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CISNE NEGRO
“Duas almas, oh! Habitam em meu peito
E cada qual está ávida para
Abandonar a sua irmã.”
Goethe
“Cisne Negro” é um filme de 2010, do diretor Darren Aronofsky, que conta a história de Nina Sayers. Bailarina de uma companhia de balé totalmente controlada pela mãe, que a infantiliza e subjuga a filha a todas as suas vontades. Nina é doce, meiga e frágil. No entanto, ao ganhar o papel principal na peça “O Lago dos Cisnes”, é desafiada a mostrar não somente esse lado, mas também a incorporar e demonstrar uma ousadia e sensualidade que, aparentemente, parece não possuir. A fim de fazer aflorar a sexualidade não desenvolvida pela bailarina, o diretor Thomas Leroy a instiga a se tocar e conhecer seu próprio corpo, desencadeando uma verdadeira batalha psicológica na mente de Nina, a fim de libertar o Cisne Negro que possui dentro de si.
Na década de 20 do século passado, Freud estruturou a personalidade, introduzindo os conceitos de id, ego e superego. Por esta teoria, o id é regido pelo princípio do prazer e é o único que já nasce com o indivíduo, pois representa seus instintos mais primitivos. O superego surge com o desenvolvimento da pessoa em sociedade e a consequente internalização das proibições, normas e regras morais. Equilibrando a vontade de seguir seus instintos e guiar-se hedonisticamente e a necessidade de obedecer às regras impostas pela família e o meio social, encontramos o ego, a última estrutura da mente.
Aplicando essa teoria ao filme “Cisne Negro”, temos uma protagonista cujo ego sempre pende no sentido de obedecer às regras impostas pela mãe controladora, Érika Sayers. Ou seja, o superego tem mais força na mente de Nina. Seus instintos de rebeldia, sexuais e de deleite foram suprimidos ao longo dos anos por uma mãe dominadora. Não é que Nina não possua um id, afinal, não são sistemas independentes (o id, na teoria de Freud, deriva do próprio inconsciente), e sim que, na bailarina, a estrutura que rege o prazer é sempre preterida pelo ego no momento de enfrentar a realidade, que opta por evitar o desprazer de enfrentar a mãe.
A película, desde seu início, mostra que essa doentia relação mãe/filha traz consequências prejudiciais à Nina, tais como uma aparente bulimia, já que há várias cenas de enjôos ou em que a protagonista tenta provocar o enjôo, bem como sinais se automutilação, além de uma certa fixação pela personagem de Beth MacEntyre, a antiga primeira-bailarina da companhia, de quem Nina toma o posto. Por considerá-la “perfeita”, e porque seu superego luta sempre pela perfeição, Sayers furta pequenos objetos pertencentes a MacEntyre, na esperança de que, uma vez na posse dos mesmos, possa ser tão “perfeita” quanto ela.
A escritora Simone de Beauvoir disse que “a mulher não nasce uma, deve tornar-se mulher”. Não conseguir realizar essa passagem “é a grande catástrofe” na vida de qualquer mulher, diz Freud. Aqui está o grande drama de Nina. A feminilidade reside na capacidade de despertar desejo em um homem. Inobstante Nina encarnar a figura da Princesa Odette, o Cisne Branco, apresentando a pureza, meiguice e a aura virginal da personagem, não possui a ousadia, sensualidade, a paixão e o desejo ínsitos à Princesa Odille, o Cisne Negro, capaz de encantar e fazer apaixonar o Príncipe com apenas uma dança acompanhado de um olhar sedutor.
No entanto, como seu superego deseja alcançar a “perfeição”, parte em uma busca alucinada por seu outro lado, seu outro eu, perdido no inconsciente, onde sua sexualidade está eclipsada, retraída. Aqui entra o personagem de Thomas Leroy, o diretor do teatro, que tenta arrancar o “cisne negro”, ou seja, a sensualidade, a ousadia e o erotismo que estão trancafiados em algum lugar do inconsciente feminino de Nina. Um de seus conselhos para que ela alcance seus objetivos é a masturbação. Em um dado momento, ainda, Leroy aponta Lilly como o “Cisne Negro perfeito”, pois ela não finge sensualidade, mas, antes, vive abertamente sua feminilidade e sexualidade.
Destarte, Nina, a fim de conseguir libertar seus instintos primitivos, envolve-se em cenas sexuais com o diretor, masturba-se e sai com a bailarina Lilly, em uma noite movida a drogas, álcool, fantasias, desejos e busca de prazer. E quanto mais ela entra em contato com o seu id, seus desejos, seus instintos, mais ela parece ter delírios e alucinações.
Aqui nesse trabalho não teorizar-se-á se Lilly e Nina são a mesma pessoa, se uma é projeção da outra, se todos os personagens são projeções do inconsciente de Lilly, se Nina morre ou não no final. “Cisne Negro” é uma obra de arte e, como tal, pode e deve ter várias interpretações. Cabe a cada um assistir ao filme e tirar suas próprias conclusões. Tentaremos tão somente aplicar apenas os conceitos iniciais de Psicologia ensinados nas primeiras aulas da disciplina.
O fato é que Nina, no decorrer da trama, não apenas precisa deixar seu lado instintivo surgir como forma de incorporar uma personagem, mas, antes, também sente a necessidade de o fazer, mostrando assim que todas as pessoas possuem esses dois lados dentro de si, id e superego, instinto e subserviência, e que o ego é que é o agente equilibrador entre o prazer e a moral.
“Cisne Negro” mostra, ainda, alguns mecanismos de defesa teorizados por Freud. Para este, “defesa é a operação pela qual o ego exclui da consciência os conteúdos indesejáveis, protegendo, desta forma, o aparelho psíquico” (BOCK, 2001). Nina, vivendo acorrentada aos desígnios de sua mãe, inconscientemente defende-se da angústia consciente com atitudes próprias dos mecanismos de defesa. 
Como foi dito no início do texto, a protagonista possui verdadeira adoração por Beth MacEntyre, a ex-primeira bailarina da companhia. Para ela, MacEntyre é “perfeita” e, por este motivo, passa a furtar pequenos objetos, na esperança de que a posse dos mesmos a faça sentir-se tão perfeita quanto seu ídolo. A isso a Psicologia dá o nome de identificação e só evidencia o quão Nina ainda possui uma mentalidade infantilizada, que ainda busca uma identidade própria.
Outro mecanismo presente no filme é a negação. Nina nega constantemente a existência de uma outra Nina, capaz de ser sensual e ousada, uma Nina que se entrega a um mundo de prazeres. Ao pesar na balança para qual lado deve pender, seu ego sempre despenca para o superego, elidindo completamente as necessidades do id. No filme, a personagem nega qualquer proposição que ameace os parâmetros de sua mãe superprotetora e inconstante. Contudo, com o decorrer da trama, ela começa a se entregar às suas emoções, entrando em contato com o id, e a experimentar sensações que considera, à primeira vista, assustadoras, mas, depois, curiosas.
Entrementes, não é apenas em Nina que vemos esses mecanismos de defesa tão evidenciados. No filme, ao observarmos o comportamento de sua mãe, rapidamente o associamos ao denominado formação reativa.
Nele, 
“o ego procura afastar o desejo que vai em determinada direção, e, para isto, o indivíduo adota uma atitude oposta a este desejo. Um bom exemplo são as atitudes exageradas — ternura excessiva, superproteção — que escondem o seu oposto, no caso, um desejo agressivo intenso. Aquilo que aparece (a atitude) visa esconder do próprio indivíduo suas verdadeiras motivações (o desejo), para preservá-lo de uma descoberta acerca de si mesmo que poderia ser bastante dolorosa. É o caso da mãe que superprotege o filho, do qual tem muita raiva porque atribui a ele muitas de suas dificuldades pessoais. Para muitas destas mães, pode ser aterrador admitir essa agressividade em relação ao filho”. (BOCK, 2001)
Para Erika Sayers, a gravidez foi o fim do sonho de sua carreira como bailarina, apesar de, como a própria Nina diz, ela nunca ter saído do corpo de baile, ou seja, nunca foi uma bailarina especial. Isso fica sugerido em algumas cenas, como quando Erika não deseja acompanhar Nina à festa de lançamento da nova temporada de balé, ou quando ameaça jogar o bolo de comemoração fora, ou quando simplesmente não a acorda no dia do ensaio de palco, comoforma de punição pela desobediência.
O filme atinge seu clímax quando Nina finalmente consegue dar vida à personagem da Princesa Odille, o Cisne Negro, dançando de forma sensual, provocante, sedutora e envolvente, tendo optado o diretor por fazer dela emergirem plumas negras, sugerindo uma completa transformação da personagem, que finalmente deixa aflorar seus instintos primitivos, o id acorrentado por tantos anos ao inconsciente e desejoso de libertação. Nina, consegue, enfim, a “perfeição” tão almejada por seu superego. Isto nada mais é que o mecanismo chamado sublimação, pelo qual “os desejos afetivos [...] são canalizados pelo ego para serem satisfeitos em atividades simbolicamente similares e socialmente produtivas” (FIORI, 1981). 
Nina transfere todas as angústias e frustrações de uma vida inteira de dominação pela mãe, sempre tentando agradar e buscando a perfeição, e usa, como válvula de escape, o balé. A dança é aquilo que Nina é. Ela viveu toda sua vida dedicada exclusivamente ao balé, buscando a perfeição em cada plié, adagio ou frappé.
Finalizando, “Cisne Negro” é um drama psicológico denso, no qual podemos acompanhar a busca da protagonista pelo autoconhecimento, mas não só isso. Junto temos uma verdadeira aula de Psicologia, com magníficos exemplos para a 2ª Teoria das Estruturas da Mentre Freudianas, bem como para os Mecanismos de Defesa do Ego. Um filme que ninguém deve deixar de assistir.
PARTICIPAÇÃO DA EQUIPE
Para a confecção do seminário sobre o filme “Cisne Negro”, todos os membros do grupo demonstraram bastante empenho desde o princípio. Depois que toda a equipe assistiu à película, um grupo no aplicativo whatsapp foi criado para debate, já que nem todos os alunos cursam as mesmas disciplinas juntos e a questão de horário para encontro era realmente um problema.
No aplicativo, as discussões eram realmente calorosas, e, por meio dele, diversos materiais foram compartilhados, desde vídeos do Youtube com palestras de psicólogos sobre o tema, até artigos científicos pesquisados na Biblioteca Virtual de Saúde, passando por blogs contendo diversas teorias a respeito do filme.
Muito material foi lido, relido e discutido. Alguns utilizados, outros deixados de lado pela própria proposta adotada pelo grupo de não discutir teorias a respeito do filme em si, mas tão somente sobre os temas tratados em sala de aula pertinentes à disciplina Psicologia.
Dado o pouco tempo de que dispúnhamos para preparar algum material de qualidade melhor do que pôde-se apresentar, optou-se por dramatizar algumas cenas do filme consideradas essenciais para exemplificar o conteúdo tratado, sem tornar a apresentação de slides monótona para a turma. Evitou-se, a todo custo, a utilização de longos textos e a simples leitura de slides, dando-se preferência à exibição de telas contendo cenas do longa-metragem, gráficos, curtas citações ou pequenos tópicos que eram amplamente discutidos e poderiam ter sido até mais, se não fosse o exíguo espaço de tempo aquinhoado a cada equipe.
Para a apresentação, cada membro do grupo escolheu o que achou poder fazer melhor, considerando ainda a grande quantidade de personagens femininos na trama. Tudo correu de forma tranquila, sem grandes problemas e sempre com muito compromisso, empenho e entusiasmo por parte de todos os membros da equipe, que, inobstante algum nervosismo típico de estudantes, ficaram bastante satisfeitos com o resultado final da exposição.
REFERÊNCIAS
BOCK, Ana M. B.; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de L. T.. Psicologias: Uma introdução ao estudo da Psicologia. 13. ed. rev e ampl. São Paulo: Saraiva, 2001.
BRAGHIOROLLI, E.M. Psicologia Geral. 18. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. 
FIORI, W. R. Modelo Psicanalítico. In: RAPPAPORT, Clara Regina. Psicologia do desenvolvimento. Volume 1. São Paulo: EPU, 1981.
LUZ, Ana M. O. Cisne Negro: quando eu é um outro. Cad. Psicanál. - CPRJ, Rio de Janeiro, v. 33, n. 25, p. 178-190, 2011.
O CISNE negro. Direção: Darren Aronofsky. Produção de Scott Franklin, Mike Medavoy, Arnold Messer e Brian Oliver. Protozoa Pictures, 2010. DVD.
TOSO, André. Cisne Negro: Uma aula de introdução à Psicanálise. Disponível em: < http://www.psicosmica.com/2013/02/cisne-negro-uma-aula-de-introducao.html> 
ZALCBERG, Malvine. Cisne negro: perdendo-se na perfeição. Opção Lacaniana online nova série, Ano 2, Número 4, Março 2011.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO: BACHARELADO EM ENFERMAGEM
DISCIPLINA: PSICOLOGIA APLICADA À ENFERMAGEM
PROFESSORAS: MÁRCIA ASTRES FERNANDES 
		 CLAUDETE FERREIRA DE SOUZA MONTEIRO 
		 LARISSA ALVES DE ARAÚJO LIMA
CISNE NEGRO
RESENHA
Francisco de Sousa Marques
Isis da Silva de Sousa
James da Conceição Silva
Maria de Jesus Ferreira Bacelar
Mayra Danielly Santos Cavalcante
Mônia Muriel Nery Esteves
Willden John Lopes de Aguiar
TERESINA – PI
DEZEMBRO – 2015

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