Buscar

FICHAMENTO DE CRIMINOLOGIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CRIMINOLOGIA
A Criminalidade busca a causa, a explicação, o “porque” da conduta criminosa.
A Criminologia é a ciência natural sobre o fenômeno criminal.
O Direito Penal é uma ciência normativa, cultural, valorativa, finalista, uma ciência do Dever Ser, a Criminologia é empírica, experimental, causal-explicativa da criminalidade, ciência do Ser e atualmente ciência interdisciplinar.
O conceito de Criminologia
Foi o antropólogo francês, Paul Topinard (1830-1911), o primeiro a utilizar este termo no ano de 1879. Todavia, o termo só passou a ser aceito internacionalmente com a publicação da obra Criminologia, já no ano de 1885, de Rafael Garófalo (1851-1934).
Para Antonio García-Pablos de Molina, a Criminologia é a ciência empírica e interdisciplinar que tem por objeto o crime, o delinqüente, a vítima e o controle social do comportamento delitivo; e que aporta uma informação válida, contrastada e confiável, sobre a gênese, dinâmicas e variáveis do crime - contemplado este como fenômeno individual e como problema social, comunitário-; assim como sua prevenção eficaz, as formas e estratégias de reação ao mesmo e as técnicas de intervenção positiva do infrator. 
Possui dois objetivos básicos:
a) A determinação de causas tanto pessoais quanto sociais do comportamento do criminoso.
b) O desenvolvimento de princípios válidos para o controle social do delito.
O objeto de estudo da criminologia é a etiologia do crime (estudo da origem do crime) analisando as causa exógenas (externas: sociológicas) e endógenas (internas: biológicas, psicológicas, endócrinas). 
Funções da Criminologia
As principais funções da moderna Criminologia são:
▪Explicar e prevenir o crime. 
▪Intervir na pessoa do infrator. 
▪Avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime. 
Método 
Israel Drapkin diz que a Criminologia efetivamente usa os métodos biológicos e sociológicos. E acresce: “A Criminologia usa o método experimental, naturalístico, indutivo, para o estudo do delinqüente, o que não basta para conhecer as causas da criminalidade. Por isso recorre aos métodos estatísticos, históricos e sociológicos”. 
Histórico do Pensamento Criminológico
O período pré-científico abrange desde a Antiguidade, quando encontramos alguns textos esparsos de alguns autores que já demonstravam preocupação com o crime, terminando com o surgimento da Escola Clássica. 
É bem exato que no período pré-científico, o conceito de crime era bastante rudimentar. Em época remota era considerado criminoso o comportamento que afrontava os costumes, as crenças e as tradições resguardadas por um agrupamento; nas sociedades primevas também se entendia de suma gravidade criminosa a ofensa aos tabus religiosos. 
Frise-se que, primitivamente, a punição, como imposição de vingança privada, era verdadeiro direito a ser exercido como “vendetta” por algum membro do clã ofendido ou pela autoridade tribal. 
A maioria da doutrina aponta o surgimento da fase científica com o trabalho de Cesare Lombroso, mas há autores que creditam o nascimento da Criminologia a Cesare Bonesana (conhecido como Marquês de Beccaria, ou Cesare Beccaria). 
Escola Clássica- para os clássicos o criminoso era um pecador que optou pelo mal, embora pudesse e devesse respeitar a lei. Origem no Contrato social de Rousseau.
Sobressai a obra de Beccaria, Dei Delitti e Delle Pene (1764). 
Escola Positivista – para os positivistas o infrator não possuía livre-arbítrio, era um prisioneiro de sua própria patologia (determinismo biológico) ou de processos causais alheios (determinismo social). 
O positivismo criminológico surge no fim do século XIX com a Scuola Positiva que foi encabeçada por Lombroso, Raphael Garófalo e Enrico Ferri. Surge como crítica e alternativa à denominada Criminologia clássica. 
A Scuola Positiva italiana, no entanto, apresenta duas direções opostas: a antropologia de Lombroso e a sociológica de Ferri, que acentuam a relevância etiológica do fator individual e do fator social em suas respectivas explicações do delito.
O ponto de partida da teoria de Lombroso (médico Italiano) proveio de pesquisas craniométricas de criminosos, abrangendo fatores anatômicos, fisiológicos e mentais. A base da teoria, primeiramente, foi o atavismo (reaparecimento): o retrocesso atávico ao homem primitivo (muitas das características por ele apontadas também eram próprias das formas primitivas dos seres humanos). Depois, a parada do desenvolvimento psíquico: comportamento do delinquente semelhante ao da criança. Por fim, a agressividade explosiva do epilético. Lombroso mudava o fundamento de sua teoria segundo as investigações que realizava (reconheceu mais tarde que nem todos criminosos apresentava quadro epilético). 
Lombroso apontava as seguintes características corporais do homem delinquente: protuberância occipital, órbitas grandes, testa fugidia, arcos superciliares excessivos, zigomas salientes, prognatismo inferior, nariz torcido, lábios grossos, arcada dentária defeituosa, braços excessivamente longos, mãos grandes, anomalias dos órgãos sexuais, orelhas grandes e separadas, polidactia. As características anímicas, segundo o autor, são: insensibilidade à dor, tendência à tatuagem, cinismo, vaidade, crueldade, falta de senso moral, preguiça excessiva, caráter impulsivo, tendência a supertições, precocidade sexual, 
A Escola Francesa de Lyon atacou fortemente as ideias de Lombroso. A tese fundamental da Escola de Lyon é a seguinte: o criminoso é como o micróbio ou o vírus,algo inócuo,até que o adequado ambiente o faz eclodir. O meio social desempenha papel relevante em certas pessoas. Em outras palavras: a predisposição pessoal e o meio social fazem o criminoso. 
Enrico Ferri (Itália,1856-1926) procurou corrigir essa postura unilateral, ao escrever sua sociologia criminal, onde acentua a importância dos fatores socioeconômicos e culturais da delinquência. Dele ficou a luta progressista, sob a legenda: “Menos justiça penal, mais justiça social”. Sua obra recebeu a impregnação coletivista e assistencialista do Século XIX. 
Raphael Garófalo (Itália, 1851-1934) .era um jurista, tendo sido Ministro da Corte de Apelação de Nápoles, foi o criador do termo Criminologia. Imaginou-a e construiu-a com a tríplice preocupação de torná-la uma pesquisa antropológica, sociológica e jurídica. Segundo ele, a Criminologia é a ciência da criminalidade, do delito e da pena. 
 
ESCOLA CLASSICA / ESCOLA POSITIVA
	PROPOSIÇÃO
	ESCOLA CLASSICA
	ESCOLA POSITIVA
	 
	 
	 
	PENA
	É retribuitiva, aflitiva, intimidativa e expiatória.
	É uma reação social contra o crime.
	 
	Um mal tem que ser pago com outro mal
	Se o homem coexiste e convive em sociedade e a 
	 
	 
	perturbada com a prática de crimes, esta mesma sociedade se defende com a pena contra o
	 
	 
	criminoso.
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	DELINQUENTE
	É um componente indistinto na sociedade, igual a qualquer ser humano, não havendo
	Há variedades tipológicas de delinqüentes. Estes são diversificados por seus estados psíquicos e
	 
	falar-se em diferença de caráter.
	biológicos e considerados anormais. Por isso, eles são distintos dos homens normais
	 
	
	
	 
	 
	
	 
	 
	 
	FATORES CRIMINÓGENOS
	Não há falar-se em fatores ciminógenos. 
O homem não é impelido ao crime por fatores de ordem física ambiental, biológica ou social.
	O homem é votado ao crime, impelido por fatores geradores de comportamento criminoso.
	 
	
	
	 
	
	 
	 
	 
	 
	ARBÍTRIO
	O homem é dotado de livre arbítrio. Isto é, dotado de inteligência e consciência livres e em condições de discernir e escolher o bem ou o mal.
	O homem não tem a vontade e a inteligência livres ou autônomas para a escolha de soluções contrárias, como o bem e o mal. São fatores internos ou externos (que determinam o crime). São fatores físicos, biológicos e sociais que influenciam o psiquismo e o comportamento criminoso.
	 
	Se se torna criminoso é porque quer.Se pratica o crime, é porque quer.
	
	 
	
	
	 
	
	
	 
	 
	
	 
	 
	 
	RESPONSABILIDADE
	A responsabilidade penal tem por fundamento a responsabilidade moral que advém da imputabilidade moral que deriva, por sua vez, do livre arbítrio
	O homem é responsável porque vive em sociedade. Pelo fato de conviver em sociedade ele se faz sujeito de direitos e deveres e, por isso, é responsável.
	 
	
	
	 
	
	
	 
	 
	 
	PREOCUPAÇÃO
	A doutrina clássica se preocupa com a legalidade e a justiça, principalmente a pena.
	A doutrina positivista se preocupa com a pessoa do criminoso buscando saber quais os fatores que o levaram ao crime e o estado perigoso em que ele se encontra.
	 
	
	
	 
	 
	
	 
	 
	 
	MEDIDA DE PENA
	A gravidade dos elementos material e moral, é que determina a proporção da pena.
	O grau de periculosidade ou temibilidade é que determina a gravidade da pena.
	 
	A pena tem que ser proporcional ao crime. 
	
	 
	
	 
	 
	 
	 
	O JUIZ
	O juiz não deve ser mais do que a boca que pronuncia a lei. É a expressão da lei.
	O juiz deve individualizar a pena, isto é, deve levar em consideração a periculosidade (ou o estado perigoso) para a aplicação da pena.
	 
	
	
	 
	 
	
	 
	 
	 
	MÉTODO
	Dedutivo ou lógico abstrato.
	Positivo, indutivo, empírica ou experimental.
ESCOLA DE CHICAGO
Esse nome é dado a um grupo de professores e pesquisadores da Universidade de Chicago que surge nos EE.UU. nos anos 20 e durante algumas décadas do início de século XX trazem uma série de contribuições à sociologia, psicologia social e ciências da comunicação.
A Universidade de Chicago foi inaugurada em 1892 criada na cidade de maior índice de crescimento da época a partir de doações de batistas liderados por John Rockfeller. Ela possuía faculdades separadas para humanidades, literatura e ciências além de uma escola de teologia e escola de pós graduação. Na inauguração o corpo docente já contava com 120 professores. (Goodwin, 2005)
Destaca-se nesta escola o funcionalismo em psicologia , a sociologia urbana; ecologia humana, as formas sociológicas da psicologia social que receberam o nome de behaviorismo social e interacionismo simbólico produzindo contribuições relevantes até os nossos dias, analisando a relação indivíduo – comunidade e a interpretação explicação como método e o estudo da linguagem fatores que intervêm na comunicação.
Na sociologia, a Escola de Chicago refere-se à primeira importante tentativa de estudo dos centros urbanos combinando conceitos teóricos e pesquisa de campo de caráter etnográfico.
Os maiores representates desta escola são William I. Thomas, Florian Znaniecki, Robert E. Park, Louis Wirth, Ernest Burgess, Everett Hughes e Robert McKenzie. Da década de vinte à de trinta, a sociologia urbana foi quase sinônimo de Escola de Chicago.
A Escola de Chicago inicia um processo que aborda os estudos em antropologia urbana, em que o "outro" torna-se o "próximo". Tendo no meio urbano seu foco de análise principal, desencadeia os estudos relacionados ao sugimento de favelas, a proliferação do crime e da violência, ao aumento populacional, tão marcantes no início do século XX.
Psicologia
Entre os seus fundadores está Dewey que em 1894 saiu da Universidade de Michigan onde exerceu a função de professor e Chefe do departamento de Filosofia, entre 1884 a 1894, para liderar o departamento de Filosofia e o departamento de Filosofia incluindo um laboratório de psicologia e setor de Pedagogia, criado por sua sugestão.
No final da década de 1890, Dewey começou a afastar-se da sua anterior visão idealista neo-Hegeliana e a adotar uma nova posição, que veio a ser conhecida mais tarde como pragmatismo, interpretando-o com feições próprias que denominou , “instrumentalismo”, propôs um sistema experimental para avaliação pedagógica, metodologia para análise da arte e da moral nos livros que publicou sobre esses temas.
Nos dez anos que passou em Chicago tornou essa Universidade o centro do funcionalismo que pode-se dizer deram origem ao behaviorismo e entre os trabalhos que assim contribuíram está o artigo O conceito de arco Reflexo em Psicologia (The reflex arc concept in psychology, 1896) já incluindo as concepções de Charles Bell (1774-1842) e Fraçois Magendie (1783-1855) da distinção entre as vias sensoriais e motoras. Nessa concepção de estímulo, processamento central e resposta, aproximava na noção de processamento central e/ou funcional da resposta à função da consciência que era o principal objeto de estudo da psicologia americana da época estabelecida a partir das proposições de William James (1842-1910).
Em defesa da origem do behaviorismo na corrente funcionalista, além do fato de John B. Watson (1878-1958) ter sido aluno de James Rowland Angell (1869-1949) o sucessor de Dewey na Universidade de Chicago (1900-1903) Edward L. Thorndike (1874-1949) o funcionalista da Universidade de Columbia, autor da Lei do Efeito (referindo-se às conseqüências do comportamento sobre este), é reconhecido publicamente por ele numa conferência em Chicago, 1908 onde proferiu suas intenções de fundar uma psicologia humana, objetiva, comparada.
É clássica a definição do funcionalismo a partir da declaração de Angell que enquanto os estruturalistas perguntam, O que é a consciência? os funcionalistas perguntam: Para que a consciência?. Angell estudou com James em Harvard (1891), assistiu aulas deWundt e Hermann Ebbinghaus em Leipzig, entrou para Universidade de Chicago em 1895 como professor assistente e tornou-se seu diretor em 1918. Definiu o funcionalismo como a psicologia das operações ou funções mentais, destacou a importância de C. Darwinpara psicologia especialmente: a teoria do instinto; a idéia de continuidade entre as mentes das diferentes espécies (evolução do comportamento) e seu estudo sobre a expressão das emoções no homem e nos animais.
Outro importante psicólogo funcionalista desta universidade foi Harvey A. Carr (1873-1954) onde iniciou-se como doutorando com tese concluída em 1905 sobre ilusões visuais de movimento sendo contratado em 1908 para ocupar o lugar de Watson, recém transferido para a Universidade Johns Hopkins para lecionar: “Introdução à psicologia experimental e comparada”. Entre os seus principais livros publicados estão Psicologia: Um estudo da atividade mental (Psychology : A study of mental activity, 1925) e Introdução à percepção do espaço visual (Introduction to visual space perception, 1935)
Psicologia Social
George Herbert Mead (1863 – 1931) com pós graduação em filosofia e psicologia em Leipzig e a honra de ter sido o revisor dos primeiros quatro volumes da Völkerpsychologie de Wilhelm Wundt chegou Universidade de Chicago em 1894 junto com Deweyiniciando seu curso de Psicologia Social em 1900 o que conduziu até 1930/31.
Opôs-se ao reducionismo proposto pelos behaviorismo de Watson [que excluía de sua teoria termos mentais por acreditar que não se havia uma metodologia boa o suficiente para estudá-los], posteriormente reapresentado por B. F. Skinner [que trata os fenômenos "mentais" como sendo da mesma natureza da dos físicos e não os exclui da análise científica, pois eles são comportamentos e devem ser explicados enquanto tais. Vale ressaltar que o behaviorismo radical de Skinner em nada se assemelhar ao proposto por Watson e que não é reducionista] e é considerado o fundador do interacionismo simbólico por seu sucessor na cadeira Herbert Blumer (1900-1987) apesar de intitula-se autor do behaviorismo social, aspecto que só veio a assim reconhecido pelos behavioristas com Arthur W. Staats (1924- ) com suas proposições sobre o comportamento humano complexo. Teóricos da segunda geração simplesmente não fazem referências à Mead.
Herbert Blumer, contudo, apesar de dar continuidade ao trabalho de Mead fez algumas restrições a este, em especial aos aspectos positivistas e darwinista da determinação instintiva. Blumer destacava na obra de Mead tópicos essenciais para teoria da socializaçãoou seja da forma pela qual a cultura e as normas são internalizadas pelas pessoas, isto é, como o autocontrole é um reflexo do controle social.
Entre os teóricos que também se voltaram para o problema do auto-controle encontra-se o sociólogo funcionalista Talcott Parsons(1902 - 1979) da Universidade de Harvard com importantes contribuições e à etnometodologia e em especial à compreensão do papel do doente na comunidade ou sociologia médica.
Além dos trabalhos sobre ecologia dos distúrbios mentais entre os autores que também trabalharam com a perspectiva sociológica da psicologia e dos problemas mentais podemos destacar ainda na Universidade de Chicago importantes autores da atualidade comoErving Goffman autor do livro Prisões, manicômios e conventos um dos livros fundamentais para compreensão do modo como lidamos com os excluídos e doentes mentais. Goffman evidencia em seus trabalhos a marcante influência de Mead e da corrente interacionista. Conclui seu mestrado (1949) e doutorado (PHD), com tese sobre papeis sociais entre nativos das Ilhas Shetland (Comunicação e conduta em uma comunidade de insulanos / Communication Conduct in a Island Community) na Universidade de Chicago em 1953
Ciências Sociais / Ecologia Humana
As obras que dão início à Escola de Chicago são The City: Suggestion for the Investigation of Human Behavior in the City Environmentde Robert Park, lançada em 1915, e a consistente monografia de Znaniecki e Thomas, Polish peasant in Europe and America.
A sociologia atingiu rápida ascensão nos EUA seguindo a escola de Spencer e depois fortemente influenciada pela psicologia. A Universidade de Chicago contribuiu especialmente desenvolvendo técnicas estatísticas e de observação e análise geo-espacial bastante minuciosas para o estudo dos distritos urbanos (sociologia urbana), baseando-se no princípio de que fronteiras objetivamente demarcadas dentro da cidade delimitam áreas naturais da solidariedade de grupos e características grupais para os quais poderiam ser identificados, portanto, padrões de localização o que constitui a denominada Escola Ecológica. (MacIver, 1942)
De acordo com um de seus criadores e principais teóricos Robert E. Park a ecologia humana é, fundamentalmente, uma tentativa de investigação dos processos pelos quais o equilíbrio biótico e o equilíbrio social se mantêm, uma vez alcançados, e dos processos pelos quais, quando o equilíbrio biótico e o equilíbrio social são perturbados se faz a transição de uma ordem relativamente estável para outra. (Park, 1936)
Conceitos de competição, simbiose (solidariedade) sucessão, estabilidade (sustentabilidade), localização espacial, interdependência entre indivíduos, instituições sociais e meio ambiente foram desenvolvidos e aplicados aos mais diversos fenômenos sociais e comunidades contudo como destaca Pierson,1970 um dos tradutores e introdutores desses estudos no Brasil através da Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo, a ecologia humana não é sociologia e outras ciências sociais nem biogeografia ou geografia humana. É uma ciência ainda em formação, bem mais próxima da ecologia animal e vegetal que das anteriormente referidas.
Uma outra frente de vanguarda da Universidade de Chicago foram os já referidos estudos da distribuição espacial entre o centro e periferia das cidades a exemplo do Estudo ecológico das perturbações mentais de Stuart A Queen, 1940 e do intitulado Perturbações mentais em áreas urbanas: Robert E. L. Faris; H. Warren Dunham, 1939. Praticamente foram os primeiros trabalhos epidemiológicosna área do que hoje se denomina como epidemiologia social, apesar de utilizarem dados de serviços de saúde (públicos e privados) estabeleceram taxas de prevalência e localização espacial dos agravos desenvolvendo diversas hipóteses explicativas associadas à variáveis como organização (zonas com planejamento urbano) – desorganização social (slums); raça, nacionalidade (comunidades étnicas ou áreas estrangeiras); pobreza desemprego e outras características (forças) sociais e econômicas.
Criminologia 
Diversos estudos dessa escola poderia ser citados como contribuição à criminologia, tanto às escolas do consenso, que concebe o crime como uma falha das instituições e compartilhamento das regras sociais pelos indivíduos e escolas do conflito para quem o presuposto da natureza coercitiva da ordem social é um princípio heurístico e não um juízo factual. (Shecaria, 2004)
Entre as contribuições dessa escola destacam-se as do campo metodológico associando a pesquisa a formulação de políticas criminais. No âmbito da metodologia instituíram a análise estatística evidenciando a distribuição espacial. Os estudos realizados apontavam para a necessidade de mudanças efetivas na condições econômicas e sociais das crianças (carreiras dos delinquentes). Evidenciaram também as demandas de melhorias sanitárias e manipulação do ambiente físico, considerando inclusive as oportunidades de realização dos delitos, como estratégias de prevenção que deveria ser priorizadas em detrimento das repressivas. (Shecaria, 2004)
Integrantes da escola de Chicago também participam das teorias do conflito em especial as teorias da rotulação (labelling approach) onde autores como Erving Goffman trouxeram contribuições fundamentais sobre o efeitos da prisões e natureza dos estigmas bem como para teoria do comportamento desviante aperfeiçoando pela crítica as contribuições do interacionismo simbólico e ecologia humana que se integram as escolas do consenso.
ESCOLA SOCIOLOGICA NORTE – AMARICANA
Atualmente um dos campos mais avançados e profícuos da Criminologia moderna. 
De um estudo de criminalidade focado no indivíduo ou em pequenos grupos, a Criminologia passou a se preocupar com grande ênfase no estudo da macrocriminalidade, uma abordagem dos fatores que levam a sociedade como um todo a praticar ou não infrações criminais. 
Teorias criminológicas, em geral, têm como objeto quatro elementos: a lei, o criminoso, o alvo e o lugar. A forma como são classificadas diz respeito aos diversos níveis de explicação, que variam do indivíduo ao contextual. As teorias criminológicas que adotam o nível individual de análise partem d pressuposto de que o crime – a explicação de suas causas e o controle de sua ocorrência na sociedade – se deve aos fatores internos aos indivíduos que os motivam, ou melhor, os impulsionam a cometerem um ato criminoso. Variáveis como idade, raça, posição social e educação seriam algumas das medidas consideradas fundamentais para explicar a atitude criminosa de um indivíduo. 
Com o surgimento das teorias sociológicas da criminalidade, houve uma bifurcação muito poderosa dessas pesquisas em dois grupos principais. Essa divisão leva em consideração, principalmente, a forma como os sociólogos encaram a composição da sociedade: consensual ou conflitual. 
Para a perspectiva das teorias consensuais, a finalidade da sociedade é atingida quando há um perfeito funcionamento de suas instituições, de forma que os indivíduos compartilhem os objetivos comuns a todos os cidadãos, aceitando as regras vigentes e compartilhando as regras sociais dominantes. Para a teoria do conflito, no entanto, a coesão e a ordem na sociedade são fundadas na força e na coerção, na dominação por alguns e sujeição de outros; ignora-se a existência de acordos em torno de valores de que depende o próprio estabelecimento da força. 
 
 Teorias 
 Macrossociológicas
 
 Teorias do Consenso, Teorias do conflito social
 Funcionalista ou da Integração 
 Escola de Chicago LabellingAssociação diferencial Teoria Crítica
 Anomia 
 Subcultura delinquente 
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL
A teoria da associação diferencial, formulada por Edwin H. Sutherland, baseia-se na teoria da desorganização social acerca do comportamento criminal. Segundo Sutherland, “a função social do crime é de mostrar as fraquezas da desorganização social. Ao mesmo tempo em que a dor revela que o corpo vai mal, o crime revela um vício da estrutura social, sobretudo quando ele tende a predominar. O crime é um sintoma da desorganização social e pode sem dúvida ser reduzido em proporções consideráveis, simplesmente por uma reforma da estrutura social.”
Assim, para Sutherland, “a conduta criminal sistemática é conseqüência imediata da associação diferencial em uma determinada situação na qual existem conflitos culturais e, em ultima instância, uma desorganização social.”
Essa teoria é uma concepção sociológica do comportamento criminal, mediante um processo no qual o indivíduo se torna criminoso em contato com outras pessoas do mesmo meio, interpretando a lei de maneira favorável. Outrossim, não devemos comparar esse processo ao de imitação, da teoria de Gabriel Tarde.
Essa teoria é chamada de associação diferencial, pelo fato de que os princípios do processo pelo qual se desenvolve o comportamento criminoso são os mesmos do processo através do qual se desenvolve o comportamento legal, sendo uma associação com pessoas que se empenham no comportamento criminoso sistemático, tudo num processo de aprendizagem (learning process) onde a conduta criminal é algo que se aprende.
Entendemos que a maior contribuição de Sutherland à criminologia, foi a conclusão de que existe um equívoco em se afirmar que as classes pobres é que cometem uma porção maior de crimes, conforme revelam as estatísticas sociais.
Foi Sutherland quem cunhou a expressão crime do colarinho branco em sua obra White-Collar Crime, expressão que na frança tomou o nome de delit de chevalier (delito de cavalheiros) e crinalité des affaire (negócios como objeto de atos criminosos), ou seja, a criminalidade econômico-financeira, praticadas pelos magnatas, através dos negócios escusos, fraudulentos, realizados em nome de suas promessas. Um tipo de crime praticado por pessoas de alto nível social, no curso de sua ocupação comercial ou industrial.
TEORIA DA ANOMIA
Anomia é uma palavra que tem origem etimológica no grego (a = ausência; nomos = lei) e significa sem lei, conotando também a idéia de iniquidade, injustiça e desordem. Sua carreira sociológica inicia-se com as obras de Durkheim: Da divisão do trabalho social (1893), As regras do método sociológico (1895) e O suicídio (1897).
A teoria da anomia não interpreta o crime como uma anomalia, ao contrário do modelo médico e patológico.
Existem dois autores que falam sobre anomia: Émile Durkheim e Robert Merton.
A teoria da anomia insere-se dentro das teorias designadas como funcionalistas.
O pensamento funcionalista considera a sociedade como um todo orgânico, que tem uma articulação interna. Sua finalidade é a reprodução através do funcionamento perfeito dos seus vários componentes. Isto pressupõe que os indivíduos sejam integrados no sistema de valores da sociedade e que compartilhem os mesmos objetivos, ou seja, que aceitem as regras sociais vigentes e se comportem de forma adequada às mesas.
Para Durkheim, a palavra "função" é empregada de duas maneiras diferentes. Designa ora um sistema de movimentos vitais, abstração feita de suas consequências, ora a relação de correspondência que existe entre estes movimentos e alguma necessidades do organismo. 
Tais acertivas oriundas da análise orgânica do ser humano foram transpostas para as ciências sociais.
A "maquina social" deve encontrar meios de autopreservação; toda vez que não encontrar, no entanto, estar-se-á diante de uma disfunção. Em face dessa disfunção, a sociedade deve reagir para que a falha desse sistema seja corrigida e para que se possa voltar ao normal funcionamento da sociedade como um todo.
O interessante dessa perspectiva é que o combate à disfunção far-se-á não pelo estudo de suas causas, mas sim pelo exame de suas consequências exteriores. 
Os autores funcionalistas que se ocupam da anomia vêem o delito como um fenômeno normal da sociedade e não necessariamente ruim. 
É normal, já que se encontra em todas as sociedades humanas, desde o nascimento do convívio social entre os homens. 
Ademais, o crime, em certas ocasiões, pode ajudar a sociedade a consagrar sua própria identidade em torno de determinados valores. 
Por fim, há crimes que apresentam um caráter progressista, ajudando a comunidade a refletir sobre seus valores e crenças a serem superados. Por outro lado, a teoria da anomia também tem o mérito de desmistificar a conduta delituosa como uma anormalidade. As figuras de criminosos com características distintas, com comportamentos estranhos, e etc., são superadas pela constatação de que os criminosos são iguais a nós mesmos, apenas querendo inovar nos caminhos para atingirem sucesso pessoal.
Por outro lado, o sistema transforma-se em funcional, uma vez que a criminalidade propicia o nascimento de um lucrativo comércio em diferentes áreas. As companhias de seguros lucram diretamente com a criminalidade, com a venda de apólices para diferentes fins. O comércio de portões eletrônicos, alarmes com sofisticados sensores (seja para veículos, seja para residências), transformou-se em lucrativo negócio. Em outros países, há um diversificado comércio que vai desde a venda de pulseiras para condenados em livramento condicional até a a venda de cadeias inteiras.
A falta de oportunidades, em um país de contrastes, favorece não só o crescimento da mendicância (retraimento), como o avanço do tráfico de entorpecentes (inovação).
A existência de ostentação acintosa, por parte dos socialities que organizam festas de aniversário para seus cães, enquanto pessoas não têm o que comer, cria uma sensação de perda das raízes morais, com o nascimento de um estado de espírito de anomia.
Da mesma maneira, é difícil convencer a comunidade, acostumada com a mais famosa das regras - a "Lei de Gerson" -, a também não querer obter também sua vantagem, a todo custo, em detrimento de um valor comunitário que deveria se sobrepor aos interesses individuais. Daí por que as experiências da comunidade na luta contra a corrupção fizeram da opinião pública uma verdadeira escola de cidadania contra o crime.
O funcionalismo constitui um grande avanço em relação ao positivismo.
É implícito ao conceito de função a idéia, segundo a qual o crime não é um fato isolado, mas um fato que deve ser considerado dentro de um sistema, isto é, da relação com um contexto global em que se dão os diversos atos humanos.
O pensamento de Merton é uma evolução considerável em face das idéias originais de Durkheim.
Os membros das classes desfavorecidas cometem a maior parte das infrações penais e dos atos desviantes: sendo excluídos do circuito dos meios institucionalizados para atingir a riqueza, encontrando-se mais distantes da perspectiva de ascensão social, tendem a recorrer mais frequentemente à delinquência para realizar os objetivos que a sociedade de consumo difunde. Assim, toda vez que uma pessoa, bombardeada pela propaganda da televisão que associa a obtenção do sucesso ao acesso aos bens de consumo, vê-se mais distante do poder de realizar aquela compra, estará, teoricamente, mais propensa ao cometimento do delito. 
Ademais, os desvios por motivos econômicos podem ser bem explicado pela teoria da anomia (inovação).
O mesmo acontece com os crimes de motivação política (terrorismos, manifestações violentas, ocupações, saques), que decorrem de uma conduta de rebelião. Finalmente, o modelo de retraimento explica comportamentos desviantes autodestrutivos, como o alcoolismo outóxicodependência.
Algumas críticas não se podem deixar de fazer. Durkheim, tanto como Merton, parte do falso e indemonstrável pressuposto do consenso coletivo original, caudatário do pensamento rousseauniano do contrato social.
Nas sociedades diferenciadas, de difícil manejo e de variados núcleos culturais, o consenso coletivo não pode significar mais do que um critério imposto pelos grupos que detêm o poder e que simplificam assim as divergências em benefício dos seus interesses. Por outro lado, deve-se entender a consciência como um produto cultural. Como tal é algo que se aprende (e que se ensina).
Assim, as normas e todas as outras convenções sociais, também são impostas pelo convívio comunitário. Assentar, portanto, o fundamento das normas penais em uma consciência coletiva que não é original significa partir de uma premissa que não é verdadeira. Seria como construir um edifício sobre o primeiro andar, sem serem feitas as fundações subterrâneas.
Por outro lado, a teoria da anomia não consegue explicar um sem-número de interrogantes que escapam à sua perspectiva, como: por que existe também uma criminalidade que não persegue o lucro?; por que não delinquem certos sujeitos que se encontram em situações econômicas vantajosas?
Na realidade, tal teoria não pressupõe a possibilidade de crítica à sociedade competitiva, mas sim a integração do indivíduo a essa sociedade, algo que, no mínimo, seria duvidoso enquanto perspectiva. Torna-se absoluta a ideologia das classes médias, ignorando-se não haver um absoluto consenso em relação a ela.
Também se imputa à teoria funcionalista o fato de ser ela intrinsecamente conservadora, por solucionar a questão criminal nos estreitos limites da funcionabilidade social.
A principal direção desse pensamento é a de que uma descrição das instituições sociais, em termos de suas funções, necessariamente conduzirá a uma teleologia conservadora.
TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE
Subcultura: conceito importante em sociedades complexas e diferenciadas – pluralidade de classes, grupos, etnias e raças.
“cultura dentro de uma cultura”. Mas o que é cultura?
Cultura: “todos os modelos coletivos de ação, identificáveis nas palavras e na conduta dos membros de uma dada comunidade, dinamicamente transmitidos de geração para geração e dotados de certa durabilidade” (F. Dias)
Existem várias culturas em uma mesma sociedade? Se sim, então a sociedade não é um todo unitário, mas vários grupos. A negação da existência de outras culturas, ou no menosprezo delas, significa uma forma de autoritarismo da cultura dominante, da elite. (Chauí).
Cultura de massa: forma de homogeneização das expectativas culturais. Exemplo: americanismo lingüístico, culinário, etc. Globalização.
Diferença entre subcultura e contracultura: ambas representam o enfrentamento desviante dos jovens em relação à cultura dominante.
Subcultura – aceita certos aspectos da cultura dominante, mas expressa sentimentos e crenças exclusivas de seu próprio grupo;
Contracultura – tem como elemento central o desafio à cultura dominante.
A subcultura, em grande parte, reproduz alguns valores contidos na sociedade tradicional, porém com um sinal invertido. A lealdade é valorizada, enquanto o traidor será considerado arquiinimigo do grupo. Os grupos subculturais se retiram da sociedade convencional. 
Já vimos, na aula passada, que as metas culturais condicionam a estrutura social (Merton). O sentimento de fracasso na sociedade de consumo é inevitável para a maioria dos grupos sociais.
Uma das formas de opção das minorias altamente desfavorecidas é a orientação sob uma estrutura social alternativa, constituindo-se uma subcultura criminal. Vários indivíduos, cada um dos quais funcionou como objeto de referência de outros, chegam de comum acordo a novo conjunto de critérios.
Dimensão coletiva do comportamento transgressor. Solução coletiva de um problema comum.
Subcultura delinqüente, portanto, pode ser definida como um comportamento de transgressão que é determinado por um subsistema de conhecimento, crenças e atitudes que possibilitam, permitem ou determinam formas particulares de comportamento transgressor em situações específicas.
Tais comportamentos ocorrem no ambiente cultural dos agentes, e são incorporados à personalidade, como qualquer aspecto cultural. MODO DE VIDA.
O modelo subcultural não pretendeu explicar toda a criminalidade, nem mesmo a criminalidade adulta. Trata-se de um modelo aplicado a certas formas de criminalidade juvenil – GANGUES.
Características dos grupos subculturais:
não-utilitarismo da ação: delitos não são cometidos para algum propósito específico (ficar com o patrimônio, por exemplo). Só a glória e o respeito ganho em relação ao grupo justificam a ação (status).
Malícia do ato: desafio em estabelecer metas proibidas e prazer em realizá-las.
Negativismo do ato: correção de um ato, sob a perspectiva subcultural, depende exclusivamente da contrariedade do mesmo às regras tradicionais. “É apenas um hedonismo com interesse de mostrar o rechaço deliberado dos valores correlativos da classe dominante” (Salomão).
Há um elemento de contrariedade dessa teoria com a Escola de Chicago. Para eles, as áreas criminais não eram setores desorganizados socialmente. Na verdade, lá vigoravam regras invertidas, mas funcionais.
Há, inclusive, estudos sobre a subcultura da classe média. Decorre menos do conflito social mertoniano, e mais do chamado conflito de gerações.
Tentativa de dar tratamento não preconceituoso a grupos minoritários. No entanto, não deixa de estabelecer uma hierarquia cultural. Hipervaloriza conclusões, que são válidas para determinados grupos, mas não para todos.
Forma de “correção”: reforço de um sistema de comunicações entre os grupos (cooptação). Forma de hegemonia cultural.
TEORIA DO LABELLING APROACH “ETIQUETAMENTO, ROTULAÇÃO OU REAÇÃO SOCIAL”.
Para Hassemer (2005), o labeling approach significa enfoque do etiquetamento, e tem como tese central a ideia de que a criminalidade é resultado de um processo de imputação, “a criminalidade é uma etiqueta, a qual é aplicada pela polícia, pelo ministério público e pelo tribunal penal, pelas instâncias formais de controle social” (HASSEMER, 2005, p. 101-102, grifo do autor). “[...] o labeling approach remete especialmente a dois resultados da reflexão sobre a realização concreta do Direito: o papel do juiz como criador do Direito e o caráter invisível do ‘lado interior do ato’”. (HASSEMER, 2005, p. 102, grifo do autor).
Explica Hassemer (2005), que na tese do papel do juiz como criador do Direito tem-se que a lei não pode garantir de modo inquestionável e integral a sua própria aplicação ao caso concreto, ela depende da interpretação do juiz, a partir daí ela obtém de modo preciso seus contornos. É o juiz que contempla, aperfeiçoa e corrige a lei.
O Ministério Público, a polícia e o tribunal, na visão do labeling approach, devem se ater à lei nas suas operações sistêmicas, assim, “eles não retiram (nem podem retirar), de modo independente, a etiqueta de ‘criminoso’ da lei, mas de suas próprias noções de limite entre o comportamento criminoso e o não-criminoso” (HASSEMER, 2005, p. 103, grifo do autor).
Na tese da indivisibilidade do lado interior do ato chama-se a atenção para as dificuldades do procedimento judicial e, principalmente, do processo penal. Ensina Hassemer (2005) que, em todo processo penal, se parte do conhecimento e da vontade do homem, ou seja, se houve dolo ou culpa na conduta do réu. “Não se pode observar o interior de um homem do mesmo modo que a arma do ato ou o slogan estampado na parede da casa; sobre as condições interiores só se pode deduzir” (HASSEMER, 2005, p. 103, grifo do autor).
Para o labeling approach isto significa que aos agentes do controle social formal, quando partem do interior de um homem, não resta outra possibilidade que a atribuição de características e propósitos determinados; eles não vêem nada: não se pode saber se alguém que dirigiavelozmente ao passar pelo policial rodoviário, sendo que este somente pode escapar graças a um salto muito rápido, ‘aceitava com aprovação’ o resultado morte; porém, os penalistas – imputando – teriam que decidir (HASSEMER, 2005, p. 103, grifo do autor).
Segundo Baratta (2002), o labeling approach parte da consideração de que para se compreender a criminalidade deve-se estudar a ação do sistema penal, “que a define e reage contra ela, começando pelas normas abstratas até a ação das instâncias oficiais (política, juízes, instituições penitenciárias que as aplicam)” (BARATTA, 2002, p. 86).
Conforme o mesmo autor, para os representantes do labeling approach o que distingue a criminologia tradicional da nova sociologia criminal é a consciência crítica que a nova concepção traz consigo, que consideram o criminoso e a criminalidade como uma realidade social, que é construída mediante os processos de interação que a caracterizam.
Conforme elucida Larrauri (1992), a perspectiva certamente mais influente na década de sessenta foi o labeling approach ou abordagem de rotulagem. Sendo classificados como autores relevantes dessa teoria, Becker (1963), Cicourel (1967), Erikson (1966), Kitsuse (1968) e Lemert (1967). As críticas que haviam sido dirigidas anteriormente às teorias criminológicas, por constituírem modelos funcionalistas da sociedade ou acusadas de continuar presas às premissas do positivismo, importaram na necessidade de um novo marco sociológico. Os representantes do labeling approach buscaram apoio em outra corrente sociológica que na década de sessenta estava (re)emergendo com força, o interacionismo simbólico.
Segundo a mesma autora, o interacionismo simbólico é uma corrente sociológica desenvolvida por Mead (1934) e que influenciou nos estudos da sociologia do desvio, desenvolvida por Blumer (1969). Segundo Blumer existem duas diferenças entre as correntes tradicionais estruturais e o interacionismo simbólico. A primeira consiste em estudar o indivíduo como um mero objeto, sobre o qual convergem vários fatores sociais e psicológicos que o levaram a agir de determinada maneira, ou o estudo do indivíduo como um ser que age de acordo com a interpretação dada aos objetos, situações e ações dos outros.
Larrauri (1992), afirma ser necessário esclarecer um pouco onde reside a diferença. Segundo Wilson (apud Larrauri, 1992) uma característica do paradigma normativo é que vê toda a interação social como regida por regras. Estas normas são aprendidas, internalizadas, etc .. mas, em qualquer caso, o fato de que elas determinam o comportamento é o que dá origem a expectativas. De acordo com este paradigma, pode-se entender como (inter)agir em uma determinada situação (S) porque sempre existe uma regra que nos diz como devemos agir (A). Como afirma Wilson, o que está implícito nessa compreensão da interação social é um consenso cognitivo. Na verdade, para que se possa esperar que uma certa regra regule o comportamento em uma dada situação, é necessário, em primeiro lugar, que todos os participantes identifiquem a situação da mesma maneira. Isso acontece, segundo os defensores do paradigma normativo, porque todos nós somos socializados em um mesmo sistema de símbolos e significados; em especial compartilhamos uma mesma linguagem comum.
A mesma autora, baseada em Blumer, fazendo referência ao que poderia ser identificado como o paradigma interpretativo, argumenta que o que rege o comportamento não é a norma em si, mas a interpretação que o ator realiza de determinadas situações e ações de outro. Com base nesta percepção do que o outro pretende, o ator planeja o seu próprio curso de ação, explica Wilson (apud Larrauri, 1992). Assim, o que nos permite compreender nossas interações sociais não é o estudo das regras, mas a interpretação que fazemos da atuação do outro, sobre o qual vamos determinar nosso próximo curso de ação. Isto implica também que as interações estão sempre sujeitas a mudanças, ao invés de fixas por certas regras. Em suma, para Blumer (apud Larrauri, 1992), a interação social é um processo interpretativo e de negociação das intenções dos outros com base na qual nós determinamos o nosso curso de ação subsequente.
Segundo Blumer (apud Larrauri, 1992), a segunda distinção reside em que as ações dos indivíduos não se concebem sujeitas às necessidades do sistema, suas funções ou a determinados valores culturais; mas sim respondem à necessidade de gerir as situações que as pessoas enfrentam na vida diariamente.
Larrauri (1992) explica que, isso não significa que não é conhecida a existência de estruturas ou organizações sociais, mas entende-se que estes são quadros em que as ações ocorrem, e não que determinam elas. A importância das estruturas não deve ser exagerada, uma vez que, as sociedades modernas se caracterizam por grandes situações de mobilidade de situações e de símbolos, sendo que a variável fundamental que afeta as unidades de ação – os indivíduos – são os outros indivíduos.
Em conclusão, para compreender a ação social, deve ser examinado as condições em que se atua. A primeira condição é que agimos em atenção à situação que nos encontramos, o que sugere uma segunda condição, ou seja, que age de acordo com a forma como se interpreta a situação. Para interpretar a situação partimos do conhecimento comum, mas, muitas vezes ele está ausente, ou porque a situação é nova ou porque esta situação se interpreta de diversas formas pelos participantes. Em seguida, o que deve ser estudado é como construir uma interpretação de uma situação com base no qual se atuará. Para isso, o sociólogo deve assumir o papel do indivíduo atuante. Em suma, também nas teorias estruturais o que determina a ação são as estruturas, os valores e as normas culturais, para o interacionismo simbólico o que determina a ação é a interpretação que o indivíduo faz da situação em que se encontra e da ação dos outros, ensina Larrauri (1992).
De acordo com a mesma autora, o labeling approach foi aclamada por produzir uma mudança de paradigma no estudo do desvio. O próprio Lemert argumentou que
[o labeling approach] representa uma mudança para a sociologia antiga a qual assumiu que o controle social era uma resposta ao desvio. Venho a pensar na ideia oposta, isto é, que o desvio é uma resposta ao controle social, é igualmente viável e uma premissa potencialmente mais rica para o estudo do desvio nas sociedades modernas (LEMER apud LARRAURI, 1992, p. 28, tradução nossa).
Ensina Larrauri (1992) que, com a expressão mudança de paradigma se descreve, assim, uma mudança no objeto de estudo: deixa-se de estudar o delinquente e as causas do seu comportamento (paradigma causal), vindo a se estudar os órgãos de controle social, que tem por função controlar e reprimir o desvio (paradigma da reação social). Estas agências de controle social que vão desde trabalhadores sociais, até policiais, juízes, psiquiatras, etc ..
A mesma autora diz que a resposta convencial ao questionamento quando se aplica um rótulo é quando alguém comete um crime. Porém, essa resposta pode tropeçar em algumas dúvidas quando se pensa que nem todo mundo que perpetrou um crime é preso. Portanto, nem todos que cometem crimes, são rotulados como criminosos. No entanto, mesmo deixando de lado esta consideração, digamos que crime é aquele definido como tal, o que sempre foi aceito entre os juristas. Argumenta-se que ante a impossibilidade de encontrar uma definição natural de que atos constituem crimes, já que estes variam com o tempo, com os contextos sociais, etc .. não resta mais remédio para se qualificar uma definição normativa.
Mas os teóricos do etiquetamento se sentiram tentados a dar um passo adiante. Se o crime só é aquele comportamento definido como tal, talvez o comportamento, por si só, não apresenta qualquer característica diferente de outros tipos de comportamento. A diferença é que alguns comportamentos são definidos como criminosos e outros não.
A partir deste ponto de vista, desvio não é uma qualidade do ato que a pessoa realiza, mas umaconsequência da aplicação de regras e sanções que os outros aplicam ao infrator. “O desviante é aquele a quem é aplicada com sucesso a etiqueta; o comportamento desviante é aquele que as pessoas definem como desviante” (BECKER apud LARRAURI, 1992, p. 29, tradução nossa).
Daqui resulta que o desvio não tem uma natureza ontológica, não existe independentemente, fora de um processo de reação social, elucida Larrauri (1992). Esta reação social é o que define um determinado ato desviante. Em consequência, o delito não é um fato, mas uma construção social, que requer uma ação e uma reação social. E o delinquente não é aquele que transgride a lei, mas sim aquele ao qual tenha sido atribuído o rótulo de criminoso.
Mas ainda o que os teóricos da rotulagem estavam dizendo era: não é que o ato seja desviado, mas o significado que é atribuído ao ato. A partir desta perspectiva, não se pode afirmar, portanto, que nenhuma ação seja desviada, sem antes observar que reação social suscita. Assim, mesmo tendo um limite, como o ato de matar, ele não pode ser definido como desviante antes de observar que reação social ele causa. Essa reação social variará obviamente com o contexto em que o ato ocorre, matar para roubar pode ser definido como um ato desviante porque cria uma reação social negativa, mas não se origina uma reação social negativa o que mata em legítima defesa ou quem mata em uma guerra, explica Larrauri (1992).
O ato em si não indica sua natureza de desviante ou normal, este adjetivo lhe será afetado não em função do ato, mas em função do significado atribuído pelos outros, que por sua vez provoca uma ou outra reação social.
O que é desviado para um grupo pode não ser para outro, assim por exemplo, fumar maconha, pode causar uma reaçao social negativa em um grupo social e ser, consequentemente, classificado como desviante, enquanto em outros grupos sociais este mesmo ato será considerado completamente normal. Isto é o que é designado pelo nome do relativismo cultural.
Larrauri (1992), questiona-se: se não há diferença qualitativa entre os diversos atos, o que permite que alguns sejam tipificados nos códigos penais, enquanto outros são apenas considerados lícitos ou ilícitos? Por que alguns são etiquetados e outros não? E assevera que a resposta mais óbvia seria afirmar que são punidos os atos mais graves que colocavam em risco a subsistência do sistema social, mas como pode-se concluir que criminalizavam os atos mais perigosos?
Ao punir uma violação reafirma-se que os valores foram altamente apreciados pela sociedade.
Segundo Larrauri (1992), a punição de certas atividades foi o trabalho de empreendedores morais, ou seja, de grupos de pressão que conseguem impor sua visão particular do mundo e seus próprios valores, punindo todos que estão contra eles. Junto com estes empresários morais, que poderiam ser de associações destinadas a controlar a moralidade para grupos de interesse comercial, se constumava destacar policiais e assistentes sociais comos os mais ativos rotuladores.
TEORIA CRÍTICA, RADICAL “NOVA CRIMINOLOGIA”
A nova criminologia critica o próprio sistema penal, o crime existe por conta do sistema e esse sistema seria um sistema injusto, não trata a população com isonomia. Não protege na verdade a população pois, para manter as diferentes classes sociais e que se cria o crime. 
As Principais Características da Moderna Criminologia 
As principais características da moderna Criminologia, segundo Antônio García-Pablos Molina e Luiz Flávio Gomes (Criminologia – Introdução a seus fundamentos teóricos 2. ed. São Paulo: RT, 1997, p.40) são: 
▪Parte da caracterização do crime como “problema” – face humana e dolorosa do crime. 
▪Amplia o âmbito tradicional da Criminologia (adiciona a vítima e o controle social ao seu objeto). 
▪Acentua a orientação “prevencionista” do saber criminológico, diante da obsessão repressiva explícita de outros modelos convencionais. 
▪Substitui o conceito “tratamento” (conotação clínica e individualista) por “intervenção” (noção mais dinâmica, complexa e pluridimensional, mais próxima da realidade criminal). 
▪Destaca a análise e avaliação dos modelos de reação ao delito como um dos objetos da Criminologia. 
▪Não renuncia, porém, a uma análise etiológica do delito (desvio primário) no marco do ordenamento jurídico como referência última. 
Além das situações acima apontadas por Molina e Gomes, assevera Lélio Braga Calhau (Resumo de Criminologia 6. ed, Rio de Janeiro : Impetus, 2011) a necessidade de também incluir a substituição da expressão combate ao crime por controle da criminalidade. “A expressão combate a criminalidade ao crime dá ideia de exclusão – eu contra você, nós contra eles – e traz no seu bojo a ideia de que somos o bem e os outros o mal. O controle da criminalidade é uma expressão neutra, sem preconceitos e mais bem adequada ao pensamento criminológico moderno”. 
Baseado no pensamento Marxista a Teoria Crítica entende que a solução da criminalidade passa pela extinção da opressão e exploração econômica das classes políticas, é o que podemos chamar de criminologia Marxista.
Tal pensamento sustenta ser o delito um fenômeno dependente do modo de produção capitalista. A criminologia crítica, atentando para o processo de criminalização busca como um dos seus objetivos principais estenderem ao campo do direito penal (de modo rigoroso) a crítica do direito desigual.
   Segundo Lélio Braga Calhau "A criminologia radical recusa o estatuto profissional e político da Criminologia tradicional, considerada como um operador tecnocrático a serviço do funcionamento mais eficaz da ordem vigente" (CALHAU, p. 82)
    A criminologia radical se recusa a adotar um modelo tecnocrata, já que considera o problema criminal insolúvel em uma sociedade capitalista. 
    A chamada "nova criminologia" distingue  os crimes entre os que são expressão de um sistema intrinsecamente criminoso ( corrupção, crimes contra o sistema financeiro, racismo etc) e crimes de classes mais desprotegidas (furto, vadiagem etc).
Na atualidade, o objeto da Criminologia está dividido em quatro pilares: delito, delinquente, vítima e controle social. 
Objeto da Criminologia
 Delito Delinquente Vítima Controle Social 
O DELITO 
O Direito Penal trabalha com três conceitos de delito: material, formal e analítico. O conceito material está vinculado ao ato que possui danosidade social, ou que provoque lesão a um bem jurídico. O conceito formal está ligado ao fato de existir uma lei penal que descreva determinado ato como infração criminal. Já o conceito analítico expõe os elementos estruturais e aspectos essenciais do conceito de crime. Perguntado a um penalista sobre o conceito analítico de delito, ele irá responder (pelo menos a grande maioria) que o crime é um ato típico, ilícito e culpável. Outros responderão que o crime é um fato típico e ilícito. E agora também, retornando ao conceito de que o crime é um fato típico, ilícito, culpável e punível, haverá respostas apontando esses quatro elementos essenciais. 
Os criminologistas dizem que o delito é uma conduta culturalmente desviada, é uma conduta anti-social. É uma conduta desviada do padrão cultural de uma certa sociedade. 
O DELINQUENTE 
O delito foi o objeto principal de estudo da Escola Clássica criminal. Foi o surgimento da Escola Positiva que houve um giro de estudo, abandonando-se a centralização na figura do crime e passando o núcleo das pesquisas para a pessoa do delinquente. 
A Escola Positivista surgiu no contexto de um acelerado desenvolvimento das ciências sociais (Antropologia, Psiquiatria, Psicologia, Sociologia, Estatística etc.) Esse fato determinou de forma significativa uma nova orientação nos estudos criminológicos. Ao abstrato individualismo da Escola Clássica, a Escola Positiva opôs a necessidade de defender mais enfaticamente o corpo social contra a açãodo delinquente, priorizando os interesses sociais em relação aos indivíduos. 
Na atualidade, os modelos biológicos de explicação da criminalidade perderam quase que totalmente a sua força. Todavia, não foram totalmente eliminados. Dentro de suas limitações, também podem contribuir para a compreensão do fenômeno criminal. 
Na moderna Criminologia, o estudo do homem delinquente passou a um segundo plano, como consequência do giro sociológico experimentado por ela e da necessária superação dos enfoques individualistas em atenção aos objetivos políticos-criminais. 
O centro de interesse das investigações – ainda que não tenha abandonado a pessoa do infrator – deslocou-se prioritariamente para a conduta delitiva, para a vítima e para o controle social. Em todo caso, o delinquente é examinado, em suas interdependências sócias, como unidade biopsicossocial e não de uma perspectiva biopsicopatológica. 
A Psicologia Criminal destina-se a estudar a personalidade do criminoso. Uma das maiores contribuições criminológicas que a Psicologia pode dar nesse sentido é ajudar na criação de programas que auxiliem a redução da reincidência criminal. 
A VÍTIMA CRIMINAL 
A vítima passou por três fases principais na história da civilização ocidental. No início, fase conhecida como idade de ouro, a vítima era muito valorizada, valorava-se muito a pacificação dos conflitos e a vítima era muito respeitada. Depois, com a responsabilização do Estado pelo conflito social, houve a chamada neutralização da vítima. O Estado, assumindo o monopólio da aplicação da pretensão punitiva, diminuiu a importância da vítima no conflito. Ela sempre era tratada como uma testemunha de segundo escalão, pois, aparentemente, ela possuía interesse direto na condenação dos acusados. E, por último, da década de 1950 para cá, adentramos na fase do redescobrimento da vítima, cuja importância é retomada sob o ângulo mais humano por parte do Estado. 
Com a pretensão de deixar de ser um simples capítulo da Criminologia para transformar-se em disciplina autônoma (ou ciência para alguns), a Vitimologia surgiu a partir de 1947, com a finalidade de estudar amplamente, em todos os seus aspectos, a relação vítima-criminoso no fenômeno da criminalidade. 
A partir do ano de 1947, podem ser considerados como seus fundadores Benjamim Mendelsohn, na Romênia – o primeiro a utilizar-se ou a cunhar a expressão “Vitimologia”- Hans Von Hentig, criminologista alemão que exilado nos Estados Unidos e cujo livro “The Criminal and His Victim” Yale University Press, New Haven, 1948, é considerado como fundamental do período inicial da Vitimologia, Henri Ellenberger, no Canadá, Jean Graven, Stephen Schafer, na Inglaterra e nos Estados Unidos, Israel Drapkin, em Israel e Margery Fry na Inglaterra. Foram os pioneiros na descoberta da “vítima” como objeto de estudo de ciência humana e social, tanto em seu aspecto científico como jurídico. 
Em nosso país, o primeiro livro publicado sobre a matéria foi o do Desembargador Edgard de Moura Bittencourt, intitulado “Vítima”, ed. Universitária de Direito, São Paulo, 1975. 
Proclamavam os seus partidários que a Criminologia somente preocupava-se com o delinquente, pouco valor ou atenção concebendo à vítima do delito, ao sujeito passivo do fato punível,perante os estudos do Direito Penal e da própria Criminologia a respeito,principalmente, na apreciação da vítima como causa ou provocadora da conduta do criminoso. 
Surge, assim, a vítima como personagem tão importante como o delinquente no fato delituoso e não simplesmente ou formalmente como ofendido ou sujeito passivo do crime, porém, como algo necessário à estrutura do delito, como igualmente causadora, provocadora ou colaboradora da conduta criminosa. 
Da mesma forma que no passado, no início da Criminologia, sustentava-se que não se podia compreender ou solucionar devidamente a problemática da criminalidade somente como exame do fato punível sem o estudo do delinquente (na crítica geral oposta à Escola Clássica que o havia ignorado), sustenta-se ou critica-se, hoje, que tal igualmente não será possível sem a pesquisa sobre a vítima do delito. Portanto, sob tal interpretação, o fenômeno criminal teria três elementos integrantes constitutivos: o fato, o criminoso (o seu autor) e a vítima e não como anteriormente somente o fato e o seu autor. 
Também, exige-se que o estudo da personalidade da vítima tem de ser tão completo ou profundo como o da personalidade do delinquente, abrangendo os seus planos ou aspectos biológicos, psicológicos e sociológicos, no plano de sua individualidade e de sua relação com seu mundo circundante (ou meio ambiente) em todos os seus setores. Do mesmo modo, que cientistas ou criminologistas antigos e modernos apresentaram classificações dos delinquentes (Lombroso) – também os vitimologistas apresentam as suas categorias ou tipos de vítimas. 
Na investigação da vítima como gênese do delito, no papel que representa na produção do crime, a mesma deve ser tão ampla, rigorosa ou perfeita na medida do possível como deve ser a pesquisa sobre o delinquente, o sujeito ativo do delito. O interesse científico deve ser o mesmo tanto para um – o delinquente – como para a outra – a vítima – afirmam os vitimologistas contemporâneos, chegando-se, ainda, ao extremo de se sustentar que muito frequentemente a conduta punível foi provocada pela ação da vítima, sendo a mesma tão culpada – e, algumas vezes, mais culpada como em certos delitos sexuais ou contra a pessoa, nos fraudulentos – quanto o criminoso, o autor da ação. 
Admitem-se afirmativas hoje na Vitimologia como, por exemplo, a de que existem vítimas-natas (da mesma forma que no Século XIX Lombroso sustentava a tese do delinquente-nato, de há muito superada), indivíduos que desde que nascem, nasceram para ser vítimas de crime, tudo fazendo, consciente ou inconscientemente, para ser vítimas de crime,como se fossem tipos humanos vitimológicos predestinados ou tendentes a se tornarem vítimas, causadoras de delitos, com responsabilidade, então igual à dos criminosos, dos seus autores. Ao contrário ao lado de tais vítimas-natas, existiram, segundo os vitimologistas atuais, as “vítimas verdadeiramente vítimas” ou “vítimas inocentes” que não seriam causa ou fato, não provocadora,sem culpa ou responsabilidade de espécie alguma na execução ou realização do delito, que sofrem todas as consequências desumanas anti-sociais e injustas do crime. 
Particularmente na matéria, esclarece Castelo Branco (Vitorino Prata), in “Criminologia”, ed. Sugestões Literárias, São Paulo, 1980, à pág. 235. “A Vitimologia demonstra que os homossexuais e as prostitutas são vítimas potenciais, porque na psicologia doentia de alguns neuróticos, com um falso entendimento de justiça própria, estes resolvem livrar a sociedade de tais indivíduos, agredindo-o ou matando-os. E talvez estejam também no mesmo caso, os marginais maltratados ou assassinados por policiais, sugestionado pelo dever de justiça própria, revezando-se então estes e aqueles nas pontas do triângulo do crime. Nos delitos passionais, por sua vez, se examinados em profundidade, verifica-se que a vítima sempre prepara a tragédia, seja porque trai o amante, seja porque rompe a ligação amorosa, sendo então justiçada pelo agente do crime. Este, psicologicamente neurótico, está mais do que certo de que não poderia agir de outra forma, pois a vítima merecia tal castigo. Está o assassino tão convencido de sua justiça que se julga perseguido pela ação do poder judiciário criminal. E no mesmo caso está o autor da vendetta siciliana ou nordestina, quando vingador faz justiça por suas próprias mãos, matando o assassino de seus parentes”. 
A título de ilustração, indicamos algumas classificações ou tipos de vítimas assim: 
Vítimas-natas 
Vítimas potenciais ou intencionais 
Vítimas inocentes Vítimas inocentes (as verdadeiramente ou realmente vítimas)
Vítimas provocadoras
Vítimas falsas, com duas espécies: as simuladoras e as imagináriasVítimas indiscriminadas
Vítimas voluntárias 
Vítimas virtuais
Vítimas simbólicas, etc. 
Vítimas-natas (tipo tão inexistente quanto o delinquente nato, em nossa opinião): Indica-se como exemplo o indivíduo masoquista. 
Vítimas potenciais ou intencionais – são vítimas potencias as personalidades insuportáveis, criadoras de casos e que levam ao desespero aqueles com quem convivem. Geralmente, tipos humanos sarcásticos e irritantes que nascem e se destinam a vítimas de homicídios e lesões corporais dolosas – porque preparam, com as suas atitudes insultantes, o ambiente para o desfecho criminoso, especialmente no meio familiar ou social que frequentam.
 
Vítimas inocentes - as verdadeiramente ou realmente vítimas. 
Vítimas provocadoras – é deveras importante a sua análise no fenômeno da execução à ação de alguém que ela própria originou, provocou, causou, como que obrigando alguém ou agente do delito a atuar contra a sua pessoa. Circunstância bem evidente em certas infrações as suas modalidades legais e também os crimes de natureza sexual. A intensidade e as formas de provocação da vítima do delito são bem variáveis, dependendo de um complexo de fatores ou circunstâncias objetivas e subjetivas, influindo de forma excepcional na conduta do agente, do sujeito ativo do delito. Bem expressivo a tal respeito é a 2ª parte do § 1° do art. 121 do vigente diploma penal brasileiro ao consagrar uma minorativa penal (homicídio privilegiado). O que, também, ocorre no crime de lesão corporal tendo em vista a 2ª parte do § 4° do art. 129. 
E- Vítimas falsas – a vítima simuladora está consciente do que não foi vítima de delito algum, do indivíduo a quem acusa, porém age geralmente por razões de vingança ou buscando obter alguma vantagem material ou não, ocorrendo que comumente será autor de crime como, por exemplo, perante o nosso vigente Código Penal de 1940, na hipótese de denunciação caluniosa (art. 339 do CP). Já a vítima imaginária (como outra espécie de falsa) é geralmente inconsciente de sua acusação, podendo apresentar alguma forma de anormalidade ou deficiência psíquica, mental, como nos casos de personalidades histéricas, paranóicas, retardadas, etc. Pensam, imaginam ou estão mesmo certas de que sofreram realmente a ação criminosa, podendo, às vezes, pretender fins espúrios, ilegítimos em suas acusações, o que pode facilmente ocorrer em alegações de atentados ou ofensas sexuais puníveis, sobretudo em se tratando de crianças ou adolescentes sugestionáveis, de grande imaginação, histéricas ou com fins inconfessáveis. Obviamente, praticamente tal distinção teórica entre vítima simuladora e vítima imaginária é muito difícil de ser feita, de ser evidenciada, embora seja muito importante. É sempre uma vítima duvidosa de ser realmente vítima. 
F-Vítimas indiscriminadas – compreende todas as que são passíveis de sofrerem, genericamente ou interminadamente, todas as espécies de agressões ou atentados na sociedade atual,como por exemplo as vítimas de atos de terrorismo, todos os que na sociedade de consumo moderna consomem alimentos deteriorados, alterados, adquirem mercadorias de inferior qualidade enganados por falsa propaganda ou por fraudes em sua fabricação,etc. 
G- Vítimas voluntárias – concretamente existem, como as hipóteses do denominado homicídio eutanásico e no par suicida ou suicídio a dois, no caso da “roleta russa”. 
H-Vítimas Virtuais – existe quando no domínio da informática, da internet surge o cognominado “pirata eletrônico” – “hacker” – que penetra criminosamente no programa de computador de alguém, invade-se um “site”, um “chat”, um acesso, etc. Exemplo atualmente muito comum lamentável com a exploração da prostituição infantil, com a pedofilia na internet, fenômeno universal através de uma das manifestações do crime organizado em rede internacional segundo as estatísticas comprovam. 
I-Vítima simbólica – alguém que é líder, que representa, que “encarna” uma ideologia, uma religião, um movimento político ou social pode sofrer um atentado criminoso de alguém que não concorda, que é inimigo de sua ideia ou do que ele representa, como nos exemplos, nos tempos modernos, dos assassinatos de Mahatma Gandhi, de Martin Luther King, da tentativa de morte do Papa João Paulo II, etc. mais do que uma ação física o criminoso vem agir contra a vítima pelo que ela representa, “simboliza”, significa,é uma ação mais contra a sua ideia ou filosofia do que contra a sua pessoa física. 
Sob outro aspecto, na problemática, se é verdade ter sido lamentável, no passado, depois do nascimento da Criminologia – e na própria evolução do Direito Penal – o esquecimento da vítima do crime, como objeto de menor atenção em relação ao fato e ao seu autor científico e juridicamente, não é menos verdade – em nosso entendimento – ou nenhuma razão assiste à tese extremada de modernos vitimólogos no sentido de que a vítima quase sempre é a única ou maior causadora, provocadora ou responsável pela execução do fato punível, criminoso e não o seu autor ou agente principal que é o delinquente. 
Tese que em nossa concepção expressaria uma inegável ou evidente inversão dos termos da questão, subvertendo situações comuns na problemática geral do fenômeno criminal. 
Com efeito, se não se pode, de plano, a priori, compreender-se a criminalidade pela abolição absoluta da figura da vítima, buscando-se a relação criminoso-vítima como necessária, também não é correto científico e juridicamente estabelecer-se como princípio geral, básico o que se deve estudar mais a vítima que o delinquente no fenômeno criminal, atender-se mais à conduta da vítima que a do sujeito ativo do delito. Inverter-se-ia então, o que comumente ocorre por exceções que podem ocorrer em certos casos concretos delituosos, substituindo-se apressadamente ou erroneamente a regra geral por sua exceção. 
Por outra parte, talvez o maior mérito – em nossa opinião – das pesquisas vitimológicas tenha sido o abandono ou a superação do pensamento antigo ou tradicional acerca da vítima de crime como alguém por si mesmo (o que seria sugerido pelo próprio vocábulo, conceito ou ideia de “vítima”) inofensivo, sofredor, inócuo, passivo, inocente, sem culpa alguma pelo crime que sofreu. Ao contrário, a Vitimologia esclareceu que em certos delitos a vítima pode assumir papel ativo ou mesmo predominante, provocando direta ou indiretamente, intervindo, instigando, colaborando na prática do fato punível. 
Por derradeiro, em relação ao tema, não há dúvidas que a Criminologia influenciou fortemente o ressurgimento da vítima no seio da discussão do fenômeno criminal. No Brasil, o exemplo disso é a própria Lei n. 9.099/95 onde, entre vários objetivos, visa romper essa falta de diálogo e resgatar a importância da vítima. Nesse diapasão, temos ainda o advento da Lei Federal n. 11.340/2006 – Lei Maria da Penha (reflete a preocupação da sociedade com as vítimas da violência doméstica) e, sobretudo, a própria exigência legal para intimação da vítima para tomar conhecimento da sentença proferida no processo criminal, além das diretrizes elencadas no art. 59 do Código Penal, quanto ao comportamento da vítima (Dosimetria da Pena). 
CONTROLE SOCIAL 
O controle social constitui um tema central da sociologia. Esses estudos examinaram os meios que aplica a sociedade para pressionar o indivíduo a adotar um comportamento conforme os valores sociais e, dessa forma, garantir uma convivência pacífica. 
O objetivo principal é transformar o padrão de comportamento de um indivíduo adaptando-o aos padrões de comportamento sociais dominantes. 
O controle social começa a agir no indivíduo já na fase da infância e as pessoas são quase que doutrinadas a seguir uma linha invisível, um fio, um tipo de padrão de comportamento que as levará a ser mais aceitas ou não pela sociedade.

Continue navegando