Buscar

RESUMO COMENTADO DO LIVRO "O CASO DOS EXPLORADORES DE CAVERNAS"

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

1) Resumo do caso apresentado
O livro supracitado traz um caso em que cinco integrantes de uma organização amadorística de exploradores de cavernas, ao adentrarem o interior de uma destas, acabam por ficarem presos, em decorrência a queda de grandes pedras, as quais bloquearam completamente a entrada da caverna.
O grupo de resgate encontrou dificuldades para solucionar o problema, aumentando portanto o número da equipe, porém acontece outro desabamento e dez trabalhadores, contratados para resgatá-los, morrem e o resgate só é realizado após 32 dias depois que os espeleólogos entraram na caverna.
Como os exploradores não possuíam mantimentos suficientes para o número de dias que permaneceram presos, resolveram fazer um acordo, no qual foi proposto, por Roger Whetmore, que quem perdesse na sorte, entre os 5, teria sua vida tirada para servir de alimento para os demais, alegando ser esta a única forma de sobrevivência, dentro das condições em que se encontravam.
Ocorre que momentos antes de ser decidido quem seria sacrificado, Whetmore, resolve retirar-se do acordo, porém os outros quatro não concordando com sua decisão, lançam os dados mesmo assim e na vez de Whetmore os dados são arremessados por um deles. Sendo Roger o perdedor, é morto e consumido como alimento por seus companheiros.
Os sobreviventes são processados e condenados à forca pelo assassinato de seu colega, Roger Whetmore. Os réus recorrem a sentença e são julgados por mais quatro ministros, sendo dois votos a favor da absolvição (Foster e Handy), um voto a favor da condenação (Keen) e outro nulo (Tatting), pois este ministro se recusou a participar da decisão do caso. Contando com o voto do presidente do Tribunal de Primeira Instância (Truepenny), a favor da condenação, dá-se o empate e a sentença condenatória foi confirmada e os acusados morrem enforcados.
2) Resumo dos votos dos juízes
Truepenny, C. J. (Presidente): O Presidente Truepenny possui uma posição favorável à condenação dos réus. Baseia sua decisão na lei escrita e somente nesta, a qual diz que, “qualquer um que, de própria vontade, retira a vida de outrem, deverá ser punido com a morte”. Portanto, na sua visão, esta aplica-se aos quatro exploradores resgatados, que mataram seu companheiro, Whetmore. Não fazendo diferença por se tratar de um caso extraordinário, pois só há uma única opção a ser tomada e o estatuto não permite exceção aplicável a este caso. Por fim, para Truepenny, a justiça só será feita se a letra da lei for respeitada.
Foster, J. (Ministro): O Ministro Foster é favorável à absolvição dos réus. Acredita que os acusados são inocentes, tendo em vista o trauma que já sofreram na caverna. Defende a ideia de que os exploradores, por estarem presos na caverna, estavam fora da sociedade civil e de uma abrangência territorial e portanto encontravam-se em um “estado natural”, sendo assim a lei que deveria ser aplicada à eles, dentro destas circunstâncias, seria a lei natural, devendo portanto serem julgados de acordo com esta. Argumenta ainda que dentro do ambiente em que se encontravam, foi feito um contrato, o qual servia de lei dentro da caverna, proposto pela própria vítima e aceito por todos os presentes, e em relação a esse contrato não cometeram crime algum. Foster também critica não ser justo que as dez vidas tiradas dos trabalhadores que morreram tentando resgatar os exploradores tenham sido em vão. Fundamenta seus argumentos em casos passados em que houve a modificação da letra da lei sem a modificação da mesma e por fim critica a aplicação da lei da legítima defesa.
Tatting, J. (Ministro): O Ministro Tatting opta por não escolher nenhum lado, alega que está incapacitado para proferir uma decisão sobre o caso, uma vez que mostra-se confuso e emocional. No entanto Tatting critica bastante o posicionamento do Juiz Foster, questiona a ideia de que os exploradores estariam inseridos em um “estado de natureza”, indagando qual seria o momento exato em que isso ocorreu, se foi quando as pedras os aprisionaram ou se foi quando o estado de inanição atingiu um grau elevado. Supõe que se Whetmore estivesse armado com um revólver escondido e tentasse se defender, matando os réus, não poderia usar o princípio da legítima defesa, uma vez que os demais exploradores estavam agindo da maneira correta, conforme o contrato estabelecido, e portanto Whetmore poderia ser acusado de assassinato. O Ministro usa vários exemplos para fundamentar suas criticas, sendo um destes o caso de Commonwealth v. Valjean, em que o réu foi indiciado por roubar um pão, e ofereceu a defesa de que estaria em condição famélica, porém o Tribunal não aceitou a defesa. Portanto, pensa Tatting, “se a fome não pode justificar roubo de comida, como podemos justificar matar e consumir uma pessoa?”. Entretanto questiona se seria possível que uma pessoa passasse fome até a morte para evitar que fosse sentenciado por roubo de comida. Por fim, fica claro que o pensamento de Tatting é mais racional e ao mesmo tempo percebe-se sua indecisão, a emoção mistura-se com a razão, o que acaba por impedir que seu voto seja proferido.
Keen, J. (Ministro): O Ministro Keen, é favorável à condenação dos réus, porém mais por obediência à lei do que por mera vontade. Expõe uma visão compreensiva, na qual concede aos acusados, perdão por já terem sofrido o suficiente para pagar por qualquer ofensa que tenham cometido. No entanto, acredita que deve-se julgar de acordo com a lei positiva e não com a moral. Baseia seus fundamentos nos estatutos, argumenta que a obrigação do judiciário é de cumprir a lei escrita e de interpretar esta de acordo com o seu significado mais simples, sem qualquer referência aos desejos pessoais ou concepções individuais de justiça. Critica também a posição do colega Foster, dizendo que este não gosta de estatutos, e procura brechas na lei e rejeita a posição do Presidente do Tribunal, a respeito das instruções passadas ao chefe do executivo. Afirma ainda que alguém que age em legítima defesa não age premeditadamente.
Handy, J. (Ministro): O Ministro Handy, é favorável à absolvição dos réus. Acredita que estes já sofreram mais tormentos e humilhações do que a maioria da população suportaria em mil anos, portanto apoia a reformulação da sentença. Argumenta que ninguém levantou a questão a respeito da natureza jurídica do contrato celebrado na caverna, se este era unilateral ou bilateral, podendo isto fazer diferença sobre os fatos ocorridos. Handy expõe que o caso dos exploradores teve grande repercussão na mídia, despertou bastante interesse público. A respeito disso, traz uma pesquisa feita por um jornal famoso, na qual 90% dos entrevistados expressaram a opinião de que os réus deveriam ser perdoados ou liberados com uma punição simbólica. É com base nestas informações que o Ministro fundamenta seu pensamento de que a lei deve ser aplicada juntamente com o bom senso. Para ele, governar é lidar com as pessoas e quem governa estas, também são pessoas e não papeis, governantes devem entender os sentimentos e concepções das massas.
3) Voto pessoal com base em um ou mais filósofos:
Depois de analisados o caso, os votos dos Ministros e seus argumentos, chego a conclusão de que os réus devem ser absolvidos da acusação de terem cometido crime de homicídio contra Roger Whetmore e apoio a reformulação da sentença.
Baseio minha decisão nos argumentos de Foster e Handy, acima expostos. Acredito que o ato cometido pelos acusados foi fundamentado em um acordo estabelecido dentro da caverna para que quatro vidas fossem salvas, sendo este a única forma de lei estabelecida, devendo assim ser obedecido por todos. Concordo que a ação dos réus tenha sido algo frio e inaceitável, porém é necessário levar em conta o ambiente e as circunstâncias que estes homens se encontravam no momento dos fatos ocorridos.
Achavam-se excluídos da sociedade civil, portanto caracterizavam o estado de natureza, fundamentado nos pensamentos do filósofo Jean Jacques Rousseau, o qual diz que no estado de natureza os desejosdo homem, não passam de suas necessidades físicas, que a compaixão não é um sentimento relevante, que o homem possui um instinto natural e que este é suficiente e individualista; e nos pensamentos do filósofo Thomas Hobbes, para ele o estado de natureza é qualquer situação na qual não exista um governo que estabeleça a ordem, diz que o homem é egoísta, e que portanto a ação de um, só será limitada pela força do outro, ou seja, “o homem é o lobo do homem”.
Concluo que, a morte do colega Roger Whetmore foi uma questão de sobrevivência, não havendo outras escolhas, e que o contrato celebrado entre os cinco exploradores dentro da caverna foi justo para que se decidisse quem seria o sacrificado. Ademais, após todo o esforço que foi feito para resgatá-los - os grandes gastos e horas de trabalho, sem contar as dez vidas de operários que foram perdidas – e todo o sofrimento que estes homens já passaram, acredito que a pena à eles sentenciada não é válida, precisando portanto ser reformulada. Penso que a situação em que se encontravam, justifica tal conduta que tiveram e que por isso devem ser inocentados. Acrescento também que o perdão e a liberdade à estes homens seria também uma forma de não deixar que a morte de Whetmore tenha sido em vão.

Continue navegando