Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Terapia Analítico- Comportamental em Grupo Maly Delitti e Priscila Derdyk organizadoras ESETec 2008 Copyright © desta edição: ESETec Editores Associados, Santo André, 2008. Todos os direitos reservados Delítti, M. Terapia Analítico-Comportamental em Grupo. Maiy Oelitti e Priscila Derdyk. Organizadoras 1a ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2008. 264p. 23cm 1. Psicologia Comportamental 2. Análise do Comportamento 3. Terapia Analítico Comportamental em GTtipo CDD 155.2 CDU 159.9.019.4 Solicitação de exemplares: comercial@ uol.com.br Tel. (11) 4990 56 83 (editorial) / 4438 68 66 (vendas) www.esetec.com.br I Aquele que não vê, mas sabe que não vê, de alguma forma vê... Aquele que vê e acha que o todo que vê é tudo o que há, não vê... Aquele que vê, e sabe que tudo o que vê não é tudo o que há, ... de alguma maneira, vê o que não vê. Bonder, N. (2008) Sumário Apresentação................................................................................... 9 Prefácio................................................. .............................. ....... 11 Terapia comportamental de grupo Rachel Rodrigues Kerbauy...............................................................17 Terapia Analítico Comportamental em Grupo Maly Delitti.....................................................................................31 Esquiva experiencial do clientb no grupo terapêutico e promo ção de aceitação emocional Maria Zilah da Silva Brandão............................................................59 O trabalho em grupo para ansiedade de desempenho Caroline Guisantes Salvo, Gabriela Mello Sabbag, Taísa Borges Grün, Yara Kuperstein Ingberman..............................................................93 O uso da psicoterapia analítico funcional (FAP) em grupos terapêuticos Fátima Cristina de Souza Conte..................................................... 127 Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): as propriedades terapêuticas dos grupos de apoio Regina Christina Wielenska...........................................................157 7 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Fobia social, família e terapia em grupo: uma experiência esperançosa Silvia Sztamfater e Mariangela Gentil Savoia................................. 173 A terapia analítico-comportamental em um grupo especial: a terapia de famílias Roberto Alves Banaco................................................. ................193 ATerapia Comportamental Infantil em Grupo Jaíde Regra e Miriam Marinotti................................................... 213 Tornando-se um terapeuta de grupos Priscila R. Derdyk e Silvia Sztamfater........................................... 249 Apresentação A organização deste livro foi muito importante para nós. Temos trabalhado com Terapia Analítica Comportamental em Grupo desde 1984, na universidade, na^clínica particular e em hospitais. Gostamos muito do que fazemos e de contar como fazemos. Já aprendemos muito, continuamos a aprender e acreditamos que já ensinamos também. Este livro foi planejado para descrever a forma como entendemos e praticamos o atendimento em grupo segundo os princípios da Análise do Comportamento. Partilham conosco deste desafio alguns dos terapeutas que consideramos os melhores, do ponto vista teórico e prático. Eles são, também, alguns dos nossos amigos mais queridos. Assim, este é um produto do estudo, do trabalho e de longas conversas em diferentes momentos e locais. Apresentamos, inicialmente, um texto ainda inédito da professora Rachel R.Kerbauy.Este texto, que tivemos o privilégio de conhecer desde 1980, exerceu importante influencia sobre o nosso trabalho e de outros profissionais da comunidade. No capítulo 1, estão descritas as características mais relevantes para a prática em grupo e alguns dos principais procedimentos terapêuticos utilizados nos grupos que temos 9 Terapia Analrtteo-Compoftamental em Grupo atendido. No capítulo 2, são feitas reflexões, questionamentos e estudos de casos sobre a esquiva experiencial na Terapia de Grupo e são descritas experiências terapêuticas em que os princípios da ACT foram usados em grupos com formato tradicional. Em seguida, no capítulo 3, são descritas diversas atividades planejadas e organizadas em dez sessões de atendimento psicológico grupai para o enfrentamento da ansiedade de desempenho acadêmico. A força curativa do grupo, segundo a proposta da FAP, é apresentada no capítulo 4, sendo enfatizado que os comportamentos dos membros do grupo podem desenvolver funções evocadoras, eliciadoras e reforçadoras reciprocamente. No quinto capítulo, são abordadas as propriedades terapêuticas dos grupos de apoio para portadores de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) com ênfase nos grupos de apoio na ASTOC. O capítulo 6 analisa a fobia social, descrevendo um estudo realizado com pacientes portadores de fobia social e seus familiares em uma instituição de saúde. No capítulo 7, um grupo especial, a família, é analisado e estratégias terapêuticas são propostas. Finalmente, no oitavo e último capítulo, são sugeridas reflexões para o profissional que queira se aprimorar nesta área. Queremos agradecer à Teca, nossa editora e parceira. Um agradecimento especial aos nossos clientes, que partilhando conosco suas vidas, enriquecem a nossa, dando sentido ao nosso j trabalho. Esperamos que os leitores aproveitem. Maly Delitti e Priscila Derdyk Inverno 2008 10 Prefácio Um livro sobre terapia comportamental de grupo traz certamente diferenças marcadas pela prática clinica dos autores. No entanto, mostra a explosão de uma idéia e a maneira de trabalhar. Partindo de princípios estabelecido^ em laboratório, em cinqüenta anos do século passado, foi possível expandir esse conhecimento para uma tecnologia e aplicação em humanos. As variáveis das quais o comportamento é função mostraram que as causas do comportamento eram externas e que a genética e a história pessoal explicavam o desempenho num determinado momento. As inferências para explicar o mundo privado de uma pessoa são questionáveis. A própria pessoa não conhece bem seu mundo privado e por isso temos tantas abordagens na psicologia. Em um contexto com várias linhas teóricas tentando explicar de maneira diversa a vida mental e trabalhando com essas explicações, surgiu um conjunto de pessoas pressupondo que o conhecimento dos princípios comportamentais permitiria a formulação de hipóteses clinicas para a adaptação da pessoa. De fato, a pessoa pode se modificar identificando as variáveis ambientais das quais o comportamento é função. Terapia AnalHico-Comportarnental em Grupo Nesse contexto, proceder-se a terapia de grupo fazia sentido, pois era possível, com os princípios de aprendizagem, explicar comportamentos na situação natural. O grupo propiciava uma situação de aprendizagem melhor que a terapia individual para adquirir comportamentos, através da imitação, reforçamento social dos participantes, incluindo-se o próprio terapeuta, uma vez que as situações sociais ocorrem naturalmente durante o tratamento. Além disso, vivenciar as conseqüências do comportamento emitido em uma situação de aceitação permite inúmeras tentativas de solução de problemas, pois através da interação no grupo eles se tornam mais claros. Os terapeutas comportamentais costumam especificar problemas e objetivos concretamente. Medem, também, as mudanças decorrentes tanto de comportamentos problemáticos como dos desejáveis, e empregam os princípios de aprendizagem para facilitar mudanças relevantes. Geralmente, as técnicas comportamentais são ensinadas independentemente da dinâmica do grupo, mas de acordo com a análise do desenvolvimento dos problemas apresentados.A situação terapêutica também controla o desenrolar das mudanças, e não se recomenda seguir apenas um programa pré-estabelecido. Há alguns terapeutas que preferem um programa estruturado para aumentar o efeito das técnicas comportamentais empregadas e desencorajam a manifestação espontânea dos participantes. Geralmente, centram-se em uma seqüência operacional e trabalham com problemas definidos: uma doença especifica com pessoas no mesmo estágio, problemas de separação de casais, e assim por diante. Há outros grupos, que se denominam de apoio,voltados a problemas específicos e os profissionais que os coordenam não se consideram como terapeutas atuando stricto sensu. Quem já participou de um grupo aberto,que precisa definir o problema, pode ter ouvido frases, como as que ouvi como participante: “Estou sofrendo, me ajudem”. Outra pessoa levantou-se do seu lugar e foi segurar a mão de quem falara. Duas horas depois, o grupo ainda não havia escolhido com o que trabalhar. Levantei-me e saí. Eu era conhecida como comportamental... E portanto, teria gostado de analisar os comportamentos que estavam sendo reforçados pelo grupo e a dificuldade de escolher um objetivo nessa situação.Mas considerei que, 1 2 Rachel Rodrigues Kerbauy se falasse, provocaria animosidades e prejudicaria a linha teórica que escolhi, pelas bisbilhotices posteriores. Na literatura comportamental há relatos de experimentos segundo os quais quando o terapeuta reforça a expressão de sentimentos e solidariedade entre os membros de um grupo: os sintomas melhoram, em comparação com uma abordagem mais intuitiva e não planejada. Essa questão está em aberto para investigação e há opiniões divergentes. Quando o papel causal do ambiente é compreendido, e clínicos e pesquisadores dedicam-se a trabalhar com essa idéia, é inevitável o desenvolvimento de estudos sobre os temas diversos e variações na condução do grupo. Embora nem sempre os resultados sejam divulgados, os participantes do grupo e terapeutas observam as conseqüências daquilo que realizaram e dos comportamentos aprendidos, e as dificuldades existentes na evolução da terapia ou de outro grupo com enfoque diverso. Os estudos deste livro mostram isso. Nem sempre os leitores encontrarão relatos de pesquisa, mas sim maneiras de trabalhar com os princípios de análise do comportamento. Encontrarão também resultados obtidos nos grumos e questões a serem investigadas em outros grupos, e talvez em estudos controlados com protocolos bem definidos. Os leitores identificarão, ainda, exemplos de comportamentos e maneiras de agir, mantidas e eliminadas pelas variáveis do grupo que libera as conseqüências momentâneas e positivamente reforçadoras ou punitivas. É o reforçamento natural acontecendo, bem como generalizações e manutenção do aprendido e o estabelecimento de estímulos discriminativos para novos comportamentos. O ponto mais importante é que, após quarenta e seis anos de análise do comportamento no Brasil e trinta e seis de trabalho de grupo, podemos ver que há profissionais conduzindo grupos grandes e pequenos, sobre vários temas, e sendo positivamente reforçados. Observamos, também, ter sido produzido um livro com esse amplo conhecimento acumulado. Rachel Rodrigues Kerbauy 13 Existem textos que se tornam alicerces sobre os quais o trabalho de muitos profissionais é desenvolvido. O artigo apresentado a seguir, datado de 1980, é um desses textos. Terapia comportamental de grupo Rachel Rodrigues Kerbauy* Artigo originalmente aceito para publicação na Revista Psicologia e Psicoterapia 2,1980, quando a autora ocupava a posição de Professor assistente-doutor do mesmo departamento. A Revista encerrou atividades sem que ocorresse a publicação. Desde então, o artigo foi utilizado em diferentes cursos, e cópias foram cedidas a interessados, todos cientes da publicação. Decidiu-se, na época, não encaminhar o artigo para outra publicação. A autora agradece a publicação tardia, sem atualização, a Maly Delliti. A ênfase da literatura no estudo dd caso único (Skinner, 1961) pode ser a responsável por essa situação, bem como a pouca idade da terapia comportamental, que se iniciou na década de cinqüenta. Realmente, os terapeutas concentraram seus esforços no aprimoramento de técnicas e busca de procedimentos adequados a casos individuais. No entanto, a literatura dos últimos 15 anos, a partir de 1965, apresenta alguns trabalhos com grupos, procurando analisar parte das variáveis envolvidas (Liberman, 1971; Goldstein, 1971; Lazarus, 1971; Kass, Silvers e Abroms, 1973). Na revisão anual da terapia comportamental, Franks e Wilson (1973) comentaram a sessão de terapia de grupo, estabelecendo como importante a distinção entre terapia comportamental em grupo e de grupo, endossando uma idéia de Goldstein. Realmente, essa distinção parece nortear o trabalho dos terapeutas comportamentais, levando- os muito mais na direção de, em certo sentido, delegar parte da autoridade terapêutica aos participantes. Os membros do grupo P ro fessora T itu la r do D epartam ento de P s ico log ia E xperim enta l do Institu to de Psico logia da USP. 1 7 Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo participam no sentido de sugerir ou mesmo “cobrar1’ a definição dos objetivos dos indivíduos.e do grupo, facilitar situações de treino, auxiliar o trabalho, quer modelando comportamento, sugerindo procedimentos adequados a instalação ou manutenção de comportamentos, bem como reforçando o processo de tomada de decisão pelos membros do grupo. O presente trabalho não se propõe a analisar a literatura existente sobre terapia comportamentaí em ou de grupos, mas apresentar uma maneira de trabalhar com grupos, em situação clínica. No entanto, uma formula pronta não é oferecida. A leitura do texto não conduzirá a uma aplicação imediata, mas deverá gerar duvidas e privar o leitor de mais informações, motivando a busca de novos conhecimentos. Realmente, poderíamos pensar que o trabalho com gru pos, seria justificado em função das tão citadas economia de tem po e esforço por parte do terapeuta, bem como no barateamento da terapia para o cliente. No entanto, sobrepondo-se a essas justifica tivas, existe uma procura de transformar a terapia.numa^yaçfio mais próxima ao amhjeolg natural, facilitando a aprendizagem de comportamentos exigidos em situações de interação e uma busca de maior generalização dos que foi aprendido. Essa generalização é facilitada pela exposição a uma ampla variedade de opiniões, va lores e modelos de outros comportamentos, bem como pela opor tunidade de solucionar problemas de uma maneira mais realista, à medida que se observam pessoas com problemas semelhantes ou mesmo diferentes. 1. O cliente Uma primeira pergunta: qual é o cliente para terapia de grupo? Em princípio são todas as pessoas com problemas de relacionamento, que tenham medo de pessoas ou grupos, bem como aquelas pessoas que se disponham a trocar opiniões sobre seus valores, atitudes e comportamentos, a realmente expor-se a uma crítica construtiva. Segundo Lazarus (1973), aquelas pessoas extremamente tímidas e hipersensíveis, os depressivos, os hostis ou paranóicos parece que não se beneficiam muito do trabalho de 18 Rachel Rodrigues Kerbauy grupo. No entanto, os tímidos e aqueles que apresentam problemas as hipersensibilidade podem fazer um período de terapia individual e posteriormente beneficiar-se dos trabalhos em grupo. A menos que exista uma evidência séria do dano que o grupo causaria, a maioria das pessoas beneficia-se com o trabalho de grupo, uma vez que os problemas de comportamento ocorrem em ambientes naturais e são freqüentemente interpessoais. Sendo assim o grupo é o local ideal para o diagnóstico e o desenvolvimentode comportamentos mais adequados. 2. Decisões do terapeuta Algumas decisões precisam ser tomadas pelo terapeuta ao iniciar um grupo. A primeira delas e coriogmente ao local. Todas as condições sociais e físicas devem ser bem estabelecidas. O grupo não precisa necessariamente ter o consultório como local de funcionamento. No entanto, a sala deve estar arrumada e esperando o grupo, sem dar a impressão de improvisação ou ser sujeita a interrupções. Os mesmos cuidados dedicados ao atendimento individual devem existir neste caso. Outra característica ainda preparatória, mas igualmente necessária, seria o planejamento da seleção dos possíveis membros do grupo. Quando se trata de grupo terapêutico, o próprio terapeuta pode encontrar os membros entre seus clientes ou então receber encaminhamentos por colegas ou profissionais de áreas afins. Contudo, grupos também podem ser preventivos. Por exemplo, visando desenvolver habilidades em mães de primeiro filho, treinamento de pais quanto à maneira de lidar com seus filhos ou ainda auxiliar pessoas próximas aposentadoria a planejar sua vida para as mudanças que ocorrerão, entre outras possibilidades. Nesses casos, o planejamento de como recrutar interessados é mais problemático, uma vez que nenhuma urgência ou desconforto as “obriga” a iniciar esse trabalho. Juntamente com esse planejamento, antes de iniciar-se o grupo, o objetivo do mesmo deve ser estabelecido pelo terapeuta. Essa decisão implica na análise da composição do grupo. É possí vel maximizar a heterogeneidade do grupo quanto à variação em 19 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo idade, sexo, nível socioeconômico e problemas ou técnicas, ou homogeneizar quanto a algumas dessas características. Na reali dade, em situação terapêutica, a homogeneidade quanto ao objeti vo pode ser encontrada, e o trabalhp_com problemas de comporta mento em comum tende a ser bastante produtivo. Este é o caso de controle do comportamento alimentar (Kerbauy,1972), comportamen to assertivo (Lazarus,1968; Galassi, 1974). É possível o emprego da mesma técnica para todo um grupo, afetado pelo mesmo pro blema, como a dessensibilização para tratamento da ansiedade ao falar em público (Meichenbaum, Gilmore e Fedoravicious, 1971). O grupo heterogêneo quanto à maior parte de suas características é defendido por Johnson (1975), por possibilitar uma variedade de experiências culturais e potencialidade para desempenho de papéis, é também realizado com crianças por Gittelman (1965). Embora Lazarus (1971) deixe claro que o grupo deva ser formado tendo como base a avaliação comportamental de seus membros, escla rece que quando os membros do grupo são muito diferentes entre si quanto à inteligência e nível social, é difícil ou impossível para eles identificarem-se uns com os outros ou comunicarem-se de manei ra significativa. Concluindo, diríamos que trabalhar com um grupo homo- gêneo ou heterogêneo é da escoiha excltiSivaxlQ terapeuta, e das condições de. que dispõe. Entretanto, nossa opinião é de que um grupo heterogêneo apresenta a vantagem de enriquecer o treino comportamental e a discussão sobre valores ou atitudes, enquanto que o grupo homogêneo exige do terapeuta um repertório terapêutico mais elaborado, considerando o problema específico do grupo. JK recomendação quanto ao tamanho, do^rupo.varia entro os autores. Elis (1977) propõe de 10 a 13 membros. Lazarus, em 1971 , propõe de 15 a 20. Cinco anos após, Lazarus menciona entre dez e 12, e Johnson (1975), sugere entre sete e oito membros. Dar início a um grupo de adultos de até dez membros permite desistên cias, é um número razoável, pois facilita a. participação individual e mantém as características de grupo, embora consideremos mais confortável contar com oito participantes. No caso de crianças, esse número precisa ser menor, de cinco a oito membros aproximada mente. 20 Rachel Rodrigues Kerbauy A.duração do grupo pode variar de acordo com a homogeneidade ou héterogeneidade do mesmo e com os objetivos propostos individualmente e pelo grupo. Geralmente tem uma duração combinada de 3 a 6 meses, freqüentemente com uma sessão semanal com duração entre 90 minutos e duas horas. Dessa maneira, o grupo se configura como um trabalho transitório, uma maneira de ajuda. Além desses cuidados iniciais já citados, que propiciam o bom funcionamento do grupo, é preciso considerar a seleção de seus membros. Cabe ao terapeuta fazer uma ou duas entrevistm- jniciais.(às vezes mais), para conhecer os p ro b le ^ determinar sè a terapíá é adequada, e qual o grupo que se adapta à pessoa em questão. O terapeuta deve poder operacionalizar os problemas de cliente em alguns objetivos que, mesmo não sendo comunicados ao cliente, capacitam o profissional a fazer uma programação razoável sobre o grupo. O cliente deve ficar informado sobre como se desenvolve um trabalho de grupo e ter clareza de seus próprios objetivos ao entrar no grupo, embora alguns deles possam ser alterados no decorrer dos trabalhas. Até aqui analisamos quase que somente as características gerais que antecedem o trabalho com o grupo. A etapa seguinte seria descrever como se processa o trabalho, do estágio inicial até o fim, ou seja, como são conduzidas as sessões. 3. Condução de um grupo As sessões iniciais, especialmente a primeira, necessi tam de um terapeuta treinado e tranquilo, que conduza o grupo a um estado de confiança e cooperação. Isso geralmente é conse guido através das palavras iniciais do terapeuta sobre a conveniên cia de deixar claras as regras que conduzirão todos os trabalhos. Pode iniciar falando do_sigilo eda.necessidad£-de.não se comentar com terceiros fatos ocorridos no grupo, a fim de aumentar a proba bilidade das pessoas expressarem realmente aquilo que sentem, além daquilo que fazem, e enfatizar como isso permitirá um clima de confiança entre os membros. Pode-se continuar a estabelecer as regras do grupo através da discussão quanto a horário, atraso, 21 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo freqüência das sessões, quantidade de verbalização dos membros e discussões. ÈTconveniente que se discuta a maneira pela qual as . críticas.podern ser-feitas e mesmo, se do interesse do grupo, ana lisar a crítica construtiva, a necessidade de justificar quando uma crítica não é bem compreendida, como também os problemas de suscetibilidade exagerada. Convém que o grupo se posicione sobre esses assuntos. A atitude do terapeuta é mais no sentido de propici ar o aparecimento de sugestões, formulando perguntas de esclare- 1 cimento, reforçando liberalmente todas as sugestões dos membros em direção a coesão e cooperação entre os membros envolvidos. Qsobjetiv.QS-de.cada um.dQSjnemb.ro$ devem, ser formu lados, possivelmente na primeira sessão. Nas sessões seguintes, a descrição dos objetivos deve ser orientada em direção à maior precisão evitando-se termos vagos. São ferramentas úteis pergun tas iniciados por palavras como “quando, como, com que freqüên cia, onde” e assim por diante, da mesma maneira que se conduz uma entrevista individual. Nas demais sessões, esses objetivos poderão ser ainda mais esclarecidos, se já não o foram, através de uma observação mais acurada dos acontecimentos da semana. Convém que o terapeuta não “assuste" os membros do grupo pro pondo um registro detalhado e por escrito ou discutindo tarefas. Freqüentemente acontece que algum dos membros anota seus dados e outros membros começam a fazê-lo ou, posteriormente, o próprio grupo ou o terapeuta dá ênfase à necessidade de mais da dos sistematicamente coletados. C.^ be...ao terapeuta iniciar o emprego, de alg.umas técnicas muito utilizadas em grupo, como o caso de treino comportamental 7 ', e ou troca de papeis, para deixar claros os problemas e objetivos,t 1 dos membros do grupo. Convém ainda que ele inicie a modeiação de alguns comportamentos, sendo sempre direto ao dirigir-se aos / membros do grupo, e evitando enfocar só um problema ou só um \ indivíduo. À medida que todos os objetivos individuais estão definidos e também se estabeleceu algum objetivo para o grupo, está na hora de iniciar-se uma etapa intermediária. Ela consiste em gerar alternativas para os problemas apresentados, selecionando-se técnicas de tratamento individual ou algumas que se apliquem a 22 Rachel Rodrigues Kerbauy mais de uma pessoa. Aqui, novamente, o terapeuta não é exatamente o conselheiro, mas sim aquele que dispõe de um repertório técnico e experiência de aprendizagem, e que, portanto, informará e explicará as técnicas necessárias para as situações que apareçam. As discussões que ocorrem e as soluções apresentadas devem ser reforçadas pelo terapeuta, pois um dos comportamentos importantes, que deverá ser instalado em qualquer terapia, é o de estar centrado no problema, emitindo comportamentos em direção a soluções possíveis. Nesta etapa ainda, terapeuta e membros do grupo devem estar preocupados em se informar sobre os progressos dos membros do grupo, cobrando dados e analisando registros. Os clientes progredirão em ritmo diferente: alguns evoluem muito rapidamente, outros apresentam pouco ou mesmo nenhum resultado. Nesses casos, o grupo todo terá oportunidade de se familiarizar com os procedimentos para estabelecimento de autocontrole e a técnica de aproximações sucessivas ao desempenho final, possivelmente já erpprégadas, inicialmente, na determinação de alguns programas, facilitando o desempenho através de planejamentos ambientais ou controles instrucionais, e mesmo por meio da modelação em situação natural, se for o caso. Membros do grupa poderão atuar fora da sessão, se assim for combinado, modelando e reforçando, por exemplo, comportamentos sociais em festas ou reuniões, para uma pessoa que apresenta esse problema. Em todas essas sessões, o auto-relato é empregado, levando a pessoa cada vez mais a uma explorar aspectos de seu comportamento, bem como especificar o que as outras pessoas realmente fazem em relação a ele, fora da terapia, o que evitaria exigências irreais no caso de queixas constantes. Essa fase do jra^hJK lfi.9 rupoé_a. mais rica, poispropjçia o.empregcTde_álgumas técnicas como o treino comportamerital; a modelação; a aprendizagem de discriminações, inclusive discriminações finas da percepção do outro, de quais componentes se destacam naquele contexto; reforçamento social; a utilização sistemática de co-terapeutas, inclusive de sexos ou idades diferentes, muito úteis no caso de trabalho de um terapeuta mais velho lidando com adolescentes, por exemplo etc. 23 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Portanto, um maior tempo de funcionamento do grupo é dedicado à instalação e manutenção de alguns comportamentos e da “descoberta” de que freqüentemente os comportamentos são mantidos pelas suas conseqüências, de que é possível discutir e alterar pensamentos, de quais problemas tem soluções. Os princípios ou ações aprendidas passam a ser, pouco a pouco, aplicadas no grupo. Mesmo fatos dramáticos, que estão acontecendo ou polarizando as atenções de todos, podem ser vividos ou executados na situação de grupo, aparentemente “prejudicando” um pouco o andamento esperado da sessão, mas trazendo, quase sempre, resultados excelentes. Na maior parte das sessões, além de um resumo do ocorrido na sessão anterior, é também planejado o que deverá ocorrer na próxima. Episódios eventuais podem alterar essa situação, retornando-se posteriormente à situação anterior. Os problemas principais enfrentados na condução de grupos são as agressões muito violentas, ou pessoas sensíveis que muitas vezes choram durante a sessão. No caso do chorar, esse comportamento passa a ser analisado pelo grupo com orientação segura do terapeuta, e a manipulação que o comportamento pode envolver é dessa maneira trabalhada. Quanto à forma de criticar, todo o cuidado deve ser desenvolvido desde o primeiro dia de funcionamento do grupo, procurando-se maneiras de realizar um trabalho construtivo, seja alterando a forma, explicando melhor a crítica não aceita ou, ainda, analisando a sensibilidade de quem a recebeu. Em um grupo comportamental não se espera uma análise de processos inconscientes, e o grupo é conduzido a uma explicação mais parcimoniosa, a análise funcional, com. a investigação do onde e quando determinado comportamento ocorreu, e quais suas conseqüências. Busca-se, ainda, uma exploração .dos .pensamentos ou sentimentos que surgem nessas ocasiões, permitindo um trabalho bastante satisfatório para o paciente e terapeuta. Como a tendência atual é mais no sentido de trabalhar em terapia dej^rupo e não em grupo,, todos os membros sen/em comolãtõFde mudança e se analisa o que acontece dentro e fora do grupo, com soluções e discussões em que todos os elementos 24 Rachel Rodrigues Kerbauy participam. A riqueza de conteúdo é enorme, faltando pesquisas para avalizar cada uma dessas fases e mostrar em detalhes as diferenças que ocorrem em cada etapa do processo. Por isso, a maior parte do trabalho está ainda sob o controle do terapeuta, de seu repertório técnico e conteúdo humano. Johnson (1975) dá ênfase aopapelda supervisão para os terapeutas iniciantes, especialmente nas sessões preparatórias. Nessas sessões, há fornecimento de “feeçlbsck”, manutenção da discussão do grupo, aprendizagem de como dar dicas e saber desviar os assuntos para pontos relevantes. Achamos que o grupo deve ser conduzido por terapeuta com experiência e seu co-terapeuta poderá ser um iniciante em treinamento. Em qualquer caso, de preferência imediatamente após o término de cada sessão, o trabalho deve ser avaliado pelos terapeutas, quç analisarão o desempenho do grupo. Anotarão o quanto participaram as pessoas, quais os tipos de problemas trazidos, as soluções apontadas e seus proponentes, que membros são mais colaboradores, fazem mais piadas, oferecem mais informações, promovem sentimentos positivos ou negativos, mostram tensão ou antagonismo, pedem orientação ou sugestões etc. Esse trabalho de avaliação é rápido, pode ser transformado em uma tabela com comportamentos (na ordenada) e nome dos membros (na abscissa), o que facilitará inclusive a avaliação do desenvolvimento de cada participante no decorrer do grupo. O co-terapeuta pode fazer essa análise ao mesmo tempo que o terapeuta, mas separadamente, para que divergências possam ser discutidas, bem como preparadas as dicas ou técnicas para as próximas sessões. Um trabalho mais sistemático nesse sentido conduzirá a pesquisas futuras, uma vez que, a despeito de suas peculiaridades, cada grupo deve apresentar um desenvolvimento comum. Finalmente, mas não de menor importância, o terapeuta deve ser capaz de dar dicas claras e reforçar a habilidade do participante do grupo de ãbstrãír informações relevantes, mesmo que ele não esteja sendo o toco de atenção. Como há muitos modelos de relacionamento interpessoal, satisfatório ou não, é possível tornar a sessão proveitosa à medida que se aprende a extrair dicas do que acontece com os outros e das análises que vão sendo feitas. 25 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo No final do tempo determinado para o trabalho de grupo, inicia-se e prepara-se seu término. Durante todo o trabalho, os mem bros do.grupo relataram seus progressos e/ou dificuldades. Nas ultimas sessões, os dados existentes são comparados, de modo a avaliar os objetivos individuais e gerais. Muitas vezes, o fato de exis tir o prazo especificado leva as pessoas a trabalharem arduamente nesse final ou a apresentarem explicações, aceitas ou não, sobre suasdificuldades Cabe, ainda aqui, o planejamento da manutenção dos re sultados obtidos ou, mesmo, as sugestões de iniciar a modificação de algum outro comportamento. Alguns membros combinam tele fonemas ou encontros para facilitar esse processo. Corno todo o trabalho foi centrado na execução de tarefas específicas fora da terapia, essa transferência é muitas vezes facilitada. O terapeuta pode aproveitar as duas sessões finais para uma análise ..d£_gua conduta como Jídei do grupo, e para colher im pressões dos clientes sobre a eficácia do grupo. Isto é, de certa ma neira, uma avaliação das modificações reais ocorridas com muitos dos membros devidos às. críticas construtivas que apresentam. 4. Os grupos com crianças O trabalho de grupo com crianças é pouco abordado na literatura, embora Gittelman (1965) apresente uma proposta de tra balho com treino comportamental. Neste artigo, propõe a apre-sentação das situações nas quais os membros têm dificulda de, obedecendo a uma hierarquia desde as que provocam menores reações ate as mais difíceis. À medida que a criança atua e tolera bem essas situações, inicialmente aversivas, as outras serão apre sentadas e assim por diante. Gittelman trabalhou com crianças agressivas, em sua maioria. Em determiandas situações, apresen tava a elas feedbacks negativos para as agressões abertas e res postas emocionais, neutros para respostas passivas e positivos para respostas verbais. Segundo Oliveira Lima (1980) o trabalho em grupos com crianças precisa ser muito dinâmico e com materiais variados disponíveis, desde marcenaria e argila, até de culinária e artes, sendo 26 Rachel Rodrigues Kerbauy que a presença de alguém que funcione como modelo para desempenho da tarefa e sirva de monitor é recurso muito eficaz e produtivo. Realmente, é muito difícil, e talvez ineficiente, desenvolver um trabalho puramente verbal com crianças até 11 ou 12 anos. É importante um treino em concentração na atividade, organização de trabalho, convivência cooperativa e amistosa, trabalho produtivo com um material e conclusão das tarefas iniciadas. Segundo Oaklander (1978), uma gestaltista que descreve de maneira fascinante seu trabalho, “o processo de grupo é o aspecto mais valioso de trabalho grupai com as crianças. A forma como elas se experienciam mutuamente, e como reagem e se relacionam umas com as outras na terapia de grupo, é algo que revela abertamente as suas relações interpessoais de modo geral” (p. 318). O terapeuta, trabalhando com a criança no grupo, propicia uma experiência efetiva de compor tratamentos novos, além de a criança perceber que as outras têm sentimentos ou problemas semelhantes. As sessões de grupo com crianças ou adultos, em terapia comportamental, são estruturadas, planejando-se os materiais, atividades e jogos. No entanto, é preciso atuar com flexibilidade se uma das crianças ou o grupo traz um problema de interesse pessoal ou coletivo, que envolva a participação do grupo ou que precise ser trabalhado individualmente, para que as atividades sejam alteradas de acordo com o exigido pelo contexto. A avaliação diária do terapeuta a respeito de seu trabalho mostrará seus acertos ou enganos no processo de tomada de decisão, e servirá c o m o uma aprendizagem a ambos, clientes e terapeuta. 5. Conclusão Concluindo, diríamos que o trabalho de grupo é gratificante, os resultados excelentes para a maioria dos participantes, pois, embora nem sempre mudanças dramáticas ocorram, resta um saldo positivo de participação em um grupo de discussão bastante verdadeira e livre e, geralmente, é uma maneira de enfrentar problemas de um modo mais realista. Há, ainda, a colocar, um problema de posição pes-soal em Psicologia. Em um país como o nosso, com problemas de nutrição, 27 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo desinformação em várias áreas, educação etc., formar psicólogos em cursos dispendiosos para atuarem como clínicos para camadas sociais que possam arcar com o ônus econômico desse trabalho parece não satisfazer. A busca de uma maneira de trabalhar mais adequada aos nossos problemas pode ser, em parte, satisfeita com o trabalho de grupos, Os resultados são suficientemente bons para que se aprimorem técnicas e se o material levantado foi sistematica mente analisado é possível começar a propor uma metodologia de trabalho eficiente e facilitar o treino de novos profissionais. Referências Ellis, A. (1977) Rational-Emotive Therapy in groups. Em: Ellis, A. e Grieger, R. (orgs.) Handbook of Rationai-Emotiive Therapy. New York: Springer. Franks, C. e Wilson, T. (1973) Annual review of behavior therapy. New York: Brunner/Mazel. Galassi, J.P., Galassi, M.D. eLITZ, M.C. (1974). Assertive training ingroups using video feedback. J. Counseling Psych., 21, pp. 390-394. Guttelman, M. (1965) Behavior rehearsal as a technique in child treatment. J. Child Psychol. Psychiatry, 6, pp. 251-255. Goldstein, J.A. (1971) Investigation of doubling as a technique for envolving severely withdrawn patients in group therapy. Journal of Consulting and Clinical psychology, 67,155-162. Graciano, A.M. (1970) A group treatment approach to multiple problem behaviors of autistic children. Exceptional Children, 36, pp. 765-770. Johnson, W.G. (1975) Group therapy: a behavioral perspective. Behavior Therapy, 6, pp. 30-38. Kass.D.J., Silvers,F.M. eAbroms,G.M. (1973) Behavioral group treatment of hysteria. Em: C. Franks, e T. Wilson (orgs.) Annual Review of Behavior Therapy. New York: Brunner/Mazel, pp. 504-523. Kerbauy, R.R. (1972) Autocontrole: condições antecedentes e conseqüentes do comportamento. Dissertação de doutora-do não publicada. Parte dela publicada na Psicologia± 3,2, pp. 101-131,1977. Lazarus, A. (1971) Behavior therapy and beyond. New York: McGraw. Lazarus, A. (1975) Terapia multimodal do comportamento. São Pau!o:Manole. Trad. bras, do original em inglês de 1975. 28 Rachel Rodrigues Kerbauy Liberman, R.A. (1971) Behavioral group therapy: a controled clinical study. British Journal of Psychiatry, 119, pp. 534-544. Meichenbaum, O., Gilmore, J.B. e Fedoravicious, A. (1971) Group insight versus group desensitization in treating speech anxiety. J. of Consulting and Clinicai Psychology, 36,3, pp. 410-421. Oaklander.V. (1980/1978) Descobrindo crianças1 São Paulo: Summus.Trad. bras.: George Schiesinger, do original em inglês Windows to our children. Oliveira Lima, M. (1980) Comunicação pessoal. Skinner, B.F. (1961) Cumulative Record. New York: Appleton-Century-Crofts. 29 Capítulo 1 Terapia Analítico Comportamental em Grupo Maly Delitti*1 1. Introdução Nos últimos anos, a eficácia da Análise Aplicada do Com portamento na intervenção e mudança de muitos problemas huma nos vem sendo cada vez mais reconhecida. Nessa abordagem, considera-se que o ambiente tem um papel fundamental na mode lagem e manutenção de padrões de comportamento. O comporta mento, qualquer que seja ele, tem uma função e é através da análi se das contingências de aquisição e/ou de controle dos mesmos comportamentos que se quer poder chegar a mudanças. De acor do com Skinner (1974) se o indivíduo se tornar consciente das con tingências que controlam seu comportamento será mais eficaz em controlar a sua vida. Analisar e modificar contingências é o objetivo da aplicação clínica da análise do comportamento que tem sido 1 M aly Delitti - Doutora em P s ic o io g ia - P ro fessora do D epartam ento de M étodos e Técn icas da F acu ldade de P sico log ia da Pontifíc ia U n ivers idade C ató lica PUC-SP. S uperv isora do A m bu la tó rio de A nsiedade - IPq - HC - FMUSP, C oordenadora e Terapeuta do C eA C - C entro de A ná lise do C om portam ento , São Paulo, e-m ail: m alyde l@ uo l.com .br * Facu ldade de P sico log ia daPontifíc ia U n ive rs idade C ató lica PUCSP. 33 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo chamada Terapia Comportamental. Ferster (1979) afirma que a te rapia é um tipo de interação social que envolve o controle recíproco do comportamento dos indivíduos envolvidos, e o “primeiro aspecto a ser estudado consiste em saber como terapeuta e cliente alteram o comportamento um do outro, no contexto da sessão de terapia” . Esse autor ressalta que outro aspecto importante consiste em in vestigar se e como os comportamentos verbais que são emitidos como resultado da terapia podem alterar os comportamentos emiti dos em situação natural. Ferster (1979) afirma, ainda, que a terapia possibilita que o ciiente íale de seus eventos internos e “à medida que o terapeuta torna-se um ouvinte há a possibilidade do cliente observar os determinantes de seus comportamentos e de quais variáveis são função”. De acordo com Zettie (1990), as regras (ou crenças), descrições verbais de contingências que o cliente faz na situação terapêutica, podem vir a controlar seu comportamento. Quando o indivíduo aprende a seguir suas próprias descrições verbais das contingências nas quais está inserido, fica sob controle mais adequado da correspondência dizer-fazer, e, então, emite comportamentos mais adequados, pois ele poderá reagir eficazmente quando o controle por contingências estiver enfraquecido. O cliente que, a pedido ou sob controle de verbalizações do terapeuta, faz descrições verbais de contingências que atuam sobre seus comportamentos em situação natural, pode reagir mais eficazmente quando estes controles não estiverem atuando. Para que isto ocorra, o terapeuta deve planejar contingências que fortaleçam a correspondência entre dizer, isto é, “ relatar” ou “descrever" comportamentos na sessão, fazer, ou “emitir” outras categorias de comportamento em seu ambiente natural, e voltar a dizer, ou seja, “relatar” novamente para o terapeuta, o qual por sua vez deve investigar se esta correspondência existe. Como na situação de terapia em grupo os clientes fazem parte das contingências o terapeuta deverá estar muito atento para que esta correspondência ocorra evitando possíveis respostas de esquiva ou de agressividade entre os clientes. T: Olá pessoa! como foi a semana de vocês? 34 Maly Delltti D (mulher, 58 anos): Eu pensei muito no que a gente conversou aqui, sobre eu colocar limites para o meu filho e... S (homem, 54 anos): (interrompendo D. e falando alto) Já sei, já sei, mais uma vez você ficou só pensando e não fez nada e, como sempre, depois ficou p... com você mesmo. D: Não, dessa vez foi diferente, mas não quero falar mais nada... Fale você V. (virando para outra cliente), como fo i sua semana? T: Espere um pouquinho D. Quero saber o que foi diferente dessa vez. Parece-me que você ia falar sobre algo... quando S. a interrompeu e eu estou interessada em ouvir você. Neste trecho de sessão observa-se que quando D. começa a fazer a descrição de uma contingência de sua relação com o fiiho, o outro cliente S. parece punir sua verbalização, o que se observa por sua resposta de esquiva. O terapeuta procurajmpedir que a cliente se esquive demonstrando seu interesse. Uma característica da abordagem comportamental que aumenta sua eficácia e que fica evidente no trabalho com grupos é o seu ^specto pedagógico ou instrucional. O terapeuta pode ensinar a seus clientes sobre análise do comportamento: sobre relações entre os comportamentos e as suas conseqüências, a descrever contingências e construir suas próprias regras. Na realidade, os resultados mais duradouros e generalizados são obtidos quando o cliente aprende a analisar as contingências de seu ambiejite envolvidas em suas queixas. Ensinar análise funcional ao cliente é um dos melhores procedimentos terapêuticos. Cabe ressaltar, no entanto, que para que esta estratégia seja efetiva é necessário adequar a linguagem e utilizar exemplos da vida dos clientes, sem a preocupação de utilizar termos técnicos que podem ser de difícil entendimento para algumas pessoas. No grupo, as regras decorrentes dahistória de vida dos diferentes indivíduos podem ser evidenciadas, questionadas e utilizadas como modelos para novos repertórios. É uma excelente oportunidade para o individuo observar e refletir sobre a sua própria habilidade social. Além disso, propicia condições de aprendizagem 35 \< ; laníoatravés de uma participação ativa como através da observação. Por exemplo, já tivemos clientes que após algumas sessões nas quais emitiram baixa frequência de verbalização relatam que “me lembrei daquela situação que o V. contou da relação dele com o pai e das alternativas que o grupo levantou e resolvi fazer igual com o meu pai.. Deu certo, adorei...” . Outra vantagem desta modalidade de atendimento decorre do fato de o reforçamento ser diversificado $ imediato. Realmente, os membros do grupo são capazes de prover uma fonte adicional de reforçamento positivo social e uma preocupação com a melhora de performance dos membros do grupo. O terapeuta não é mais o único determinante do comportamento do grupo. A situação grupai pode funcionar como um laboratório no qual se experimenta novos comportamentos e se desenvolvem novas formas de relacionamento. Os membros do grupo provêem um reforço imediato para aquilo que se constitui num comportamento apropriado em dada situação. Além disso, os membros do grupo podem experimentar novas formas de comunicação com outras pessoas em situações que simulem mais proximamente o mundo real. Há uma ampla base para modelação social em grupos, e os membros do grupo podem facilitar a aquisição, e a manutenção de comportamentos socialmente reforçados. No grupo comportamental cada participante tem a possibilidade de comportar-se como liderou de ensinar papéis para outros membros do grupo. Se um dos membros do grupo tem habilidades que são valorizadas por outros membros pode ensiná-las para o grupo; ele pode ser convidado a ajudá-los a obter as mesmas habilidades e à medida que aprende os conceitos e procedimentos pode dar modelo para outros participantes. Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo 2. Organização do grupo. 2.1. Planejamento Antes do início da formação do grupo os terapeutas deverão decidir e planejar vários aspectos em relação ao grupo, respondendo as questões que se seguem. 36 Maly Deliti a) Qual é o objetivo do grupo? O grupo será para obtenção de dados para pesquisa? Atendimento em consultório ou em instituição? Se instituição, trata- se de uma dínica-escola, hospital psiquiátrico, posto de saúde ou empresa? A resposta a esta questão determinará todas as características do grupo. Neste capítulo apresentamos um modelo de atendimento que temos utilizado Janto com clientes de consultório quanto com os de uma dínica-escola e os de hospital psiquiátrico. Em outros capítulos deste livro, estão apresentados relatos de trabalho de pesquisa e de atendimento em instituições. Uma das características da Análise do Comportamento é a utilização de uma definição objetiva dos probjemas para fins^a aná|ise funcional. A definição e descrição operacional dos objetivos são indispensáveis para o planejamento das intervenções e, também, para a avaliação dos resultados. b) Quantos clientes participarão do grupo? Não existe uma norma ou recomendação que especifique o número ideal de participantes. Esta é uma das decisões que o terapeuta deverá tomar, considerando seus objetivos e as demais características do grupo. Grupos maiores (mais de 8 participantes) demandam um maior treino-terapêutico, embora sejam muito úteis nas instituições (hospitais, emprèsas) nas quais a demanda por atendimento costuma ser maior. Terapeutas menos experientes provavelmente se beneficiam se trabalharemcom grupos menores (4 a 5 pessoas) e, portanto, com menos diferenças individuais em termos de problemas e de história de aprendizagem. Grupos menores, por outro lado, podem trazer outro tipo de dificuldade: se um participante faltar, o que realmente pode ocorrer, a interação na sessão pode ficar pequena ou aversiva para os membros do grupo. Em nossa experiência.eanciuímos que um grupo com 6 a 8 clientes, traz vantagens em termos deinlecação, modelação e aprendizagem - interpessoal ê, ao mesmo tempo, permite a atenção adequada para a análise e intervenção com cada um dos clientes. c) Quantos terapeutas? Um terapeuta pode atender ao grupo sozinho. Entretanto, contar com um co-terapeuta tem se mostrado extremamente produtivo. 37 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo Na situação de grupo fica difícil para um único terapeuta observar e / discriminar os comportamentos verbais e não-verbais de todos os clientes. Assim, enquanto um terapeuta está interagindo com um cliente, o outro terapeuta observa os demais e. se preciso, interfere, mudando o foco da análise ou completando a verbalização. Deve-se, entretanto, tomar cuidado para que um terapeuta não fique constantemente completando a afirmação do outro o que pode reduzir a oportunidade de participação dos membros do grupo. O trabalho em co-terapia vem sendo estudado por vários autores (Zaro, Barach, Neldelman,1981), e, bem planejado, traz muitas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento para os clientes, além de facilitar o treino e aprimoramento dos terapeutas. Em situações que podem ser aversivas ou mais difíceis para um dos terapeutas - por exemplo, quando o relato de um cliente evocar encobertos intensos em um dos terapeutas - o outro terapeuta usar modelação ou auto-revelação de forma mais objetiva. Cada terapeuta pode funcionar como um controle para o comportamento do outro, diminuindo a probabilidade de vieses e aumentando as fontes de reforçamento. Por outro lado pode ocorrer de os dois terapeutas competirem, pela atenção dos clientes, interrompendo um ao outro ou discordando. Por isto, yuando há dois terapeutas, f principalmente em situações de treino, cfêve-se píanejar antes quem “ '* conduzirá a sessão e quem terá o papel de co-terapeuta! A falta de contato entre os dois terapeutas e as dificuldades interpessoais precisam ser resolvidas antes de iniciar o trabalho em equipe. A presençade um observador na sala do atendimento, mas fora do grupo (afastado do círculo) e que não participa da sessão, peio menos em termos de comportamento verbai, tem sido urn LecLLrso valioso tarito no desenvolvimento do grupo como "no das habilidades dos terapeutas. Õs objetivos do observador são observar e registrar os comportamentos verbais e não-verbais dos membros do grupo em sua interações com os terapeutas para aumentar a fidedignidade dos dados coletados. d) O grupo será homogêneo ou heterogêneo? ^ ^ O grupo será composto por pessoas semelhantes em termos de idade, tipo de problema, e sexo dos participantes ou não? 38 MalyDelliti Esta decisão depende dos objetivos do trabalho, isto é, grupos homogêneos são mais adequados para realizar uma pesquisa, para discutir uma temática específica (por exemplo, grupo de mulheres para discutir sexualidade), ou grupos heterogêneos com temas mais genéricos como habilidades sociais, problemas de relacionamento, ansiedade etc. Preferimos grupos heterogêneos porque, a partir da , prática clínica com estes grupos, concluímos que há uma maior L probabilidade de generalização para a situação natural, dada a ; diversidade de modelos e de reforçamento. J e) O grupo será aberto/fechado? Novos membros podem passar a participar do grupo depois de seu início ou não? Se a opção for pelo grupo fechado cada pessoa assume o compromisso de participar por algum tempo específico (alguns meses, por exemplo). Quando se trabalha com grupo aberto o terapeuta deve se lembrar que sempre que um novo membro for acrescido deverá ser já ocorreu no grupo e uma retomada das regras e condições do grupo. Nas instituições como hospitais e centros de atendimento à saúde, este tipo de grupo é mais freqüente nas enfermarias. No entanto, nos ambulatórios, é possívei a realização de grupos fechados, temáticos, e às vezes com número pré-determinado de sessões tanto para pesquisa quanto para atendimento aos pacientes da instituição. f) Local, duração, freqüência e valor das sessões. Em nosso trabalho, grupos com encontros semanais de 4^ 2 horàt\de duração têm se mostrado adequados. Sessões mais ciJrfas impedem a participação da maioria dos clientes e sessões mais longas costumam ser cansativas e pouco produtivas. É difícil estabelecer ojDreçfuJa sessão de grupo. Para atender seis ou mais pessoas é preciso uma ja la de tamanho grande. Além disso, trabalham dois terapeutas e um observadõTêo ~pTãaejamen.to e discussão da.aès_são demanda „várias horas além das utilizadas durante o. atendimento. Na nossa experiência, no atendimento erri grupo em consultório particular, é justo cobrar 50% do valor da sessão individual. 39 Terapia Analítíco-Comportamental em Grupo Uma estratégia que tem trazido bons resultados é a que chamamos de “esquema combinado” : faz parte das regras combinadas com ó grupo a possibilidade de ocorrerem eventuais sessões individuais, solicitadas por um cliente ou pelo terapeuta, para facilitar o desenvolvimento do grupo. Nestas sessões são analisadas possíveis dificuldades do cliente em relação ao grupo, quer por algum conteúdo aversivo, ou por alguma dificuldade em relação a outro. Deve-se enfatizar que nestas sessões, que ocorrem com pouca freqüência, o indivíduo é incentivado a contar quando estiver em uma sessão com o grupo sobre os assuntos da sessão individual, sendo ressaltado que o objetivo é participar efetivamente do grupo. 2.2.0 início Em sessões individuais (uma ou duas) antes da primeira sessão do grupo, os terapeutas~coletàm TnTõfmáçõessobre as expectativas dos clientes, os comportamentos que estes consideram como problema e, se possível,, as contingências de aquisição e a sua manutenção. A!ém djsso, os terapeutas procuram se estabelecer como audiência não-punitiya, explicando o processo e os princípios da terapia em grupo. Desde este" primeiro contato, deve-se ter a preocupação de criar a coesão do grupo, uma condição indispensável para o seu bom andamento. Após essas prímeiraa-entrevistas-4fídivlcluaisT--podern jser jdentifiçadas.diferentes fases na condução dos grupos. Na primeira sessão, os T criam condições para os participantes se conhecerem, com cada um dos membros se apresentando e colocando suas expectativas iniciais. Uma outra forma de começar o grupo é pedindo a um membro que se apresente à pessoa que está ao seu lado, falando de suas características pessoais e de seus maiores interesses. Após a dupla interagir por alguns minutos (2 ou 3) um apresenta o outro para o grupo, Esta estratégia (duplas) pode facilitar a emissão de relato verbal em clientes com mais dificuldade. De qualquer forma, o importante é que os T esteiam atentos para reforçaras verbalizações de cada cliente e para. mostrar aspectos de semelhança ou d¥ similaridade entre os membros. No início do grupo (nas primeiras 3 ou 4 sessões), os objetivos principais são reforçar o comportamento 40 Maly Delliti de “ser cliente” (pontualidade, assiduidade, cooperação), retomara cõTeta^elrHciar a análise dos dados que foram abordados nas entrevístas jjndTviduaiã. É indispensável o estabelecimento de controle positivo entre os membros, isto é, o terapeuta deverá reforçar os comportamentos verbais do tipo tato e o de reforçamento recíproco entre os membros. É também importante que o terapeuta esteja atento para identificar e indicar aos clientes os comportamentose contingências de vida semelhantes ou que de alguma forma favoreçam a interação e a aprendizagem de uns pelas contingências de aprendizagem dos outros. A atração ou coesão de um grupo é uma das variáveis indispensáveis para o sucesso. Yalom (1985) afirma que “a coesão é o resultado de todas as forças que atuam sobre todos os membros do grupo, de maneira que permaneçam no grupo, ou de forma mais simples a atração de um grupo por seus membros. jDs membros de um grupo coeso sentem afeto, conforto j^u m seiitido de pertinência no grupo._Eles valorizam o grupn e sentem que-são valorizados, aceitos e amparados pelos outros membros.” Pode-se considerar a coesão como uma razão entre a taxa de reforçamento e a de punição iiberada no grupo, isto é, grupos mais coesos são < aqueles nos quais existem mais comportamentos mantidos por | controle positivo do que por controle aversivo. Skinner“(1989) afirma J que o” próprio terapeuta constitui uma audiência não punitiva... e o comportamento que até então foi reprimido começa a aparecer no repertório do paciente”. No contexto do grupo, a coesão faz com que cada membro se estabeleça como parte de um ambiente não- punitivo e, assim, favorece a emissão de padrões de comportamento que são punidos na situação natural. A coesão é tão importante p.ara a terapia em grupo quanto o relacionamento terapêutico para a terapia individual. De acordo com Rosenfarb (1992), freqüentemente, os indivíduos que procuram terapia não aprenderam determinados padrões comportamentais em sua história de vida, e o terapeuta pode, na situação de terapia, modelar novos comportamentos. No grupo terapêutico as contingências de controle são mais complexas. _QJatape iita fica sob controle rins V comportamentos dos clientes e estes sob conlroledas contingências liberadas pelo terapeuta e pelos membros do grupo. N i^tüãçaò de grupo, cada individuo pode desempenhar ò papel de modelae.liberar 41 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo re fogo ^ocia l para aprendizagem de novos padrões de comportamento o que pode facilitar a generalização para a situação natural. Quando os clientes identificam os efeitos de seus comportamentos sobre o comportamento do terapeuta e dos outros membros do grupo em uma situação de controle positivo, é maior a probabilidade de discriminação de quais comportamentos serão reforçados se emitidos na situação natural. Assim, a sessão de terapia é a ocasião de aprendizagem na qual o terapeuta poderá instalar comportamentos mais adequados, treinar discriminações de encobertos e planejar a generalização destes padrões para a vida do cliente. No grupo coeso a terapia pode ser entendida como um processo de influência mútua no qual a interação que ocorre entre clientes e terapeuta é um novo padrão de comportamento que pode ser mais adaptativo na situação natural. A história de aprendizagem que ocorre nesta interação é uma variável de mudança. Em outras palavras quando os clientes identificam o grupo terapêutico como uma situação em que são cuidados e apoiados, eles começam a revelar informações, sentem-se protegidos, confiam no terapeuta e nos outros participantes e identificam este relacionamento como especial, diferente do que tem com outras pessoas. As respostas adquiridas e reforçadas nesta interação freqüentemente se generalizam para outros ambientes ficando sob controle das contingências naturais. Em resumo, pode-se entender a coesão do grupo como resultado da densidade de réfõrçamento ou o valor reforçador dê um membro para o outro, dos terapeutas e das atividades do grupo para os participantes. A transcrição abaixo descreve um trecho da primeira sessão de um grupo de terapia durante a apresentação dos clientes: M. (Mulher, 63 anos) relata: “Sou M. tenho 63 anos e meu problema é com minhas filhas. Fico extremamente nervosa com o egoísmo delas, que só me procuram quando querem alguma coisa.” T: “Acho que você é corajosa, pois foi a primeira a faiar e relatou sua dificuldade.” T mostra empatia e reforça revelação. F (Homem, 26 anos): “ Eu já fiz terapia individual e agora quero me organizar em relação ao trabalho e também falar do meu casamento que vai acontecer daqui há 6 meses e eu acho que teremos problemas conjugais.” 42 Maly Delliti T: “Oba, temos um noivo aqui... Em que você trabalha mesmo? Eu já sei, porque já nos falamos, mas conte para os outro.” (Terapeuta dá atenção e solicita informação para o grupo) F: “Informática, mas como lhe faiei quero mudar de área...” T: “O F. quer se organizar pois acha que perde tempo em seu trabalho e que poderia render mais” (T explica.) T: “E você G., não quer se apresentar?” (dirigindo-se à outra cliente que estava se mexendo muito na cadeira). G: (Mulher,(24 anos): “Como já lhe fale.i tenho um namorado com quem vivo brigando, mas não posso viver sem ele... Sou filha única de pais bem velhos e caretas... eles implicam comigo...” T: “É, a gente já conversou mesmo. Não pode viver sem o namorado, mas também não pode ficar sem brigar não é G.? Não sei se você concorda, mas parece você se esforça para se dar bem com ele, mas parece também que há algo que sempre atrapalha vocês. Vamos descobrir o que é para poder mudar... Quero, agora, chamar a atenção de vocês para o fato de termos aqui alguém que fala de como é ser uma filha, aG .e também uma mãe, a M. Vai ser bom podermos observar os 2 pontos de vista.” (O terapeuta reforça a verbalização e traça uma relação entre as 2 clientes). A forma com que o terapeuta verbaliza suas análises pode ter um efeito importante.^^AojJsarjíQcnpartamentq autoclítico, por exemplo, ao empregar expressões como: “Não sei se você concorda com o que eu penso.” ou “Parece que você está me falando que...” o terapeuta pode diminuir possíveis impactos ^ aversivos de sua verbalização e aumentar a receptividade do cliente, ^ dando condições para que ele concorde ou não. 3. Avaliação inicial (assessmenf) Muitos clientes começam a terapia em grupo relatando suas queixas de modo genérico, como os clientes M. do exemplo anterior (fico nervosa...) ou F. que relata “problemas conjugais”. A primeira tarefa do terapeuta será analisar tais queixas. descrevencTo-asem termos de comportamentos específicos passíveis de observação 43 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo (direta ou indireta) e de mudança. Além disso, a descricão das contingências permitirá que seiamJdentificadas as m n^eniiôncias advindas de tais c o m p o r ta m e n to s q n p r p a ra n p ró p r io, indivíduo quer para as pessoas com gn^m Dois tipos de problemas têm sido descritos na literatura: excessos e déficits comportamentais. Os excessos comportarnaníais referem-se àqueles comportamentos que são emitidos em freqüência, duração ou intensidade muito alta ou em situações inadequadas. Déficits comportamento são, os padrões de comportamentõque não são emitidos na freqüência, intensidade ou duração necessária, da forma apropriada ou em situações inadequadas para trazer reforçamento positivo ou evitar punições (reforçamento negativo). Tanto os excessos quanto os déficits comportamentais podem ocorrer com comportamento abertos oj j encobertos, verbais ou nao-verbais e, portanto, passíveis de análise ejntervençãõsegundo os princípios da análise do comportamento. Em relação aos encobertos ou eventos privados, tais como pensamentos, sentimentos, e respostas fisiológicas deve-se ressaltar que na análise clínica do comportamento estes são considerados comportamentos como quaisquer outros, a única diferença é o acesso que o observador externo tem a eles. Isto é, quando se conduz uma análise funcional, os eventos privados são analisados de acordo com suas funções examinando as variáveis de controle relevantes. Por exempio, um cliente diz: “Penso que eu sou um fracasso completo!”.Na perspectiva de análise comportamental é preciso compreender a função ou a finalidade destes pensamentos e do relato dos mesmos, examinando as variáveis ambientais que o controlam. ,Quais são os antecedentes sob os quais o estes pensamento ocorrem? Q que acontece quando o cliente relata estes pensamentos? _E, independentemente do relato, como estes pensamentos se relacionam com outros comportamentos e contingências da vida ria pes-gna? B tT quiTsIfuaçoesÜao maislreqüentes? Quais são as contingências de reforço que mantem tais pensamentos e talsTélatos? Entretanto, existem outras solicitações ou demandas que os indivíduos apresentam que influenciam suas vidas e vão além das queixas comportamentais. Privações econômicas, problemas legais ou de saúde precisam ser levados em conta. Por exemplo, existem pessoas que não podem vir ao grupo por não terem com quem deixar os filhos, por não terem dinheiro para condução, por 44 Maly Deliiti limitação física etc... Em muitos casos é necessário o apoio e encaminhamento para outros profissionais e o terapeuta precisa ter conhecimento e acesso a esta rede de apoio social. Na análise clínica do comportamento, a mensuração e a avaljaçãp .fazem parte constante da prática com os seguintes objetivQSJ ! a) identificar os comportamentos-alvo e as circunstâncias que mantêm tais comportamentos; b) auxiliar na seleção de uma intervenção apropriada; c) fornecer meios de monitoramento dos progressos do tratamento; d) auxiliar na avaliação da eficácia de uma intervenção. Para fazer a avaliação na situação de grupo, vários proce dimentos podem ser utilizados. Os clientes podem aprender a obser var a , <us jArAftRÁrio. registrar os próprios comportamentosT respon dendo a questionários ou inventários já padronizados (Rathus,1972; Teste de Discriminação de Comportamentos Assertivo, Inassertivo e Agressivo de Lange e Jakubowski 1977; Inventário de Beck 1997; In ventário de Assertividade de Alberti e Emmons 1983), ou fazendo re gistros ds certos comportamentos em situações específicas. Esta segunda alternativa, a observação do comportamento, propicia da dos qualitativos e o terapeuta irá áriàlísár, corffõcnente, qüü^contin- gênnias estão em operação para levá-lo a emitir aquela resposta. Ãs contingências a serem consideradas são aquelas que, na sua histó ria de vida, instalaram o comportamento e, também aquelas que mantêm seu comportamento no presente. As novas contingências que passarão a ser manejadas nas sessões pelo terapeuta na interação com os membros do grupo poderão produzir novos com portamentos alterando o repertório dos clientes. lim a estratégia simples que temos utilizado para observação e avaliação de comportamento no grupo de terapia é a observação em intervalo fixo. A cada 10 ou 20 segundos, registra- se a inicial do nome da pessoa__^ye_eslá^iaiando e, assim, a porcentagem de ocorrência de verbalização de cada membro do grupo e dos terapeutas pode ser registrada possibilitando a identificação das alterações na participação dos clientes em 45 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo diferentes sessões. A tabela e a figura a seguir são exemplos deste tipo de registro realizado em sessões de terapia em grupo com clientes na clinica de Psicologia da PUC-S. Paulo.2 * Tabela 1. Observação da porcentagem de ocorrência de verbalizações emitidas por clientes e terapeutas registrados em intervalo de 20", durante a primeira sessão de grupo. 1 ° 2 o 3o 40 5o 6o 7 o 00 I 0 1 1 TE LR LR D D N TE N 2 TE LR AS D D R TE TE 3 TE LR LR D D N TE D 4 TE AS LR D D N TE TE 5 CO AS R TE D R C TE 6 TE TE R D N R C TE 7 TE AS LR R AS R c TE 8 TE N R D R R TE TE 9 TE N R D TE R C TE 10 TE TE TE D TE R c D 11 TE TE R TE R C TE TE 1 2 TE TE R D TE D c C 13 TE N R TE TE TE c TE 14 TE N AS CO N D C TE 15 TE TE AS TE N R C TE 16 D TE TE T E N D TE 17 TE T E TE TE N D C 18 D TE T E D N AS TE 19 TE N R D N AS TE 20 TE N TE TE N D TE 21 TE AS R TE N D C 22 R TE AS D N TE C 23 TE TE TE D N TE C 24 R AS D D N TE TE 25 R AS TE D TE D C 26 CO AS LR LR TE D AS 27 R TE LR TE N N AS 28 TE AS LR D N R AS 29 TE LR LR D N CO TE 30 LR LR LR D N TE TE AS 18 8% LR 16 7% TE 83 37% C 16 7% CO 4 2% R 25 1 1 % D 36 16% N 27 12% 2 A gradeço a R ebeca Ayabe Bassi pe la o rgan ização e pe lo en tus iasm o com os reg istros das se ssões . 46 Maly Delliti Tabela 2. Porcentagem de ocorrência de verbalizações emitidas por clientes e terapeutas registradas em intervalo de 20" durante cinco sessões de grupo. Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5 TC 33% 49% 57% 68% 79% CO 1% 5% 22% 24% 30% C02 0% 0% 0% 18% 34% D 17% 27% 31% 46% 46% LR 11% 27% 51% 79% 79% C 9% 50% 84% 97% 117% R 9% 15% 20% 31% 42% N 13% 13% 13% 13% 13% AS 7% 14% 23% 23% 55% S 0% 0% 0% 0% 0% T 0% 0% 0% 0% 5% Figura 1. Porcentagem acumulada de ocorrência de emissão verbai de clientes e terapeutas registradas em amostragem de tempo durante 5 sessões de grupo. 47 Terapia Analítico-Comportamental em Grupo A figura 1 apresenta os dados registrados da ocorrência acumulada de emissão verbal por amostragem de tempo. Esta observação é realizada registrando-se a inicial do sujeito (cliente ou terapeuta) que está verbalizando ao final de cada o intervalo de vinte segundos. No eixo da abscissa, estão os dados das sessões realizadas em diferentes datas. O eixo da ordenada representa a porcentagem acumulada de ocorrência de emissão verbal de cada sujeito. É possível constatar que, nas primeiras sessões, o terapeuta emitiu mais verbalizações que os clientes. Este padrão é esperado por se tratar da fase de orientação inicial e estabelecimento de regras do grupo. Observa-se que esta participação diminuiu nas sessões seguintes e que a figura expõe uma tendência de equilíbrio de emissão verbal dos clientes com o passar das sessões, cada um 4. O desenvolvimento do grupo Como um contato tão curto como a sessão de terapia pode modificar o comportamento de uma pessoa? Esta é uma pergunta que é feita frequentemente para os analistas clínicos do comportamento. Realmente, 50 ou 60 minutos semanais são uma parcela muito pequena da vida de uma pessoa. Entretanto, a sessão de terapia é a única situação em que o terapeuta pode observar o comportamento do cliente e, ao mesmo tempo, também fazer parte das contingências. De acordo com Skinner “uma pequena parte da vida do cliente se passa na presença do terapeuta (...) ocorre uma grande quantidade de modelagem mútua em encontros face a face”. (Skinner, 1953). O trabalho do terapeuta será criar condições oue levem o cliente ajdentificar as ClasspR rte mntínqénria.q de reforçamentn na sua história de vida que o levaram a emitir aquele comportamento que ele relata ffíélrazèr sofrimento (tem conseqüências averslvas). Além dissnT^rá n e r g c c á r i n lm /g r r T H iõ n tP a identificar Q U e éxistêm hoje, no seu cotidiano, contingências que mantém os padrões relatados como problema, incluindo-se aí padrões de fuga/esquiva 48 Maly Delllti a finalmente levarem o cliente, através de controle por instruções ou regras, a testar a realidade, a emitir comportamentos no contexto social reaí. aue tenham grande probabilidade de serem reforçados. Para executar seu trabalho o terapeuta irá se utilizar dos princípios de análise do comportamento, ouvindo o relato verbal do cliente acerca das_situaçõés d^suá vídã cofícíianã e observando e. interpretando os comportamentõsque são emitidos riã~sessão- Tsai e Kohlenberg (1991) afirmam que “a observação e interpretação de um terapeuta sobre um comportamento é uma função da história do terapeuta, que inclui também seu referencial teórico” . O tipo específico de interpretação escolhido pelo terapeuta variade acordo com o seu propósito e com o contexto da terapia. Contingências da história de vida do próprio terapeuta também estarão sempre presentes, seus valores, regras e experiência de vida. O terapeuta neutro ou “distante” é uma falácia no processo terapêutico. Entretanto, deve-se tomar cuidado para não transmitir seus próprios valores. Isto significa que o terapeuta não pode falar de si mesmo ou e sua vida? A “análise da transferência e contra transferência”, uma das estratégias fundamentais das abordagens psicanalíticas, na análise clínica do comportamento pode ser entendida como um processo que envolve discriminação e generalização por parte do terapeuta e do cliente. Tudo que o cliente faz na sessão são comportamentos, que foram aprendidos e ocorrem devido à similaridade funcional entre pgtími jjnp prftçiftntefi na sessão e na situação de aprendizagem. Por exemplo, quando se sente irritado corrTum comportamento do cliente o terapeuta deve se perguntar: será que este comportamento do cliente é uma amostra de seu comportamento na situação natural e dos respondentes que evoca nas outras pessoas ou eu estou irritado porque estou cansado? Ao fazer este auto-questionamento o terapeuta estará procurando identificar se seus eventos privados foram evocados pelo comportamento do cliente ou por contingências de sua história pessoal. Na sessão de grupo esta reflexão é facilitada, pois pode-se fazer a validação consensual, isto é, perguntar aos outros membros do grupo e ao co-terapeuta como se sentiram naquela situação. A partir dos relatos dos outros clientes pode verificar se eles identificam os mesmos respondentes e, portanto, não foi uma resposta evocada apenas por contingências da história de vida do 49 Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo terapeuta. Pode acontecer, também, que vários (ou todos) os membros do grupo considerem que o terapeuta foi autoritário, punitivo ou distante. Neste caso, o terapeuta deve reconhecer que seus clientes provavelmente estão fazendo uma análise realista e, portanto, precisa rever e mudar seus comportamentos. Nas situações de pressão ou confrontação do grupo em relação ao terapeuta, o co- terapeuta tem um papel fundamental, pois pode auxiliar o terapeuta na manutenção da objetividade. Estas situações, cuja ocorrência é comum no grupo terapêutico, mostram a importância da relação harmoniosa entre o terapeuta, o co-terapeuta e os clientes e a necessidade do autoconhecimento por parte do terapeuta, repertório este que pode ser adquirido e/ou aprimorado com terapia pessoal e supervisão. Os princípios e procedimentos da Análise do Comportamento são utilizados durante todas as sessões do grupo. Reforçamento, extinção, treino de discriminação, modelagem (shAofna), modelação {modeling), treino de auto observação, desenvolvimento de repertório alternativos, observação' e reforçamento de CRBs (FAP, Kohlenberg, 1991) são algumas das estratégjasjerapêuticas utilizadas durante todo o processo. Inúmeros recursos, como fotografias, poesias, letras de música, recortes de jornais e revistas podem ser utilizados como um conjunto de estímulos textuais, verbais, com diferentes funções, eficazes para controlar os comportamentos do terapeuta e dos clientes. Estes princípios e procedimentos são conhecidos de todo analista do comportamento, e existem inúmeros trabalhos e pesquisas sobre seus efeitos na prática clínica. Entretanto, a modelação e o ensaio de comportamento, por serem estratégias fundamentais para atendimento de grupo, serão enfatizados neste trabalho. 5. Modelação e Ensaio de Comportamento*3 Modelação (modelingy. na terapia em grupo 9 modelação ou .aprendizagem por observação è um dos instrumentos de maior importância. O terapeuta é um modeio para comportamentos" no grupo e estes também são modeios uns para os outros. Bandura 3 Modeling (inglês) tem sido traduzido por modelação e shaping por modelagem 50 Maly Delliti (1969,1971) foi um dos primeiros autores a pesquisar e analisar as evidências empíricas da aprendizagem por modelação e demonstrou que a_modelação pode ter três efeitos sobre os clientes: primeiro os observadores podem adquirir novos padrõesjje~cõmportamento; além disso, a modelação também pode fortalecer ou inibir respostas que ]á existem no repertório do observador, e estão reprimidaspor contingências aversivas; e, finalmente, a modelação podelacintàr respostas que já existem no repertório do indivíduo, mas são emitidas emT5aixa freqüência. Baum (1994/1999) afirma que os indivíduos nascem com uma sensibilidade específica para serem afetados por estímulos que vêm de outros seres humanos, estímulos estes essenciais para o desenvolvimento normal, e que esta sensibilidade específica em relação a determinados estímulos é que o torna apto a imitar. A imitação é fundamental para a existência de uma cultura, pois p e rm ite a re p r r HH?äft 9 ^n tin iiid a rie dos seus valores, egonomizando tempo de apren d izagem p garantindo a aqu is ição de comportamentos adaotativos à sobrevivência da espécie. Os indivíduos que aprendem a imitar comportamentos provenientes de gerações anteriores, em contraposição àqueles que aprendem por si próprios através, por exemplo, de tentativas e erros, aumentam a probabilidade da sobrevivência e manutenção da cultura (Bandura, 1969/1979; Baum, 1994/1999). De acordo com Baum (1999), “a imitação orovê a base da aprendizagem operante"e pode ser não-aprendida ou aprendida. Ò primeiro tipo (imitaçáo~~njo-aprendidal não exige nenhuma experiência especial. A imitaçãoTiã^aprendida. c ombinada com a modelagem, é responsável pêíaãquisição do comportamento verbaL .lá a imitaça?Taprendlda é~úiTia forma de comportamento governado por regras. Quando alguém verbaliza para 0 outro “faça assim” e mostra còmo fazê-lo, esta pessoa será capaz de seguir esta instrução e este modelo, dependendo de sua história de reforçamento do comportamento de imitar no passado. A imitação permite que regras sejam passadas para outras gerações, possibilitando a transmissão da cultura e aumentando a sua probabilidade de sobrevivência. 51 Terapia Analítico-Comportamenta! em Grupo Osj>ais_sgo os pnmeiros modelos a serem seguidos por seus filhos e servem de modelo para muitos comportamentos diferentes. Esses comportamentos podem ser mais aceitas socialmente, como por exemplo, o comportamento amoroso, ou ser menos aceitos, como a imitação de comportamentos violentos por crianças que têm pais agressivos. Deve- se, entretanto, salientar que o que é adequado socialmente depende do contexto: o comportamento assertivo e cooperativo de uma criança pode ser adeqüadõ~õu inadequado, istn é, trazer conseqüências positivas ou negativas dependendo do fato dela viver em uma famjíja de classe média õu alta, em um orfanato, um abrigo para menores. Èm gerai, uma pessoa não copia só um modelo, mas sim vários e também não copia a íntegra do comportamento do modelo, mas sim alguns aspectos deste comportamento. Conforme vai ficando exposta a novas contingências ou novos modelos, o comportamento imitado vai mudando de aspecto, acrescido ou modificado. Esta possibilidade de mudança de padrões de comportamento é uma variável relevante no trabalho com grupos. Há alguns fatores que facilitam a aprendizagem por modelação: a habilidade do cliente em ohsftryar è discriminar determ inados aspectos do comportamento do modelo; as características do modelo, suas similaridades em relação idade, raça, gruposocial etc. e as contingência nas quais o modelo se encontra ao ser apresentado ao observador. Bandura (1977) afirmou que se um modelo for reforçado na presença de um observador a probabilidade da imitação é maior. Além disso, de acordo com este autor, o papel do controle social sobre o comportamento do modelo deve ser
Compartilhar