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Trabalho Família e Orientação Profissional
Equipe: Nadja, Grazi, Eliana, Rafa, Amanda e Claudio
1. Introdução
		Existem vários fatores que são determinantes na escolha profissional, entre eles podemos citar os fatores políticos, econômicos, sociais, educacionais, psicológicos, mercado de trabalho, importância social, remuneração, tipo de trabalho (braçal/intelectual) e os fatores familiares... que é o nosso tema.
	O que você vai ser quando crescer? Em geral, esse questionamento assombra os jovens desde muito cedo. Embora a escolha profissional seja um tema especialmente abordado no período da adolescência, desde muito antes, na infância precoce, ouvimos pais e amigos questionando, construindo sonhos e até mesmo determinando a profissão dos filhos e parentes ainda crianças. 
	O fato é que a escolha profissional passa pelo desejo dos pais e familiares mesmo antes de ser o ponto alvo do pensamento juvenil. Não raro, o jovem encontra no desejo dos pais a própria escolha profissional. Diante de um momento no qual a indecisão impera, como saber se a escolha está isenta das pressões externas? Como saber qual melhor caminho a seguir? Como identificar se a escolha feita vai retornar em sucesso profissional e satisfação pessoal? 
	Exemplo: Meu pai é dentista, minha mãe é dentista... Também vou ser dentista. Minha mãe queria muito ser bailarina... Eu também faço balé.
	
2. O Adolescente e a escolha profissional
	Uma das transições marcantes que normalmente ocorrem na adolescência é o início da busca por uma escolha profissional. Esta escolha se apresenta decisiva para a vida dos adolescentes e é vista como uma “necessidade” pela família, pela sociedade e por eles próprios (Lucchiari, 1993, p. 11). Neste período da vida do jovem ocorre o término do seu percurso no Ensino Médio e se intensifica a sua busca por uma carreira - pois é o momento de ingresso na faculdade e/ou no mercado de trabalho -, gera a necessidade de escolha de um curso superior ou de uma profissão. 
A família e a sociedade esperam que o jovem escolha uma carreira ao final do 3º ano do Ensino Médio para que possa prestar um vestibular.
	A “necessidade” (Lucchiari, 1993) da escolha não afeta apenas o jovem. O grupo familiar também é direta ou indiretamente afetado, pois alguns pais buscam realizar-se por meio dos filhos (Boholasvsky, 1987) e outros sofrem com o desgaste vivenciado pelo filho que tem dificuldade para decidir. A família, por vezes, assume uma postura de expectativa que faz com que o adolescente se sinta cobrado (Andreani, 2004). O adolescente sente vontade de ter apoio na sua “luta por uma identidade vocacional” (Aylmer, 1995, p. 174), mas a capacidade que a família tem para dar apoio está relacionada com o seu grau de expectativa, com os seus conflitos e com a sua capacidade de manejá-lo
	As crises pelas quais passa o adolescente provocam ressonância na família (Rappaport, Fiori & Davis, 1982). Segundo Preto (1995) e Andrade (1997), a adolescência transforma a própria família por meio de uma crise que ocorre ou pode ocorrer no seio familiar. Neste período se dá uma renegociação de papel e os pais, assim como os jovens, entram em novos estágios. A estrutura familiar é considerada pelos autores essencial para uma passagem por esta fase.
	As crises vivenciadas pelo adolescente e sua família incluem oscilações em sua definição profissional, indagações quanto à escolha de uma profissão rentável e segura, mas que não satisfaz, ou a opção por uma atividade que atrai, mas que não traz estabilidade financeira. Os pais podem reviver os próprios conflitos da adolescência.
	Quando a pessoa nasce, ela já vem encarregada de ocupar determinado lugar, além de ser depositária de diversas expectativas, desejos e fantasias dos pais e de toda a família (Krom, 2000). O indivíduo cresce com essa carga de expectativas que irá, de alguma maneira, refletir em seu desenvolvimento vocacional e no momento da escolha por uma profissão (Soares, 2002). Acaba, então, por ser inevitável que o adolescente busque fazer uma escolha profissional de acordo com os valores de sua família. Inúmeros são os teóricos – de diferentes países – que têm estudado a influência da família no processo de escolha profissional, bem como outras variáveis contextuais que também influenciam este processo. Na literatura brasileira encontram-se estudos, em crescimento, acerca da influência da família, mais especificamente no que diz respeito ao momento de escolha profissional do jovem.
	Como exemplo, citamos o estudo de Santos (2005) que teve como objetivo verificar as percepções dos adolescentes quanto à influência da família e dos pares na escolha profissional. Através da análise do discurso de 16 jovens entrevistados, foram levantados indicadores da importância e da influência dos pais no processo de tomada de decisão.
	Esta pesquisa mostrou que o jovem tende a buscar o primeiro apoio na família na hora em que precisa escolher uma profissão, como também afirma Gavilán (2006). É na família que o jovem encontra o suporte para a realização do seu projeto. Conforme percebido por Santos (2005), "a família é um entre os vários facilitadores ou dificultadores do processo de escolha, mas antes de tudo tem um papel importante na realidade do adolescente e deve ser levada em consideração quando se trata de projeto de vida" (Santos, 2005: 63).
	A autora conclui que a família tem influência sobre o projeto do adolescente, sendo a "opinião dos pais" e o "sentimento gerado pela opinião dos pais" indicadores desta influência.
3. O PAPEL DA FAMÍLIA NO MOMENTO DA ESCOLHA
	Os fatores familiares impõem uma parte importante no processo de impregnação da ideologia vigente. A busca de realização das expectativas familiares em detrimento dos interesses pessoais influencia na decisão e na fabricação dos diferentes papéis profissionais (Soares, 2002), bem como pelos modelos que apresenta.
	Bohoslavsky (1980) fala em especial que as escolhas profissionais estão multi e sobredeterminadas pela família.
	Silva (1996) diz também que a escolha profissional do jovem reativa as escolhas dos pais, acarretando, assim, antigos conflitos que muitas vezes não foram superados. Ademais, esse momento também pode ser encarado pelos pais como uma possibilidade de reparação das próprias escolhas. Isso sugere que o jovem seja o depositário de fantasias inconscientes da família e, dessa maneira, cabe-lhe realizar aquilo que a família não realizou ou mesmo dar continuidade a tarefas já desenvolvidas por eles. A família é a célula que faz intermediação entre o social e o indivíduo e também é responsável pelos valores morais e pela cultura. O jovem é, em parte, o resultado da relação da família com a sociedade
	A literatura aponta a família como um dos principais fatores que ajudam ou dificultam no momento da escolha e na decisão do jovem como um dos fatores de transformação da própria família. O jovem pertence a uma família, que tem uma história e características próprias (Bock & Aguiar, 1995). Por isso, é considerado essencial para a escolha não somente o conhecimento que ele tem de si mesmo, mas também o conhecimento do projeto dos pais, o processo de identificação e o sentimento de pertencimento à família, o valor dado às profissões pelo grupo, assim como a maneira como o jovem utiliza e elabora os dados familiares. 
	No período da adolescência, ocasião em que impera a necessidade de fazer as escolhas que influenciarão toda a história futura, é muito comum encontrar dúvidas e expectativas quanto ao futuro. Muitas vezes os pais ou modelos, fontes de inspiração do jovem, acabam por imprimir seus anseios e expectativas, as próprias aspirações, como uma possibilidade para seus filhos. Uma mãe que queria ser bailarina e não pôde deseja que sua filha seja, um pai que não conseguiu ser músico ou jogador de futebol espera ver seus sonhos realizados na figura do filho. Não queremos insinuar que um jovem não deva ou possa seguir a carreira dos pais, claro que pode e deve caso tenha sido uma escolhaconsciente!
	Com relação à identidade ocupacional, afirma Bohoslavsky (1998), podemos conhecer qual a resultante de uma identificação, mas fica muito difícil descobrir o que determina as identificações. Se o pai do adolescente é advogado e o filho quer fazer Direito, podemos supor que haja uma identificação, mas não explica para que e por que ele se identificou com esse aspecto e não com outros. Por outro lado, a escolha da profissão não remete necessariamente a uma identificação com seu progenitor e tampouco é uma má escolha. “Pode ser uma boa escolha se realizada com autonomia dos motivos originais que deram lugar à identificação com determinada pessoa que desempenha um papel profissional” (p. 31).
	De Gaulejac (citado por Lucchiari, 1997) demonstra que o projeto dos pais orienta-se por duas lógicas contraditórias: a primeira, de reprodução, em que o desejo deles é ver o filho continuando a sua própria história e, a segunda, de diferenciação, em que eles desejam que os filhos realizem tudo o que eles próprios não puderam realizar, encorajando a singularidade, a autonomia e a oposição. Lucchiari (1997) afirma que pais e filhos influenciam-se mutuamente e que as atitudes dos pais dependem da ação dos filhos. No processo de socialização, a criança seleciona os traços familiares na interação com seus antecedentes e os integra diferentemente na construção da sua personalidade. Não pode modificar os dados recebidos, mas pode utilizá-los de forma contrastante e, enquanto uma criança se identifica com uma característica, outra se defende dessa identidade 
	A história familiar é o ponto de partida para a constituição dos conceitos que os jovens têm de si mesmos, assim como para a compreensão das suas aptidões. As escolhas vivenciadas se dão a partir de modelos familiares, que também acabam influenciando no juízo de valores do sujeito acerca das profissões. (Lucchiari, 1997). 
	Lucchiari (1997) afirma que o homem precisa de projetos para viver e que, para construí-los, funde o presente, recorda o passado e prevê o futuro. Mas, para que isto ocorra, é necessária a conscientização de si mesmo e a busca de informações no mundo externo, retornando à família. 
	Esses projetos de vida descritos por Lucchiari (1997) dependem das expectativas dos pais e dos filhos em relação ao futuro, nos seus aspectos conscientes e inconscientes, das motivações e desejos dos pais em relação à escolha profissional dos filhos, que poderão substituir uma escolha que o pai não pode fazer ou superar a situação social no qual a família se encontra. A escolha profissional é uma oportunidade de provar a lealdade à família e de cumprir com a sua missão não apenas individual, mas familiar. A família é considerada importante no momento da escolha, contudo o jovem não baseia sua decisão apenas nos familiares. Ele é influenciado pelos pares, que são os “outros” significativos na sua vida. Harris (1995), contrapondo-se às referências anteriores que destacaram o papel da família, demonstra em seu trabalho evidências de que o papel dos pais não tem efeito duradouro ou decisivo no desenvolvimento infantil, mas que o contexto no qual vivem as crianças, seu processo de socialização e seus pares são, na realidade, os responsáveis pela formação da criança, sendo estes os responsáveis pela transmissão cultural e, consequentemente, pela construção dos valores.
	
	De acordo com Soares (1997, 2002), os pais constroem projetos para o futuro do filho e desejam que ele corresponda à imagem sobre ele projetada, propondo, muitas vezes, objetivos que na realidade eram sonhos seus que não puderam realizar na juventude. O filho se torna, então, um depositário das aspirações dos pais, absorvendo a responsabilidade de escolher a profissão que o pai não pôde seguir (Andrade, 1997). De alguma maneira, os pais introduzem em seus discursos seus próprios desejos sobre os projetos de seus filhos, sem nem mesmo darem-se conta (Pinto & Soares, 2004). A profissão dos pais e familiares e a forma como estes vivenciam suas ocupações também é fator influente na decisão do jovem. Segundo Filomeno (1997), o filho estabelece conceitos e valores acerca das profissões de acordo com o que é falado pela família.
	Os filhos nem sempre reconhecem as influências familiares, pois muitas vezes elas estão implícitas, tanto na ideologia familiar (Andrade, 1997) sobre os valores e conceitos ocupacionais, como nos mitos ou legados familiares. Assim, ao optar por uma profissão o jovem "pode estar seguindo, confrontando ou transformando um mito familiar" (Filomeno, 1997: 69).
	Stierlin (citado por Groisman, Lobo & Cavour, 1996) foi quem desenvolveu o conceito de legado: "o elemento nuclear do legado é o vínculo de lealdade que une o delegante com o delegado" (Stierlin, citado por Groisman, Lobo & Cavour, 1996: 30). Isto significa que os pais esperam lealdade dos filhos, lealdade essa que vai sendo cobrada de geração em geração.
	Salomão (2003) define lealdade na família como: "corresponder às regras de união e aos demais mitos da família" (Salomão, 2003: 260). Conforme Groisman, Lobo e Cavour (1996), as lealdades criam uma rede de obrigações no sistema familiar na qual cada membro da família vai sentir-se subordinado às expectativas que deverá cumprir. Segundo Krom (2000), os fatores que se mostram mais importantes nas lealdades são os vínculos psicológicos. Quando algum membro da família não corresponde a essas expectativas de lealdades, pode haver uma sobrecarga nos laços familiares, bem como um enfraquecimento dos sentidos organizadores que as lealdades atribuem à vida.
	De acordo com Filomeno (1997), o adolescente pode estar seguindo, confrontando ou, até mesmo, transformando o mito familiar. No entanto, seguir o mito nem sempre é sinal de sucesso profissional, assim como a sua confrontação não significa o fracasso. As formas de influenciar podem também ser explícitas, através de opiniões expressas pelos membros familiares. O fato é que na estrutura familiar por vezes o jovem sente-se forçado a seguir carreiras familiares pela pressão imposta na família. Por outro lado, conforme constatou Santos (2005), a liberdade excessiva por parte dos pais pode causar insegurança e, até mesmo, uma sensação de desamparo e dúvidas. Faz-se importante, então, que o jovem considere as influências recebidas pela família, quer elas sejam explícitas, quer sejam sutis e expressas implicitamente. Segundo Andrade (1997), o reconhecimento destas influências pode vir a colaborar com a elaboração de um projeto de carreira, pois o indivíduo pode usá-las de forma positiva e construtiva, de maneira a adequá-las aos seus próprios desejos e valores.
	No Brasil, pesquisas apontam um papel mais diretivo dos pais, sugerindo certas profissões e sendo determinantes na escolha dos filhos (Cavalcante, Cavalcante & Bock, 2001; Oliveira & Dias, 2001). Oliveira e Dias (2001), em um estudo com mães de adolescentes diante do primeiro vestibular, demonstraram que elas consideram os filhos muito inseguros e imaturos para a escolha e assumem um papel mais controlador. Destri (1996) investigou expectativas de adolescentes sobre as participações ideais e reais de seus pais durante a escolha profissional; 55,8% dos jovens declararam que os pais deveriam apoiar a escolha e 27,4% que eles não deveriam ter nenhuma participação. Quanto a participação real dos pais, os adolescentes perceberam as mães como mais apoiadoras (56%) do que os pais (40,8%) e os pais foram mais percebidos como não tendo participação alguma na escolha (41%) do que as mães (28%).
	
	
4. O atendimento ao jovem
	De acordo com Müller (1988), "chegar a uma escolha vocacional supõe um processo de tomada de consciência de si mesmo e a possibilidade de fazer um projeto que significa imaginar-se antecipadamente cumprindo um papel social e ocupacional" (Müller, 1988: 141).
	Neste sentido, a orientação profissional pode auxiliar o adolescente a realizar uma escolha mais esclarecida se reconhecer as influências que sofre, que estão relacionadas ao ambiente emque ele se desenvolveu: a família, a escola, o meio social e econômico, a religião e mesmo as questões psicológicas. Ou seja, a intervenção em orientação profissional deve proporcionar ao jovem orientando um momento de reflexão, especialmente acerca do que está por trás da sua escolha.
	Para tal, considera-se necessário um processo de orientação profissional mais aprofundado, que possa abordar as questões relativas às influências familiares. A abordagem construtivista, com uma visão de mundo contextualizada e holística, tem por objetivo incentivar o orientando a refletir ativamente e atribuir significado à sua história de vida e ao seu desenvolvimento vocacional. Segundo as concepções construtivistas, o indivíduo constrói suas significações pessoais que são refletidas nas experiências passadas e presentes, bem como na variedade de papéis vivenciados ao longo da vida (Neimeyer & Neimeyer, 1993; Brott, 2005).
	Dias (1995) afirma que, para compreendermos esses processos, precisamos da presença dos pais em algum momento do trabalho com o jovem, advertindo que essa inclusão não significa os ter concretamente nas entrevistas. No geral, o jovem vem à primeira entrevista acompanhado dos pais; mesmo quando maior de idade, sugerimos a presença dos mesmos na primeira entrevista. Mesmo quando os pais não participam concretamente do processo, a família é considerada, pois, a partir do discurso trazido pelo jovem, buscamos uma rápida avaliação sobre a psicodinâmica do grupo familiar, elucidando suas expectativas, sonhos e sua percepção sobre os filhos e sua escolha profissional. 
	Torna-se necessário, no entanto, para facilitar esse delicado percurso da identificação familiar para a diferenciação de valores, que os pais exercitem a capacidade de se colocarem no lugar dos filhos, abandonando momentaneamente o solitário, e muitas vezes involuntário, pedestal da autoridade carismática ou até mesmo coercitiva para observar com o olhar forasteiro, de quem tirou férias de sua habitual e quase imperceptível postura sugestiva, até que ponto seus modelos de vivência estão reforçando nos filhos a dificuldade de reciclar seus valores e posturas, buscando o natural desejo de contestação e mudança. 
	A não observância dessa conformação do jovem em simplesmente reproduzir a matriz das crenças familiares pode convertê-lo em impostor de suas reais disposições de personalidade, levando à sabotagem de uma libertadora identidade madura. 
	Torna-se, portanto, de grande importância estudar o dinamismo familiar sem esquecer a historicidade em que ele é construído, porque a escolha da profissão e os projetos para o futuro dos filhos se constroem no seio da família e são parte integrante da mesma e devem ser estudados. (SOARES, 2002) 
	
5. Aspectos principais que afetam na OP e que precisam ser elaborados
	Frequentemente, nos processos de orientação profissional essas questões familiares não possuem espaço. Testes psicométricos são aplicados, a fim de medir os interesses e aptidões do jovem, de forma a fornecer uma resposta que solucione a problemática da escolha profissional. No entanto, essa solução pode não ser bem vista aos olhos da família, fazendo com que o jovem acabe optando por seguir os desejos familiares. As influências familiares podem ser trabalhadas de diversas maneiras durante o processo de orientação profissional, fazendo o jovem dar-se conta das questões que estão por trás de sua escolha. Quando o jovem reconhece essas influências, ele pode utilizá-las, de forma consciente, ao estabelecer o seu projeto pessoal e profissional.
	A questão da atuação da família na escolha profissional transparece tanto no discurso dos pais como no discurso dos próprios jovens. Há sempre alguma maneira de influenciar, seja expressando abertamente a opinião, muitas vezes pressionando o filho a seguir determinada profissão, seja de maneira mais sutil ou manipuladora.
	Segundo Soares (2002), no projeto profissional do jovem: “Pode apresentar-se a dificuldade de autonomia em relação às influências familiares, e as consequentes implicações de concordâncias e contradições em relação às expectativas dos membros da família. Entre o compromisso de realizar o projeto familiar e a oposição a ele, a internalização pelo jovem dos projetos dos pais é fruto de uma luta, seja ela aberta ou latente, mais ou menos viva, de acordo com o caso, mas sempre presente (p. 94).”
	As influências familiares podem ser trabalhadas de diversas maneiras, durante o processo de orientação profissional, auxiliando o adolescente a compreender as questões que estão por trás de sua escolha. Quando o jovem reconhece essas influências, ele pode utilizá-las, de forma consciente, ao estabelecer o seu projeto de vida pessoal e profissional.
	As atividades abaixo operam como facilitadores da tomada de consciência dos fatores envolvidos na psicodinâmica da família e suas relações com a escolha profissional do jovem.
1. Entrevistar os pais sobre o porquê de seu nome, como ele foi escolhido e por quem: 
Possibilita o acesso a algumas impressões sobre a atitude dos pais em relação ao filho e à escolha profissional, uma vez que a justificativa revela as expectativas frente ao mesmo, até mesmo antes de seu nascimento. Uma mãe pode responder, por exemplo, que escolheu o nome Carolina porque nos seus próprios 15 anos, identificou-se muito com este nome e que gostaria de tê-lo recebido ela mesma; o pai pode argumentar que era o nome de uma personagem importante de uma mini série de TV, a quem apreciou muito pela beleza, carisma e força, atributos que deseja encontrar em sua própria filha.
2. Solicitar que o estudante peça uma carta a seus pais dizendo como veem seu momento de escolha profissional: 
 Os pais tendem a revelar o modo como percebem o momento de desenvolvimento do(a) filho(a), denunciando expectativas sobre ele(a) e como veem seu lugar na família. Em Dias (pp. 85-88, 1995), você encontrará 6 cartas analisadas. Uma única sentença, pode ser plena de significados, por exemplo, a mãe que disse, na cartinha à filha, “Penso que você ainda é muito nova para tomar essa decisão, sinto que se as dúvidas continuarem você deve dar um tempo para deixar esta ansiedade se acalmar e talvez aflorar ideias novas”, ao sugerir que a filha se acalme e aguarde “ideias novas”, pode estar informando à ela que não acha as atuais ideias muito boas, que as considera apenas fruto da ansiedade e do auto desconhecimento. Pode ser rico o diálogo estabelecido com os pais do orientando, mesmo que por redação. 
 (Dias, Maria Luiza. Pensando a família no processo de escolha profissional. In: Barros, Delba Teixeira Rodrigues, Lima, Mariza Tavares & Escalda, Rosângela (orgs.). Escolha e inserção profissionais: desafios para indivíduos, famílias e instituições. São Paulo: Vetor, pp. 259-275, 2007). 
3. Frases para completar sugeridas por Rodolfo Bohoslavsky (pp. 114-115, 1977): 
	O autor oferece uma sugestão de frases incompletas, sendo algumas dirigidas ao tema da família. O orientador profissional poderia tomá-las para si e adicionar outras que considere interessantes. Como o estudante precisa “inventar” a segunda parte da frase, sendo que a primeira parte é somente o estímulo, acaba por expor conteúdos pessoais. Por exemplo, com o início de sentença “Minha família...”, podemos encontrar: “gostaria que eu estudasse mais”; “espera que eu cuide da empresa de meu pai”. 
 (Bohoslavsky, Rodolfo. Orientação Vocacional - estratégia clínica. São Paulo: Livraria Martins Fontes Ltda, 3ª ed. 1976, 12ª ed. 2007). 
 
4. Genoprofissiograma: 
 Solicita-se ao orientando que construa o genograma de sua família, anotando a profissão relativa a cada parente. Imaginemos, a título de exemplo, uma família na qual todos os membros do sexo masculino são dentistas, sendo que a profissão é muito valorizada no seio da família e a segurança de herdar uma clientela no consultório do pai seduza o estudante. Podemos, mesmo, encontrar uma situação inversa: uma diferenciação tal, de modoque todos os membros da família têm opções profissionais diferentes e atuam sobre o estudante com a expectativa de que ele venha a inovar na sua própria escolha, ficando quase proibido interessar-se por alguma profissão já presente no universo de sua família. Muitas vezes, será a confecção do genograma, o veículo que viabilizará a exposição dos temas presentes no mundo simbólico da família e dos afetos aderidos a eles.
5. Histórias e uso do humor: 
 Após a leitura de “tirinhas” de piadas, pode-se refletir sobre o que aqueles conteúdos dizem ou não a respeito do orientando. O material pode apontar diversos temas: atitude da família, vínculo com o estudo, escolha, ansiedade diante do vestibular etc. O orientando poderá também desenhar seu próprio cartoon, falando de algo sobre sua própria experiência em família. Você encontra tirinhas que poderá utilizar em Dias (pp. 43-47, 2002). (Dias, M Luiza. Profissão: no rumo da vida. São Paulo: Ática, 2002.)
6. Role-playing do papel dos pais: 
 O orientando é solicitado a construir uma cena em família, na qual poderá experimentar as diversas posições no sistema familiar: será ele mesmo, a mãe, o pai etc. Segundo Lucchiari (p. 61, 1993), esta técnica tem por objetivo oportunizar a tomada de consciência da expectativa do pai e da mãe a respeito da escolha profissional do filho e trabalhar a percepção do jovem sobre a escolha profissional de seus pais e sua influência na sua escolha. (Lucchiari, Dulce Helena Penna Soares. Pensando e Vivendo a Orientação Profissional. São Paulo: Summus Editorial, 1993)
7. Reunião de grupo
	Uma proposta de trabalho com os pais/familiares pode ser a realização de reuniões de grupo, visando obter uma compreensão de seu papel diante da situação de escolha que seus filhos enfrentam, refletindo e reconhecendo a influência que exercem sobre estas escolhas e a importância de uma escolha consciente e ajustada (Bohoslavsky, 1998). Ou, ainda, podem ser organizados grupos de reflexão e discussão que permitam situá-los a respeito da fase da adolescência, dos problemas, dificuldades, ansiedades e expectativas que despertam em seus filhos neste momento. O importante é fazer com que os pais/familiares possam refletir acerca do momento do adolescente, bem como amenizar as ansiedades geradas em torno das escolhas dos filhos.
	De acordo com o trabalho implementado por Gonçalves (1997), alguns temas podem ser abordados através de dinâmicas de grupo com os pais/familiares: refletir com os pais sobre a postura diante de suas escolhas e as escolhas de seus filhos, trabalhar a questão da dificuldade no relacionamento com os adolescentes e a insegurança de pais e filhos em momentos de separação. Ao fim deste trabalho, a autora pôde notar que os adolescentes cujos pais participaram dos encontros se mostraram mais calmos, seguros e menos ansiosos frente às suas escolhas. Já os pais relataram que as dinâmicas de grupo lhes proporcionaram um maior crescimento individual, pois seus conflitos, dúvidas, inseguranças e ansiedades puderam ser divididos com o grupo, através de uma reflexão coletiva.
6. Aplicabilidade
(In: Castanho, Gisela M. Pires & Dias, Maria Luiza (orgs). Terapia de família com adolescentes. Dias, Maria Luiza. Transmissão, herança e sucessão: identidade do adolescente e escolha profissional. São Paulo: Guanabara Koogan, pp. 119-126, 2014.)
1ª entrevista: mãe e filha de 17 anos 
• A mãe pondera que a filha pode escolher o que quiser, mas que admite que ficaria contente se optasse por Medicina e que acha útil ter um médico na família. 
. Surge a seguinte história na conversa sobre as famílias de origem: A menina relata que desde pequena desejava ser pediatra e que isto perdurou até o 9º ano do Ensino Fundamental.
. Ao perguntar sobre as profissões dos familiares, descubro que o pai fez o curso de Administração e a mãe o de Enfermagem. A mãe me conta que seu pai era advogado, dono de Tabelião e sua mãe do lar, sendo que este casal teve 3 filhos: a mais velha, era pediatra; o filho do meio, Engenheiro Naval; ela, a caçula, dirigiu-se ao curso de Enfermagem. Relata que seu pai fez de tudo para demovê-la desta escolha, argumentando que este curso não lhe daria autonomia. Conta que a irmã pediatra, aos 40 anos, teve morte súbita em um final de semana em que seus pais haviam reservado uma pousada para reunir toda a família, em uma cidade de campo. Esta experiência foi muito impactante para todos e a adolescente tinha, nesta ocasião, 2 anos. Os filhos da irmã falecida, primos da adolescente, tinham 9 e 11 anos. A mãe da adolescente encontrava- se grávida do seu segundo filho. Na época em que optou por enfermagem, afirmou a seu pai que queria cuidar do paciente e não tratá-lo, ao que seu pai foi contra. Conta que sua irmã ganhou do pai uma pulseira de brilhantes quando se formou em Medicina na USP; que seu irmão ganhou um carro; que ela ganhou um anel modesto de formatura. Há 25 anos trabalha em enfermagem na Indústria, em que acredita ter um pouco mais de autonomia do que se estivesse em um Hospital. 
• A mãe da adolescente afirma que tem conhecimento que seu pai queria ter sido médico, mas que seu avô lhe disse que Direito era a única coisa que ele iria pagar. Então, ele não fez Medicina, segundo conta, para poder trabalhar junto com a Faculdade de Direito e poder continuar a sustentar a família. •
 Falamos da identificação com a Tia, do legado que lhe foi deixado: reparar as faltas de todos – do avô que não fez o curso que queria; da mãe, que não pode atender aos desejos de seu próprio pai; da família, de poder salvar os que correm risco de vida ou adoecem. 
• Digo-lhe que sua situação era tal, que talvez tivesse a fantasia de que os pais pudessem se interrogar por que a mais velha morreu e não foi ela. A mãe responde-me bastante emocionada dizendo que isto já havia passado por sua cabeça e que sua mãe lhe contara que pensara em abortar, quando se viu grávida pela terceira vez. 
• Cabe lembrar que a adolescente apresenta outros interesses, embora preserve a Medicina como uma possibilidade: Moda, Arquitetura, Desenho, Administração, gosta de crianças e de mexer com o corpo e é jogadora de vôlei. 
• As imagens e os afetos aderidos ao processo da escolha vão determinar as aceitações e resistências a áreas do mundo ocupacional e condicionam a modalidade operatória diante da escolha e da pesquisa no mundo das profissões.
7. Reflexão final
	Considerar a extrema relevância dos sonhos dos pais em relação ao destino dos filhos também é um significativo indicador das dificuldades levadas ao campo da orientação profissional. A sutil influência inconsciente das aspirações familiares de natureza projetiva durante o desenvolvimento da infância acarreta determinados compromissos simbólicos, sujeitos a despertar culpa e frustração na mente de muitos jovens, incapazes de se desvincular inteiramente do projeto de vida de seus pais. A partir da clássica indagação sobre o que você vai ser quando crescer, se esconde, inicialmente de forma discreta e mais tarde com uma objetividade quase visceral, a vontade latente de certos pais em resgatar, de maneira compensatória, através dos filhos, algum nível de compensação pelo abandono consentido de apaixonantes roteiros existenciais; procurando, por assim dizer, “terceirizar” suas escolhas interrompidas ou frustradas por intermédio do vigor produtivo e das potencialidades criativas de seus descendentes. Saber lidar com essa e muitas outras variáveis no complexo contexto dos conflitos familiares será uma árdua tarefa para esse jovem ao longo da conquista de uma diferenciada identidade pessoal: único e precursor caminho para a sondagem de possibilidades futuras durante a construção de sua identidade ocupacional
	A influência da família, ou da rede de relações que se forma em cada família, está, segundo Soares (2002), sempre presente de alguma maneira nas diferentes escolhas que se fazem na vida. Daí a importância de o adolescente reconhecer estas influências, para que possaelaborar uma escolha consciente, responsável e assertiva.
Referências Bibliográficas
. Influência da família na decisão profissional: opinião de adolescentes. Ricardo Ferreira Nepomuceno Geraldina Porto Witter
. O Papel da família e dos pares na escolha profissional. Larissa Medeiros Marinho dos Santos
. O papel da família no processo de escolha profissional. Maria Luiza Dias Garcia
. Indecisão profissional, ansiedade e depressão na adolescência: a influência dos estilos parentais . Claudio Simon Hutz Marœcia Patta Bardagir1 
. Adolescência, Família e Escolhas: implicações na Orientação Profissional. Maria Elisa Grijó Guahyba de Almeida, Luís Ventura de Pinho.

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