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Texto4 II PND

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Economia Brasileira II
-O II PND e a crise da dívida externa
A rápida elevação das importações e da dívida externa durante o ‘milagre econômico’ (1968-73) resultou num aumento da dependência externa do Brasil nesses anos e em anos posteriores. O que ocorreu foi que o crescimento da economia brasileira estava baseado na indústria, que por sua vez dependia dos bens de consumo durável para se expandir, e esse dependia dos bens de capital. Ademais, esse processo de crescimento também representou um aumento da dependência do país com petróleo. Paralelamente, o endividamento da economia brasileira subiu e deixou o país mais dependente e vulnerável externamente. 
Os primeiros sinais das consequências dessa dependência apareceram em dezembro 1973, através do primeiro choque de petróleo, ou seja, um aumento severo e significativo dos preços do principal insumo da economia brasileira no mercado internacional. Diante desse cenário, o modelo de ajuste externo adotado pelo governo de Ernesto Geisel (1974-78) foi um modelo de ajuste estrutural, materializado no II PND (Plano Nacional de Desenvolvimento). Tratava-se de um plano que seria implementado ao longo do período de 1974-79 e que tinha como objetivo principal construir um elo entre o desenvolvimento e o subdesenvolvimento econômico brasileiro, ou seja, procurava-se promover o crescimento econômico associado a uma integração das fronteiras do país, de tal maneira que o crescimento não ocorresse apenas em determinadas regiões do país.
Os investimentos do II PND eram destinados aos setores com pontos de estrangulamento; no caso, infraestrutura, bens de produção, energia e exportação. No primeiro setor, a meta era a ampliação da malha ferroviária, da rede de telecomunicações e da infraestrutura para produção e comercialização agrícola. No setor de bens de produção, o foco eram a siderúrgica, química pesada, metais não ferrosos e minerais não metálicos. No setor energético, os investimentos eram dirigidos à pesquisa, exploração e produção de petróleo e derivados; a ampliação da capacidade de geração de energia hidrelétrica; e ao desenvolvimento de fontes alternativas de petróleo, com destaque para o álcool combustível. No setor de exportações procurou-se aumentar a quantidade exportada e diversificar a pauta de exportações. Dessa maneira, esse conjunto de metas objetivava avançar no processo do PSI (Programa de Substituição de Importações) e ampliar a capacidade exportadora do país. 
Para atingir os objetivos do II PND foram utilizados, basicamente, recursos públicos e externos. Dada a estratégia de ajuste estrutural buscar remover ou atenuar a restrição externa ao crescimento de forma duradora e ao fato de que ocorreu uma inexistência de mecanismo privados de financiamento de longo prazo no Brasil. Nesse contexto, a função de financiamento dos investimentos privados era atendida no II PND pelo BNDE através de linhas especiais de crédito e juros subsidiados. Os investimentos públicos, por sua vez, eram financiados por recursos orçamentários (impostos) e por empréstimos adquiridos por empresas estatais. Por último, quanto ao mercado internacional, as condições de crédito se tornaram favoráveis a partir de 1975. Tanto que a viabilização do modelo de ajuste implementado no II PND só foi possível devido à elevada liquidez no mercado externo em razão dos petrodólares (eram os capitais obtidos pelos exportadores de petróleo e que serviam para financiar os países em desenvolvimento) e a redução da taxa de juros internacionais a partir de 1975. 
Em razão do longo prazo de amadurecimento dos investimentos previstos no II PND, seus efeitos sobre o Balanço de Pagamentos devem ser analisados durante e depois da implementação desse plano. Inicialmente assistiu-se ao aprofundamento do déficit em transações correntes �dada pela elevação das importações de bens de capital, no governo Geisel e no início do governo de João Figueiredo. Isso pode ser justificado pelos efeitos positivos esperados na segunda etapa – a partir de 1980. Sendo eles: expansão no PSI; redução da dependência externa em relação ao petróleo; aumento da capacidade exportadora do país, acompanhado da diversificação da pauta de exportações. 
Nesse sentido, a evolução das contas entre 1974 e 1984 parece confirmar as expectativas do governo. Primeiramente, o período de 1974-78 registrou, em relação a 1968-73, elevação do déficit em conta - corrente; a passagem de um equilíbrio na balança comercial para um déficit; e, um déficit na conta de serviços e renda superior em US$3,1 a mais, sendo essa elevação liderada pelas remessas de lucros e despesas com juros sobre a dívida externa. Por outro lado, a elevação do superávit da conta de capital �entre os períodos de 1968-73 e 1974-78 permitiu a geração de superávits no BP a partir de 1976, apesar do déficit crescente em conta corrente. E, entre o mesmo período deteriora-se a posição financeira do país, tendência expressa no aumento da relação “dívida externa/exportações”.
O período de 1979-80 manteve de certa maneira as tendências de déficit na conta – corrente, superávits na conta de capital e a relação dívida/exportações. No entanto duas diferenças podem ser observadas: no biênio 1979-80, a elevação do déficit em conta corrente pode ser explicada pela elevação das despesas financeiras; e, o superávit da conta capital tornou-se insuficiente para financiar o elevado déficit em conta- corrente, fazendo com que o BP tornasse deficitário (déficit de cerca de US$3,3 bilhões). As tendências do BP nesse período são reflexo do segundo choque de petróleo e do aumento de juros no mercado internacional.
No período de 1981-83, mesmo o déficit em conta - corrente tendo se mantido, a balança comercial se tornou superavitária. Tal mudança foi reflexo dos seguintes fatores: efeitos de duas maxidesvalorizações cambiais de cerca de 30% cada; recessão da economia no período de 1981-83 contraiu as importações; e substituição das importações promovida pelo II PND. Em razão dessa substituição, a contração das importações foi superior a do PIB durante a recessão – respectivamente de 12, 4% e 2,2% ao ano. Outros indicadores também mostraram essa tendência à substituição de importações nas décadas de 1970 e 1980: o peso dos bens de capital importados na FBCF� no Brasil diminui de 12,3% no período de 1971-73 para 3,5% entre 1981-83; o peso do petróleo importado no consumo final de petróleo no Brasil foi crescente até 1979, quando atingiu 86%; e caiu para 77% em 1983. Essa queda nas importações de petróleo é reflexo de outro efeito estrutural do II PND: substituição do insumo na matriz energética brasileira, cuja participação passou de 43% em 1978 para 34% em 1983. Ademais, o II PND registrou um aumento das exportações a partir de 1978; e, também ocorreu uma diversificação na sua pauta.
Em suma, os objetivos de mudança estrutural do II PND foram, em geral, atingidos. Tanto que no período de 1974-79 o crescimento médio do país foi de 6,7%. O que é um ótimo valor mesmo considerando a meta de uma taxa de crescimento do PIB de 10 % ano nesse período. Porém, para atingir esse resultado teve-se elevados custos macroeconômicos. Sem dúvida, parte das dificuldades enfrentadas no Brasil durante os anos de 1980 é resultado da ousadia do II PND, especialmente da estratégia de endividamento que o viabilizou. 
�Saldo da balança comercial + balança de serviços + transferências unilaterais. A Balança Comercial é as Exportações – Importações. Na Balança de Serviços são registrados todos os serviços rendas pagos e/ou recebidos pelo Brasil. Transferências unilaterais registram-se todos as doações interpaíses. 
�Nessa conta aparecem as transações que produzem variações no ativo e no passivo externos do país e que, portanto, modificam sua posição devedora ou credora perante o resto do mundo. Essa conta era denominada anteriormente de Movimento ou Balanço de Capitais. 
�Formação Bruta de Capital Fixo: é a parcela de investimentos que corresponde aos bens que não desaparecem depois de umaúnica utilização e possibilitam a produção ao longo de um determinado período de tempo.

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