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60016ResumoD-ConstitucionalAula-13

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Direito Constitucional 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Sumário 
1. Federação Brasileira (continuação) ............................................................................ 3 
1.4 Características da Federação Brasileira: ............................................................... 3 
1.4.1 Características de constituição (essenciais): .................................................. 3 
1.4.1.1 Autonomia ................................................................................................... 3 
1.4.1.1.1 Elementos da autonomia: ........................................................................ 4 
1.4.1.1.1.1 Auto-organização: ................................................................................. 4 
1.4.1.1.1.2 Autogoverno: ......................................................................................... 6 
1.4.1.1.1.3 Autoadministração: ............................................................................... 6 
1.4.1.2 Bicameralismo ............................................................................................. 8 
1.4.1.3 Repartição de Competência ........................................................................ 8 
1.4.1.3.1 Critério atual de repartição de competências: ....................................... 8 
1.4.1.3.2 Planos de repartição de competência: ..................................................... 9 
1.4.2 Características de conservação: ................................................................... 17 
1.4.2.1 Limites ao Poder Constituinte Reformador: ............................................. 17 
1.4.2.2 Limites ao Poder Constituinte Decorrente: ............................................... 19 
1.4.2.3 Controle de Constitucionalidade: .............................................................. 21 
1.4.2.4 Mecanismos Constitucionais de Solução de Conflitos Federativos: ......... 22 
1.5 Intervenção Federal ............................................................................................ 25 
1.5.1 Previsão Constitucional: ............................................................................... 25 
1.5.2 Definição: ...................................................................................................... 26 
1.5.3 Estabilização constitucional: ........................................................................ 27 
1.5.3 Finalidade da Intervenção: ........................................................................... 28 
1.5.4 Natureza Jurídica: ......................................................................................... 29 
1.5.5 Características: ............................................................................................. 29 
1.5.6 Extensão da Intervenção Federal: ................................................................ 29 
1.5.6 Incidência sobre a entidade federativa: ....................................................... 30 
1.5.7 Limitação ao Poder de Reforma: .................................................................. 30 
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1.5.8 Causas da Intervenção Federal (pressupostos materiais) – art. 34. ............ 31 
1.5.9 Causas da Intervenção Federal (pressupostos materiais) ............................ 33 
1.5.10 Tipos de Intervenção: ................................................................................. 33 
1.5.11 Representação Interventiva: ...................................................................... 39 
1.5.11.1 Petição Inicial: ......................................................................................... 39 
1.5.11.2 Medida Liminar: ...................................................................................... 40 
1.5.11.3 Prazos: ..................................................................................................... 40 
1.5.11.4 Participantes possíveis e diligências: ...................................................... 40 
1.5.11.5 Julgamento: ............................................................................................. 41 
1.5.11.6 Decisão: ................................................................................................... 41 
1.5.12 Presidente da República: ............................................................................ 42 
1.5.13 Controle da Intervenção:............................................................................ 42 
1.5.14 Intervenção Estadual no Município: .......................................................... 43 
1.5.14.1 Pressupostos materiais: .......................................................................... 43 
1.5.14.2 Estrutura Procedimental: ........................................................................ 44 
1.5.14.3 Comentários específico sobre o art. 35, IV: ............................................ 44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nesta aula, continuaremos o estudo do tema "Organização do Estado". 
 
1. Federação Brasileira (continuação) 
O art. 18 já foi estudado na aula passada. 
 
1.4 Características da Federação Brasileira: 
O seguinte esquema sintetiza os pontos que serão abordados nesta aula. 
 
Características de Constituição: 
- Autonomia 
- Bicameralismo 
- Repartição de Competências 
Características de Conservação: 
- Limites ao Poder Constituinte Derivado Decorrente – art. 25 c/c art. 11, ADCT 
- Limites ao Poder de Reforma – art. 60, § 4º 
- Controle de Constitucionalidade 
- Solução dos Conflitos Federativos 
 
As características da Federação são separadas em dois grupos. 
As características de constituição também são chamadas de características essenciais 
da Federação Brasileira. 
As características de conservação, como o próprio nome indica, são características que 
buscam manter, salvaguardar, defender a Federação Brasileira, ou seja, em algumas situações 
de risco ou de exceção, nós temos mecanismos que visam salvaguardar a higidez da Federação 
Brasileira. 
 
1.4.1 Características de constituição (essenciais): 
1.4.1.1 Autonomia 
O art. 18 da CRFB estabelece que: 
 
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Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende 
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta 
Constituição. 
 
A expressão "nos termos desta Constituição" é muito importante, pois, apesar de 
todos os entes federativos serem autônomos, a autonomia atribuída a cada ente não é sempre 
na mesma extensão. Existem situações em que a autonomia de determinado ente é limitada 
se comparada a de outro ente. 
 
1.4.1.1.1 Elementos da autonomia: 
I- Auto-organização 
II- AutogovernoIII- Autoadministração 
 
1.4.1.1.1.1 Auto-organização: 
Capacidade que o entes da Federação têm para elaborar suas próprias leis e, no caso 
dos estados, elaborar inclusive suas próprias constituições. 
I. União: possui sua organização fixada na própria CRFB. A União pode elaborar uma 
legislação específica para si mesma. 
O Congresso Nacional legisla matérias que são de interesse da União, mas também 
matérias que são do interesse nacional, então, em relação às leis federais, temos que 
identificar se uma lei federal específica trata de matéria própria da União (lei federal 
propriamente dita) ou se trata de interesse nacional (lei federal de cunho nacional), quando, 
apesar de ser uma lei oriunda da União, não se destina exclusivamente à União, mas atende 
interesse nacional. 
II. Estados: elabora suas próprias Constituições, no exercício do Poder Constituinte 
Decorrente (art. 25, CRFB e art. 11, ADCT) e podem elaborar sua própria legislação específica. 
 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, 
observados os princípios desta Constituição. 
 
 Art. 11. Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do 
Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os 
princípios desta. 
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III. Municípios: elaboram suas Leis Orgânicas (norma de organização do município, 
destituída de natureza constitucional) e sua legislação específica. 
IV. Distrito Federal: O Distrito Federal, assim como os municípios, elabora sua Lei 
Orgânica e sua legislação específica. No entanto, a lei orgânica do DF contém normas próprias 
da organização municipal e estadual, o que lhe confere, ao menos em parte, natureza 
constitucional, podendo, nesse sentido, servir como parâmetro de controle de 
constitucionalidade das leis distritais (à semelhança das constituições estaduais e 
diferentemente das leis orgânicas municipais). 
Assim: 
 
Uma lei federal em contrariedade à CRFB pode ser objeto de controle de 
constitucionalidade. 
Uma lei estadual em contrariedade à CRFB pode ser objeto de controle de 
constitucionalidade. 
Uma lei municipal em contrariedade à CRFB pode ser objeto de controle de 
constitucionalidade. - Cuidado! Não caberá Ação Direta de Controle de Constitucionalidade 
(ADI), o que ainda iremos estudar, porém será possível o controle por outros mecanismos. 
 
Uma lei estadual em contrariedade a Constituição Estadual pode ser objeto de controle 
de constitucionalidade. 
Uma lei municipal em contrariedade a Constituição Estadual pode ser objeto de 
controle de constitucionalidade. 
 
Uma lei municipal em contrariedade a Lei Orgânica Municipal (LOM) NÃO pode ser 
objeto de controle de constitucionalidade, pois a LOM não tem natureza constitucional. 
 
Uma lei distrital em contrariedade a Lei Orgânica Distrital (LODF) poderá ser objeto de 
controle de constitucionalidade, pois a lei distrital pode tratar de matéria tanto de LOM como 
de Constituição Estadual, então, na parte em que trata de matéria de Constituição Estadual, a 
LODF possui natureza constitucional e pode ser parâmetro para o controle de 
constitucionalidade. 
 
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Existem autores que colocam como elemento da autonomia, além dos três que já 
apontamos, também a auto legislação, com um quarto elemento. Porém, isto se trata apenas 
de outra forma de classificação, que deve ser de conhecimento do concurseiro. 
 
1.4.1.1.1.2 Autogoverno: 
I. União: apresenta os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). 
II. Estados: igualmente apresentam os três poderes. 
III. Municípios: há mitigação do autogoverno municipal, pois não têm Poder Judiciário, 
mas apenas o Executivo e o Legislativo. Assim, o município não possui autogoverno na mesma 
extensão que os Estados e a União. 
IV. Distrito Federal: autonomia parcialmente tutelada: 
A) apresenta Poder Executivo e Legislativo próprio; 
B) Poder Judiciário e Ministério Público DFT são organizados e mantidos pela 
União; 
C) Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar são organizados e 
mantidos pela União. 
 
Assim, a LODF não possui um capítulo específico para tratar do Poder Judiciário, 
porque ele é regido por uma lei federal, já que é organizado pela União. Do mesmo modo 
ocorre com Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar. 
Observação: O texto original da CRFB estabelecei que, além do Poder Judiciária e do 
MPDFT, também a Defensoria Pública DFT seria organizada e mantida pela União, porém a EC 
69 retirou a competência da União para organizar e manter a DPDF, transferindo-a para o 
próprio DF. Obviamente, que uma eventual defensoria pública territorial será organizada e 
mantida pela União. 
Assim, a União arca com alguns custos do DF. 
 
1.4.1.1.1.3 Autoadministração: 
É a capacidade de realizar toda atividade administrativa, incluindo serviços públicos e 
etc. 
Neste ponto, a União, Estados, Municípios e DF apresentam autoadministração nos 
limites da repartição constitucional de competências. 
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Observação: Como já foi observado, existe doutrina que inclui a autolegislação na 
auto-organização e existe doutrina que a classifica com um quarto elemento. 
Apesar de não ser tão comum, também existem autores que ainda incluem o 
autofinanciamento como elemento, correspondendo à capacidade de gerar e gerir recursos 
próprios, seja pela atividade econômica, seja pela tributação, seja pelo recebimento de 
repasses de outros entes federativos. De modo geral, a doutrina classifica o 
autofinanciamento como sendo algo inerente à autoadministração. 
De todo modo, todos os entes possuem autolegislação e autofinanciamento, só 
havendo divergência na doutrina quanto à classificação. 
 
Julgado do STF sobre autofinanciamento: 
Fundo Estadual de Atenção Secundária à Saúde e repartição de receitas – O Plenário 
deferiu pedido de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade, proposta pela 
Associação Nacional dos Municípios Produtores (Anamup), para suspende a eficácia do inciso 
I do § 1º do art. 249-A da Constituição do Estado do Ceará, na redação dada pela Emenda 
Constitucional 71/2011/ bem como do art. 1º do Decreto estadual 30.483/2011, que o 
regulamenta. O preceito impugnado institui o Fundo Estadual de Atenção Secundária à Sáude, 
subordinado à Secretária de Saúde daquele mesmo ente federativo, e a ele destina 15% dos 
recursos provenientes da repartição das receitas tributárias repassadas aos Municípios. 
Inicialmente, ressaltou-se que a repartição de receitas tributárias consubstanciaria peça-
chave do equilíbrio federativo, porquanto inviável à unidade federada, sem fonte de 
financiamento, dar concretude aos objetivos constitucionais que lhe seriam atribuídos. Assim, 
considerou-se que, à primeira vista, não haveria qualquermargem à edição de normas pelos 
Estados-membros que afetassem a liberdade de destinação das receitas municipais 
originárias, ainda que provenientes de arrecadação de tributos estaduais. Destacou-se, no 
ponto, que o poder constituinte derivado decorrente não poderia inovar, de modo contrário 
ao texto constitucional federal. Vislumbrou-se, dessa forma, aparente ofensa ao art. 160 da 
CF, cujas exceções não se encontrariam presente na espécie ("É vedada a retenção ou 
qualquer restrição à entrega e ao emprego dos recursos atribuídos, nesta seção, aos Estados, 
ao Distrito Federal e aos Municípios, neles compreendidos adicionais e acréscimos relativos a 
impostos. Parágrafo único. A vedação prevista neste artigo não impede a União e os Estados 
de condicionarem a entrega de recursos: I – ao pagamento de seus créditos, inclusive de suas 
autarquias; II – ao cumprimento do disposto no art. 198, § 2º, incisos II e III.") Consignou-se 
que o Estado-membro não poderia, a pretexto de exigir a observância de meta constitucional, 
apropriar-se de recursos que não lhe pertenceriam. Ademais, rechaçou-se eventual alegação 
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no sentido de que o Estado do Ceará teria apenas regulamento o fundo de saúde previsto no 
art. III e § 3º, do ADCT, porquanto deveria ser instituído com recursos do próprio ente ou, se 
constituiído, com a aquiescência de todos os envolvidos. Precedentes citados: RE 572762/SC 
(DJe de 5.9.2008), ADI 692/GO e ADI 3549/GO. (ADI 4597 MC/CE, rel. Min. Marco Aurelio, 
30.6.2011. Plenário). 
 
1.4.1.2 Bicameralismo 
Estudaremos melhor a matéria quando tratarmos do tema "Poder Legislativo". 
O Congresso Nacional é composto de duas casas: Senado Federal e Câmara dos 
Deputados. 
A Câmara dos Deputados é composta de representantes do povo. 
O Senado Federal é composto de representantes dos estados. Sendo constituído por 
representantes dos estados, como todos estes são iguais, cada estado elege a mesma 
quantidade de senadores, independentemente do seu tamanho geográfico, importância 
econômica ou política. Assim, o Senado Federal representa a possibilidade do estados 
participarem na vontade nacional. Por isso a importância do bicameralismo dentro do Pacto 
Federativo, sendo uma forma de participação dos estados na formação da vontade nacional. 
O bicameralismo, como tem relação com pacto federativo, também é uma cláusula 
pétrea, como previsto no art. 60 da CRFB, desse modo, o Senado não pode ser extinto por 
uma emenda constitucional. 
 
1.4.1.3 Repartição de Competência 
Talvez este seja o principal ponto de cobrança em prova no que diz respeito ao tema 
em estudo. 
Competência é o limite ou a medida do poder político na Federação, o limite do poder 
político que cada ente federativo exerce. 
 
1.4.1.3.1 Critério atual de repartição de competências: 
Preponderância de interesses - não a exclusividade de interesses – de modo que: 
I. União trata de interesses nacionais; 
II. Estados tratam de interesses regionais; 
III. Municípios tratam de interesses locais. 
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1.4.1.3.2 Planos de repartição de competência: 
I. Plano Vertical: distribuição de matéria idêntica entre as entidades federativas. Isto 
inclui: 
A) Competência comum: competência administrativa – Art. 23, CRFB – a competência 
é comum entre União, Estados, Municípios e DF. 
B) Competência concorrente: competência legislativa (o STF, por vezes, usa o termo 
"condomínio legislativo") - art. 24, CRFB. 
 
E M E N T A: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - LEI DISTRITAL QUE 
DISPÕE SOBRE A EMISSÃO DE CERTIFICADO DE CONCLUSÃO DO CURSO E QUE AUTORIZA 
O FORNECIMENTO DE HISTÓRICO ESCOLAR PARA ALUNOS DA TERCEIRA SÉRIE DO ENSINO 
MÉDIO QUE COMPROVAREM APROVAÇÃO EM VESTIBULAR PARA INGRESSO EM CURSO DE 
NÍVEL SUPERIOR - LEI DISTRITAL QUE USURPA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA OUTORGADA 
À UNIÃO FEDERAL PELA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - CONSIDERAÇÕES EM TORNO DAS 
LACUNAS PREENCHÍVEIS - NORMA DESTITUÍDA DO NECESSÁRIO COEFICIENTE DE 
RAZOABILIDADE - OFENSA AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE - ATIVIDADE 
LEGISLATIVA EXERCIDA COM DESVIO DE PODER - PLAUSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO 
- DEFERIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR COM EFICÁCIA "EX TUNC". A USURPAÇÃO DA 
COMPETÊNCIA LEGISLATIVA, QUANDO PRATICADA POR QUALQUER DAS PESSOAS 
ESTATAIS, QUALIFICA-SE COMO ATO DE TRANSGRESSÃO CONSTITUCIONAL. - A Constituição 
da República, nas hipóteses de competência concorrente (CF, art. 24), estabeleceu verdadeira situação 
de condomínio legislativo entre a União Federal, os Estados-membros e o Distrito Federal (RAUL 
MACHADO HORTA, "Estudos de Direito Constitucional", p. 366, item n. 2, 1995, Del Rey), daí 
resultando clara repartição vertical de competências normativas entre essas pessoas estatais, cabendo, 
à União, estabelecer normas gerais (CF, art. 24, § 1º), e, aos Estados-membros e ao Distrito Federal, 
exercer competência suplementar (CF, art. 24, § 2º). - A Carta Política, por sua vez, ao instituir um 
sistema de condomínio legislativo nas matérias taxativamente indicadas no seu art. 24 - dentre as quais 
avulta, por sua importância, aquela concernente ao ensino (art. 24, IX) -, deferiu ao Estado-membro e 
ao Distrito Federal, em "inexistindo lei federal sobre normas gerais", a possibilidade de exercer a 
competência legislativa plena, desde que "para atender a suas peculiaridades" (art. 24, § 3º). - Os 
Estados-membros e o Distrito Federal não podem, mediante legislação autônoma, agindo "ultra vires", 
transgredir a legislação fundamental ou de princípios que a União Federal fez editar no desempenho 
legítimo de sua competência constitucional e de cujo exercício deriva o poder de fixar, validamente, 
diretrizes e bases gerais pertinentes a determinada matéria (educação e ensino, na espécie). - 
Considerações doutrinárias em torno da questão pertinente às lacunas preenchíveis. TODOS OS ATOS 
EMANADOS DO PODER PÚBLICO ESTÃO NECESSARIAMENTE SUJEITOS, PARA EFEITO DE 
SUA VALIDADE MATERIAL, À INDECLINÁVEL OBSERVÂNCIA DE PADRÕES MÍNIMOS DE 
RAZOABILIDADE. - As normas legais devem observar, no processo de sua formulação, critérios de 
razoabilidade que guardem estrita consonância com os padrões fundados no princípio da 
proporcionalidade, pois todos os atos emanados do Poder Público devem ajustar-se à cláusula que 
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consagra, em sua dimensão material, o princípio do "substantive due process of law". Lei Distrital que, 
no caso, não observa padrões mínimos de razoabilidade. A EXIGÊNCIA DE RAZOABILIDADE 
QUALIFICA-SE COMO PARÂMETRO DE AFERIÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL 
DOS ATOS ESTATAIS. - A exigência de razoabilidade - que visa a inibir e a neutralizar eventuais 
abusos do Poder Público, notadamente no desempenho de suas funções normativas - atua, enquanto 
categoria fundamental de limitação dos excessos emanados do Estado, como verdadeiro parâmetro de 
aferição da constitucionalidade material dos atosestatais. APLICABILIDADE DA TEORIA DO 
DESVIO DE PODER AO PLANO DAS ATIVIDADES NORMATIVAS DO ESTADO. - A teoria do desvio 
de poder, quando aplicada ao plano das atividades legislativas, permite que se contenham eventuais 
excessos decorrentes do exercício imoderado e arbitrário da competência institucional outorgada ao 
Poder Público, pois o Estado não pode, no desempenho de suas atribuições, dar causa à instauração 
de situações normativas que comprometam e afetem os fins que regem a prática da função de legislar. 
A EFICÁCIA EX TUNC DA MEDIDA CAUTELAR NÃO SE PRESUME, POIS DEPENDE DE 
EXPRESSA DETERMINAÇÃO CONSTANTE DA DECISÃO QUE A DEFERE, EM SEDE DE 
CONTROLE NORMATIVO ABSTRATO. - A medida cautelar, em sede de fiscalização normativa 
abstrata, reveste-se, ordinariamente, de eficácia "ex nunc", "operando, portanto, a partir do momento 
em que o Supremo Tribunal Federal a defere" (RTJ 124/80). Excepcionalmente, no entanto, e para que 
não se frustrem os seus objetivos, a medida cautelar poderá projetar-se com eficácia "ex tunc", com 
conseqüente repercussão sobre situações pretéritas (RTJ 138/86), retroagindo os seus efeitos ao 
próprio momento em que editado o ato normativo por ela alcançado. Para que se outorgue eficácia "ex 
tunc" ao provimento cautelar, em sede de fiscalização concentrada de constitucionalidade, impõe-se 
que o Supremo Tribunal Federal expressamente assim o determine, na decisão que conceder essa 
medida extraordinária (RTJ 164/506-509, 508, Rel. Min. CELSO DE MELLO). Situação excepcional 
que se verifica no caso ora em exame, apta a justificar a outorga de provimento cautelar com eficácia 
"ex tunc". (ADI 2667 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 
19/06/2002, DJ 12-03-2004 PP-00036 EMENT VOL-02143-02 PP-00275) 
 
II. Plano Horizontal: distribuição de matérias distintas entre as entidades federativas. 
A) Competência Exclusiva da União: competência administrativa/material – trata-se 
de competência indelegável - art. 21, CRFB. 
B) Competência Privativa da União: competência legislativa – trata-se de competência 
delegável - Art. 22, CRFB. 
 
Art. 22, Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
 
O art. 22 trata do rol da competência privativa legislativa da União. 
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Uma exemplo desta delegação é a Lei 103/2000 que autoriza os Estados e o DF a 
instituir piso salarial a que se refere o inciso V do art. 7º da CRFB (piso salarial por categorias), 
por aplicação do disposto no parágrafo único do art. 22. 
 
Assim, existem dois tipos de competência administrativa, quais sejam a competência 
comum e exclusiva. Também existem dois tipos de competência legislativa, quais sejam a 
competência privativa e a competência concorrente. 
É muito importante que o concurseiro decore os arts. 21 a 24. O professor sugere que 
o candidato estude de forma paralela os arts. 21 e 23 e, após, os arts. 22 e 24. A literalidade 
do texto constitucional destes artigos é muito cobrada. 
Outra forma em que o tema é bastante cobrado é através do questionamento acerca 
de casos concretos que o STF já tenha julgado. Exemplo: Direito Civil é competência legislativa 
privativa da União, porém Direito Consumidor é competência legislativa concorrente. Ocorre 
que os dois ramos do direito são muito próximos, de forma que existem situações confusas, 
como a seguinte: Lei estadual fixando que a cobrança de mensalidade escolar só pode ser feita 
a partir do 10º dia do mês com base na competência concorrente para relação concorrente. 
Entretanto, o STF entendeu que a mensalidade é uma contraprestação numa relação 
contratual, tratando-se de matéria atinente ao Direito Civil e, portanto, de competência 
privativa da União. Assim, a referida lei estadual é inconstitucional. 
Existem vários exemplos sobre o tema, devendo o candidato estudar bem a 
jurisprudência. 
Outro Exemplo: Lei estadual que obriga médico a comunicar à Secretaria de Saúde 
toda ocorrência de determinada doença, sob pena de responsabilidade civil, com fundamento 
na competência concorrente para legislar sobre saúde. O STF entendeu que a referida lei é 
inconstitucional na parte em que determina a responsabilidade civil do médico, pois neste 
caso o estado estaria legislando sobre responsabilidade civil que é de competência privativa 
da União. Assim, parte da lei é constitucional e parte é inconstitucional. 
O professor sugere que quando o candidato estiver estudando os informativos do STF 
e se deparar com jurisprudência sobre o tema de repartição de competência, copie e cole a 
ementa em arquivo próprio, tratando só sobre o tema, para que após efetue uma revisão 
desses julgados. 
 
C) Competência concorrente: 
I. Competência estadual concorrente não cumulativa ou suplementar - art. 24, § 1º e 
§ 2º 
Direito Constitucional 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Art. 24, § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a 
estabelecer normas gerais. 
§ 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência 
suplementar dos Estados. 
 
Assim, a competência suplementar do estado é a competência que o estado tem para 
tratar de matérias específicas no âmbito do estado. Então, a União edita normas gerais, como 
por exemplo o Código de Defesa do Consumidor, e os estados podem editar leis sobre 
situações peculiares dos próprios. 
Também é denominada de competência concorrente não-cumulativa, pois as 
atribuições da União e dos estados são diferentes, não se cumulam. 
 
II. Competência estadual concorrente cumulativa – art. 24, § 3º 
É o exercício da competência legislativa plena por parte do estado por força da 
ausência da norma geral da União. 
 
Art. 24, § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a 
competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
§ 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei 
estadual, no que lhe for contrário. 
 
Então, isto significa que, em alguns casos, onde a União deveria ter editado a norma 
geral, mas não o fez, o estado, ao legislar sobre aquela matéria, na legislação estadual irá 
dispor sobre aspectos que são gerais e sobre aspectos que lhe são peculiares. Assim, haverá 
competência legislativa plena, o estado irá legislar plenamente sobre a matéria, tendo em 
vista a inexistência de norma geral da União. 
Todavia, caso sobrevenha lei federal estabelecendo normas gerais para a matéria, os 
dispositivos da lei estadual que lhe forem contrários ficarão suspensos. 
Observação: Na superveniência de lei federal, haverá suspensão da lei estadual, mas 
não revogação, pois lei de um ente da federação não pode revogar lei de outro ente da 
federação, assim, há suspensão dos dispositivos contrários. Lei federal não pode revogar lei 
estadual, só suspender. 
 
Direito Constitucional 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Julgado do STF: “O art. 24 da CF compreende competência estadual concorrente não-
cumulativa ou suplementar (art. 24, § 2º) e competência estadual concorrente cumulativa 
(art. 24, § 3º). Na primeira hipótese, existente a lei federal de normas gerais (art. 24, § 1º), 
poderão os Estados e o DF, no uso da competência suplementar, preencher os vazios da lei 
federal de normas gerais, a fim de afeiçoá-la às peculiaridades locais (art. 24, § 2º); na segunda 
hipótese, poderão os Estados e o DF, inexistente a lei federal de normas gerais, exercer a 
competência legislativa plena "para atender a suas peculiaridades" (art. 24, § 3º). Sobrevindo 
a lei federal de normas gerais, suspende esta a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário 
(art. 24, § 4º). II. - A Lei 10.860, de 31.8.2001, do Estado de São Paulo foi além da competência 
estadual concorrente não-cumulativa e cumulativa, pelo que afrontou a Constituição Federal, 
art. 22, XXIV, e art. 24, IX, § 2º e § 3º. III. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada 
procedente, declarada a inconstitucionalidade da Lei 10.860/2001 do Estado de São Paulo.” 
(ADI 3098, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 24/11/2005, DJ 10-
03-2006) 
 
D) Competência residual dos estados: 
Art. 25, § 1º 
 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, 
observados os princípios desta Constituição. 
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam vedadas por esta 
Constituição. 
 
Questão: CESPE - TRF 2ª Região – Juiz Federal – 2011 – Questão 04: 
A respeito do que dispõe a CF sobre o instituto da intervenção e sobre o DF e os 
territórios, assinale a opção correta. 
(...) 
E) Embora não existam atualmente territórios federais, a CF admite que eles possam 
ser criados por lei complementar federal. Como descentralizações administrativo-territoriais 
da União, os territórios carecem de autonomia e não são considerados entes federativos. 
 
Resposta: Item correto 
 
Direito Constitucional 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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O professor alerta que inseriu a questão fora de contexto, já que ela trata sobre outro 
ponto do tema em estudo. 
 
E) Competência Municipal: 
Listada no art. 30, CRFB, e envolve tanto a competência legislativa suplementar (o que 
configura tipo de competência concorrente) e competência administrativa. 
 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suas rendas, 
sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos 
fixados em lei; 
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual; 
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços 
públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial; 
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de 
educação infantil e de ensino fundamental; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
53, de 2006) 
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de 
atendimento à saúde da população; 
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante 
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano; 
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada a legislação e 
a ação fiscalizadora federal e estadual. 
 
O inciso I do art. 30 estabelece que os Municípios legislarão sobre interesse local, 
porém o inciso II do art. 30 estabelece que compete ao Município suplementar a legislação 
federal e estadual no que couber. Alguns autores utilizam o inciso II como fundamento para 
afirmar que o Federalismo Brasileiro seria um federalismo de terceiro grau ou de 3 graus, pois, 
em primeiro lugar, teríamos a União, em segundo lugar, os estados, e em terceiro, os 
municípios. Assim, o município suplementa a lei estadual e a federal e deve respeitar a lei 
estadual e a federal. 
O inciso II do art. 30 traz tipo de competência concorrente atribuída aos municípios, já 
que ele legisla sobre a mesma matéria que o estado e a União. Porém, o art. 24 da CRFB que 
traz as matérias de competência concorrente não traz o termo município, mas apenas União, 
estados e DF. Alguns autores estabelecem 2 razões principais para este fato, quais sejam, 
Direito Constitucional 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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tanto que os municípios não suplementam a lei federal, mas a lei estadual e federal, como 
que os municípios não possuem competência legislativa plena como possuem os estados em 
caso de ausência de norma geral da União. 
 
Questão: 2015 / CESPE / TRF – 1ª Região / Juiz Federal Substituto: 
Com base no disposto na CF a respeito da competência dos estados-membros e dos 
municípios e do procedimento de intervenção federal e estadual, assinale a opção correta. 
(...) 
 e) É dos estados a competência para instituir diretrizes para o desenvolvimento 
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos. 
 
Resposta: Item incorreto. 
Não se trata de competência estadual, mas de competência municipal. Literalidade da 
Constituição – art. 30. 
 
Questão: TRF 1ª Região – 2011 – Questão 4: 
Acerca da desapropriação por necessidade ou utilidade pública, da função social da 
propriedade e do regime das jazidas, assinale a opção correta. 
(...) 
E) A política de desenvolvimento urbano é atribuição do poder público municipal; por 
isso, compete privativamente aos municípios legislar sobre direito urbanístico. 
 
Resposta: Item incorreto 
Direito urbanístico é competência concorrente – art. 24, CRFB – literalidade da 
constituição. 
 
Questão: TRF 1ª Região – 2011 – Questão 2: 
Assinale a opção correta a respeito da intervenção federal e da disciplina constitucional 
sobre os estados-membros e os municípios. 
(...) 
Direito Constitucional 
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e) Visando uniformizar tema de interesse predominantemente regional, a CF confere 
aos estados a competência de promover o adequado ordenamento territorial, mediante 
planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano. 
 
Resposta: Item incorreto. 
É competência municipal – literalidade da Constituição – art. 30. 
 
Quadro resumo esquematizado: 
 
 
 
Lembrando que a competência privativa delegável está no art. 22, parágrafo único, de 
forma que a União delega aos estados, através de Lei Complementar, mas o estado ao legislar 
sobre aquela matéria irá utilizar lei ordinária. Assim, a delegação se dá por lei complementar. 
Cuidado para não inverter. 
Além disso, deve ser destacado que a União não pode delegar toda matéria de sua 
competência privativa, como por exemplo delegar tudo sobre Direito do Trabalho, ou seja,a 
União só poderá delegar um ponto específico da matéria, como o exemplo que vimos do piso 
salarial. 
 
C
o
m
p
et
ên
ci
a
Exclusiva
Administrativa/Material e 
Indelegável - art. 21
Privativa Legislativa e Delegável - art. 22
Comum
Administrativa (U, E, M e DF) -
art. 23
Concorrente
Legislativa - art. 24 
(União: N. Gerais / Est. e DF: 
N. suplementares)
Residual Estado - art. 25, § 1º
Municipal
Legislativa e Administrativa -
Art. 30
Direito Constitucional 
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Outro quadro esquematizado: 
 
 
 
1.4.2 Características de conservação: 
São aquelas características que visam salvaguardar a federação. 
1.4.2.1 Limites ao Poder Constituinte Reformador: 
Como sabemos, o Poder Constituinte Reformador é o poder de alteração do texto 
constitucional, alteração formal da Constituição. 
Art. 60, § 4º da CRFB estabelece que uma das cláusulas pétreas é a forma federativa 
de Estado. 
 
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
 
Quando se estabelece que a forma federativa de Estado é cláusula pétrea, isso envolve 
sobretudo aquelas características essenciais: autonomia dos entes da federação, repartição 
de competências, bicameralismo. Assim, uma emenda constitucional não poderia suprimir um 
desses elementos ou todo o pacto federativo. 
C
o
m
p
et
ên
ci
as
Administrativa
Exclusiva - art. 21
Comum - art. 23
Legislativa
Privativa - art. 22
Concorrente - art. 
24
Direito Constitucional 
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Atenção! Cláusula pétrea não significa a intangibilidade literal dos dispositivos que 
tratam sobre a matéria, mas a proteção do núcleo essencial deles. Existem julgados do STF 
neste sentido. Então, por exemplo, quando a EC 69 tirou a competência da União para 
organizar e manter a Defensoria Pública do DF e passou esta competência para o DF, essa 
emenda afetou a repartição de competências, mas não afetou o núcleo essencial de 
autonomia da União e do DF, não violando o pacto federativo. 
Lembrando que, além de forma de Estado, temos forma de Governo (República e 
Monarquia) e Sistema de Governo (Presidencialismo e Parlamentarismo). Veja-se que cláusula 
pétrea protege a forma de Estado (Federação), mas forma de governo e sistema de governo 
não são previstos como cláusulas pétreas explicitas. Existe discussão sobre a República poder 
ser considerada cláusula pétrea implícita, porém ela não é cláusula pétrea explicita. 
Questão: CESPE – 2015 – TRF 1ª Região – Juiz Federal Substituto: 
A respeito da ordem constitucional brasileira, assinale a opção correta. 
(...) 
b) As formas de Estado e de governo adotadas na CF são consideradas, devido a 
previsão expressa, cláusulas pétreas. 
(...) 
 
Resposta: item incorreto. 
Como visto acima, a forma de governo não é cláusula pétrea expressa. 
 
Questão: 2014 / TRF 2ª Região / Juiz Federal: 
Em relação à federação brasileira, considere as seguintes assertivas: 
(...) 
II – A secessão é vedada, e bem assim a abolição da autonomia política e administrativa 
local, que apenas podem ser admitidas através de eventual emenda constitucional; 
(...) 
 
Resposta: Item Incorreto. 
A secessão é o direito dos estados-membros se separarem do Estado composto. O 
direito de secessão é uma possibilidade na Confederação, pois na confederação os estados-
membros mantem sua soberania. Por outro lado, a federação se caracteriza pela 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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indissolubilidade do pacto federativo. Art. 1º da CRFB. Assim, a secessão é vedada na nossa 
federação. 
 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem 
como fundamentos: 
 
Todavia, a segunda parte do item está incorreto, pois não se admite emenda 
constitucional que venha abolir autonomia política e administrativa local, isto violaria o pacto 
federativo. 
 
1.4.2.2 Limites ao Poder Constituinte Decorrente: 
O Poder Constituinte Decorrente é o poder que os estados têm de elaborar sua própria 
constituição estadual. 
O Poder Constituinte Originário é o poder ilimitado, que não está sujeito a limites 
jurídicos. 
Por outro lado, o Poder Constituinte Decorrente é limitado pela própria CRFB. 
Estes limites ao Poder Constituinte Decorrente podem ser: 
I. Princípios Constitucionais Sensíveis - art. 34, VII. 
II. Princípios Constitucionais Extensíveis 
III. Princípios Constitucionais Estabelecidos 
 
Os princípios constitucionais sensíveis são aqueles princípios que uma vez violados 
ensejam intervenção federal. 
 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
(...) 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida 
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações 
e serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
 
A intervenção federal será estudada de forma mais aprofundada adiante. A 
intervenção é exceção, é excepcional. 
No inciso VII não temos expressamente a palavra “sensíveis”, mas esta é uma 
expressão amplamente utilizada pela Doutrina e Jurisprudência, de forma consolidada. 
A lógica dos princípios constitucionais sensíveis é simples, eles constituem limites a 
autonomia estadual. Assim, os estados-membros não podem nem na sua atuação e nem na 
elaboração de sua constituição estadual violar tais princípios. 
 
Os princípios extensíveis são aqueles que a CRFB impôs para a União, mas que, por 
simetria, devem ser reproduzidos obrigatoriamente no âmbito estadual. Assim, são as 
matérias de reprodução obrigatória, de modo que os estados não podem dispor delas de 
forma diferente, constituindo limitação à autonomia estadual. 
Em relação aos princípios extensíveis, não há um artigo ou uma lista que “amarre” 
todos eles. Estas matérias de reprodução obrigatória estão difusas, espaçadas ao longo de 
toda Constituição. Por vezes, o próprio texto da CRFB determina a reprodução obrigatória de 
forma explícita, como por exemplo quando trata sobre as imunidades parlamentares 
estaduais ou quando trata sobre os Tribunais de Contas dos estados. Também existem outro 
casos em que não há determinação explícita da CRFB, mas queo STF reconhece a reprodução 
obrigatória, como por exemplo as atribuições do Presidente da República como Chefe de 
Governo são de reprodução obrigatória, o processo legislativo federal é de reprodução 
obrigatória no âmbito estadual, claro que de maneira mutatis mutandi, ou seja, com algumas 
adaptações. 
 
Os princípios constitucionais estabelecidos são aqueles que a Constituições impôs 
diretamente aos Estados-membros. Do mesmo modo que os extensíveis, também estão 
esparsos ao longo do texto constitucional. 
 
Sobre os referidos princípios, o STF já analisou, em comparação com o tratamento 
dado pela Constituição de 1988 com aquele dado pelas constituições passadas, o seguinte: 
Os princípios sensíveis são mais restritos agora do que já foram no passado, de modo 
que houve um alargamento da autonomia dos Estados-membros neste ponto. 
Direito Constitucional 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Já em relação aos princípios extensíveis e os estabelecidos, verifica-se que atualmente 
são mais largos do que já foram no passado, de modo que houve restrição da autonomia 
estadual neste ponto. 
Em conclusão, o STF entendeu que a autonomia dos estados foi severamente 
restringida pela Constituição de 1988 em comparação com o tratamento dado pelas 
constituições anteriores, ainda que pareça ter sido ampliada pela restrição dos princípios 
sensíveis. 
Na doutrina, existe muita discussão sobre a qualidade da nossa federação, se ela seria 
uma federação de fato, ou se seria apenas uma federação formal, devido ao grau de restrição 
das autonomias estaduais e municipais, e, consequentemente, ao alto grau de centralização 
na União. Existindo autores que defendem que, na prática, somos muito mais centralizados 
que alguns estados unitários. Um grave problema decorrente disso é a questão do 
autofinanciamento, ou seja, a incapacidade de alguns estados e municípios brasileiros de 
produzirem recursos mínimos. 
 
1.4.2.3 Controle de Constitucionalidade: 
Aprofundaremos o tema em outra aula. 
Aqui, destacaremos apenas um ponto. 
Quando uma lei é elaborada, podemos analisar o aspecto formal da lei, devendo esta 
análise se dar sobre: 
a) o processo legislativo – Exemplo1: se a matéria exige lei complementar; - Exemplo2: 
se a matéria exige iniciativa de um sujeito específico, se houve vício de iniciativa; 
b) a repartição de competências - Exemplo: lei estadual ordinária que trata sobre 
matéria de Direito Civil e que foi elaborada corretamente (processo legislativo correto), porém 
que possuirá vício formal por ter sido elaborada por ente sem competência para tanto, já que 
Direito Civil é matéria de competência da União. 
Quando se observa vício formal, fala-se em inconstitucionalidade formal. 
A inconstitucionalidade formal relativa ao processo legislativo é denominada de 
inconstitucionalidade formal procedimental. 
Já a inconstitucionalidade relativa à repartição de competências é denominada de 
inconstitucionalidade formal orgânica, porque tem a ver com a organização. 
No tema em estudo, nos interessa a inconstitucionalidade forma orgânica. 
Direito Constitucional 
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Observação: O STF, em sua jurisprudência, não utiliza o termo procedimental ou 
orgânica, utiliza apenas o termo inconstitucionalidade formal, sendo estes termos utilizados 
pela doutrina. 
 
1.4.2.4 Mecanismos Constitucionais de Solução de Conflitos Federativos: 
I. Intervenção – arts. 34 a 36 
Intervenção Federal (da União nos Estados) 
Intervenção nos Municípios (do Estado - ou da União nos municípios de Território) 
Como já foi dito, a intervenção será estudada adiante. 
II. Federalização das Graves Violações de Direitos Humanos – art. 109, § 5º 
Tema que será abordado em aula de Direitos Humanos. 
Incidente de deslocamento de competência – quando há uma grave violação de 
direitos humanos previstos em tratados internacionais dos quais o Brasil seja parte pode haver 
a federalização (deslocamento de competência da justiça estadual para a justiça federal), cujo 
procedimento é de competência do STJ. 
Quem deve propor a federalização é o PGR e o STJ só irá permitir o deslocamento de 
competência quando restar demonstrada a impossibilidade ou a falta de vontade política do 
estado de promover a efetiva responsabilização dos sujeitos violadores dos direitos humanos. 
 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de 
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, 
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, 
incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004) 
 
III. Conflito Federativo: competência originária do STF como Tribunal da Federação – 
art. 102, I, “f”. 
 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
I - processar e julgar, originariamente: 
(...) 
Direito Constitucional 
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f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre 
uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; 
 
Quando existe conflito entre a União e os Estados ou entre Estados, incluindo as suas 
entidades de administração indireta, temos como competente o STF para resolver o conflito 
federativo. 
ACO 1.048 
 
E M E N T A: CADIN/SIAFI - INCLUSÃO, NESSE CADASTRO FEDERAL, DO ESTADO DO RIO 
GRANDE DO SUL, POR EFEITO DE DIVERGÊNCIAS NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DO 
CONVÊNIO MJ Nº 019/2000 - CONSEQÜENTE IMPOSIÇÃO, AO ESTADO-MEMBRO, EM 
VIRTUDE DE ALEGADO DESCUMPRIMENTO DAS RESPECTIVAS OBRIGAÇÕES, DE 
LIMITAÇÕES DE ORDEM JURÍDICA - NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA DA GARANTIA 
CONSTITUCIONAL DO DEVIDO PROCESSO LEGAL COMO REQUISITO LEGITIMADOR DA 
INCLUSÃO, NO CADIN/SIAFI, DE QUALQUER ENTE ESTATAL - LITÍGIO QUE SE SUBMETE À 
ESFERA DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - HARMONIA E 
EQUILÍBRIO NAS RELAÇÕES INSTITUCIONAIS ENTRE OS ESTADOS-MEMBROS E A UNIÃO 
FEDERAL - O PAPEL DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL COMO TRIBUNAL DA FEDERAÇÃO - 
POSSIBILIDADE DE CONFLITO FEDERATIVO - PRETENSÃO CAUTELAR FUNDADA NAS 
ALEGAÇÕES DE TRANSGRESSÃO À GARANTIA DO "DUE PROCESS OF LAW" E DE 
DESRESPEITO AO POSTULADO DA RESERVA DE LEI EM SENTIDO FORMAL - MEDIDA 
CAUTELAR DEFERIDA - DECISÃO DO RELATOR REFERENDADA PELO PLENÁRIO DO 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. CONFLITOS FEDERATIVOS E O PAPEL DO SUPREMO 
TRIBUNAL FEDERAL COMO TRIBUNAL DA FEDERAÇÃO. - A Constituição da República 
confere, ao Supremo Tribunal Federal, a posição eminente de Tribunal da Federação (CF, 
art. 102, I, "f"), atribuindo, a esta Corte, em tal condição institucional, o poder de dirimir 
as controvérsias, que, ao irromperem no seio do Estado Federal, culminam, 
perigosamente, por antagonizar as unidades que compõem a Federação.Essa magna 
função jurídico-institucional da Suprema Corte impõe-lhe o gravíssimo dever de velar pela 
intangibilidade do vínculo federativo e de zelar pelo equilíbrio harmonioso das relações 
políticas entre as pessoas estatais que integram a Federação brasileira. A aplicabilidade 
da norma inscrita no art. 102, I, "f", da Constituição estende-se aos litígios cuja 
potencialidade ofensiva revela-se apta a vulnerar os valores que informam o princípio 
fundamental que rege, em nosso ordenamento jurídico, o pacto da Federação. Doutrina. 
Precedentes. LIMITAÇÃO DE DIREITOS E NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA, PARA EFEITO DE SUA 
IMPOSIÇÃO, DA GARANTIA CONSTITUCIONAL DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. - A imposição 
estatal de restrições de ordem jurídica, quer se concretize na esfera judicial, quer se realize 
no âmbito estritamente administrativo (como sucede com a inclusão de supostos 
devedores em cadastros públicos de inadimplentes), supõe, para legitimar-se 
constitucionalmente, o efetivo respeito, pelo Poder Público, da garantia indisponível do 
Direito Constitucional 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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"due process of law", assegurada, pela Constituição da República (art. 5º, LIV), à 
generalidade das pessoas, inclusive às próprias pessoas jurídicas de direito público, eis que 
o Estado, em tema de limitação ou supressão de direitos, não pode exercer a sua 
autoridade de maneira abusiva e arbitrária. Doutrina. Precedentes. A RESERVA DE LEI EM 
SENTIDO FORMAL QUALIFICA-SE COMO INSTRUMENTO CONSTITUCIONAL DE 
PRESERVAÇÃO DA INTEGRIDADE DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. - O princípio 
da reserva de lei atua como expressiva limitação constitucional ao poder do Estado, cuja 
competência regulamentar, por tal razão, não se reveste de suficiente idoneidade jurídica 
que lhe permita restringir direitos ou criar obrigações. Nenhum ato regulamentar pode 
criar obrigações ou restringir direitos, sob pena de incidir em domínio constitucionalmente 
reservado ao âmbito de atuação material da lei em sentido formal. - O abuso de poder 
regulamentar, especialmente nos casos em que o Estado atua "contra legem" ou "praeter 
legem", não só expõe o ato transgressor ao controle jurisdicional, mas viabiliza, até 
mesmo, tal a gravidade desse comportamento governamental, o exercício, pelo Congresso 
Nacional, da competência extraordinária que lhe confere o art. 49, inciso V, da 
Constituição da República e que lhe permite "sustar os atos normativos do Poder Executivo 
que exorbitem do poder regulamentar (...)". Doutrina. Precedentes (RE 318.873-AgR/SC, 
Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). Plausibilidade jurídica da pretensão cautelar deduzida 
pelo Estado do Rio Grande do Sul. Reconhecimento de situação configuradora do 
"periculum in mora". Medida cautelar deferida. (ACO 1048 QO, Relator(a): Min. CELSO DE 
MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 30/08/2007, DJe-134 DIVULG 30-10-2007 PUBLIC 31-
10-2007 DJ 31-10-2007 PP-00077 EMENT VOL-02296-01 PP-00001) 
 
Importante: Conflito Federativo ≠ Conflito entre Entes da Federação 
“Diferença entre conflito entre entes federados e conflito federativo: enquanto no 
primeiro, pelo prisma subjetivo, observa-se a litigância judicial promovida pelos membros da 
Federação, no segundo, para além da participação desses na lide, a conflituosidade da causa 
importa em potencial desestabilização do próprio pacto federativo.” 
Assim, não basta haver, em um processo, algum ente da federação em oposição a 
outro, mas deve haver conflito que assuma dimensão que coloque em risco a higidez do pacto 
federativo. – Exemplo: questão relacionada a limites territoriais de um estado com outro 
configura tensão capaz de atingir o pacto federativo, sendo de competência do STF. 
 
Questão: 2014 / TRF – 2ª Região / Juiz Federal 
“Em relação à federação brasileira, considere as seguintes assertivas: 
(...) 
Direito Constitucional 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários 
e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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V – Conforme interpretação consolidada, as causas e os conflitos entre a União e os 
Estados têm, em vista das partes litigantes e do texto expresso da Lei Maior, a competência 
originária atribuída ao Supremo Tribunal Federal, independentemente do conteúdo do 
litígio." 
 
Resposta: Item incorreto 
O que torna a questão errada é “independentemente do conteúdo do litígio”, pois, 
como vimos, depende da dimensão do conflito. 
 
1.5 Intervenção Federal 
1.5.1 Previsão Constitucional: 
Art. 21, inciso V 
 
Art. 21. Compete à União: 
(...) 
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; 
 
Art. 34 – pressupostos materiais (causas de intervenção federal) 
 
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
I - manter a integridade nacional; 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo 
motivo de força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro 
dos prazos estabelecidos em lei; 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
Direito Constitucional 
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e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida 
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações 
e serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
 
Art. 36 – requisitos formais (procedimento da intervenção). 
 
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: 
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto 
ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida 
contra o Poder Judiciário; 
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo 
Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; 
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de representação do Procurador-Geral 
da República, na hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de lei federal. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o prazo e as condições de 
execução e que, se couber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação do 
Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro 
horas. 
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacionalou a Assembléia Legislativa, far-se-
á convocação extraordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. 
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a apreciação pelo Congresso 
Nacional ou pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspender a execução do 
ato impugnado, se essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade. 
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a estes 
voltarão, salvo impedimento legal. 
 
O art. 35 trata da intervenção em municípios. 
 
1.5.2 Definição: 
Intervenção Federal é o afastamento temporário e excepcional da autonomia da 
entidade federativa com fim de restabelecer a normalidade institucional e constitucional. (IF 
1.917-AgR, Rel. Min. Maurício Corrêa, julgamento em 17-3-04, DJ de 3-8-07). 
 
Direito Constitucional 
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e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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A intervenção atinge a autonomia, sendo um remédio amargo para uma situação 
excepcional, ou seja, quando há uma situação que coloque em risco a higidez federativa se 
justifica a intervenção. 
A intervenção é excepcional, como está previsto no caput do art. 34, quando se 
estabelece que a União não intervirá nos Estados e Municípios, exceto nas situações ali 
dispostas. Assim, só cabe tal medida quando não houver outro mecanismo menos gravoso 
para solucionar o problema em jogo. 
Aqui deve ser aplicado o princípio da proporcionalidade. 
O princípio da proporcionalidade possui 3 elementos (adequação, necessidade, 
proporcionalidade em sentido estrito). Adequação significa que o meio é apta a alcançar a 
finalidade pretendida. Necessidade significa que a medida é necessária, exigível, ou seja, não 
há outra medida menos grave para atingir a finalidade. A proporcionalidade em sentido estrito 
significa que as vantagens daquela medida superam as desvantagens, ou seja, o benefício é 
maior do que o custo. 
Assim, quando se analisa a intervenção federal sempre deve ser feito um juízo de 
proporcionalidade. 
A intervenção é temporária. 
 
1.5.3 Estabilização constitucional: 
Elementos de estabilização constitucional são mecanismos que visam estabilizar 
situações que estão instáveis, como o nome já indica. – Exemplo: se há uma situação que 
coloque em risco a constituição propriamente dita, nós temos os mecanismos de defesa da 
constituição. 
São elementos de estabilização constitucional os seguintes institutos: 
I. Defesa da Constituição (Jurisdição Constitucional e Controle de Constitucionalidade) 
II. Intervenção Federal e Intervenção nos Municípios 
III. Defesa do Estado e das Instituições Democráticas (Estado de Defesa, Estado de Sítio, 
Forças Armadas, Segurança Pública). 
Estes são os mecanismos do chamado Sistema de Solução das Crises Constitucionais. 
 
Questão: CESPE - TRF 1ª Região – 201 – Juiz Federal: 
Acerca do poder constituinte, da CF e do ADCT, assinale a opção correta. 
Direito Constitucional 
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a) As normas que versam sobre a intervenção federal nos estados e no DF, bem como 
dos estados nos municípios, incluem-se entre os chamados elementos de estabilização 
constitucional. 
(...) 
 
Resposta: Item correto. 
 
1.5.3 Finalidade da Intervenção: 
Restabelecimento da normalidade institucional e defesa da federação. 
MS 21.041: 
 
MANDADO DE SEGURANÇA - DIVISA ENTRE OS ESTADOS DO ACRE E DE RONDÔNIA - 
PONTA DO ABUNÃ - ADCT/88, ART. 12, § 5. - ATOS EMANADOS DO PRESIDENTE DA 
REPÚBLICA, DO MINISTRO DA JUSTIÇA E DO GOVERNADOR DO ACRE - ATO COMPLEXO 
NÃO CONFIGURADO - COAÇÃO INEXISTENTE. MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA - 
AUTORIDADE NÃO SUJEITA À JURISDIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - 
INCOMPETÊNCIA DA CORTE - MANDADO DE SEGURANÇA NÃO CONHECIDO. PRESIDENTE 
DA REPÚBLICA - INTERVENÇÃO FEDERAL - PODER DISCRICIONÁRIO - OMISSÃO 
INEXISTENTE - "WRIT" DENEGADO. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO POR ESTADO-
MEMBRO EM FACE DE ATOS DO GOVERNADOR DE OUTRA UNIDADE DA FEDERAÇÃO - 
COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - INTELIGÊNCIA DO ART. 102, I, "f", da 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - "WRIT" CONHECIDO, MAS DENEGADO. - O instituto da 
intervenção federal, consagrado por todas as Constituições republicanas, representa um 
elemento fundamental na própria formulação da doutrina do federalismo, que dele não 
pode prescindir - inobstante a expecionalidade de sua aplicação -, para efeito de 
preservação da intangibilidade do vínculo federativo, da unidade do Estado Federal e da 
integridade territorial das unidades federadas. A invasão territorial de um Estado por 
outro constitui um dos pressupostos de admissibilidade da intervenção federal. O 
Presidente da República, nesse particular contexto, ao lançar mão da extraordinária 
prerrogativa que lhe defere a ordem constitucional, age mediante estrita avaliação 
discricionária da situação que se lhe apresenta, que se submete ao seu exclusivo juízo 
político, e que se revela, por isso mesmo, insuscetível de subordinação à vontade do Poder 
Judiciário, ou de qualquer outra instituição estatal. Inexistindo, desse modo, direito do 
Estado impetrante à decretação, pelo Chefe do Poder Executivo da União, de intervenção 
federal, não se pode inferir, da abstenção presidencial quanto à concretização dessa 
medida, qualquer situação de lesão jurídica passível de correção pela via do mandado de 
segurança. - Sendo, o Governador, a expressão visível da unidade orgânica do Estado-
Membro e depositário de sua representação institucional, os atos que pratique no 
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desempenho de sua competência político-administrativa serão plenamente imputáveis à 
pessoa política que representa, de tal modo que o ajuizamento da ação de mandado de 
segurança, por outro Estado, contra decisões que tenha tomado, nessa qualidade, sobre 
traduzir uma clara situação de conflito federativo, configura, para os efeitos jurídico-
processuais, causa para os fins previstos no art. 102, I, "f", da Constituição. A Constituição 
da República, ao prever a competência originária do Supremo Tribunal Federal para 
processar e julgar "as causas e os conflitos" entre as entidades estatais integrantes da 
Federação (art. 102, I, "f"), utilizou expressão genérica, cuja latitude revela-se apta a 
abranger todo e qualquer procedimento judicial, especialmente aquele de jurisdição 
contenciosa, que tenha por objeto uma situação de litígio envolvendo, como sujeitos 
processuais, dentre outras pessoas públicas, dois ou mais Estados-Membros, alcançada, 
com isso, a hipótese de mandado de segurança impetrado por Estado-membro em face 
de atos emanados de Governador de outra unidade da Federação. (MS 21041, 
Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 12/06/1991, DJ 13-03-1992 
PP-02923 EMENT VOL-01653-01 PP-00197 RTJ VOL-00137-01 PP-00177) 
 
1.5.4 Natureza Jurídica: 
A intervenção é procedimento político-administrativo. 
A deflagração pode ser vinculada (por provocação) ou discricionária (espontânea), 
como será visto adiante.1.5.5 Características: 
Como já destacamos 
a) Temporariedade – no decreto interventivo deve sempre haver o prazo da 
intervenção. 
b) Excepcionalidade 
 
1.5.6 Extensão da Intervenção Federal: 
A intervenção pode alcançar todos os órgãos administrativos. 
Podem ser atingidos órgãos do Poder Judiciário, mas sem afetação da atividade 
jurisdicional (somente a atividade administrativa do Poder Judiciário pode sofrer a 
intervenção). 
Há alguma discussão na doutrina se a atividade jurisdicional do poder judiciário 
estadual poderia sofrer intervenção, ou se essa possibilidade se restringe à atividade 
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administrativa do poder judiciário estadual. Porém, o entendimento predominante em 
relação ao judiciário é que só pode haver intervenção em relação à atividade administrativa. 
Além do mais, hoje, nós temos o mecanismo da federalização das graves violações de 
direitos humanos, assim, esse deslocamento de competência é uma medida menos radical 
que a intervenção e que deve ser privilegiado, não havendo necessidade de intervenção 
nestes casos. 
 
1.5.6 Incidência sobre a entidade federativa: 
I. A União intervém nos Estados, DF – art. 34 
II. Os Estados intervém nos Municípios. – art. 35 
Observação: A União intervém nos Municípios localizados em Territórios Federais – 
art. 35 
A conclusão lógica é que se o Município integra determinado Estado, não cabe a 
intervenção da União neste município. 
Atualmente, não há Territórios, logo não há a possibilidade de intervenção da União 
em Municípios. 
Exemplo: Houve um caso no Rio de Janeiro em que o município do Rio de Janeiro 
começou a falar severamente em serviços de saúde, de modo que a União editou um decreto 
estabelecendo a requisição administrativa de bens e serviços públicos municipais (hospitais 
municipais) e assumindo a prestação dos serviços. O STF entendeu que isso não é possível, 
que a única possibilidade de requisição administrativa de bens e serviços de um ente por outro 
ente federativo ocorre em situações de Estado de Defesa, pois existe previsão expressa neste 
sentido. Assim, o STF entendeu que o decreto caracterizava uma indevida intervenção federal 
em serviços públicos municipais, sendo inconstitucional. 
A intervenção da União em Município é chamada de intervenção per saltum, e não é 
admitida em nosso ordenamento. 
 
1.5.7 Limitação ao Poder de Reforma: 
A intervenção federal ocasiona a limitação circunstancial ao poder de reforma 
constitucional – art. 60, § 1º. 
 
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de 
estado de defesa ou de estado de sítio. 
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Em situação de anormalidade, não cabe alterações no texto constitucional, pois o 
poder público pode ser levado a tomar decisões que, em situações de normalidade, não 
seriam tomadas. 
Crítica: essa limitação gera o risco de inefetividade da intervenção, evitando sua 
decretação para que não haja tal impedimento. – Exemplo: Houve uma situação em que isto 
ficou muito evidente, quando se estava discutindo a emenda da reeleição e em Estados do 
Nordeste houve uma paralisação dos serviços de segurança pública (polícia militar, civil, 
bombeiros), situação bastante grave que ensejou a discussão sobre possibilidade de 
intervenção federal, porém essa foi evitada ao máximo porque haveria a impossibilidade de 
aprovação da emenda. 
 
1.5.8 Causas da Intervenção Federal (pressupostos materiais) – art. 34. 
I - manter a integridade nacional - exemplo: movimento separatista com dimensão que 
pode efetivamente levar a crise institucional ou guerra civil interna – observe-se que o 
movimento separatista deve ter dimensão significativa. 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; - exemplo: 
incertezas de delimitação territorial entre um estado e outro que gera a ocupação da faixa 
territorial por um deles e depois fica comprovado que a faixa era do outro estado, quando não 
houver solução menos gravosa. 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; - esse grave 
comprometimento pode ser causado por ação humana ou por causas naturais - exemplo: o 
que vimos acima sobre a paralisação dos serviços de segurança pública. 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação – 
inclui os 3 poderes. 
 
Os pontos a seguir serão melhor destacados adiante: 
 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos consecutivos, salvo 
motivo de força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta Constituição, 
dentro dos prazos estabelecidos em lei; 
Direito Constitucional 
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VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial – a decisão deve ter 
transitado em julgado e deve haver intenção – IF 5.050 
 
AGRAVO REGIMENTAL. INTERVENÇÃO FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE ATUAÇÃO DOLOSA 
POR PARTE DO ESTADO. INDEFERIMENTO. PRECEDENTES. 1. Decisão agravada que se 
encontra em consonância com a orientação desta Corte, no sentido de que o 
descumprimento voluntário e intencional de decisão judicial transitada em julgado é 
pressuposto indispensável ao acolhimento do pedido de intervenção federal. 2. Agravo 
regimental improvido. (IF 5050 AgR, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Tribunal Pleno, 
julgado em 06/03/2008, DJe-074 DIVULG 24-04-2008 PUBLIC 25-04-2008 EMENT VOL-
02316-03 PP-00501) 
 
Exemplo: Estado deixa de pagar precatório, sem demonstrar que não houve a 
intencionalidade (não pagou porque não podia pagar, não possuía recursos). 
VII – assegurar a observância dos princípios constitucionais sensíveis. 
 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida 
a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações 
e serviços públicos de saúde. 
 
Exemplo: Houve crise severa no DF, em que o estado ficou sem governador e sem vice-
governador, além disso, os membros do poder legislativo aptos a assumir a chefia do poder 
executivo provavelmente estavam no mesmo esquema de corrupção que provocou o 
afastamento do governador e vice, de modo que o poder executivo estadual ficou acéfalo. 
Houve uma crise institucional que afetou o executivo e o legislativo, então o PGR pediu a 
intervenção federal alegando uma séria violação dos princípios constitucionais sensíveis 
(forma republicana, sistema representativo e regime democrático). Tudo caminhava na 
direção de uma potencial intervenção federal, que nesta hipótese tinha que ser autorizada 
pelo STF, de modo que, antes

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