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a cidade e o estranho final

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a cidade e o estranho
seminário
carolina lima, cecília pisetta, gianne uchoa, nashalyn, vania bartalini
fonte: http://www.banksy.co.uk/out.asp fonte: http://www.banksy.co.uk/out.asp
conceituação geral
Marshall Berman: ao investigar o 
espírito da sociedade e cultura 
Martin Heidegger: compreensão do que 
é estar no mundo 
Crhistian Dunker e Caterina Koltai 
definição das experiências que, mesmo 
subjetivas, têm caráter coletivo. 
Teresa Pires do Rio Caldeira e 
Zygmunt Bauman: entendimento sobre 
os espaços criados e a partir das 
sensações causadas pela violência e o 
crime 
Eugênio Queiroga: conceituação de 
espaços livres públicos
reflexões acerca do medo: 
como fonte de interferência nas ações, 
nos espaços, segregando a sociedade e 
interferindo nos conceitos de 
solidariedade e altruísmo 
como poder de alterar a paisagem 
consequências dele no plano social: 
paranóia e pânico do contato com os 
diferentes 
como moeda que interfere nas propostas 
urbanas enfatizando as sensações de 
inseguranças, transformando os 
espaços e políticas públicas
autores objetivos
estudos de caso
medo: produtor e produto da 
paisagem
condomínios desenho urbano
rua e entorno espaço publico: praça
nossa intenção
 Trazer à luz questões latentes na cultura em determinado tempo e lugar, que refletem-se 
na paisagem, enquanto “experiência vívida” ...
“...A paisagem não é somente uma entidade 
fechada em si mesma. No interior dessa clausura, a 
questão das relações com uma realidade mais vasta 
permanece”. (BESSE, 2014, p. VIII)
fonte: http://www.banksy.co.uk/out.asp
ponto de partida
É necessário entender o contexto que produz paisagem e que através dela também se revela
Berman e a vida moderna: 
contradições, fragmentações e mudanças caóticas:
“Ser moderno é encontrar-se em um ambiente que 
promete aventura, poder, alegria, crescimento, 
autotransformação e transformação das coisas em 
redor - mas ao mesmo tempo ameaça destruir o 
que temos”
“...ela (a modernidade) nos despeja a todos num 
turbilhão de permanente desintegração e mudança, 
de luta e contradição, de ambiguidade e angústia. 
Ser moderno é fazer parte de um universo no qual, 
como disse Marx, ‘tudo o que é sólido desmancha 
no ar’”. (BERMAN, 1986)
Vivemos orientados por um intrincado panorama, dado previamente a nós; é em referência a ele que nos 
conduzimos e nos pautamos 
O mundo nos provê com certa familiaridade:
ampliando a questão
A contemporaneidade é extensão de questões da modernidade 
- carrega as mesmas contradições com reflexos no indivíduo, na 
sociedade e no espaço
o que se vive é um sentimento fugidio de: 
Bases comuns, compartilháveis que nos permitem 
projetar, criar bases e raízes 
A familiaridade, portanto, é fundamental para nós.
estar perdido 
abandonado à própria sorte 
sem retaguarda 
sem sossego...
mas, no “contrafluxo”:
fonte: http://www.banksy.co.uk/out.asp
ampliando a questão
Na experiência contemporânea: 
parece haver um movimento de “insegurança ontológica”, como defende Bauman 
é sentir-se anônimo em meio à complexidade de um mundo no qual se é involuntariamente jogado 
é perder-se em um mar de informações 
é, diante do que rapidamente se transforma, sentir-se inseguro Sentir-se jogado no mundo pode 
adquirir caráter de certa violência
A ilusão contemporânea é a do pretenso controle 
proveniente dos avanços científicos e tecnológicos 
disponíveis. 
Obsessão por certezas, mensurações, métodos 
cientificamente comprovados 
Afastamento do que pode ser experimentado como 
estranheza, estrangeridade, diferença: 
meta é nos avizinharmos do conhecido, do 
semelhante, do familiar
A era em que vivemos é busca por perseguir o que é 
seguro/não estranho
O aconchego de identificação dos “iguais” gera segurança
O “diferente” é evitado como perigo:
A pluralidade afastada em nome da manutenção da ordem e do sossego.
E o que é para nós, o “não familiar” ou o“diferente”? 
Aquele que não reitera quem eu desejaria ou julgo 
ser 
Aquele que em vez de me reafirmar meu modo de 
vida, se apresenta como oposto 
Aquele que me faz ver o que eu não desejo ver 
Aquele que abala minhas tênues certezas. 
ampliando a questão
Psicanálise: há “o estranho” em mim com o qual devo, mas nem sempre quero conviver 
Caterina Koltai (2000): 
“Qual a grande descoberta de Freud? 
Justamente a de que o homem é impelido por algo que lhe é estrangeiro, que ele não é integrado em si mesmo…”
O “estranho” em mim: 
pode estar apartado de mim 
mas aparecer a qualquer momento...no outro...que com seus 
gestos, seu modo pode me desorientar...
Afastar-me do “outro” que sinonimiza para 
mim o estranho, parece ser a providência 
mais usual. 
Como nós, brasileiros, lidamos com o estranho?
De modo geral – negamos a miscigenação 
que nos caracteriza desde a origem
Desde a origem também nos caracteriza a negação de nossas 
raízes: 
Temos olhar sempre atento ao que é estrangeiro 
Tentamos nos apartar de nossa mestiçagem 
fazemos de nossos ancestrais o “outro” a quem queremos 
evitar. 
ampliando a questão
Christian Dunker e a metáfora da vida nos 
condomínios fechados
O modelo - fantasia de certos setores da população brasileira: 
Décadas de 70 e 80 - clamor por ordem, progresso, 
felicidade, descanso 
Obtenção de sossego e garantia de não invasão de 
estranhos
Condomínios/clube concretizam o sonho de exclusão do 
desconhecido: 
Afasta a ideia desconfortável de “mistura” de etnias ou 
subjetividades 
Têm elementos típicos do projeto neo-liberal brasileiro: 
Eficiência da segurança privada, desenvolvimento planejado 
pelo livre mercado, 
Reverência ao aparato tecnológico e busca de 
gerenciamento externo/terceirizado
Pode-se sonhar com a “felicidade planejada” 
evidência de que a falta impulsiona, mobiliza; 
de que as dificuldades ensejam vida
O compartilhamento da “situação de viventes” (Dunker, 2015) 
nos humaniza:
Fato:
Erguem-se barreiras à convivência e as políticas públicas as incentivam:
não somos capazes de conviver uns com os outros
Os condomínios fechados se esforçam, mas não 
conseguem realizar utopia
a hipertrofia das regras asfixia e leva à perda da liberdade
Perpetuação de condomínios e 
loteamentos fechados
Pouco limite às ocupações 
irregulares em péssimas 
condições 
Construção de espaços 
públicos gradeados, fechados
Conclusão:
Esse tipo de intervenção espacial transmite uma mensagem
fonte: http://www.banksy.co.uk/out.asp (editada)
cidades abertas x cidades fechadas
Enxergar o fenômeno “Condomínio” sob a ótica dos movimentos da economia contemporânea
Contexto
CRISE ECONÔMICA GLOBAL 
(visão ampliada de todas as 
crises) 
O capitalismo como um 
sistema que se alimenta de 
CRISES¹
OS ENCLAVES URBANOS 
FORTIFICADOS4.
O MEDO COMO ESTRATÉGIA 
DE MANOBRA² 
E COMO NEGÓCIO³
Agente propulsor Objeto
1 Hipótese proposta pela jornalista canadense NAOMI KLEIN sobre o sistema capitalista em “THE SHOCK DOCTRINE” (2007); 
2 Proposição feita pela socióloga VERA MALAGUTI BATISTA em “MEDO, VIOLÊNCIA E POLÍTICA DE SEGURANÇA (2009); 
3 Hipótese levantada por 
4 Definição estabelecida pela cientista social e antropóloga TERESA CALDEIRA em “FORTIFIED ENCLAVES:THE N EW URBAN 
SEGREGATIO”(1996)
Le Fevre: “Implosão e explosão” 
Castells: “A crise está em metamorfose” 
Naomi Klein: “Capitalismo produtor e gerenciador de crises” 
Milton Santos: “A crise não é a passagem de período mas sim é a definição do 
próprio período” 
base teórica
autores
PRODUÇÃO DE CRISES
contexto global
o capital industrial perde o seu caráter de 
reprodutor social 
(enfraquecimento do seu próprio poder) 
e dá lugar ao capital financeiro que tem 
interesse exclusivamente no consumo, 
financeirizaçãoe securitização
GLOBALIZAÇÃO DAS FINANÇAS
REESTRUTURAÇÃO DO CAPITALISMO – REESTRUTURAÃO DO ESPAÇO
mudança da produção 
o capital necessita da produção, mas está 
descomprometido com a produção, 
ele lida com números numa articulação local 
visando ordens/interesses globais 
negação do urbano 
dissolução e reconstrução de modo 
simultêneo 
definição Castells: “o Locus da reprodução da 
força de trabalho”
A cidade torna-se a reprodução do capital 
para o capital 
em detrimento da reprodução da força de 
trabalho 
Quem paga fica nela, quem não paga está fora 
espaços novos instrumentalizados pelo capital 
sob domínio das finanças globalizadas
reestruturação (transição) da metrópole 
desigualdades se alteram e se aprofundam
contexto global
indústria imobiliária- o incorporador (O capital globalizado) 
escolhe o local e como será o empreendimento- o espaço) 
o acontecer urbano é alterado em sua qualidade e quantidade
REESTRUTURAÃO DO ESPAÇO URBANO
mudança estrutural: da moradia aos centros de lazer e abastecimento passam a ser 
pensados como produto imobiliário pelos incorporadores e não mais são resultantes de um 
conjunto de escolhas, feitas ao longo do tempo, das empresas comerciais ou do estado
o produto (a cidade) 
passa a ser o vínculo entre o local e o global
o espaço urbano
SETOR IMOBILIÁRIO COMO PROPULSOR DA REPRODUÇÃO DO CAPITAL NO URBANO
movimentos 
hierárquicos 
já estabelecidos
periferia
centro
periferia
base
topo
novos movimentos 
heterarquia
urbana* 
novas 
tecnologias
globalização
*Conceito		proposto	e	desenvolvido	por		PEREIRA	(2015)	e	FERRÃO	(2014)
*Conceito proposto e desenvolvido por PEREIRA (2015) e FERRÃO (2014)
o espaço urbano
estruturas urbanas mais orientadas pelo consumo 
portão, muro, sistema de controle e vigilância
SETOR IMOBILIÁRIO COMO PROPULSOR DA REPRODUÇÃO DO CAPITAL NO URBANO
cidades policêntricas
constituição de novas segregações e auto-segregações 
não é etnica, política, mas sim sobretudo de natureza sócio-econômica
o negócio mudando o espaço urbano
negócio imobiliário para gerar renda como ativos financeiros
capitalizam qualquer forma de renda advinda do uso do espaço construído em capital fictício 
preço da propriedade
proprietários 
recebem renda
proprietários 
incrementam 
renda 
com base nos 
melhoramentos 
idealizados
agentes de 
crédito 
fornecem capital 
em troca dos 
juros
construtores 
o lucro do 
empreendimento
se capitaliza por 
meio dos 
impostos
estado 
  “A  gated community  é uma forma de comunidade residencial ou habitação que contém entradas estritamente 
controladas para pedestres , bicicletas e automóveis , e muitas vezes caracterizada por um perímetro fechado de 
paredes e cercas. As comunidades fechadas geralmente consistem em pequenas ruas residenciais e incluem várias 
comodidades compartilhadas. Para comunidades menores, este pode ser apenas um parque ou outra área comum . 
Para comunidades maiores, pode ser possível que os residentes permaneçam dentro da comunidade para a maioria 
das atividades diárias. As comunidades fechadas são um tipo de desenvolvimento de interesse comum , mas são 
distintas das comunidades intencionais .” (SPOSITO & GOES, 2013)
o produto: gated community
Imagem- Google Earth (acesso em 16-10-2017 )– Região de Barueri SP. 
Milton Santos: “...por falta de meios, somente utiliza parcialmente, como se fosse 
uma pequena cidade, uma cidade local” 
Barth: “As fronteiras são demarcadas e fazem emergir as diferenças – legitimar a 
fronteira” 
Bauman: “Capsulas defensivas, Gated Communities, ilhas de uniformidade – imunes 
à perigosa vida lá fora” 
base teórica
autores
ENCLAVE URBANO
cisão social e política
quem tem dinheiro fica
os de dentro e os de fora
estar entre os seus e não ver os de fora
estar entre os seus e não ver os de fora
estar entre os seus e não ver os de fora
a privatização da segurança 
produção da insegurança
 como elemento constituinte da economia contemporânea
Foucaut: “VIGIAR PARA PUNIR” 
Bauman: “É possível obter grandes lucros comerciais graças à insegurança e ao 
medo” 
Sennett: “VISISBILIDADE EXACERBADA E ISOLAMENTO” 
base teórica
autores
O MEDO COMO NEGÓCIO e COMO INSTRUMENTO DE CONTROLE
Compreender o passado pelo presente (Marc Block)
Precis
amos	
de	um
a	polí
cia	qu
e	à	
nós	in
spire	c
onfian
ça	e	a
os	esc
ravos	
infund
a	terro
r		
Séc.XIX-Sociedade violentamente 
hierarquizada.
Para elaborar uma política de 
segurança é necessário entender 
qual é a demanda por ordem nas 
formações socioeconômicas
Delimitar o inimigo como algo que vem de 
fora. Questionar a existência das diferenças 
sociais, jamais. 
As rebeliões escravas eram lidas como um 
atentado à ordem escravocrata e não como 
algo legítimo e justo. 
Paisagem do imaginário (Foucault)
*Adaptado	de			BATISTA	(2015)
brasil: o palco perfeito
Séc.XX- Ditadura - Repotencialização 
das estruturas de controle social 
autoritárias. 
O medo se torna produto político. 
Como manter sob controle, pacificada, uma 
população de maioria negra e pobre. O novo 
medo, o medo do crime. 
Campanhas maciças de pânico social produziram 
um avanço sem precedentes, na internalização do 
autoritarismo. 
*Adaptado	de			BATISTA	(2015)
Entender os medos de hoje pelas marcas do passado
brasil: o palco perfeito
botar para fora o caos social e a sua periculosidade
Qual afeto, inconscientemente vivenciado, está por trás da lógica do condomínio
(Reflexão proposta e definição de afeto por Vladmir Safatle-2015)
“...Também, esta pode ser uma bela metáfora para entendermos como a vida social brasileira é cingida...” 
(Vladmir Safatle 2015)
medo
da desposseção dos 
bens
expoliação do fruto do 
próprio trabalho 
morte violenta
*Adaptado de SAFATLE (2015)
Imagem- Google Earth (acesso em 16-10-2017 )– Região de Barueri SP. 
  “CONDOMÍNIO HORIZONTAL  é um produto imobiliário, estandardizado, planificado, fechado, que se 
difundiu, espalhando-se rapidamente no mundo inteiro. Ela promete alegria de viver e segurança às classes 
média e alta. Barreiras, guaritas, muros, arames, estendendo-se sobre dezenas, na verdade, centenas de 
metros, povoam atualmente as paisagens das cidades americanas. É difícil penetrar nessas  gated 
communities sem se identificar e sem conhecer alguém no seu interior”. (SPOSITO & GOES, 2013)
GATED COMMUNITY EM SÃO 
PAULO
o produto no brasil: condomínios horizontais
PARAÍSOS ARTIFICIAIS
Fonte : Maria Encarnação Beltrão Sposito e Eda Maria Góes ( 2013) -
Percepção do morador do condomínio, quando 
perguntado sobre o motivo da escolha de morar em 
condomínio: nível de segurança, liberdade maior para as 
crianças, investimento financeiro, tranquilidade, boa 
vizinhança e possibilidade de aprofundar amizades.
Pelas entrevista
s, transparece a ideologia utilizada para vender a altos 
preços esses espaços fechados, quais sejam: o 
reencontro de uma espécie de paraíso, que remete a uma 
vida supostamente de paz e harmonia, vivida no passado 
nas cidades pequenas. 
Um paraíso artificial do qual o outro, o indesejável, o 
diferente, ou seja, o que está nas camadas mais pobres, 
é excluído; um paraíso artificial que torna evidente, no 
espaço, as profundas desigualdades sociais e 
econômicas existentes no país.
a insegurança e as novas praticas espaciais em 
cidades brasileiras 
(barcelona 2014)
objetivo 
Analisar a implantação e apropriação dos espaços 
residenciais fechados, localizados em três 
cidades médias do Estado de São Paulo – Marília, 
Presidente Prudente e São Carlos.
método
Entrevistas realizadas com relatos descritivosque 
expliquem os motivos para a escolha do local . A 
perspectiva de análise é a do cotidiano. 
Conclusão 
A Cidade Fechada (solução ao que o Poder público 
não oferece) 
hipótese
Novas formas de produção do espaço urbano 
com tendência à fragmentação sócio espacial, 
geram novas práticas espaciais, que alteram os 
conteúdos dos espaços públicos e as suas 
representações.
referências
PASSIVO PARA O ESPAÇO 
URBANO E EVIDÊNCIA DO 
CONTRASTE SÓCIO-
ECONÔMICO DOS AGENTES.
“...em tempos como esses, o indivíduo ousa individualizar-se..” 
“...tornar-se medíocre é a única moralidade que faz sentido...”(BERMAN, 2007)
A rua é o local do encontro do qual depende a vida urbana. Na rua se estabelece a desordem, liberam-
se e afluem os elementos da vida urbana e a cidade se manifesta, se apropria dos lugares. (LEFEBVRE, 
2004). 
 
[...] na rua se tornam claras as formas de apropriação do lugar e da cidade, e é aí que afloram as 
diferenças, e as contradições que permeiam a vida cotidiana […] (CARLOS, 1996, p.86). 
“uma cidade é um assentamento onde estranhos devem provavelmente se encontrar” (SENNET,1998,p. 
324). 
 
a rua
 indivíduo
 x
 coletivo
 casa
 x 
 rua
“... ele [o homem] sempre defenderá sua exigência de liberdade individual 
contra a vontade do grupo. Boa parte da peleja da humanidade se concentra 
em torno da tarefa de achar um equilíbrio adequado isto é, que traga 
felicidade, entre as exigências individuais e aquelas do grupo, 
culturais , ...” (CALLIARI, 2014 apud FREUD, p. 41). 
A casa e a rua não designam apenas definições espaciais “ [...], mas acima 
de tudo, entidades morais, esferas de ação social, províncias éticas dotadas 
de positividade, domínios culturais institucionalizados”, capazes de 
despertar sentimentos. O que não é compreendido no ambiente da casa 
pertence à rua, e vice-versa. O código da casa é fundado na família, na 
amizade, na pessoa e no compadrio. O código da rua é baseado em leis 
universais, numa burocracia antiga e num formalismo jurídico-legal. 
(DAMATTA, 1997, p.14). 
a rua: um instrumento de qualificação
“os interesses do homem como indivíduo nem sempre coincidem com os interesses desse mesmo homem como 
ser coletivo; cabe então ao urbanismo procurar resolver, na medida do possível, esta contradição 
fundamental.“ (COSTA,1953). 
 
A importância dos espaços públicos, em especial a rua, nos 
processos de elaboração dos projetos de Arquitetura e Urbanismo 
compreender a rua como elemento protagonista do processo 
de desenvolvimento de projetos de Arquitetura e Urbanismo
“A pedagogia da rua, a rua como methodos, é o meio fundamental de elaboração da cidadania e da civilidade. 
A cidadania é a convicção da autopertinência a um universo social que compartilha um conjunto de 
representações e relações sociais. A cidadania, mais do que um estatuto formal, é o exercício da 
responsabilidade com relação ao que é comum.” (VOGEL, 1985,p.130).
Por que alguns conjuntos habitacionais parecem melhor conectados 
à cidade e outros não? 
Esta conexão influencia a percepção de qualidade dos conjuntos 
habitacionais e de suas edificações?
A interface com a cidade pode refletir na qualidade, preservação e, 
consequente, valorização dos imóveis do conjunto habitacional no 
decorrer do tempo?
CONJUNTOS 
HABITACIONAIS
 
Conjunto Residencial Alto de Pinheiros Conjunto Residencial Natingui 
RESIDENCIAL ALTO DE PINHEIROS - 1968
RESIDENCIAL NATINGUI - 1971
Quais as diretrizes estabelecidas na elaboração dos projetos arquitetônicos dos 
conjuntos habitacionais em relação às áreas públicas, especialmente as ruas?
Como estas diretrizes interferiram na qualidade espacial e, consequentemente, na 
qualidade de vida, dentro e fora, dos conjuntos habitacionais ao longo dos anos?
PARTIDO ARQUITETÔNICO
5 PARÂMETROS DE ANÁLISE
HISTÓRICO
CONEXÕES
DIÁLOGOS
FLUXOS
SINCRONICIDADE
 HISTÓRICO
Conjunto Residencial Alto de Pinheiros Conjunto Residencial Natingui 
1940
1958
 CONEXÕES
Conjunto Residencial Alto de Pinheiros Conjunto Residencial Natingui 
CONEXÕES
 
Conjunto Residencial Alto de Pinheiros
 
Conjunto Residencial Natingui
 
Cidades Jardins
A casa então não estará mais unida à rua por sua calçada. A habitação se erguerá em seu próprio meio, onde 
gozará de sol, de ar puro e de silêncio. A circulação se desdobrará por meio de vias de percurso lento para o 
uso de pedestres, e de vias de percurso rápido para o uso de veículos. Cada uma dessas vias desempenhará 
sua função, só se aproximando ocasionalmente da habitação. o alinhamento tradicional dos imóveis ao longo 
das ruas acarreta uma disposição obrigatória do volume construído. Ao serem cortadas, ruas paralelas ou 
oblíquas desenham superfícies quadradas ou retangulares, trapezoidais ou triangulares, de capacidades 
diversas que, uma vez edificadas, constituem os “blocos”. (CORBUSIER, 1993, tópico 17)
Urbanismo Modernista
 
Conjunto Residencial Alto de Pinheiros Conjunto Residencial Natingui 
FLUXOS
 
Conjunto Residencial Alto de Pinheiros Conjunto Residencial Natingui 
FLUXOS
 
Conjunto Residencial Alto de Pinheiros Conjunto Residencial Natingui 
DIÁLOGOS
 
Conjunto Residencial Alto de Pinheiros Conjunto Residencial Natingui 
SINCRONICIDADE
 
Sevcenko, em seu livro A Corrida Para o Século XXI, se pergunta: “ Quem diria que no 
novo século o front político retornaria para as ruas, tal como nas pólis da Grécia 
antiga?”. (SEVCENKO, 2006, p. 131). 
Estudo de Caso - Entorno Terminal Sacomã
Vias de Fluxo intenso (Priorização do automóvel), 
Transposições precárias para o pedestre, 
Equipamentos (Lazer e cultura / Hospitais e etc.) concentrados, 
Pontos de ônibus vulneráveis, 
Calçadas estreitas, inapropriadas, 
Galpões abandonados, 
Poucas Fachadas Ativas.
estudo de caso: entorno terminal sacomã
Segregação Socioeconômica e Espacial:
Como solucionar? Um equipamento 
único traria transformações para a 
região, atrairia pessoas?
Ou elas continuariam com medo do outro? 

a questão 
da “praça”
2009 2011
2017
construída em 2010 
espaço residual da 
obra de alargamento 
da Avenida Padre 
Angelo Cremonti, 
localiza num bairro 
consolidado de 
uso residencial, 
diversidade de usos 
comerciais e 
industriais
a questão da “praça”
para Eugenio Queiroga, praça é: 
“(…) um sistema de ações e objetos que apresente forte conotação pública, de livre acessibilidade é o que 
vai caracterizar o espaço como praça. Desta forma, situações de ‘pracialidade’ poderão ocorrer, eventualmente 
em ruas, avenidas, descampados e até em edifícios”. (QUEIROGA, 2011, p. 58)
Praça José Francisco Brízido 
situações de 
“pracialidade” 
poderiam ainda existir, 
se nela ocorressem 
encontros, discussões 
e vida pública
mas seria esse 
espaço ainda uma 
praça (pública)?
a questão da “praça”
A estratégia de segurança adotada, através 
das grades, da comunicação visual e do 
mobiliário urbano
afeta os padrões de circulação, pois como poderia a 
experiência do caminhar não ser transformada diante do cenário 
de altas grades?
enfatiza o dentro e o fora: o usuário está “protegido” pelas 
grades que a cercam em todo o seu perímetro e pelos portões 
que se abrem em horários específicos por funcionários 
devidamente identificados
enfraquece os pactos espontâneos de comportamento, já que 
as placas informam as condutas esperadas
rechaça a permanência com a instalação debancos de 
assentos individualizados e sem encosto, frios e desconfortáveis
“A ideia de sair para dar um passeio a pé, de passar naturalmente por estranhos, o ato de passar em meio a uma 
multidão de pessoas anônimas, que simboliza a experiência moderna da cidade, estão todos comprometidos numa 
cidade de muros. As pessoas se sentem restringidas em seus movimentos, assustadas e controladas[…]. Os 
encontros no espaço público se tornam a cada dia mais tensos, até violentos, porque têm como referência os 
esteriótipos e medos das pessoas. Tensão, violência discriminação e suspeição são as novas marcas da vida pública.” 
(Caldeira, 2011, p. 301)
a questão da “praça”
hipótese do medo ao crime violento
Distrito Policial do bairro é o que mais apresenta 
produtividade policial na cidade
bairro em que se insere se liga a nordeste e a 
sudeste a favelas consolidadas e regiões de maior 
vulnerabilidade da cidade
porém
área específica em que se localiza a 
“praça” não é perceptível a 
proximidade desses bairros
a questão da “praça”
não é um espaço propício às ações 
criminosas pelo movimento constante e 
pelos usos institucionais e comunitários 
existentes na área
existência de outras “praças” em diferentes regiões da cidade que também apresentam essas mesmas 
características
gráfico comparativo de dados de produtividade dos Distritos Policiais de Jundiaí 
Fonte: Carolina M. B. de Lima com base nos dados da SSP-SP
gráfico de percentuais de produtividade do 3° Distrito Policial 
(Ponte SãoJoão) de Jundiaí
Fonte: Carolina M. B. de Lima com base nos dados da SSP-SP
Distrito Policial
Mapa de abairramento e regionalização de Jundiaí, detalhe mostrando a vulnerabilidade social da área do bairro da Ponte São João e as localizações das Distritos Policias próximos
Legenda Vulnerabilidade Social
Fonte: Carolina M. B. de Lima, trabalho gráfico sobre mapas DVS - SEMADS Jundiaí - Outubro de 2016
A imagem das grades na paisagem assume o significado dos enclaves fortificados e “homogêneos, isolados daqueles 
percebidos como diferentes. Consequentemente, o novo padrão de segregação espacial serve de base a um novo tipo 
de esfera pública que acentua as diferenças de classe e as estratégias de separação.” (CALDEIRA, 2011, p. 212)
a questão da “praça”
a questão da “praça”
Com o enfraquecimento da esfera de vida pública na sociedade contemporânea, em profunda sintonia aos interesses do 
capital global, para o qual não interessa a formação do cidadão mas do consumidor, torna-se evidente um declínio no valor 
atribuído pelos atores hegemônicos às praças públicas. Muitas praças em áreas centrais deterioradas são abandonadas 
pelas classes dominantes e, decorrente disto, abandonadas, com freqüência, pelo Estado. Transformam-se em local de 
moradia de mendigos e meninos de rua, nas cidades grandes do Brasil. Mesmo estes logradouros só não serão 
considerados como praças apenas se tal situação excluir (não apenas conflitar) usos caracteristicamente públicos; se 
impedir, por exemplo, o pedestre de transitar pelo local em todas as horas do dia. Pois, de outra forma, não é o fato da 
praça abrigar o lúmpem mais que o “cidadão ateniense” que a impede de se configurar como importante “espaço livre 
público. (QUEIROGA, 2001, p. 60).
SUA ORIGEM ESTÁ ANCORADA NA HISTÓRIA DA 
CONSTITUIÇÃO DAS CIÊNCIAS HUMANAS
 PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO SOBRE A 
RELAÇÃO PESQUISADO/ MUNDO, DENTRO DE DETERMINADO 
CONTEXTO – PESSOAL, SOCIAL, HISTÓRICO
a pesquisa qualitativa fenomenológica
Aparece como contraposição ao pensamento positivista que busca a constatação 
empírica, o controle das variáveis, a formulação de leis
 A pesquisa quantitativa lida com os fatos
“...tudo aquilo que pode se tornar objetivo e 
rigorosamente estudado enquanto objeto da Ciência” *
a pesquisa qualitativa fenomenológica
* Martins, Joel e Maria Aparecida Viggiani Bicudo – “A Pesquisa Qualitativa em Psicologia”
A pesquisa qualitativa lida com sensações, impressões, com nossa relação com o 
mundo e com a maneira que as coisas do mundo chegam a nós
A pesquisa qualitativa FENOMENOLÓGICA é o gesto de OLHAR os fenômenos a partir 
do que eles expressam
a pesquisa qualitativa fenomenológica
Bases fenomenológicas 
aparecem...
escuta
busca das 
múltiplas 
dimensões
atenção ao 
discurso do 
outro
apreensão da 
rede referencial
importância 
dada à 
experiência
se relaciona
Pode ajudar o pesquisador/arquiteto a 
compreender como o experenciador
a pesquisa qualitativa fenomenológica
significa o lugar
vê
captura
fornecendo subsídios para a elaboração de projetos, partidos e programas mais efetivos
Tomando-se um segmento de pessoas, investigar como seria:
ponto de partida
exercício proposto
experiência de estar em lugares 
onde a questão da segurança/medo/
apartamento interfere no desenho 
urbano (condomínios, ruas, praças...)
planejamento
Definir com que segmentos contatar 
Delinear abordagens compatíveis 
Elaborar pauta condizente com a questão central 
Definir onde e como falar com os segmentos escolhidos 
Preparo e ida a campo 
Análise interpretativa e apresentação dos resultados
Exemplo genérico de roteiro
Apresentações gerais 
Investigar sensações relativas ao lugar onde moram
Descrição do lugar do ponto de vista dos sentimentos despertados
Como define em termos vivenciais a sensação de estar seguro
exercício proposto
Relação lugar x segurança
em que lugares se sente seguro ou não; o que 
produz sensação de segurança ou não; o que 
o lugar deve oferecer; quem deve estar nele; 
como as pessoas devem se portar nele
Investigar como a experiência em condomínios fechados, ruas, praças 
interfere na sensação de segurança x medo
Expectativa em relação ao que o arquiteto e o poder público podem 
oferecer para a obtenção do sentimento de segurança

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