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FICHAMENTO CRIMINOLOGIA

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FICHAMENTO
CRIMINOLOGIA INTEGRADA – Newton Fernandes // Valter Fernandes
5.16 Período de Sociologia Criminal 
O período sociológico compreende todas as doutrinas que se ergueram para combater a teoria lombrosiana.
 As doutrinas sociais e do meio ambiente sustentavam que os fatores exógenos eram efetivamente os mais importantes ocasionantes do delito.
 Surgiu em meados do século XIX e esteve a influenciar.
5.17 Augusto Comte 	
É considerado, unanimemente, o fundador da Sociologia Moderna.
Define a Sociologia como “uma ciência abstrata que tem por fim a investigação das leis gerais que regem os fenômenos sociais. ”
A sociologia, cujo tema de estudo é o ser social no seu conjunto, no tocante ao método deve empregar a observação e a indução.
 Criação da teoria “Lei dos Três Estados”, que considera o homem na compreensão e interpretação do mundo passou três atitudes sucessivas:
O Estado Teológico: aplicação dos diversos fenômenos por causas primeiras, em geral personificadas nos deuses.
O Estado Metafísico: substituição das causas primeiras por mais gerais, preconizam assim que os dogmas são superiores aos fatos.
O Estado Positivista: causas segundas baseadas na observação cientifica. Busca a verdade nos fenômenos observados, distanciando-se do empirismo e misticismo, substituindo o absoluto pelo relativo.
Importância no renascimento dos estudos sociais, com abrangência em diversas áreas, inclusive a criminal.
5.18 Adolphe Quetelet 
Criador da Estatística Científica.
Livro Física social (1835) 
Princípios:
O delito é um fenômeno social;
Os delitos se cometem ano após ano com total precisão, antecipando à Lei de Saturação Criminal de Enrico Ferri;
Vários fatores influenciam no cometimento do crime.
“Leis Térmicas de Quelet”: em cada estação do ano tinha uma tendência a acontecer um crime específico.
Distinguiu a criminalidade feminina da masculina, concluindo que esta é bem maior do que aquela. Procurou, ainda, correlacionar o crime à idade cronológica. 
Para Ferri a Sociologia Criminal era uma ciência que encamparia todas as outras disciplinas criminalísticas, inclusive o Direito Penal.
Dá preferência aos fatores físicos e sociais em relação aos fatores individuais.
Panorama geral das causas delituosas segundo Afrânio Peixoto:
Escola Clássica, Metafísica: o crime é uma infração; a pena é repressão; o criminoso é livre de querer ou não; principal partidário: Beccaria.
Escola Positiva, Determinista: o crime é uma ação antissocial; a pena é intimidação, correção e coação; prevendo a defesa social.
Dividido em:
Escola Antropológica: o criminoso é um ser anômalo, taxado de nascença para o crime. A partir de fatores antropológicos que exercem influência nos extrínsecos do meio físico. Partidários: Lombroso, Ferri.
Escola Crítica: o criminoso é produto de condições sociais defeituosas. O criminoso é responsável porque é são e bem desenvolvido, tendo aptidão para determinar a vontade por responsabilidade Moral. Partidários: Tarde, Lacassagne.
Escola Neoclássica: o crime é um ato ilegal, é um ilícito jurídico, a pena é intimidação geral a repressão ocasional; o criminoso é responsável socialmente e individualmente; a punição traz prevenção a sociedade. Partidários: Massari, Manzene e Rocco.
NeoPositiva: o crime é um ato bissocial que revela a perigosidade do criminoso, que deve ser tratado no sentido de proteger a sociedade, pelas medidas de segurança. Partidários: Florian, Púglia, Asúa.
A posição de Afrânio Peixoto como de outros que tratam do assunto, fazem transparecer a existência de alguma imprecisão sobre tais aspectos, assim como a dúvida se a concepção sociologia tem por berço a França ou a Itália, ou ocorreu uma simultaneidade de sua colocação.
Destarte, o objeto da Sociologia Criminal é a delinquência como fenômeno social ou de massa.
Tratando do período sociológico criminal, Drapkin explica que as doutrinas sociais podem ser divididas em três grupos: teorias antropossociais, teorias sociais propriamente ditas e teorias socialistas.
5.19 Teorias antropossociais
Sob determinado prisma, as teorias antropossociais relacionam os princípios constitucionais de Lombroso com os socais. Não aceitam o criminoso-nato, mas consideram a possibilidade de existir o indivíduo predisposto.
Alexandre Lacassagne se opunha a teoria de Lombroso, mas acreditava que o cérebro tinha 3 zonas que devem funcionar harmonicamente no homem normal, já no indivíduo anormal há um desequilíbrio nessas zonas. Assim, quando há perturbações: na zona frontal aparece o louco; na zona parietal advém a debilidade de vontade, que permite o aparecimento do delinquente ocasional; na zona occipital, quando as faculdades afetivas ficam perturbadas, aparece o verdadeiro delinquente, ou seja, o indivíduo predisposto para o crime, que, quando as condições do meio e seu próprio egoísmo o impelem, virá a delinquir.
Observação: quanto maior for a desorganização social, maior será a criminalidade, e quanto menor a desorganização, menor será o número de crimes.
Comparação: dizia que a sociedade é como um meio de cultivo e afirmava que a sociedade é um meio de cultivo que abriga em seu seio uma série de micróbios, que são os delinquentes, e que estes não se desenvolverão se o meio não lhes for propício.
Manouvrier foi um dos colaboradores dessa teoria.
Aubry dizia que o crime tinha por causa principal o contágio moral, que sofria o indivíduo predisposto, como exemplo, a influência do cinema sobre as crianças e certos adolescentes com problemática mental.
Dubuisson, era partidário da influência da ocasionalidade sobre o indivíduo predisposto, que ocasionalmente, fortuitamente, atuam sobre uma preexistente predisposição individual, determinando a sucessão delituosa.
O belga Vervaeck admite a existência de uma delinquência fruto da ocasionalidade, relacionada a acontecimentos episódicos, ligados a circunstâncias excepcionais e a fatores psicossociais. 
5.20 Teorias sociais propriamente ditas 
Os autores relegaram os fatores endógenos, ressaltando, ao revés, a relevância dos fatores exógenos e, destes, dão proeminência aos sociais. Entre os seguidores , destacam-se Gabriel Tarde, Vaccaro, Max Nordau e Auber.
Vaccaro declara que o crime é o resultado da falta de adaptação político-social do delinquente com relação à sociedade em que vive. Feita a lei para defender os interesses das classes sociais dominantes, o indivíduo que não pode se adaptar a ela se revolta, daí resultando a violação da lei, que é justamente o que constitui o delito.´
Tarde, teorizou sobre as influencias sociais como origem e natureza do crime, agindo complexamente sobre o indivíduo. Assim, não aceitava o ponto de vista de Ferri, sobre o trinômio criminogenético representado pelos fatores físicos, sociais e biológicos, assim como invalidava as Leis Termicas de Quelet. Por conta dessa discordância Ferri e Tarde protagonizaram uma disputa baseada em respostas, da qual Ferri saiu vitorioso e com mais adeptos em sua classificação.
Retomando o notável Tarde , escreveu ele três obras importantíssimas: A criminalidade comparada (1886), As leis de imitação (1890) e A filosofia penal (1890).
Em Criminalidade comparada, Tarde sepulta a doutrina do atavismo, aceitando apenas, como resíduo da doutrina de Lombroso, o atavismo por equivalente, que é parte da doutrina de Guilherme Ferrero, autor desse conceito.
Em Leis de imitação, Tarde assegura que a delinquência é um fenômeno marcadamente social e que o motor ou alavanca que ativa o conglomerado social é a imitação. De sua análise extrai-se a assertiva de que 90% das pessoas não possuem espírito de iniciativa, submetendo-se à rotina social. Dos restantes 10%,9% possuem iniciativa e exemplifica ser Voltaire um deles, e apenas 1% são indivíduos de espírito inovador e entre estes coloca Lênin.
Em A filosofia penal, Tarde fala que a "identidade pessoal" e "a semelhança social" são os postulados fundamentais da responsabilidade penal. Do primeiro, diz que só pode ser responsabilizado por um crime quemantes, durante e após o seu cometimento é o mesmo indivíduo, ou seja, portador da mesma personalidade. Com relação à semelhança social, Tarde argui que não pode ser responsabilizado penalmente o indivíduo que não tem relação com o grupo no qual convive, como o inadaptado, que traria consigo um instinto impulsivo insopitável e que em virtude disso não se une ao grupo, devendo, como tal, ser alvo de medidas de caráter preventivo.
Max Nordau diz que a causa determinante do crime é o parasitismo social.
Auber sustenta que as causas que levam o indivíduo a delinquir são as fobias de que é portador.
5.21 Teorias socialistas 
Colocava-se, no sistema de produção, as razões do crescimento da delituosidade. Para os partidários dessa doutrina, a miséria e a pobreza influenciam nas cifras crescentes do crime, e o sistema econômico em si seria, no entanto, o fator preponderante. Com relação aos defensores das teorias socialistas, o registro maior deve ficar para Turatti e Colajanni, principalmente, e depois para Bataglia, Loria, Lafargue, Berel, Van Kan e Hakowsky:
Turatti dizia que os motivos da prática dos delitos não devem ser monopolizados apenas na necessidade ou precisão e na indigência, mas também na cobiça que o sistema econômico imperante, ao seu tempo, propiciava, pelo contraste existente entre a riqueza e a pobreza.
Colajanni segue mais ou menos as ideias de Turatti, mas não teoriza com maior apego sobre a criminalidade. Apenas alicerçado nas teorias socialistas, preocupou-se em analisar qual o sistema econômico ideal na prevenção à criminalidade.
Bataglia, Lafargue e Bebe apontaram também os efeitos nefastos da má distribuição de riquezas, assegurando privilégios a alguns, condena muitos outros à miséria, à fome, à revolta, à violência e ao crime.
Por evidente, as colocações dos socialistas enumerados, pecam pela unilateralidade dos respectivos enfoques, pelo que não podem ser aceitas, malgrado, sob certo aspecto, apresentem algo de verdadeiro. Mas como explicar somente pelas influências econômicas a prática de crimes, se, entre outras determinantes inequívocas, eles têm a medrar em seu redor as inafastáveis causas individuais.
5.22 Síntese das teorias sociais 
A importância do fator social na gênese da criminalidade, ético contra os chamados "biologistas", asseverando a predominância social, opondo o tipo criminal e o tipo profissional e concluindo que o delito seria "a resultante de uma convergência desses diversos fatores, biológicos e sociais, as impulsões hereditárias e as sugestões imitativas, o todo que impele ao crime".
Alimena, Franz Von Liszt, Colajanni, Carnevalle não só dão preponderância ao fator social como ao biológico e reconhecem o efeito originário, ou causal, das condições sociais.
Manouvrier repele a Antropologia Criminal, convencido da atipia dos criminosos, por isso inclassificáveis.
Turatti, Bataglia, Lafargue, Bebei e Van Kan admitem, claramente, que as más condições económicas da sociedade capitalista, totalmente injusta na distribuição de riquezas, são os fatores exclusivos do delito.
Todavia, de todos esses partidários das correntes sociais, o mais brilhante foi Gabriel Tarde.
5.23 Período de Política Criminal
Buscaram, os filiados da corrente italiana (influência do fator endógeno na criminalidade) e os filiados da corrente francesa (influência dos fatores sociológicos no cometimento delituoso), uma posição intermediária, de sabedoria confuciana, para alcançarem um resultado comum. 
Sob essa nova ótica, segundo Drapkin, surgem as novas escolas: Terza Scuola, Escola Espiritualista, Escola Neoespiritualista e Escola de Política Criminal.
 5.24 Tereza Scuola
A Terza Scuola estabeleceu três postulados fundamentais: 
1. Que o Direito Penal é uma ciência independente, não podendo ser confundido com um apêndice da Criminologia, como pretendia a teoria lombrosiana. 
2. Que várias causas influenciam no cometimento do crime. Não só e exclusivamente os fatores endógenos, mas, ao revés, considera o indivíduo "predisposto" por fatores endógenos, que poderá tornar-se delinquente, na dependência de estar inserido em meio ambiente, propício a que isso aconteça, ou seja, sob a influência dos fatores exógenos. 
3. Que os penalistas aliados aos sociólogos devem fazer um esforço conjugado no sentido da obtenção de reformas sociais imprescindível, criando melhores condições de vida (medida de prevenção criminal).
5.25 Escola Espiritualista 
Seus principais defensores são: Mayer, Vidal e Lucchini.
Os espiritualistas, com seu neoclassicismo, dão preponderância ao conceito de livre-arbítrio.
Nova reação contra as doutrinas do criminoso nato. Sustentaram a tese de que cada indivíduo tem vontade livre de fazer o que lhe dá prazer, conceito que não foi aceito, dando lugar desde logo ao desaparecimento dessa escola.
5.26 Escola Neoespiritualista 
Teve por principais representantes o alemão De Baets e os franceses Guillot e Proa.
Reconhece o fator social predominante juntamente com a responsabilidade moral.
A Escola Neoespiritualista pretendeu situar-se no meio das doutrinas do livre arbítrio e do determinismo. Seus defensores afirmam que se é verdade que o homem tem liberdade, não no sentido amplo, mas com certas limitações impostas pelo meio ambiente.
5.27 Escola de Política Criminal
Seus principais vultos são: Franz Von Liszt, Van Hamel, Adolpho Prins e Carlos Stooss.
Liszt afirmava que o problema da liberdade de querer não interessa à avaliação da responsabilidade e fundou-a na possibilidade, que desfruta o homem com suficiente desenvolvimento mental e psiquicamente são, de conduzir-se socialmente. Não sendo enfermo mental e contando com a indispensável maturidade de espírito.
Não implica considerar a Política Criminal e a Criminologia como antagónicas. Ao revés, ambas se completam, e a Política Criminal baseia-se, fundamentalmente, em dois grandes ramos da Criminologia, a saber, a Antropologia Criminal e a Estatística Criminal.
Há uma sutil diferença entre os pensadores antigos e modernos. Assim, Ferri dizia que para os antigos penalistas a Política Criminal era a arte de legislar em matéria penal. Por outro lado, a Política Criminal moderna é o aproveitamento, por parte do Estado, de todas aquelas normas que lhe servem para a prevenção e repressão da delinquência.
Em síntese: a Política Criminal, que, como foi visto, é um ramo do Direito Penal, uma vez de posse de determinados dados, propicia ao Estado a estratégia de prevenção e repressão à Criminalidade, não se confundindo, pois, com a Criminologia, que estuda as causas da criminalidade, os aspectos vitimo lógicos e o delinquente, de quem busca a readaptação ao convívio comunitário.
Diga-se, ademais, que a Política Criminal, partindo do pensamento positivista, conseguiu elaborar, com certa precisão, o instituto de segurança, que apareceu nos projetas suíços e veio a ter acolhida nos códigos penais modernos, entre eles o Código Penal brasileiro.
Em síntese, nas suas relações com a Criminologia, de consignar aquilo que, sobre a Política Criminal, apregoava Liszt, entendendo-a como veículo da ordem jurídica contra a criminalidade, servindo-se tanto da Criminologia como da própria Penologia.
Diga-se, enfim, que a Política Criminal é conceituada, por muitos autores, como a ciência e a arte dos meios preventivos e repressivos de que o Estado, no seu tríplice papel de Poder Legislativo, Executivo e judiciário, dispõe para consecução de seus objetivos na luta contra o crime.

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