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Lei Maria da Penha Medidas Protetivas e o que elas acarretam

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Na Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06), está elencado um vasto rol de 
medidas a serem tomadas pelos agentes responsáveis pela proteção e pelo 
julgamento dos atos envolvendo a violência doméstica e familiar, com o intuito 
de assegurar às vítimas o direito de uma vida sem violência. Dias (2007) 
salienta ainda que " são previstas medidas inéditas, que são positivas e 
mereceriam, inclusive, extensão ao processo penal comum, cuja vítima não 
fosse somente a mulher, o que de fato ocorreu com as modificações das medidas 
cautelares do Art. 319 do CPP, com base na Lei 12.403/2011 ". 
É notório que o papel de conter o agressor e garantir a segurança patrimonial da 
vítima da violência doméstica e familiar está a cargo da polícia, do juiz e do 
Ministério Público, devendo estes agir de modo imediato e eficiente (DIAS, 
2007). 
A vítima poderá pedir as providências necessárias à justiça, a fim de garantir a 
sua proteção por meio da autoridade policial, e o delegado de polícia deverá 
encaminhar, no prazo de 48 horas, o expediente referente ao pedido, 
juntamente com os documentos necessários à prova, para que este seja 
conhecido e decido pelo juiz. 
De acordo com a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/06), estão elencadas em 
seus artigos 22, 23 e 24, as medidas protetivas de urgência: 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em 
conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre 
outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao 
órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o 
limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de 
comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física 
e psicológica da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe 
de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras 
previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as 
circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério 
Público. 
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas 
condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou 
instituição as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a 
restrição do porte de armas, ficando o superior imediato do agressor 
responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob pena de incorrer 
nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. 
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o 
juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. 
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no 
caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 
(Código de Processo Civil). 
A primeira providência a ser tomada pela autoridade policial, após a denúncia é 
a suspensão da posse ou restrição do porte de armas do agressor, com o fim de 
evitar uma tragédia ainda maior, com comunicação ao órgão competente nos 
termos da Lei 10.826 de 22 de dezembro de 2003 (DIAS, 2007). 
O artigo 23 da referida Lei preocupou-se com a proteção das vítimas, trazendo 
medidas protetivas de urgência. 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário 
de proteção ou de atendimento; 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo 
domicílio, após afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos 
relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
As medidas de proteção às vítimas da violência doméstica e familiar podem ser 
determinadas pelo juiz competente, ou ainda pela autoridade policial, sendo que 
o Ministério Público também tem esse dever, por se tratar de um serviço público 
de segurança, mesmo que seja na esfera administrativa (DIAS, 2007). 
Porto (2012) salienta que só será possível o afastamento do lar se houver 
alguma notícia da prática ou risco concreto de algum crime que certamente irá 
justificar o afastamento, não apenas como mero capricho da vítima, pois se sabe 
que muitas vezes o afastamento do varão extrapolará os prejuízos a sua pessoa. 
Tal medida pode ser considerada violenta, por privar os filhos do contato e do 
convívio com o pai. 
O doutrinador menciona também que é possível a prisão preventiva do agressor, 
conforme disposto nos artigos 20 c/c 42 da referida Lei, que deu nova redação 
ao artigo 313 do Código de Processo Penal, possibilitando a prisão preventiva 
quando necessária e adequada para garantir o cumprimento das medidas 
protetivas de urgência. 
De acordo com Soares (2005), o juiz assegurará à mulher vítima de violência 
doméstica e familiar, com o fim de preservar sua integridade física e psicológica: 
a) acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da 
administração direta ou indireta; 
b) manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local 
de trabalho, por até seis meses. 
Por opção da ofendida, a competência da ação judicial para os processos cíveis 
regidos pela Lei 11.340 será o Juizado: 
a) do domicílio da ofendida ou de sua residência; 
b) do lugar do fato em que se baseou a demanda; 
c) do domicílio do agressor. 
Após receber o expediente, o juiz decidirá sobre as medidas protetivas de 
urgência, no prazo de 48 horas, podendo este ainda determinar o 
encaminhamento da vítima ao atendimento da assistência judiciária. Quando 
for o caso de prisão do agressor, a vítima deverá ser notificada dos atos 
processuais relativos ao agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à 
saída da prisão (SOARES, 2005). 
A Lei Maria da Penha também prevê, em seu artigo 24, a concessão de medidas 
protetivas na esfera patrimonial: 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou 
daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, 
liminarmente, as seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda 
e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e 
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra 
a ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins 
previstos nos incisos II e III deste artigo. 
Porto (2012) explica que a primeira destas medidas preocupa-se em determinar 
a restituição dos bens indevidamente subtraídos pelo agressor, podendo acorrer 
em caráter cautelar nos seguintes moldes: 
a) Quando se tratar dos bens particulares da ofendida, retidos pelo agressor; 
b) Quando se tratar de bens comuns que o agressor está subtraindo do casal, em 
hipótese similar ao de furto de coisa comum; 
c) Quando se tratar de bens comuns, mas de uso profissional da ofendida 
(PORTO,2012, p. 114). 
Em um segundo momento, menciona o inciso II do referido artigo, onde é 
permitido ao juiz determinar a proibição temporária para a celebração de atos e 
contratos de compra, venda e de locação de qualquer propriedade, a não ser que 
o próprio juiz permita que o agressor o faça, sendo conveniente que a vítima 
arrole os bens que deverão ser protegidos. 
No entendimento de Dias (2007), a hipótese do inciso III do artigo 24 da Lei 
Maria da Penha é uma das mais providenciais, pois permite ao Juiz a 
possibilidade de suspender procurações outorgados pela vítima ao agressor. no 
prazo de 48 horas após a denúncia. 
O doutrinador Porto (2012) foi feliz em afirmar que a procuração depende da 
fidúcia entre as partes, e que, quando esta confiança é quebrada, de acordo com 
o artigo 682, I, do Código Civil Brasileiro, o mandante poderá revogar o 
mandato, sendo necessária a divulgação do ato para evitar danos a terceiros de 
boa-fé. 
Por fim, a medida acautelatória prevista no inciso IV do referido artigo garante a 
satisfação de um direito que venha a ser reconhecido em demanda judicial a ser 
proposta pela vítima, determinando o depósito judicial de bens e valores. Essas 
medidas podem ser formuladas perante a autoridade policial, uma vez que são 
meramente extrapenais (DIAS, 2007).

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