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Contabilidade de Custos Autor: Dirceu Carneiro de Araujo Tema 06 Custeio ABC e outras aplicações de custos seç ões Tema 06 Custeio ABC e outras aplicações de custos ARAUJO, Dirceu Carneiro de. Contabilidade de Custos: Custeio ABC e outras aplicações de custos. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2018. SeçõesSeções LEITURAOBRIGATÓRIA FINALIZANDO REFERÊNCIAS GABARITO CONTEÚDOSEHABILIDADES AGORAÉASUAVEZ GLOSSÁRIOLINKSIMPORTANTES 4 Tema 06 Custeio ABC e outras aplicações de custos 5 Neste tema você vai tomar conhecimento da utilização do sistema de custeio ABC (activity- based costing). Você irá estudar os passos para a implantação do custeio ABC para uma melhor gestão da empresa. Estudará a estrutura do custeio ABC, como se dá a definição dos direcionadores, indutores de custos. Estudará os critérios de distribuição dos custos pelas diversas atividades e, após, pelos produtos. Você irá calcular o custo pelo método de absorção e depois irá recalcular os custos utilizando o custeio ABC. Estudará as diferenças entre os dois métodos. Estudará a possibilidade de utilização do custeio ABC para o cálculo do custo-padrão e do custo meta. Por fim, vai estudar as vantagens e desvantagens do uso do custeio ABC nas empresas. CONTEÚDOSEHABILIDADES 6 LEITURAOBRIGATÓRIA 1. Introdução O custeio ABC (activity-based costing) ou custeio baseado em atividades é um método de custeio que permite medir o custo e o desempenho das atividades e dos objetos de custos, seus criadores foram os americanos Robin Cooper e Robert S. Kaplan, que no início da década de 1980 divulgaram seus trabalhos com o desenvolvimento do ABC. Desde o seu surgimento, o custeio ABC se mostrou uma ferramenta administrativa que beneficia os gestores nas tomadas de decisões a respeito dos custos e, por consequência, da competitividade das empresas, que naquela década se viam no meio de um processo de abertura de mercados e acirramento da concorrência. Outro fator que exigiu novos estudos a respeito do custeamento dos produtos foi a rápida automatização das empresas, o desenvolvimento de novas formas de industrialização, com um processo massivo de terceirizações, que em ambos os casos reduzia em muito o custo da mão de obra direta e aumentava significativamente os custos indiretos, distorcendo assim os parâmetros de custeio tradicionais vigentes até então. Neste ambiente surgiu o ABC, que oferecia ferramentas de custeio pela atividade, juntamente com um processo vigoroso de melhoria contínua do processo produtivo, transformando-se assim em um valioso instrumento de gestão para os administradores. 2. Características do custeio ABC Durante toda a construção teórica utilizaremos os seguintes autores: (FERREIRA, 2007, pág. 186-210), (MARTINS, 2010, pág. 87-104 e 286-301), (MEGLIORINI, 2007, pág. 151- 159), (PADOVEZE, 2013, pág. 251-268), (NETO, 2009, 57-80), (RIBEIRO, 2013, pág. 365-421), por esta temática ser tratada de forma uniforme pelos autores. Para estudar este tema você pode partir da conceituação do custeio ABC, nas palavras de seus idealizadores Kaplan e Cooper (1998) apud Ferreira (2007) nos seguintes dizeres: 7 LEITURAOBRIGATÓRIA “ABC (activity-based costing) é uma abordagem que analisa o comportamento dos custos por atividades, estalecendo relações entre as atividades e o consumo de recursos, independente de fronteiras departamentais, permitindo a identificação dos fatores que levam a instituição ou empresa a incorrer em custos em seus processos de oferta de produtos e serviços e de atendimento a mercado e clientes.” (FERREIRA, 2007, pág. 189). O ABC, como você pode depreender do conceito, é um método de custeio que permite medir o custo e o desempenho das atividades e dos objetos de custos. Para os criadores do ABC e replicado na literatura, o ABC assume três premissas básicas: os produtos requerem atividades (ações), as atividades, por sua vez, consomem recursos (elementos de custos: matéria-prima, MOD, CIF, etc.) e os recursos custam dinheiro (custos). Antes de você prosseguir no estudo do ABC é essencial que saiba que o ABC possui gerações ou melhoramentos: na primeira geração a preocupação era somente com os custos; na segunda geração a preocupação foi a identificação dos processos em termos de inputs e outputs, ou seja, quais atividades estão gerando os processos, o que tornou o sistema ABC, para alguns, em ABM (activity-based management), gerenciamento por atividades, que proporciona um melhoramento contínuo do processo (MARTINS, 2010, pág. 286); para a terceira geração houve o destaque da análise da agregação de valor nas atividades, havendo a separação das atividades que agregam valor ao produto ou negócio e aquelas atividades que não agregavam valor, possibilitando a redução de custos pela eliminação das atividades que não agregavam valor. Para este estudo que temos como foco a Contabilidade de Custos você será levado a aplicar a primeira geração do ABC, com foco no custo para a valoração dos estoques e aplicação na Contabilidade Fiscal. 2.1. Etapas do Custeio ABC Você já estudou que a separação dos custos em diretos e indiretos é uma parte do trabalho do setor de custos, a proposta do custeio ABC é apropriar os custos indiretos às atividades, e não aos departamentos, pois são as atividades realizadas nos diversos departamentos que são as geradoras de custos. Dessa forma são apresentadas as seguintes etapas para a implantação do ABC: • Primeira: mapeamento detalhado das atividades relacionadas a cada função executada para produzir um produto ou serviço, para o público externo ou interno; • Segunda: alocação de custos a estas atividades; 8 LEITURAOBRIGATÓRIA • Terceira: análise sistemática de cada gerador de custos; • Quarta: análise dos indicadores de desempenho para verificação dos índices de retrabalho, perdas de cada processo, atividades que não agregam valor; • Quinta: apresentação de resultados para revisão e validação dos dados. (FERREIRA, 2007, pág. 104), (MEGLIORINI, 2007, pág. 152). Nos sistemas chamados tradicionais (absorção e RKW) os custos são imputados aos departamentos e destes aos produtos, num processo vertical. Para o ABC os custos são imputados aos departamentos, passando para as atividades e destas diretamente aos produtos, num processo horizontal. Assim você vai perceber que existe a necessidade de departamentalização no ABC e dentro dos departamentos a decomposição das atividades buscando apresentar o caminho percorrido pelos custos dentro da organização, mantendo em evidência somente as atividades que contribuem de fato para o processo, que agregam valor para o produto e para o cliente. É ideal que você aprenda o conceito de atividade para o ABC: “Atividades são um conjunto de tarefas relacionadas, podendo ou não ser executadas em mais de uma área funcional.”. (FERREIRA, 2007, pág. 111). Ou ainda, “Atividades podem ser ações ou trabalhos específicos realizados com o objetivo de converter recursos em produtos ou serviços”. (MEGLIORINI, 2007, pág. 152). Disso você pode imaginar, vizualizar que o custo das atividades é a união ou emprego combinado de recursos, que podem ser recursos materiais, pessoas, tecnológicos e financeiros, que geram os custos dos produtos. Departamentos Atividades Adm. Produção Programar a produção; controlar a produção Almoxarifado Comprar produtos, desenvolver fornecedores, receber mercadorias, movimentar estoques Laboratório Analisar amostras, controlar qualidade Produção 1 Desenhar moldes, cortar peças Produção 2 Preparar peças, montar produtos Produção 3 Preparar produtos, pintar produtos Tabela 1 – Exemplos de atividades Fonte: Elaborada pelo ator 9 LEITURAOBRIGATÓRIA Figura 1 – Elementos de um sistema ABC Fonte: Adaptadade Turney (1996, p. 17) apud Ferreira (2007, p. 193) Você pode notar que as atividades são ações, por este motivo são descritas com um verbo de ação. Como as ações realizadas em uma empresa são as mais variadas, no mapeamento das atividades são eleitas aquelas que têm a melhor representatividade, importância para o processo. Porque senão teríamos uma infinidade de atividades para serem controladas e algumas seriam de pouca representatividade ou o custo do controle seria maior do que o valor do custo do recurso. Uma vez que você mapeou as atividades, o próximo passo é atribuir os custos dos recursos utilizados pelas atividades, e na fase seguinte, aos objetos de custeio. A Figura 1 representa o caminho dos recursos dentro da empresa na perspectiva do ABC. Você pode visualizar que existe uma ordem para que os custos sejam apropriados aos produtos. Primeiro os recursos são destinados aos departamentos, após são distribuídos para as atividades, que são as que consomem os recursos, e por último são alocados diretamente aos produtos. Para este movimento são utilizadas três formas de apropriação: • Primeira: apropriação direta quando for possível identificar o recurso com uma atividade específica. • Segunda: pelo rastreamento por meio de direcionadores ou indutores que melhor representem a relação entre o recurso e a atividade. 10 LEITURAOBRIGATÓRIA • Terceira: O rateio. No custeio ABC o rateio somente é admitido quando não houver condições para o uso do rastreamento. É uma exceção em casos extremos. Mas o que são direcionadores ou indutores de custos para o ABC? Para o ABC, um “indutor de custo é o fator capaz de causar uma alteração no custo de uma atividade”. (FERREIRA, 2007, p. 193). Ou seja, indutor pode ser um evento ou fator que influencia o nível de desempenho das atividades ou o consumo de recursos pelas atividades. (FERREIRA, 2007, p. 193). O custeio ABC, como você já deve imaginar, pode ser estruturado em dois ou mais estágios. Você já estudou que o nível de detalhamento vai depender do tamanho da empresa, da quantidade de produtos, do grau de detalhamento das informações que os gestores desejam. Para este estudo vamos utilizar dois estágios, que você vai poder derivar se for necessário implementar mais estágios na vida real. O primeiro estágio são os Direcionadores de recursos, que são aqueles que indicam como as atividades consomem os recursos, sempre levando-se em consideração a relação de causalidade entre o recurso e a atividade. Neste estágio você vai usar dois passos: primeiro, os CIFs são destinados aos departamentos, diretamente quando possível e por rastreamento nos demais casos; no segundo, os CIFs dos departamentos são alocados às atividades, preferencialmente, por meio de rastreamento, na exceção usa-se rateio. No segundo estágio, são os chamados de Direcionadores de atividades, que são aqueles que identificam como os objetos de custos (produtos, serviços) utilizam as atividades. Assim, chega-se ao custo dos produtos pela somatória dos custos das atividades envolvidas no processo produtivo. Como você já sabe, atividades são as ações, vamos exemplificar os direcionadores: Departamentos Atividades Direcionadores Adm. Produção Programar a produção Número de lotes Controlar a produção Número de horas Almoxarifado Comprar produtos Número de pedidos Desenvolver fornecedores Número de fornecedores Receber mercadorias Número de recebimentos Movimentar estoques Número de requisições Tabela 2 – Exemplos de direcionadores em dois estágios 11 LEITURAOBRIGATÓRIA Laboratório Analisar amostras Número de análises Controlar qualidade Número de lotes Produção 1 Desenhar moldes Número de moldes Cortar peças Número de peças Produção 2 Preparar peças Tempo de preparação Montar produtos Tempo de montagem Produção 3 Preparar produtos Tempo de preparação Pintar produtos Tempo de pintura Fonte: Elaborada pelo ator A seleção das atividades e de indutores é um ponto fundamental para o ABC, porque depende do grau de precisão pretendido pelos gestores, depende de ferramentas tecnológicas (softwares), etc. É fundamental que os gestores atentem para não criar um número grande de indutores, principalmente aqueles indutores que não estabelecem relação dos recursos com as atividades. 3. Como o custeio ABC funciona na prática? Para o estudo do tema custos é ideal uma atividade prática, vamos reconstruir o exemplo “didático” utilizado no Tema 5: Lembre-se que a empresa adota o custeio por absorção e produz dois produtos: Produto X e Produto Y e, agora, quer comparar com o custeio ABC. 3.1. Custeio por absorção com departamentalização Seguindo o roteiro da separação dos gastos, a empresa alocou seus custos diretos da seguinte forma: Fonte: Adaptada de Neto (2009, p. 35) Tabela 3 – Alocação dos custos diretos 12 LEITURAOBRIGATÓRIA Você já estudou e sabe que os custos diretos são alocados diretamente aos produtos e que totalizam $ 430 mil. O passo seguinte será a distribuição primária, onde os CIFs serão distribuídos aos departamentos utilizando os seguintes critérios de rateio Fonte: Elaborada pelo autor Tabela 4 – Critérios de rateios para distribuição primária dos CIFs Agora você pode fazer a distribuição dos CIFs. Fonte: Elaborada pelo autor Tabela 5 – Distribuição primária dos CIFs Foram efetuados arredondamentos para fins didáticos. Observe que o valor dos CIFs é $ 172.000, todas as explicações dos rateios estão no Tema 5, ao qual você pode recorrer para seus estudos. Você sabe que temos que distribuir o total dos CIFs para todos os departamentos de serviços, adm. geral $3.136, almoxarifado $ 4.207 e laboratório $ 11.868, para os departamentos de produção, a chamada distribuição secundária. 13 LEITURAOBRIGATÓRIA Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Tabela 6 – Distribuição secundária dos CIFs aos departamentos de produção Tabela 7 – Base de rateio dos CIFs aos produtos fabricados Você deve pegar o total dos custos dos departamentos, última linha da Tabela 5. Primeiro distribuir os custos dos departamentos auxiliares para os custos dos departamentos de produção. Ao final, totalizando os departamentos de produção 1, 2 e 3, que na Tabela 5 totalizaram $ 47.714, $ 66.706 e $ 38.369, respectivamente, soma os rateios dos custos dos departamentos auxiliares, você obterá o total do CIFs distribuídos aos departamentos de produção, que serão então distribuídos aos produtos fabricados, na proporção do uso dos departamentos de produção, da seguinte forma: Você se recorda que os custos dos departamentos de produção são distribuídos aos produtos pelo nº de horas trabalhadas nos departamentos de produção, agora que você já tem os custos de cada departamento totalizados na Tabela 6 e sua base na Tabela 7, é só fazer os rateios. 14 LEITURAOBRIGATÓRIA Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Tabela 8 – Rateio dos CIFs dos departamentos de produção aos produtos Tabela 9 – Totalização dos custos aos produtos Você já sabe que o uso da departamentalização ajuda o gestor a distribuir os custos com qualidade, ou seja, existe um ajuste fino nos critérios de rateio, e a cada novo estudo, utilizando as ferramentas de gestão, de qualidade, os critérios de rateios vão se aproximando do rateio ideal. Agora só falta totalizar os custos diretos e custos indiretos para a transferência dos custos para os estoques. Você já sabe que os valores totais são transferidos para o estoque, mediante lançamentos contábeis, que zeram todas as contas acumuladoras dos CIFs. D – Estoques C – Contas acumuladoras de CIFs 3.2. Custeio ABC Como você já sabe, os custos diretos já foram distribuídos aos produtos na Tabela 3 e vamos supor que os CIFs já foram distribuídos por critérioslógicos na Tabela 5 aos departamentos. Para que você prossiga nos estudos do ABC suponha, ainda, que as atividades são aquelas 15 LEITURAOBRIGATÓRIA Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Tabela 10 – Direcionadores de rastreamento de recursos Tabela 11 – Apropriação dos recursos para as atividades descritas na Tabela 1 e que apresente os seguintes direcionadores de rastreamento dos recursos para as atividades. Você pode notar que foram utilizados percentuais para a distribuição dos recursos para as atividades e você já sabe que poderia ser qualquer parâmetro válido definido pelos gestores. Você pode notar que por esta apropriação os custos dos recursos são distribuídos para as atividades realizadas para o processo produtivo. Imagine uma empresa com diversas filiais, departamentos, centenas de produtos, a dimensão do volume de informações a serem controladas e calculadas, é necessário um sistema de informação consistente, com o auxílio de softwares modernos. Exemplo: ERP (Enterprise Resource Planning) que no Brasil é conhecido, também, como gestão empresarial integrada. Você deve efetuar a segunda distribuição, que são os custos das atividades para os produtos diretamente, suponha os seguintes direcionadores de atividades. 16 LEITURAOBRIGATÓRIA Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Elaborada pelo autor Tabela 12 – Direcionadores de atividades Tabela 13 – Distribuição dos custos das atividades pelos produtos Você já distribuiu os recursos para as atividades na Tabela 11, agora chegou a vez de distribuir os custos das atividades para os produtos, utilizando os direcionadores de atividades. 17 LEITURAOBRIGATÓRIA Foram efetuados arredondamentos para fins didáticos. O processo de distribuição você já conhece, pega o total de cada coluna da Tabela 11 e divide pelo total de cada linha da Tabela 12 e multiplica pelos itens dos Produtos X e Y. Perceba que o total de CIF de cada produto no custeio ABC sofreu uma nova distribuição em relação ao custeio por absorção. Isto se deve, em parte, pela melhor distribuição dos recursos de produção, pela existência de múltiplas atividades que refletem melhor o consumo dos recursos. Quanto maior for a qualidade do mapeamento e da aplicação das diversas técnicas de administração, como TQC, Kaizem, ISO, Seis Sigmas, dentre outras, melhor será o resultado em termos de correção na distribuição dos custos, pois o estudo e acompanhamento diário do processo produtivo leva a um conhecimento de cada atividade que contribui para a produção. Você pode notar que a aplicação ABC é mais do que simplesmente um custeio, é uma ferramenta de gestão da empresa, com isto ajuda os gestores na tomada de decisão. Por fim, vamos totalizar os custos para valorar os estoques, somando os custos diretos com os custos indiretos. Fonte: Elaborada pelo autor Tabela 14 – Totalizando os custos no ABC Perceba que os CIFs ficaram próximos, neste modelo didático, no mundo real, as diferenças podem distanciar em muito dos modelos tradicionais. Agora é efetuar os lançamentos de transferência para os estoques, se o sistema integrado de contabilidade não tiver efetuado o lançamento. Cabe ao gestor de custos efetuar os estudos e apresentar o demonstrativo de resultado com destaque às possíveis variações. 18 LEITURAOBRIGATÓRIA Fonte: Elaborada pelo autor Tabela 15 – Comparação das variações entre o custeio por absorção e ABC Note que no custeio por absorção o Produto X estava superavaliado, o que poderia perder competitividade frente aos concorrentes e o Produto Y estava subavaliado, o que poderia levar a uma precificação errônea e causar perdas financeiras para a empresa. Este é um modelo didático, portanto, as variações encontradas devem ser analisadas com parcimônia, prudência, mas é um bom indicativo do potencial do método ABC para gestão de custos. 4.Aplicação do Método do Custeio variável ao Custo Padrão e no Custo Meta Veja que o ABC é considerado uma ferramenta de gestão, também pode e deve ser utilizada para calcular um custo padrão ou mesmo o custo meta. Por ter sua aplicabilidade, predominantemente, na parte gerencial de uma empresa, este método é uma excelente ferramenta para antecipar o cálculo dos custos com o objetivo de melhorar a qualidade de uma empresa. 5. Vantagens e desvantagens da departamentalização Como vantagens podemos citar: ferramenta para controle e gestão de qualquer processo produtivo ou de serviços; consegue dar maior precisão no custeio; dá importância aos fatores causadores de custos; fornece apoio completo às decisões estratégicas; proporciona indicadores de desempenho dentro da empresa. (FERREIRA, 2007), (MEGLIORINI, 2007), (MARTINS, 2010). Como desvantagens podemos citar: a grande complexidade do sistema; a mistura dos custos fixos com custos variáveis pode dificultar a análise; quando integra todos os gastos só deve ser utilizado para fins gerenciais; os direcionadores podem sofrer as mesmas críticas dos critérios de rateio; o custo de implantação do ABC e manutenção é grande. (FERREIRA, 2007), (MEGLIORINI, 2007), (MARTINS, 2010). 19 Na monografia: Aplicação do custeio baseado em atividades: um estudo de caso na gerência econômico-financeira de uma empresa prestadora de serviços do segmento de tecnologia da informação e comunicação, o autor Guilherme Villas Garcia, 2005, aborda o tema da aplicação do ABC em uma empresa, uma leitura fácil e inspiradora para o estudo dos conceitos e da problemática da gestão de custo e para produção de uma pesquisa científica. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/124973/ Contabeis294285.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em: 23 out. 2017. Leia o artigo: Método de custeio baseado na atividade – ABC, de Francianne M. Gama de Abrantes, Sergio Luiz Marioto, 2008, publicado na Revista de Ciências Gerenciais. Uma leitura fácil, bem resumida e sinaliza aspectos importantes para o estudo do método ABC. Disponível em: <http://www.pgsskroton.com.br/seer/index.php/rcger/article/ view/2645/2515>. Acesso em: 23 out. 2017. Leia o artigo: Análise de custos com foco nos métodos ABC, Variável e Absorção, em que o autor Daniel Bender Calesso, 2010, apresenta uma boa revisão da literatura a respeito das vantagens e desvantagens do sistema ABC, nas páginas 24-27, sob a orientação do Dr Paulo Schmidt, UFRGS. Uma leitura fácil, bem resumida e sinaliza aspectos importantes para o estudo da departamentalização. Disponível em: <http://docplayer.com.br/11039417- Universidade-federal-do-rio-grande-do-sul-curso-de-ciencias-contabeis-daniel-bender- calesso.html>. Acesso em: 23 out. 2017. No artigo apresentado no XV Congresso Brasileiro de Custos: É o custeio por absorção o único método aceito pela Contabilidade?, os autores Shultz, Silva e Borgert, 2008, analisam diversos sistemas de custeio para responder à questão: quais métodos de custeio são aceitos pela legislação vigente? Um trabalho de leitura fácil que traz vários elementos para estudo da questão de valoração dos estoques e da parte legal da aceitação dos custos pela legislação, sua leitura vai contribuir em muito com a formação acadêmica. Disponível em: <http://www.etecnico.com.br/paginas/mef15761.htm>. Acesso em: 23 out. 2017. LINKSIMPORTANTES 20 No artigo O Método ABC como Instrumento da Análise Estratégica, os autores Tomé, Coelho e Colares, 2013, apresentam uma discussão da utilização do método ABC como ferramenta de análise estratégica, outro trabalho de fácil leitura que traz uma revisão da literatura para o iniciante do estudo de custo. Disponível em: <http://uniesp.edu.br/sites/_ biblioteca/revistas/20170724174244.pdf>. Acesso em: 23 out. 2017. Assista ao vídeo Gestão de Custos - Custeio Baseado em Atividades (ABC), publicado por Lucas Lira, 2013,que é um documentário da Harvard Business School, que tem como título original: Voando às cegas: medindo a performance empresarial, com 1:00, onde os consultores apresentam o sistema ABC e o Balance Scorecard como ferramenta de gestão empresarial. É um documentário histórico para o estudo do ABC, vale a pena destinar um tempo para este vídeo. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9T9z5LZsnUY>. Acesso em: 23 out. 2017. O consultor da Tecnosul – Consulting Ltda, Eng. Valério Allora, 2015, apresenta no vídeo Entrevista - Assunto Custeio por Atividade – ABC, uma explanação a respeito da implantação do ABC nas empresas, com uma linguagem fácil e com dados do dia a dia de uma consultoria, vale a pena assistir. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=BACvv13mwVs&t=204s>. Acesso em: 23 out. 2017. O prof. Dr. Wellington Rocha, da Fipecafi, em palestra defendeu a gestão de custos por atividades, 2016, boa entrevista para compreender qual a visão de um profissional a respeito da utilização do sistema ABC nas empresas, vale a pena assistir. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=ADK8zWE7JIQ&t=49s>. Acesso em: 23 out. 2017. O Prof. Dr. Jorge Eduardo Scarpin, no vídeo Custeio Baseado em Atividades, apresenta o método do custeio ABC de forma rápida e pontual. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=MbWJDIswZZ0>. Acesso em: 23 out. 2017. Assista ao vídeo ABC – Origens, de Paulino Silva, 2015, em que o autor traz uma introdução bem interessante do método ABC. Disponível em: <https://youtu.be/LcbBbagPpMQ>. Acesso em: 23 out. 2017. LINKSIMPORTANTES 21 Instruções: Agora chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. Bom estudo! AGORAÉASUAVEZ Questão 1: Descreva com suas palavras o que são di- recionadores ou indutores de custos para o custeio ABC. Questão 2: Quando nos referimos a um conjunto de tarefas relacionadas, podendo ou não ser executadas em mais de uma área funcio- nal ou ações ou trabalhos específicos rea- lizados com o objetivo de converter recur- sos em produtos ou serviços, estamos nos referindo a: a) Direcionadores primários. b) Direcionadores secundários. c) Rateios por direcionadores. Questão 3: Sabe-se que a atividade de analisar amos- tras acumulou $ 50.000 de custos em de- terminado período. Pelo rastreamento das atividades do departamento de Labora- tório, sabe-se que o Produto A consumiu 300 análises e o Produto B consumiu 200 análises. Qual a parcela de CIF da ativida- de analisar amostras vai ser agregado em cada produto? a) Produto A $ 20.000 e Produto B $ 30.000. d) Distribuição dos custos diretos. e) Atividades. 22 AGORAÉASUAVEZ Questão 5: Explique o que são direcionadores de recur- sos e direcionadores de atividades e quais as formas de apropriação dos CIFs. Questão 4: Explique quais são os passos para a im- plantação de um sistema de custeio ABC. b) Produto A $ 25.000 e Produto B $ 25.000. c) Produto A $ 40.000 e Produto B $ 20.000. d) Produto A $ 30.000 e Produto B $ 20.000. e) Produto A $ 10.000 e Produto B $ 15.000. 23 FINALIZANDO Neste tema você tomou conhecimento da aplicação do sistema de custeio ABC no cálculo e controle de custos nas empresas. Estudou os passos para a distribuição de custos diretos e indiretos quando se utiliza do custeio ABC. Estudou a importância da departamentalização para o ABC, o conceito de atividades para o ABC, de direcionadores ou indutores de custos. Aprendeu os passos para utilizar os direcionadores de recursos e os direcionadores de atividades. Pôde comparar o custeamento entre o método de Custeio por Absorção e o ABC. Entendeu que o ABC, além de um método de custeio, é também uma ferramenta de gestão da empresa. Por fim, você estudou algumas vantagens e desvantagens da utilização do ABC. 24 GLOSSÁRIO Desempenho das atividades: é medido por meio de indicadores, que são métricas para quantificar a performance das empresas, setores, departamentos, produtos, clientes, de acordo com os objetivos organizacionais traçados no planejamento estratégico. Competitividade: é o conjunto de ações no qual as entidades implementam como objetivo de potencializar seus resultados e fazer com que sejam destaques em seu setor. Mapeamento das atividades: “Mapear: Fazer uma representação gráfica das diversas partes de um todo.”. (AURÉLIO, 2017, s/p). É descrever o processo produtivo da empresa em fluxogramas, que proporciona o conheciemento e entendimento do processo. Causalidade: “1. Influência da causa sobre o efeito; 2. Modo de operar de uma causa.”. (AURÉLIO, 2017, s/p). ERP (Enterprise Resource Planning): pode ser traduzido por Sistema Integrado de Gestão Empresarial (Sige). O ERP procura contemplar, dentro do conceito de um sistema único, todos os módulos (subsistemas de informação) básicos necessários para a gestão do sistema da empresa. (PADOVEZE, 2013, p. 154). 25 Questão 1 Resposta: Para o ABC, um “indutor, [direcionador] de custo é o fator capaz de causar uma alteração no custo de uma atividade”. (FERREIRA, 2007, p. 193). Ou seja, indutor ou direcionador pode ser um evento ou fator que influencia o nível e desempenho das atividades ou o consumo de recursos pelas atividades. (FERREIRA, 2007 p. 193). Questão 2 Resposta: Em nosso estudo entendemos que atividades para o ABC são: “Atividades são um conjunto de tarefas relacionadas, podendo ou não ser executadas em mais de uma área funcional”. (FERREIRA, 2007, pág. 111). Ou ainda, “Atividades podem ser ações ou trabalhos específicos realizados com o objetivo de converter recursos em produtos ou serviços”. (MEGLIORINI, 2007, pág. 152). Logo, a alternativa correta será a: letra E. Questão 3 Resposta: Estamos diante da aplicação da redistribuição dos custos das atividades aos produtos. GABARITO 26 GABARITO Veja que o custo unitário de análise será de $ 50.000 ÷ 500 = $ 100; Multiplica pelas quantidades consumidas por cada produto. Logo, a alternativa correta será a: letra D. Questão 4 Resposta: São as seguintes etapas básicas, para a implantação do ABC: • Primeira: mapeamento detalhado das atividades relacionadas a cada função executada para produzir um produto ou serviço, para o público externo ou interno; • Segunda: alocação de custos a estas atividades; • Terceira: análise sistemática de cada gerador de custos; • Quarta: análise dos indicadores de desempenho para verificação dos índices de retrabalho, perdas de cada processo, atividades que não agregam valor; • Quinta: apresentação de resultados para revisão e validação dos dados. (FERREIRA, 2007, pág. 104), (MEGLIORINI, 2007, pág. 152). Questão 5 Resposta: Direcionadores de recursos são aqueles que indicam como as atividades consomem os recursos, sempre levando-se em consideração a relação de causalidade entre o recurso e a atividade. Neste estágio você vai usar dois passos: primeiro, os CIFs são destinados aos departamentos, diretamente quando possível e por rastreamento nos demais casos; no segundo, os CIFs dos departamentos são alocados às atividades, preferencialmente, por meio de rastreamento, na exceção usa-se rateio. No segundo estágio, são os chamados de Direcionadores de atividades, que são aqueles 27 GABARITO que identificam como os objetos de custos (produtos, serviços) utilizam as atividades. Assim, chega-se ao custo dos produtos pela somatória dos custos das atividades envolvidas no processo produtivo. 28 REFERÊNCIAS ALLORA, V. Assunto Custeio por Atividade - ABC. Youtube, 2015. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch?v=BACvv13mwVs&t=204s>.Acesso em: 23 out. 2017. AURÉLIO, D. Dicionário do Aurélio Online. Dicionário do Aurélio Online, 23 ago. 2017. Disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com/>. FERREIRA, J. A. S. Contabilidade de Custos. 1. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. 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