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modelo ao ordinria de reparao de danos morais e materiais

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EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DANºVARA CÍVEL DA COMARCA DECIDADE, CEARÁ
AÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTES DE FATO DO PRODUTO
NOME DOREQUERENTE,QUALIFICAÇÃO DO REQUERENTE, vem, à presença de Vossa Excelência, com todo respeito e súpero acatamento, por conduto do Defensor Público abaixo firmatário, com esteio com fulcro no artigo 282 e seguintes do CPC, Código Civil e Código do Consumidor, além de outros cânones eventualmente aplicáveis à espécie, propor, como de fato propõe, a presenteAÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DECORRENTES DE FATO DO PRODUTOem face deNOME DO RÉU,QUALIFICAÇÃO DO RÉU, pelas razões fáticas e de direito adiante expostas.
PRELIMINARMENTE
Requer os benefícios da justiça gratuita, em razão de estar sendo assistido(a) pela Defensoria Pública, por ser pobre na forma da lei, conforme dispositivos insertos na Lei Federal 1.060/50, acrescida dasalterações estabelecidas na Lei Federal 7.115/83, bem como em atendimento ao preceito constitucional, na esfera federal, da Lei Complementar Federal nº 80/94, reformada pela Lei Complementar Federal nº 132/2009 e, estadual, por meio da Lei Complementar Estadual nº. 06/97, tudo por apego á égide semântica prevista no artigo 5°, LXXIV da Carta da República de 1988.
SINOPSE FÁTICA
DESCRIÇÃO DOS FATOS
FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A questão em análise é típica relação de consumo, regrada pelo Código de Defesado Consumidor, Lei 8.078/90, tendo ocorrido o denominado pela doutrina como acidente de consumo, que se encontra albergado nos artigos 12 a 17 daquela legislação, visto que, in casu, houve violação à incolumidade física da autora, causando-lhe, inclusive,a perda de uma das visões.
No caso em apreço, ocorreu o que o Código de Defesa do Consumidor assentou chamar-se de responsabilidade pelo fato do produto ou serviço, que não se confunde com a responsabilidade pelo vício do produto ou serviço, que tem ancoramento nos artigos 18 a 25 da lei consumerista.
A Responsabilidade pelo fato do produto decorre da exteriorização de um defeito não só capaz de frustrar a legítima expectativa do consumidor quanto a sua fruição, mas como também pode lhe causar riscos à saúde e à incolumidade física, tratando-se de vício de qualidade que gera insegurança, implicando em um acidente de consumo.
Zelmo Denari, um dos autores do anteprojeto do CDC, afirma que:
No vício de segurança, o defeito do produto e/ou serviço geralmente é oculto apresentando-se apenas após a utilização do mesmo que venha ocasionar os danos advindos de acidente do consumo, "supõem, como um "prius" a manifestação de um defeito do produto ou serviço e como um 'posterius' um evento danoso". E, ainda, na segundahipótese o defeito costuma ser oculto, pois o evento danoso somente se manifestana fase mais avançada do consumo, ou seja, durante sua utilização ou fruição, e a Lei do Consumidor dela se ocupa ao disciplinar a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço, como aconteceu no presente caso" (Código Brasileiro de defesa do Consumidor comentado pelos autores do anteprojeto, São Paulo, Forense, 04ª ed., 1994, p.165)
Assim, pode-se pautar na doutrina e também no legislador pátrio, que inferem a responsabilização objetiva nas relações de consumo, eis que, na maioria das vezes, como no caso em questão, a relação é de hipossuficiência do consumidor em comparação ao fornecedor.
Com respeito ao caso sub judice, vejamos o que dispõe o Código Consumerista:
Art. 8º -Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese,a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito.
Art. 12 - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidorespor defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Desta feita, estando patente a configuração do ilícito, no tocante aos danos causados à requerente, não restam dúvidas quanto responsabilidade sua plena reparação, pois nesse ponto o Código de Defesa do Consumidor foi taxativo, sem dar margem a qualquer outro tipo de interpretação.
O artigo 12 do CDC, segundo a doutrina dominante, criou o dever de segurança para o fornecedor, ou seja, o dever de não lançar produto com defeito, pois, do contrário, responderá, independentemente de culpa, por eventual acidente de consumo.
São os chamados acidentes de consumo, que se materializam através de repercussão externa do defeito do produto, atingindo a incolumidade físico-psíquica do consumidor e o seu patrimônio (Sergio Cavalieri Filho, Programa de Direito do Consumidor, 3a. Edição, Atlas, SãoPaulo. 2011. Pág. 289).
Quem lava a cabeça com um xampu pode legitimamente esperar que ele não fará mal algum caso atinja seus olhos. A expectativa de segurança é legítima quando, confrontada com o estágio técnico e as condições específicas do tipo do produto ou do serviço, mostra-se plausível, razoável, aceitável. Se o produto não corresponder a essa segurança legitimamente esperada, será defeituoso. (ob. cit. Pág. 290-291).
Ao consumidor basta a demonstração do dano e o nexo causal com o produto adquirido. Não será, portanto, necessário demonstrar a ocorrência do defeito, incumbência esta do fornecedor, o qual também deverá provar a eventual ocorrência de excludente de sua responsabilidade.
À vista do teor dos fatos e provas carreadas, resultou configurada a responsabilização objetiva da requerida, em face de sua desídia em permitir negociar um produto defeituoso, nocivo à saúde, resultando em danos físicos e morais à requerente, na forma preconizada pelo artigo 6º, VI do CDC:
Art. 6º. São Direitos básicosdo consumidor:
[...]
VI - a efetiva prevenção e reparação dos danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos;
Em sede de jurisprudência já se entendeu que:
INDENIZATÓRIA - DANOS MORAIS - INGESTÃO DE ALIMENTO ESTRAGADO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - CONSUMIDOR QUE INGERINDO UM FOLHADO DE SALSICHA ESTRAGADO É ACOMETIDO DE INTOXICAÇÃO ALIMENTAR - VIOLAÇÃO AO DEVER DA SEGURANÇA ALIMENTAR DO CONSUMIDOR - ÔNUS DAPROVA - DANO MORAL CARACTERIZADO PELA SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA E DESCONSIDERAÇÃO QUE OFATO CAUSA NA PESSOA DO CONSUMIDOR E TAMBÉM PELO ABALO À SAÚDE CAUSADO - VALOR DA INDENIZAÇÃO CORRETAMENTE ARBITRADO - RECURSO DESPROVIDO.
(…)
2- Consumidor que ingerindo alimento estragado (folhado de salsicha) é acometido de intoxicação alimentar. Violação ao postulado da segurança alimentar do consumidor. 3- Cabe à ré a comprovação da existência de fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito postulado pelo autor, a teor do disposto no art. 333, inc. II, do CPC, não tendo a ré se desincumbindode tal ônus.
(TJRS - RIn 71003283645 - 3ª T.R.Cív. - Rel.Ricardo Torres Hermann - J. 28.02.2012 ).
DIREITO DO CONSUMIDOR - PRODUTO ALIMENTÍCIO DETERIORADO NO PRAZO DE VALIDADE - EXPOSIÇÃO DA SAÚDE E VIDA À RISCO - DANO MORAL - CABIMENTO - 1- Acórdãoelaborado de conformidade com o disposto no art. 46 da lei 9.099/1995 e arts. 12, inciso ix, 98 e 99 do regimento interno das turmas recursais. Recurso próprio, regular e tempestivo. 2- A exposição de alimento estragado à venda, com data de validade não condizente com a realidade é fato que, a princípio constitui descaso e atinge a dignidade da coletividade de consumidores, além de expor a saúde e a própria vida a risco. Para o consumidor que integrou a relação de consumo representa desgosto e sofrimento que justifica a condenação ao pagamento de indenização por danos morais. 3- Para a fixação da indenização é de se examinar as condições das partes, o valor de desestímulo e as circunstanciasdo caso. Neste quadro, mostra-se adequada a indenização no valor der$ 3.000,00. 3- Recurso conhecido e provido. Sem custas e sem honorários advocatícios. (TJDFT - Proc. 20120110246403 - (611685) - Rel. Juiz Aiston Henrique de Sousa - DJe 23.08.2012 - p. 214).
VENDA DE PRODUTO IMPROPRIO PARA CONSUMO. PRODUTO ALIMENTICIO.DEFEITO DO PRODUTO. RESPONSABILIDADEOBJETIVA. DANO MORAL IN RE IPSA APELAÇÃO CÍVEL - RESPONSABILIDADE CIVIL - DIREITO DO CONSUMIDOR - INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - Comercialização de produto comestível no qual foi encontrado inseto. Possibilidade de danoà saúde da autora. Defeito do produto. Responsabilidade objetiva. Ausência de causa excludente do nexo de causalidade. Dano moral in re ipsa. Precedentes do tjrj. Reforma da sentença atacada. Recurso a que se dá provimento para condenar a ré ao pagamentode indenização a título de danos morais no valor de valor de r$3.000,00 (TRÊS MIL REAIS). Art. 557, §1º-a do código de processo civil . (TJRJ - AC 0059634-90.2009.8.19.0038 - Nova Iguacu - 2ª C.Cív. - Rel. Des. Cezar Augusto R. Costa - DJe 06.02.2013 - p.20)
O Tribunal da Cidadania já teve a oportunidade de assim decidir:
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E DO CONSUMIDOR - RECURSO ADESIVO - ADMISSIBILIDADE - REQUISITOS - AQUISIÇÃO DE ALIMENTO COM INSETO DENTRO - INGESTÃO PELO CONSUMIDOR - DANO MORAL - EXISTÊNCIA -VALOR - REVISÃO PELO STJ - POSSIBILIDADE, DESDE QUE IRRISÓRIO OU EXORBITANTE - 1- Além de subordinar-se à admissibilidade do recurso principal, nos termos do art. 500 do CPC , o próprio recurso adesivo também deve reunir condições de ser conhecido. Nesse contexto, a desídia da parte em se opor à decisão que nega seguimento ao recurso adesivo inviabiliza a sua apreciação pelo STJ, ainda que o recurso especial principal venha a ser conhecido. 2- A avaliação deficiente da prova não se confunde com a liberdadede persuasão do julgador. A má valoração da prova pressupõe errônea aplicação de um princípio legal ou negativa de vigência de norma pertinente ao direito probatório. Precedentes. 3- A aquisição de lata de leite condensado contendo inseto em seu interior,vindo o seu conteúdo a ser parcialmente ingerido pelo consumidor, é fato capaz de provocar dano moral indenizável. 4- A revisão da condenação a título de danos morais somente é possível se o montante for irrisório ou exorbitante. Precedentes. 5- Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, desprovido. Recurso adesivo não conhecido.(STJ - REsp 1.239.060 - (2011/0039560-0) - 3ª T. - Relª Minª Nancy Andrighi - DJe 18.05.2011 - p. 489)
O dano causado pelo ato ilícito praticado pela requerida rompeua harmonia jurídico-econômico anteriormente existente entre os contratantes. Assim, busca-se restabelecer o equilíbrio, recolocando os prejudicados no status quo ante. Aplica-se, nesse caso, o princípio restiutio in integrum. Indenizar pela metade seria fazer as vítimas suportarem o dano, os prejuízos.
Por isso mesmo - e diferentemente do Código Civil de 1916 - o novo Código, no artigo 944, caput, positivou o princípio da reparação integral, segundo o qual o valor da indenização mede-se pela extensão do dano.
Assim, quando alguém comete um ato ilícito, há infração de um dever e a imputação de um resultado. E a consequência do ato ilícito é a obrigação de indenizar, de reparar o dano, nos termos da parte final do artigo 927 do NCCB, in verbis:
“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
O conceito de ato ilícito, por sua vez, está insculpido no artigo 186 do NCCB, senão vejamos:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ouimprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Com efeito, a consequência jurídica do ato ilícito praticado pela requerida é, portanto, o dever de ressarcir os danos que causou à requerente por conta da negligência de seus profissionais, pois que culminou em atingimento à saúde da requerente, que passou por maus momentos, ainda mais por ser uma pessoa de tenra idade.
De mais a mais, dispõe o artigo 932 do NCCB o seguinte:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
[...]
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razãodele;
Sobre tal disciplina, assim disserta o inolvidável jurisconsulto Pablo Stolze Gagliano:
“Em nosso entendimento, com a utilização do advérbio “também” no seu caput (Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil...) a lei estabeleceu uma forma de solidariedade passiva, oportunizando à vítima exigir a reparação civil diretamente doresponsável legal.” (ob. cit. pág. 152).
“Não se trata de uma novidade no sistema, mas, sim, da consagração da idéia de que se deve propugnar sempre pela mais ampla reparabilidade dos danos causados, não permitindo que aqueles que usufruem dos benefíciosda atividade não respondam também pelos danos causados por ela.” (ob. cit. pág. 249).
De salientar, ainda, os ditames insertos no artigo 34 do digesto consumerista:
Art. 34 - O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus propostos ou representantes autônomos.
É inequívoca, portanto, a responsabilidade civil da promovida. Os danos morais e materiais sofridos pela promovente são notórios. Por tudo isto está clara e fartamente demonstrada a responsabilidade de indenizar dapromovida. Com efeito, não resta dúvida de que a requerida deve pagar por erro de seus prepostos, à semelhança do que já ficou demonstrado pelos ditames previstos no artigo 932, inciso III do NCCB c/c artigo 34 do CDC.
Finalizando, tem-se que a relação contratual objeto desta ação encontra-se sob o pálio do Código de Defesa do Consumidor, que em seu artigo 6º, VI elenca como direito básico do consumidor à efetiva reparação pelos danos materiais ou morais sofridos.
DO DANO MATERIAL E MORAL
O dano materialestá indiscutivelmente configurado nos autos. A autora, por sua representante, teve prejuízos de toda ordem, pois arcou com despesas de transportes, compra de medicamentos, entre outros, tudo em face da mudança radical em sua rotina, tudo por conta do mal causado pela requerida, como provado.
Com relação ao dano moral ou extrapatrimonial, tem-se que o mesmo pode ser conceituado como uma lesão aos direitos da personalidade. Estes são atributos essenciais e inerentes à pessoa. Concernem à sua própria existência e abrangem a sua integridade física, psíquica ou emocional, sob diversos prismas. O direito da personalidade é, em última razão, um direito fundamental e emana do princípio constitucional da dignidade da pessoa humana.
No âmbito constitucional, não sepode olvidar que a Constituição Federal de 1988, no artigo 5º, inciso X, normatizou, de forma expressa, que são invioláveis a intimidade, a vida privada e a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Trata-se de previsão inserida no Título dos Direitos e Garantias Fundamentais, ou seja, os bens jurídicos ali referidos são cruciais para o desenvolvimento do Estado Democrático.
A concessão do dano moral tem por escopo proporcionarao lesado meios para aliviar sua angústia e sentimentos atingidos. In casu, a falha no procedimento de extração de um único dente da requerida, pelo seu dentista contratado, nas condições em que os fatos ocorreram, enseja indenização por dano moral, que se traduz em uma forma de se amenizar a dor e o sofrimento da requerente, afetada que ficou em sua dignidade, sendo certo que se é verdade que não há como mensurar tal sofrimento, menos exato não é que a indenização pode vir a abrandar ou mesmo aquietar a dor aguda.
A indenização por dano moral, como registra a boa doutrina e a jurisprudência, há de ser fixada tendo em vista dois pressupostos fundamentais, a saber: aproporcionalidade e razoabilidade. Tudo isso se dá em face do dano sofrido pela parte ofendida, de forma a assegurar-se a reparaçãopelos danos morais experimentados, bem como a observância do caráter sancionatório e inibidor da condenação, o que implica o adequado exame das circunstâncias do caso, da capacidade econômica do ofensor e a exemplaridade - como efeito pedagógico - que há de decorrer da condenação.
Vejamos, a propósito, o que ensina o mestre Sílvio de Salvo Venosa em sua obra sobre responsabilidade civil:
"Os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade do fornecedor deprodutos e serviços, devem ser cabalmente indenizados. No nosso sistema foi adotada a responsabilidade objetiva no campo do consumidor, sem que haja limites para a indenização. Ao contrário do que ocorre em outros setores, no campo da indenização aos consumidores não existe limitação tarifada." (Direito Civil. Responsabilidade Civil, São Paulo, Ed. Atlas, 2004, p. 206).
Nas palavras do emérito Desembargador Sérgio Cavalieri Filho:
“...o dano moral não está necessariamente vinculado a alguma reação psíquicada vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana se, dor, sofrimento, vexame, assim como pode haver dor, sofrimento, vexame sem violação da dignidade....a reação química da vítima só pode ser considerada dano moral quando tiver por causa uma agressão à sua dignidade.” (Programa de Responsabilidade Civil, 10ª edição, Atlas, 2012, São Paulo, pág.89).
A reparação do dano moral não visa, portanto, reparar a dor no sentido literal, mas sim, aquilatar um valor compensatório que amenize o sofrimento provocado por aquele dano, sendo a prestação de natureza meramente satisfatória. Assim, no caso em comento, clarividente se mostra a ofensa a direitos extrapatrimoniais, haja vista toda a angústia e transtorno que o requerente e sua família vêm sofrendo.
Tal dano é medido segundo a prudência do julgador e baseado no princípio da proporcionalidade entre o fato e entre as pessoas envoltas ao caso concreto. Carece de índice normativo ou jurisprudencial, mas poderá ser cumulado com o dano material,a teor da súmula37, do STJ, ipisis verbis:
“São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.”
Não resta dúvida, pois, que a presente esgrima se enquadra perfeitamente com o sumulado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, uma vez que o fato ensejou dano de ambas as modalidades, como dissertado acima.
Com relação à prova do dano extracontratual, está bastante dilargado na doutrina e na jurisprudência que o dano moral existe tão-somente pela ofensa sofrida e dela é presumido, sendo bastante para justificar a indenização, não devendo ser simbólica, mas efetiva, dependendo das condições socioeconômicas do autor, e, também, do porte empresarial da ré. É corrente majoritária, portanto, em nossos tribunais a defesa de que, para a existênciado dano moral, não se questiona a prova do prejuízo, e sim a violação de um direito constitucionalmente previsto.
Trata-se do denominado Dano Moral Puro, o qual se esgota na própria lesão à personalidade, na medida em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova destes danos restringir-se-á à existência do ato ilícito, devido à impossibilidade e à dificuldade de realizar-se a prova dos danos incorpóreos. Não é sem razão que os incisos V e X do artigo 5º da CF/88 asseguram com todas as letras a reparação por dano moral, senão vejamos:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”
Sobre o assunto, disserta Cavalieri Filho, in literis:
“...o dano moral está ínsito na própria ofensa, decorre da gravidade do ilícito em si. Se a ofensa é grave e de repercussão, por si só justifica a concessão de uma satisfação de ordem pecuniária ao lesado. Em outras palavras, o dano moral existe in re ipsa; deriva inexoravelmente do próprio fato ofensivo, de tal modo que, provada a ofensa, ipso facto está demonstrado o dano moral à guisa de uma presunção natural...” (Ob. cit. pág.97).
E ainda disserta o ilustre magistrado:
Com essa ideias abre-se espaço par o reconhecimento do dano moral em relação a várias situações nas quais a vítima não é passível de detrimento anímico, como se dá comdoentes mentais, as pessoas em estado vegetativo ou comatoso, crianças de tenra idade e outras situações tormentosas. (Ob.Cit. pág 89).
A reparação por dano moral não pode constituir de estímulo, se insignificante, à manutenção de práticas que agridam e violem direitos do consumidor. Verificada a sua ocorrência, não pode o julgador fugir à responsabilidade de aplicar a lei, em toda a sua extensão e profundidade, com o rigor necessário, para restringir e até eliminar, o proveito econômico obtido pelo fornecedor com a sua conduta ilícita. A previsão de indenizações módicas ou simbólicas não pode ser incorporada `a planilha de custos dos fornecedores, como risco de suas atividades (ob. cit. pág.105).
No que se refere à fixação do quantum a título de dano moral, a boa doutrina e a jurisprudência majoritária têm entendido que o montante fica ao prudente arbítrio do juiz, mas devendo-se levar em conta os fatos, à reprimenda ao ofensor como forma de se dissuadir ao cometimento de novos atentados ao patrimônio de outrem, à capacidade financeira do ofensor e a amenização da situação imposta à requerente.
Com efeito, entende a requerente que o valor correspondente a 60 (sessenta) salários mínimos é bastante razoável à indenização pelo golpeamento da dignidade da requerente durante todo esse tempo. Relativamente aos danos materiais, os valores serão colhidos e apresentados no decorrer da lide.
Destarte, no caso em comento clarividente se mostra a ofensa a direitos patrimoniais e extrapatrimoniais, haja vista toda a angústia e transtorno que a requerente sofreu e ainda vem sofrendo, sendo, pois, parâmetro que se revela justo para, primeiro, compensá-la pela dor sofrida, sem, no entanto, causar-lhe enriquecimento ilícito, e, segundo, servir como medida pedagógica e inibidora.
DOS PEDIDOS
Em face do exposto, requer, se digne Vossa Excelência de:
1) Conceder os benefícios da justiça gratuita e o atendimento prioritário (menor de idade), nos moldes já dissertados em preliminar;
2) Mandar citar a requerida para, querendo,responder a presente, sob pena de revelia;
3) Conceder a inversão do ônus da prova em favor da requerente, nos moldes entabulados pelo Código de Defesa do Consumidor;
4) Provado quanto baste e empós os ulteriores termos legais, JULGAR PROCEDENTE a presenteesgrima, para o fim de:
4.1) CONDENAR a requerida a pagar, à requerente, uma indenização por danos morais (art. 5º. CF/88 c/c arts. 6º, inciso VI, e 14 do CDC), em montante a ser arbitrado por este juízo, sugerindo-se, com base na capacidade financeira das partes e no grau e extensão do dano, o valor correspondente aVALORDA CAUSA EM SALÁRIOS MÍNIMOSsalários mínimos, como parâmetro mínimo;
4.2) CONDENAR a requerida a pagar, à requerente, os danos materiais a esta causados, cujos valores integrais, além dos que já trouxe à colação, serão revelados no decorrer da lide, acrescidos de correção tendo por base o IGP-M, a contar do arbitramento, com juros de mora de 1% ao mês, a contar da citação;
5) Finalmente, condenar a requerida nas cominações de direito e,se for o caso, em verbas sucumbenciais, as quais deverão ser direcionadas à Defensoria Pública Geral do Estado do Ceará ;
Protesta e requer provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, juntada de novos documentos, perícias, depoimentos pessoais e inquirição de testemunhas (oportunamente arroladas), tudo desde já requerido.
Dá à causa, para efeitos meramente processuais,o valor deVALORDA CAUSA.
Nesses termos.
Pede deferimento.
CIDADE,DIA DE MÊS DE ANO.
NOME DO(A) DEFENSOR(A)PÚBLICO(A)
Defensor(a) Público(a)

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