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4. Liberdade Provisória 2018.1

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II
Professor: Marco Antonio de Jesus Bacelar
terça-feira, 1 de maio de 2018 - 21:15
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LIBERDADE PROVISÓRIA
Liberdade Provisória
É uma situação intermediária ente a liberdade plena e a prisão cautelar, busca impedir a manutenção de uma prisão cautelar desnecessária, ao mesmo tempo que o acusado permanece vinculado ao processo.
Art. 5º, LXVI da CF: “Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança.
Natureza Jurídica da Liberdade Provisória
“É uma medida cautelar. Diz contracautela porque a liberdade provisória se contrapõe à cautela consubstanciada na prisão provisória, sendo certo que quando afasta a cautela, v.g. da prisão em flagrante se constitui contracautela, mas, por outro lado, se constitui cautela quando atinge o réu solto.
Espécies de Liberdade Provisória
Liberdade provisória obrigatória
Suplantada pela Lei nº 12.403/2011, a liberdade provisória obrigatória constituía-se em direito incondicional do infrator nos crimes em que a lei previa que ele “se livrasse solto”.
Espécies de Liberdade Provisória
Liberdade provisória permitida 
É admitida quando não estiverem presentes os requisitos de decretação da preventiva, e quando a lei não vedar expressamente e terá seu cabimento de acordo com a reforma do CPP (Lei nº 12.403/11).
Espécies de Liberdade Provisória
Liberdade provisória vedada
É vedada quando couber prisão preventiva e nas hipóteses que a lei estabelecer expressamente a proibição.
Liberdade Provisória Sem Fiança
Com o novo texto do Código, conferido pela Lei nº 12.403/2011, a fiança foi revigorada. Agora, em tese, todo delito é afiançável. Só não o será nas hipóteses da seletividade expressa de proibição para sua concessão, como ocorre em alguns crimes (racismo, tortura, tráfico, terrorismo, hediondos, delitos cometidos por grupos armados civis ou militares e contra o Estado Democrático de Direito – art. 323, CPP) ou nos caso em que, embora não haja previsão de inafiançabilidade, o não cabimento da fiança decorre de impedimento legal a sua concessão, seja por motivos de quebra da fiança, de prisão civil ou militar, seja quando presentes os requisitos da preventiva (art. 324, CPP).
Liberdade Provisória Sem Fiança e Sem Vinculação 
É possível ainda a concessão de liberdade provisória sem fiança e sem qualquer obrigação, segundo o sistema do CPP instituído pela Lei nº 12.403/2011.
Trata-se da possibilidade de o juiz entender desnecessária ou inadequada a imposição de qualquer medida cautelar do art. 319, CPP, ou a imposição de outra obrigação, concedendo a liberdade provisória simples, não vinculada a qualquer condição.
É o que decorre do art. 321 do CPP, ao frisar que uma vez ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 do Código e observados os critérios constantes do art. 282 (necessidade e adequação para aplicação de medida cautelar).
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
É a liberdade provisória condicionada, apesar de não exigir fiança. O infrator permanecerá em liberdade, submetendo-se às exigências legais. Trata-se de liberdade provisória sem fiança e com vinculação (a obrigações ou a outras medidas cautelares não prisionais do art. 319, CPP).
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
1. Auto de flagrante X excludentes de ilicitude: a prisão em flagrante e o local onde o preso se encontre deve ser comunicada imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada (art. 306, caput, CPP). Por seu turno, o auto de prisão em flagrante, após lavrado, deverá ser remetido, em até 24 horas, ao magistrado competente (art. 306, § 1º, CPP). 
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Malgrado o art. 310, parágrafo único, não faça mais menção à oitiva prévia do MP, é recomendado que seja oportunizado o contraditório, eis que se cuida de concessão de medida cautelar liberatória e assim preconiza o § 3º, do art. 282 do Código, com a ressalva dos casos de urgência e do perigo de eficácia da medida.
O beneficiado apenas irá se comprometer ao comparecimento a todos os atos do inquérito e do processo, para os quais seja devidamente intimado. O instituto é um direito daquele que atende aos requisitos legais, e não uma mera faculdade judicial.
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
2. Auto de flagrante X inexistência de hipótese autorizadora da prisão preventiva: 
Se o juiz entende que não há risco à ordem pública, econômica, não se faz conveniente à instrução criminal, pois o indivíduo não apresenta risco à livre produção probatória, nem há risco de fuga, deve haver a concessão da liberdade provisória, cumulada ou não com as medidas cautelares não cerceadoras de liberdade, a teor do art. 319, CPP.
Da mesma forma, o MP deve ser previamente ouvido, com fundamento no estatuído pela nova redação § 3º, do art. 282, do CPP.
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Restrições: 
a) Crimes hediondos e assemelhados (tráfico, tortura e terrorismo): estas infrações, como já relatado, não admitem
a prestação de fiança (art. 5º, XLIII, CF). Contudo, por força da Lei nº 11.464/2007, alterando o art. 2º, II, da Lei nº 8.072/1990, passaram a admitir liberdade provisória sem fiança. A Lei nº 12.403/2011 deu nova redação ao art. 323, do CPP, reiterando que não será concedida fiança nesses delitos (incisos I e II).
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Restrições: 
b) Estatuto do desarmamento: o art. 21 da Lei nº 10.826/2003 vedava a concessão de liberdade provisória aos seguintes crimes:
Posse ou porte ilegal de arma de uso restrito (art. 16); Comércio ilegal de arma de fogo (art. 17); Tráfico internacional de armas (art. 18).
Por outro lado, também passaram a ser afiançáveis com a vigência da Lei nº 12.403/2011, já que a quantidade da pena
(mínima) atribuída ao delito não é mais fator limitador para a concessão de fiança.
O STF, apreciando ação direta de inconstitucionalidade (ADI-3137), declarou tal vedação incompatível com o texto constitucional. Nesta égide, tais infrações agora admitem liberdade provisória sem fiança.
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Restrições: 
c) Crime organizado o art. 7º da Lei nº 9.034/1995 impedia qualquer modalidade de liberdade provisória, com ou sem fiança, aos agentes que tivessem “efetiva participação na organização criminosa”.
Com o advento da Lei nº 12.850/2013, que passou a disciplinar o tema e revogou expressamente o diploma anterior, não se renovou tal vedação. Desta maneira, os crimes praticados nesse contexto admitem liberdade provisória, a ser analisada casuisticamente pelo magistrado competente.
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Restrições: 
d) Lavagem de dinheiro: o art. 3º, caput, da Lei nº 9.613/1998, também continha vedação expressa à qualquer espécie de liberdade provisória à lavagem de capitais. Havia posição crítica no sentido da inconstitucionalidade do dispositivo. Atualmente, com as alterações promovidas pela Lei nº 12.683/2012, deixou de existir tal vedação, alinhando a legislação especial aos ditames constitucionais.
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Restrições: 
e) Crimes contra a economia popular e de sonegação fiscal: com a Lei nº 12.403/2011, que revogou o art. 325, § 2º, I, do CPP, estas infrações admitem as duas modalidades de liberdade provisória (com e sem fiança).
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Fundamentação: 
Deve o magistrado sempre motivar a manutenção da prisão em flagrante, deixando claros os motivos que não o levaram à concessão da liberdade provisória, em face da necessidade da segregação cautelar.
Tinha prevalecido o entendimento contrário, sob o fundamento de que a motivação da manutenção do flagrante era desnecessária, a não ser que o
magistradotivesse sido provocado a se manifestar sobre a concessão da liberdade provisória.
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Fundamentação: 
Com a Lei nº 12.403/2011, o juiz não deverá simplesmente homologar a prisão em flagrante. Em outras palavras, o auto de prisão em flagrante, por si só, não é título hábil a manter alguém preso sem ser corroborado por decisão fundamentada da autoridade judiciária que evidencie a presença dos requisitos da preventiva e a ausência de justificativa para substituí-la por medida cautelar menos gravosa não cerceadora de liberdade (art. 319, CPP). É que, se for o caso de manter a segregação cautelar iniciada com o flagrante, esta prisão deve ser convertida em prisão preventiva de maneira motivada.
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Outras hipóteses de cabimento: 
a) O art. 350 do CPP prevê a dispensa da prestação de fiança àqueles que sejam considerados economicamente hipossuficientes. Nada impede, pela nova sistemática, que outras medidas cautelares do art. 319 do CPP sejam cumuladas ao hipossuficiente.
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Outras hipóteses de cabimento : 
b) O art. 69, parágrafo único da Lei nº 9.099/1995, prevê que àquele surpreendido quando da prática de infração de menor potencial ofensivo, em sendo “imediatamente encaminhado ao juizado” ou assumindo o compromisso de a ele comparecer, “não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança”.
Liberdade Provisória Sem Fiança e Com Vinculação 
Sistema Recursal: 
Da concessão da liberdade provisória sem a prestação de fiança cabe o recurso em sentido estrito. Já a denegação do instituto curiosamente é irrecorrível, cabendo o socorro à ação de habeas corpus.
Liberdade Provisória Mediante Fiança
Havia uma série de obstáculos à concessão do instituto, de sorte que paradoxalmente, em regra, era mais fácil obter a liberdade provisória sem fiança, do que mediante a prestação da mesma.
Com o advento da Lei nº 12.403/2011, esse contexto se modificou. Em tese, todo crime passou a ser afiançável, ressalvadas as hipóteses de vedação expressa (proibição constitucional e/ou legal) e de óbice a seu deferimento por falta de requisito objetivo ou subjetivo (impedimento).
Fiança X Liberdade Provisória Mediante Fiança
A fiança é uma caução, uma prestação de valor, para acautelar o cumprimento das obrigações do afiançado.
Já a liberdade provisória mediante fiança é o direito subjetivo do beneficiário, que atenda aos requisitos legais e assuma as respectivas obrigações, de permanecer em liberdade durante a persecução penal.
Pode haver cumulação, inclusive, com as demais medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, CPP).
Objetivos da Fiança
Busca-se com a fiança obter a presença do agente a todos os atos da persecução penal, evitando-se os efeitos deletérios do cárcere preliminar.
Se houver condenação, objetiva-se também garantir a execução da pena. Ocorrida condenação, o valor prestado (dinheiro ou objetos dados em garantia) ainda vai servir para um nobre papel, que é indenização da vítima, o pagamento das custas processuais, da prestação pecuniária e de eventual multa, caso o réu seja condenado (art. 336, caput, CPP).
Mesmo que ocorra a prescrição da pretensão executória (art. 110 do CP), o valor da fiança seguirá este destino (parágrafo único).
Modalidades de Fiança
A fiança pode ser prestada de duas maneiras: por depósito ou por hipoteca, desde que inscrita em primeiro lugar. O depósito pode ser de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, e títulos da dívida federal, estadual ou municipal (art. 330, CPP).
Já os bens dados em hipoteca estão definidos no art. 1.473 do Código Civil.
Vedações Legais
Temos uma série de restrições à admissibilidade da fiança. Antes da reforma (Lei nº 12.403/2011), o cabimento da fiança era inferido de maneira negativa, o que dava ensejo a dificuldades para se verificar quando deveria ser concedido o instituto. 
Com o novo sistema de concessão de fiança inaugurado pela Lei nº 12.403/2011, ficou mais coerente a possibilidade de sua concessão estatuída no Código de Processo Penal.
Vedações do Art. 323 do CPP
1. nos crimes de racismo;
2. nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e nos definidos como crimes hediondos;
3. nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Vedações do Art. 324 do CPP
1. aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código;
2. em caso de prisão civil ou militar;
3. quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 312).
Demais Vedações
a) Estatuto do desarmamento (Lei nº 10.826/2003): o parágrafo único do art. 14 (porte ilegal de arma de uso permitido) e o parágrafo único do art. 15 (disparo de arma de fogo), vedavam a admissibilidade de fiança para tais infrações.
O STF, contudo, apreciando a ADI-3137, declarou inconstitucionais esses dispositivos.
Como já admitiam liberdade provisória sem fiança, agora passaram a ser também infrações afiançáveis.
Com a Lei nº 12.403/2011, é possível também a aplicação de outras medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, CPP).
Demais Vedações
b) Crime organizado (Lei nº 12.830/2013 – revogada a Lei nº 9.034/1995): com a nova regulamentação do tema, os agentes que tenham tido intensa e efetiva participação na organização criminosa, poderão prestar fiança.
A nova Lei de Organização Criminosa não repetiu a previsão contida no art. 7º da Lei nº 9.034/1995, que vedava o instituto.
Recorde-se ainda que, a partir da vigência da Lei nº 12.403/2011 é possível a imposição de medidas cautelares diversas da prisão, com vistas a evitar a decretação da preventiva (§ 6º do art. 282, CPP).
Demais Vedações
c) Crimes contra o sistema financeiro (Lei nº 7.492/1986): o art. 31 veda a admissibilidade de fiança, nos crimes contra o sistema financeiro apenados com reclusão, se estiverem presentes os requisitos da preventiva.
d) Lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/1998): o art. 3º vedava a admissibilidade de fiança ao branqueamento de capitais e impedia a liberdade provisória sem fiança. Com a alteração legislativa promovida pela Lei nº 12.683/2012, não foi renovada a vedação legal, de maneira que os institutos agora são admitidos.
Liberdade Provisória com Fiança
A liberdade provisória com fiança somente será cabível se não estiver presente nenhum dos requisitos negativos dos art. 323 e 324 do CPP.
Possibilidade de Concessão pela Autoridade Policial
Art. 322.  A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. 
Parágrafo único.  Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.” (NR) 
Recusa ou demora da Autoridade Policial
Art. 335.  Recusando ou retardando a autoridade policial a concessão da fiança, o preso, ou alguém por ele, poderá prestá-la, mediante simples petição, perante o juiz competente, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas.” (NR) 
Valor da Fiança
a) de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
b) de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos.
Valor da Fiança
“Art. 325.  O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites: 
a) (revogada); 
b) (revogada); 
c) (revogada). 
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos; 
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. 
Valorda Fiança
§ 1o  Se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser: 
I - dispensada, na forma do art. 350 deste Código; 
II - reduzida até o máximo de 2/3 (dois terços); ou 
III - aumentada em até 1.000 (mil) vezes. 
§ 2o  (Revogado): 
I - (revogado); 
II - (revogado); 
III - (revogado).” (NR) 
Critérios de Determinação do Valor da Fiança
Art. 326.  Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final julgamento.
Obrigações do Afiançado
A liberdade provisória mediante fiança é sempre condicionada, exigindo a lei, além do implemento financeiro, uma série de obrigações ao afiançado, sendo possível, ademais, a aplicação cumulativa de uma ou mais medidas cautelares do art. 319 do CPP, quais sejam:
comparecimento perante a autoridade, toda vez que for intimado para os atos do inquérito e da instrução;
impossibilidade de mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade competente; 
Obrigações do Afiançado
proibição de ausentar-se por mais de oito dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar em que poderá ser encontrado;
vedação de deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo;
obrigação de cumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança;
dever de não resistir injustificadamente a ordem judicial; vedação à prática de novas infrações dolosas.
Quebra da Fiança
A quebra é ocasionada pelo descumprimento injustificado das obrigações do afiançado, podendo ser determinada de ofício ou por provocação.
Descumpridas as condições fixadas na sua imposição (art. 327 e art. 328, CPP), será ela julgada quebrada, cuja conseqüência é a perda da metade de seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares mais gravosas, incluindo a prisão preventiva (art. 343);
Será igualmente tida por quebrada a fiança quando o acusado deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; descumprir outra medida cautelar eventualmente imposta; resistir injustificadamente a ordem judicial, e, por fim, praticar nova infração legal.
Restituição do Valor da Fiança
Se a fiança for declarada sem efeito, por qualquer razão, ou for definitivamente absolvido o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor da fiança será integralmente restituído, sem desconto e devidamente atualizado (art. 337).
Restituição do Valor da Fiança
A fiança deverá ser devolvida em sua integralidade:
Rejeição da peça acusatória (art. 395, CPP);
Absolvição sumária (art. 397, CPP);
Absolvição definitiva (art. 386, parágrafo único, II)
Qualquer modalidade da extinção da punibilidade (art. 107, CP), ressalvada, unicamente, a prescrição da pretensão executória, que, repita-se, pressupõe sentença condenatória passada em julgado;
Decisões de arquivamento do inquérito ou das peças de investigação.
Perda da Fiança
Transitada em julgado a sentença condenatória, não pode o condenado frustrar a efetivação da punição, esquivando-se da apresentação a prisão, ou evadindo-se para não ser encontrado pelo oficial ou outra autoridade encarregada de levá-lo ao cárcere. Se o fizer, a fiança será julgada perdida. Após as deduções (pagamento de custas, de multa, indenização da vítima), o que restar será destinado aos cofres federais (art. 345, CPP).
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Cassação da Fiança
Possibilidades: 
Concedida por equívoco (regra). Deve ser cassada, de ofício, ou por provocação. Só o Judiciário pode determinar a cassação.
Caso ocorra uma inovação na tipificação do delito, reconhecendo-se a existência de infração inafiançável (art.339, CPP). Oferecida a denúncia, a fiança deve ser prontamente cassada, seja por requerimento do Ministério Público, seja de ofício.
Reforço da Fiança
O reforço é a necessidade de implementar a fiança (quando for tomada, por equívoco, em valor insuficiente; quando ocorrer a depreciação material ou perecimento de bens hipotecados ou caucionados, ou depreciação dos metais ou pedras preciosas; quando for inovada a classificação do delito, que tenha repercussão, em razão da alteração da pena, no quantitativo da fiança). 
Se o reforço não for realizado, a fiança vai ser julgada sem efeito, com o conseqüente recolhimento ao cárcere, expedindo-se mandado de prisão. O bem que tinha sido dado em garantia será integralmente devolvido. Em face da situação de pobreza, o agente poderá ser dispensado do reforço, permanecendo em liberdade, com pleno efeito da fiança prestada.
Dispensa da Fiança
O art. 350 do CPP dispõe que o Juiz, verificando ser impossível ao réu prestar a fiança por motivo de pobreza, poderá conceder-lhe a liberdade provisória, sujeitando-se às obrigações dos artigos 327 e 328. Se o réu infringir, sem motivo justo, qualquer dessas obrigações ou praticar outra infração penal, será revogado o benefício.
A dispensa não é uma discricionariedade do magistrado, mas um direito do beneficiário.
Execução da Fiança
Com o advento do trânsito em julgado da sentença condenatória, os bens dados em garantia devem ser convertidos em dinheiro, para propiciar o pagamento das custas, indenizar a vítima, e quitar eventual multa.
MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL DIVERSAS DA PRISÃO 
Momento e Legitimidade:
As medidas cautelares são passíveis de aplicação ao longo de toda a persecução penal, é dizer, durante toda a investigação criminal, seja ela conduzida pela polícia ou por outros órgãos de investigação, como as CPI´s, e durante o processo.
Não há, na lei, prazo de durabilidade da medida. Portanto, a dilação no tempo depende do fator necessidade.
A depender do estado das coisas (cláusula rebus sic stantibus), e da adequação ao caso concreto, a cautelar pode ser substituída, cumulada com outra, ou mesmo revogada, caso não mais se faça necessária. Sobrevindo novas provas indicando a sua conveniência, nada impede que seja redecretada.
MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL DIVERSAS DA PRISÃO 
Requisitos:
1) a necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instruçã criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;
2) a adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado; e
3) aplicação isolada, cumulada ou alternada de pena privativa de liberdade.
MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL DIVERSAS DA PRISÃO 
Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão: 
I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; 
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; 
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; 
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; 
MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL DIVERSAS DA PRISÃO 
Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão: 
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; 
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; 
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; 
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstruçãodo seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; 
MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL DIVERSAS DA PRISÃO 
Art. 319.  São medidas cautelares diversas da prisão: 
IX - monitoração eletrônica. 
§ 4o  A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares.” 
“Art. 320.  A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas.”

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