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PDF PROCESSO PENAL INQUERITO POLICIAL PARTE1 1

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CURSO TROPA DE ELITE – PREPARAÇÃO PARA A 
GUERRA 
POLÍCIA FEDERAL 2012 – AGENTE/ESCRIVÃO 
PROF. EMERSON CASTELO BRANCO 
DISCIPLINA: PROCESSO PENAL 
1. INQUÉRITO POLICIAL – PARTE 1 
1. 1. Noções iniciais 
- A partir da ocorrência de uma infração penal, surge a necessidade de o 
Estado desenvolver uma série de atividades no sentido de produzir provas 
acerca do fato, buscando reconstruí-lo. 
- A Polícia Judiciária (também denominada “repressiva”) é o órgão do 
Estado incumbido de desenvolver esse conjunto de atividades, promovendo 
necessária e adequada investigação criminal, com o objetivo de levar ao 
titular da ação penal provas suficientes para a instauração do processo. 
- Persecutio criminis: investigação probatória. 
1.2 Conceito de inquérito policial 
- Procedimento administrativo-investigatório, presente antes da fase 
processual, coordenado pela Polícia Judiciária, destinado a colher elementos 
de prova acerca da autoria e da materialidade de um determinado 
empreendimento delitivo, sempre buscando a reconstrução histórica dos 
fatos. 
1.3. Objetivo do inquérito policial 
O objetivo do inquérito policial consiste essencialmente em demonstrar a 
existência da autoria e da materialidade do delito, fornecendo elementos 
para a promoção da ação penal. 
1.4. Atribuições da Polícia Judiciária (Repressiva). 
“Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, 
ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a 
apuração de infrações penais, exceto as militares” (§ 4.º, do art. 144, da 
CF/88) 
A polícia judiciária, preceitua o art. 4.°, do CPP, será exercida pelas 
autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá 
por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. 
Circunscrição é área em que o delegado de polícia exerce suas atribuições 
legais. 
NOTE! O termo “competência”, ao qual se refere o parágrafo único do 
art.4.° do CPP, não significa competência jurisdicional, mas sim 
administrativa. 
NOTE! Qual a exata diferença entre as polícias de prevenção (ou de 
segurança) e a polícia judiciária (ou repressiva)? 
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! Outras autoridades públicas podem 
elaborar inquérito? 
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! A autoridade policial pode realizar 
condução coercitiva? 
1.5 Características 
O inquérito policial possui as seguintes características: 
a) Procedimento – É representado por um conjunto de atos destinado a 
realizar a investigação de uma determinada infração penal. 
b) Administrativo – Possui natureza meramente administrativa, porque tem 
por objetivo apenas colher provas, não havendo processo instaurado, nem 
acusação formal contra o investigado. 
c) Escrito - De acordo com o art. 9.º, do CPP, “todas as peças do inquérito 
policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, 
neste caso, rubricadas pela autoridade”. 
d) Sigiloso - Consoante o disposto no art. 20, do CPP, “a autoridade 
assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido 
pelo interesse da sociedade”. Importante observar que sigilo do inquérito 
policial não é absoluto, isto é, somente será o estritamente necessário para 
resguardar as investigações. E, obviamente, não atinge o Ministério Público 
e o Juiz. 
e) Inquisitivo - De acordo com a doutrina tradicional, não se aplicam os 
princípios do contraditório e da ampla defesa ao inquérito policial. 
- Contraditório diferido ou postergado. 
f) Oficial - É realizado por órgãos do Estado. 
g) Indisponível – Somente a autoridade judiciária, mediante solicitação do 
Ministério Público, poderá determinar o arquivamento do inquérito policial. 
Art. 17 do CPP. 
h) Prescindível (dispensável) – Como se trata de peça meramente 
informativa, se o titular da ação penal já reúne provas suficientes, a 
instauração do inquérito policial não é necessária. 
i) Instrumentalidade – Procedimento preparatório para eventual ação penal. 
j) Oficiosidade – Nos crimes de ação penal pública incondicionada, a 
instauração do inquérito independe de qualquer tipo de provocação. 
l) Autoridade – Deve ser presidido por uma autoridade pública (delegado de 
polícia de carreira). 
m) Obrigatoriedade - Nos crimes de ação penal pública incondicionada, 
havendo infração penal a ser apurada, não pode a autoridade policial se 
recusar a instaurar o inquérito policial. 
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! A incomunicabilidade do preso 
constitui característica do inquérito policial? 
NOTE! O fato de o inquérito policial ter natureza inquisitiva não quer dizer 
que o indiciado não possua garantias. 
1. 6 Formas de instauração do inquérito policial 
a) De ofício (ex officio) – Trata-se da instauração de ofício pela autoridade 
policial, mediante portaria. Somente é cabível nas hipóteses de ação penal 
pública incondicionada. 
b) Requerimento da vítima – O ofendido solicita a instauração do inquérito 
policial, narrando o fato delitivo. 
Nos termos do §1.°, do art. 5.°, do CPP, o requerimento conterá sempre 
que possível a narração do fato, com todas as circunstâncias; a 
individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de 
convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de 
impossibilidade de o fazer; e a nomeação das testemunhas, com indicação 
de sua profissão e residência. Caso seja menor de 18 anos, ou doente 
mental, deve ser realizado pelo seu representante. 
c) Representação da vítima – O ofendido deverá autorizar a instauração do 
inquérito policial nos delitos de ação penal pública condicionada à 
representação, nos termos do § 4.°, do art. 5.°, do CPP: "O inquérito, nos 
crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem 
ela ser iniciado". Nas hipóteses em que o ofendido morre ou é declarado 
ausente, o direito de representação se transmite ao cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão, nos termos do § 1.° do art. 24, do CPP. 
d) Requisição do Ministério Público – Trata-se de ordem emitida pelo titular 
da ação penal, e não de mera solicitação. Somente se admite nas hipóteses 
de ação penal pública incondicionada e de ação penal pública condicionada 
em que o ofendido procedeu à representação. No crime de ação penal 
pública condicionada, se o ofendido não representou, não é possível a 
requisição do Ministério Público. 
e) Requisição do Juiz – Este poderá ordenar a instauração do inquérito 
policial nas hipóteses de ação penal pública incondicionada e de ação penal 
pública condicionada em que o ofendido procedeu à representação. No 
crime de ação penal pública condicionada, se o ofendido não representou, 
não é possível a requisição do juiz. 
f) Requisição do Ministro da Justiça – Nas hipóteses em que a lei condiciona 
a propositura da ação penal à requisição do Ministro da Justiça, como, por 
exemplo, nos crimes cometidos contra a honra do Presidente da República 
ou Chefe de Governo estrangeiro, ou ainda em crime cometido por 
estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. 
g) Auto de prisão em flagrante – Consoante o art.8.°, do CPP, o inquérito 
policial é instaurado a partir do auto de prisão em flagrante. 
NOTE! De acordo com o disposto no § 2.° do art. 5.°, do CPP, do 
indeferimento do requerimento do ofendido ou de quem legalmente o 
represente cabe recurso para o chefe de polícia. Caso seja indeferido, não 
haverá possibilidade de outro recurso administrativo. 
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! Não se elabora inquérito policial 
quando se tratar de crime de menor potencial ofensivo (crimes e 
contravenções penais cuja pena máxima cominada em abstrato não 
ultrapasse dois anos). Noscrimes de menor potencial ofensivo, o 
procedimento a ser elaborado é o Termo Circunstanciado de Ocorrência 
(TCO), conforme dispõe o art. 69, da Lei n.° 9.099/95: “A autoridade 
policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo 
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do 
fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais 
necessários”. 
1.7 Notícia do Crime (Notitia Criminis ou Delatio Criminis) 
Conforme dispõe o § 3.°, do art. 5.°, do CPP, “qualquer pessoa do povo que 
tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação 
pública, poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade poli-
cial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar 
inquérito". 
A notitia criminis consiste na comunicação de uma infração penal que pode 
ser realizada por qualquer pessoa do povo. Somente é possível na hipótese 
de ação penal pública incondicionada. Justamente em razão da natureza do 
delito, qualquer pessoa possui a faculdade de fazer referida comunicação. 
As informações podem ser levadas ao conhecimento do delegado de polícia 
ou do Ministério Público. 
Como se trata de uma faculdade, pode ou não ser realizada. Por isso 
mesmo, o não exercício desta não acarreta responsabilidade alguma para a 
pessoa que deixou de fazer a comunicação. 
A notícia do crime possui as seguintes espécies: 
a) Por cognição imediata (direta ou espontânea) – Assim é denominada, 
porque a autoridade toma conhecimento diretamente da infração penal. 
b) Por cognição mediata (indireta ou provocada) – A autoridade toma 
conhecimento da infração por meio de requisição do Ministério Público ou do 
Juiz, ou ainda por requerimento da vítima. 
c) Por cognição coercitiva – A autoridade toma conhecimento do fato por 
meio da lavratura do auto de prisão em flagrante. 
Classifica-se também em espontânea e provocada. Será espontânea quando 
a autoridade policial toma conhecimento da infração no exercício de suas 
atribuições funcionais, sem ser acionada por terceiro; e provocada, quando 
existe requisição do Ministério Público ou do Juiz, ou requerimento da 
vítima. 
Por fim, pode ser simples ou postulatória. A simples consiste apenas na 
mera comunicação, enquanto a postulatória é a comunicação cominada com 
um pedido. 
Em regra, trata-se de mera faculdade conferida ao cidadão de colaborar 
com a atividade repressiva do Estado. Todavia, há algumas pessoas que, 
em razão do seu cargo ou da sua função, estão obrigadas a noticiar às 
autoridades a ocorrência de crimes de que tenham notícia no desempenho 
de suas atividades, sob pena de incorrerem em contravenção penal, 
prevista no art. 66 da Lei de Contravenções. 
NOTE! O termo “denúncia” é utilizado vulgarmente como sinônimo de 
notícia do crime, de forma completamente inapropriada. Tecnicamente, 
denúncia é a peça elaborada pelo Ministério Público para a propositura da 
ação penal pública, não podendo ser utilizada com o significado de notícia 
do crime. 
QUESTÃO POTENCIAL DE PROVA! A notícia do crime pode ser anônima 
(notitia criminis inqualificada ou delação apócrifa)? Duas são as posições 
sobre o tema: 1.ª corrente (majoritária)– Admite a notícia do crime 
anônima ou apócrifa (ou ainda notícia inqualificada), porque o legislador 
não exigiu a identificação do noticiante; 2.ª corrente (minoritária) - Não 
admite a notícia do crime anônima, porque a imagem e a honra das pessoas 
poderiam ser lesadas indevidamente, sendo o anonimato vedado 
constitucionalmente. Em suas mais recentes decisões, o STJ vem admitindo 
a notícia do crime anônima, entendendo que não há ilegalidade na 
instauração de inquérito policial com base em investigações deflagradas por 
denúncia anônima, eis que a autoridade policial tem o dever de apurar a 
veracidade dos fatos alegados, desde que se proceda com a devida cautela. 
Afora isso, as notícias-crimes levadas ao conhecimento do Estado sob o 
manto do anonimato têm auxiliado de forma significativa na repressão ao 
crime.1 
 
 
 
 
 
 
1
 STJ HC 93421/RO 09/03/2009

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