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HISTOLOGIA DAS GLÂNDULAS SALIVARES

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HISTOLOGIA DAS GLÂNDULAS SALIVARES 
Prof. Walcir Fieri
 Na cavidade oral existem muitas glândulas salivares pequenas e glândulas salivares maiores, que compreendem as glândulas salivares parótidas, submandibulares e as sublinguais.
 Estruturalmente as glândulas salivares são constituídas por unidades morfofuncionais, os adenômeros, formadas por unidades secretoras terminais, representadas por células glandulares que se abrem em ductos, os quais vão se reunindo com outros mais calibrosos até desembocarem na cavidade oral. As unidades secretoras glandulares e os ductos constituem o parênquima glandular que são envolvidos por tecido conjuntivo com vasos e nervos que formam o estroma glandular. Cada conjunto de unidades glandulares representa um lóbulo glandular. 
 A glândula salivar assemelha-se a um cacho de uva, onde as uvas representam as unidades secretoras e as hastes o sistema de ductos. As unidades glandulares são formadas por células serosas e células mucosas.
 As células serosas secretam um fluído claro, pouco viscoso e rico em proteínas (sero), que nas glândulas salivares pode conter também um pequeno componente glicoproteico. Nestas células o REG é muito desenvolvido e possuem o núcleo esférico e central. O citoplasma apresentam-se basófilo corando-se ligeiramente por corantes básicos como a hematoxilina. Estas células se organizam em esférulas formando os ácinos serosos. A glândula é denominada glândula serosa, como as parótidas, onde existem apenas ácinos serosos. 
 As células mucosas, por outro lado, produzem um fluido espesso e viscoso rico em glicoproteínas (muco). Estas células apresentam um complexo de Golgi desenvolvido e quando coradas por técnicas histológicas de rotina e vistas ao microscópio são claras e com núcleo elíptico e basal. Estas células organizam-se em túbulos, os túbulos mucosos e a glândula que os contém constitui uma glândula mucosa, como as sublinguais, palatinas ou labiais. Em algumas glândulas salivares, pode ocorrer no fundo de muitos túbulos mucosos, a presença de algumas células serosas constituindo um aspecto de semilua, formando as semiluas serosas. 
 As células mioepiteliais, estão associadas às unidades secretoras localizadas entre as células glandulares e a lâmina basal. Assemelham-se a um polvo abraçando a unidade secretora, que através de movimentos de contração auxiliam na saída da secreção da glândula. O citoplasma destas células contém filamentos de actina e miosina equivalentes à célula muscular lisa.
 Para o transporte da secreção (saliva) das unidades secretora até a cavidade oral há um sistema de ductos, representados pelos ductos intercalares, estriados e excretores. 
 Os ductos intercalares, recebem a secreção da unidade secretora e são pouco desenvolvidos, formados por epitélio cúbico simples com células baixas. Estudos revelaram, no interior de suas células, duas proteínas antibacterianas, a lisozima e a lactoferrina. Estes ductos modificam-se e passam a ser os ductos estriados, que encontram-se no interior dos lóbulos glandulares. São revestidos por um epitélio cilíndrico simples cujas células têm características morfológicas de células que transportam íons ativamente, portanto possuem núcleo esférico, muitas mitocôndrias na região basal, citoplasma acidófilo e invaginações basais.
 A secreção proveniente dos ductos intercalares é principalmente protéica e isotônica em relação ao plasma sanguíneo, com alta concentração de íons Na+ e Cl- e baixa concentração de K+. Ao longo dos ductos estriados, a secreção torna-se hipotônica, com baixa concentração de Na+ e Cl- e alta concentração de K+. Os íons Na+ e o Cl- atravessam a membrana celular por transporte passivo e o K+ por transporte ativo.
 Os ductos excretores também chamados ductos extralobulares ou interlobulares, tornam-se cada vez mais calibrosos à medida que avançam para a cavidade oral e apresentam modificações estruturais. Assim, na região próxima aos ductos estriados, geralmente na sua porção intralobular, apresentam epitélio pseudoestratificado, com células cilíndricas e células basais. Depois o epitélio passa a ser estratificado com algumas células caliciformes.
 O estroma de tecido conjuntivo que envolve o parênquima glandular é rico em vasos sanguíneos linfáticos e nervos. Os sistemas neurais simpático e parassimpático estimulam a secreção da salivar.
 Glândulas salivares parótidas – É o maior par de glândulas salivares e estão situadas abaixo do meato auditivo externo atrás da mandíbula. Seus ductos (de Stenon) abrem-se no vestíbulo da boca, acima do segundo molar superior. São acinosas compostas, cuja porção secretora é constituída somente por células serosas. Os ductos estriados são muito desenvolvidos nessa glândula e no estroma há muito acúmulo de tecido adiposo que tende a aumentar com a idade. Toda glândula parótida apresenta um ou mais linfonodos no seu estroma, que pode desenvolver-se no tumor de Warthin. Quando inflamada causa dores principalmente no caso da caxumba.
 Glândulas salivares submandibulares – Estão localizadas abaixo do assoalho da boca e por baixo do corpo da mandíbula. Seu ducto excretor principal, o ducto de Warthon, abre-se no assoalho da cavidade oral, ao lado do freio lingual. São glândulas tubuloacinosas compostas. A maioria das unidades secretoras (75% a 80%), são do tipo ácino, portanto, formada por células serosas. O restante (20% a 25%) é formado por unidades secretoras terminais tubulares mucosas, e a maioria com semilua serosa.
 Glândulas salivares sublinguais – Estão localizadas abaixo do assoalho da boca e anteriormente às glândulas submandibulares. A saliva penetra na boca através de 8 a 20 ductos curtos próximos ao freio lingual. Estas glândulas não estão envolvidas por cápsula conjuntiva fibrosa como as outras. São glândulas túbuloacinosas compostas. As unidades secretoras são predominantemente tubulares mucosas com semilua serosa, sendo raros os ácinos serosos puros. 
 Glândulas salivares menores - Na mucosa de toda cavidade oral e também na submucosa, menos a gengiva e a parte anterior do palato duro, existem muitas e pequenas glândulas salivares. Estão envolvidas por tecido conjuntivo da lâmina própria ou da submucosa e também entre fibras musculares da língua. A maioria dessas glândulas são constituídas por unidades secretoras mucosas e algumas com semiluas serosas. Porém as glândulas localizadas na base das papilas valadas, as glândulas de Von Ebner possuem células apenas serosas. Outras glândulas salivares menores recebem nomes segundo a região onde estão localizadas, como as glândulas palatinas, labiais, bucais, linguais.
 Saliva – Esta constitui a secreção das glândulas salivares e um indivíduo produz por dia de meio a um litro de saliva, que corresponde a um líquido incolor, com certa viscosidade e pH levemente ácido. As glândulas salivares maiores produzem cerca de 85% da saliva, sendo 75% pelas submandibulares, 25% pelas parótidas e 5% pelas sublinguais. As parótidas produzem secreção bastante fluida e rica em amilase, a secreção das submandibulares é mista e a das sublinguais é bastante mucosa.
Saliva primária – encontrada na luz das unidades secretoras – possui mais Na+
Saliva secundária – a que chega até a cavidade oral – maior teor de K+ 
 Composição da saliva – 90% de água e 10% de outros componentes, como células descamadas, enzimas, glicoproteínas, linfocinas, sais, anticorpos, fatores de crescimento, bactérias, vírus, elementos do sangue, etc. 
 Funções da saliva:
 A saliva apresenta muitas propriedades:
Efeito tampão- Bicarbonato e íons fosfato tamponam a cavidade oral. Neutralizam o meio ácido produzido pelas bactérias que fermentam o açúcar.
Efeito digestivo e de solubilização – Na boca inicia-se a digestão dos carboidratos, devido seu alto teor de amilase. A enzima lipolítica produzida pela glândula sublingual, hidroliza triglicerídios em diglicerídeos. A água permite a solubilização dos constituintes alimentares.Efeito bactericida e bacteriostático – A enzima lactoperoxidase na presença de água oxigenada, pode iodar os resíduos de tirosina de proteínas bacteriana. A lactoferrina forma um complexo com o ferro, nutriente essencial para o crescimento bacteriano. A lisozima digere a parede de muitas bactérias. 
Efeito imunológico – Os ácinos serosos, ductos intercalares e ductos estriados sintetizam as peças secretoras, que se ligam a IgA (produzida pelos plasmócitos do tecido conjuntivo que envolve as porções secretoras das glândulas salivares) para formar a IgAS (imunoglobulina A secretora), que atua contra antígenos da cavidade oral. Linfócitos e linfocinas vêm das tonsilas.
Efeito excretor – Colabora com os rins eliminando catabólitos.
Efeito da gênese ectodérmica – A saliva apresenta dois polipeptídeos considerados fatores de crescimento. Um é o fator de crescimento epitelial (EGF) que promove o crescimento dos epitélios e acelera a erupção dos dentes. Este fator também apresenta um efeito cicatrizante sobre os ferimentos. Segundo estudos, a cicatrização é mais rápida em 50%. Outro fator é o de crescimento do nervo glossofarígeo (NGE), o qual acelera o crescimento deste nervo. A gustina, que contém esse fator, faz o crescimento e maturação dos corpúsculos gustativos.
Efeito de proteção do dente – Íons fosfato, cálcio, magnésio, cloreto e flúor, depositam-se sobre a superfície do dente dando dureza ao dente. Proteínas da saliva se ligam ao íon cálcio e ajudam a formar uma película protetora sobre o dente.
Efeito cicatrizante – Aglutininas, fatores de coagulação aceleram a coagulação do sangue em lesões da cavidade oral.
Efeito lubrificador e umedecedor – A saliva, que contém muita água e glicoproteínas, lubrifica e umedece as mucosas labiais e bucais.
Efeito articulador – A saliva promove a articulação das palavras.
 A saliva remove detritos alimentares e celulares dos interstícios dos dentes, mas não apresenta ação positiva sobre a placa bacteriana. Alguns fatores como a dieta, hábitos como o fumo, álcool e goma de mascar, tipo de trabalho, estado emocional, temperatura ambiente, umidade do ar podem alterar a quantidade e qualidade da saliva. Lesões ulceradas da boca, dor, mastigação, visão de alimentos, estímulos olfativos e gustativos intensificam a produção de saliva. Doenças do conjuntivo e estados ansiosos, reduzem-na. 
Sialorréia ou hipersiália – consiste no aumento da secreção salivar. É termo usado para designar a saliva que escoa para fora da boca em forma de baba.
Sialofagia – quando a saliva é deglutida. É comum em fases de erupção dos primeiros dentes ou mesmo em adultos com transtornos gástricos.
Sialêmese- denominação dada ao eliminar por vômito a saliva deglutida. Chama-se ptialismo a eliminação da saliva pelo ato de cuspir. 
Xerostomia ou hiposiália – É a diminuição da quantidade de saliva. Provoca uma mucosa seca, avermelhada e brilhante. O processo carioso torna-se aumentado pela diminuição salivar. Diversos medicamentos causam xerostomia, também os fatores como doenças gerais, menopausa, velhice, fatores psíquicos, irradiação ionizante e outros. Atualmente existe saliva artificial, que ajuda a contornar o problema.
 O iodo e o chumbo quando absorvidos em pequenas frações, são eliminados com a saliva. O chumbo pode associar-se ao enxofre proveniente da matéria orgânica existente no tártaro (placa bacteriana calcificada), constituindo o sulfeto de chumbo, que se deposita nas margens das gengivas produzindo uma linha azul.

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