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Manual HTP e Familia

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1 . 
INTRODUÇÃO 
O HTP (House-Tree-Person) é uma técnica projetiva de desenho, que visa penetrar na per-
sonalidade do indivíduo. Neste livro estamos incluindo também os desenhos das Famílias (de 
Origem e Ideal) como um complemento do teste. Uma técnica projetiva é um instrumento 
que é considerado especialmente sensível a aspectos inconscientes ou velados do comporta-
mento, que permite ou encoraja uma ampla variedade de respostas no sujeito. 
Hammer (1981) amplia o conceito de projeção de Freud, onde o que é projetado é sempre 
recalcado, e a define como a "colocação de uma experiência interna ou de uma imagem interna, no 
mundo exterior". E completa: "...a projeção é o processo psicológico de se atribuir qualidades, senti-
mentos, atitudes e anseios próprios, aos objetos do ambiente (pessoas, outros organismos ou coisas). O 
conteúdo da projeção pode ou não ser conhecido pelo sujeito como parte de si próprio". 
Seu criador John N. Buck (1948) percebeu por meio de sua experiência clínica que o tema 
Casa-Arvore-Pessoa são conceitos familiares mesmo para as crianças bem pequenas; portan-
to, mais facilmente aceitos para serem desenhados por sujeitos de todas as idades. Estimulam 
verbalizações mais francas e abertas do que outros temas. Descobriu-se que apesar de casas, 
árvores e pessoas poderem ser desenhadas em quase uma infinita variedade de modos, um 
sistema de avaliação quantitativa e qualitativa pode ser esquematizado para extrair informa-
ções úteis relativas ao nível da função intelectual e emocional do sujeito. 
O HTP (neste livro, como estamos incluindo os desenhos da Família de Origem e Ideal, 
usaremos a abreviação HTP-F) é uma técnica de desenhos basicamente não-verbal, que 
pode ser aplicada tanto em crianças, adolescentes e adultos como também em deficientes 
mentais, pessoas sem escolaridade, estrangeiros que não dominam plenamente o idioma, 
mudos, tímidos (retraídos) e nos que são bloqueados emocionalmente na área verbal. 
O desenho é anterior a linguagem escrita e é considerado uma das mais antigas formas 
de comunicação do ser humano. Isto é atestado pelos desenhos e pinturas dos homens 
das cavernas e dos povos primitivos, que fizeram com que chegassem até nós os seus 
interesses e expressões de aspectos de sua vida. 
16 MANUAL PRATICO 13(3 HTP (CASA-ARVORE-PESSOA) L FAMÍLIA 
Muito antes de escrever, as crianças aprendem a desenhar e, quando desenham por 
lazer, geralmente retratam pessoas, casas, árvores, animais, sol, etc. Esses temas são 
vistos nos trabalhos de crianças de todas as terras e culturas, atestando a universali-
dade básica da mente humana e dos sentimentos. As crianças pequenas tendem a 
ignorar ou transformar a realidade em um mundo subjetivo, rico em fantasias. Os de-
senhos são representações, e não reproduções da realidade. 
O HTP-F alcança também uma função especial, proporcionando uma introdução minima-
mente ameaçadora e maximamente prazerosa, principalmente às crianças. Uma das vanta-
gens da introdução dos desenhos destacadas por Di Leo (1987), especialmente com crianças, 
é que estes permitem "estabelecer um rapport rápido, fácil e agradável com a criança". 
Atualmente, os desenhos das crianças são considerados um meio privilegiado para a des-
coberta do seu mundo interno e da sua psicodinâmica, além de constituírem um modo 
natural de expressão para as mesmas. Sendo um meio de expressão e de comunicação, 
revela muito cio inconsciente daquele que desenha. O desenho projetivo, hoje em dia, é 
considerado uma fonte frutífera de informação e compreensão da personalidade, além 
cie econômica e profunda. 
Sempre que houver alguma barreira para a linguagem, o desenho apresenta um potencial 
facilitador na expressão da personalidade, servindo também como um meio de descontração, 
mesmo com uma criança tímida ou um adulto de atitude negativa. 
Da oportunidade de se observar e analisar um grande número de desenhos, fica claro o 
surgimento e a elucidação de sentimentos que os pacientes talvez nunca poderiam ser 
capazes de expressar com palavras, mesmo que estivessem inteiramente conscientes des-
ses estados que os atormentam e os mobilizam. Os sentimentos e conflitos dos pacientes, 
sejam eles crianças ou adultos, freqüentemente infiltram-se em seus desenhos, involuntária 
e/ou inconscientemente (observar a análise dos desenhos na descrição de casos clínicos). 
O desenho não constitui uma reprodução fiel da realidade. É antes uma interpretação da 
realidade, uma maneira de ver as coisas e de se colocar diante delas. 
Coube à psicanálise desvendar que o inconsciente fala por meio de imagens simbóli-
cas. Dessa forma, os sonhos, mitos, folclore, fantasias e obras de arte estão impregna-
dos de determinismo inconsciente, sendo seu estudo e interpretação uma importante 
via de acesso ao inconsciente. 
"O HPT investiga o fluxo da personalidade à medida que ela invade a área da criatividade 
artística" (Hammer, 1981). A linguagem do inconsciente é fundamentalmente imaginati-
va e simbólica e, emerge com bastante facilidade por meio dos desenhos. Tanto a lingua-
gem simbólica quanto o desenho alcançam níveis primitivos da personalidade, permitin-
do o acesso ao mundo interno. 
No HTP-F, os desenhos representam um reflexo da personalidade de seu autor e mostram 
mais sobre o artista do que sobre o objeto retratado. As atividades psicomotoras do sujeito 
17 
ficam gravadas no papel. O princípio básico da interpretação dos mesmos é que a folha de 
papel representa o ambiente e o desenho, o próprio sujeito, e é a partir dessa interação 
simbolizada que são realizadas as interpretações. 
A página em branco sobre a qual o desenho é executado serve como um fundo no qual o 
paciente nos oferece um vislumbre de seu mundo interno, de seus traços e atitudes, de 
suas características comportamentais, das fraquezas e forças de sua personalidade, inclu-
indo o grau em que pode mobilizar seus recursos internos para lidar com seus conflitos 
psicodinâmicos, tanto interpessoais quanto intrapsíquicos. 
A linha feita pode ser firme ou tímida, incerta, hesitante ou audaciosa, ou, ainda, pode 
consistir em um ataque selvagem ao papel. Além disso, a percepção consciente e in-
consciente do sujeito em relação a si mesmo e às pessoas significativas do seu ambiente 
determina o conteúdo de seu desenho. 
Partindo dessa idéia básica, o trabalho com desenhos segue uma seqüência de avalia-
ção, em que vários traços gráficos são identificados em sua forma específica, segundo 
critérios próprios. 
Para interpretar o HTP-F, é necessário que o psicólogo tenha uma vasta experiência clí-
nica, conhecimentos de psicopatologia, psicossomática e psicanálise, estudos sobre mo-
vimentos expressivos da personalidade e uma reflexão sobre os mitos e as lendas popula-
res. Da mesma forma saber se as características dos desenhos são comuns ao mesmo 
grupo etário, sexual, cultural, etc. (em uma criança de 4 anos não se espera o desenho da 
figura humana completo). A metodologia do examinador precisa, por necessidade, ser 
tanto intuitiva como analítica, e confiar apenas em detalhes específicos pode ser enga-
nador. Para uma análise substanciosa é importante uma relação dos detalhes com o todo, 
pois um traço gráfico isolado não significa muita coisa: é apenas um sinal, que adquire 
uma importância máxima quando existem muitos elementos apontados na mesma dire-
ção. Apesar disso, o examinador deve ter bom senso, pois alguns detalhes são mais 
incomuns e mais significativos que outros, como o retratamento explícito dos órgãos se-
xuais, a falta de telhado ou a porta em uma casa ou uma árvore de espinhos. Não se trata 
somente de uma questão de números de detalhes, mas também da qualidade destes. 
Após a primeira visão global dos desenhos, encaminha-se para a avaliação das partes 
individuais. As partes individuais são significativas em sua inter-relação como todo, afe-
tando reciprocamente o contexto global. Um paralelo pode ser feito com o que ocorre no 
corpo humano: quando uma parte está doente ou danificada, o corpo é afetado global-
mente. Porém, o grau desse comprometimento é determinado pelo corpo, considerando-
o um organismo que funciona como um todo (Dileo, 1987). 
O conhecimento do HTP-F permite ao psicólogo clínico realizar um processo de inferência 
clínica. Esta, no procedimento de exploração da personalidade, vai permitir ao profissional 
estabelecer uma série de hipóteses dinâmicas e estruturais sobre o indivíduo. Além disso, o 
HTP-F também tem-se mostrado extremamente útil, tanto no diagnóstico como no prognós-
18 MANUAL PRATICO 13(3 HTP (CASA-ARVORE-PESSOA) L FAMÍLIA 
tico das avaliações individuais. Sua aplicação durante o decorrer da terapia, em intervalos 
regulares, indica como o paciente está progredindo no tratamento e a validade das mudan-
ças emocionais e comportamentais, E um instrumento sensível aos fluxos e refluxos das mu-
danças terapêuticas e menos influenciado pela lembrança das aplicações anteriores. 
2. 
NORMAS PARA APLICAÇÃO 
Os desenhos devem ser executados na seguinte ordem: CASA, ÁRVORE, FIGURA HU-
MANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO A O DA PRIMEIRA DESENHADA, 
FAMÍLIA DE ORIGEM e o desenho da FAMÍLIA IDEAL. Segundo E. Hammer, a manu-
tenção dessa ordem proporciona uma gradual introdução do examinando na tarefa de de-
senhar, levando-o gradativamente aos temas mais difíceis do desenho. O examinando é 
levado do auto-retrato mais neutro (CASA) ao de maior implicação afetiva, que é o dese-
nho da FIGURA HUMANA. 
Para cada desenho se oferece, ao avaliando, uma folha branca, tamanho ofício. Caso ele 
não execute o desenho completo (como, por exemplo no desenho da FIGURA HUMA-
NA, faça somente o rosto), deve recolher-se esse primeiro, oferecer-lne outra folha e 
instruí-lo para fazer o desenho de uma pessoa completa. Por uma pessoa completa, às 
vezes, é necessário informá-lo que esta apresenta cabeça, tronco, braços e pernas. Quando 
quaisquer dessas áreas estão omitidas, a figura é considerada incompleta, porém, se ape-
nas uma parte de uma área é omitida, como, por exemplo, mãos, pés ou uma das partes 
do rosto, o desenho deve ser aceito como completo. 
Caso o examinando peça permissão para usar ou tenta usar qualquer auxílio mecânico 
(como, por exemplo, uma régua), é necessário instruí-lo que o desenho deve ser feito à 
mão livre. 
Depois que a bateria acromática estiver pronta, faz-se o inquérito (ver o capítulo de Inqu-
érito). O examinador recolhe os desenhos e o lápis preto, dando novas folhas e a caixa de 
lápis de cor. O lápis preto deve ser recolhido, para que o examinando não seja tentado a 
fazer o contorno com lápis preto, para depois colori-lo. 
2.1 - Material 
1. Sala privativa, com mesa e cadeiras adequadas e confortáveis. 
2. Folhas de papel branco, tamanho ofício. 
20 MANUAL PRÁTICO DO HTP (CASA-ÁRYOIIE-PLSSOA) E FAMÍLIA 
3. Lápis, de preferência o n° 2. 
4- Borracha macia. 
5. Caixa de lápis de cor ou crayon. 
Segundo E. Hammer, a caixa de lápis coloridos ou crayons (Hammer usa um conjunto de 
crayons marca Crayola) deve consistir de oito cores: vermelho, verde, amarelo, azul, 
marrom, preto, violeta e laranja. 
2.2 - Instruções 
O examinador deve falar ao sujeito: "Por favor, desenhe uma casa, da melhor maneira que 
puder. Pode levar o tempo que quiser e apagar quando precisar, que não conta contra você. O 
importante é fazer o melhor que consegidr". 
Caso o examinando apresente-se tímido ou incapaz de uma boa execução, o examinador 
deve estimulá-lo e ao mesmo tempo deixar claro que o importante não são os dotes artísti-
cos, e sim as qualidades de seu traçado e a compreensão do que foi pedido. 
Procede-se da mesma forma em todos os desenhos. 
No caso da FIGURA HUMANA, pede-se primeiro que desenhe uma pessoa qualquer. 
Aplica-se o questionário e depois pede-se que desenhe outra figura do sexo oposto ao 
da primeira desenhada. 
Para o desenho da C A S A e das FAMÍLIAS, o papel deve ser apresentado com o eixo 
maior na horizontal, e, para os desenhos da FIGURA HUMANA e da ARVORE, o eixo 
maior deve ser na vertical. 
Depois que a bateria acromática estiver pronta, inicia-se a bateria cromática: "Agora, por 
favor, desenhe uma casa colorida". E assim deve proceder-se com os demais desenhos. 
É importante que o examinador tenha o cuidado de não pedir ao examinando para dese-
nhar "outra" casa, ou "outra" árvore, porque a palavra "outra" pode significar que ele não 
deve repetir o mesmo tipo de desenho feito com o lápis preto. Para que o teste apresente 
uma maior fidedignidade, o examinando deve ter todas as possibilidades de escolha. 
Para qualquer dúvida do examinando, como, por exemplo: "Que tipo de casa devo desenhar?" 
ou "Não sei desenhar muito bem", etc., o examinador deve calmamente responder: "Como 
você quiser", "Como você achar melhor" ou "Como você gostar". 
3 . 
INQUÉRITO 
O examinador deve observar e anotar todos os movimentos e verbalizações do examinan-
do, estimulando-o sempre de forma tranqüila e despretenciosa. Qualquer emoção mani-
festada pelo sujeito enquanto está desenhando ou sendo questionado a respeito de seus 
desenhos representa uma reação emocional à situação, que, de certa forma, está direta ou 
simbolicamente representada ou sugerida nos desenhos. 
E importante que se observe como ele se entrega à tarefa, de forma confiante e confortá-
vel, ou se expressa dúvidas a respeito de suas habilidades. 
Quando está realizando os desenhos, o que as suas expressões revelam? 
( ) Insegurança ( ) Ansiedade ( ) Desconfiança 
( ) Tensão ( ) Arrogância ( ) Hostilidade 
( ) Negativismo ( ) Cautela ( ) Autocrítica 
( ) Relaxamento ( ) Bom humor ( ) Alegria 
( ) Serenidade ( ) Confiança 
É importante observar a seqüência em que o examinando faz seus desenhos. O examina-
dor deve ficar alerta quando a seqüência é alterada e anotar enquanto o desenho está 
sendo produzido; caso contrário, esses detalhes ficam perdidos em um global terminado. O 
global pode parecer muito bom, mas a dificuldade em produzi-lo cie uma maneira conven-
cional pode ser o primeiro sinal de problema psicológico. 
Deve-se lembrar sempre que um sinal isolado não quer dizer muita coisa. E apenas um 
indicador de problemas e somente quando temos uma gama de sinais apontados em uma 
mesma direção é que podemos pensar em uma patologia. 
Após o término dos desenhos, o avaliador deve começar o inquérito relativo a cada um 
dos desenhos. 
22 MANUAL PRATICO 13(3 HTP (CASA-ARVORE-PESSOA) L FAMÍLIA 
Nome: 
Idade: anos 
Grau de escolaridade: 
anos meses Data de nasc.: / / 
Data: /' /' 
1 - Casa 
Uso da borracha: ( ) Excessivo ) Normal ) Não usa 
01. Muito bem, vejamos agora se inventamos uma história sobre essa casa como se 
fosse uma novela ou uma peça de teatro. Por exemplo, cie quem é essa casa? 
02. Quantas pessoas moram nela? 
03. Quantos andares tem? 
04. Falta alguma coisa nessa casa? 
05. Você gostaria de morar nela? 
06. Se você fosse dono (a) ciessa casa e pudesse fazer com ela o que bem quisesse, qual 
o cômodo que você escolheria para você? Por quê? 
07. Quando você olha para a casa, ela parece estar perto ou longe de você? 
08. Se você estivesse olhando essa casa, como você a estaria vendo? 
( )Na altura dos seus olhos ( )Abaixo ( ) Acima dos seus olhos 
09. Em que essa casa faz você lembrar ou pensar? 
10. Essa casa é: 
( ) Feliz ( ) Amiga ( ) Confiável 
( )Triste ( ) Agressiva ( )Barulhenta? Porquê? 
11. Você acha que a maioria das casas é assim? 
12. Alguém ou alguma coisa já machucou essa casa? Por quê? 
13. De que essa casa necessita mais? 
14. Desenhe um sol. Vamos imaginar que esse sol seja alguma coisa ou pessoa que você 
conhece. Quem seria? 
MARIA FLORENTINA N. GODINHORETONDO 35 
2 - Árvore 
Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 
01. Seqüência do desenho: 
02. Que tipo de árvore é essa que você desenhou? 
03. Onde ela poderia estar situada? 
04. Quem a plantou? Por quê? 
05. Que idade ela tem? ___ 
06. Você pensa nela como estando: 
Viva ( ) Por que você acha que ela está viva? 
Morta ( ) Existe alguma parte morta nessa árvore? Por que você acha que morreu ? 
Há quanto tempo morreu? 
07. Essa árvore para você parece mais um homem ou uma mulher? Por quê? 
08. Essa árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? 
09. Olhando para a árvore, você tem a impressão de que ela está: 
( ) Acima ( ) Abaixo ( ) No mesmo plano que você 
10. Como está o clima nessa figura? 
11. Há algum vento soprando nessa figura? 
12. Em que essa árvore faz você lembrar ou pensar? 
13. Essa árvore está sadia? _ _ _ 
14. Por que você acha que ela está sadia? 
15. Do que essa árvore mais necessita? 
16. Alguém ou alguma coisa já feriu essa árvore? 
3 - Pessoa 
Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 
01. Seqüência do desenho: 
02. Isso é: ( ) um homem ( ) uma mulher 
( ) um menino ( ) uma menina 
03. Quantos anos tem? 
04. Quem é ele (a)? 
05. O que ele (a) está fazendo? 
06. Ele (a) se dá melhor com o pai ou com a mãe? ____ 
07. Em que ano está na escola? 
10 MANUAL PRATICO 13(3 HTP (CASA-ARVORE-PESSOA) L FAMÍLIA 
08. O que ele (a) quer ser? 
09. Qual é a parte mais bonita de seu corpo? _____ 
10. E a mais feia? 
11. Como ele (a) se sente? Por quê? 
12. O que mais o (a) preocupa? 
13. Tem muitos amigos? 
14. Mais velhos ou mais novos? 
15. O que ele (a) mais quer da vida? 
16. A melhor qualidade dele (a) é 
17. A pior é 
18. Do que ele (a) tem medo? 
19. De que essa pessoa mais precisa? 
20. Você gostaria de ser como essa pessoa? 
21. O que as pessoas falam dele (a)? 
22. E os familiares? 
23. Alguém já feriu essa pessoa? Por quê? 
24. Imagine que o sol seja uma pessoa que você conhece. Quem seria? 
25. Você acha que a maioria das pessoas se sente assim? 
26. Qual é o clima nessa figura? 
27. Que tipo de roupa está vestindo? 
Só Para Adultos 
01. Estuda ou trabalha? 
02. O que mais quer da vida? 
03. Prefere ficar só ou no meio de outras pessoas? 
04. Namora? 
05. Tem vida sexual? 
06. Se casado (a) - Vive bem com o companheiro (a) ? 
07. As relações sexuais são gratificantes? 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 35 
4 - Família de Origem 
Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 
01. Seqüência do desenho 
02. Quem são as pessoas que desenhou? 
03. Aí estão todos os seus familiares? 
04. Quem está faltando? 
05. Por que não está aí? 
06. Quem é a pessoa com quem você melhor se relaciona nessa família? Por quê? 
07. Quem é a pessoa com quem você tem mais dificuldade em se relacionar? Por quê? 
08. Quem é a pessoa mais feliz desse grupo? Por quê? 
09. Quem é a mais triste ou a menos feliz? Por quê? 
5 - Família Ideal 
1. Seqüência do desenho: 
2. Quem são as pessoas que desenhou? 
3. Em que família você estava pensando quando estava desenhando? 
Ao final de cada desenho é interessante pedir ao examinando que coloque um sol. 
Presume-se que o sol simbolize a figura de maior autoridade ou de maior calor e/ou 
afeto no ambiente. A disparidade de tamanho entre o sol e o total do desenho pode 
expressar a visão que o examinando tem a respeito de seu relacionamento com a pes-
soa representada pelo sol. 
4 . 
ANÁLISE QUALITATIVA 
A avaliação do HTP-F, tanto cromático como acromático, precisa ser efetuada com 
bastante cuidado. A interpretação de um dado só pode ser considerada correta depois 
de ter relacionado esse detalhe à configuração total obtida. E essencial que não se 
coloque peso demasiado em dados isolados. 
Na avaliação dos desenhos deve levar-se em conta o princípio básico de que o papel repre-
senta o ambiente, o desenho, o próprio sujeito e que somente a partir dessa interação sim-
bolizada é que são realizadas as interpretações. 
Uma série de itens faz parte da coleta de dados referentes à maneira como o indivíduo 
desenhou. 
Na análise qualitativa, devemos considerar todos os desenhos (CASA, ARVORE, FI-
GURA HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO AO DA DESENHADA, 
FAMÍLIA DE ORIGEM e FAMÍLIA IDEAL). 
Para eíetuar uma análise qualitativa, necessitamos observar os seguintes itens: 
4.1 - Resistências 
São casos de rejeição à tarefa proposta em graus diferentes de intensidade, podendo 
ocorrer, em um extremo, a negação para desenhar e, no outro, a execução adequada 
dos desenhos. 
Não apresenta - confiança no desempenho. 
Negação - intenso sentimento de inferioridade, sensação de ser inadequado para o cum-
primento da tarefa, dificuldade em arriscar-se e em receber julgamentos, bloqueios seve-
ros ou atitudes de negativismo e oposição em relação ao ambiente (comum em Fobia 
Social, Transtorno de Personalidade de Esquiva ou Transtorno de Personalidade Paranóide). 
13 
MANUAL PRATICO 13(3 HTP (CASA-ARVORE-PESSOA) L FAMÍLIA 
Omissão de algumas partes do desenho - indícios de problemas e conflitos em rela-
ção à parte em questão (comum em pacientes com Esquizofrenia, Transtorno 
Depressivo, Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Transtorno de Ansiedade Gene-
ralizada ou Hipocondria). 
4.2 - Análise seqüencial do conjunto dos desenhos 
Oferece pistas a respeito da quantidade de energia e disposição do avaliando. O avaliador 
precisa ficar atento tanto ao aumento quanto à diminuição psicomotora e observar se o 
sujeito deixa levar-se por associações emocionais despertadas pela tarefa. 
Desenvolvimento normal-boa energia, equilíbrio emocional e mental. Alguns paci-
entes começam ansiosos, mas logo acalmam-se e trabalham eficientemente, sugerindo 
apenas uma ansiedade situacional. 
Decréscimo psicomotor - elevada fatigabilidade e em alguns casos depressão. A de-
pressão caracteriza-se por uma acentuada pobreza de detalhes ou incapacidade para 
completar os desenhos. Alguns pacientes inicialmente aceitam a tarefa de desenhar 
sem muito protesto, produzem um desenho razoavelmente bom na primeira tentativa, 
mas demonstram fadiga óbvia no desenho seguinte. Por exemplo: abandonam a tarefa 
logo após terem produzido apenas a "cabeça" do desenho da FIGURA HUMANA. 
Aumento psicomotor-impulsividade, ansiedade excessiva, abertura a estímulos (su-
gere Transtorno de Personalidade Borderline). 
4.3 - Tempo consumido 
O uso que o avaliando faz do tempo durante a execução fornece pistas valiosas referentes 
ao significado que os desenhos têm para ele. O avaliador deve relacionar o tempo total 
consumido com a qualidade dos desenhos. Alguns pacientes desenham e apagam várias 
vezes, perdendo muito tempo; outros consomem a mesma quantidade de tempo, mas de-
senham livremente e colocam uma infinidade de detalhes. 
Tempo de latência inicial - a maioria dos indivíduos bem ajustados começa a dese-
nhar mais ou menos 30 segundos depois que as instruções foram dadas. 
Pausas durante a realização do desenho - depois de iniciado o desenho, qualquer 
pausa superior a mais ou menos que cinco segundos sugere conflitos com o que acabou 
de desenhar ou ainda com o que vai ser desenhado. Quando ocorrem pausas durante 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 
35 
os comentários espontâneos do sujeito ou enquanto ele está respondendo ao questio-
nário, é indício de prováveis bloqueios. 
4.4 - Pressão no desenhar 
Analisa o nível de energia do indivíduo. O tipo de linha e a pressão do traçado indicam, em 
um extremo, energia, vitalidade, decisão e iniciativa e, no outro, insegurança, falta de con-
fiança em si ou ansiedade. 
Pressão média - boa energia, equilíbrio e vitalidade. 
Pouca pressão, traço leve - baixo nível de energia, insegurança, timidez, sentimento de 
incapacidade, falta de confiançaem si mesmo e em alguns casos repressão dos impulsos 
(comum em Deprimidos, Esquizofrênicos e sugere também Transtorno de Personalidade 
Dependente ou sentido artístico e/ou pessoas com personalidade mais sensível). 
Muita pressão, traços fortes - excesso de energia, vitalidade, iniciativa, decisão, con-
fiança em si mesmo ou medo, tensão, insegurança, agressividade e hostilidade para 
com o ambiente, aguda consciência da necessidade de autocontrole, falta de adapta-
ção com esforço para manter o equilíbrio da personalidade 011 ainda pode ser uma 
expressão de isolamento com necessidade de proteger-se de pressões externas (co-
mum em Transtorno de Conduta, Transtorno de Personalidade Anti-Social, Transtor-
no de Somatização e sugere também Transtorno de Ansiedade Generalizada). 
Variação na pressão - flexibilidade, capacidade de adaptação ou labilidade de 
humor, instabilidade e impulsividade (comum em pacientes com Transtorno de Per-
sonalidade Borderline). 
Pessoas que apresentam o desenvolvimento cia técnica cio desenho utilizam-se de avanços 
e recuos 110 seu traçado. Crianças, de maneira geral, apresentam com mais freqüência um 
traço contínuo, com linhas firmes, grossas e pesadas. 
Traços com predominância de linhas decisivas, controladas e livres - decisão, 
rapidez, esforço dirigido, bom tonus muscular e equilíbrio emocional e mental (co-
mum em indivíduos rápidos, decididos, seguros e com perseverança para trabalhar 
e alcançar os objetivos). 
Traços longos ou extremamente contínuos - falta de sensibilidade, medo de inicia-
tivas ou humor agressivo (comum em alguns indivíduos inibidos e sugere Fobia Social). 
15 
MANUAL PRATICO 13(3 HTP (CASA-ARVORE-PESSOA) L FAMÍLIA 
Traços com avanços e recuos - emotividade, ansiedade, falta de confiança em si, 
timidez, insegurança, hesitação ao encontrar novas situações ou sentido artístico, in-
tuição e sensibilidade (comum em pacientes excitáveis e com comportamento mais 
impulsivo, sugerindo Transtorno de Ansiedade Generalizada). 
Traços interrompidos, mudando de direção - incerteza, temor, angústia, inseguran-
ça, falta de opinião própria e de pontos de vista bem firmados ou dissimulação de pro-
blemas, não-aceitação do meio ambiente, agressividade controlada e oposição (sugere 
Transtorno de Ansiedade Generalizada). 
Traços apagados - dissimulação da agressividade, medo de revelar os problemas, de se 
expor ou debilidade física, inibição, timidez, sentimento de insignificância, sensação de 
ser desprovido de valor e sensação de ser incapaz de ser reconhecido como pessoa 
(sugere Transtorno Depressivo). 
Traços trêmulos - insegurança, medo, esgotamento nervoso, fadiga extrema e sensibi-
lidade excessiva (comum em Doenças Cerebrais, Alcoolismo, Intoxicação por Drogas, 
remédios, etc. e sugere Transtorno Depressivo). 
Traços pontilhados ou denteados - agressividade, hostilidade e dissimulação (sugere 
Transtorno da Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Anti-Social). 
Traços peludos - personalidade primitiva, comum em pessoas que agem mais pelo 
instinto do que pela razão (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno de Perso-
nalidade Anti-Social). 
Quando em cada linha há indícios de estresse, falta de objetivos, confusão ou 
traços estranhos (olhos fora do rosto, mãos e dedos ou estão ligados a lugares 
errados ou não estão presentes) - sugere Esquizofrenia. 
4.6 - Indicadores de conflitos 
O tratamento diferencial dado a cjualquer área do desenho indica, na maioria das vezes, 
conflitos nessa determinada área. E importante salientar que um sombreado nem sempre é 
ansiedade, pois pessoas com aptidões para desenhos muitas vezes fazem uso desse recurso. 
Reforços suaves ou raros - brandura, passividade de temperamento ou expressão 
auto-afirmativa. 
Sombreamento não excessivo - tato, sensibilidade, pessoa sonhadora ou que mas-
cara conflitos. 
Correções e retoques - insatisfação com a produção, incerteza, insegurança, ansieda-
de, algumas vezes podendo sugerir agressividade e dissimulação (sugere Fobia Social). 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 35 
Rasuras ou borraduras resultantes de correções - insegurança, falta de 
autoconfiança e desejo de perfeccionismo (sugere Fobia Social e/ou Transtorno de 
Ansiedade Generalizada). 
Recobrir uma linha já traçada com riscos mais intensos - ansiedade, insegurança, 
falta de autoconfiança ao se defrontar com situações novas ou sentimento de perda 
afetiva e de acobertamento da angústia ou da agressividade (comum em pessoas ima-
turas sexualmente e em alguns Homossexuais). 
Sombreamento - ansiedade, conflitos, medo, insegurança ou descontentamento aberto 
e consciente. Quanto mais extensa a área sombreada, maior é a ansiedade. No caso de 
efeitos artísticos, pode refletir racionalização da ansiedade. 
Omissões de braços, pernas, mãos ou traços fisionômicos - conflitos. Deve anali-
sar-se de acordo com a área, pois assumem significados distintos. 
4.7 - Localização no papel 
A folha de papel simboliza o ambiente, e a localização cio desenho revela a adaptação do 
sujeito ao meio e como ele o manipula, assim como a maneira de estar no mundo, suas 
atitudes ante a vida intelectual, instintiva, etc. 
Fazendo uma analogia com a figura humana, podemos intuir que os pés simbolizam o conta-
to direto com o chão, com a realidade e com a terra e a cabeça como sendo a fonte das 
idéias, das fantasias e do intelecto. 
Meio da página ou centro - comportamento emocional e adaptativo em equilíbrio e 
segurança. As crianças cujo trabalho não é centralizado tendem a apresentar pouco con-
trole e maior dependência. Quando todos os desenhos são colocados rigidamente no 
meio da página, podemos pensar também em ansiedade, inflexibilidade ou insegurança. 
Lado esquerdo da página 
Introversão 
Controle 
Satisfação controlada 
dos impulsos 
Lado direito da página 
Extroversão 
Impulsividade 
Necessidade de 
satisfação imediata 
17 MANUAL PRATICO 13(3 HTP (CASA-ARVORE-PESSOA) L FAMÍLIA 
Metade superior - quanto mais para cima o desenho, maior a tendência de buscar 
satisfação na fantasia, e não na realidade. Alguns pacientes deprimidos fazem seus 
desenhos bem no alto, como que enfatizando o sentimento de que estão se empenhan-
do bastante para não mostrar a depressão. Adultos inseguros em relação à própria ca-
pacidade, que vivem como "flutuando no ar", sem muito contato com a realidade 
também costumam fazer seu desenho no alto da página. A metade superior pocle sim-
bolizar a vida espiritual, a tendência mística e o mundo do "grande pai". 
Metade superior 
Tendência a buscar satisfação 
na fantasia 
Criatividade 
Objetivos muito altos e possivel-
mente inatingíveis 
Tendência a manter-se distante 
e inacessível 
Metade inferior 
Orientação para o concreto, 
preso a realidade 
Insegurança 
Auto-envolvimento 
Humor mais deprimido 
Metade inferior - quanto mais para baixo o desenho, maior a tendência ao materialismo, a 
fixação à terra e ao inconsciente. Alguns pacientes deprimidos fazem seus desenhos na 
beira do papel, e geralmente estes são pouco minuciosos com uma deterioração progressiva 
tanto da qualidade das linhas quanto da quantidade de detalhes. A metade inferior tam-
bém simboliza o mundo da mãe terra, a fixação à matéria e a dimensão concreta. 
Canto superior esquerdo 
Passividade 
Reserva, inibição 
Canto superior direito 
Cantato ativo com 
a realidade 
Projetos para o futuro 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 35 
í 1 V^ ailLVJ 11UCL1U1 cjvjutiuu 
Regressão 
Conflitos 
Fixação em estágios 
mais primitivos 
vanivj imc i iu i onciLW 
Impulssiviclade, teimosia 
Predominância de desejos 
instintos 
(é pouco usado) 
Figuras presas à margem do papel - falta de confiança, medo de ações indepen-
dentes e necessidade de apoio (a interpretação é a mesma de janelas presasà mar-
gem das paredes). 
Em diagonal - perda de equilíbrio e insegurança. 
4.8 - Tamanho das figuras 
Em geral o desenho ocupa de 1/3 a 2/3 da página. O tamanho das figuras fornece um paralelo 
entre a dinâmica, o ambiente e as figuras parentais. Oferece, também, pistas a respeito da 
auto-estima, auto-expansividade, fantasia de auto-inflação, o grau de adequação e a forma 
como está reagindo às pressões ambientais. Em um extremo, o paciente pode estar reagindo 
às pressões ambientais com sentimentos de inadequação e inferioridade e no outro, pode 
reagir com grande valorização de si mesmo. Crianças inseguras tendem a desenhar figuras 
pequenas, em contraste com as figuras grandes e ousadas das crianças seguras. 
Tamanho médio - inteligência, boa auto-estima, adequação ao meio, capacidade de 
abstração e equilíbrio emocional. 
Figuras grandes - podem indicar tanto expansividade como inibição. Sugerem re-
ação às pressões ambientais, com sentimentos de expansão e agressão, falta de con-
trole ou inibição e idéias de grandeza, para encobrir sentimentos de inadequação. 
Podem também simbolizar sentimentos de rejeição social e inferioridade a respeito 
do corpo. (O desenho bem centrado pode indicar ambições e força de expansão do 
ego, porém preso pelo mundo da fantasia.) 
Figuras muito grandes que chegam a ultrapassar o limite da folha - sugerem 
sentimento de constrição por parte do ambiente, com fantasias compensatórias de 
auto-expansão e evidência de agressividade com possível descarga motora no meio 
19 
MANUAL PRATICO 13(3 HTP (CASA-ARVORE-PESSOA) L FAMÍLIA 
ou controle interno ineficiente (comum em casos orgânicos, Transtorno de Persona-
lidade Paranóide ou crianças com descontrole motor que não percebem o limite cia 
folha ou com tendência ao roubo). 
Figuras pequenas - sentimento de inferioridade com dificuldade em se colocar no 
meio, inibição, timidez, repressão da agressividade, comportamento emocionalmente 
dependente e ansioso. Sugere eventualmente inteligência elevada, mas com proble-
mas emocionais por sentimentos de inadequação, baixa auto-estima, insignificância, 
excesso de auto-controle e reação de maneira não adequada às pressões ambientais 
(comum em Depressivos e sugere também Transtorno de Personalidade Dependente). 
Figuras muito peqiienas, minúsculas — sentimento de inadequação e rejeição pelo 
ambiente, tendência ao isolamento; a criança que faz um desenho muito pequeno in-
dica que as relações com o meio são sentidas como esmagadoras (sugere Fobia Social, 
Transtorno de Personalidade Esquiva, Transtorno de Personalidade Esquizóide e/ou 
Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 
Criança que desenha figuras pequenas e grandes - dificuldade em responder de forma 
plenamente saudável às experiências, ou percepção tendenciosa de si mesmo e dos outros. 
Relação das partes do desenho em relação ao todo - quanto maior a disparidade, 
maior a possibilidade de desajuste. 
4.9 - Detalhes no desenho 
Existem detalhes que são essenciais aos desenhos, como, por exemplo, no desenho da CASA. 
Esta deve possuir pelo menos uma porta (a não ser que somente o lado da casa esteja 
desenhado), uma janela, parede e telhado. Atualmente com o uso do aquecimento elétri-
co, a chaminé não constitui mais um detalhe essencial no desenho da CASA. 
A ÁRVORE deve ter pelo menos tronco e copa. 
A FIGURA H U M A N A deve apresentar cabeça, tronco, dois braços e duas pernas, a não 
ser que seja desenhada de tal maneira que somente um dos membros seja aparente, o que 
também é significativo. Nas características faciais, deve ter dois olhos, um nariz, uma boca 
e duas orelhas, a não ser que a posição não permita que todos os elementos apareçam. 
A ausência de qualquer detalhe essencial é séria e quanto maior o número destas, mais 
significativas serão as implicações patológicas. 
Detalhes adequados - inteligência, percepção adequada e ajustamento ao meio. 
Uso limitado de detalhes não essenciais - bom teste de realidade e relação equili-
brada com o ambiente. 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 35 
Detalhes inadequados ou uso mínimo de detalhes essenciais - fuga e/ou conflito 
na área representada ou simbolizada pelo detalhe, dificuldade de entendimento, inse-
gurança, energia reduzida, sentimento de vazio e retraimento (comum em Depressivos, 
que geralmente fazem desenhos apagados, com linhas tênues e sem detalhes). 
Detalhes excessivos - insegurança, sentimento de que o mundo é incerto e/ou perigo-
so, rigidez, tendência a defender-se contra o caos externo ou interno criando um mun-
do rigidamente organizado e altamente estruturado (desenhos exatos, com elementos 
rígidos e repetidos, não existindo nem uma linha fora de lugar, são encontrados com 
freqüência Transtorno de Personalidade Obsessivos-Compulsivos). 
Detalhes não essenciais - geralmente tendem a enriquecer o desenho, como, por exemplo 
na CASA, a colocação de cortinas na janela ou material de parede, indicado por dese-
nho minucioso ou sombreado, etc. Na ARVORE, uma folhagem desenhada 
detalhadamente ou sombreada; na FIGURA HUMANA, cabelo ou roupa extremamen-
te elaborados. 
Detalhes bizarros - como, por exemplo, órgãos internos vistos por meio da roupa 
ou pele parede transparente de forma que se observem os objetos dentro da casa, 
sugerem desordem emocional, porém, em crianças pequenas, não apresentam sig-
nificado patológico (em adultos sugere Esquizofrenia). 
4.10 - Uso da borracha 
O uso da borracha só tem valor quando o sujeito mostra capacidade de melhorar o seu 
desempenho. Apagar o desenho sem aperfeiçoá-lo não é bom sinal e quando o torna pior é 
mais significativo ainda. 
A constante necessidade de apagar na maioria das vezes significa conflito. 
Normal - autocrítica. 
Não usa - falta de crítica ou autoconfiança no desempenho. 
Uso exagerado - insegurança, excesso de autocrítica, indecisão, insatisfação consigo 
mesmo, falta de controle e fuga (sugere Fobia Social). 
J 
I 
1 
A 
i 
11. 
i 
O SIGNIFICADO DE ALGUMAS 
DOENÇAS DESTE MANUAL 
i 
i 
Este capítulo inclui uma variedade de condições e de padrões de comportamento clinica-
mente significativos. O HTP-F como é uma técnica projetiva de desenho que visa penetrar 
na personalidade individual tem-se mostrado sensível a essas condições. 
Kaplan (1993) define personalidade como a totalidade relativamente estável e previsí-
vel de traços emocionais e comportamentais que caracterizam a pessoa na sua vida 
cotidiana, sob condições normais. Os traços são padrões persistentes no modo de per-
ceber, relacionar e pensar sobre o ambiente e sobre si mesmo, exibidos em uma ampla 
faixa de contextos sociais e pessoais. 
Apenas quando os traços de personalidade são inflexíveis e desajustados, causando 
um sofrimento subjetivo ou um funcionamento significativamente prejudicado, é que 
levam a um Transtorno de Personalidade. 
Um Transtorno de Personalidade é um padrão persistente de vivência íntima ou comporta- i 
mento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é invasivo i 
e inflexível, tem seu início na adolescência ou começo da idade adulta, é estável ao longo i 
do tempo e provoca sofrimento ou prejuízo (DSM-IV). i 
Os pacientes que apresentam algum transtorno mostram padrões inflexíveis e mal ajus-
tados de relacionamento e percepção do ambiente e de si mesmos. Este padrão persis-
tente é inflexível e abrange uma ampla faixa de situações pessoais e sociais e provoca 
sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional 
ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
Os juízos acerca do funcionamento da personalidade devem le 
var em conta a bagager 
étnica, cultural e social do indivíduo. Os Transtornos de Personalidade não devem s^ 
confundidos com problemas associados à aculturação após a imigração ou à express?de hábitos, costumes ou valores religiosos e políticos professados pela cultura de oi 
gem do indivíduo. Especialmente na avaliação de uma pessoa cie diferente origem « 
nica, é útil obter informações adicionais a partir de informantes familiarizados con 
respectiva bagagem cultural (DSM-IV). i 
160 
Os Transtornos de Personalidade diferem das alterações de personalidade pelo tempo e 
modo de seu aparecimento. O seu diagnóstico exige uma determinação de funcionamento 
a longo prazo, as características particulares de personalidade devem ser evidentes na in-
fância ou adolescência e continuam pela vicia adulta. 
A avaliação de um transtorno deve ser baseada em tantas fontes de informações quanto 
possíveis. Alem do HTP-F, o psicólogo deve se munir de entrevistas (muitas vezes espa-
çadas ao longo do tempo e no caso de crianças, entrevistas com os familiares) para se 
colher os dados da história do paciente. 
Na avaliação de crianças vale ressaltar que os traços de um transtorno freqüentemente 
não persistem inalterados até a vida adulta; o mais correto é o psicólogo com muita cau-
tela perceber as "tendências" infantis daquele momento de vida. Alguns traços que 
têm sido identificados na infância podem estar associados com Transtornos de Persona-
lidade na idade adulta. Por exemplo, as crianças com temperamento medroso podem 
desenvolver Transtorno de Personalidade Evitativo. 
Alguns Transtornos de Personalidade surgem devido a um desajuste familiar, como, por 
exemplo, uma criança ansiosa criada por uma mãe igualmente ansiosa está mais vulnerá-
vel a um Transtorno de Personalidade do que se fosse criada por uma mãe calma. As 
culturas que encorajam a agressividade podem, involuntariamente, reforçar e, portanto, 
contribuir para os Transtornos de Personalidade Anti-Social. O ambiente físico também 
pode exercer seu papel. Por exemplo, uma criança pequena ativa pode parecer hiperativa 
se mantida em um apartamento pequeno e fechado, mas pode parecer normal em uma 
casa espaçosa de classe média, com quintal (Kaplan, 1993). 
Quando todos os dados apontam numa mesma direção, indicando um transtorno, o 
psicólogo deve ter em mente que, para um diagnóstico de Transtorno de Personalidade 
em um indivíduo com menos de 18 anos, as características devem estar presentes por 
no mínimo um ano. 
O HTP-F tem-se mostrado sensível a várias patologias; algumas interpretações deste 
manual são avaliações e pesquisas de outros estudiosos, como Rabin & Haworth (1966), 
Hammer(1981), Ocampo (1981), Laurenção Van Kolck (1975,1984), Di Leo (1987), Sou-
za Campos (1989), Azevedo (1996), Battistone ( 1996) (comum em...), outras são suges-
tões e/ou achados clínicos meus (sugere ....). 
Para se interpretar o teste, como foi especificado na introdução, a metodologia do psicólogo 
precisa por necessidade ser tanto intuitiva como analítica; confiar apenas em detalhes 
isolados pode ser enganador. Para uma interpretação conclusiva, deve-se ter em mente o 
motivo da consulta (queixa), as entrevistas diagnosticas e a análise do teste. 
As patologias aqui presentes foram escritas ue forma bastante resumidas. O psicólogo, ao 
perceber que vários sinais apontam para alguma delas, deve fazer uma leitura mais minuci-
osa a respeito da mesma, antes de fechar um diagnóstico ou rotular o paciente. 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 161 
Este manual contém 857 possíveis interpretações gráficas, 405 são traços esperados den-
tro da normalidade ou apontam para algumas características individuais, e 452 são avalia-
ções indicativas de alcumas nafnlopias: dentre elas esrãn: 
3 — — — —0 £ 0 , 
Transtorno da Personalidade Anti-Social 
Neste manual existem 26 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade 
Anti-Social. 
O Transtorno de Personalidade Anti-Social é caracterizado pela desconsideração 
e violação dos direitos dos outros, que se inicia na infância ou começo da adoles-
cência e continua na idade adulta (DSM-IV). 
É também chamado de Personalidade Amoral, Dissociai, Associai, Psicopática ou 
Sociopática, é caracterizado por atos anti-sociais e criminais contínuos, mas não é sinôni-
mo de criminalidade. Em vez disso, trata-se de uma incapacidade para conformar-se às 
normas sociais. Para receber este diagnóstico o indivíduo deve ter pelo menos 18 anos e ter 
tido uma história de alguns sintomas do Transtorno de Conduta antes dos 15 anos. 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Anti-Social não se conformam com as 
normas pertinentes a um comportamento dentro dos parâmetros legais. Podem realizar 
repetidos atos que constituem motivo de detenção, tais como destruir propriedade alheia; 
indiferença insensível pelos sentimentos alheios; atitude flagrante e persistente de 
irresponsabilidacie e desrespeito por normas, regras e obrigações sociais; incapacidade de 
manter relacionamentos (embora não haja dificuldade em estabelecê-los); muito baixa 
tolerância à frustração e um baixo limiar para descarga de agressão, incluindo violência; 
incapacidade cie experimentar culpa e de aprender com a experiência, particularmente 
punição; propensão marcante para culpar os outros ou para oferecer racionalizações plau-
síveis para o comportamento que levou o paciente a um conflito com a sociedacie. 
Os pacientes com Transtorno de Personalidade Anti-Social freqüentemente apresentam um 
exterior normal e até mesmo agradável e cativante. Suas histórias, entretanto, revelam mui-
tas áreas de funcionamento vital desordenado. Mentiras, faltas à escola, fugas de casa, fur-
tos, brigas, abuso de drogas e atividades ilegais são experiências típicas que, conforme relatos 
do paciente, começaram durante a infância. As personalidades anti-sociais freqüentemente 
impressionam os clínicos do sexo oposto com seus aspectos exuberantes e sedutores, mas os 
clínicos do mesmo sexo podem considerá-las manipuladoras e exigentes. 
Os indivíduos com personalidade anti-social demonstram uma falta de ansiedade ou depres-
são, que pode parecer grosseiramente incongruente com suas situações, e suas próprias expli-
cações do comportamento anti-social fazem-no parecer algo impensado. Ameaças de suicí-
dio e preocupações somáticas podem ser comuns. Ainda assim, o conteúdo mental do paci-
17 2 MANUAL PRÁTICO DO HTP (CAS A-ÁRVORE-PESSOA) E FAMÍLIA 
ente revela completa ausência de delírios e outros sinais de pensamento irracional. De fato, 
eles freqüentemente demonstram um senso aumentado de teste de realidade. 
Freqüentemente impressionam os observadores por terem uma boa inteligência verbal. 
Os pacientes com Transtorno de Personalidade Anti-Social são altamente representa-
dos pelos chamados "vigaristas". São altamente manipuladores e freqüentemente capa-
zes de convencer outras pessoas a participar de esquemas que envolvam modos fáceis de 
obter dinheiro ou de adquirir fama e notoriedade, o que eventualmente pode levar os 
outros a ruína financeira, embaraço social ou ambos. As personalidades anti-sociais não 
falam a verdade e não se pode confiar nelas para levar avante qualquer projeto ou aderir 
qualquer padrão convencional de moralidade. Promiscuidade, abuso do cônjuge, abuso 
infantil e condução de veículos sob os efeitos do álcool são eventos comuns na vida des-
ses pacientes. Um achado digno de nota é uma falta de remorsos por tais ações, ou seja, 
estes pacientes parecem desprovidos de consciência. Eles podem mostrar-se indiferen-
tes ou oferecer uma racionalização superficial para o fato de terem ferido, maltratado ou 
roubado alguém. Ou então culpar suas vítimas de serem tolas, impotentes ou por terem o 
destino que merecem, minimizando as conseqüências danosas de suas ações ou para 
simplesmente demonstrar completa indiferença. 
Como mencionado anteriormente, os pacientes podem parecer compostos e dignos de 
credibilidade ao entrevistador. Entretanto, sob a aparência, existe tensão, hostilidade,irritabilidade e raiva. Entrevistas estressantes, nas quais os pacientes são vigorosamente con-
frontados com as inconsistências em suas histórias, podem ser necessárias para a revelação 
da patologia. Até mesmo profissionais muito experientes são enganados por esses indivíduos. 
Transtorno de Personalidade Borderline 
Neste manual existem 5 interpretações indicativas para Transtorno de Personalidade 
Borderline. 
É um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e 
afetos, bem como acentuada impulsividade (DSM-IV). 
Também conhecida por Esquizofrenia Ambulatória, Personalidade "como se", 
Esquizofrenia Pseudoneurótica, Caráter Psicótico ou Personalidade Emocionalmente 
Instável. 
São pacientes que se situam no limite entre a neurose e a psicose e se caracterizam por afeto, 
llUillVJl) ^AJUlj^ Wl LCU.liA-I.LlAw') ILia^ WCO WUJ ciao aunj'iiuai:uii u^ vtiav_;iU.iiiciiiciiiiVw.LLLv>. iiioiavv^io. 
Os pacientes Borderline quase sempre parecem estar em estado de crise; suas oscilações 
de humor são bastante comuns. Podem mostrar-se briguentos num momento, deprimidos 
# 
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> 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 25 
em outro ou ainda queixar-se de não sentirem coisa alguma. O comportamento dessas 
pessoas é altamente imprevisível; por conseguinte, raramente conseguem atingir o nível' 
máximo de suas capacidades. i 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline fazem esforços frenéticos para i 
evitarem um abandono real ou imaginado. Experimentam intensos temores de abandono e 
raiva inadequada, mesmo diante de uma separação real de tempo limitado ou quando 
existem mudanças inevitáveis em seus planos. Muitas vezes acreditam que este abandono i 
implica que eles são "maus". Esse medo de abandono está relacionado a uma intolerância 
à solidão e uma necessidade de ter outras pessoas consigo. 
A natureza sofrida de suas vidas reflete-se em atos autodestrutivos repetidos. Esses paci-
entes podem cortar os pulsos ou realizar outras automutilações para obterem auxílio de i 
outros, para expressar raiva ou para afastar-se cie afetos demasiadamente opressivos. 
Uma vez que se sentem tanto dependentes quanto hostis, as personalidades Borderline 
exibem relacionamentos interpessoais tumultuados. Podem ser muito depencientes da-
queles com quem convivem e expressar uma raiva intensa contra seus amigos íntimos, 
quando frustrados. As personalidades Borderline, contudo, não conseguem tolerar a so-
lidão e preferem uma busca desenfreada de companhia, não se importando com a quali-
dade da companhia, a ficarem a sós consigo mesmos. 
Freqüentemente, queixam-se de sentimentos crônicos de vazio e tédio, de falta de um 
senso de identidade consistente e, quando pressionados, freqüentemente queixam-se 
do quanto se sentem deprimidos na maior parte cio tempo, apesar da aparente exube-
rância de seus afetos. 
As pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline na maioria das vezes apresen-
tam um distúrbio de identidade, apresentando uma auto-imagem totalmente instável; 
os objetivos, as opiniões, os planos de carreira, a identidade sexual e os tipos cie amigos 
sofrem mudanças súbitas. Da mesma forma os papéis, ora são suplicantes e carentes, 
ora são vingadores implacáveis. Apresentam instabilidade afetiva devido a uma acen-
tuada reatividade do humor. 
São pessoas impulsivas podem jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer em excesso, abusar 
cie substâncias, engajar-se em sexo inseguro ou dirigir de forma imprudente. 
Adolescentes e adultos jovens com problemas de identidade, especialmente quando acom-
panhados do uso de drogas, podem exibir temporariamente comportamentos que podem 
ser confundidos com Transtorno de Personalidacie Borderline. 
17 2 MANUAL PRÁTICO DO HTP (CAS A-ÁRVORE-PESSOA) E FAMÍLIA 
Transtorno de Personalidade Dependente 
Neste manual existem 25 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade 
Dependente. 
O Transtorno de Personalidade Dependente é um padrão de comportamento 
submisso e aderente, relacionado a uma necessidade excessiva de proteção e 
cuidados (DSM'IV) . 
Também conhecicio por Personalidade Astênica, Passiva, Autoderrotista ou Inadequada. 
As pessoas com esse transtorno subordinam suas próprias necessidades às dos outros, fa-
zem com que outras pessoas assumam responsabilidade pelas principais áreas de suas vidas, 
não possuem autoconfiança e podem experimentar intenso desconforto quando sozinhas. 
São pessoas que visam obter atenção e cuidados, acreditando-se incapazes de funcionar 
adequadamente sem o auxílio de outras pessoas. 
Os pacientes com Transtorno de Personalidade Dependente são incapazes de tomar deci-
sões sem um excesso de aconselhamento e tranqüilização por outros, evitam posições de 
responsabilidade e se tornam ansiosos se solicitados a assumir um papel de liderança, pre-
ferindo cargos subalternos. 
Estas pessoas não gostam de estar sozinhas, procuram outras pessoas das quais possam de-
pender, e seus relacionamentos são, assim, distorcidos por sua necessidade de estarem ligadas 
àquela outra pessoa. Geralmente dependem de um dos pais ou do cônjuge para decidir onde 
devem viver, que tipo de trabalho devem ter e com que vizinhos devem fazer amizade. Os 
adolescentes com o transtorno podem permitir que seus pais decidam o que devem vestir, 
com quem devem sair, como devem passar seu tempo livre e que faculdade cursar. 
Pessimismo, insegurança, passividade e temores de expressar sentimentos sexuais e agres-
sivos caracterizam o comportamento da personalidade dependente. Um cônjuge abusivo, 
infiel ou alcoólico pode ser tolerado por longos períodos de tempo para que a vinculação 
seja rompida. São pessoas que se sentem tão incapazes de funcionar sozinhas, preferindo 
concordar com coisas que consideram erradas, a se arriscarem à perda da ajuda daque-
les em quem buscam orientação. 
Os relacionamentos sociais limitam-se às pessoas das quais dependem e podem sofrer abu-
sos físicos ou mentais por não conseguirem auto-afirmar-se. Podem ficar "colados" em ou-
tras pessoas importantes em suas vidas apenas para não ficar sozinhas, mesmo que não 
tenham interesse ou envolvimento no que está acontecendo. Correm o risco de severa 
depressão, quando enfrentam a perda de uma pessoa da qual eram dependentes. 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Dependente muitas vezes se caracte-
rizam por pessimismo e insegurança, tendendo a menosprezar suas capacidades e rea-
lizações, tomam as críticas como prova de sua inutilidade e são desprovidos de 
autoconfiança e auto-estima. 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 165 
Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo 
Neste manual existem 7 interpretações para o Transtorno de Personalidade Esquiva. 
O Transtorno da Personalidade Esquiva caracteriza-se por um padrão de inibição soci-
al, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliações negativas (DSM-IV). 
Essas pessoas evitam atividades profissionais ou escolares que envolvam contato 
interpessoal significativo por medo de críticas, desaprovação ou rejeição; da mesma 
forma que evitam fazer novas amizades, ao menos que tenham certeza de que serão 
estimadas e aceitas sem crítica. 
As pessoas com Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo não participam de 
atividades de grupo, têm dificuldade de intimidade interpessoal, embora consigam es-
tabelecer relacionamentos íntimos quando existem garantias de uma aceitação sem 
críticas. São pessoas que se magoam facilmente com qualquer crítica ou desaprova-
ção, por mais leve que seja. 
Na maioria das vezes são pessoas tímidas, quietas, inibidas, que passam "invisíveis", pelo 
medo de que qualquer atenção possa trazer degradação ou rejeição. Demonstram inibição 
em novas situações interpessoais, devido a seus sentimentos de inadequação e baixa auto-
estima. Ao falarem com alguém,expressam incerteza e falta de autoconfiança, podendo 
falar de maneira autodepreciativa. Têm medo de falar em público ou fazer pedidos a outras 
pessoas, pois são hipervigilantes quanto à rejeição. Tendem a interpretar mal os comentá-
rios feitos por outras pessoas, considerando-os ridicularizantes ou depreciativos. A recusa 
a qualquer pedido que façam leva-as ao retraimento e a se sentirem magoadas. Elas são 
descritas pelos outros como "tímidas", "acanhadas", "solitárias" e "isoladas". 
Na esfera profissional, as personalidades evitativas freqüentemente assumem empregos 
secundários. Raramente conseguem progredir muito ou exercer muita autoridade. Em vez 
disso, no trabalho parecem simplesmente tímidos e ávidos por agradar. 
O comportamento esquivo começa com freqüência na infância, com timidez, isolamento, 
medo de estranhos e de situações novas. Embora a timidez seja um percursor comum do 
Transtorno de Personalidade de Esquiva, na maioria dos indivíduos ela tende a dissipar-se 
com a idade. Por outro lado, os indivíduos que desenvolvem o transtorno podem tornar-se 
progressivamente mais tímidos e arredios durante a adolescência e início da idade adulta, 
quando os relacionamentos sociais com pessoas novas assumem uma especial importância. 
Na entrevista clínica, o aspecto mais notável é a ansiedade do paciente acerca de falar 
com o entrevistador. O modo tenso e nervoso do paciente parece aumentar e diminuir 
segunuo sua percepção quanto ao agrado que o profissional tem por eles. Mostram-se vul-
neráveis aos comentários e sugestões do entrevistador, podendo considerar um esclareci-
mento ou uma interpretação como uma crítica. 
166 
Transtorno da Personalidade Esquizóide 
Neste manual existem 23 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade 
Esquizóide. 
A característica do Transtorno de Personalidade Esquizóide é um padrão invasivo de 
distanciamento de relacionamentos sociais e uma faixa restrita de expressão emocio-
nal em contextos interpessoais (DSM-IV). 
O transtorno de personalidade esquizóide é diagnosticado em pacientes que exibem um 
padrão vitalício cie retraimento social. Seu desconforto com a interação humana, sua 
introversão e afeto brando e constrito são ciignos cie nota. As pessoas com esse transtorno 
parecem não possuir desejo de intimidade, mostram-se indiferentes às oportunidades de 
desenvolver relacionamentos íntimos e parecem não obter satisfação do fato de fazerem 
parte de uma família ou de algum grupo social. Preferem passar seu tempo sozinhas a esta-
rem com outras pessoas, escolhendo passatempos solitários que não evolvam a interação 
com outras pessoas. As crianças com esta tendência na maioria das vezes passam horas 
desenhando; os adultos com o transtorno preferem o computador a qualquer interação 
pessoal, podem apresentar pouco interesse sexual, preferindo a fantasia a uma sexualidade 
madura, apresentam dificuldade em fazer algum amigo íntimo ou participar de uma turma. 
São pessoas que vivem absortas em si mesmas e freqüentemente se mostram indiferentes à 
aprovação ou crítica social, mostram um exterior indiferente, sem reatividade emocional, 
exibem um afeto restrito e parecem frios. Esses indivíduos podem ter uma particular difi-
culdade para expressar raiva, mesmo em resposta à provocação direta, o que contribui 
para a impressão de não possuírem emoções. Ocasionalmente em circunstâncias muito 
incomuns em que se sentem muito à vontade para se revelarem, podem reconhecer senti-
mentos dolorosos principalmente relacionados às interações sociais. 
As pessoas com o transtorno tendem a buscar empregos solitários que envolvem pouco 
ou nenhum contato com outros. Muitos preferem o trabalho noturno ao diurno, de modo 
que não tenham de lidar com muitas pessoas. 
Embora as pessoas com Transtorno de Personalidade Esquizóide possam parecer auto-
absortas e engajadas em devaneios excessivos, não mostram perda da capacidade de 
reconhecimento da realidade. Uma vez que atos agressivos raramente são incluídos em 
seu repertório de respostas habituais, a maior parte cias ameaças, reais ou imaginadas, é 
enfrentada com onipotência ou resignação fantasiosa. Essas pessoas geralmente são vis-
tas como alienadas; contudo, às vezes são capazes de conceber, desenvolver e dar ao 
mundo idéias genuinamente originais e criativas. 
O Transtorno de Personalidade Esquizóide peide aparecer pela primeira vez na infância 
ou adolescência na forma de solidão, fracos relacionamentos com seus pares e baixo 
rendimento escolar, o que pode deixar essas crianças e adolescentes marcados como 
diferentes e sujeitos a zombarias. 
167 
Transtorno de Personalidade Esquizotípica 
Neste manual existem 9 interpretações indicativas de Personalidade Esquizotípica. 
A característica essencial do Transtorno de Personalidade Esquizotípica é vim padrão 
invasivo de déficits sociais e interpessoais, distorções cognitivas ou da percepção de 
comportamentos excêntricos (DSM-IV). 
No Transtorno de Personalidade Esquizotípica, o pensamento e a comunicação estão 
perturbados. Como os pacientes esquizofrênicos, as pessoas com esse transtorno podem 
não conhecer seus próprios sentimentos; contudo, são extremamente sensíveis aos sen-
timentos dos outros, especialmente aos afetos negativos como a raiva. Podem ser supers-
ticiosos ou declarar poderes de clarividência, e na maioria das vezes o seu mundo interi-
or está cheio de relacionamentos imaginários, temores ou fantasias infantis. Também 
podem pensar que possuem poderes especiais de pressentir acontecimentos ou de ler os 
pensamentos de outras pessoas. 
Na maioria das vezes eles não são capazes de lidar com toda a faixa de afetos e indicadores 
interpessoais necessários para relacionamentos bem-sucedidos, de modo que muitas vezes 
parecem interagir com os outros de maneira inadequada, rígida ou constrita. 
Esses indivíduos muitas vezes são considerados esquisitos ou excêntricos por causa dos 
maneirismos incomuns ou pelo modo esquisito de vestir-se, no qual nada combina com 
nada, bem como por sua desatenção às convenções sociais. 
O Transtorno de Personalidade Esquizotípica pode manifestar-se pela primeira vez na 
infância e adolescência, na forma de solidão, fracos relacionamentos com seus pares, 
ansiedade social, baixo rendimento escolar, excessiva suscetibilidade, pensamentos e 
linguagem peculiares e fantasias bizarras. Essas crianças podem parecer "esquisitas" 
ou "excêntricas" e atrair gozações dos colegas. 
Sob tensão, os pacientes com Transtorno de Personalidade Esquizotípica podem 
descompensar-se e apresentar sintomas psicóticos, mas estes geralmente têm duração breve. 
Transtorno de Personalidade Histriónico 
Neste manual existem 9 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade 
histriónica. 
A característica principal desse transtorno é um padrão de excessiva emotividade e 
busca de atenção (DSM-IV). 
168 
Também conhecida por Personalidade Histérica ou Psicoinfantil. Os indivíduos com esse 
transtorno sentem-se desconfortáveis ou desconsiderados quando não são o centro das aten-
ções e exteriorizam um comoortamento exuberante, dramático e extrovertido. Tendem a 
j I. ' 
exagerar seus pensamentos e sentimentos, fazendo com que tudo soe mais importante do 
que realmente é. Exibem ataques de temperamento, lágrimas e acusações, caso não mar-
quem sua presença ou se não estejam recebendo os elogios ou a provação esperada. 
A aparência e o comportamento desses indivíduos na maioria das vezes são inadequados, 
podem mostrar-se excessivamente provocantes ou sedutores, e este comportamento não é 
dirigido somente para aqueles a quem têm interesse sexual ou romântico, e sim para uma 
ampla variedade de relacionamentos sociais, ocupacionais e profissionais. 
Fantasias sexuais sobre pessoas com as quais os pacientes estão envolvidos são co-
muns, mas seus relatossobre estas fantasias são inconsistentes e podem ser tímidos ou 
conquistadores, em vez de sexualmente agressivos. Na verdade, os pacientes 
histriónicos podem ter uma disfunção sexual: as mulheres podem ser anorgásmicas e 
os homens, impotentes. Podem atuar segundo seus impulsos sexuais para confirmarem 
a si mesmos sua atratividade para com o sexo oposto. 
Sua necessidade de reasseguramento é interminável, e seus relacionamentos tendem a ser 
superficiais. Na maioria das vezes mostram-se vaidosos, absortos em si mesmos e instáveis. 
Sua forte necessidade de dependência torna-os exageradamente crédulos e ingênuos. 
Estes pacientes não têm consciência de seus verdadeiros sentimentos e são incapazes de 
explicar suas motivações. Geralmente têm um estilo de discurso excessivamente 
impressionista, porém vago. Podem embaraçar os amigos e conhecidos por sua excessiva 
exibição pública de emoções. Entretanto, suas emoções com freqüência dão a impressão 
de serem ligadas e desligadas com demasiada rapidez para serem profundamente sentidas, 
o que pode levar a acusações de que estão fingindo. 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Histriónica têm um alto grau de 
sugestibilidade, e suas opiniões e sentimentos são facilmente influenciados pelos ou-
tros e pelas tendências do momento. Nos relacionamentos íntimos apresentam dificul-
dade em adquirirem intimidade emocional, com freqüência representam papéis, sem 
se dar conta disto. Os relacionamentos a longo prazo podem ser deixados de lado para 
dar lugar a relacionamentos novos e excitantes. 
Na entrevista, os pacientes histriónicos são geralmente cooperativos e anseiam por forne-
cer uma história detalhada. 
169 
Transtorno da Personalidade Masoquista 
Neste manual existe 1 interpretação indicativa de Transtorno da Personalidade Masoquista. 
A característica da Personalidade Masoquista consiste em obter gratificação infligin-
do dor, humilhação ou sofrimento a si próprio (Kaplan, 1993). 
As pessoas com este transtorno escolhem pessoas e situações que levam ao desapontamento, 
fracasso ou mau tratamento, mesmo quando opções melhores se encontram claramente dis-
poníveis. Geralmente rejeitam as tentativas alheias de oferecimento de auxílio. Depois de 
eventos pessoais positivos (por exemplo, uma nova conquista), respondem com depressão, 
culpa ou um comportamento que provoque dor (por exemplo, um acidente). E comum tam-
bém provocarem respostas de rejeição em outros e depois sentirem-se magoados, derrotados 
ou humilhados (por exemplo, o cônjuge que ridiculariza a esposa em público, provocando 
uma resposta irada, para depois sentir-se arruinado). São pessoas que muitas vezes engajam-
se em auto-sacrificios excessivos não-solicitados e desencorajados por outros. 
No Masoquismo Sexual, os indivíduos sentem-se perturbados por suas fantasias masoquis-
tas, que podem ser invocadas durante o intercurso sexual ou masturbação, mas não atuadas 
de outro modo. Nesses casos, as fantasias masoquistas em geral envolvem ser estuprado, 
preso ou atado por outros, sem possibilidades de fuga. 
Outros agem de acordo com seus desejos sexuais masoquistas por conta própria (por exem-
plo: atando a si mesmos, picando-se com alfinetes ou agulhas, auto-administrando cho-
ques elétricos ou automutilando-se) ou com um parceiro. 
As fantasias masoquistas tendem a ter estado presentes na infância. A idade na qual 
iniciam as atividades masoquistas com parceiros é variável, mas geralmente se situa 
nos primeiros anos da vida adulta. 
Freud (apud Kaplan, 1993) acreditava que a capacidade masoquista para atingir o orgasmo 
seria perturbada pela ansiedade e sentimentos de culpa sobre o sexo, que são aliviadas pelo 
próprio sofrimento e punição. Cerca de 30% dos masoquistas também possuem fantasias 
sádicas, sendo conhecidos como sadomasoquistas. 
Masoquismo Sexual no Kaplan (1993), CID-10 (1993) eDSM-IV (1995) estáemParafiHas. 
Transtorno da Personalidade Narcisista 
Neste manual existem 17 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade 
Narcisista. 
17 2 MANUAL PRÁTICO DO HTP (CAS A-ÁRVORE-PESSOA) E FAMÍLIA 
O Transtorno de Personalidade Narcisista é caracterizado por um padrão invasivo de 
grandiosidade, necessidade de admiração e de falta de empatia (DSM- IV). 
São pessoas que têm um sentimento grandioso cie sua própria importância. Consideram-se 
especiais e esperam um tratamento especial, acreditam ter necessidades especiais, que 
estão além do entendimento das pessoas comuns. Essas pessoas constantemente se preo-
cupam com fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência, beleza ou amor ideal. 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Narcisista exigem admiração excessiva, sua 
auto-estima é quase que invariavelmente muito frágil, vivem a "caçar" elogios e ficam furio-
sos quando isso não ocorre. Essas pessoas esperam que lhes seja dado o que desejam ou 
julgam precisar, não importando o que isto possa significar aos outros. Eles tendem a formar 
amizades ou relacionamentos românticos somente se vislumbram a possibilidacie de que a 
outra pessoa vá ao encontro de seus objetivos ou que aumente sua auto-estima. 
São pessoas que carecem de empatia e têm grandes dificuldades em reconhecer os desejos 
ou sentimentos dos outros, chegando a se impacientarem quando os outros falam de seus 
próprios problemas ou preocupações. Os que se relacionam com os narcisistas descobrem 
neles uma frieza emocional e falta de interesse mútuo. 
Lidam pobremente com as críticas devido à vulnerabilidade de sua auto-estima, e sua 
reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque afrontoso. 
Nas pessoas com Transtorno de Personalidade Narcisista o envelhecimento é mal 
vivenciado, uma vez que valorizam a beleza, o vigor e os atributos da juventude, 
aos quais se apegam de forma inapropriada. Portanto, podem ser mais vulneráveis 
do que os outros grupos às crises da meia-idade. 
Os traços narcisistas podem ser particularmente comuns em adolescentes, não indicando 
necessariamente que terão o transtorno futuramente. 
Transtorno da Personalidade Obsessivo - Compulsivo 
Neste manual existem 33 interpretações indicativas de Transtorno de Personalidade 
Obsessivo-Compulsivo. 
O Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo é caracterizado por um pa-
drão de preocupação com organização, perfeccionismo e controle mental e 
interpessoal (DSM-IV). 
Também conhecido por Neurose Anancástica, Neurose Obsessiva ou Neurose Obsessi-
va-Compulsiva, os pacientes com esse transtorno tentam manter um sentimento de con-
trole por meio de uma atenção exagerada a regras, detalhes triviais, procedimentos, lis-
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 171 
tas, horários ou formalidades, chegando a perder o ponto mais importante da atividade. 
Tais pessoas são formais e sérias, desprovidas, freqüentemente, de senso de humor. Insis-
tem em uma obediência rígida às regras, sendo incapazes de tolerar o que percebem 
como infrações. Por conseguinte, falta-lhes flexibilidade e tolerância. São capazes de 
realizar trabalhos prolongados, desde que sejam rotinizados, e não requeiram alterações 
às quais geralmente não conseguem se adaptar. 
As habilidades interpessoais das pessoas obsessivo-compulsivas são extremamente limita-
das. Afastam as pessoas, são incapazes de comprometer-se e insistem em que os outros se 
submetam às suas necessidades e, por outro lado são, ávidas por agradar aos que vêem 
como mais poderosos do que elas próprias. 
Em razão de seu medo de cometer erros, são indecisos e relutam em tomar decisões. São 
pessoas que demonstram excessiva dedicação ao trabalho e à produtividade, chegando à 
exclusão de atividades de lazer e amizades. Passatempos ou atividades recreativas são abor-
dadas como tarefas sérias, que exigem meticulosa organização e trabalho árduo. A ênfase 
sempre está em um desempenho perfeito. 
As pessoascom este transtorno têm um respeito muito grande e rígido para com autorida-
des e regras, insistem em uma obediência ao pé da letra, sem qualquer flexibilidade de 
regras, e também podem ser incapazes de jogar fora objetos usados ou inúteis, mesmo quando 
não possuem valor sentimental. Também podem ser miseráveis e mesquinhos e manter um 
padrão de vida bem abaixo daquele que seria possível, acreditando que os gastos devem ser 
rigidamente controlados, a fim de se precaverem de futuras catástrofes. 
Qualquer coisa que ameace a rotina da vida destes pacientes ou sua estabilidade pode 
precipitar muita ansiedade, que é contida pelos rituais que impõem às suas vidas e 
tentam impor a outros. 
Transtorno da Personalidade Paranóide 
Este manual contém 16 interpretações para Transtorno de Personalidade Paranóide. 
Transtorno de Personalidade Paranóide é caracterizado por um padrão de des-
confiança e suspeita, de modo que os motivos dos outros são interpretados como 
malévolos (DSM-IV). 
Também conhecido por Personalidade Paranóide Expansiva, Fanática, Querelante ou 
Paranóide Sensitiva, são pessoas que vivem sob uma constante desconfiança das pessoas 
em geral. Recusam responsabilidade por seus próprios sentimentos e atribuem a responsa-
bilidade a outros, supõem que as outras pessoas os exploram, prejudicam ou as enganam, 
ainda que não exista qualquer evidência apoiando esta idéia. Geralmente suspeitam com 
base em poucas ou nenhuma evidência, se preocupam com dúvidas infundadas quanto à 
17 2 MANUAL PRÁTICO DO HTP (CAS A-ÁRVORE-PESSOA) E FAMÍLIA 
Muito antes de escrever, as crianças aprendem a desenhar e, quando desenham por 
lazer, geralmente retratam pessoas, casas, árvores, animais, sol, etc. Esses temas são 
vistos nos trabalhos de crianças de todas as terras e culturas, atestando a universali-
dade básica da mente humana e dos sentimentos. As crianças pequenas tendem a 
ignorar ou transformar a realidade em um mundo subjetivo, rico em fantasias. Os de-
senhos são representações, e não reproduções da realidade. 
O HTP-F alcança também uma função especial, proporcionando uma introdução minima-
mente ameaçadora e maximamente prazerosa, principalmente às crianças. Uma das vanta-
gens da introdução dos desenhos destacadas por Di Leo (1987), especialmente com crianças, 
é que estes permitem "estabelecer um rapport rápido, fácil e agradável com a criança". 
Atualmente, os desenhos das crianças são considerados um meio privilegiado para a des-
coberta do seu mundo interno e da sua psicodinâmica, além de constituírem um modo 
natural de expressão para as mesmas. Sendo um meio de expressão e de comunicação, 
revela muito do inconsciente daquele que desenha. O desenho projetivo, hoje em dia, é 
considerado uma fonte frutífera de informação e compreensão da personalidade, além 
de econômica e profunda. 
Sempre que houver alguma barreira para a linguagem, o desenho apresenta um potencial 
facilitador na expressão da personalidade, servindo também como um meio de descontração, 
mesmo com uma criança tímida ou um adulto de atitude negativa. 
Da oportunidade de se observar e analisar um grande número de desenhos, fica claro o 
surgimento e a elucidação de sentimentos que os pacientes talvez nunca poderiam ser 
capazes de expressar com palavras, mesmo que estivessem inteiramente conscientes des-
ses estados que os atormentam e os mobilizam. Os sentimentos e conflitos dos pacientes, 
sejam eles crianças ou adultos, freqüentemente infiltram-se em seus desenhos, involuntária 
e/ou inconscientemente (observar a análise dos desenhos na descrição de casos clínicos). 
O desenho não constitui uma reprodução fiel da realidade. É antes uma interpretação da 
realidade, uma maneira de ver as coisas e de se colocar diante delas. 
Coube à psicanálise desvendar que o inconsciente fala por meio de imagens simbóli-
cas. Dessa forma, os sonhos, mitos, folclore, fantasias e obras de arte estão impregna-
dos de determinismo inconsciente, sendo seu estudo e interpretação uma importante 
via de acesso ao inconsciente. 
"O HPT investiga o fluxo da personalidade à medida que ela invade a área da criatividade 
artística" (Hammer, 1981). A linguagem do inconsciente é fundamentalmente imaginati-
va e simbólica e, emerge com bastante facilidade por meio dos desenhos. Tanto a lingua-
gem simbólica quanto o desenho alcançam níveis primitivos da personalidade, permitin-
do o acesso ao mundo interno. 
No HTP-F, os desenhos representam um reflexo da personalidade de seu autor e mostram 
mais sobre o artista do que sobre o objeto retratado. As atividades psicomotoras do sujeito 
17 2 MANUAL PRÁTICO DO HTP (CAS A-ÁRVORE-PESSOA) E FAMÍLIA 
lealdade e confiabilidade de seus amigos ou colegas, cujas ações são minuciosamente exa-
minadas em busca de evidências de intenções hostis. 
O lranstorno de Personalidade Paranóide pode manifestar-se pela primeira vez na infân-
cia e adolescência, por uma tendência a ficar solitário, ter fracos relacionamentos com 
seus pares, ansiedade e fantasias idiossincráticas. Essas crianças podem parecer "esqui-
sitas" ou "excêntricas" e provocar zombarias. 
Os adultos com o Transtorno relutam em ter confiança ou intimidade com outras pessoas 
pelo medo de que as informações que compartilham sejam usadas contra eles, geralmente 
lêem significados ocultos, humilhantes e ameaçadores em comentários ou observações be-
nignas, guardam rancores persistentes em perdoar os insultos, ofensas ou deslizes dos quais 
pensam ter sido vítimas. Na maioria das vezes são patologicamente ciumentos, 
freqüentemente suspeitando da fidelidade do cônjuge, sem qualquer justificativa adequa-
da, muitas vezes coletam "evidências" triviais para apoiarem suas crenças ciumentas. 
No geral são pessoas de difícil convivência e na maioria das vezes enfrentam problemas 
com relacionamentos íntimos. Suas desconfianças e excessiva hostilidade podem ser ex-
pressadas em discussões agressivas, queixas recorrentes ou afastamento silencioso e visi-
velmente hostil. Como são hipervigilantes para possíveis ameaças, podem comportar-se 
de maneira reservada, velada e parecer "frias" e sem sentimento de ternura. Esses paci-
entes não possuem calor humano e se impressionam e prestam muita atenção a temas de 
poder e hierarquia, expressando desdém por aqueles vistos como fracos, doentios, preju-
dicados ou de alguma forma defeituosos. Nas situações sociais, as pessoas com Transtor-
no de Personalidade Paranóide podem parecer práticas e eficientes, mas freqüentemente 
geram medo ou conflito em outras pessoas. 
Transtorno da Personalidade Sádica 
Neste manual existe 1 interpretação indicativa de Personalidade Sádica. 
/ 
E caracterizado por um padrão de comportamento cruel, humilhante ou agressivo, 
que começa no início da vida adulta, no qual o indivíduo sente prazer pelo sofri-
mento psicológico ou físico da vítima (Kaplan, 1993). 
As pessoas com este transtorno mostram um padrão generalizado de comportamento 
cruel, humilhante e agressivo, dirigido para os outros. A crueldade ou violência física é usada 
para infligir dor ou domínio e, não para atingir algum objetivo (por exemplo: dominar alguém 
a fim de roubar). Essas pessoas geralmente também gostam de humilhar ou maltratar pessoas 
em frente de outros que geralmente trataram ou disciplinaram alguém, especialmente crian-
ças, com a mesma rigidez (são os pais que educam seus filhos com mãos de ferro). 
173 
Em geral, as pessoas com transtorno de personalidade sádica são fascinadas pela violência, 
armas, ferimentos ou torturas, chegam a divertir-se ou sentir prazer com o sofrimento psi-
cológico ou físico de outros, inclusive nos animais. 
No Sadismo Sexual, o indivíduo pode ter fantasias sádicas a fim de obter prazer, que 
envolvem habitualmente o completo controle sobre a vítima, que se sente aterrorizada 
ante o ato sádico eminente. 
Outroscolocam em prática seus anseios sexuais sádicos com vítimas que não dão con-
sentimento. Em todos esses casos, o que causa excitação sexual é o sofrimento cia 
vítima. As fantasias ou atos sádicos podem envolver atividades que indicam o domínio 
do indivíduo sobre a vítima (por exemplo: forçar a vítima a rastejar ou mantê-la em 
uma jaula) ou podem consistir em atar, vendar, dar palmadas, espancar, chicotear, be-
liscar, bater, queimar, administrar choques elétricos, estuprar, cortar, esfaquear, es-
trangular, torturar, mutilar ou matar a vítima. 
Essas fantasias sexuais sádicas tendem a ter estado presentes na infância. A idade de início das 
atividades sádicas é variável, mas habitualmente ocorre nos primeiros anos da vida adulta. 
Quando o Sadismo Sexual é praticado com parceiros que não consentem com a prática, a 
atividade tende a ser repetida até que o indivíduo com Sadismo Sexual seja preso. Alguns 
indivíduos com Sadismo Sexual podem dedicar-se a atos sádicos por muitos anos, sem ne-
cessidade de aumentar o potencial de infligir sérios danos físicos. Geralmente, entretanto, 
a gravidade dos atos sádicos aumenta com o tempo. 
De acordo com a teoria psicanalítica, o sadismo é uma defesa contra medos de castração 
— os sádicos fazem a outros o que temem que lhes aconteça. O prazer é extraído da ex-
pressão do instinto agressivo. 
Sadismo Sexual no Kaplan (1993), CID-10 (1993) e DSM-IV (1995) estáemParafilias. 
Transtono da Aprendizagem 
Neste manual existem 14 interpretações indicativas de Transtorno da Aprendizagem. 
Os transtornos da aprendizagem são diagnosticados quando os resultados do indiví-
duo em testes padronizados e individualmente administrados, de leitura, matemáti-
ca ou expressão escrita estão substancialmente abaixo do esperado para a idade, 
escolarização e nível de inteligência (DSM-IV). 
Anteriormente chamado de Transtorno das Habilidades Escolares, esses transtornos ca-
racterizam-se por um funcionamento acadêmico substancialmente abaixo do esperado, 
tendo em vista a idade cronológica, medidas de inteligência e educação apropriada à ida-
174 
de. Os transtornos podem ser da leitura, da matemática, da expressão escrita ou transtor-
no de Aprendizagem sem outra especificação, e os problemas de aprendizagem interferem 
significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diária. 
Desmoralização, baixa auto-estima e déficits nas habilidades sociais podem estar as-
sociados com os transtornos de aprendizagem. A taxa de evasão escolar para crianças 
ou adolescentes com transtornos de aprendizagem é de aproximadamente 40%. Os 
adultos com Transtornos de Aprendizagem podem ter dificuldades significativas no 
emprego ou no ajustamento social. 
Anormalidades subjacentes do processamento cognitivo (por exemplo: déficits na percep-
ção visual, processos lingüísticos, atenção, memória ou uma combinação destes) 
freqüentemente precedem ou estão associadas com os Transtornos da Aprendizagem. 
Embora predisposição genética, danos perinatais e várias condições neurológicas ou outras 
condições médicas gerais possam estar associadas com o desenvolvimento dos Transtornos 
de Aprendizagem, a presença dessas condições não prediz, invariavelmente, e existem 
muitos indivíduos com Transtornos de Aprendizagem sem essa história. 
Para um diagnóstico consistente de Transtorno de Aprendizagem o profissional deve 
assegurar-se de que os procedimentos de testagem da inteligência refletem uma aten-
ção adequada à bagagem étnica ou cultural do indivíduo. Os transtornos da Aprendi-
zagem devem ser diferenciados das variações normais na realização acadêmica e das 
dificuldades escolares devido à falta de oportunidades, ensino fraco ou fatores cultu-
rais. A escolarização inadequada pode resultar em fraco desempenho em testes 
estandartizados de rendimento escolar. Crianças de bagagens étnicas ou culturais di-
ferentes daquelas dominantes na cultura da escola ou cuja língua materna não é a 
língua do pais, bem como crianças que freqüentam escolas de ensino inadequado, po-
dem ter fraca pontuação nesses testes. As crianças com essas mesmas bagagens tam-
bém podem estar em maior risco para faltas injustificadas à escola, em virtude de do-
enças mais freqüentes ou ambientes domésticos empobrecidos ou caóticos. 
Os transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares compreendem grupos de trans-
tornos manifestados por comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de 
habilidades escolares. Esses comprometimentos no aprendizado não são resultado direto 
de outros transtornos, tais como retardo mental, déficits neurológicos grosseiros, proble-
mas visuais ou auditivos não corrigidos ou perturbações emocionais, embora eles possam 
ocorrer simultaneamente com tais condições. 
Transtorno da Ansiedade Generalizada 
Neste manual existem 14 interpretações indicativas de Ansiedade Generalizada. 
175 
O Transtorno de Ansiedade Generalizada caracteriza-se por pelo menos 6 meses de 
ansiedade e preocupações excessivas e persistentes (DSM-IV). 
Também conhecida por Neurose de Ansiedade, Reação de Ansiedade ou Estado de Ansi-
edade, o transtorno é caracterizado pelo fato de as pessoas se mostrarem patologicamente 
ansiosas acerca de tudo. Nesses casos é difícil controlar a preocupação que é irrealista ou 
excessiva e não restrita ou mesmo fortemente predominante em alguma circunstância 
ambiental em particular (isto é, ela é flutuante). 
Como em outros transtornos ansiosos, os sintomas ciominantes são altamente variáveis, 
mas queixas de sentimentos contínuos de nervosismo, tremores, tensão muscular, sudorese, 
sensação de cabeça leve, palpitações, fôlego curto, boca seca, tonturas, resposta de sobres-
salto exagerada e desconforto epigástrico são comuns. Medos de que o paciente ou um 
parente vai brevemente adoecer ou sofrer um acidente são freqüentemente expressados, 
junto com uma variedade de outras preocupações e pressentimentos. 
Embora os indivíduos com Transtorno de Ansiedade Generalizada nem sempre sejam capa-
zes de identificar suas preocupações como "excessivas, eles relatam sofrimento subjetivo de-
vido à constante preocupação, têm dificuldade em controlar a preocupação ou experimen-
tam prejuízos no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes. 
A intensidade, duração, freqüência da ansiedade ou preocupação são claramente despro-
porcionais à real probabilidade ou impacto do evento temido. O paciente considera difícil 
evitar que as preocupações interfiram na atenção a tarefas que precisam ser realizadas e 
têm dificuldade em parar de se preocupar. 
Crianças com Transtorno de Ansiedade Generalizada tendem a exibir preocupação exces-
siva cora a sua competência, com o desempenho escolar, atlético ou social, apresentam 
necessidade freqüente de reasseguramento ou então mostram um excesso de queixas 
somáticas. Adultos freqüentemente se preocupam com circunstâncias cotidianas e roti-
neiras, tais como possíveis responsabilidades no emprego, finanças, saúde dos membros da 
família, infortúnios acometendo os filhos ou mesmo questões menores. Durante o curso do 
transtorno, o foco da preocupação pode mudar de uma preocupação para outra, e 
freqüentemente está relacionacio a estresse ambiental crônico. 
Alguns dados sugerem que acontecimentos vitais estariam associados com o aparecimento 
do Transtorno de Ansiedade Generalizada. O transtorno apresenta uma condição crôni-
ca, que se não tratada pode durar a vida inteira. 
Transtorno de Conduta 
Neste manual existem 16 interpretações indicativas de Transtorno de Conduta. 
176 
A característica essencial do Transtorno da Conduta é um padrão repetitivo e persis-
tente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou 
normas ou regras sociais importantes apropriadas à idade (DSM-IV), 
A conduta é mais séria do que as travessurase brincadeiras comuns das crianças e adoles-
centes. O transtorno de Conduta é caracterizado por um padrão repetitivo e persistente de 
conduta anti-social, agressiva ou desafiadora. Os comportamentos do transtorno caem em 
quatro agrupamentos principais: conduta agressiva que causa ou ameaça danos físicos a ou-
tras pessoas ou a animais, conduta não-agressiva que causa perdas ou danos a propriedades, 
defraudação ou furto e sérias violações de regras. A perturbação do comportamento causa 
prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional. 
Julgamentos acerca da presença de transtorno de conduta devem levar em considera-
ção o nível de desenvolvimento da criança. Este diagnóstico aplica-se apenas a pesso-
as menores de 18 anos de idade. 
Uma vez que os indivíduos com Transtorno de Conduta tendem a minimizar seus proble-
mas, o psicólogo com freqüência precisa recorrer a informações adicionais. 
0 transtorno de Conduta é mais comum em filhos de pais com distúrbios de personalidade anti-
social e dependência de álcool, do que na população geral. Condições domésticas caóticas, 
abuso infantil e negligência estão associados com o transtorno de conduta e delinqüência. 
As crianças criadas em condições caóticas e negligentes tornam-se zangadas, exigentes, 
perturbadoras e incapazes de desenvolver, progressivamente, a tolerância à frustração, 
necessária para relacionamentos maduros. Uma vez que seus modelos de papéis são defici-
entes e freqüentemente mudam, não existe a base para o desenvolvimento, tanto de um 
ideal de ego quanto de consciência. As crianças sentem pouca motivação para seguirem as 
normas sociais e são relativamente imunes ao remorso. 
Os indivíduos com este transtorno também cometem sérias violações de regras. As crian-
ças apresentam como padrão, iniciando-se prematuramente antes dos 13 anos de idade 
permanência fora de casa até tarde da noite, apesar de proibições dos pais, como também 
pode haver fugas de casa durante a noite. 
Esses indivíduos podem ter pouca empatia e pouca preocupação pelos sentimentos, de-
sejos e bem estar dos outros. Especialmente em situações ambíguas, as crianças com este 
transtorno, em geral, percebem mal as intenções dos outros, interpretando-as como mais 
hostis e ameaçadoras do que de fato são. Geralmente respondem com uma agressão que 
identificam como razoável e justificada, podem ser grosseiras e não possuem sentimentos 
apropriados de culpa ou remorso. A auto-estima na maioria das vezes é muito baixa, 
embora possam projetar uma imagem de "durão". 
O transtorno de Conduta muitas vezes está associado com um início precoce de comporta-
mento sexual, consumo de álcool, uso de substâncias ilícitas e atos imprudentes e arrisca-
dos. Os comportamentos desses indivíduos podem levar à suspensão ou expulsão da escola, 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 40 
problemas de ajustamento no trabalho, dificuldades legais, doenças sexualmente 
transmissíveis, gravidez não-planejada e ferimentos por acidentes ou lutas corporais. 
Os sintomas do transtorno variam com a idade, à medida que o indivíduo desenvolve mai-
or força física, capacidades cognitivas e maturidade sexual. Podem se iniciar aos 5 ou 6 
anos de idade, mas habitualmente aparecem ao final da infância ou início da adolescência. 
Transtorno de Despersonalização 
Neste manual existem 3 interpretações indicativas de Transtorno de Despersonalização. 
Transtorno de Despersonalização é caracterizado por um sentimento persistente ou 
recorrente de estar distanciado dos próprios processos mentais ou do próprio corpo, 
acompanhado por um teste de realidade intacto (DSM-IV). 
A principal queixa do paciente é que a sua atividade mental, seu corpo e/ou ambiente 
estão alterados em sua qualidade. Os indivíduos com o Transtorno podem sentir-se como 
que mecanizados ou que estão em um sonho ou distanciados do próprio corpo. Outra quei-
xa comum é de que não estão produzindo seu próprio pensamento, imaginação ou lem-
branças, que seus movimentos e comportamentos não são, de algum modo, deles próprios. 
Os indivíduos com Transtorno de Despersonalização mantêm um teste de realidade intacto, 
isto é, apresentam consciência de que isto é apenas uma sensação e de que não são real-
mente um autômato. Muitos deles freqüentemente podem ter dificuldade em descrever 
seus sintomas por temer que essas experiências signifiquem que estão "loucos". 
A Despersonalização é uma experiência comum; deve-se fazer esse diagnóstico apenas se os 
sintomas forem suficientemente severos para causar sofrimento acentuado ou prejuízo no 
funcionamento. Mais comumente, os fenômenos de despersonalização ocorrem no contexto 
de Doenças Depressivas, Hipocondria, Transtorno Fóbico e Transtorno Obsessivo-Compul-
sivo. Elementos da síndrome podem também ocorrer em indivíduos mentalmente saudáveis 
em estados de fadiga, privação sensorial ou intoxicação alucinógena. 
Experiências voluntárias induzidas de Despersonalização fazem parte das práticas de 
meditação e transe prevalentes em muitas religiões e culturas, não devendo ser con-
fundidas com o Transtorno. 
Transtorno de Estresse Pós-Traumático 
Neste manual existem 18 interpretações indicativas do Transtorno de Estresse Pós-
Traumático. 
178 
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático caracteriza-se pela revivência de um even-
to extremamente traumático, acompanhada por sintomas de excitação aumentada e 
esquiva de estímulos associados com o trauma (DSM-IV). 
Também conhecido por Neurose Traumática, é um transtorno que pode ocorrer em qual-
quer idade, mesmo na tenra infância. O transtorno desenvolve-se em pessoas que experi-
mentaram estresse físico ou emocional envolvendo uma resposta de intenso medo, impo-
tência ou horror. Os sintomas típicos incluem episódios de repetidas revivências do trauma 
sob a forma de memórias intrusas ou sonhos, falta de responsividade ao ambiente e evitação 
de indicativos que relembrem ao paciente o trauma original. Há usualmente um estado de 
hiper-excitação autônoma com hipervigilância, uma reação de choque aumentada e insó-
nia. Da mesma forma a ansiedade e a depressão estão comumente associadas aos sinto-
mas; e o uso excessivo de álcool ou drogas pode ser um fator de complicação. 
Os sintomas em geral iniciam nos três primeiros meses após o trauma, embora possa haver 
um lapso de meses ou mesmo anos antes do seu aparecimento, surgindo como uma respos-
ta tardia a um evento ou situação estressante. 
A probabilidade de desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático em pessoas 
após um desastre ou trauma está positivamente correlacionada à gravidade do estressor. 
Quanto mais grave o estressor, maior a probabilidade de as pessoas desenvolverem o transtor-
no. Quando o trauma é relativamente leve (um acidente automobilístico sem vítimas fatais), 
a probabilidade é menor, pois fazer parte de um grupo de sobrevivente muitas vezes faz com 
que as pessoas lidem melhor com o trauma, compartilhando a experiência com outros. 
Em geral, as pessoas muito jovens ou crianças e muito idosas têm mais dificuldade para lida-
rem com os eventos traumáticos do que aqueles na meia-idade. Presumivelmente, as crian-
ças pequenas ainda não têm mecanismos de enfrentamento adequados para lidar com os 
insultos físicos e emocionais do trauma. Similarmente, as pessoas idosas, quando comparadas 
com os adultos jovens, tendem a ter mecanismos de enfrentamento mais rígidos e a serem 
menos capazes de um enfoque flexível para os efeitos do trauma. Além disso, os efeitos do 
trauma podem ser exacerbados por incapacidades físicas e outras características da velhice. 
Transtorno de Somatização 
Neste manual existem 25 interpretações indicativas de Transtorno de Somatização. 
O Transtorno de Somatização é um transtorno polissintomático que inicia antes dos 
30 anos, estende-se por um períodode anos e é caracterizado por uma combinação 
de dor, sintomas gastrintestinais, sexuais e pseudoneurológicos (DSM-IV). 
O Transtorno de Somatização é conhecido como Histeria, Transtorno Psicossomático 
Múltiplo, Síndrome de Queixas Múltiplas ou Síndrome de Briquet. 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 179 
A característica do Transtorno é um padrão de múltiplas queixas somáticas recorrentes e 
clinicamente significativas. As múltiplas queixas somáticas não podem ser plenamente 
explicadas por qualquer condição médica 011 pelos efeitos diretos de uma substância. 
A maioria cios pacientes tem longa e complicada história de contato com serviços médi-
cos tanto primários quanto especializados, durante a qual muitas investigações negati-
vas ou operações infrutíferas podem ser realizadas. Podem ser referidos sintomas relaci-
onados a qualquer parte ou sistema do corpo, mas sensações gastrintestinais (dor, 
eructação, regurgitação, vômito, náusea, etc.) e sensações cutâneas anormais (coceiras, 
queimação, formigamento, dormência, sensibilidade, etc.) e erupções ou manchas estão 
entre as mais comuns. Queixas sexuais e menstruais são também comuns. O curso do 
transtorno é crônico e flutuante e com freqüência está associado a rompimento dura-
douro do comportamento social, interpessoal ou familiar. 
A causa do Transtorno de Somatização é desconhecida, embora o exemplo dos pais, bem 
como os costumes culturais e étnicos, ensinem algumas crianças a somatizar. Além ciisso, 
muitos pacientes são oriundos de lares instáveis e foram fisicamente maltratados. 
Os pacientes com Transtorno de Somatização geralmente descrevem suas queixas cie um 
modo dramático, emotivo e exagerado, com linguagem vívida e colorida. Esses pacientes 
confundem seqüências temporais e não conseguem distinguir claramente os sintomas atu-
ais da história passada. Freqüentemente vestem-se de modo exibicionista e podem ser 
sedutores e cativantes. São descritos como dependentes, auto-centrados, famintos por 
admiração, elogios e com freqüência são manipuladores. A história médica dos pacientes 
geralmente é circunstancial, vaga, imprecisa, inconsistente e desorganizada. Eles muitas 
vezes buscam tratamento com vários médicos ao mesmo tempo, o que pode levá-los a com-
binações de tratamentos complicados e por vezes prejudiciais. 
Transtorno Depressivo 
Neste manual encontram-se 56 interpretações indicativas para o Transtorno Depressivo. 
O Transtorno Depressivo caracteriza-se por um ou mais Episódios Depressivos, isto é, 
pelo menos duas semanas de humor deprimido, perda de interesse e prazer, energia 
reduzida levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade diminuída (DSM-IV). 
O Transtorno Depressivo pode ocorrer na criança, no adolescente, no adulto e no idoso. O 
humor deprimido e uma perda de interesse ou prazer são os sintomas-chave da depressão. É 
comum o discurso de desânimo, desesperança e sentimento de inutilidade. Os pacientes 
freqüentemente descrevem os sintomas da depressão como uma dor emocional agonizante. 
Nas crianças observa-se um apego excessivo aos pais, fobia à escola ou humor irritável ou 
rabugento, em vez de um humor triste ou abatido. Durante a adolescência, a apresentação 
17 2 MANUAL PRÁTICO DO HTP (CAS A-ÁRVORE-PESSOA) E FAMÍLIA 
clínica pode mostrar marcantes variações individuais, como consumo excessivo de álcool 
ou drogas, comportamento anti-social, desempenho escolar pobre, exacerbação de sinto-
mas fóbicos ou obsessivos preexistentes ou preocupações hipocondríacas. 
O adulto deve apresentar pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma lista que 
inclui: alterações no apetite ou peso, sono e atividade psicomotora, diminuição da energia, 
sentimentos de desvalia ou culpa, dificuldade para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, 
ou pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio. 
A perda de interesse ou prazer quase sempre está presente, pelo menos em algum grau. Os 
pacientes podem relatar menor interesse por passatempos, "não ligo mais", ou a falta de prazer 
com qualquer atividade anteriormente considerada agradável. Os familiares freqüentemente 
percebem esse retraimento social ou a negligência a atividades agradáveis. Em alguns indiví-
duos, há uma redução significativa nos níveis anteriores de interesse ou desejo sexual. 
O apetite pode ser reduzido ou demonstrar uma avidez por alimentos específicos (por exemplo: 
doces ou outros carboidratos). Aproximadamente 90% dos pacientes queixam-se de perturba-
ções do sono, especialmente despertar precoce ou despertares múltiplos à noite, durante os 
quais ruminam seus problemas. Com menor freqüência , os pacientes apresentam sonolência 
excessiva, na forma de episódios prolongados de sono noturno ou sono durante o dia. 
As alterações psicomotoras incluem agitação (por exemplo: incapacidade para ficar senta-
do, ficar andando sem parar, mexer as pernas, etc.) ou retardo psicomotor (por exemplo: 
discurso, pensamento ou movimentos corporais lentificados, fala diminuída em termos de 
volume, etc.). Essas alterações devem ser suficientemente severas para serem observáveis 
por outros, e não apenas sentimentos subjetivos. 
Quase todos os pacientes deprimidos (97%) queixam-se de energia reduzida, resultan-
do em dificuldades para terminar tarefas, prejuízo escolar e profissional, e motivação 
para pôr em prática novos projetos. 
O sentimento de desvalia ou culpa associado pode incluir avaliações negativas e irrealistas 
da própria vida, preocupações cheias de culpa ou ruminações acerca de pequenos fracas-
sos do passado. Esses indivíduos freqüentemente interpretam mal eventos triviais ou neu-
tros do cotidiano como evidências de defeitos pessoais e têm um senso exagerado de res-
ponsabilidade pelas adversidades. 
Muitos pacientes relatam prejuízo na capacidade de pensar, concentrar-se ou tomar deci-
sões. Em crianças uma queda abrupta no rendimento escolar pode refletir uma fraca con-
centração. Em indivíduos idosos as dificuldades de memória podem ser a queixa principal. 
Aproximadamente dois terços dos pacientes deprimidos pensam em suicídio, e 10% a 15% 
o cometem. Os pacientes deprimidos às vezes queixam-se de serem incapazes de chorar, 
iim cinh^mo nua co t-ocr^ l t TC± o ma nua r\~\ ü At*otr\ 
ciiii juiLV/iua jc icowivc ci iiiv^n CIIIL. 
Para episódios depressivos de todos os três graus de gravidade (leve, moderado ou se-
vero), uma duração de pelo menos duas semanas é usualmente requerida para o diag-
181 
nóstico, mas períodos mais curtos podem ser razoáveis se os sintomas são bastante gra-
ves e de início rápido. 
Transtorno do Pânico 
Neste manual existem 8 interpretações indicativas de Transtorno do Pânico. 
É caracterizado por Ataques de Pânico inesperados e recorrentes acerca dos quais o 
indivíduo se sente persistentemente preocupado, seguidos por pelo menos um mês 
de preocupação acerca de ter um outro Ataque de Pânico (DSM-IV). 
Um ataque de pânico é representado por um período distinto no qual há o início súbito 
de intensa apreensão, temor ou terror, freqüentemente associados com sentimentos de 
catástrofe eminente. Durante esses ataques, estão presentes sintomas, tais como falta 
de ar, palpitações, dor ou desconforto torácico, sensação de sufocamento e medo de 
"ficar louco" ou perder o controle (DSM-IV). 
Os aspectos essenciais são ataques recorrentes de ansiedade grave (pânico), os quais não são 
restritos a qualquer situação ou conjunto cie circunstâncias em particular e que são, portan-
to, imprevisíveis. Os sintomas ciominantes variam cie pessoa para pessoa, porém, início súbito 
de palpitações, dor no peito, sensações de choque, tontura e sentimentos de irrealidade 
(despersonalização) são comuns. Geralmente há um medo secundário de morrer, perder o 
controle ou ficar louco. Os ataques individuais usualmente duramapenas minutos, ainda 
que às vezes sejam mais prolongados; sua freqüência e curso são muito variáveis. Um pacien-
te em um ataque de pânico, em geral, experimenta um medo muito súbito e sintomas autô-
matos, os quais resultam em uma saída, usualmente apressada, de onde quer que ele esteja. 
Os ataques de pânico constantes produzem medo de ficar sozinho ou ir a lugares públicos e 
geralmente é seguido de um medo persistente de ter outro ataque (CID-10). 
Os indivíduos com Transtorno de Pânico apresentam preocupações acerca das implicações 
ou conseqüências dos Ataques de Pânico. Alguns temem que os ataques indiquem a pre-
sença de uma doença não diagnosticada e ameaçadora à vida. 
Os ataques também podem ser percebidos como uma indicação de que estão ficando loucos 
ou perdendo o controle. As preocupações acerca do próximo ataque ou suas implicações 
muitas vezes são associadas com o desenvolvimento de um comportamento de esquiva. 
A idade de início varia muito, mas normalmente pode começar no final da adolescência e 
início da idade adulta, apenas um pequeno número de casos começa na infância. 
Além da preocupação com os Ataques de Pânico e suas implicações, muitos indivíduos 
também relatam sentimentos constantes ou intermitentes de ansiedade não focalizada 
sobre qualquer situação ou evento específico. Outros tornam-se excessivamente apreensi-
182 
vos acerca do resultado de atividades e experiências rotineiras, particularmente aquelas 
relacionadas à saúde ou separação de pessoas queridas. Esses indivíduos também toleram 
menos os efeitos colaterais de medicamentos. 
Em pessoas onde o Transtorno do Pânico não foi convencionalmente tratado ou foi diagnos-
ticado incorretamente, a crença de terem uma doença ameaçadora à vida não detectada 
pode levar a uma ansiedade debilitante e crônica e a constantes consultas médicas. Este 
padrão pode ser perturbador tanto do ponto de vista emocional como financeiro. 
Esquizofrenia 
De acordo comas pesquisas de Hammer (1981), Laurenção Van Kolck (1984), Souza Cam-
pos (1989), neste manual existem 31 interpretações indicativas de Esquizofrenia. 
A Esquizofrenia é uma perturbação que dura pelo menos 6 meses e inclui pelo 
menos um mês de sintomas da fase ativa (isto é, dois ou mais) dos seguintes: delírios, 
alucinações, discurso desorganizado, comportamento amplamente desorganizado ou 
catatônico e sintomas negativos (apatia, pobreza de discurso e embotamento de 
respostas emocionais) (DSM-IV). 
Os transtornos esquizofrênicos são caracterizados por distorções do pensamento, da per-
cepção e pelo afeto inadequado. Muitas vezes a consciência e a capacidade intelectual 
não apresentam prejuízos, embora certos déficits cognitivos possam surgir com o tempo. 
A doença envolve funções básicas que dão à pessoa normal um senso de individualidade, 
unicidade e de direção de si mesmo. 
Os sintomas característicos de Esquizofrenia envolvem uma faixa de disfunções 
cognitivas e emocionais que acometem a percepção, o pensamento inferencial, a lin-
guagem e a comunicação, o monitoramento comportamental, o afeto, a fluência e a 
produtividade do pensamento e do discurso, a capacidade hedônica, a volição, o im-
pulso e a atenção. Nenhum sintoma isolado é patognomônico de Esquizofrenia; o diag-
nóstico envolve o reconhecimento de uma constelação de sinais e sintomas associados 
com prejuízo no funcionamento ocupacional ou social. 
Esses sintomas característicos podem ser conceituados como positivos (refletindo um ex-
cesso de distorções das funções normais - delírios, alucinações, discurso desorganizado e 
comportamento amplamente desorganizado ou catatônico) ou negativos (perda ou dimi-
nuição das funções normais - embotamento do afeto, alogia e avolição). 
Os delírios são crenças errôneas, habitualmente envolvendo a interpretação falsa de per-
cepções ou experiências. Seu conteúdo pode incluir uma variedade de temas (por exem-
plo: persecutórios, referenciais, somáticos, religiosos ou grandiosos). Os delírios expressam 
uma perda de controle sobre a mente ou o corpo e geralmente são considerados bizarros. 
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 18 3 
As alucinações podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial, mas as alucinações au-
ditivas são de longe as mais comuns e características da Esquizofrenia, sendo geralmente 
experimentadas como vozes conhecidas ou estranhas, que são percebidas como distintas 
dos pensamentos da própria pessoa. 
A desorganização do pensamento é definida como o aspecto mais importante, sendo que o 
indivíduo apresenta um discurso desorganizado. O discurso dos indivíduos pode ser desor-
ganizado de várias maneiras, e a pessoa pode saltar de um assunto para outro ou as respos-
tas podem não ter relação alguma com as perguntas. 
Um comportamento amplamente desorganizado também pode manifestar-se de várias 
maneiras, estando em um extremo o comportamento tolo e pueril até a agitação imprevisível. 
Os comportamentos motores catatônicos incluem uma diminuição acentuada da reatividade 
ao ambiente, às vezes alcançando um grau extremo de completa falta de consciência (esturpor 
cata tônico), manutenção de uma postura rígida e resistência aos esforços de mobilização 
(rigidez catatônica), resistência ativa a instruções ou tentativas de mobilização (negativismo 
catatônico), adoção de posturas inadequadas ou bizarras (postura catatônica) ou excessiva 
atividade motora sem propósito e não estimulada (excitação catatônica). 
Os sintomas negativos da Esquizofrenia respondem por um grau substancial de morbidade 
associada ao transtorno. O afeto embotado é especialmente comum e se caracteriza pelo fato 
de o rosto da pessoa mostrar-se imóvel e irresponsivo, com pouco contato visual e linguagem 
corporal reduzida. A alogia (pobreza do discurso) é manifestada por respostas breves, lacônicas 
e vazias. A avolição caracteriza-se por incapacidade de iniciar e persistir em atividades dirigidas 
a um objeto. A pessoa pode ficar sentada por longos períodos de tempo e demonstra pouco 
interesse em participar de atividades profissionais ou sociais. 
A Esquizofrenia envolve disfunção em uma ou mais áreas importantes do funcionamento. 
Tipicamente, o funcionamento está claramente abaixo daquele que havia sido atingido 
antes do aparecimento dos sintomas. Se a perturbação começa na infância ou adolescên-
cia, entretanto, pode haver um fracasso em conquistar o que seria esperado do indivíduo, 
em vez de uma deteriorização no funcionamento. A comparação entre o indivíduo e seus 
irmãos não-afetados pode ser útil para esta determinação. O progresso educacional 
freqüentemente fica perturbado, podendo o indivíduo ser incapaz de terminar a 
escolarização. Muitos indivíduos são incapazes de manter um trabalho por períodos prolon-
gados de tempo e estão empregados em um nível inferior ao de seus pais. A maioria dos 
indivíduos com Esquizofrenia não se casa, e a maior parte mantém contatos sociais relati-
vamente limitados. A disfunção persiste por um período substancial durante o curso do 
transtorno e não parece ser o resultado direto de qualquer aspecto isolado. 
O começo pode ser agudo, com comportamento seriamente perturbado, ou insidioso, com 
um desenvolvimento gradual de idéias e condutas estranhas. O curso do transtorno mostra 
igualmente uma grande variação e não é, sem dúvida, inevitavelmente crônico ou deteriorante. 
Numa proporção de casos, que pode variar em diferentes culturas e populações, a evolução é 
17 2 MANUAL PRÁTICO DO HTP (CAS A-ÁRVORE-PESSOA) E FAMÍLIA 
para uma completa ou quase completa recuperação. Os sexos são mais ou menos igualmente 
afetados, mas o começo tende a ser mais tardio nas mulheres (CID-10). 
Exibicionismo 
Neste manual existem 13 interpretações indicativas para o comportamento exibicionista. 
A característica do comportamento Exibicionista é a exposição dos próprios genitaisa um estranho ou a pessoas em lugares públicos, sem convite ou pretensão de 
contato íntimo (DSM-IV). 
A excitação sexual decorre da antecipação da exposição, e o orgasmo acontece pela 
masturbação durante ou após o evento. As vezes o indivíduo se masturba durante a 
exposição (ou enquanto fantasia que se expõe). Se o indivíduo age sob influência desses 
anseios, geralmente não existe qualquer tentativa de uma atividade sexual adicional 
com o estranho. Em alguns casos, o indivíduo está consciente de um desejo de surpreen-
der ou chocar o observador; em outros, o indivíduo tem a fantasia sexualmente excitan-
te de que o observador ficará sexualmente excitado. 
O exibicionismo está quase inteiramente limitado a homens heterossexuais que se exibem 
para mulheres adultas ou adolescentes. Para alguns, o exibicionismo é sua única atividade 
sexual, mas outros mantêm o hábito simultaneamente a uma vida sexual ativa e dentro de 
um relacionamento duradouro, embora seus ímpetos possam tornar-se mais aguçados frente 
a um conflito no relacionamento. 
A dinâmica do exibicionista reside na afirmação de sua masculinidade mediante a exposição do 
pênis e observação da reação da vítima - medo, surpresa ou aversão. Inconscientemente, estes 
homens sentem-se castrados e impotentes. As esposas de exibicionistas geralmente servem de 
substitutas da mãe, a quem o paciente esteve excessivamente apegado durante a infância. 
A maior parte dos exibicionistas considera seus ímpetos difíceis de controlar e alheios ao 
próprio ego. Se a pessoa para quem se exibe parece chocada, assustada ou impressionada, a 
excitação do exibicionista é freqüentemente intensificada. 
O início em geral ocorre antes dos 18, anos embora possa começar mais tarde. Poucos 
indivíduos de grupos etários mais velhos são detidos, o que pode sugerir que a condição se 
torna menos severa após os 40 anos de idade (CID-10). 
185 
Fobia Social 
Neste manual existem 16 interpretações referentes à Fobia Social. 
A Fobia Social caracteriza-se por ansiedade clinicamente significativa provocada 
pela exposição a certos tipos de situações sociais ou de desempenho, freqüentemente 
levando ao comportamento de esquiva (DSM-IV). 
Também chamada de Antropofobia, Neurose Social, Histeria de Ansiedade ou Trans-
torno de Ansiedade Social, é uma fobia que está usualmente associada a baixa auto-
estima, medo de críticas, avaliações negativas, medo de rejeição e sentimento de infe-
rioridade. A exposição à situação social ou de desempenho provoca uma resposta ime-
diata de ansiedade, pelo medo de ser indiretamente avaliado por outras pessoas, res-
posta esta que pode assumir a forma de Ataque de Pânico ligado à situação. Embora 
adolescentes e adultos com este transtorno reconheçam que seu medo é excessivo ou 
irracional, isto pode não ocorrer com as crianças. 
Nas situações sociais ou de desempenho temidas, os pacientes com Fobia Social experi-
mentam preocupações acerca de embaraço e temem que as outras pessoas os considerem 
ansiosos, débeis, "malucos" ou estúpidos. 
Eles podem ter medo de falar em público em virtude da preocupação de que os outros 
percebam a sua ansiedade pelo calor ou gelo das mãos, voz indecisa ou dificuldade em se 
expressar. Também podem esquivar-se de comer, beber ou escrever em público, pelo medo 
de sentirem embaraço se os outros perceberem sua fobia. 
Em crianças, pode haver choro, ataques de raiva, imobilidade, comportamento aderente 
ou permanência junto a uma pessoa familiar, podendo a inibição das interações chegar ao 
ponto do mutismo. Crianças pequenas podem mostrar-se excessivamente tímidas em con-
textos sociais estranhos, retraindo-se do contato, recusando-se a participar em brincadei-
ras de grupo, permanecendo tipicamente na periferia das atividades sociais e tentando 
permanecer próximas a adultos conhecidos. 
Diferentemente dos adultos, as crianças com Fobia Social em geral não têm a opção de 
evitar completamente as situações temidas e podem ser incapazes de identificar a natu-
reza de sua ansiedade. Elas podem apresentar declínio no rendimento escolar, recusa em 
ir à escola ou esquiva de atividades sociais e encontros adequados à idade. Para este 
diagnóstico em crianças, deve haver evidências de que são capazes de relacionar-se so-
cialmente com pessoas familiares, e a ansiedade social deve ocorrer em contextos envol-
vendo seus pares, não apenas em interações com adultos. 
Muitos pacientes conseguem levar uma vida relativamente normal, apesar do Transtorno 
Fóbico, porque o objeto ou a situação fóbica é facilmente evitável; diferentemente do Trans-
torno do Pânico em que os ataques são imprevisíveis e inesperados. 
17 2 
MANUAL PRÁTICO DO HTP (CAS A-ÁRVORE-PESSOA) E FAMÍLIA 
Hipocondria 
Esse manual apresenta 14 interpretações indicativas de Hipocondria. 
Hipocondria é preocupação com o medo ou a idéia de ter uma doença grave, com base 
em uma interpretação errônea de sintomas ou funções corporais (DSM-IV). 
A Hipocondria é também chamada de Transtorno Dismórfico Corporal, Dismorfobia Não 
Delirante, Neurose Hipocondríaca ou Nosofobia, e sua característica essencial é a preocu-
pação persistente com a possibilidade de ter um ou mais transtornos físicos sérios e progres-
sivos. Uma avaliação médica completa não é capaz de identificar a doença que responda 
plenamente pelas preocupações da pessoa, e o medo ou as idéias inadequadas persistem 
apesar das garantias ao contrário. Entretanto, a crença não tem intensidade delirante, a 
pessoa é capaz de reconhecer a possibilidade de estar exagerando a extensão da doença 
temida ou de não existir absolutamente qualquer patologia. 
A preocupação na Hipocondria pode envolver funções corporais, anormalidades físicas 
menores, preocupação com um órgão específico, doença específica ou sensações somáticas 
e ambíguas. Os pacientes hipocondríacos podem acreditar ter uma doença séria ainda não 
detectada, e esta convicção persiste apesar de resultados laboratoriais negativos, do curso 
benigno ao longo do tempo e da avaliação apropriada do médico. 
Os pacientes com Hipocondria podem alarmar-se ao lerem ou ouvirem sobre doenças ou ao 
saberem que alguém adoeceu ou por sensações e ocorrências nos seus próprios corpos. 
Psicodinamicamente acredita-se que desejos agressivos e hostis em relação aos outros são 
transferidos (repressão e deslocamento) para queixas físicas. A raiva dos hipocondríacos ori-
gina-se de decepções, rejeições e perdas passadas, mas é expressa no presente por meio de 
solicitação da ajuda e preocupação de outras pessoas e posterior rejeição das mesmas como 
inefetivas. A hipocondria também tem sido vista como uma defesa contra a culpa, um senso 
de maldade inata, uma expressão de baixa auto-estima e um sinal de preocupação excessiva 
com a própria pessoa. A dor e o sofrimento somático transformam-se, assim, num meio de 
compensação e expiação (anulação), podendo ser experimentados como uma punição mere-
cida por erros passados (reais ou imaginários) e como uma sensação de ser mau e pecador. 
A hipocondria pode ser de origem sócio-cultural e tem sido vista como um pedicio de 
admissão ao papel de doente, feito por uma pessoa que se defronta com problemas 
aparentemente insolúveis e insuperáveis. O papel de doente oferece uma via de saída, 
porque ao paciente doente é permitido evitar obrigações nocivas e adiar desafios desa-
gradáveis, sendo desculpado dos deveres. 
Reações hipocondríacas transitórias ocorrem após estresses maiores, como morte ou doen-
ça séria de alguém importante ou uma doença ameaçadora à vida que foi resolvida. As 
respostas hipocondríacas transitórias ao estresse extremo geralmente apresentam remis-
MARIA FLORENTINA N. GODINHO RETONDO 187 
são, quando o estresse é resolvido, mas podem tornar-se crônicas, se reforçadas por pessoas 
no sistema social do paciente ou por profissionais dasaúde. 
A Hipocondria pode iniciar-se em qualquer idade, e certos fatores são pré-disponentes 
como doenças graves na infância, experiência anterior com doença em um membro da 
família ou com a morte de alguém próximo ao paciente. 
Homossexualidade 
Este manual contém 19 interpretações sugestivas de homossexualidade. 
Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10, a 
orientação sexual por si só não é considerada como um transtorno, e a orientação 
sexual pode ser Heterossexual, Homossexual ou Bissexual. 
As causas do comportamento homossexual são enigmáticas. De acordo com a teoria 
psicodinâmica, as situações do início da vida que podem resultar no comportamento homos-
sexual masculino incluem uma forte fixação à mãe, falta de cuidados paternais efetivos, ini-
bição do desenvolvimento masculino pelos pais e perda na competição com irmãos e irmãs. 
A visão psicodinâmica sobre a homossexualidade feminina inclui uma falta na resolução da 
inveja do pênis, associada a conflitos edípicos não resolvidos. As mulheres homossexuais, 
comparadas com as mulheres heterossexuais, são descritas como tendo pais ternos e íntimos, 
ao contrário daquilo que se descobriu em relação aos homens homossexuais. Entretanto, as 
descrições das mães de homossexuais femininas não eram diferentes das de heterossexuais. 
Alguns homossexuais, particularmente homens, relatam uma conscientização acerca de 
atrações românticas pelo mesmo sexo antes da puberdade. De acordo com os dados de 
Kinsey (apud Kaplan, 1993), cerca de metade de todos os homens pré-púberes tem alguma 
experiência genital com um parceiro do mesmo sexo. Entretanto, esta experiência é, 
freqüentemente, de natureza exploratória, particularmente se compartilhada com um com-
panheiro, não com um adulto, e tipicamente não possui um forte componente afetivo. 
A maioria dos homossexuais masculinos e femininos recorda o aparecimento de atrações 
românticas e eróticas por parceiros do mesmo sexo durante o início da adolescência. En-
tretanto, o claro reconhecimento da preferência por um (a) parceiro (a) do mesmo sexo 
tipicamente ocorre do meio ao final da adolescência ou após a idade adulta jovem. 
As mulheres mais do que homens homossexuais parecem ter experiências heterossexuais 
durante suas carreiras homossexuais primárias. Em um estudo, 56% de uma amostragem 
de lésbicas teve intercurso antes de sua primeira experiência homossexual genital, compa-
rada com 19% de uma amostra de homossexuais masculinos que tiveram intercurso hete-
17 2 MANUAL PRÁTICO DO HTP (CAS A-ÁRVORE-PESSOA) E FAMÍLIA 
rossexual antes. Aproximadamente 40% das lésbicas tinham tido intercurso heterossexual 
durante o ano anterior à pesquisa. 
As características comportamentais dos homossexuais femininos e masculinos são tão va-
riadas quanto aquelas dos indivíduos heterossexuais de ambos os sexos. As práticas sexuais 
nas quais os homossexuais se engajam são as mesmas praticadas pelos heterossexuais, com 
as limitações óbvias impostas pelas diferenças anatômicas. 
Existem padrões variáveis de relacionamento prolongado entre homossexuais, como entre 
os heterossexuais. Alguns casais homossexuais vivem num relacionamento monogâmico 
ou primário por décadas, enquanto outros homossexuais tipicamente mantêm contatos 
sexuais apenas passageiros. Embora existam mais relacionamentos estáveis entre dois ho-
mens do que anteriormente se pensava, estes relacionamentos parecem ser menos está-
veis e mais superficiais do que entre duas mulheres. 
Os casais homossexuais masculinos estão sujeitos a discriminações civis e sociais e não têm 
o sistema de apoio social legal do casamento ou a capacidade biológica para a procriação. 
Os casais de mulheres experienciam menor estigmatização social e parecem ter relaciona-
mentos monogâmicos ou primários mais duradouros (Kaplan, 1993). 
Impulso Sexual Excessivo 
Neste manual existem 17 interpretações indicativas de Impulso Sexual Excessivo. 
Tanto os homens com as mulheres podem ocasionalmente queixarem-se de impulso 
sexual excessivo como um problema por si só, usualmente durante o final da adoles-
cência ou início da idade adulta (CID-10). 
No impulso sexual excessivo masculino (chamado de Don Juanismo ou Satiríase), a ca-
racterística principal é a hipersexualidade de certos homens, manifestada por sua neces-
sidade de terem encontros ou conquistas sexuais demasiadamente freqüentes. Suas ati-
vidades sexuais, entretanto, são utilizadas para mascarar profundos sentimentos de in-
ferioridade. Alguns destes pacientes podem ter impulsos homossexuais inconscientes, os 
quais negam por contatos sexuais compulsivos com mulheres. Após o sexo, a maioria dos 
"Don Juans" não mais se interessa pela mulher. 
Ninfomania é um termo descritivo que significa desejo excessivo ou patológico por 
coito, em uma mulher. Existem poucos estudos científicos sobre a condição. Aquelas 
pacientes estudadas geralmente tiveram um ou mais transtornos sexuais, geralmente 
incluindo anorgasmia. Existe, freqüentemente, um medo intenso de perda do amor. A 
mulher tenta satisfazer suas necessidades de dependência, em vez de gratificar os im-
pulsos sexuais por intermédio de suas ações. 
MARIA FLORENTINAN. GODINHO RETONDO _ _ 189 
Roubo patológico 
Neste manual existem 8 interpretações indicativas para Roubo Patológico. 
O Roubo Patológico caracteriza-se por um fracasso recorrente em resistir a impul-
sos de roubar objetos desnecessários para o uso pessoal ou em termos de valor 
monetário (DSM-IV). 
Também chamado de Cleptomania, onde o indivíduo vivência um sentimento subjetivo de 
crescente tensão antes do furto e sente prazer, satisfação ou alívio ao cometer o furto (os 
objetos podem ser jogados fora, presenteados, armazenados e colecionados ou serem de-
volvidos disfarçadamente). 
O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança, não é realizado em resposta a um 
delírio ou alucinação, nem é explicado por um Transtorno de Conduta, Episódio Maníaco 
ou Transtorno de Personalidade Anti-Social. Os objetos são furtados apesar de tipicamen-
te terem pouco valor para o indivíduo, que teria condições de comprá-los. Os sintomas de 
cleptomania tendem a aparecer em períodos de estresse significativo, como perdas, sepa-
rações ou término de relacionamentos importantes. 
Embora algum esforço para ocultamente seja usualmente feito, os indivíduos que sofrem 
de cleptomania não costumam planejar seus furtos e nem levam em conta as possibilidades 
de serem presos. O roubo é um ato solitário, realizado sem cúmplice. O indivíduo pode 
expressar ansiedade, abatimento e culpa entre os episódios de roubo (eles geralmente têm 
consciência de que o ato é errado e sem sentido), mas isso não impede a repetição. 
A cleptomania ou roubo patológico pode começar na infância, embora a maioria das crian-
ças e adolescentes que furtam não se tornam cleptomaníacos na idade adulta. 
Voyeurismo 
Neste manual existem 8 respostas indicativas de voyeurismo. 
O Voyeurismo envolve o ato de observar indivíduos, geralmente estranhos, sem 
suspeitar que estão sendo observados, que estão nus, a se despirem ou em ativida-
de sexual (Kaplan, 1993). 
É uma preocupação recorrente com fantasias ou atos que envolvam a busca ou observação 
de pessoas nuas ou envolvidas em carícias ou atividade sexual. O ato de "espiar" serve a 
finalidade de obter excitação sexual e geralmente não é tentada qualquer atividade sexual 
com a pessoa observada. O orgasmo em geral é produzido pela masturbação, que pode 
ocorrer durante o Voyeurismo ou mais tarde, em resposta à recordação do que o indivíduo 
190 
testemunhou. Freqüentemente esses indivíduos fantasiam uma experiência sexual com a 
pessoa observada, mas isso raramente ocorre na realidade. 
O primeiro ato de Voyeurismo freqüentemente ocorre durante a infância, sendo mais co-
mum noshomens. Em sua forma mais severa, o ato de espiar constitui a forma exclusiva de 
atividade sexual, e o curso tende a ser crônico. 
12. 
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