à justiça e estudam fusões. 
Reportagens especiais: UOL eleições 2006, Brasília, 2006. Disponível em: 
http://eleicoes.uol.com.br/2006/reportagens/clausula.jhtm. Acesso em 24 abri. 2007 Acesso em: 5 jun. 2007 
(11 TERCEIRA interpretação do TSE aponta 6 partidos que alcançam a cláusula de barreira. Agência do 
Tribunal Superior Eleitoral, Brasília, 2006. Disponível em: 
http://agencia.tse.gov.br/noticiaSearch.do?acao=get&id=15564. Acesso em: 15 abr. 2007. 
(12) op. cit. 
(13) BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Petição Inicial da ADIN 1351-3, Brasília, DF, 2005. Disponível em: 
http://www.stf.gov.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADIN&s1=1351&processo=1351. Acesso 
em: 20 jan. 2008. 
(14) op. cit. 
(15) op. cit. 
(16) op. cit. 
(17) BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Decisão das ADINS 1351-3 e 1354-8. Pleno do Supremo Tribunal 
Federal, Brasília, DF, Relator: Min. Marco Aurélio, Requerentes: Partido Comunista do Brasil - PC do B e outros, 
07.12.2006. Lex: jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, DJ 30.03.2007, Ata nº 36, de 07/12/2006. 
Disponível em: 
http://www.stf.gov.br/processos/processo.asp?PROCESSO=1354&CLASSE=ADI&ORIGEM=AP&RECURSO=0&
TIP_JULGAMENTO=M . Acesso em: 15 mar . 2007. 
(18) BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Despacho na ADIN 1351-3. Ministra Ellen Grace, Brasília, DF, 2005. 
Disponível em: 
http://www.stf.gov.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=1351&classe=ADI&origem=AP&recur
so=0&tipoJulgamento=M . Acesso em: 12 jul.2007. 
(19) TSE define novos critérios para distribuição de fundo partidário. RADIOBRÁS – Agência Brasil, Brasília, 
2007. Disponível em: http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/02/06/materia.2007-02-06.1474646423/view. 
Acesso em: 19. mar. 2007. 
(20) BRASIL. Lei 11.459 de 21 de março de 2007. Altera a Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995, para 
estabelecimento do critério de distribuição do Fundo Partidário. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11459.htm Acesso em: 21 abr. 2007. 
(21) PARTIDO político reclama ao STF contra critérios de rateio do fundo partidário. Notícias do STF, Brasília, 
05 mar. 2007. Disponível em: 
http://www.stf.gov.br/noticias/imprensa/ultimas/ler.asp?CODIGO=224608&tip=UN&param=partidário%20reclamaç
ão . Acesso em: 05 maio 2007. 
(22) STF arquiva liminar do PRTB contra critério de rateio do fundo partidário. Notícias do STF, Brasília, 18 abr. 
2007. Disponível em: http://www.stf.gov.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=69635&caixaBusca=N . 
Acesso em: 20 dez.2007. 
Rev. Jur., Brasília, v. 9, n. 89, p.01-22, fev./mar, 2008 
www.presidencia.gov.br/revistajuridica 
19 
(23) Vale ressaltar que existem inúmeras classificações doutrinárias quanto à eficácia das normas 
constitucionais. Mas, como este não é o cerne do trabalho, prefere-se adotar a classificação de José Afonso da 
Silva, visto que é a utilizada pelo Supremo Tribunal Federal (Cf. STF, RE 274280 / SP). 
(24) SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 180. 
(25) AGRA, Walber de Moura. Manual de direito constitucional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. p. 92. 
(26) BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. São Paulo: Malheiros, 2005. p. 252. 
(27) Abre-se um parêntese para registrar que um dos argumentos ventilados nas ADINS é exatamente a 
desnecessidade de regulamentação do artigo 17, § 3º. Seria, portanto, uma norma de eficácia plena. Contudo, tal 
assertiva é descabida. Não foi aceita pelos ministros do STF e não merece aprofundamento. O texto da 
Constituição é expresso – na forma da lei. Por isso, esse estudo se limita a aferir a constitucionalidade da 
regulamentação definida pelo Congresso Nacional, fazendo apenas referência ao argumento ventilado em sede 
de controle concentrado de constitucionalidade. 
(28) MENDES, Gilmar. Íntegra do voto do ministro Gilmar Mendes na ADI sobre “cláusula de barreira”. Notícias 
do STF, Brasília, 08 fev. 2007. Disponível em: 
http://www.stf.gov.br/noticias/imprensa/ultimas/ler.asp?CODIGO=221847&tip=UN&param=cláusula%20barreira. 
Acesso em: 05 maio 2007. 
(29) op. cit. 
(30) FARIAS, Edílson Pereira de. Colisão de direitos: a honra, a intimidade, a vida privada e a imagem versus a 
liberdade de expressão e informação. Porto Alegre: S. A. Fabris, 2000. p. 118. 
(31) BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. São Paulo: Celso Bastos, 2002. p. 112. 
(32) FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2005. p. 156. 
(33) BASTOS, op. cit., p. 311-312. 
(34) SERRANO, Pedro Estevam Alves Pinto. O desvio do poder na função legislativa. São Paulo: FTD, 1997. 
p. 37. 
(35) HASSEMER, Winfried; LÖSING, Norbert; CASAL, Jesús Maria H. Jurisdicción constitucional, democracia 
y Estado de derecho. Caracas: UCAB, 2005. p. 100. 
(36) FERRAZ, Ana Cândida da Cunha. Conflito entre poderes: o pode congressual de sustar atos normativos 
do Poder Executivo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1994. p. 18. 
(37) PARTIDOS buscam driblar a cláusula de barreira. Globo Online. Eleições 2006. Brasília, 14 set. 2006. 
Disponível em: http://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2006/mat/2006/09/14/285658765.asp . Aceso em: 23 mar. 
2007. 
(38) TAVARES, AndréRamos. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 525. 
(39) PARTIDOS, op. cit. 
(40) MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. São Paulo: Atlas, 2006. p. 710. 
(41) BARBOSA, Rui. Atos inconstitucionais. Campinas: Russel, 2003. p. 43. 
(42) BRASIL. Lei 9.868, de 10 de novembro de 1999. Dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de 
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(43) BARBOSA, op. cit., p. 422. 
(44) op. cit. 
(45) op. cit. 
(46) op. cit. p. 115. 
(47) op. cit. p. 87. 
(48) BARROS, Suzana de Toledo. O Princípio da proporcionalidade e o controle de constitucionalidade 
das leis restritivas de direitos fundamentais. Brasília: Brasília Jurídica, 1996. p. 213. 
(49) MENDES, Gilmar Ferreira. Direitos fundamentais e controle de constitucionalidade: estudos de direito 
constitucional. São Paulo: Instituto Brasileiro de Direito Constitucional, 1998. p. 39. 
(50) op. cit. p. 73. 
(51) op. cit. p. 425. 
(52) op. cit. 
(53) op. cit. 
 
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