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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Prof. Aurélia Pliego de Melo 1.1 Introdução 1.1.1 Objetivo da análise de balanço “Análise de Balanços objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisões”. (MATARAZZO, 2008, P.15) Segundo Matarazzo (2008), as demonstrações financeiras fornecem dados sobre a empresa, de acordo com as regras contábeis. A análise de balanço transforma esses dados em informações. 1.1.2 Metodologia da análise Na maioria das ciências, o processo de tomada de decisões obedece mais ou menos uma sequência. Etapa 1: Escolha dos indicadores Etapa 2: Comparação com padrões Etapa 3: Diagnóstico ou conclusões Etapa 4: Conclusão Na medicina, por exemplo, em qualquer exame preliminar, o médico tira a temperatura, pressão, pulsação etc. Esses são os indicadores (1). O médico compara então cada indicador com o padrão próprio (2) desenvolvido e aprimorando e em seguida, ponderando conjuntamente seus indicadores, elabora suas conclusões (3), mentalmente ou formalmente, transmitindo-as ou não ao paciente de alguma forma que faz parte de suas técnicas de trabalho. Em seguida, toma uma decisão (4), como interar o paciente, encaminhá-lo a outra especialista, receitar medicamento ou simplesmente dizer que está tudo ok. 1.1.3 Níveis de análise das demonstrações contábeis A análise das demonstrações pode ser dividida em três níveis: A- Nível introdutório: Nesta primeira etapa, apenas alguns indicadores básicos são abordados. Só teremos de condições de conhecer a situação econômico-financeira de uma empresa por meio dos três pontos fundamentais da análise: Liquidez (situação financeira), Rentabilidade ( Situação econômica) e endividamento (Estrutura de capital). O tripé representa o equilíbrio ideal, pois os índices de Liquidez, Rentabilidade e Endividamento são suficientes para ter uma visão superficial da empresa a ser analisada. B- Intermediário: Na abordagem do tripé (Situação financeira, Rentabilidade e Endividamento), podemos aprofundar a análise mediante a outro conjunto de indicadores que melhor explica e detalha a situação econômico- financeiro da empresa. Esse conjunto de indicadores, ainda que mais profundo que o primeiro grupo, está no nível intermediário, pois poderíamos avançar mais a análise. C- Nível avançado Uma série de outros indicadores e instrumentos de análise poderia enriquecer ainda mais a conclusões referentes á situação econômica financeira de uma empresa. Sem querer esgotar os recursos de análise, poderíamos indicar algumas ferramentas para melhor analisar o tripé referido, agora, num nível mais profundo, mais avançado: ❖ Indicadores combinados ( avaliar a empresa ponderando conjuntamente o tripé, dando-se uma nota final). ❖ Análise da demonstração do valor adicionado (avaliar a capacidade de gerar renda e como essa renda gerada é distribuída). ❖ Liquidez dinâmica (liquidez econômica, patrimonial etc.). ❖ Projeções das demonstrações contábeis e sua análise ❖ Análise com ajustamento das demonstrações contábeis no nível geral de preços ❖ Análise por meio de dividendos por Ações e outros indicadores para as empresas de capital aberto com ações cotadas no mercado ❖ Análise das variações de fluxos econômicos versus financeiro ❖ Outros modelos de análise: EVA, MVA, Balanced Scorecard D- Aplicação Nível do Curso Disciplinas Nível de análise financeira Graduação Contabilidade Introdutória, Básica, Geral Introdutório Análise de balanços ou análise das demonstrações contábeis ou análise Financeira, administração financeira Introdutório e Intermediário Pós- graduação Lato Sensu (pós-graduação - Especialização e MBA) Intermediário e avançado, exceto projeções das demonstrações e nível geral de preços Stricto sensu ( mestrado e doutorado) Avançado, incluindo outros instrumentos de análise, além dos indicados 1. Reclassificação das demonstrações contábeis Significa uma nova classificação, um novo reagrupamento de algumas contas das Demonstrações Contábeis, sobretudo no Balanço Patrimonial e na Demonstração do resultado do exercício. São alguns ajustes necessários para melhorar a eficiência da análise. A- Duplicatas Descontadas: A conta Duplicatas Descontadas é classificada subtrativamente em Duplicatas a receber no ativo. Na análise das demonstrações contábeis as duplicatas descontadas deverão ser reclassificadas no passivo, pois, pela peculiaridade da operação, ainda há risco de a empresa reembolsar o dinheiro obtido se seu cliente não liquidar a divida no banco. Um bom motivo para reclassificação no passivo é a padronização de critérios de tratamento para todas as empresas por parte do analista. Assim, se a empresa A opera com duplicatas descontadas e a empresa B com empréstimos bancários (com depósito de duplicatas como garantia), ambas as empresas terão no passivo uma dívida com terceiros, embora, no caso de duplicatas descontadas, haja apenas a coobrigação. Exemplo: Vamos admitir que ambas tenham um ativo circulante de $ 2 milhões e um passivo circulante de $ 1 milhão. Então, para cada $ 1 de dívida há $ 2 de valores de ativo circulante para pagamento da dívida. Ambas as empresas resolveram recorrer ao mercado financeiro para um reforço de caixa na ordem de $200 mil: a primeira desconta duplicatas e a segunda obtém um empréstimo bancário. Sem considerar as despesas financeiras, o circulante de cada uma seria, antes de reclassificação, o seguinte: Empresa A Empresa B AC 2000 PC 1000 AC 2200 PC 1000 Entrada de Desc. Dupl 2200 Emp 200 (-) Desc. Dupl -200 Total 2000 1000 Total 2200 1200 Empresa A = AC/PC = 2000/1000 = 2,00 Empresa B = AC/PC = 2200/1200 = 1,83 Neste caso a empresa B está sendo prejudicada, pois ambas pegaram empréstimos bancários no mesmo valor, o que mudou foi a modalidade. Com a reclassificação: Empresa A Empresa B AC 2200 PC 1000 AC 2200 PC 1000 Desc. Dupl 200 Emp 200 Total 2200 1200 Total 2200 1200 Empresa A = AC/PC = 2200/1200 = 1,83 Empresa B = AC/PC = 2200/1200 = 1,83 B- Despesa antecipada A conta despesa antecipada é classificada no ativo. Na análise das demonstrações a conta despesa antecipada é reclassificada subtrativamente no Patrimônio Liquido. Por se tratar de uma despesa antecipada que será consumida pela empresa no próximo ano, ela é classificada no ativo circulante. No entanto, não se transformará em dinheiro, ela é reclassificada subtraindo o Patrimônio Liquido na análise das demonstrações. Exemplo: Antes da classificação: Empresa A Caixa 2000 Diversos a pg 15000 Dupl a receber 5000 Total PC 15000 Estoque 1100 0 Despesa antecipada 2000 PL Total AC 2000 0 Capital 10000 ANC 1000 0 Reservas de lucro 5000 TOTAL PL 15000 Total ATIVO 3000 0 Total Passivo 30000 AC/PC= 20.000/15.000= 1,33 Depois da reclassificação: Empresa A caixa 2000 Diversos a pg 15000 Dupl a receber 5000 Total PC 15000 Estoque 11000 PL Total AC 18000 Capital 10000 ANC 10000 Reservas delucro 5000 (-)Desp antec -2000 TOTAL PL 13000 Total ATIVO 28000 Total Passivo 28000 AC/PC = 18.000/15.000= 1,2 2. Análise Vertical Análise vertical baseia-se em valores percentuais das demonstrações financeiras. Para isso se calcula o percentual de cada conta em relação a um valor base. Por exemplo, a análise vertical do balanço calcula-se o percentual de cada conta em relação ao total do ativo. Objetivo: Mostrar a importância de cada conta em relação à demonstração financeira a que pertence e, através da comparação padrões do ramo ou percentuais da própria empresa em anos anteriores, permitir inferir se há itens fora das proporções normais. (MATARAZZO, 2008) Exemplo: Balanço da Cia. BIG X1 X2 X3 Balanço $ AV $ AV $ AV Ativo Circulante Financeiro Disponível 34.665 1,27 26.309 0,66 25.000 0,44 Aplicações Financeiros 128.969 4,73 80.915 2,03 62.000 1,10 Soma 163.634 6,00 107.224 2,69 87.000 1,54 Operacional Clientes 1.045.640 38,36 1.122.512 28,18 1.529.061 27,05 Estoques 751.206 27,56 1.039.435 26,09 1.317.514 23,31 Soma 1.796.846 65,91 2.161.947 54,27 2.846.575 50,35 Total ativo circulante 1.960.480 71,91 2.269.171 56,96 2.933.575 51,89 Ativo Não Circulante Investimento 72.250 2,65 156.475 3,93 228.075 4,03 Imobilizado 693.448 25,44 1.558.404 39,12 2.491.685 44,07 Total do ativo não circulante 765.698 28,09 1.714.879 43,04 2.719.760 48,11 Total do ativo 2.726.178 100,0 0 3.984.050 100,0 0 5.653.335 100,00 Passivo Passivo Circulante Operacional Fornecedores 708.536 25,99 639.065 16,04 688.791 12,18 Outras obrigações 275.623 10,11 289.698 7,27 433.743 7,67 Soma 984.159 36,10 928.763 23,31 1.122.534 19,86 Financeiro Empréstimo 66.165 2,43 83.429 2,09 158.044 2,80 Duplicatas descontadas 290.633 10,66 393.885 9,89 676.699 11,97 soma 356.798 13,09 477.314 11,98 834.743 14,77 Total do Passivo Circulante 1.340.957 49,19 1.406.077 35,29 1.957.277 34,62 Passivo não circulante Empréstimo 314.360 11,53 1.170.788 29,39 2.028.231 35,88 Total do passivo não circulante 1.655.317 11,53 1.170.788 29,39 2.028.231 35,88 Patrimônio Líquido Capital e Reservas 657.083 24,10 1.194.157 29,97 1.350.830 23,89 Lucros acumulados 413.778 15,18 213.028 5,35 316.997 5,61 soma 1.070.861 39,28 1.407.185 35,32 1.667.827 29,50 total passivo 2.726.178 100,0 0 3.984.050 100,0 0 5.653.335 100,00 Demonstrações Financeiras Exercício X1 x2 X3 $ AV $ AV $ AV Receita Líquida 4.793.12 3 100,00 % 4.425.86 6 100,00 % 5.851.58 6 100,00% CPV 3.621.53 0 75,56% 3273530 73,96% 4.218.67 1 72,09% LUCRO BRUTO 1.171.59 3 24,44% 1.152.33 6 26,04% 1.632.91 5 27,91% DESPESAS OPERACIONAIS 495993 10,35% 427.225 9,65% 498.025 8,51% OUTRAS REC/DESP 8.394 0,18% 17.581 0,40% 27.777 0,47% LUCRO OPERACIONAL 683.994 14,27% 742.692 16,78% 1.162.66 7 19,87% RECEITA FINANCEIRA 10.860 0,23% 7.562 0,17% 5.935 0,10% DESPESAS FINANCEIRAS 284.308 5,93% 442.816 10,01% 863.298 14,75% OUTRAS RECEITAS FINANC. 1.058 0,02% 0 0,00% 0 0,00% LAIR 411.604 8,59% 307.438 6,95% 305.304 5,22% IMPOSTO DE RENDA 187.863 3,92% 140.322 3,17% 139.348 2,38% LUCRO LIQUIDO 223.741 4,67% 167.116 3,78% 165.956 2,84% 4-Análise Horizontal A- Análise Horizontal Encadeada Baseia-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações financeiras em relação a demonstração anterior e/ou em relação a uma demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série. Objetivo: Mostrar a evolução de cada conta das demonstrações financeiras e, pela comparação entre si, permitir tirar conclusões sobre a evolução da empresa. (MATARAZZO, 2008) Exemplo: Balanço da Cia. BIG X1 X2 X3 Balanço $ AH $ AH $ AH Ativo Circulante Financeiro Disponível 34.665 100 % 26.309 -24,11 25.000 -27,88 Aplicações Financeiros 128.969 100 % 80.915 -37,26 62.000 -51,93 Soma 163.634 100 % 107.224 -34,47 87.000 -46,83 Operacional Clientes 1.045.640 100 % 1.122.512 7,35 1.529.061 46,23 Estoques 751.206 100 % 1.039.435 38,37 1.317.514 75,39 Soma 1.796.846 100 % 2.161.947 20,32 2.846.575 58,42 Total ativo circulante 1.960.480 100 % 2.269.171 15,75 2.933.575 49,64 Ativo Não Circulante Investimento 72.250 100 % 156.475 116,57 228.075 215,67 Imobilizado 693.448 100 % 1.558.404 124,73 2.491.685 259,32 Total do ativo não circulante 765.698 100 % 1.714.879 123,96 2.719.760 255,20 Total do ativo 2.726.178 100 % 3.984.050 46,14 5.653.335 107,37 Passivo Passivo Circulante Operacional Fornecedores 708.536 100 % 639.065 -9,80 688.791 -2,79 Outras obrigações 275.623 100 % 289.698 5,11 433.743 57,37 Soma 984.159 100 % 928.763 -5,63 1.122.534 14,06 Financeiro Empréstimo 66.165 100 % 83.429 26,09 158.044 138,86 Duplicatas descontadas 290.633 100 % 393.885 35,53 676.699 132,84 Soma 356.798 100 % 477.314 33,78 834.743 133,95 Total do Passivo Circulante 1.340.957 100 % 1.406.077 4,86 1.957.277 45,96 Passivo não circulante Empréstimo 314.360 100 % 1.170.788 272,44 2.028.231 545,19 Total do passivo não circulante 1.655.317 100 % 1.170.788 -29,27 2.028.231 22,53 Patrimônio Líquido Capital e Reservas 657.083 100 % 1.194.157 81,74 1.350.830 105,58 Lucros acumulados 413.778 100 % 213.028 -48,52 316.997 -23,39 soma 1.070.861 100 % 1.407.185 31,41 1.667.827 55,75 total passivo 2.726.178 100 % 3.984.050 46,14 5.653.335 107,37 Fórmula: (Ano atual – Ano anterior (base)) / Ano anterior (base) Demonstrações Financeiras Exercício X1 x2 X3 $ AH $ AH $ AH Receita Líquida 4.793.12 3 100,00 % 4.425.86 6 -7,66% 5.851.58 6 22,08% CPV 3.621.53 0 100,00 % 3273530 -9,61% 4.218.67 1 16,49% LUCRO BRUTO 1.171.59 3 100,00 % 1.152.33 6 -1,64% 1.632.91 5 39,38% DESPESAS OPERACIONAIS 495993 100,00 % 427.225 -13,86% 498.025 0,41% OUTRAS REC/DESP 8.394 100,00 % 17.581 109,45% 27.777 230,91% LUCRO OPERACIONAL 683.994 100,00 % 742.692 8,58% 1.162.66 7 69,98% RECEITA FINANCEIRA 10.860 100,00 % 7.562 -30,37% 5.935 -45,35% DESPESAS FINANCEIRAS 284.308 100,00 % 442.816 55,75% 863.298 203,65% OUTRAS REC/DESP 1.058 100,00 % 0 -100,00 % 0 -100,00% LAIR 411.604 100,00 % 307.438 -25,31% 305.304 -25,83% LUCRO LIQUIDO 223.741 100,00 % 167.116 -25,31% 165.956 -25,83% B- Análise Horizontal anual A análise horizontal será efetuada através da variação em relação ao ano anterior. Embora possa trazer algumas informações úteis, deve ser feita com certo cuidado e nunca em substituição ao processo encadeado, mas em complemento ao mesmo, a fim de evitar possíveis confusões. Veja-se, a seguir, através de um exemplo, o porquê de tal procedimento. Exemplo: Suponha-se que a conta Estoque de determinada empresa tenha a seguinte evolução: X1 X2 X3 X4 Estoque 2.890.143 1.156.058 1.926.764 2.890.143 A análise Horizontal encadeada apresenta os seguintes cálculos: X1 X2 X3 X4 Estoque 100% 40% 67% 100% Conclui-se que a empresa teve uma redução de estoques em X2; tal redução passou a representar 40% dos estoques iniciais. Em X3 os estoques subiram para o nível de 67% dos iniciais e em X4 voltaram exatamente ao nível inicial. A análise Horizontal anual mostra os seguintes números (observa-se que neste processoem cada ano só aparece o percentual de variação em relação ao ano anterior) X2 X3 X4 Estoque -60% 66% 50% Segundo as conclusões desses cálculos, a empresa sofreu uma redução de 60% no seu estoque no primeiro ano e apresentou aumentos de 66% e 50%, respectivamente, nos dois anos seguintes. Isto sugere que a redução inicial teria sido inteiramente compensada em X3 e que ainda tenha havido aumento dos estoques em X4, o que não corresponde á realidade. Isto porque a redução de 60% em X2 foi calculada em relação a uma base muito maior do que a base usada para o crescimento havido em X3 e X4. 5. Relação entre análise vertical e análise horizontal É recomendável que estes dois tipos de análise sejam usados conjuntamente. Não se deve tirar conclusões exclusivamente da análise horizontal, pois determinado item, mesmo apresentando variação de 2.000%, por exemplo, pode continuar sendo um item irrelevante dentro da demonstração financeira a que pertence. Por exemplo, uma conta de investimento que representa 0,2% do ativo de uma empresa cresce 2300% em dois anos ao final dos quais passa a representar 0,7%, ou seja: nada significativa para a análise no primeiro balanço e continua a não significar nada no terceiro balanço, apesar do enorme crescimento. Em sentido específico, destacam-se os seguintes objetivos da análise vertical/horizontal conjuntamente. A- Indicar a estrutura de ativo e passivo, bem como suas modificações. O balanço evidencia os recursos tomados – financiamentos- e as aplicações desses recursos – investimentos. A análise vertical mostra, de um lado, qual a composição detalhada de recursos tomados pela empresa, qual a participação dos capitais próprios e de terceiros, qual o percentual de capital de terceiro a curto prazo e longo prazo, qual a participação de cada um dos itens de capitais de terceiros (fornecedores, bancos etc.) De outro lado, a análise vertical mostra quando por cento dos recursos totais foi destinado ao ativo circulante e quanto ao ativo permanente. Dentro do ativo circulante, a análise vertical mostra que percentagem de investimento foi destinada a cada um dos itens principais, como estoque e duplicatas a receber. A comparação dos percentuais de análise vertical da empresa com os de concorrentes permite saber se alocação dos recursos no ativo é típica ou não para aquele ramo de atividade. É sabido, por exemplo, que no comércio uma empresa comercial apresenta maior investimento em ativo permanente do que ativo circulante é aconselhável investigar o porquê disso. A análise do percentual de cada item do ativo permite detectar a política de investimento da empresa em relação a estoque, duplicatas, imobilizado, enquanto no passivo permite visualizar a política financeira de obtenção de recursos. A análise horizontal do balanço mostra quais itens do ativo a empresa vem dando ênfase na alocação de seus recursos e, comparativamente, de quais recursos adicionais se vem valendo. Por exemplo, a análise horizontal pode mostrar que a empresa investe prioritariamente em bens do ativo permanente, enquanto o principal incremento da empresa tomou financiamento de curto prazo para investir em ativo permanente. É interessante na análise horizontal do balanço observar comparativamente os seguintes itens: ➢ Crescimento dos totais do ativo permanente e circulante e de cada um dos seus principais componentes; ➢ Crescimento do Patrimônio Líquido comparativamente ao exigível total; ➢ Crescimento do Patrimônio líquido mais exigível a longo prazo comparativamente ao crescimento do ativo permanente; ➢ Crescimento do ativo circulante em comparação com o crescimento do passivo circulante; ➢ Verificação de quanto cada balanço da série contribuiu para a variação final obtida entre o primeiro e o último balanço. B- Análise em detalhes o desempenho da empresa A análise vertical atinge seu ponto máximo de utilidade quando a aplicação á demonstração do resultado. Toda a atividade de uma empresa gira em torno das vendas. São elas que devem determinar o que a empresa pode consumir em cada item de despesa. Por isso, na análise vertical da demonstração do resultado, as vendas são igualadas a 100, e todos os demais itens têm seu percentual calculado em relação as vendas. Com isso, cada item de despesa de demonstração do resultado pode ser controlado em função do seu percentual em relação a vendas. Esse controle é extremamente importante quando se lembra que o percentual de lucro líquido em relação a vendas costuma ser muito pequeno. (Segundo levantamentos efetuados, em princípios da década de 80, em empresas de são Paulo, era de 1,2% o percentual médio de lucro líquido sobre vendas no comércio e de 3,1% na indústria). Por isso, o aumento percentual de qualquer item da demonstração do resultado em relação a vendas é indesejável. Há empresas que controlam rigorosamente esses percentuais não permitindo que ultrapassem metas. 6. Índices de Liquidez São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: Longo prazo, curto prazo ou prazo imediato. 6.1 Capacidade de pagamento a curto prazo 6.1.1 Índice de liquidez corrente (ou liquidez comum) (LC) Mostra a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo, por meio da fórmula: Fórmula: LC = Ativo Circulante (AC) / Passivo circulante (PC) Exemplo: A empresa ABC ltda possui um ativo circulante de 580.00 e uma passivo circulante de 340.000 em 2004 e em 2005, ativo circulante de 650.000 e passivo circulante de 280.000 Cálculo: Fórmula: LC = AC/PC 2004 = 580.000/ 340.000 = 1,71 para cada 1, isso quer dizer que para cada R$ 1 de passivo circulante, ela tem R$ 1,71. LC = AC/PC 2005 = 650.000/280.000 = 2,32 para cada 1, isso quer dizer que para cada R$ 1 de passivo circulante, ela tem R$ 2,32 ● A Liquidez corrente também pode ser calculada em percentual, neste caso é só multiplicar por 100. Exemplo: Fórmula: LC = (Ativo Circulante (AC)/ Passivo Circulante (PC)) X 100 LC = AC/PC 2004 = (580.000/ 340.000) X 100 = 171%, isso quer dizer que para o todo de 100% de passivo circulante (passivo circulante total), a empresa tem 171% de ativo circulante (ativo circulante total). LC = AC/PC 2005 = (650.000/280.000) X 100 = 232%, isso quer dizer que para o todo de 100% de passivo circulante (passivo circulante total), a empresa tem 232% de ativo circulante (ativo circulante total). O cálculo da liquidez corrente ajuda saber se a empresa hoje consegue pagar toda sua dívida a curto prazo com o que ela tem a receber a curto prazo. OBS: Quanto maior o índice de liquidez corrente melhor para empresa. 6.1.2 Índice de liquidez seca (LS) O índice de liquidezseca ajuda a analisar se a empresa sofresse uma total paralisação de suas vendas, ou se seu estoque se tornasse obsoleto, quais seriam as chances de pagar suas dívidas com disponível e duplicatas a receber. Este índice exclui o Estoque: Fórmula: LS = (Ativo Circulante – Estoque)/ Passivo Circulante Exemplo: A empresa ABC Ltda possui um ativo circulante de 580.00, uma passivo circulante de 340.000 e estoque 390.000 em 2004 e em 2005, ativo circulante de 650.000, passivo circulante de 280.000 e estoque de 420.000 Fórmula: LS = (AC-Estoque)/PC 2004 = (580.000-390.000)/ 340.000 = 0,56 para cada 1, isso quer dizer que para cada R$ 1 de passivo circulante, ela tem R$ 0,56 de ativo circulante menos estoque. LS = (AC-Estoque)/PC 2005 = (650.000-420.000)/280.000 = 0,82 para cada 1, isso quer dizer que para cada R$ 1 de passivo circulante, ela tem R$ 0,82 de ativo circulante menos estoque. ● A Liquidez Seca também pode ser calculada em percentual, neste caso é só multiplicar por 100. Exemplo: Fórmula: LS = ((Ativo Circulante (AC)- Estoque (E))/ Passivo Circulante (PC)) X 100 LS = AC-E/PC2004 = ((580.000-390.000)/ 340.000) X 100 = 56%, isso quer dizer que para o todo de 100% de passivo circulante (passivo circulante total), a empresa tem 56% de ativo circulante (ativo circulante menos estoque). LS = AC - E/PC 2005 = ((650.000-420.000)/280.000) X 100 = 82%, isso quer dizer que para o todo de 100% de passivo circulante (passivo circulante total), a empresa tem 82% de ativo circulante (ativo circulante menos estoque). O cálculo da liquidez Seca ajuda saber se a empresa hoje consegue pagar toda sua dívida a curto prazo com o que ela tem a receber a curto prazo sem o estoque. OBS: Quanto maior o índice de liquidez seca melhor para empresa. 6.2 Capacidade de pagamento a longo prazo 6.2.1 Índice de Liquidez Geral (LG) O índice de liquidez geral mostra a capacidade de pagamento da empresa a longo prazo, considerando tudo o que ela converterá em dinheiro (a curto e longo prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu como dívida ( a curto e longo prazo). Fórmula: LG = (Ativo circulante (AC) + Ativo realizável a Longo prazo (ARLP))/ (Passivo Circulante (PC) + Passivo não circulante) Exemplo: A empresa ABC ltda possui um ativo circulante de 580.00, um passivo circulante de 340.000, uma ativo realizável a longo prazo de 50.000 e um passivo não circulante de 40.000 em 2004 e em 2005, ativo circulante de 650.000, passivo circulante de 280.000, uma ativo realizável a longo prazo de 40.000 e um passivo não circulante de 150.000 Fórmula: LG = (AC-ARLP)/(PC+PNC)2004 = (580.000+ 50.000)/ (340.000+100.000) = 1,43 para cada 1, isso quer dizer que para cada R$ 1 de passivo, ela tem R$ 1,43 de ativo circulante e realizável a longo prazo. LG = (AC-ARLP)/(PC+PNC)2005 = (650.000+40.000)/(280.000+ 150.000) = 1,60 para cada 1, isso quer dizer que para cada R$ 1 de passivo, ela tem R$ 1,60 de ativo circulante e realizável a longo prazo. ● A Liquidez Geral também pode ser calculada em percentual, neste caso é só multiplicar por 100. Exemplo: Fórmula: LG = (( AC+ ARLP)/ (PC + PNC)) X 100 AC/PC2004 =( (650.000+40.000)/(280.000+ 150.000)) X 100 = 143%, isso quer dizer que para o todo de 100% de passivo circulante (passivo total), a empresa tem 143% do ativo circulante e realizável a longo prazo. . AC/PC 2005 = ((650.000+40.000)/(280.000+ 150.000) ) X 100 = 160%, isso quer dizer que para o todo de 100% de passivo circulante (passivo total), a empresa tem 160% do ativo circulante e realizável a longo prazo. O cálculo da liquidez Geral ajuda saber se a empresa hoje consegue pagar toda sua dívida de curto e longo prazo com o que ela tem a receber a curto e longo prazo. OBS: Quanto maior o índice de liquidez corrente melhor para empresa. 7. Índice de endividamento 7.1 Quantidade da dívida É por meio desses indicadores que apreciamos o nível de endividamento da empresa. Sabemos que o ativo (aplicação de recursos) é financiado por capitais de terceiros (passivo circulante + passivo não circulante) e por capitais próprios (patrimônio líquido). Portanto, capitais de terceiros e capitais próprios são fontes (origens) de recursos. Também são os indicadores de endividamento que nos informam se a empresa se utiliza mais de recursos de terceiros ou recursos dos proprietários. Saberemos se os recursos de terceiros têm seu vencimento em maior parte a curto prazo (circulante) ou a longo prazo (passivo não circulante). 7.1.1 Participação de capitais de terceiros sobre recursos totais Este índice serve para saber participação de capital de terceiro (passivo circulante + passivo não circulante) em relação a todo passivo (passivo circulante + passivo não circulante + patrimônio líquido). O capital de terceiro é toda a dívida que a empresa tem no mercado ( fornecedor + bancos etc). Fórmula: Capital de terceiro / Passivo total Exemplo: A empresa ABC tem um PC e PNC no valor de 440.000 e seu passivo total 790.000 Cálculo 440.000/790.000= 0,56, para cada R$ 1,00 do passivo, R$ 0,56 é de capital de terceiro. ● O índice também pode ser calculado em percentual, neste caso é só multiplicar por 100. Fórmula: (Capital de terceiro / Passivo total) x 100 Cálculo (440.000/790.000) x 100= 56% do seu passivo é capital de terceiro. 7.1.2 Garantia de capital próprio ao capital de terceiro Este índice serve para saber o quanto a empresa tem de capital próprio (patrimônio líquido) em relação ao capital de terceiro (passivo circulante e passivo não circulante). O capital próprio é o dinheiro que os sócios injetaram na empresa e capital de terceiro o que o mercado emprestou a empresa. Fórmula: Capital próprio / capital de terceiro Exemplo: A empresa ABC tem um PC e PNC no valor d e 440.000 e seu PL 350.000 Cálculo 350.000/440.000= 0,80, para cada R$ 1,00 de capital de terceiro, R$ 0,80 é de capital próprio. ● O índice também pode ser calculada em percentual, neste caso é só multiplicar por 100. Fórmula: (Capital próprio / capital de terceiro) x 100 Cálculo (350.000/440.000) x 100= 80% , o valor do seu capital próprio representa 80% do seu capital de terceiro. 7.2 Qualidade da dívida A análise de composição do endividamento também é bastante significativa: ❖ Endividamento a curto prazo, normalmente utilizado para financiar o ativo circulante; ❖ Endividamento a longo prazo, normalmente utilizado para financiar o ativo permanente; 7.2.1 Composição de endividamento Este índice serve para analisar se a divida da empresa é a curto ou a longo prazo, quanto maior for o índice, maior é a divida da empresa a curto prazo. Fórmula: Passivo Circulante (PC) / Capital de terceiro Exemplo: A empresaABC tem um PC 340.000 e seu capital de terceiro 440.000 Cálculo 340.000/440.000= 0,77, para cada R$ 1,00 de capital de terceiro, R$ 0,77 é a curto prazo ● O índice também pode ser calculada em percentual, neste caso é só multiplicar por 100. Fórmula: (Passivo Circulante (PC) / Capital de terceiro) x 100 Cálculo (340.000/440.000) x 100= 77%, da sua dívida é a curto prazo. 8. Índice de atividade Neste grupo, vamos estudar quantos dias a empresa demora, em média, para receber suas vendas, para pagar suas compras e para renovar seu estoque. Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque, melhor. Por outro lado, quanto mais lento for o pagamento das compras, desde que não corresponda a atrasos, melhor. O ideal seria que a empresa atingisse uma posição em que a soma do prazo médio de renovação de estoque (PMRE) com prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) fosse igual ou inferior ao prazo médio de pagamento de compras (PMPC). ((PMRE + PMRV)/ PMPC ) ≤ 1 8.1 Prazo médio de recebimento de vendas. Este índice indica, em média, quantos dias a empresa espera para receber suas vendas. Fórmula: PMRV = (360 dias X Duplicata a receber)/ vendas brutas Exemplo: A empresa ABC tem duplicatas a receber no valor de 220.000 e sua venda bruta foi de 800.000 Cálculo: PMRV= (360 X 220.000)/800.000 = 99 dias Representa que a empresa espera 99 dias para receber suas vendas. 8.2 Prazo médio de pagamento de compras Este índice indica, em média, quantos dias a empresa espera para pagar suas compras. Fórmula: PMPC= (360 dias X Fornecedores)/ Compras Compras: CMV = EI+C-EF Exemplo: A empresa ABC tem fornecedores no valor de 220.000 e seu estoque inicial de 390.000, estoque final 420.000 e CVM 650.000 Cálculo: Compras: CMV= 390.000 + C + 420.000 = 680.000 PMPC= (360 X 220.000)/680.000 = 116 dias Representa que a empresa espera 116 dias para pagar suas compras. 8.3 Prazo médio de renovação de estoque Este índice indica, em média, quantos dias a empresa leva para vender seu estoque. Fórmula: PMRE= (360 dias X Estoques)/ CMV Exemplo: A empresa ABC tem o estoque no valor de 420.000 e seu CMV de 650.000. Cálculo: PMRE= (360 X 420.000)/650.000 = 232 dias Representa que a empresa espera 232 dias para renovar seu estoque. 8.4 Necessidade de capital de giro (NCG) Para um cálculo mais adequado da Necessidade de capital de giro não poderíamos comparar o giro do estoque (PMRE) e recebimento das vendas a prazo (PMRV) apenas com o pagamento de fornecedores (PMPC). Para se produzir estoque e vendê-los, outros componentes operacionais, além das compras, fazem parte do ciclo ininterrupto das operações da empresa. Esses outros componentes são conhecidos como contas cíclicas, pois sempre estão sendo alimentadas na produção e venda de estoque. Ativo Circulante Passivo Circulante Quando compra Matéria Prima (MP) Fornecedores Quando transforma MP em estoques Salários a pagar Quando vende a prazo os estoques Impostos a recolher Fórmula: NCG = Ativo Circulante – Passivo Circulante Exemplo: Na empresa ABC as contas cíclicas eram Ativo Circulante Passivo Circulante Duplicatas a receber 220.000 Fornecedores 220.00 Estoques 420.000 Salários a pagar 40.000 Total 640.000 Total 260.000 Cálculo: NCG= 640.000 – 260.000 = 380.000 Essa necessidade de capital de giro de $ 380.000 representa em montante o ciclo financeiro. O administrador financeiro terá que recorrer atrás de recursos para cobrir essas contas vincendas. 9. Índice de rentabilidade 9.1 Giro do ativo Este índice indica quanto a empresa vendeu para cada R$ 1 investido. Fórmula: GA = Vendas Líquidas / Ativo *Quanto maior melhor o índice 9.2 Margem Líquida Este índice indica quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 100 vendidos Fórmula: ML= (Lucro Líquido / Venda Líquida) X 100 *Quanto maior melhor o índice 9.3 Rentabilidade do ativo Este índice indica quanto a empresa obtém de lucro para cada R$ 1 de investimento total. Este índice também é conhecido como taxa de retorno sobre investimento (TRI) ou ROI, este índice representa o ponto de vista da empresa Fórmula: RA = (Lucro Líquido/Ativo) *Quanto maior melhor o índice Exemplo: A empresa ABC teve um lucro líquido em 2004 de 185.162 e seu ativo no valor de 925.744 Cálculo: RA= LL/ AT = 185.162 / 925.744 = 0,20, para cada R$ 1,00 investido há um ganho para empresa de R$ 0,20. ● O índice também pode ser calculada em percentual, neste caso é só multiplicar por 100. Fórmula: RA = (Lucro Líquido/Ativo) x 100 RA= (LL/ AT) x 100 = (185.162 / 925.744) x 100 = 20%, para cada R$ 100,00 investido há um ganho para empresa de R$ 20,00. 9.4 Rentabilidade do Patrimônio Líquido Este índice indica quanto a empresa obteve de lucro para cada R$ 1 de capital próprio investido. Este índice também é conhecido como taxa de retorno sobre o patrimônio líquido (TRPL) ou ROE . Considera a rentabilidade no ponto de vista do empresário. Fórmula: RPL = (Lucro Líquido/Patrimônio líquido) Exemplo: A empresa ABC teve um lucro líquido em 2004 de 185.162 e seu patrimônio líquido de 740.644. Cálculo: RPL= LL/ PL = 185.162 / 740.644 = 0,25, para cada R$ 1,00 investido há um ganho para empresa de R$ 0,25. ● O índice também pode ser calculada em percentual, neste caso é só multiplicar por 100. Fórmula: RA = (Lucro Líquido/Patrimônio Líquido) x 100 RA= (LL/ PL) x 100 = (185.162 / 740.644) x 100 = 25%, para cada R$ 100,00 investido há um ganho para empresa de R$ 25,00. 9.5 Rentabilidade da empresa (ROI) x rentabilidade do empresário (ROE) A multiplicação do índice ROI x ROE indica a rentabilidade média da empresa em função do investimento. Fórmula: (Lucro Líquido/Ativo) x (Lucro Líquido/Patrimônio líquido) 10. Índice de estrutura de capital 10.1 Imobilização do patrimônio Líquido Este índice indica quantos reais a empresa imobilizou para cada R$ 1,00 de Patrimônio Líquido. Fórmula: IPL = Imobilizado / PL 10.2 Imobilização de recursos a longo prazo e do PL Este índice indica quantos de reais a empresa aplicou no permanente (ou imobilizado) para cada R$ 1,00 de PNC e de PL. Fórmula: IPL+PNC = Imobilizado / PNC + PL
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