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Sociologia Jurídica Aula 09

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Aula 09 - Participação política na sociedade global e Direito.
O direito da sociedade globalizada
De acordo com Alves, Santos et al. (2013), “o ordenamento jurídico estatal está perdendo sua exclusividade e centralidade, embora, como coloca Faria (2002), ainda seja a referência básica para os cidadãos comuns. O Direito estatal passa a ser parte de um polissistema, pois concorre e convive com normatividades paralelas ou justapostas, que revelam o desenvolvimento de uma regulação jurídica à margem e, até mesmo em alguns casos, contrária ao Direito positivo estatal, deixando de ser o eixo de um sistema normativo único.
Assim, a regulação social, atualmente, pode ser dividida em tradicional e contemporânea:
Regulação social tradicional
A tradicional, de origem moderna, tem como característica o pressuposto de que a regulação social se faz pelo Direito, sendo que este é exclusividade do Estado.
Regulação social contemporânea
A regulação contemporânea ou pós-moderna traz novos pressupostos: a regulação social não precisa obrigatoriamente passar pelo Direito e o Estado perde terreno em sua soberania através do Direito. Ou seja, o Direito estatal perde terreno em favor de normas alternativas de regulação social e de solução de conflitos.
Vive-se, atualmente, diante dos processos de desregulamentação e aparecimento de novas esferas de poder, uma redução da imperatividade do Direito positivo, caracterizado por uma flexibilidade nunca antes vista, o chamado “soft law”.
O Direito do novo campo de poder é dual
Segundo Alves, Santos et al. (2013), “de um lado tem-se o Direito estatal deprimido sob o açoite das políticas de desregulação, do outro, tem-se a fortificação das regras ditadas pelo mercado. Ou seja, “... Os campos antes regimentados pelas normativas estatais ou gerais públicas se abrem assim a regulamentações pactuadas entre sujeitos privados ou entidades corporativas (caso do direito laboral) mais ou menos à margem das instituições públicas propriamente ditas.” (2002, p. 268).
Ou, como coloca Santos, tem-se além do Direito positivo estatal duas outras instâncias: a supraestatal e a infraestatal:
Supraestatal
“No plano supraestatal, os mecanismos do sistema mundial desenvolvem leis que se sobrepõem à normatividade estatal (seria a lei do mercado meta estatal de que fala Capella)”.
Infraestatal
“Já no plano infraestatal, encontram-se ordens jurídicas locais com ou sem base territorial, regendo determinadas categorias de relações sociais e interagindo, de múltiplas formas, com o direito estatal’”. (2002, p. 171).
Neoliberalismo expressão ideológica da globalização
Em seu texto intitulado Globalização e participação política, Valmir Lima de Almeida considera que “a participação política dos indivíduos na sociedade global apresenta-se como um caminho, uma das principais vias alternativas, para o alcance da inserção social e da diminuição das desigualdades econômicas reveladas pela globalização”.
O processo de globalização em marcha acabou com os limites geográficos, mas não eliminou a fome, a miséria e os problemas políticos de milhões de globalizados que vivem (ou sobrevivem) abaixo da chamada linha da pobreza absoluta.
Afastados dos centros das decisões pelos princípios excludentes do neoliberalismo, os indivíduos, limitados na própria capacidade de compreensão dos conceitos neoliberais, não encontram pontos de referência para tornarem-se agentes de influência política no processo global”.
Contornos globais dos novos desafios: Meio ambiente
Bernard Cassen, membro do Conselho internacional do Fórum Social Mundial, afirma que existe uma crise em curso em relação ao sistema capitalista na sua versão neoliberal e que tal crise apresenta “várias dimensões: a financeira, monetária, alimentar e energética”.
Segundo Cassen (2015) essa crise aponta no sentido de uma “falência total das políticas neoliberais e a necessidade do retorno do Estado como garantia de sobrevivência da economia e da manutenção de um mínimo de coesão social. Paradoxalmente, esta crise, que já vem se aprofundando há algum tempo e poderia ter reforçado o “movimento dos movimentos”, provocou seu enfraquecimento”.
Esta crise envolve, em especial, as questões pertinentes à própria sobrevivência do planeta e de seus recursos naturais, na medida em que a busca sem limites do lucro a qualquer custo levou à utilização dos recursos advindos da natureza sem qualquer controle, aliada a uma cultura que coloca o meio ambiente sempre em segundo plano, ainda que aparentemente haja uma preocupação com a ecologia global.
Contornos globais dos novos desafios: Relações de trabalho
A globalização econômica que já foi estudada por você ao longo de nossos encontros e é decorrência do modelo de produção capitalista, que surgiu com a primeira revolução industrial, é consequência dessa busca desenfreada pelo lucro que, por isso mesmo, leva a conquista por novos mercados consumidores.
Trouxe consequências no modo de trabalho existente, provocando a reestruturação do trabalho. Como exemplo, podemos apresentar as mudanças no contrato de trabalho que, para atender à pressão econômica e se adaptar às novas exigências pela busca de maior competitividade e produtividade, vem se fragmentando em vários outros tipos de relação de trabalho. Assim, o processo de globalização tem contribuído para a mudança nas relações de trabalho ocasionando a descentralização produtiva, também chamada de terceirização e o surgimento de novas formas de trabalho como a parassubordinação.
Contornos globais dos novos desafios: Sociodiversidade
O neologismo sociodiversidade foi criado pela Antropologia e, em sua origem, estava relacionado às comunidades indígenas encontradas no Brasil, com hábitos e cultura próprios e que merecem ser respeitados e preservados. Aos poucos, este conceito foi se ampliando e hoje sociodiversidade significa a existência simultânea de grupos humanos que possuem recursos sociais próprios, ou seja, cuja organização social está sedimentada por padrões próprios, que envolvem modelos diferentes de autoridade política, de acesso e utilização do espaço territorial, de hierarquias de valores éticos ou morais etc.
A existência de culturas e grupos humanos diversos coexistindo em um mundo globalizado ocasiona uma série de questões que envolvem desde os modos de construção de uma sociedade democrática, plural e justa, até e ao mesmo tempo, a conciliação do direito à diferença com o à direito igualdade.
Assim, falar em sociodiversidade significa destacar a questão da convivência dos diferentes com suas diferenças em um contexto de tolerância e solidariedade que consiga ultrapassar a violência, as hierarquias excludentes, o tratamento perverso, as desigualdades econômico-sociais.
Contornos globais dos novos desafios: A questão das minorias
Objetivamente, o processo de globalização também traz em seu bojo uma tendência de padronização cultural, na medida em que a sociedade consumista utiliza os meios de comunicação em massa para induzir o estabelecimento de valores culturais artificialmente estabelecidos e que determinam o que e como se deve comer vestir, assistir, ouvir, comprar e pensar.
Como forma de resistir a esse processo que desrespeita as diferenças e nivela todos os indivíduos, existem tanto no nível interno (nacional) como no internacional, diversos grupos que se distinguem pela defesa de suas práticas culturais, de sua orientação sexual, de seus credos e etnias próprias. Esses grupos são denominados minorias, correspondem a grupos sociais ou mesmo nações que lutam na defesa de seus ideais. Os grupos sociais (negros, mulheres, homossexuais, transgêneros, quilombolas, pessoas especiais, idosos etc.) lutam pelo respeito à sua dignidade e cidadania; as nações (povos indígenas, palestinos, bascos etc.) almejam sua independência territorial, cultural, religiosa e política.
O ponto em comum dessas minorias é situação de exclusão e/ou discriminação que provoca o surgimento de organizações (movimentos sociais) que procuram conquistara dignidade e respeito por meio de ações políticas.

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