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Filosofia na Idade Média.01

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Filosofia na Idade Média 
Filosofia patrística (do século I ao século VIII) 
Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e termina no século 
VIII, quando teve início a Filosofia medieval. A patrística resultou do esforço feito pelos dois 
apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos primeiros Padres da Igreja para conciliar a 
nova religião – o Cristianismo – com o pensamento filosófico dos gregos e romanos, pois 
somente com tal conciliação seria possível convencer os pagãos da nova verdade e 
converte-los a ela. A Filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização 
e à defesa da religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos. 
Divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina (ligada à Igreja 
de Roma) e seus nomes mais importantes foram: Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, 
Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro 
de Sevilha, Santo Agostinho, Beda e Boécio. 
A patrística foi obrigada a introduzir ideias desconhecidas para os filósofos greco-romanos: a 
ideia de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade una, de encarnação e 
morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição dos mortos, etc. Precisou 
também explicar como o mal pode existir no mundo, já que tudo foi criado por Deus, que é 
pura perfeição e bondade. Introduziu, sobretudo com Santo Agostinho e Boécio, a ideia de 
“homem interior”, isto é, da consciência moral e do livre-arbítrio, pelo qual o homem se torna 
responsável pela existência do mal no mundo. 
Para impor as ideias cristãs, os Padres da Igreja as transformaram em verdades reveladas 
por Deus (através da Bíblia e dos santos) que, por serem decretos divinos, seriam dogmas, 
isto é, irrefutáveis e inquestionáveis. Com isso, surge uma distinção, desconhecida pelos 
antigos, entre verdades reveladas ou da fé e verdades da razão ou humanas, isto é, entre 
verdades sobrenaturais e verdades naturais, as primeiras introduzindo a noção de 
conhecimento recebido por uma graça divina, superior ao simples conhecimento racional. 
Dessa forma, o grande tema de toda a Filosofia patrística é o da possibilidade de conciliar 
razão e fé, e, a esse respeito, havia três posições principais: 
1. Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior à razão (diziam eles: “Creio 
porque absurdo”). 
2. Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé (diziam eles: 
“Creio para compreender”). 
3. Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas tem seu 
campo próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se refere a tudo o que 
concerne à vida temporal dos homens no mundo; a fé, a tudo o que se refere à salvação da 
alma e à vida eterna futura). 
PATRÍSTICA 
 
 Por Patrística entende-se o período do pensamento cristão que se seguiu à época do 
novo testamento e chega até ao começo da Escolástica, isto é, os séculos II – VIII da era 
vulgar (Baixa Idade Média). Este período da cultura cristã é designado com o nome de 
Patrística, e representa o pensamento dos Padres da Igreja, que são os construtores da 
Teologia Católica, guias e mestres da doutrina cristã. 
 A Patrística é contemporânea do último período do pensamento grego, o período 
religioso, com o qual tem fecundo, entretanto dele diferenciando-se profundamente, 
sobretudo como o teísmo se diferencia do panteísmo. E também contemporâneo do império 
romano, com o qual também polemiza, e que terminará por se cristianizar depois de 
Constantino. 
 A Patrística tem três períodos: antes de Agostinho, tempo de Agostinho e depois de 
Agostinho. Esse último período, foi sistematizado a filosofia patrística. No período antes de 
Agostinho, os padres defendiam o cristianismo contra o paganismo, os padres começam a 
defender a fé e deixar de lado a razão grega como mostrava a filosofia helênica. 
O DIREITO NATURAL E A PATRÍSTICA: O DIREITO NATURAL PROVEM DA VONTADE 
DE UMA DIVINDADE E POR ESTA É REVELADA AOS HOMENS. O DIREITO É 
ANTERIOR AO ESTADO, TODA NORMA QUE NÃO ESTEJA EM CONFORMIDADE COM 
A DIVINDADE É INJUSTA, PODENDO SER DESOBEDECIDA PELOS CIDADÃOS. 
Santo Agostinho (354-430) 
O cristianismo estava consolidado nessa época: embora tivesse apenas quatrocentos 
anos, era considerado a verdade irrefutável. Apesar disso, Santo Agostinho, que nasceu no 
norte da África, numa cidade chamada Tagaste, nem sempre foi cristão. Fez os primeiros 
estudos na cidade natal e, com a ajuda de um amigo, foi para Cartago, aos dezesseis anos, 
completar os estudos superiores. Não foi um bom aluno. Na juventude, detestava estudar 
grego. Interessou-se por filosofia ao ler uma obra de Cícero. Quando criança era cristão, 
mas depois passou por outras religiões, como a dos maniqueus, que formavam uma seita e 
dividiam o mundo entre o bem e o mal, trevas e luz, espírito e matéria. Acreditavam que com 
o seu espírito, o homem pode transcender a matéria. O maniqueísmo contém uma visão 
dualista radical, bem e mal são tomados como princípios absolutos. 
 Posteriormente, Agostinho combateu essa doutrina, que foi criada por Manes. De 
início ele recusava a ler a Bíblia, por considerá-la vulgar. Teve um caso de amor, envolto em 
paixões mundanas, e nasceu um filho, que falecido ainda adolescente. Com vinte anos, 
perdeu o pai e ficou sendo o responsável pelo sustento de duas famílias. 
Foi professor de retórica em Cartago, mas depois mudou-se para Roma. Sua mãe foi 
contra a mudança e Agostinho teve de enganá-la na hora da viagem. De Roma foi para 
Milão, lecionar retórica. Muito influenciado pelos estóicos, por Platão e o neoplatonismo, 
também estava entre os adeptos do ceticismo. Abandonou o maniqueísmo, que critica. 
Converteu-se então à fé cristã, depois de conhecer a palavra do apóstolo Paulo, e batizou-
se aos trinta e dois anos de idade. Desistiu do cargo de professor e voltou a Tagaste, onde 
fundou uma comunidade monástica, disposto a fundamentar racionalmente a fé, como foi 
comum na Idade Média. Tentava demonstrar que, sem a fé, a razão não é capaz de levar à 
felicidade. A razão, para Agostinho serve de auxiliar a fé, esclarecendo e tornando inteligível 
aquilo que intuímos. Ele tinha tomado contato com o pensamento neoplatônico onde a 
natureza humana contém parte da essência divina. Demonstrou que há limites para a 
racionalidade. 
 Virou vigário aos trinta e seis anos, praticando a vida ascética. Santo Agostinho 
escreveu Contra os Acadêmicos, direcionado à filosofia cética e expôs a teoria de que os 
sentidos dizem algo verdadeiro. O erro provém do juízo que fazemos das sensações, e não 
delas próprias. A sensação não é falsa, o que é falso é querer ver nelas uma verdade 
externa ao próprio sujeito. Virou Bispo de Hipona. 
Agostinho ficou conhecido por “cristianizar” Platão, fazendo vários paralelos entre a parte 
espiritualista dele (que diz existir um mundo transcendente) e as Sagradas Escrituras. Faz a 
distinção entre o corpo, sujeito à sorte do mundo, e a alma, que é atemporal, e com a qual 
se pode conhecer Deus. Antes de Deus ter criado o mundo a partir do nada as Idéias 
eternas já existiam na sua mente. Deus é a bondade pura. Ele já conhece o que uma pessoa 
vai viver antes dela viver. Assim, apesar da humanidade ter sido amaldiçoada depois do 
pecado original, alguns alcançarão a verdade divina, a salvação. Isso depende do uso que 
fazemos do livre arbítrio, a faculdade que o indivíduo tem de determinar de acordo com a 
sua própria consciência a sua conduta, livre da Divina Providência, enquanto está vivo. Seria 
o ato livre de decisão, de opção. Durante um diálogo, Agostinho chega a conclusão que o 
mal não provém de Deus, mas sim do mau uso do livre arbítrio. Para ele não existe mal,apenas a ausência de Deus. (com isso ele refuta de vez a doutrina dos maniqueus). Essa 
teoria encontra-se no livro O livre arbítrio. Com uma vida errada, a alma fica presa ao corpo, 
porém a relação correta é a inversa. Os órgãos sensoriais sentem a ação dos elementos 
exteriores, a alma não. Deus é a fonte dos conhecimentos perfeitos e não o homem. A 
experiência mística leva à iluminação divina. Assim se chega às verdades eternas, e o 
intelecto então é capaz de pensar corretamente a ordem natural divina. A unidade divina é 
plena e viva, e guarda a multiplicidade. O amor de Deus é infinito. A graça e a liberdade 
complementam-se. 
Na obra a Cidade de Deus, Agostinho faz oposição entre sensível e inteligível, alma e corpo, 
espírito e matéria, bem e mal e ser e não ser. Acrescenta a história à filosofia, interpretando 
a história da humanidade como o conflito entre a Cidade de Deus, inspirada no amor à Deus 
e nos valores que Cristo pregou, presentes na Igreja, e a Cidade humana, baseada nos 
valores imediatos e mundanos. Essas cidades estariam presentes na alma humana, e no 
final a Cidade de Deus triunfaria. 
Santo Agostinho e o Direito Natural 
Em sua doutrina, pregava que, se as leis terrenas contivessem disposições contrárias à lei 
de Deus, não teriam vigência e não deveriam ser obedecidas. 
A esperança da realização da Justiça Cristã era mantida através da crença em uma norma 
de caráter mais geral, colocada acima do Direito Positivo. Dessa forma, conseguiram-se 
conter quaisquer revoltas. Apesar de, utopicamente, reinar uma igualdade entre os homens 
e uma satisfação das necessidades materiais humanas por meio da posse comum dos bens, 
empiricamente, cidadão era somente aquele que detinha riquezas, situado, destarte, em 
uma camada restrita e distinta do restante da grande e carente massa popular. 
De maneira análoga, também no período medieval, a realidade empírica era distinta das 
aspirações de Justiça, bastando-se tomar como exemplo os atos da Igreja em repressão 
àqueles considerados hereges. 
ESCOLÁSTICA 
 
 A Escolástica representa o último período da história do pensamento cristão, que vai 
do início do séc. IX até ao fim do séc. XV (Alta Idade Média). Este período do pensamento 
cristão é denominado ESCOLÁSTICO, porque era a filosofia ensinada nas escolas da época 
por mestres chamados escolásticos. Diversamente da patrística, cujo interesse é acima de 
tudo religioso e cuja glória é a elaboração da teologia dogmática católica, o interesse da 
escolástica é, acima de tudo, especulativo, e a sua glória é a elaboração da filosofia cristã. 
Tal elaboração será plenamente racional, consciente e crítica, apenas Tomás de Aquino, 
que levou a escolástica ao seu apogeu. Até o Aquinate sobrevivem o pensamento e a 
tendência platônico-agostiniana, características da patrística, em que era impossível uma 
filosofia verdadeira e própria por falta de distinção entre natural e sobrenatural, razão e fé, 
filosofia e teologia. Quanto à divisão da escolástica, distinguiremos a escolástica pré-tomista, 
com orientação agostiniana (IX- XIII); Tomás de Aquino, que foi o verdadeiro construtor da 
filosofia cristã (XIII); o período pós-tomista (XIV-XV), que representa a rápida decadência 
histórica da escolástica. 
 Neste período, aconteceram grandes avanços na área filosófica, devido ao 
pensamento gnosiológico, místico, dialético, metafísico e moral. 
São Tomás Aquino (1225-1274) 
 
Nascido em uma família de nobres, Tomás de Aquino fez os primeiros estudos no castelo de 
Monte Cassino. Em Nápoles, para onde foi em 1239, estudou artes liberais, ingressando, em 
seguida, na Ordem dos Dominicanos, em 1244. De Nápoles, a caminho de Paris, em 
companhia do Geral da ordem, foi seqüestrado por seus irmãos, inconformados com seu 
ingresso no convento. 
No ano seguinte, fiel à sua vocação religiosa, viajou a Paris, onde se tornou discípulo 
de Alberto Magno, acompanhando-o a Colônia. Em 1252, voltou a Paris, onde se formou em 
teologia e lecionou durante três anos. Depois de voltar à Itália, foi nomeado professor na 
cúria pontifical de Roma. 
Ensina, durante anos, em várias cidades italianas. Uma década depois, retorna a 
Paris, onde leciona até 1273. A seguir, parte para Nápoles, onde reestrutura o ensino 
superior. Em 1274, convocado pelo papa Gregório 10º, viaja para participar do Concílio de 
Lyon. Adoece, contudo, durante a viagem, vindo a falecer no mosteiro cisterciense de 
Fossanova, aos 49 anos de idade. 
Chamado de Doutor Angélico e de Príncipe da Escolástica, Tomás de Aquino foi 
canonizado em 1323 e proclamado doutor da Igreja Católica em 1567. 
 
Provas da existência de Deus 
A primeira questão de que se ocupa Tomás de Aquino - na Suma Teológica, sua obra 
máxima - é a das relações entre a ciência e a fé, a filosofia e a teologia. Fundada na 
revelação, a teologia é a ciência suprema, da qual a filosofia é serva ou auxiliar. À filosofia, 
procedendo de acordo com a razão, cabe demonstrar a existência e a natureza de Deus. 
Profundamente influenciado por Aristóteles, Tomás de Aquino sustenta que nada está 
na inteligência que não tenha estado antes nos sentidos, razão pela qual não podemos ter 
de Deus, imediatamente, uma idéia clara e distinta. 
Assim, para provar a existência de Deus, o filósofo procede a posteriori, partindo não 
da idéia de Deus, mas dos efeitos por ele produzidos, formulando cinco argumentos, cinco 
vias: 
 
 
1) o movimento existe e é uma evidência para os nossos sentidos; ora, tudo o que se move 
é movido por outro motor; se esse motor, por sua vez, é movido, precisará de um motor que 
o mova, e, assim, indefinidamente, o que é impossível, se não houver um primeiro motor 
imóvel, que move sem ser movido, que é Deus; 
 
2) há uma série de causas eficientes, causas e efeitos, ao mesmo tempo; ora, não é 
possível remontar indefinidamente na série das causas; logo, há uma causa primeira, não 
causada, que é Deus; 
 
3) todos os seres que conhecemos são finitos e contingentes, pois não têm em si próprios a 
razão de sua existência - são e deixam de ser; ora, se são todos contingentes, em 
determinado tempo deixariam todos de ser e nada existiria, o que é absurdo; logo, os seres 
contingentes implicam o ser necessário, ou Deus; 
 
4) os seres finitos realizam todos determinados graus de perfeição, mas nenhum é a 
perfeição absoluta; logo, há um ser sumamente perfeito, causa de todas as perfeições, que 
é Deus; 
 
5) a ordem do mundo implica em que os seres tendam todos para um fim, não em virtude de 
um acaso, mas da inteligência que os dirige; logo, há um ser inteligente que os dirige; logo, 
há um ser inteligente que ordena a natureza e a encaminha para seu fim; esse ser 
inteligente é Deus. 
 
Homem, alma e conhecimento 
Para Tomás de Aquino, o homem é corpo e alma inteligente, incorpórea (ou imaterial), e se 
encontra, no universo, entre os anjos e os animais. Princípio vital, a alma é o ato do corpo 
organizado que tem a vida em potência. 
Contestando o platonismo e a tese das idéias inatas, Tomás de Aquino observa que se a 
alma tivesse de todas as coisas um conhecimento inato, não poderia esquecê-lo, e, sendo 
natural que esteja unida a um corpo, não se explica porque seja o corpo a causa desse 
esquecimento. 
Conhecer, para Tomás de Aquino, não é lembrar-se, como pretendia Platão, mas extrair, por 
meio do intelecto agente, a forma universal que se acha contida nos objetos sensíveis e 
particulares. Do conhecimento depende o apetite, ou o desejo, inclinação da alma pelo bem. 
O homem, segundo Tomás de Aquino, só pode desejar o que conhece, razão pela qual há 
duas espécies de apetites ou desejos: os sensíveis e os intelectuais. Os primeiros, relativos 
aos objetos sensíveis, produzem as paixões, cuja raiz é o amor. Quanto aos segundos,produzem a vontade, apetite da alma em relação a um bem que lhe é apresentado pela 
inteligência como tal. 
Seguindo Aristóteles, Tomás de Aquino diz que, para o homem, o bem supremo é a 
felicidade, que não consiste na riqueza, nem nas honrarias, nem no poder, em nenhum bem 
criado, mas na contemplação do absoluto, ou visão da essência divina, realizável somente 
na outra vida, e com a graça de Deus, pois excede as forças humanas. 
Direito Para Santo Tomás Aquino 
Santo Tomás de Aquino distinguia em sua obra "Suma Teológica", três espécies de leis: a 
"lex aeterna" ou razão divina, que governa o mundo; a "lex naturalis", inserida por Deus no 
coração do homem e feita sob medida para a natureza deste, e, finalmente, a "lex humana", 
criada pelo homem conforme os preceitos da lei natural. Em face desta estreita dependência 
entre a lei positiva e a lei divina, surgiu a supremacia da Igreja sobre o Estado, 
Direito Canônico 
Na baixa idade média o poder eclesiástico atingiu o seu apogeu; os reis recebiam o seu 
poder da igreja, que os sagrava e podia excomungá-los. O cristianismo começou com muita 
simplicidade, mas, na medida em que conseguia consolidar a sua estrutura, foi, 
gradativamente, elaborando suas próprias regras, que, com o passar do tempo, chegariam 
constituir um direito particular: o direito canônico. 
A palavra "canônico" é usada para designar algo referente a Igreja. "Canon" é um termo 
usado pela Igreja para definir os seus próprios assuntos, usos e costumes. Portanto, Direito 
Canônico é o direito da Igreja Católica. 
Foi a partir do século VIII que o Direito Canônico começou a ser chamado assim. Até o 
Decreto de Graciano em 1140, o direito canônico não era uma ciência autônoma em relação 
à teologia. Depois do Decreto até o Concílio de Trento cada vez mais a ciência canônica 
toma uma direção própria, e com a promulgação do primeiro código em 1917, alcança o seu 
auge como ciência jurídica dentro da Igreja. 
O Direito Canônico foi, durante a maior parte da Idade Média, o único direito escrito; foi 
redigido, comentado e analisado a partir da Alta Idade Média e prossegue até os nossos 
dias. A Igreja admitiu (quase sempre) a dualidade de dois sistemas jurídicos: o direito 
religioso e o direito laico. 
A religião cristã se impôs na Idade Média por toda parte, adquirindo um caráter UNITÁRIO. 
Certos domínios do direito privado foram redigidos exclusivamente pelo direito canônico, os 
conflitos nessa área eram resolvidos pelos tribunais eclesiásticos, com exclusão dos 
tribunais laicos. 
A finalidade do Direito ou Código Canônico se resume no fato de que a Igreja, constituída 
como corpo social visível, precisa de normas: para que se torne visível sua estrutura 
hierárquica e orgânica; para que se organize devidamente o exercício das funções que lhes 
foram devidamente confiadas; para que se componham, segundo a justiça inspirada na 
caridade, as relações mútuas entre os fiéis e finalmente para que as iniciativas comuns 
empreendidas em prol de uma vida cristã mais perfeita, sejam apoiadas, protegidas e 
promovidas pelas leis canônicas. 
A Inquisição 
Foi um Órgão criado para combater qualquer movimento contrário aos ideais eclesiásticos, 
denominado Tribunal do Santo Ofício da Inquisição. É responsável pela defesa dos 
princípios regentes do catolicismo da época. 
Consistia na identificação, julgamento e condenação de indivíduos suspeitos de praticar 
outras religiões, ou quem ela entendesse como inimigo, acusando-os de hereges. 
Quem estabelece regras deve se preocupa com seu cumprimento. Os conflitos internos e 
externos da comunidade eclesiástica eram arbitrados pelos bispos, com base no 
procedimento acusatório herdado do direito romano, mas logo ficou aparente que nem 
sempre havia parte acusadora para colocar um freio aos desvios da fé. Então, as 
autoridades eclesiásticas começaram a investigar de oficio, inicialmente como procedimento 
disciplinar restrito ao policiamento do clero. Nesse período é que teve inicio a Inquisição, 
criada para combater toda e qualquer forma de contestação aos dogmas da igreja. 
A Inquisição exercia também uma severa vigilância sobre o comportamento moral dos fiéis e 
censurava toda a produção cultural bem como resistia fortemente a todas as inovações 
científicas. Era composta por tribunais Eclesiásticos e Seculares que julgavam todos aqueles 
considerados uma ameaça às doutrinas da Igreja. Todos os suspeitos eram perseguidos e 
julgados, e aqueles que eram condenados, cumpriam as penas que podiam variar desde 
prisão temporária ou perpétua até a morte na fogueira, onde os condenados eram 
queimados vivos em plena praça pública. 
O Tribunal da Inquisição orientava-se, por um Regimento Interno, onde estavam 
sistematizados as leis, jurisprudência, ordens e prazos a serem seguidos. Os crimes 
julgados pelo Tribunal eram de duas naturezas: contra a fé, como judaísmo, protestantismo, 
luteranismo, deísmo, libertinismo, molinismo, maometismo, blasfêmias, apostasia, 
desacatos, críticas aos dogmas; e contra a moral e os costumes, como bigamia, sodomia, 
feitiçaria etc, com toda sua série de modalidades. 
Podiam acontecer três tipos de processo: por acusação, por denúncia, por inquérito. A 
investigação do processo resumia-se a perguntar às pessoas informadas ou envolvidas no 
caso; aceitavam-se denúncias de qualquer categoria de pessoas e mesmo cartas anônimas. 
As pessoas viviam amedrontadas e sabiam que podiam ser denunciadas a qualquer 
momento sem que houvesse necessariamente razão para isso. Com base em meros boatos, 
aprisionavam as pessoas, interrogavam-nas, e muitas vezes, torturavam-nas até 
confessarem. 
O processo penal acusatório era um sistema de julgamento irracional, a ação penal só 
poderia ser desencadeada por uma pessoa privada, que seria a parte prejudicada. O juiz era 
um árbitro imparcial, que orientava o processo, mas nunca julgava o acusado. Em caso de 
dúvidas, a determinação da culpa ou inocência era feita de modo irracional, era colocado 
nas mãos de Deus. A forma utilizada era chamada de Ordálio e suas práticas eram diversas. 
O processo por inquérito substituiu o processo acusatório, alterando o sistema penal, 
atribuindo racionalidade ao sistema. No processo por inquérito oficializou-se todas as etapas 
do processo judicial a partir da apresentação da denúncia. O juiz já não era mais um árbitro 
imparcial, ele e os demais oficiais do tribunal assumiam a investigação dos crimes e 
determinavam e a culpabilidade ou não do réu, tudo registrado por escrito. 
A tortura era o meio utilizado pelos inquisidores para obterem a confissão ou informação de 
uma pessoa acusada. Argumentava-se que quando uma pessoa fosse submetida ao 
sofrimento físico durante o interrogatório, confessaria a verdade. 
O condenado era obrigado a confessar sua culpa em uma igreja e a pedir perdão na frente 
de uma multidão, esse evento era denominado autos-de-fé. Em seguida, era conduzido ao 
cadafalso, em praça pública, onde seria queimado pelo carrasco. Durante a execução a 
sentença era lida em público para que todos tomassem ciência dos malefícios por eles 
praticados. 
Após a morte na fogueira, os bens da pessoa executada eram confiscados a pretexto de 
prover as custas do processo e os familiares passavam a ser investigados, uma vez que a 
prática de certos crimes era considerada hereditária. 
A Inquisição sofreu uma importante reforma no tempo do Marquês de Pombal em 1772, e foi 
extinta gradualmente ao longo do século XVIII, embora só em 1821 se dê a extinção formal 
em Portugal numa sessão das Cortes Gerais. 
Teoria do Conhecimento 
RACIONALISMO X EMPIRISMO 
Desde as origens da filosofia o problema do conhecimento sempre ocupou a maioria 
dos filósofos. O tema já era tratado pelos pensadores pré-socráticos, os quais, dada a 
maneira como abordavam o assunto, se dividiam entreracionalistas e empiristas. O 
racionalismo e o empirismo representam visões opostas na maneira de explicar como o 
homem adquire conhecimentos. A classificação em correntes de pensamento, 
evidentemente, foi realizada pelos pensadores posteriores, já que nem os gregos ou os 
medievais tinham clara a separação entre as duas tendências. Parmênides (cerca de 530 
a.C. -460 a.C.) e os pitagóricos (século VI a.C.) concordam que além do conhecimento 
empírico existe também o racional, e é somente este último que efetivamente tem valor 
absoluto. Por outro lado, os sofistas Protágoras (480 a.C. -410 a.C.) e Górgias (480 a.C.375 
a.C.) reconhecem somente o conhecimento sensível. Assim, como sabiam que as 
experiências eram falhas e que não eram as mesmas para todo e qualquer indivíduo, os 
sofistas concluíram pela relatividade do conhecimento, o que os permitiu afirmar que “o 
homem é a medida de todas as coisas”, negando qualquer conhecimento necessário e 
universal. 
Avançando mais no tempo, encontramos a filosofia de Platão (427 a. C.- 347 a. C.), 
cujo pensamento é classificado como racionalista. O grande filósofo, afirmava que para 
chegar à verdade era preciso ultrapassar os dados da experiência, falhos e mutáveis, e 
alcançar o mundo da Idéias, princípios eternos e perfeitos. O grande filósofo ateniense 
afirmava que antes de viver neste mundo as almas humanas habitavam o mundo das Idéias 
e ali conheciam o Bem, o Belo, as Proporções e muitas outras. Ao nascerem em corpos 
humanos, as almas esqueciam o que haviam vislumbrado neste mundo superior. Somente 
através de uma ascese e da atividade filosófica é que as Idéias poderiam ser relembradas. 
O exemplo clássico desta crença é o Mito da Caverna, descrito no livro “A República”. A 
base de todo o mito é o argumento de Platão, depois incorporado de diversas formas à 
filosofia pelos pensadores racionalistas, de que existem conceitos que são inatos ao ser 
humano (como a Razão, o Bem, a Justiça, etc.), os quais precisamos apenas recordar. Um 
dos grandes argumentos apresentados ao longo da história em favor do inatismo (o fato 
destes conceitos serem inatos, de já nascermos com eles) era a capacidade de realizarmos 
operações matemáticas. Segundo os racionalistas, não havia como aprender conceitos e 
raciocínios matemáticos pela experiência; estes deveriam ser inatos. O mais famoso 
exemplo desta argumentação é apresentado em um dos diálogos de Platão, no “Menon”. 
Neste diálogo, Sócrates inicia uma conversa com um jovem escravo, que passava pelo local 
onde o filósofo confabulava com alguns amigos. Fazendo uma série de perguntas dirigidas, 
Sócrates consegue que o escravo realize diversos raciocínios matemáticos e geométricos, 
sem que nunca antes tivesse estudado estas ciências. A historicidade do ocorrido narrado 
por Platão nunca pôde ser provada. Fato é que com aquela história Platão queria provar que 
certas idéias matemáticas eram inatas, já que com elas tínhamos tido contato no mundo das 
Idéias. 
Por outro lado sabemos por dados históricos e arqueológicos que a álgebra e a 
geometria sofreram um lento desenvolvimento, desde a contagem de dias, registrados em 
ossos há mais de 15.000 anos, até as técnicas desenvolvidas para observação dos astros, 
construção de canais, medição de terras, construção de templos e comércio, pelas grandes 
civilizações do Oriente Médio, Ásia e Mesoamérica. Tudo isto – podemos acompanhá-lo por 
diversos documentos históricos – foi o resultado de um lento aprimoramento de certos 
conceitos e práticas por força das necessidades econômicas, a princípio bastante simples e 
elementares. 
Aristóteles (384 a.C.-322 a. C) discípulo de Platão, tinha uma posição diferente de seu 
mestre. Defendia que a observação era a atividade básica para poder entender o mundo. 
Em outras palavras, dizia que dos dados empíricos podiam-se tirar conclusões e destas criar 
regras que explicassem o funcionamento da Natureza. Com esta maneira de interpretar os 
dados da experiência, Aristóteles tornou-se o fundador de diversas ciências e um dos 
maiores representantes do empirismo (na realidade, chamado de realismo). 
Após Aristóteles, a maioria dos filósofos do período helênico seguiria a orientação 
empirista. Mesmo porque, estas correntes filosóficas eram voltadas para temas práticos, 
como a ética e a física e pouco para o desenvolvimento de um pensamento mais sutil, como 
a metafísica. A escola cirenaica, fundada por Aristipo de Cirene (435 a.C. -356 a.C.), 
afirmava que só as sensações eram critério de conhecimento. O mesmo ocorria com 
pequenas variações com os cínicos, escola fundada por Antístenes (444 a.C. -365 a.C.), e 
com os estóicos, que tinham em Zenon de Cítium (334 a.C. -262 a.C.) seu iniciador. Esta 
última escola filosófica antecipou-se ao pensador inglês John Locke (do qual falaremos 
adiante) em quase dois mil anos, afirmando que a alma humana não continha qualquer tipo 
de idéia inata no nascimento, e que todo desenvolvimento posterior era resultado da 
experiência através dos sentidos. Outra corrente bastante importante e com uma orientação 
empirista foi o epicurismo, fundado por Epicuro de Samos (341 a.C.271 a.C.), para quem 
todo o conhecimento provinha das sensações, causadas pelos átomos. A última escola de 
pensamento empirista da Antiguidade foi o ceticismo, fundado por Pirro de Elis (360 a.C. -c. 
270 a.C.). O último grande representante desta escola foi Sexto, cognominado de “O 
Empírico” (que também quer dizer médico). Os céticos partiam do pressuposto de que a 
base do conhecimento eram os sentidos, que, no entanto, não eram dignos de confiança. 
Sendo assim, afirmavam que nada se poderia conhecer verdadeiramente e que a cada 
afirmação era possível contrapor uma afirmação contrária. 
Durante grande parte da Idade Média, pelo menos até o século XIII, a filosofia 
dominante teve uma orientação racionalista. Isto se deve principalmente à grande influência 
exercida pela filosofia neoplatonica (século III d.C.), de Amônio Sacas (175 242) e Plotino 
(205 -270), sobre vários pensadores dos primeiros séculos da nossa era. Dentre estes 
filósofos estava Santo Agostinho (354 -431), que com sua obra moldaria toda a teologia e 
filosofia medieval até o aparecimento de São Tomás de Aquino (1225 -1274). Os conceitos 
de Ideias, elaboradas por Platão, foram substituídas por conceitos como Deus, Alma e Bem, 
conceitos que segundo Agostinho, Deus já tinha impregnado na alma do homem e que este 
descobria ao seguir o cristianismo. 
A partir do século XII, com os frequentes contatos com a cultura árabe, o ocidente 
cristão toma conhecimento das obras de Aristóteles. Os escritos do filósofo grego, 
desaparecidos da cultura ocidental por longo tempo, passariam a exercer uma grande 
influência sobre os teólogos da Igreja. Todavia, chegaram a ser proibidos, para depois 
adquirirem plena aceitação após terem sido incorporados á filosofia cristã por São Tomás de 
Aquino. Este pensador não era empirista, mas acreditava que esta tendência filosófica não 
excluiria a fé. Através dos dados dos sentidos, segundo Tomás, o conhecimento pode 
abstrair de cada objeto individual a sua essência, sua forma universal. Deus, para Aquino, é 
cognoscível (pode ser conhecido) por meios sensíveis e racionais, Com base nisso, o 
filósofo propõe as “Cinco Vias”, as cinco sentenças que tenta provar a existência de Deus, 
baseadas em parte no empirismo e no racionalismo. 
A síntese medieval culminou com o sistema abrangente de Tomás de Aquino. O 
racionalismo escolástico estava unido ao misticismo cristão e o conhecimento dos gregos 
estava amoldado aos ensinamentos da Igreja, formando uma imagem do universo. As 
causas finais estavam por trás de cada processo da natureza. Uma inteligência divina 
permeava tudo. E a vontade de Deus, apesar de incompreensível em seus detalhes, 
proporcionava racionalidade e sentido a todasas coisas. 
Todavia, o Renascimento inauguraria uma nova mentalidade, uma maneira diferente 
de enxergar o universo, já bastante influenciada pelo princípio de desenvolvimento das 
ciências naturais. Um dos primeiros cientistas-filósofos da época (ainda não havia clara 
distinção entre ambas as ciências), Bernardino Telésio, é um típico representante da nova 
mentalidade empírico-científica da época. Segundo Höffding, Telésio considerava que 
mesmo o mais alto e mais perfeito conhecimento simplesmente consistia na habilidade de 
descobrir atributos e condições desconhecidas do fenômeno, através de suas similaridades 
com outros casos conhecidos. Ou seja, novas descobertas devem ser feitas empiricamente, 
baseadas na observação dos fenômenos da natureza, como já ensinava Aristóteles. 
É neste ambiente cultural que o empirismo e o racionalismo moderno se 
desenvolvem. Um dos grandes precursores do empirismo – e por sinal também um dos 
ideólogos do moderno método científico – foi Francis Bacon (1561-1626). Dizia ele que todo 
conhecimento tinha que ser baseado em dados da experiência. As informações, no entanto, 
deveriam ser reunidas e utilizadas de acordo com um método, de modo a possibilitar fazer 
inferências cientificamente aproveitáveis. 
Os sucessores intelectuais de Bacon foram os empiristas ingleses, dos quais os 
principais representantes eram Thomas Hobbes (1588-1674), John Locke (1632-1704), 
George Berkeley (1685-1753) e David Hume (1711-1776). O ponto de partida das 
investigações destes filósofos não foram os problemas do ser, mas do conhecer. No entanto, 
enquanto filósofos continentais (os racionalistas) encaram o problema do conhecimento a 
partir das ciências exatas, os empiristas voltam-se para as ciências experimentais. O próprio 
ambiente cultural e sócio-econômico da Inglaterra da época coopera para tanto, já que 
ocorria um grande florescimento das ciências experimentais – botânica, astronomia, 
química, mecânica, etc. Seguindo a linha de raciocínio das ciências experimentais, o 
empirismo parte de fatos, eventos constatados pela experiência. Agindo assim, chega à 
seguinte problemática epistemológica: como, partindo da experiência sensível, é possível 
chegar às leis universais? A solução encontrada pelos filósofos foi a de que partindo do 
pressuposto de que todo o conhecimento é originário da experiência, conclui-se que mesmo 
as ideias abstratas e as leis científicas têm a mesma incerteza, instabilidade e 
particularidade do conhecimento empírico. A alma (a mente) não possui ideias inatas, como 
afirmava o racionalista Platão. As impressões, obtidas pela experiência, isto é, pela 
sensação, percepção e pelo hábito, são direcionadas à memória e desta – através de um 
processo de associação de ideias, segundo o filósofo Hume – formam-se os pensamentos. 
O próprio hábito de associar ideias, pela diferenças ou semelhanças, forma a razão, ainda 
segundo Hume. A mais famosa tese do empirismo, desenvolvida por John Locke, é a da 
tabula rasa. Com este conceito o filósofo queria dizer que ao nascermos não temos nenhum 
princípio ou ideia inata e tudo que aprendemos e processamos em nossa mente provêm das 
experiências feitas durante a vida. 
A escola racionalista, inaugurada por René Descartes (1596-1650), tem um 
posicionamento diferente em relação à maneira como é adquirido o conhecimento. Vivendo 
em um ambiente diferente dos empiristas, assolado por guerras (Guerra dos 30 anos de 
1618 a 1648) e perseguições religiosas (Massacre de São Bartolomeu em 1572), os filósofos 
racionalistas foram mais apegados a conceitos imutáveis, como os das ciências teóricas 
(matemática e geometria). Para os filósofos racionalistas, cujos representantes principais 
foram Descartes, Nicolas Malebranche (1638-1715), Baruch Espinosa (1632-1677) e Leibniz 
(1646-1716), é necessário descobrir uma metodologia de investigação filosófica sobre a qual 
se pudesse construir todo o conhecimento. A resposta a esta questão, encontrada por 
Descartes, foi que o conhecimento válido não provém da experiência, mas encontra-se inato 
na alma. Em relação ao método para atingir este conhecimento, o filósofo francês propõe 
colocar em dúvida qualquer conhecimento que não seja claro e distinto. Este conhecimento 
pode ser obtido através da análise racional, com a qual é possível apreender a natureza 
verdadeira e imutável das coisas. Trata-se, de certa forma, de uma reedição do platonismo, 
possibilitando a metafísica e a aceitação de uma moral baseada em princípios tidos como 
racionais e universalmente válidos. 
A solução de Kant 
A dicotomia entre racionalismo e empirismo perpassa toda a filosofia dos séculos XVII 
e XVIII. A possibilidade do conhecimento efetivo e absoluto, afirmado pelos racionalistas e 
negado pelos empiristas é estudada detalhadamente pelo filósofo Immanuel Kant (1724-
1804). Este teve sua atenção despertada para o problema do conhecimento após ler a obra 
do empirista Hume, que, segundo o próprio Kant, o acordou do “sonho dogmático”. A 
solução para a oposição entre o racionalismo e o empirismo foi chamada por ele mesmo de 
“Revolução copernicana da filosofia”, numa referência à revolução paradigmática feita por 
Copérnico na astronomia, que mudou nossa visão do mundo e de sua posição no universo. 
De certo modo, Kant tentou provar que tanto os inatistas (os racionalistas, que 
consideravam certas ideias inatas na alma) quanto os empiristas estavam errados. Ou seja, 
os conteúdos do conhecimento não eram inatos nem eram adquiridos pela experiência. Kant 
postula que a razão é inata, mas é uma estrutura vazia e sem conteúdo, que não depende 
da experiência para existir. A razão fornece a forma do conhecimento e a matéria é 
fornecida pelo conhecimento. Desta maneira, a estrutura da razão é inata e universal, 
enquanto os conteúdos são empíricos, obtidos pela experiência. Baseado nestes 
pressupostos, Kant afirma que o conhecimento é racional e verdadeiro. 
Todavia, segundo o filósofo, não podemos conhecer a realidade das coisas e do 
mundo, o que ele chamou de noumeno, “a coisa em si”. A razão humana só pode conhecer 
aquilo que recebeu as formas (cor, tamanho, etc.) e as categorias (elementos que organizam 
o conhecimento) do sujeito do conhecimento, isto é, de cada um de nós. A realidade, 
portanto, não está nas coisas (já que não as podemos conhecer em última análise), mas em 
nós. Assim, vemos o mundo “filtrado e processado” pela nossa razão, depois que as 
percepções passaram pelas categorias. 
Resumindo: 
 - Racionalismo argumenta que a obtenção do conhecimento científico se dá pelas ideias 
inatas, que seriam pensamentos existentes no homem desde sua origem que o tornariam 
capazes de intuir (deduzir) as demais coisas do mundo. Tais ideias inatas seriam o 
fundamento da Ciência. 
- Empirismo, a Experiência é a base do conhecimento científico, ou seja, adquire-se a 
Sabedoria através da percepção do Mundo externo, ou então do exame da atividade da 
nossa mente, que abstrai a Realidade que nos é exterior e as modifica internamente. Daí ser 
o Empirismo de caráter individualista, pois tal conhecimento varia da percepção, que é 
diferente de um indivíduo para o outro. 
Ricardo Ernesto Rose 
Filosofia do Direito 
O DIREITO 
Origem da palavra direito (nominal) 
“Directum” ou “rectum” (do latim) > significa direito ou reta 
“Dirigere” (do latim) > significa dirigir, guiar 
“Jus” – derivação de “justum”. Aquilo que é justo, conforme a justiça 
“Yu”- (vocábulo sânscrito) que significa vinculo, radical de “jus”, justo 
 
CONCEITO DE DIREITO 
Impossível de se ter uma fórmula única, variando de acordo com visão da Escola ou Teoria. 
O Direito, no sentido da lei ou norma, é uma das acepções mais conhecidas. 
Conceitos: 
Radbruch “o conjunto de normas gerais e positivas que regulam a vida social”. 
Mazeaud “O fim do direito éprecisamente determinar regras que permitam aos homens a 
vida em sociedade” 
Ao conjunto dessas normas, gerais e positivas, ditadas por um poder soberano e que 
disciplinam a vida social, se denomina direito. 
Ihering “um conjunto de normas, coativamente garantidas pelo poder público” 
Direito é o conjunto de regras de organização e conduta que, consagradas pelo Estado, se 
impõe coativamente, visando a disciplina da convivência social (Hermes de Lima) 
Direito é uma ordem de conduta humana. Uma ordem é um sistema de regras. (Hans 
Kelsen) 
 
DIVISÕES DO DIREITO 
Direito Natural 
O Direito Natural não é escrito, não é criado pela sociedade, nem é formulado pelo Estado. 
(...) É um Direito espontâneo, que se origina da própria natureza social do homem e que é 
revelado pela conjugação de experiência e razão. É constituído por um conjunto de 
princípios, e não de regras, de caráter universal, eterno e imutável. (Paulo Nader). 
Para os defensores do Direito Natural, este revela ao legislador os princípios fundamentais 
de proteção ao homem, que forçosamente deverão ser consagrados pela legislação, a fim 
de que se tenha um ordenamento jurídico substancialmente justo. (Justiça) 
Para uma corrente, o Direito Natural é constituído pelos princípios que servem de 
fundamento ao direito positivo, normas tais como: “deve se fazer o bem”, “dar a cada um o 
que lhe é devido”, “não lesar a outrem”. 
Ao estabelecer em leis os critérios de justiça, o legislador deverá basear-se em uma fonte 
irradiadora de princípios - o Direito Natural. (Princípios fundamentais do direito). 
Se o ordenamento jurídico se afasta dos princípios do direito Natural, prevalecem as leis 
injustas. 
“O Direito Natural, ao contrário do Direito Positivo, não se exterioriza nas leis, mas é 
também, a nosso ver, o fundamento de toda a legislação. Ele se compõe de princípios 
superiores imutáveis, necessários, iguais para todos e universais, que sempre e por toda 
parte existiram, inspiram o legislador ao elaborar o Direito Positivo e valem como padrão ao 
homem para julgar o Direito escrito”. (Rubens Rodrigues Nogueira). 
 
 Como uma bússola, o Direito Natural conduziria o Direito Positivo ao objetivo final, o bem 
comum, o ideal de justiça. O Direito Natural deixa de ser antagônico ao Direito Positivo 
passando a ser seu norteador. 
 
Direito Positivo 
O Ordenamento Jurídico é o sistema de legalidade do Estado que compreende não só as 
leis como todas as demais fontes do Direito. 
Este disciplinamento/ordenamento é um Sistema em que as normas guardam uma conexão 
entre si, fazendo um todo harmonioso. 
Direito Positivo é o ordenamento jurídico em vigor num determinado país e numa 
determinada época. (Washington de Barros Monteiro) 
O direito positivo é o conjunto de normas jurídicos ou modelos jurídicos reconhecidos pelo 
Estado, também denominado de Ordenamento Jurídico. 
“É o direito vigente, garantido por sanções, coercitivamente aplicadas ou, então, o direito 
vigente aplicado coercitivamente pelas autoridades do Estado e pelas organizações 
internacionais quando inobservado”. (Paulo Dourado de Gusmão, ob. cit., p. 53). 
A maioria dos autores prefere considerar o Direito Positivo como o direito vigente e o direito 
legislado, excluindo o direito costumeiro (consuetudinário, não escrito) e o direito histórico (o 
fora de vigência) 
Os positivistas negam a existência e validade do Direito Natural por considerá-lo um ideal 
de justiça a ser atingido pelo homem. Para eles, só existe o Direito Positivo, imposto pelo 
Estado, reconhecido pelo corpo social e pelos magistrados. 
 
Diferenças entre Direito Natural e Direito Positivo (Prof. André Uchoa) 
 
Direito Positivo 
Temporal > existe em determinada 
época 
Vigência > Observância pela sociedade 
e aplicação pelo Estado 
Formal > Depende de formalidades 
para sua existência 
Hierárquico > Ordem de importância 
estabelecida entre as regras 
Dimensão espacial> Vigência em local 
definido 
Criado pelo homem > Fruto da vontade 
do homem 
Direito Natural 
Atemporal 
Independe da vigência 
Informal 
Não hierárquico 
Independe do local 
Emerge espontaneamente da 
sociedade 
Não escrito (subtendido- base) 
Imutável 
Escrito > Códigos, leis, jurisprudência 
Mutável > altera-se mediante a vontade 
do homem 
 
 JUSNATURALISMO E JUSPOSITIVISMO 
Jusnaturalismo 
Chama-se Jusnaturalismo a corrente tradicional do pensamento jurídico, que sustenta 
a existência de um direito natural superior ao direito positivo. A corrente jusnaturalista não se 
tem apresentado, no curso da história, com uniformidade de pensamento. Há diversas 
matizes que implicam a existência de correntes distintas, mas que guardam entre si um 
denominador comum de pensamento: a convicção de que, além do direito escrito, há uma 
ordem superior àquela, e que é a expressão do direito justo. Traz a ideia do direito perfeito e 
por isso deve servir de modelo para o legislador. É o direito ideal, mas ideal não no sentido 
utópico, mas um ideal alcançável. É importante lembrar que a maior divergência na 
conceituação do direito natural está centralizada na origem e fundamentação desse direito. 
Na antiguidade, defendia-se a existência de uma “lei verdadeira” (direito natural), 
conforme a razão, universal e imutável, que não muda com os países e com o tempo, 
estabelecendo o que é bom e fundando-se num critério moral, e uma lei civil (direito positivo) 
particular e que estabelece aquilo que é útil, baseando-se em um critério econômico e 
utilitário. 
Na Idade Média, o jusnaturalismo adquiriu cunho teológico, com fundamentos na 
inteligência e na vontade divina. As normas eram emanadas e reveladas por Deus 
prevalecendo, assim, a concepção do direito natural, que os escolásticos concebiam como 
um conjunto de normas ou princípios morais que são imutáveis, consagrados ou não na 
legislação da sociedade, visto que resultam da natureza das coisas e do homem, sendo por 
isso apreendidos imediatamente pela inteligência humana como verdadeiros. São Tomás de 
Aquino entendeu como a “lei natural” àquela fração da ordem imposta pela mente de Deus, 
que encontra presente na razão do homem, uma norma, portanto, racional. 
No início da Modernidade, o jusnaturalismo passou a se manifestar com fundo 
antropológico. Surge, então, Hugo Grotius que dividiu o direito em duas categorias: jus 
voluntarium, que decorre da vontade divina ou humana, e o jus naturale, oriundo da natureza 
do homem devido a sua tendência inata de viver em sociedade. Para Hugo Grotius o direito 
natural seria o ditame da razão, indicando a necessidade ou repugnância moral inerente a 
um ato por causa de sua conveniência ou inconveniência à natureza racional e social do 
homem. Hugo Grotius libertou a ciência do direito de fundamentos teológicos, cedendo às 
tendências sociológicas de seu tempo, e intuiu que o senso social é fonte do direito. (Fonte: 
http://pt.shvoong.com/law-and-politics/law/1978574-conceito-
jusnaturalismo/#ixzz1uUvTlXYn) 
 
Juspositivismo 
O Positivismo Jurídico é uma doutrina do Direito que considera que somente é Direito aquilo 
que é posto pelo Estado. Sua tese básica é a de que o direito constitui produto da ação e 
vontade humana (Direito posto pelo Estado = Direito Positivo) e não mais o direito da 
imposição divina, da natureza ou da razão como afirma o Jusnaturalismo. Boa parte dos 
autores, partidários do positivismo jurídico defende também que não existe necessariamente 
uma relação necessária entre o Direito, a moral e a justiça, visto que as noções de justiça e 
moral são relativas, mutáveis no tempo, no espaço e sem força política para se impor contra 
a vontade de quem cria as novas jurídicas. Muitos filósofos e teóricos do Direito adotaram o 
positivismo jurídico. Entre os principaisdesses autores, se destacaram, no século XX; Hans 
Kelsen, autor da "Teoria Pura do Direito", principal obra sobre o Positivismo Jurídico e 
Herbert Hart, autor de "O Conceito de Direito". Atualmente, deparamos com um vasto debate 
e uma vasta literatura sobre o Positivismo Jurídico, representada por correntes positivistas e 
correntes adeptos do jusnaturalismo, os quais são críticos do Positivismo. 
Ao contrário do que defende a corrente jusnaturalista (jusnaturalismo), a corrente 
juspositivista (juspositivismo) acredita que só pode existir o direito e conseqüentemente a 
justiça através de normas positivadas, ou seja, normas emanadas pelo Estado com poder 
coercivo, podemos dizer que são todas as normas escritas, criadas pelos homens por 
intermédio do Estado. 
 O direito positivo é aquele que o Estado impõe à coletividade, e que deve estar 
adaptado aos princípios fundamentais do direito natural. 
 Veja as principais diferenças entre o jusnaturalismo e o juspositivismo: 
 
JUSNATURALISMO 
• Leis superiores 
• Direito como produto de ideias (Metafísico) 
• Pressuposto: Valores 
• Existência de leis naturais 
 
 
JUSPOSITIVISMO 
• Leis impostas 
• Leis como produto da ação humana (empírico-cultural) 
• Pressuposto: o próprio ordenamento positivo 
• Existência de leis formais 
 
 
Foto: Arte & Immagini SRL/Corbis/Stock Photos 
 Tomás de Aquino nasceu em 1224 ou 1225 no castelo de Roccaseca, perto da 
cidade de Aquino, no reino da Sicília (hoje parte da Itália). Sua família era proprietária de 
um pequeno feudo e ligada politicamente ao imperador Frederico 2o. Tomás foi 
encaminhado ainda criança para o monastério de Monte Cassino, com o objetivo de seguir 
carreira religiosa. 
 Depois de nove anos, por causa de um conflito entre o imperador e o papa, ele foi 
tirado do monastério e enviado para a Universidade de Nápoles, onde entrou em contato 
com a obra de Aristóteles. Pouco depois, decidiu juntar-se à ordem mendicante dos frades 
dominicanos. Quando seus superiores o enviaram para a Universidade de Paris, os pais do 
noviço chegaram a sequestrá-lo no caminho. Apesar de ter ficado um ano proibido de sair da 
propriedade da família, a vontade de Tomás prevaleceu e ele se mudou para Paris. O resto 
de sua vida foi bastante simples, se resumindo à atividade acadêmica, com apenas uma 
interrupção de alguns anos para trabalhar como conselheiro da Cúria Papal, em Roma. Já 
perto do fim da vida, Tomás voltou à Universidade de Nápoles, para dar aula. Sua passagem 
pela Universidade de Paris foi marcada por polêmicas com outros pensadores, quase 
sempre em torno da obra de Aristóteles. 
 Tomás de Aquino morreu em 1274, na abadia de Fossanova (hoje centro da Itália), 
onde havia se recolhido ao ficar doente durante nova viagem a Roma. Foi canonizado em 
1323 e nomeado "doutor da Igreja" em 1567. 
 
"A sabedoria é a maior perfeição da razão e sua principal função é perceber a ordem 
nas coisas"

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