Buscar

aula 11 Pesquisas com animais em biotérios

Prévia do material em texto

Pesquisas com animais em biotérios
Pesquisas com animais
 Há mais de um século, os animais de laboratório vêm sendo 
utilizados na pesquisa biomédica. 
 a produção e o desenvolvimento de vacinas e de anticorpos ,
 a avaliação e o controle de produtos biológicos; 
 os estudos de farmacologia e toxicologia; 
 os estudos da bacteriologia, virologia e parasitologia; 
 os estudos de imunologia básica, de imunopatologia, de transplante 
e de drogas imunossupressoras etc exigem o emprego de animais 
definidos genética e sanitariamente.
 Os animais, como parte do processo de pesquisa, vêm contribuindo para 
o controle de mais de dez mil produtos farmacêuticos em uso corrente 
no mundo que, testados quanto à eficácia, à toxicidade, à potência e
à esterilidade, resultam na sobrevida de muitos seres humanos.
 As técnicas atuais de engenharia genética e biologia molecular abriram 
muitos caminhos para a criação e a produção desses animais. A área dos 
transplantes de órgãos e tecidos é cada dia mais impulsionada, bem
como a área de produção de derivados biológicos para uso em humanos, 
a partir da obtenção de animais transgênicos, mutantes e knockouts.
 Anteriormente, os animais de laboratório eram utilizados 
como simples ‘instrumentos de trabalho’ que ajudavam na 
investigação de diagnóstico e diferentes pesquisas sem se 
levar em conta sua qualidade genética e sanitária.
 Os animais eram considerados seres inferiores, e por isso o 
homem os utilizava para ampliar seus conhecimentos e 
realizar experimentos que de outra forma não seriam 
possíveis.
 os institutos de investigação eram responsáveis pela criação 
dos animais de laboratório, porém não possuíam estruturas 
adequadas e o pessoal não era habilitado para desenvolver 
essas atividades. Além disso, a inexistência de ração 
apropriada e a ausência de condições higiênicas nos 
criadouros não permitiam que fossem produzidos animais 
geneticamente definidos e com garantia sanitária. 
 Atualmente, porém, os pesquisadores exigem que esses 
animais reúnam condições ideais, isto é, que atendam aos 
parâmetros de qualidade genética e sanitária, uma vez que 
nada mais são que ‘reagentes biológicos’ e os resultados dos 
experimentos são afetados em razão da qualidade de cada 
espécie utilizada. Assim, para garantir a confiabilidade do 
experimento, animais ‘definidos’ devem ser usados.
Biotérios
 Animais de laboratório definidos são aqueles criados e 
produzidos sob condições ideais e mantidos em um ambiente 
controlado, com conhecimento e acompanhamento 
microbiológico e genético seguros, obtidos por monitoração 
regular. 
 Os chamados animais de laboratório convencionais podem 
satisfazer as exigências da experimentação biológica, ao passo 
que animais obtidos na natureza não as satisfazem, pois não 
são submetidos a nenhum tipo de controle.
 Cientistas como Aristóteles, Galeno, Hipócrates, entre 
outros, estudaram as semelhanças e diferenças entre os 
órgãos dos animais e do homem, interpretaram fenômenos 
biológicos, descobriram o funcionamento de órgãos, 
estudaram a circulação sanguínea, a respiração, a nutrição e 
os processos de digestão, utilizando várias espécies de 
animais. Isso ocorreu alguns anos antes de Cristo e foi o 
começo do uso de animais de laboratório, que contribuíram 
sobremaneira para o desenvolvimento da ciência.
Legislação
 Com os estudos da bacteriologia, a utilização de animais de 
laboratório tornou-se mais necessária ainda. Assim, desde os 
primeiros trabalhos de Pasteur e Koch, já no século XVIII, 
coelhos, cobaias, ratos, camundongos e hamsters passaram a 
ser ‘ferramenta de trabalho’ dos pesquisadores, 
imprescindível para identificar os germes causadores das 
enfermidades contagiosas. 
 Sem a experimentação nesses animais, não teriam sido 
produzidas as primeiras vacinas contra o carbúnculo e contra 
a raiva.
 Analisando-se historicamente, observa-se que o Brasil apresentava, 
até a década de 70 do século passado, uma situação precária em 
matéria de instalações e cuidados na produção de animais em 
condições de utilização em trabalhos experimentais. 
 Todavia, o esforço exercido por algumas instituições oficiais, no 
sentido de construir biotérios em condições adequadas, dotados 
de barreiras físicas contra a propagação de infecções, com sistema 
de climatização apropriado, tem mudado esse quadro, constituindo 
grande avanço. Algumas delas, inclusive, já produzem animais SPF 
(livres de germes patogênicos específicos), gnotobióticos (flora
conhecida) e germfree (livres de germes).
LEI Nº 11.794, DE 8 DE OUTUBRO DE 2008.
 Regulamenta o inciso VII do § 1o do art. 225 da Constituição 
Federal, estabelecendo procedimentos para o uso científico 
de animais; revoga a Lei no 6.638, de 8 de maio de 1979; e dá 
outras providências.
Biotério
 uma instalação dotada de características próprias, que atende 
às exigências dos animais onde são criados ou mantidos, 
proporcionando-lhes bem-estar e saúde para que possam se
desenvolver e reproduzir, bem como para responder 
satisfatoriamente aos testes neles realizados.
NECESSIDADES BÁSICAS DE UM 
BIOTÉRIO
 Instalações
 Equipamentos adequados
 Modelo animal
NECESSIDADES BÁSICAS DE UM 
BIOTÉRIO
 O pesquisador biomédico trabalha com modelos animais que, 
necessariamente, diferem do homem.
 Entretanto, tais modelos podem ser comparados com o 
homem, baseados, principalmente, no que consiste em uma 
semelhança geral sob o aspecto de caracteres anatômicos e 
fisiológicos.
 Necessário se faz, portanto, que sejam produzidos animais 
que, quando inoculados com uma determinada substância, 
apresentem reações semelhantes às do homem.
CARACATERISTICAS DOS ANIMAIS 
CRIADOS EM LABORATÓRIO
 fácil manejo;
 prolificidade;
 docilidade;
 pequeno porte;
 baixo consumo alimentar;
 fisiologia conhecida;
 ciclo reprodutivo curto.
MODELO ANIMAL
 aquele animal que melhor respondia ao experimento e 
possibilitava a sua reprodução, de maneira que qualquer 
pesquisador pudesse ter acesso aos mesmos resultados.
 Em virtude desse novo conceito, cada vez mais espécies 
foram trazidas para os laboratórios, pois havia aquelas que 
forneciam respostas satisfatórias, as que não eram modelos 
tão bons e as que não sobreviviam ao cativeiro.
 A pesquisa cresceu e se refinou. Com isso, os modelos usados 
tomaram o mesmo caminho. No princípio, bastava capturar 
animais ou consegui-los de criadores; quando esses morriam, 
era só repor o número perdido.
 Com o curso da experimentação, conhecimentos sobre os 
animais utilizados começaram a se fazer necessários e estes 
passaram a ser criados nos próprios laboratórios. O estudo de 
sua biologia e de seu comportamento corria paralelo ao 
experimento realizado.
Os roedores conquistaram um 
lugar de destaque, sendo os 
mais utilizados até hoje, pois 
atendem às características 
mencionadas antes e ainda 
apresentam outras, tais como: 
docilidade, fácil domesticação 
(= fácil manuseio), adaptação a 
ambientes variados e 
sociabilidade
Colégio Brasileiro de Experimentação Animal-COBEAprocurando
aprimorar as condutas dirigidas à experimentação animal no País, 
postula:
o todas as pessoas que pratiquem experimentação biológica devem tomar 
consciência de que o animal é dotado de sensibilidade, de memória e 
que sofre sem poder escapar à dor;
o O experimentador é moralmente responsável por suas escolhas e por seus 
atos na experimentação animal". 
o No Artigo V: "Os investigadores devem considerar que os processos 
determinantes de dor ou angústiaem seres humanos causam o mesmo em 
outras espécies". 
o No Artigo VI: "Todos os procedimentos com animais que possam causar 
dor ou angústia precisam se desenvolver com sedação, analgesia ou 
anestesia adequada. Atos cirúrgicos ou outros atos dolorosos não podem se 
implementar em animais não anestesiados e que estejam apenas paralisados 
por agentes químicos e/ou físicos".
Ética em pesquisa com animais
Aos cientistas, devemos lembrar-lhes que têm deveres específicos:
 responsabilidade pelo bem-estar geral dos animais – por isso 
devem conhecer muito bem a etologia e a biologia da espécie com 
que estão trabalhando – para poder proporcionar bom alojamento, 
manejo, alimento etc. aos seus animais. Também devem dar 
treinamento ao pessoal com quem irão trabalhar;
 calcular meios e fins – é esse experimento necessário? É 
relevante? Não será o mesmo uma repetição desnecessária? “How 
much gain for how much pain?”;
 usar sempre os 3 Rs – REPLACEMENT ( alternativas), REDUCTION, 
REFINEMENT ( aprimoramento).
CLASSIFICAÇÃO DOS BIOTÉRIOS
Os biotérios podem ser classificados por três critérios 
diferentes:
 quanto à finalidade a que se destinam;
 quanto à existência ou não de uma rotina de controle 
microbiológico (condição sanitária);
 quanto à rotina existente de métodos de acasalamento dos 
animais (condição genética).
QUANTO À FINALIDADE A QUE SE DESTINAM
Há três tipos de biotérios, segundo esta classificação:
• Biotério de Criação;
• Biotério de Manutenção;
• Biotério de Experimentação.
Um biotério de criação
 é aquele onde se encontram as matrizes reprodutoras das 
diversas espécies animais que originam toda a produção e 
cujos objetivos visam a controlar e definir, antes do 
experimento, as seguintes características:
 o estado de saúde do animal;
 sua carga genética;
 o manuseio feito com o animal de modo a torná-lo dócil;
 a alimentação empregada;
 o ambiente adequado;
 outros fatores que possam ocasionar estresse, influenciando, 
assim, indiretamente, na resposta esperada.
Biotério de criação
BIOTÉRIO DE MANUTENÇÃO
Este tipo de biotério tem duas finalidades específicas:
Adaptação do animal ao cativeiro(Nesse caso, o animal 
utilizado provém de fontes externas)
 Produção de sangue animal e fornecimento de órgãos
BIOTÉRIO DE EXPERIMENTAÇÃO
 o biotério de experimentação deve possuir uma edificação 
especialmente projetada, pessoal capacitado e uma rotina de 
trabalho bem definida, porém, neste caso, adaptada ao 
experimento.
 Quando se tratar de estudos de doenças potencialmente 
transmissíveis ao homem (zoonoses), a estrutura desse 
biotério, bem como a rotina de trabalho terão de, 
obrigatoriamente, oferecer barreiras à transmissão de 
doenças para o funcionário que trabalha no local.
BARREIRAS SANITÁRIAS
 Visam a impedir que agentes indesejáveis, presentes no meio 
ambiente, tenham acesso às áreas de criação ou 
experimentação animal, bem como agentes patógenos em 
teste venham a se dispersar para o exterior do prédio.
 As barreiras de proteção de um biotério compreendem 
vários elementos, desde os materiais usados na construção 
até os equipamentos mais sofisticados para filtração de ar ou 
esterilização de materiais.
 O conceito de barreira inclui as barreiras externas, chamadas 
periféricas (paredes externas, portas com exterior, telhado, 
tratamento de água etc.) e as internas (higienização corporal, 
pressão diferencial entre ambientes etc.). 
 Assim sendo, barreira sanitária compreende todo um 
conjunto de elementos físicos, químicos, de instalações, de 
procedimentos de pessoal e uso de equipamentos, que tende 
a impedir a entrada de enfermidades que possam afetar os 
animais.
BIOSSEGURANÇA EM BIOTÉRIOS
 Os animais de laboratório representam um risco para quem 
os maneja, pois, mesmo que não experimentalmente 
infectados, podem estar carreando agentes patogênicos, 
inclusive zoonóticos. 
 Dessa forma, o risco de se adquirir infecções em biotérios 
nos quais as doenças infecciosas estão sendo estudadas, isto é, 
em infectórios, é muito grande.
 Em biotérios, existe uma variedade muito grande de salas 
para animais, envolvendo salas para criação e produção, para 
manutenção, para cirurgias, quarentena ou ainda para 
manipulação de animais em experimentação, que podem 
estar expostos a materiais carcinogênicos, infecciosos ou 
alérgicos.
As infecções transmitidas naturalmente entre animais 
vertebrados e o homem são denominadas zoonoses.
 Os animais devem ser considerados como transmissores 
potenciais, pois, embora não apresentem sinais aparentes de 
doença, podem carrear agentes causadores.
 De todas as espécies utilizadas para fins experimentais, os 
primatas não-humanos constituem fontes mais perigosas de 
zoonose, não só por abrigarem uma grande gama de bactérias e 
vírus, mas também por serem uma espécie altamente susceptível 
a infecções comuns ao homem.
 A transmissão de infecções do animal ao homem geralmente pode 
ser evitada por meio de cuidados veterinários adequados e do 
cumprimento de normas e procedimentos preestabelecidos na 
criação e experimentação animal.
 Além dos perigos de doenças infecciosas transmissíveis dos animais 
para o homem, existem muitos riscos para o pessoal que trabalha 
em biotérios, incluindo danos causados por animais e produtos 
químicos, bem como materiais e equipamentos manuseados 
rotineiramente.
 Como em outros laboratórios, os biotérios devem ter um 
programa de segurança que inclui equipamentos de combate a 
incêndio, instruções para o seu correto uso e treinamento de 
primeiros socorros.
 Todas as pessoas que trabalham em biotérios devem estar 
familiarizadas com as exigências da instituição ou com o programa 
de segurança em casos de ferimento acidental.
Os acidentes que geralmente ocorrem em biotérios 
estão incluídos em uma das cinco categorias a 
seguir:
 ferimentos causados por animais (arranhão, mordedura, coice 
etc.);
 cortes causados pelas gaiolas, tampas ou outros materiais;
 quedas causadas por pisos escorregadios ou degraus;
 torções causadas por objetos pesados, levantados 
incorretamente;
 ferimentos nos olhos e pele, quando da utilização incorreta 
de agentes químicos.
Todos eles podem ser prevenidos com total esclarecimento dos 
técnicos sobre o uso de roupas e equipamentos de proteção; a 
inspeção regular das gaiolas, tampas e demais materiais; a opção 
por pisos não escorregadios e a aquisição de escadinhas de 
altura adequada e degraus seguros para evitar que os técnicos 
utilizem objetos inadequados quando precisarem manusear as 
gaiolas do topo das prateleiras/estantes.
Descarte de Resíduos e Carcaças
 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE 
SERVIÇOS DE SAÚDE (PGRSS):
descreve as ações de um estabelecimento de saúde relativas ao 
manejo dos resíduos, desde a geração até tratamento e 
disposição final, englobando ainda questões referentes à saúde 
pública.
 Considerando que: coleta e o armazenamento de resíduos 
devem minimizar ou eliminar o risco de exposição às pessoas, 
ao ambiente de trabalho e ao meio ambiente.
Etapas do Gerenciamento dos 
Resíduos: SEPARAÇÃO DOS RESÍDUOS
MARAVALHA PERFURO CORTANTES
LIXO CONTAMINADO LIXO COMUM
Acondicionamento
(fechamento com lacre) e Identificação;
ACONDICIONAMENTO DE CARCAÇAS
 Armazenamento externo:
carcaças em câmara fria e outros resíduos em abrigo.
Submetidos a tratamento de inativação microbiana
(Desativação Eletrotérmica)
Encaminhados para o aterro sanitário licenciado;
Carcaças de animais encaminhadas para cremação.
 Recolhimento pelo órgão competente (LIMPURB).OBRIGADA!!!!
REFERÊNCIAS
 Aula baseada nas referencias da professora 
andrea.calvento@usp.br
 ANDRADE, A., org. Animais de Laboratório Criação e 
Experimentação. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2002.
 POLITI el al. Caracterização de biotérios, 
legislação e padrões de biossegurança. Rev. Ciênc. 
Farm. Básica Apl., vol. 29, n.1, p. 17-28, 2008
 GOLDENBERG, Saul. Aspectos éticos da pesquisa com 
animais. Acta Cir. Bras., São Paulo , v. 15, n. 4, p. 
00, Dec. 2000

Continue navegando