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ATUACAO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO NUCLEO DE APOIO JURIDICONA VARA DE FAMILIA DO FORUM CLOVIS BEVILAQUA(2)

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FACULDADE CEARENSE - FAC 
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO NÚCLEO DE APOIO 
JURÍDICONA VARA DE FAMÍLIA DO FÓRUM CLOVIS BEVILÁQUA – 
FORTALEZA/CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANA LÚCIA DE JESUS SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA-CE 
2014 
 
 
 
 
 
ANA LÚCIA DE JESUS SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO NÚCLEO DE APOIO 
JURÍDICONA VARA DE FAMÍLIA DO FÓRUM CLOVIS BEVILÁQUA – 
FORTALEZA/CE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à aprovação 
Coordenação do curso de Serviço Social 
da Faculdade Cearense - FAC, como 
requisito parcial para obtenção do grau de 
Graduação. 
 
 
Orientador(a): Prof.(a). Ms. Luciana 
Gomes Marinho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FORTALEZA-CE 
2014 
ANA LÚCIA DE JESUS SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AO NÚCLEO DE APOIO 
JURÍDICONA VARA DE FAMÍLIA DO FÓRUM CLOVIS BEVILÁQUA – 
FORTALEZA/CE 
 
 
 
 
 
Monografia submetida à aprovação da 
Coordenação do Curso apresentado ao 
Curso de Serviço Social da Faculdade 
Cearense (FAC), como requisito parcial para 
obtenção do grau de Graduação. 
 
 
Orientadora: Profa. Ms. Luciana Gomes 
Marinho 
 
 
 
 
Data de aprovação: _______/_______/2014 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
__________________________________________________ 
Profª. Ms. Luciana Gomes Marinho 
(Orientadora) 
 
 
__________________________________________________ 
Profª. Silvana Maria Pereira Cavalcante 
(1ª Examinadora) 
 
 
__________________________________________________ 
Profª. Priscila Nottingham de Lima 
(2ª Examinadora) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“É tempo, sobretudo de deixar de ser 
apenas a solitária vanguarda de nós mesmos. 
Se trata de ir ao encontro 
(Dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros). 
Se trata de abrir o rumo. 
Os que virão, serão povo, 
E saber serão lutando”. 
 
Tiago de Mello 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico esse trabalho ao meu querido pai 
que já não está comigo fisicamente, mas 
sempre estará no meu coração e 
pensamentos. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
Primeiro quero agradecer a Deus por está sempre comigo, guiando os meus 
passos e protegendo-me. Todos que estiveram ao meu lado direta e indiretamente 
nesta caminhada difícil mais não impossível. 
As minhas filhas Ana Giselle e Ana Glenda que são os motivos para que eu 
busque meus sonhos e pela compreensão das ausências familiar. 
Aos meus pais, Martinho José de Lima(in memória), minha mãe Maria 
Consuelo, que sempre fez o impossível para educação dos seus filhos, e especial 
minha irmã Jorgelina que é como se fosse uma filha, pois sofre de uma doença 
mental e eu cuido da mesma. 
As minhas cunhadas, Maria José e Adelvina e ao meu ex-maridoSigefredo 
Silva que deram todo apoio necessário para que eu tivesse essa conquista. 
A minha querida orientadora Luciana Gomes Marinho que me ajudou a 
construir esse projeto, me passando seu conhecimento para que fizesse um bom 
trabalho. 
Agradecer a banca examinadora, pela disponibilidade e contribuição para 
avaliar o Trabalho de Conclusão de Curso. 
Agradeço a minha supervisora de estágio Giovanna Guedes de Alencar, 
assistente social do Fórum Clóvis Beviláqua, de grande competência profissional e 
aos outros profissionais do setor. 
Não posso esquecer de todos os docentes da Faculdades Cearenses (FAC), 
que me passaram seus conhecimentos para que eu chegasse aqui. 
Quero agradecer a todos os discentes que conviveram comigo, algumas 
mais próximas como Silvânia, Sarah, Joelma, Charles, Juaniza, Tânia, como a turma 
é grande não para citar todos os nomes, mas tenho a dizer que sentirei muitas 
saudades. 
Agradecer minha grande amiga e irmã Leda por toda força que me passou e 
ao meu amigo Carlos Batista que me ajudou muito. 
A todos que de uma forma ou de outra contribuíram para o engrandecimento 
profissional e pessoal do meu ser. 
 
Meu muito obrigada. 
RESUMO 
 
 
 
 
 
Esta pesquisa teve por escopo de estudo a profissão de assistente social junto ao 
poder judiciário. Justifica-se pela necessidade de saber qual o impacto da atuação 
deste profissional dentro dessa instituição. A partir dessa visão, a pesquisa que aqui 
se apresenta traz como título: Atuação do assistente social junto ao núcleo de apoio 
jurídicoas varas de família no fórum Clovis Beviláqua – Fortaleza/CE.O objetivo geral 
da pesquisa busca analisar as atividades/atribuições do assistente social no Núcleo 
de Apoio à Jurisdição às Varas de Família no Fórum Clóvis Beviláqua. Esta 
pesquisa caracteriza-se como sendo um estudo exploratório, a natureza da pesquisa 
foi qualitativae foi desenvolvida no Fórum Clovis Beviláqua em Fortaleza/CE. Como 
instrumento de pesquisa, optou-se por questionário aberto, onde o respondente fica 
a vontade para responder sem nenhuma intervenção do entrevistador nas respostas, 
a observação participante. No entanto, percebemos que a profissão de assistente 
social é de suma importância para a solução de casos onde estão envolvidos 
cidadãos na busca por seus direitos, o que é necessário para oandamento dos 
trabalhos jurídicos no que diz respeito a algumas avaliações feitas por este 
profissional. Com esta pesquisa pode-se verificar que o assistente social é bastante 
solicitado pelos juízes o que aumenta consideravelmente o volume de processos a 
cargos destes profissionais, pois o assistente social trazcontribuições significativas 
no que diz respeito à proteção do indivíduo em situação de vulnerabilidade, como 
idosos, crianças e outros indivíduos que têm seu direito violado. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Serviço social, Poder judiciário, Vara de família. 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This research study wastoscopethe social work profession by the judiciary. 
Justifiedbytheneedtoknowwhatimpacttheperformanceofthis professional 
withinthatinstitution. Basedonthisview, theresearchpresentedherehas as title: Role 
ofthe social workerwiththe core legal supportthefamilycourts in Clovis Bevilaquaforum 
- Fortaleza / CE. The overall objectiveoftheresearchistoanalyzetheactivities / 
tasksofthe social workeratthe Center for Supportofthe Family 
CourtsJurisdictionForum Clovis Bevilaqua. Thisresearchischaracterized as 
anexploratorystudy, thenatureoftheresearchwasqualitativeandwasdeveloped in Clovis 
Bevilaqua Forum in Fortaleza / CE. As a research tool, it wasdecidedto open 
questionnaire, 
wheretherespondentisfreetoanswerwithoutanyinterventionoftheinterviewer in the 
responses, participantobservation. However, we realize thatthe social 
workprofessioniscriticaltothe cases ofsolutionwherecitizens are involved in thesearch 
for theirrights, whichisnecessary for theprogressof legal workwithregardto some 
assessmentsmadebythisprofessional . Thisresearchcanbeseenthatthe social workeris 
a strongdemandbythejudgestherebyincreasingthe volume of cases 
thepositionsoftheseprofessionals, sincethe social 
workerbringssignificantcontributionswithregardtotheprotectionofthe individual in a 
vulnerablesituation, as elderly, 
childrenandotherindividualswhohaveviolatedtheirrights. 
 
 
KEYWORDS: Social Services, Judiciary, Family Court. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................9 
2 SERVIÇO SOCIAL E O PODER JUDICIÁRIO ................................................... 15 
2.1 A gênese do Serviço Social no poder judiciário brasileiro................................ 15 
2.2O papel Assistente Social no poder judiciário brasileiro em tempos 
contemporâneos .................................................................................................... 
 
20 
3 IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO FÓRUM CLÓVIS BEVILÁQUA.. 24 
3.1O Serviço Social nas Varas de Família........................................................... 26 
3.2 O desenvolvimento das atividades cotidianas no Núcleo de Apoio 
Jurídico as Varas de Família ................................................................................. 
 
28 
4 PERCURSO METODOLÓGICO ......................................................................... 34 
5 ANÁLISE E RESULTADOS................................................................................ 40 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 52 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 55 
APÊNDICE............................................................................................................. 58 
ANEXO................................................................................................................... 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O mundo contemporâneo vem sendo caracterizado por um período de 
extremas transformações em todos os campos da humanidade, sejam eles 
econômicos, sociais, políticos, da sociedade modificando-os, o que acaba afetando 
o cotidiano dos indivíduos na esfera pública e privada. Em alguns aspectos as 
modificações foram favoráveis para melhorar as condições de vida das pessoas de 
forma geral. No entanto, esses avanços ficaram restritos a uma pequena parcela da 
população, e a maioria continuaram enfrentando problemas referentes a habitação, 
saúde, trabalho, educação e segurança, agravando-se de forma progressiva as 
desigualdades sócio-política e culturais. 
Assim, realidade da sociedade moderna faz com que a todo o momento a 
questão da justiça seja retomada: os dilemas e os embates levam os sujeitos a 
procurarem as instituições judiciárias para solucionar seus conflitos. 
Deste modo nossa pergunta de partida busca responder como se dá a 
atuação do Assistente Social junto ao Núcleo de Apoio Jurídico as Varas de Família 
no Fórum Clóvis Beviláqua? 
O objetivo geral da pesquisa é analisar as atividades e/ou atribuições do 
Assistente Socialno Núcleo de Apoio à Jurisdição às Varas de Família no Fórum 
Clóvis Beviláqua. No que se refere aos objetivos específicos foram: identificar quais 
as demandas no trabalho do Assistente Social; descrever a atuação e os desafios 
postos ao Serviço Social junto ao jurídico e a importância do Assistente Social nesse 
trabalho; apreender a função sociojuridica na garantia dos direitos dos usuários com 
o trabalho profissional do Assistente Social. Busca-se com a formulação dos 
objetivos encontrar respostas ao que é pretendido com a pesquisa. Pois de acordo 
com Minayo (2010), os objetivos devem ser possíveis de serem atingidos e os 
mesmos devem responder aos questionamentos do pesquisador, para tanto se 
formulam um objetivo geral que deve ser amplo e forma que a partir deles possam-
se articular os objetivos específicos. 
 Conforme Chuairi (2001), o direito de acesso à justiça assume relevância 
em nossa sociedade, à medida que aparece como ponto de interligação entre a 
garantia do exercício de cidadania da população como de forma geral e 
principalmente àqueles mais carentes e ao funcionamento das instituições de justiça. 
10 
 
 
Ainda conforme a autora já citada, o acesso à justiça apresenta duas 
finalidades básicas: é direito do indivíduo, buscar seus direitos e também resolver 
seus problemas tendo a proteção do Estado1, é dever do sistema jurídico produzir 
leis que sejam para todos os cidadãos, ou seja, independente de cor, raça, ou 
condição social o resultado deve atingir a todos. A outra finalidade é que o Estado 
Democrático de Direito2, que é o de garantir o acesso à justiça igualmente a todos. 
 É nesse sentido que o trabalho do Assistente Social na área sócio jurídica, 
especificamente no Núcleo de Apoio Jurídico a Vara de Famílias, contribui para a 
população ter acesso à justiça, para a viabilização dos seus direitos, através de 
informações. 
É direito do cidadão ter acesso a informações a respeito dos seus direito e 
deveres, quando o individuo é sabedor de determinada informação e das 
consequências seus atos ou as ações a foi submetido, esse conhecimento garante a 
sua integridade diante da sociedade, de acordo com artigo 5º do Código de 
Ética3Profissional do Assistente Social, alínea b, 
 
Art.5º- [...] 
 
b) garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e 
consequências das situações apresentadas, respeitando democraticamente 
as decisões dos usuários, mesmo que sejam contrárias aos valores e às 
crenças individuais dos profissionais, resguardados os princípios deste 
Código (BARROCO,2012,p.172). 
 
Nossas categorias foram definidas de acordo com o tema abordado, a 
primeiraé a Instituição Judiciária, a segundaé o Assistente Social no Judiciário,a 
terceira tratam das Varas de Família e a quarta categoriase EspaçosSocio-
ocupacionais, sendo referenciadas pelos autores Dal Pizzol(2008), Fávero (1992), 
Iamamoto (1992), Barroco (2012), Chuairi (2001) entre outros autores que serão 
utilizados durante a elaboração do texto. 
 
1
Estado, segundo o Dicionário Houaiss (2013, p. 211), é datada do século XIII e designa "conjunto das 
instituições que controlam e administram uma nação"; "país soberano, com estrutura própria e politicamente 
organizado". 
2
O Estado democrático de direito é um conceito que designa qualquer Estado que se aplica a garantir o 
respeito das liberdades civis, ou seja, o respeito pelos direitos humanos e pelas garantias fundamentais, através 
do estabelecimento de uma proteção jurídica. Em um estado de direito, as próprias autoridades políticas estão 
sujeitas ao respeito das regras de direito. (SANTOS, 2011) 
3
 Conforme BARROCO (2012), Código de Ética trata-se de um código moral que prescreve normas, direitos, 
deveres e sanções determinadas pela profissão, orientando o comportamento individual dos profissionais e 
buscando consolidar com uma direção social explícita. 
11 
 
 
A instituição Judiciária foi concebida para proteger os cidadãos contra os 
abusos do Estado, de garantir a Lei, os direitos individuais e fundamentais, além de 
garantir as liberdades públicas, e de preservar a propriedade privada. O poder 
judiciário estárepleto de contradições, enquanto parte do Estado, é procurado para 
atuar frente às contradições e problemáticas do cotidiano dos indivíduos, mantendo 
a ordem e a garantia dos direitos. (BARROCO, 2012). 
Segundo Bobbio, citado por Chuairi (2001, p.05), “[...]os direitos dos 
homens, por mais fundamentais que sejam, são direitos históricos, ou seja, nascidos 
em certas circunstâncias por lutas em defesa de novas liberdades contra velhos 
poderes e nascidos de modo gradual, não todos de uma vez e nem de uma vez por 
todas”. 
A segunda categoria, conforme Chuairi (2001), o Serviço Social no contexto 
jurídico, configura-se como uma área de trabalho especializado, que atua com as 
manifestações da questão social4, em suainterseção com o Direito e a justiça na 
sociedade. Este possui uma interface histórica com o Direito, à medida que sua ação 
profissional, ao tratar das manifestações e enfrentamento da questão social, coloca 
a cidadania, a defesa, preservação e conquista de direitos, bem como sua 
efetivação e viabilização social, como foco do seu trabalho. 
 O Assistente Social judiciário ou forense, atua em diferentes órgãos e 
setores do Poder Judiciário, intervindo prioritariamente nas Varas da Infância e 
Juventude e nas Varas de Família, onde existem processos cujas decisões judiciais 
envolvem as vidas de crianças, adolescentes e famílias. 
Conforme Fávero, (2007, p.4), é possível afirmar que as áreas que 
compõem o campo sócio jurídico no âmbito do Serviço Social vêm, há décadas, 
atuando diretamente e cotidianamente junto às expressões dasquestões sociaisque 
atingem crianças, jovens, adultos, os quais muitas vezes frente ao limite da 
abrangência e proteção por parte das políticas sociais5, recorrem, são 
encaminhados, ou são denunciados a organizações que, ao longo da história, têm 
se apresentado como espaços de contenção, de coerção, de disciplinamento e de 
 
4
Questão social - O principal conceito de questão social é o conjunto das expressões das desigualdades da 
sociedade. A questão social surgiu no século XIX, na Europa, e iniciou para exigir a formulação de políticas 
sociais em benefício da classe operária, que estavam em pobreza crescente. (IAMAMOTO, 1992) 
 
5
Políticas sociais são ações governamentais desenvolvidas em conjunto por meio de programas que 
proporcionam a garantia de direitos e condições dignas de vida ao cidadão de forma equânime e justa (CRESS-
MS, 2014). 
 
12 
 
 
enquadramento de situações ou comportamentos considerados,via de regra, como 
“desviantes” de modelos estabelecidos como desejáveis ou adaptados à norma 
dominante. No âmbito do Judiciário, as expressões da questão social6, que na 
maioria das vezes se manifestam em razão da transgressão da lei pelo próprio 
Estado (CÓLMAN, 2004), que tem sido omisso quanto à garantia universal dos 
direitos sociais7, se apresentam de forma ainda mais particularizadas, ou seja, como 
"conflito entre partes, como litígios" (ibid., p. 14). 
Entre as funções do Assistente Social também está a de acompanhar 
famílias em processos jurídicos, a inserção do profissional no acompanhamento de 
famílias no poder judiciário é um fato recente na história do Serviço Social. A 
profissão tem suas particularidades que tem sido motivo de estudo em diversos 
níveis. De acordo com Fávero (2006) um dos fatores para a atuação destes 
profissionais no sistema judiciário se deve a provável ampliação da necessidade de 
atendimento e de profissionais para a área, principalmente depois do ECA – Estatuto 
da Criança e do Adolescente. 
O interesse pelo objeto de estudo em questão surgiu no decorrer do estágio 
no Serviço Social no Fórum Clóvis Beviláqua, especificamente no Núcleo de Apoio 
Jurídico as Varas de Família, onde tive a oportunidade de estagiar e acompanhar o 
trabalho no Núcleo, de abril de 2013 a junho de 2014, procurando apreender e 
compreender o trabalho do Assistente Social com os usuários que buscavam seus 
direitos, mesmo sem ter tanto esclarecimentos sobre os mesmos. 
A quarta e última categoria esta relacionada à análise dos espaços 
ocupacionais do assistente social. ConformeIamamoto(1992), as alterações 
verificadas nos espaços ocupacionais do assistente social têm raízes nesses 
processos sociais, historicamente datados, expressando tanto a dinâmica da 
acumulação, sob a prevalência deinteresses capitalista, quanto à composição do 
poder político e a correlação de forças no seu âmbito, capturando os Estados 
Nacionais, com resultados regressivos no âmbito da conquista e usufruto dos 
direitos para o universo dos trabalhadores. 
De acordo com Iamamoto, (1992), o espaço sócio profissional não pode ser 
tratado exclusivamente na ótica das demandas já consolidadas socialmente, sendo 
 
6
 Vide p. 12. 
 
7
Os direitos sociais “se realizam pela execução de políticas públicas, destinadas a garantir amparo e proteção 
social aos mais fracos e mais pobres; ou seja, aqueles que não dispõem de recursos próprios para viver 
dignamente” (COMPARATO, 2010). 
13 
 
 
necessário, a partir de um distanciamento crítico do panorama ocupacional, 
apropriar-se das demandas potenciais que se abrem historicamente à profissão no 
curso da realidade. 
De acordo com Fávero, (2007, p.3), o termo campo sociojuridico é utilizado 
enquanto o conjunto de áreas de atuação em que as ações do Serviço Social se 
articulam as ações de natureza jurídica, como o sistema judiciário, os sistemas 
penitenciário e prisional, o sistema de segurança, o Ministério Público, os sistemas 
de proteção e acolhimento e as organizações que executam medidas 
socioeducativas8, conforme previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente 
(ECA,1990), dentre outros. O termo sócio jurídico passou a ser mais conhecido no 
meio profissional dos assistentes sociais, especialmente a partir de sua escolha 
como tema da Revista Serviço Social e Sociedade nº 67 (Cortez Editora), e de uma 
das sessões temáticas do X CBAS9 - Congresso Brasileiro de Assistentes 
Sociais/2001, e, ainda, do Encontro Nacional Sociojuridico que ocorreu em Curitiba, 
em 2004, em que foi discutido o sistema de defesa de direitos nas áreas do 
Judiciário e do Penitenciário. Neste encontro os participantes aprovaram, dentro da 
agenda política, que o conjunto CFESS/CRESS consolidasse a terminologia. 
Segundo Fávero, (2007, p.4) é nessa realidade social e no espaço 
contraditório entre a coerção, o controle e o disciplinamento individualizado e 
individualizante, construído ao longo da história, e a intervenção profissional na 
direção do acesso, da garantia e da efetivação de direitos. Nessa área de atuação, o 
Assistente Social vem deparando-se com aampliação das demandas, cada vez mais 
graves e complexas, grande parte delas decorrentes da perversidade posta por um 
modelo político-econômico, em queos “(...) ‘excluídos’ do sistema econômico [que] 
perdem progressivamente as condições materiais para exercer seus direitos básicos 
(...)”. Com suas prescrições normativas, o Estado os integra ao sistema jurídico 
basicamente em suas feições marginais – isto é, como devedores, invasores, réus, 
transgressores de toda natureza, condenados “[infratores, abandonados] etc. 
(FARIA, apud. FÁVERO, MELÃO, JORGE, 2005, p. 33)”. 
 
8
Medidas socioeducativas são medidas aplicáveis a adolescentes autores de atos infracionais e estão previstas 
no art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Apesar de configurarem resposta à prática de um 
delito, apresentam um caráter predominantemente educativo e não punitivo. 
9
 Vide pag. 12. 
14 
 
 
 A problemática deste trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a atuação 
da prática profissional do assistente social, buscando compreender sua importância 
e foi organizada da seguinte maneira: 
Assim, no primeiro capítulo foi traçado o conteúdo teórico desse estudo. 
Este se encontra dividido em dois tópicos. No primeiro tópico foi realizado um breve 
relato do contexto histórico em que surge o profissional de serviço social na 
instituição do poder judiciário brasileiro. O segundo traz a inserção da profissão no 
contexto sócio jurídico. Considerando este capítulo como o mais extenso, contudo, 
considerando os pontos com mais relevância e significativos para o profissional de 
serviçosocial. 
No segundo capítulo abordou-se o serviço social no Fórum Clóvis Beviláqua. 
Dividido em dois tópicos: aspectos históricos; a implantação do Serviço do Social no 
Fórum Clóvis Beviláqua. O outro é a atuação do assistente social no Núcleo de 
Apoio Jurídico junto as Varas de Família. 
No terceiro capítulo dedica-se a análise dos dados obtidos através da 
pesquisa de campo, as principais questões levantadas nas entrevistas com as 
assistentes sociais sobre sua atuação profissional nas Varas de Família. 
No final, intentam-se sobre algumas considerações acerca da importância de 
buscar compreender, as questões referentes à atuação do assistente social no sócio 
jurídico. 
Esta pesquisa tem um enfoque qualitativo, abrangendo os processos 
humanos, buscando descrever e compreender as situações e os processos de 
inserção do assistente social no contexto que envolve a situação estudada de 
maneira integral e profunda. Trata-se de um estudo longitudinal, de nível 
exploratório, pois a mesma adentra por um campo pouco, ou ainda não estudado, 
tendo como técnica para levantamento de dados usou-se o questionárioestruturada, 
com questões abertas, pois as assim os respondentes ficam a vontade para expor 
suas opiniões sem a intervenção do pesquisador. A amostragem foi composta pelos 
profissionais especialistas na questão a ser investigada, pois os mesmos têm uma 
visão direta e profunda da problemática que se deseja estudar. Os dados foram 
analisados de maneira descritiva ou narrativa, por ser mais adequada ao estudo 
realizado. 
 
 
15 
 
 
2 SERVIÇO SOCIAL E O PODER JUDICIÁRIO 
 
O Serviço Social está inserido no Poder Judiciário desde o século XIX. 
Segundo Martinelli (1998), a atuação dos Assistentes Sociais nesse contexto deu-se 
inicialmente nos Estados Unidos, mais precisamente nas cidades de Boston e 
Chicago. Esse profissional foi requisitado nos tribunais para atuar em ações em que 
houvesse crianças envolvidas. Em Chicago, em 1889, foi aprovada a lei que criava 
os Tribunais da Infância, onde só poderiam atuar Juízes especializados em ações 
que houvesse crianças. Tais Juízes deveriam utilizar-se de audiências privadas e 
recorrer as “visitadoras domiciliares” na realização de inquérito e na elaboração do 
documento escrito que serviria para subsidiar sua decisão, quando necessário. 
Busca-se neste momento explicitar o papel do Assistente Social e sua 
contribuição junto ao poder judiciário no Brasil. Visando um resgate da história dessa 
profissão dentro do contexto social do país. 
 
 
2.1 A Gênese do Serviço Social no Poder Judiciário Brasileiro 
 
Segundo Pizzol, (2008, p.32), fazer um resgate histórico do Serviço Social 
na esfera do Judiciário brasileiro é tarefa que requer esforço e dedicação. Mais 
complexo ainda é encontrar bibliografia com indicativos teóricos dos primeiros 
profissionais num campo predominantemente jurídico. 
A área sociojuridica foi uma das primeiras em que o serviço social se 
estruturou no Brasil, através do surgimento de demandas relacionadas com 
“menores infratores” 10, no ano de 1922, chamada de “questão do menor” e 
precisava da intervenção do Estado, onde o Assistente Social encontrou vasto 
campo de trabalho, e de certa forma consolidando sua atuação. 
Em 1927, foi promulgado o Código de Menores que legitimava a presença 
do Serviço Social nas questões ligadas a infância, aonde foi precedida a 
institucionalização da profissão.De acordo com Vasconcelos (1999) os menores 
estavam protegidos pelo Decreto nº 17.943-A, de 12 de outubro de 1927, apoiados 
pelos Assistentes Sociais: 
 
10
A expressão “menores infratores”definia como objeto e fim da lei o “menor” com menos de 18 anos de idade, 
abandonado ou delinquente. 
16 
 
 
 
[...] denominado Código de Mello Mattos – Decreto 17.943-A, de 12 de 
outubro de 1927 – “definia como objeto e fim da lei o “menor” com menos de 
18 anos de idade, abandonado ou delinquente. Esse menor seria submetido 
às medidas de assistência e proteção que a lei prescrevia” 
(VASCONCELOS, 1999, p. 31). 
 
De acordo Alapanian (2008), no ano de 1935, foi criado o Departamento de 
Assistência Social do Estado de São Paulo que era subordinado à Secretaria de 
Justiça e Negócios Interiores,responsável pela estruturação dos Serviços Sociais de 
Menores, Desvalidos, Trabalhadores e Egressos de Reformatórios, Penitenciárias, 
Hospitais e da Consultoria Jurídica do Serviço Social. 
Nesse início, os estudos realizados acerca da realidade sociofamiliar das 
crianças e adolescentes, com finalidade de subsidiar as decisões e ações que 
tramitam na esfera do Judiciário, remontam ao instrumento do inquérito, enquanto 
possibilitador de coleta de dados e de informações com vistas ao restabelecimento 
da “verdade” dos fatos, ou da construção de “provas” a respeito de ações litigiosas, 
numa direção coercitiva e disciplinadora da ordem social. É fácil compreender 
porque isso acontecia dado o momento histórico e social brasileiro, sua prática 
profissional era útil frente ao controle das sequelas da Questão Social11 e, por isso, 
passou a ter espaço privilegiado no âmbito da Justiça ligada à Infância e à 
Juventude(X CBAS, 2001). 
Mesmo a inserção do Serviço Social no campo sócio jurídico apontando para 
mais de meio século de história parece que só recentemente a categoria profissional 
como um todo vem abrindo os olhos para perceber esse espaço de atuação, 
fazendo deste objeto de investigações sistemáticas, questionamentos,polêmicas e 
debates, como o fora em uma das sessões temáticas do X Congresso Brasileiro de 
Assistentes Sociais/200112. 
O Assistente Social especificamente realiza um trabalho que busca traçar 
um exame de cada situação conflituosa no âmbito de litigiosos legais vivenciados e 
a partir da qual irá elaborar um laudo com parecer social sendo este encaminhado 
ao Juiz competente para subsidiar suas decisões, como já foi mencionado. Embora, 
neste contexto, o Assistente Social esteja subordinado legal institucionalmente ao 
Juiz essa condição não significa subalternidade profissional, necessita, pois a Lei Nº 
 
11
Vide, pag. 12. 
12
 Vide, pag. 12. 
17 
 
 
8.662/93 dispõe acerca da autonomia técnica e ética no exercício de suas 
atribuições privativas ou não, o que exige condições de trabalho que assegurem o 
sigilo profissional( FÁVERO,1999). 
Embora com poucos registros, sabe-se que entre os primeiros profissionais 
atuantes no Brasil estão os que passaram a atuar na então Justiça dos Menores do 
Estado de São Paulo no final dos anos1940,(FÁVEROet al.,2005). É importante 
destacar ainda que a Escola Técnica de Serviço Social do Rio de Janeiro foi criada 
em 1939 para atender demandas ligadas ao Juizado de Menores (CASTRO, 2000). 
Conforme a visão de Fávero, (1999) o Serviço Social, ao dirigir o foco de 
atenção para o centro da crise institucional da organização da justiça evidencia um 
descaso no tocante à reabilitação das pessoas. Enfoca-se, a impressão de que os 
cárceres, por exemplo, constituem-se a base do crime, onde os apenados13 
aprimoram uma conduta criminosa, ao invés de ser uma instituição de recuperação 
dos serviços sociais. 
Ainda de acordo com Fávero, 
 
Os pioneiros do Serviço Social no TJSP foram também pioneiros do Serviço 
Social no Brasil, a exemplo da professora Helena Iracy Junqueira e do 
professor José Pinheiro Cortez. Ambos compuseram o grupo de 
professores da Escola de Serviço Social de São Paulo e militaram no 
Partido Democrata Cristão. Defendiam concepções de justiça social e de 
direitos com base nodoutrinarismo católico, com um viés, ainda que 
embrionário, da social democracia, e tiveram participação decisiva na 
implantação do Serviço Social no primeiro Juizado de Menores da capital, 
em 1949, por meio do Serviço de Colocação Familiar, instituído pela Lei 
estadual n. 500 — que ficou conhecida como Lei de Colocação Familiar 
(FAVERO, 2013, p.4). 
 
No Brasil o Serviço Social começou a existir como profissão em 1937, 
fazendo assim 77 anos de sua existência, já no Estado de São Paulo no Tribunal de 
Justiça faz 65 anos de atuação, conforme o denominado Juizado de Menores, sem 
remuneração (FAVERO, 2013).De fato, os pioneiros do setor obtiveram participação 
preponderante neste processo, mais notadamente amparado pelas leis vigentes na 
época. 
Aimportância para o Serviço Social, no poder judiciário e para a sociedadefoi 
quando começaram a surgir às políticas de enfrentamento a questão social da área 
do Direito que determinaram as estratégias a serem tomadas procurando retratar 
 
13
 Apenados (adjetivo), Estado daquele que cumprirá uma pena. Que foi condenado a cumprir alguma pena; que 
foi punido ou castigado. (DICIONÁRIO HOUAISS, 2013). 
18 
 
 
uma política mais eficaz no setor social.Ao longo da existência se configura a função 
de punir, afirmando os procedimentos que lhe são necessários, onde culminam por 
mudar a manutenção da ordem interna. 
De acordo comTeles (2001), o Serviço Social era considerado um serviço 
assistencialista14, com foco básico nas pessoas mais necessitadas, conforme 
relacionamento com a igreja. Nos primeiros anos até 1950, foi muito influenciada 
pelas frentes francesas, onde o principal incentivo era dado aos de um serviço 
médico-social, de forma adequada o serviço médico-hospitalar. 
A função paternalista15 do Estadoconsolidava-se no Brasil e tinha como 
funcionalidade escolher clientes para obtenção de benefícios de ordem variada. 
Esse quadro começa a sofrer alteração a partir de 1942, quando o governo dos 
Estados Unidos, dentro de um programa de cooperação, concedeu bolsas de estudo 
a diversos estudantes brasileiros e os levou a cursar suas Escolas de Serviço Social. 
Ao retornar, introduziram aqui o processo de Serviço Social de Casos16 e a 
Supervisão de Estágios17 (GOMES;RESENDE, 2001). 
Conforme o meio jurídico, mais notadamente no poder judiciário, tenha sido 
um dos espaços iniciais do Serviço Social, somente nos dias atuais é que o 
profissional nesta área passou aser reconhecido. Sendoimportante asua atuação em 
se tratando de auxilio social aos menos favorecidosatendendo, assim o mínimo 
necessário àqueles menos favorecidos FÁVERO,( 2004). 
De acordo com o autor Fávero: 
 
[...] Era um dinheiro necessário para viver, mas não para tirar a condição de 
total dependência. Claro, a pessoa era estimulada a trabalhar [por meio do 
acompanhamento realizado pelo assistente social], mas dava se o mínimo 
necessário, porque se não se desse isso, a criança ia para a rua ou para 
uma instituição e aí seria mais caro para o Estado e para a sociedade 
(FÁVERO, 1999, p. 95). 
 
14
 Assistencialista: ação assistencial que não se funda no reconhecimento do direito social de seus usuários, mas 
no paternalismo e no clientelismo(Dicionário Houaiss, 2013), 
15
Paternalista, (substantivo masculino). Doutrina de acordo com a qual as relações, entre empregador e 
empregado, devem ser baseadas em normas familiares, sendo os empregadores completamente responsáveis 
pelos empregados.Regime em que a autoridade do pai prevalece ou que nela se baseia. (HOLANDA, 2013), 
16
Estudo de Caso Atividade técnica utilizada durante o processo de acompanhamento, para elaboração de 
diagnóstico sobre determinado indivíduo, família e grupo, visando à realização de intervenções. Inclui coleta de 
dados sobre a história pessoal e social, sistematização das informações e produção de conhecimento. (NETTO, 
1998). 
 
17
 Supervisão de Estágios-A supervisão emergiu como um modo de “[...] treinamento de pessoal (pago ou 
voluntário), que trabalhava nas organizações de caridade e que devia ser instruído nos princípios e métodos das 
instituições a que estivesse ligado” (ANDER-EGG, 1974, p. 248), 
19 
 
 
O poder judiciário sem dúvida é parte integrante desse processo de 
ajustamento dos procedimentos de gestão, contribuindo para a conduta da 
sociedadeGOMES;RESENDE, (2001). 
A operação do poder judiciário, configurada para proporcionar a reabilitação 
de julgados e culpados culminam por convergir suas atitudes para aprimorar o 
controle destes e o Serviço Social seria uma alternativa para tentar minimizar 
possíveis falhas no sistemaCOSTA; DIAS, (2005). 
O poder judiciário não consegue dissimular seu avesso, ou seja, o de ser 
aparelho punitivo em detrimento de propósitos reformadores embutidos na 
convicção das pessoas aos quais está incumbida a tarefa de administrar as 
injustiças. (IAMAMOTO, 2001). 
Segundo Gomes e Rezende (2001) 
 
Pensar a particularidade da intervenção do Serviço Social no Judiciário é 
imperativos para nós assistentes sociais que atuamos nessa instituição, 
especialmente para aqueles que, considerando a dimensão social e 
histórica do trabalho que realizam, confrontam-se cotidianamente com 
desafios e contradições de sua prática(GOMES & RESENDE, 2001, p. 124). 
 
De fato, esta intervenção social proporcionou novos desafios e práticas 
importantes ao desenvolvimento das pessoas.Éimportante a intervenção do Serviço 
Social no Judiciário, especialmente para aqueles que, considerando a dimensão 
social e histórica do trabalhoque realizam, confrontam-se cotidianamente com 
desafios e contradições de sua prática(GOMES; RESENDE, 2001, p. 124). 
Objetivando a repressão da mesma, cada fase histórica criou suas próprias 
leis, usando métodos de punição que vão desde os castigos físicos e morais até a 
aplicação de princípios mais centrados no Serviço Social(FAVERO, 2004). 
A promulgação da Constituição Federal de 1988 representou do ponto de 
vista formal e jurídico, um marco importante na extensão de direitos sociais no 
Brasil. “[...] Ao menos constitucional e formalmente estão colocados alguns 
elementos que apontam para a possibilidade de conciliação entre direito e lei relativa 
à justiça social frente àqueles que sempre estiveram à margem de uma proteção 
social pública” (GOMES e RESENDE, 2001, p. 127). 
O processo judiciário aliado ao Serviço Social aparece como fator essencial 
no conjunto de alternativa e representa um momento importante na história da 
20 
 
 
justiça. A ação do Serviço Social é embasadana execução do Projeto Ético Político 
18, pois de acordo com Fávero (2013), 
 
[...]. Importante é definir o papel do Serviço Social na esfera do Judiciário. E 
esse papel não é uma definição só da lei nem só do Poder Judiciário. É 
também, e fundamentalmente, nossa, dos assistentes sociais. Então, vou 
trabalhar os Serviços Sociais junto ao Poder Judiciário a partir de uma ótica 
específica e nossa, e que eu vou tentar convencer o Poder Judiciário, o juiz, 
o legislador, seja quem for a adotar essa ótica [...] (FÁVERO,2013.p.5). 
 
Portanto, essa forma permite que o papel do Serviço Social apareça como 
uma garantia de direitos, efetivando a legislação a partir das especificidades dos 
conflitos. 
O papel do Assistente Social vai se modificando de acordo com a evolução 
da sociedade, a situação política e econômica do Brasil. As necessidades dos 
indivíduos também vão seguindo essa mudança, o assistente social não poderia 
ficar no caminho paralelo a essa realidade, assim enfrenta um novo papel dentro do 
poder judiciário comoveremos a seguir. 
 
2.2 O papel assistente social no poder judiciário brasileiro em tempos 
contemporâneos 
 
Nos anos1980 o papel do Assistente Social junto ao poder judiciário era 
mais ligado a questões éticas, davam mais atenção aos valores e moralidades,do 
que propriamente as necessidades dos indivíduos. Na década de 1990 essa 
realidade modifica-se, o Assistente Social adquiriu uma identidade própria buscando 
assim romper com certas atitudes conservadoras que traziam a herança intelectual 
europeia, rompendo assim com a tradição social, o status, a autoridade vigente até o 
momento. O Código de Ética Profissional construído em 1993 colocou a profissão 
em novo patamar, e com outras atribuições entre elas a defesa de uma sociedade 
 
18
 Projeto Ético Político - Um projeto tem teleologia, indica a direção que uma sociedade, uma categoria constrói 
para concretizar o que idealizou o que sonhou e sonha. (CRESS, 2014). 
18
 NETTO (1999), Projeto Ético Político apresenta a autoimagem de uma profissão, elegem os valores 
que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulamos requisitos 
(teóricos, práticos e institucionais) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento 
dos profissionais e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, com 
as outras profissões e com as organizações e instituições sociais privadas e públicas ( inclusive 
oEstado, a que cabe o reconhecimento jurídico dos estatutos profissionais). 
21 
 
 
mais justa, oportunizando ao indivíduo a promoção de uma melhor qualidade de 
vida, mais digna. 
No Brasil, o processo de judicialização tem se realizado em meio a conflitos 
que envolvem a sociedade, o Poder Executivo e o Poder Judiciário. A produção 
teórica do Serviço Social tem se voltado para o tema de forma crítica, dando ênfase 
aos aspectos negativos. Em geral, destaca-se o avanço do neoliberalismo19e a 
consequente destituição dos direitos sociais como agravantes ao processo de 
judicialização. A necessidade de proteção social fez com que aumentasse 
consideravelmente o volume de processos judiciais o que fez com que a assistência 
social fosse de certa forma transformada em processos judiciais, aumentando a 
demanda de trabalho para os assistentes sociais. “Nestes termos, a demanda por 
proteção social, que tem engrossado os processos no Poder Judiciário, identifica-se 
como a judicialização da questão social, tida como algo que ocorre em "detrimento 
do compromisso mais efetivo do Estado e da esfera pública"” (AGUINSKI; 
ALENCASTRO, 2006, p. 20). 
É preciso um acompanhamento mais próximo do exercício profissional do 
serviço social junto ao sistema judiciário. De acordo com os autores Sonda e 
Poncheck; 
 
Desde sua constituição, há 33 anos, o CRESS/PR tem acompanhado o 
exercício profissional dos/as assistentes sociais no Poder Judiciário pelos 
mais diversos meios. Recentemente, este acompanhamento permite 
apontar algumas considerações sobre a relação entre a categoria 
profissional dos assistentes sociais e este órgão da Justiça(SONDA e 
PONCHECK,2013, p.4). 
 
Na visão de Paula(2013), é importante enfatizar que o Serviço Social nesse 
primeiro período, detinha um conceito assistencialista, centrado nos problemas do 
ajustamento individual, onde cada indivíduo busca ajustar-se as exigências éticas, 
morais, na sociedade, apoiando-se nos valores convencionais, valores estes que 
podemos citar como: respeito, autonomia, igualdade, solidariedade, entre outros. Os 
assistentes sociais ainda não tinham a percepção crítica de como realizar seus 
objetivos dentro da sociedade. 
 
19
Neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do 
estado na economia, onde deve haver total liberdadede comércio, para garantir o crescimento econômico e o 
desenvolvimento social de um país. (BASTOS, 2004). 
 
22 
 
 
Na visão de Costa e Dias(2005), somadoa assistência social, o Direito é uma 
ciência social, e sendo assim, só pode-se imaginar este Direito em função do 
indivíduo, porque este vive em sociedade, não se pode conceber a vida social sem 
se pressupor a existência de normas reguladoras das relações entre os homens, 
normas estas, que o próprio homem julga-as obrigatórias e necessárias para 
determinar, disciplinar o comportamento dos indivíduos dentro do contexto social. 
Segundo Teles (1996) as relações entre os indivíduos e as questões 
socialna a atual sociedade ocorre ocorrem dentro dos seguinte modelo 
 
A questão social das sociedades modernas põe em foco a disjunção, 
sempre renovada, entre a lógica do mercado e a dinâmica societária, entre 
a exigência ética dos direitos e os imperativos de eficácia da economia, 
entre a ordem legal que promete igualdade e a realidade das desigualdades 
e exclusões tramada na dinâmica das relações de poder e 
dominação”(TELES,1996, p. 85). 
 
 
Para Fávero (1999) na medida em que as sociedades evoluem e se 
organizam politicamente o poder judiciário se manifestaatravés da autoridade 
constituída. Esta atribui a norma da força coercitiva, impondo, por conseguinte suas 
obediências. E a infração a um preceito cogente20provocando uma reação do Poder 
Judiciário. 
Então, são estes os sujeitos de direitos e de políticas públicas que os 
assistentes sociais atendem pela via do poder executivo e poder judiciário. Tal 
demanda, torna significativo o desafio para os operadores do direito, que devem 
decidir subsidiados por estudos e análises, quando se referem a/s tentativa/s de 
recomposição de laços para a restituição dos direitos violados por outrem, que na 
maioria das vezes, não ocorrem por intenção única do transgressor, mas pelo 
conjunto das condições sociais a ele determinadas, daí resultando na importância do 
apoio do trabalho técnico do assistente social, comprometido com os valores éticos 
do projeto ético-político do Serviço Social brasileiro, defendido pelas entidades 
representativas da profissão do conjunto CFESS21/CRESS22, ABEPSS23 e 
ENESSO24(Sonda;Poncheck,2013, p.5). 
 
20Na área jurídica, cogente faz referência às regras que devem ser integralmente cumpridas, mesmo que as 
partes tenham argumentos contrários diante de um fato. Uma norma cogente é aquela que se torna obrigatória, 
de maneira coercitiva, mesmo que venha a constranger a vontade do indivíduo a que se aplica, bastando haver a 
relação de casualidade para que a norma incida sobre ele. (TSJU, 2014) 
21
 Conselho Federal de Serviço Social. 
23 
 
 
Novamente Fávero (1999) enfatiza e revela a importância dasmedidas no 
poder judiciário que foram se modificando, para passar a ser protetiva do indivíduo 
para dar um convívio social e colocá-lo em uma comunidade. Mas o verdadeiro 
objetivo do Assistente Social é de ressocializar os indivíduos que vão de encontro a 
essas normas que disciplinam a vida em sociedade. 
Enquanto, Sonda e Poncheck (2013), atentam para o fato, de que se refere 
ao Assistente Social quanto ao dever do Estado na busca pela ressocialização do 
ser humano que transgrida as normas de conduta, já que se trata de uma 
normatização para disciplinar a conduta do indivíduo no sentido de trazê-lo de volta 
ao convívio social. 
Diante de todas essas informações trazidas pelo poder judiciário, fica até 
difícil de entender porque é que tantas pessoas na vara da família sofrem 
dificuldades ao procurarem os seus direitos e até de saberem que os tem e quando 
os procuram devido a demanda ser grande há uma demora em solucionaros seus 
processos na justiça. A atuação do assistente social é então de muita valia no 
cumprimento dos seus direitos, enquanto cidadãos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22
 Conselho Regional de Serviço Social. 
23
 Associação Brasileira de Pesquisa em Serviço Social. 
24
 Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social. 
 
24 
 
 
3 IMPLANTAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO FÓRUM CLÓVIS BEVILÁQUA 
 
A primeira sede do Fórum Clóvis Beviláqua foi inaugurada em 31 de 
dezembro de 1960, na administração do desembargador Péricles Ribeiro, presidente 
do Tribunal de Justiça, e no governo de José Parsifal Barroso. O prédio escolhido 
para abrigar o Palácio da Justiça havia sido planejado desde 1956, no governo de 
Paulo Sarasate. O Fórum Clóvis Beviláqua recebeu esse nome em homenagem ao 
grande jurista cearense, notabilizado pela elaboração do anteprojeto do primeiro 
Código Civil Brasileiro(TJCE, 2014). 
A origem do Serviço Social no Fórum Clóvis Beviláqua iniciou na década de 
1970 como extensão do Serviço Social do Juizado de Menores, ainda nesta década 
é implantada uma Unidade de Serviço Social do próprio Juizado, sob a justificativa 
de: “Assistir juridicamente o menor de idade e/ou crianças indefesas desassistidas 
socialmente nas suas necessidades de Pessoa Humana”(Veras, 1991, p. 59). 
Naquela época, as atividades do Serviço Social eram desenvolvidas no prédio 
localizado na Avenida da Universidade, 3281 – Benfica, pela assistente social 
Emiliana Veras, ela como pioneira neste trabalho considerava que o “o Serviço 
Social do Juizado de Menores surgiu por acaso” (VERAS, 1991, p.59), como será 
descrito abaixo. 
OServiço Social no Fórum Clóvis Beviláqua pode ser considerado uma 
extensão do Serviço Social do Juizado de Menores, observando que a princípio este 
trabalho era operacionalizado pelo Serviço Social da Fundação do Bem-estar do 
Menor -Ceará/FEBEMCE (responsável por atender e elaborar os relatórios sociais 
dos usuários encaminhados pelo Juizado de Menores). Porém, existia certa 
dificuldade em “localizar o plantão do Serviço Social no centro da cidade” (Veras, 
1991, p.59). Por isso, o presidente da FEBEMCE – o Juiz Eduardo Bezerra, em 
acordo com o Juizde Menores do Poder Judiciário da época- JuizJosé Ricardo 
Barreto de Carvalho – resolveram transferir o Serviço Social daFEBEMCE25, para o 
prédio de Juizado de Menores, a partir daí o referido Setor passou a prestar serviços 
aos dois órgãos, até que uma das Assistentes Sociais da FEBEMCE ficou à 
disposição do Tribunal de Justiça do Ceará e lotada no Juizado de Menores – 
Emiliana Rodrigues Veras. 
 
25
 Fundação Estadual Bem Estar Menor do Ceará. Instituição responsável para o acolhimento de crianças e 
jovens infratores. 
25 
 
 
Em maio de 1979, o Juiz José Maria de Melo passou a responder pelo 
Juizado, pois o Juiz José Barreto de Carvalho foi nomeado ao cargo de 
Desembargador. Desde então, o Juiz José Maria de Melo demonstrou interesse em 
implantar um Setor de Serviço Social do próprio juizado, com o objetivo que o 
trabalho desenvolvido pela assistente social Emiliana Veras, fosse desempenhado 
de forma continuada, evitando que a troca de mudanças de governo não 
prejudicasse o desempenho das atividades do Serviço Social junto à referida 
instituição. 
Além de Emiliana Veras ter sido efetivada como Assistente Social do 
Tribunal de Justiça, e para completar o quadro de Assistente Social, Claúdia Maria 
Macedo de Lima também foi lotada no Serviço Social do Juizado de menores 
implantado com a justificativa de “(...) assistir juridicamente o menor de idade e/ou as 
crianças indefesas desassistidas socialmente nas suas necessidades de Pessoa 
Humana” (VERAS, op.cit, p.60).Complementando assim o trabalho do judiciário junto 
aos que necessitavam desse tipo de atendimento. 
Na década de 1980 os serviços ofertados pelo Serviço Social cresciam a 
cada dia, e isso trouxe a necessidade de contratação de mais profissionais. Nesta 
época o trabalho era com Atendimento ao Público, com Adoção e crianças que os 
pais tinham perdido o pátrio-poder26, além de trabalhar com a Liberdade assistida27. 
O trabalho foi transferido para o Fórum da Praça da Sé, onde o setor de Serviço 
Social foi ampliado ao estabelecer parceria com a Defensoria Pública, desta forma, o 
trabalhado foi crescendo e ganhando maior visibilidade. 
Passados trinta e sete anos, o Fórum Clóvis Beviláqua ganhou nova sede, 
inaugurada no dia 12 de dezembro de 1997, 
No Núcleo de Atendimento ao Público as Assistentes Sociais atualmente 
trabalham orientando e apoiando seus usuários, procurando criar condições de 
acordo entre as partes, cujo objetivo é agilizar e garantir uma resposta para os 
problemas postos pelos demandantes. Prestar apoio aos serviços judiciais, 
especialmente às Varas de Família, sucessões, cíveis e, em alguns casos, criminais, 
 
26
Art. 28 – “A colocação em família substituta far-se-á mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente 
da situação jurídica da criança ou do adolescente, nos termos da Lei”. Nessa época quando se fazia quando se 
fazia referência ao Pátrio-Poder estava sendo feita alusão apenas ao poder do pai tinha sobre o filho(a), de 
forma desigual da mãe. Com o advento do ECA a terminologia Pátrio Poder continuou sendo utilizada, mas 
assumiu uma roupagem bem mais ampla, como resguardada a Lei. Além disso , e também por este motivo, 
passou-se a discutir a categoria teórica de “Poder Familiar”.(ECA, 1990). 
27
Regime de liberdade aplicada aos adolescentes autores de infração penal ou que apresentam desvio de 
conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária, para o fim de vigiar, auxiliar, tratar e orientar. 
26 
 
 
bem como atender casos que compareçam ao setor, encaminhando-os quando 
necessário, às repartições competentes. Contribuir para agilidade de resolução de 
questões conflituosas, evitando o ajuizamento de Ações que podem ser 
solucionadas com a intervenção do Serviço Social. Mediar conflitos sociais, orientar 
e esclarecer Direitos Civis e Políticos assegurados em Lei aos usuários que 
procuram os serviços do Núcleo. 
A Instituição tem como função a prestação de atividades jurisdicionais, com 
o objetivo de diminuir os conflitos relacionados com o contexto social e assegurar os 
direitos dos indivíduos, garantindo a eficácia da lei, facilitando a prestação 
jurisdicional.O serviço prestado pelo Núcleo de Apoio à Jurisdição tem como 
premissa assessorar as Varas de Família, subsidiando a autoridade judiciária nos 
assuntos pertinentes às áreas de Serviço Social e Psicologia, mediante a realização 
de perícias. No tópico seguinte veremos mais detalhadamente o assunto citado 
neste parágrafo. 
 
3.1 O Serviço Social na Vara de Família 
 
Família segundo Simões (2011) constitui a instância básica, na qual o 
sentimento de pertencimento e identidade social é desenvolvido e mantido e, 
também, são transmitidos os valores e condutas pessoais. Apresenta certa 
pluralidade de relações interpessoais e diversidades culturais, que devem ser 
reconhecidas e respeitadas, em uma rede de vínculos comunitários, segundo o 
grupo social em que está inserido. 
As particularidades do fazer profissional no campo sociojuridicopassaram a 
ser objeto de preocupação investigativa. O profissional do Serviço Social nas Varas 
de Família é um fato recentena história da profissão. Fávero (2006) descreve que 
tal fato pode ser atribuído à ampliação significativa da demanda de atendimento e de 
profissionais para área, sobretudo após a promulgação do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, à valorização da pesquisa dos componentes dessa realidade de 
trabalho, inclusive pelos próprios profissionais atuantes, e, em consequência uma 
valorização de um campo de intervenção historicamente visto como espaço tão 
somente para ações disciplinadoras e de controle sociais. 
De acordo com Pizzol (2008, p. 36), “[...] Psicologia, Serviço Social e Direito 
unem suas singularidades em prol do estudo comum das questões de família, talvez 
27 
 
 
um dos terrenos mais férteis no longo e amplo convívio entre o Poder Judiciário e o 
cidadão”. 
Pizzol e Silva (2001) destacam que, no exercício de sua função no âmbito do 
Judiciário, o assistente social necessita munir-se de conhecimentos específicos e 
posturas próprias, e dentre as principais elenca: 
 
[...] seus instrumentais técnicos ( entrevistas, visitas domiciliares, relatório 
social, parecer social), nas legislações ( Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA)
28
, Estatuto do Idoso
29
, Lei Maria da Penha
30
, Código de 
Ética do Assistente Social
31
, Constituição da República Federativa do 
Brasil
32
, Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)
33
, Código Civil
34
), 
voltadas para garantia e efetivação dos direitos de seus usuários, tendo 
assim, compromisso profissional a cidadania, defesa, preservação e 
conquistas dos direitos. 
. 
 A família, segundo Silva (2005), sofreu diretamente as influências das 
mudanças de uma sociedade agrária para uma sociedade industrial e enfrentou ao 
longo desse processo de mudança da economia nacional as transformações sociais 
do país, sendo que todos os membros tiveram que buscar fora da economia 
doméstica o seu próprio sustento. 
Conforme Alves (2006) a Constituição de 1988 representou um marco na 
evolução do conceito de família, elevando mulheres, crianças, adolescentes e idosos 
a sujeitos de Direito (art.226 a 230); equiparando homens e mulheres em direitos e 
obrigações (art. 226, § 5º), e terminando com o dogma35 do casamento como única 
 
28
 Lei Nº 8.069, de 13-07-1990 Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. 
29
 Lei Nº 10741, de 01-10 -2003 Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. 
30
 Lei Nº 11.340, de 07-08-2006 Dispõe sobre a criação dos ajuizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher; altera o Código de Processo Penal e a Lei de execução Penal; e dá outrasprovidências. 
31
 LeiNº 8.662, DE 07 -06- 1993 Dispõe sobre a Profissão de Assistente Social e dá providências. 
32
 Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (Publicado no DOU N. 191 – A, de outubro). 
33
 Lei Nº 8.742, DE DEZEMBRO DE 1993 Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras 
providências. 
34
 Lei 10.406, de 10- 1 - 2002 Código Civil . 
35
 Um dogma é uma proposição que é considerada como certa e inegável. Trata-se dos fundamentos e dos 
princípios básicos de qualquer ciência, religião, doutrina ou sistema. O dogma é defendido por uma autoridade e 
não admite réplicas. Os seus fundamentos podem ser científicos, mas também religiosos ou filosóficos (isto é, 
não podem ser submetidos a provas de veracidade). Dá-se o nome de doutrinamento ao ensino de dogmas. 
(HOLANDA, 2013) 
28 
 
 
forma legítima de família (art. 226, § 3º e §4º) com o reconhecimento da união 
estável 36e da família monoparental37 como entidade familiar. 
Atualmente a família é protegida pelo Código Civil (Lei 10.406/2002), a 
Declaração dos Direitos a Criança na ONU (1989) e o Estatuto do Idoso (Lei 
10.741/2003). 
 
No entanto, apesar de tanta proteção formal à família ninguém duvida que o 
tratamento jurídico atual não dá conta da abrangência dos conflitos 
familiares. Isso porque a legislação privilegiou, e continua a privilegiar, a 
estrutura da família em detrimento de sua dinâmica e da expectativa 
individuais de seus integrantes (PUPO, 2006, p. 41). 
 
No entanto, apesar de tanta proteção formal à família ninguém duvida que o 
tratamento jurídico atual não dê conta da abrangência dos conflitos familiares. Isso 
porque a legislação privilegiou, e continua a privilegiar, a estrutura da família em 
detrimento de sua dinâmica e das expectativas individuais de seus integrantes 
(PUPO, 2006, p. 41). 
O Poder Judiciário deve ser reconhecido “como espaço do cidadão comum e 
o acesso à justiça reconhecido como direito individual e passível de políticas 
públicas que, por sua vez, devem trazer a família contemporânea para o âmbito de 
suas discussões” (PUPO,2006, p.65). Oportunizando o cidadão comum exercer seus 
direitos junto ao Pode Judiciário, de forma que possa ser atendido em suas 
necessidades básicas, tendo a profissão de assistente Social reconhecida pela 
sociedade atual. 
É necessário que a sociedade civil juntamente com o poder judiciário e 
aqueles que o auxiliam reconheçam na profissão de Assistente Social mais um 
colaborador na prática das ações necessárias ao cumprimento daquilo que nos faz 
humanos. 
 
 
3.2 O desenvolvimento das atividades cotidianas no Núcleo de Apoio Jurídico as 
Varas de Família 
 
36
União estável é a relação de convivência entre dois cidadãos que é duradoura e estabelecida com o objetivo de 
constituição familiar. O Novo Código Civil não menciona o prazo mínimo de duração da convivência para que se 
atribua a condição de união estável. (www.casamentocivil.com.br, DEZ. 2014) 
37
Família monoparental ocorre quando apenas um dos pais de uma criança arca com as responsabilidades de 
criar o filho ou os filhos (www.planalto.gov.br, DEZ. 2014). 
29 
 
 
 
O Serviço Social é uma profissão inserida nas relações sociais, 
desempenhando um papel de grande relevância na efetivação das políticas públicas 
e serviços sociais, atuando no desenvolvimento de ações, estudos e pesquisas em 
relação à questão social no campo jurídico, objetivando proporcionar auxílios que 
venham respaldar a propositura das ações judiciais ou mesmo facilitando 
Operadores de Direito e usuários no momento processual. 
O Serviço Social do Fórum Clóvis Beviláqua atua, diariamente, com usuários 
além de vulneráveis, em situação de conflito, essas pessoas que tem suas relações 
sociais fragilizadas, numa perspectiva de vínculo familiar e empregatício. Dentre as 
expressões da questão social que o Serviço Social no sócio jurídico atua, temos 
algumas destas, como: crianças em situação de abandono ou violentadas, casais 
em situação de conflito devido à separação, falta de regularização de pensão 
alimentícia e visitas de pais, dentre outras. O assistente social tem suas práticas 
profissionais atuando diretamente nas sequelas da questão social, tendo sua 
atuação embasada no Código de Ética Profissional (1993) se utilizando assim de 
instrumentais que amparam sua ação (TJCE, 2014). 
No Fórum Clóvis Beviláqua, os limites da intervenção profissional é o volume 
de processos para seremestudados e avaliados, as demandas são maiores que o 
número de profissionais, que a maioria não são concursados, alguns são disfunção, 
já que há muito tempo não concurso público voltado para essa área, tornando-se o 
trabalho precarizado. 
Conforme Iamamoto (2001, p. 145) desenvolve-se a seguinte análise sobre 
os limites institucionais o esforço volta-se para realizar um trabalho que zele pela 
qualidade dos serviços prestados e pela abrangência noseu acesso, o que supõe a 
difusãode informações quanto aos direitos sociais e os meios da sua viabilização. 
Sabe que o assistente social dispõe de relativo poder de interferência na formulação 
e/ou implementação de critérios técnico-sociais que regem o acesso dos usuários 
aos serviços prestados pelas instituições e organizações sociais públicas e privadas. 
Trata-se de envidar esforços para assegurar a universalidade ao acesso e/ou 
ampliação de sua abrangência, resistindo profissionalmente,tanto quanto possível, à 
imposição de critérios rigorosos de seletividade. Critérios que tendem a excluir 
parcelas significativas de cidadãos aos direitos e serviços sociais. 
30 
 
 
De acordo com Pizzol (2008, p.51) o serviço social institucionalizado pode 
ser um instrumento de esclarecimento e conscientização dos sujeitos. Por 
intermédio do profissional engajado, a população terá informação quanto aos direitos 
e aos benefícios à disposição na instituição, que poderão ser utilizados por toda 
sociedade. Além disso, pode também esclarecer quanto aos mecanismos 
necessários para sua utilização diante da barreira burocrática que muitas vezes se 
interpõe entre o indivíduo e o serviço a que tem direito. 
Segundo (ibid, p.66) convém salientar que a bandeira do Serviço Social 
contemporâneo é do usuário como sujeito de direitos, e não mais mero receptor de 
favores e filantropia por parte do Estado. Tal postura está respaldada no projeto 
ético-político da profissão38, que é direcionado pela lei que a regulamenta e pelo seu 
Código de Ética em vigor. 
Conforme (ibid, p. 67) disso se conclui que a atuação do Serviço Social nas 
lides judiciais vem gradativamente, assumindo uma ação pedagógica na promoção 
da justiça, que quando não alcançada de forma amistosa, permite ao usuário 
procurar o Judiciário para avaliar e resguardar suas pretensões. 
 No Núcleo de Atendimento ao Público (extinto em abril de 2013) as 
Assistentes Sociais trabalham orientando e apoiando seus usuários, procurando 
criar condições de acordo entre as partes, cujo objetivo é agilizar e garantir uma 
resposta para os problemas postos pelos demandantes. Prestar apoio aos serviços 
judiciais, especialmente às Varas de Família, sucessões, cíveis e, em alguns casos, 
criminais, bem como atender casos que compareçam ao setor, encaminhando-os 
quando necessário, às repartições competentes. Contribuir para agilidade de 
resolução de questões conflituosas, evitando o ajuizamento de Ações que podem 
ser solucionadas com a intervenção do Serviço Social. Mediar conflitos sociais, 
orientar e esclarecer Direitos Civis e Políticos assegurados em Lei aos usuários que 
procuram os serviços do Núcleo (TJCE, 2014). 
O campo sócio jurídico tem se ampliado cada vez mais para a atuação de 
assistentes sociais, que como profissionais qualificados fazem a mediação de 
conflitos auxiliando no cumprimento dos direitos dos cidadãos, bem como no auxílio 
a solução de casos já com processos judiciais, pois o Núcleo de apoio à Vara de 
Família constituído por assistentes sociais e psicólogas, realizam estudos de casos 
 
36
 vide p. 21 
31 
 
 
afim de elaborar parecer social para ajudar na decisão judicial. O papel do assistente 
social nesta área é de suma importância, pois permite que se aproxime da realidade 
de forma a intervir garantindo os direitos(TJCE, 2014). 
 De forma geral, a profissão do Assistente Social se depara com situações 
conflitantes em meio às demandas da população, e falta de recursos para 
viabilização dos direitos. “O Serviço Social aplicado ao contexto jurídico configura-se 
como uma área de trabalho especializado, que atua com as manifestações da 
questão social, em sua interseção com o Direito e a Justiça na sociedade.” 
(CHUAIRI, 2001, p. 81). 
Uma das dificuldades encontradas é a grande demanda de processos (cerca 
de 80 processos) para cadaAssistente Socialé preciso uma quantidade maior de 
profissionais que agilizasseessas demandas. Outra dificuldade é sobre o transporte, 
pois só existe um para o serviço social e outro para psicologia, então essa falta de 
mais transporte atrapalha na agilização dos profissionais em relação às visitas 
domiciliares (TJCE, 2014). 
O desafio da profissão é grande, mas não podemos nos desanimar com as 
circunstâncias adversas que encontraremos, é preciso coragem para seguir adiante 
no enfrentamento das questões sociais. 
Temos um amparo legal no qual devemos nos apoiar para garantir que os 
direitos sejam cumpridos. Os instrumentos geralmente utilizados neste campo são 
as entrevistas, visitas domiciliares e relatórios sociais, que permite ao profissional 
uma aproximaçãomais profunda da realidade do usuário e auxilia na compreensão à 
demanda do usuário, que muitas vezes já chega para ser atendido muito fragilizado 
(TJCE, 2014). 
Os serviços prestados pelos profissionais de Serviço Social representam um 
grande suporte ao núcleo jurídico, no qual apoiam mediar conflitos e agilizar os 
processos. O profissional que atua nesta área deve está consciente da importância 
de seu serviço, buscando obter os conhecimentos de todas as alterações de leis, 
que mudam constantemente, para obter um resultado mais eficaz, ressaltando 
também que o seu trabalho tem que ser levado muito a sério, assumindo a 
responsabilidade e compromisso com a sociedade verdadeiramente, tendo um olhar 
sensível, capaz de perceber para além do que está exposto, pois o seu parecer 
social é de grande relevância em uma decisão judicial (TJCE, 2014). 
32 
 
 
Há algumas décadas, os Assistentes Sociais, colocam-se à disposição do 
Judiciário, e os seus conhecimentos consolidados no Código de Ética Profissional 
(1993), busca orientar o trabalho do Assistente Social pelos princípios ético-políticos 
como o assistente social tem suas práticas profissionais atuando diretamente nas 
sequelas da questão social. 
As Assistentes Sociais no Núcleo de Apoio Jurídico as Varas de Família 
trabalham com vários de instrumentos, principalmente, o ‘Estudo Social’, Perícia 
Social e Parecer Social que de acordo com Fávero (2003, p.38) é o 
 
(...) processo metodológico do Serviço Social, que tem por finalidade, 
conhecer com profundidade, e de forma crítica, uma determinada situação, 
expressão da questão social. O estudo Social deve permanecer 
sigilosamente em arquivos do Serviço Social, 
 
Ainda citando Fávero (2003, p. 40) e a perícia social “(...)vistoria ou exame 
de caráter técnico especializado. Sempre solicitada por alguém, no caso da Fávero, 
esta afirma que é prerrogativa do judiciário”. Comprovando sua eficácia, 
reconhecendo que ainda resta muito a fazer. 
O trabalho do Serviço Social em Varasde Família por intermédio de seus 
pareceres nos processos de família é de fundamental importância na decisão do 
magistrado. 
De acordo com Pizzol(p.36), O Conselho Federal do Serviço Social, 
reconhecendo a importância desse campo de trabalho profissional e a necessidade 
de contribuir com esclarecimentos, principalmente sobre o estudo e a perícia social, 
com a colaboração de profissionais como Eunice Terezinha Fávero, promoveu a 
publicação em 2003 do livro Estudo Social em perícias, laudos e pareceres técnicos: 
contribuição ao debate do judiciário, no penitenciário e na previdência social: 
 O estudo social, a perícia social, o laudo social 39e o parecer social 40fazem 
parte de uma metodologia de trabalho de domínio específico e exclusivo do 
assistente social. É o assistente social o profissional que adquiriu competência para 
dar visibilidade, por meio desse estudo, às dinâmicas dos processos sociais que39
 Laudo Social: registro por escrito, e de maneira fundamentada, os estudos e conclusões da perícia; Elemento 
de prova com a finalidade de dar suporte à decisão judicial; Contribui para a formação de um juízo sobre 
determinado assunto.(FÁVERO, 2003). 
 
40
 Parecer Social: (...) pode ser emitido enquanto parte final ou conclusão de um laudo, bem como resposta a 
consulta ou a determinação de autoridade judiciária a respeito de alguma questão constante em processo já 
acompanhado pelo profissional. Trata-se de exposição e manifestação sucinta, enfocando objetivamente a 
questão ou situação social analisada.(FÁVERO, 2003). 
33 
 
 
constituem o viver dos sujeitos; [...] Mas o que é solicitado ao assistente social não é 
o conhecimento jurídico, ou a interpretação da lei, mas o conhecimento específico 
do Serviço Social, de forma que sua apresentação, por meio do estudo social, 
contribua para a justa aplicação da lei (Pizzol, apud Fávero, 2003, p. 41). 
Para que o trabalho do Assistente Social se concretize é necessário que ele 
sem dúvida alguma tenha pleno conhecimento de suas funções e responsabilidades 
dentro do contexto em que está inserido, pois, somente assim poderá prestar um 
serviço capaz de mudar as realidades vividas. 
O Assistente Social enquanto profissional consciente do seu papel dentro de 
uma sociedade capitalista e tão cheia de desigualdades sociais, como profissional 
criativo e propositivo deve estar constantemente em busca de estratégias e políticas 
para viabilizar ao cidadão brasileiro acesso aos serviços, bens e politicas 
sociaisoferecidas pelas instituições públicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
 
 
4 PERCURSO METODOLÓGICO 
 
Nossa pesquisa segue os critérios do Ciclo de Pesquisa de Minayo (2010), 
definido por ela como um peculiar processo de trabalho em espiral que começa com 
uma pergunta e termina com uma resposta ou produto que, por sua vez, dá origem a 
novas interrogações. Esse Ciclo de Pesquisa é dividido em três fases, exploratória, 
de campo e por fim análise e tratamento do material empírico e documental. 
Iniciaremos certamente com a fase exploratória, que trata da produção do 
projeto de pesquisa e de todos os procedimentos necessários para preparar a 
entrada em campo, segundo a autora. 
Nossa pesquisa aborda a atuação do Assistente Social no Núcleo de Apoio 
Jurídico a Vara de Família no Fórum Clóvis Beviláqua, nosso tema foi recortado de 
acordo com a viabilidade e possibilidade de execução da investigação, pensando em 
uma pesquisa, não só teórica, mais com o contato direto com o campo e os sujeitos 
da pesquisa. 
A escolha dos sujeitos é um momento de fundamental importância, porque 
vamos traçar perfis, esses sujeitos devem se encaixar nos motivos que nos levaram 
a pesquisar na aquela instituição e aqueles sujeitos especificamente, por este motivo 
descrevemos os nossos critérios abaixo, nos baseando no raciocínio de Minayo 
(2010). 
Os sujeitos, peça fundamental da nossa investigação seguem os critérios 
das Assistentes Sociais que trabalham há mais tempo no Núcleo de Apoio Jurídico 
as Varas de Família, orientada quanto o processo da pesquisa e da entrevista, 
solicitando o seu consentimento. 
Ao formularmos perguntas ao tema, estaremos construindo sua 
problematização. Um problema decorre, portanto, de um aprofundamento do tema. 
Ele é sempre individualizado e específico. (Ibid, 2010, p. 39). 
Entrando na fase do trabalho de campo da nossa pesquisa, que segundo 
Minayo (2010) consiste em levar para a prática empírica a construção teórica 
elaborada na fase anterior, ou seja, fase exploratória que descrevemos acima. Na 
fase do trabalho de campo, definimos nossos instrumentos metodológicos e técnicas 
utilizadas para elaboração da pesquisa, sempre com embasamento teórico. 
De acordo com Minayo (2010) a pesquisa de campo que é um processo 
importante na construção do projeto, os dados são coletados no local da pesquisa, 
35 
 
 
os instrumentos utilizados é observação participante e entrevista com perguntas 
abertas, já que estamos em contato direto com o fenômeno. 
. 
Conforme Minaio(2010) a observação no local da pesquisafornece 
informações necessárias para enriquecer o estudo com anotações que somente a 
observação do campo pode nos dar. Pode-seregistrar, questionamentos, 
informações e angústias que não se consegue utilizando outras técnicas. 
Essas anotações ajudaram a compor etapas da pesquisa, sem perder nada 
que julgamos importante para alcançar nosso proposito que é elaborar e concluir 
nossa pesquisa com qualidade. Pois de acordo com Minayo (2008) 
 
O diário de campo é pessoal e intransferível. Sobre ele o pesquisador se 
debruça no intuito de construir detalhes que no seu somatório vai congregar 
os diferentes momentos da pesquisa. Demanda um uso sistemático que se 
estende desde o primeiro momento da ida ao campo até a fase final da 
investigação. Quanto mais rico for, em anotações esse diário, maior será o 
auxílio que oferecerá à descrição e à análise do objeto estudado. (MINAYO, 
2008, p. 64). 
 
Abordagem da pesquisa é qualitativa, visto que, conforme Martinelli (1999), 
ela possui dimensão política, por expressar interesses e intencionalidades. A 
pesquisa objetiva analisar as informações colhidas através dos profissionais do 
Núcleo de Apoio a Jurisdição composto pelo Serviço Social e Psicologia do Fórum 
Clóvis Beviláqua, buscando aproximações teóricas, assim como, a análise de 
documentos oficiais condizentes com a realidade vivenciada dos sujeitos alvo da 
pesquisa. 
Segundo Martinelli (1999) 
 
No que se refere às pesquisas qualitativas, é indispensável ter presente 
que, muito mais do que descrever um objeto, buscam conhecer trajetórias 
de vida, experiências sociais dos sujeitos, o que exige uma grande 
disponibilidade do pesquisador e um real interesse em vivenciar a 
experiência da pesquisa. (MARTINELLI, 1999, p. 25). 
 
De acordo com Martinelli (1999), a autora afirma que todos somos sujeitos 
políticos quando se tratado de pesquisa qualitativa, lembrando-nos que a natureza 
desse tipo de pesquisa nunca é feita apenas para o pesquisador, pois seu sentido é 
social, portanto deve retornar ao sujeito, pois a pesquisa qualitativa lida com 
36 
 
 
significados de vivências que precisam ser devolvidos aos sujeitos que dela 
participaram. 
 
Na pesquisa qualitativa todos nós somos sujeitos políticos, o que nos 
permite afirmar que ela, em si mesma, é um exercício político, não há 
nenhuma pesquisa qualitativa que se faça a distância de uma opção 
política, então, ao estabelecermos o desenho da nossa pesquisa estamos 
nos apoiando em um projeto político singular que se articula a projetos mais 
amplos e que, em ultima analise, relaciona-se até mesmo com o projeto de 
sociedade pelo qual lutamos. (IBID, p.26). 
 
Segundo Martinelli (1999) através da pesquisa qualitativa pode-se elaborar e 
aplicar o que de fato a pesquisa se propõe, pois nos permite trabalhar com outras 
fontes, ou seja, fazer uso de técnicas diferentes como visitas, observação 
participativa, recurso de imagem, como as fotografias que forem relevantes para os 
sujeitos e para a pesquisa. 
 Optamos pela entrevista com questões aberta, pois a mesma possibilita ao 
entrevistado falar sobre o tema livremente e também trabalharmos com a entrevista 
estruturada no qual são feitas perguntas previamente formuladas, por este motivo 
chamada de semiestruturada, pois é possível trabalhar com ambas as entrevistas, 
estruturada e não estruturada. 
 
[...] as entrevistas podem ser estruturadas e não estruturadas, 
correspondendo ao

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