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Delitti, M. & Derdyk, P. (1980). Terapia Analítico Comportamental em Grupo

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Terapia
Analítico-
Comportamental
em Grupo
Maly Delitti e Priscila Derdyk
organizadoras
ESETec
2008
Copyright © desta edição:
ESETec Editores Associados, Santo André, 2008. 
Todos os direitos reservados
Delítti, M.
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo. Maiy Oelitti e Priscila Derdyk. 
Organizadoras 1a ed. Santo André, SP: ESETec Editores Associados, 2008.
264p. 23cm
1. Psicologia Comportamental
2. Análise do Comportamento
3. Terapia Analítico Comportamental em GTtipo
CDD 155.2 
CDU 159.9.019.4
Solicitação de exemplares: comercial@ uol.com.br
Tel. (11) 4990 56 83 (editorial) / 4438 68 66 (vendas) 
www.esetec.com.br
I
Aquele que não vê, mas sabe que não vê, de
alguma forma vê...
Aquele que vê e acha que o todo que vê é 
tudo o que há, não vê...
Aquele que vê, e sabe que tudo o que vê não é
tudo o que há,
... de alguma maneira, vê o 
que não vê.
Bonder, N. (2008)
Sumário
Apresentação................................................................................... 9
Prefácio................................................. .............................. ....... 11
Terapia comportamental de grupo
Rachel Rodrigues Kerbauy...............................................................17
Terapia Analítico Comportamental em Grupo
Maly Delitti.....................................................................................31
Esquiva experiencial do clientb no grupo terapêutico e promo­
ção de aceitação emocional
Maria Zilah da Silva Brandão............................................................59
O trabalho em grupo para ansiedade de desempenho
Caroline Guisantes Salvo, Gabriela Mello Sabbag, Taísa Borges Grün, 
Yara Kuperstein Ingberman..............................................................93
O uso da psicoterapia analítico funcional (FAP) em grupos 
terapêuticos
Fátima Cristina de Souza Conte..................................................... 127
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): as propriedades 
terapêuticas dos grupos de apoio
Regina Christina Wielenska...........................................................157
7
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
Fobia social, família e terapia em grupo: uma experiência 
esperançosa
Silvia Sztamfater e Mariangela Gentil Savoia................................. 173
A terapia analítico-comportamental em um grupo especial: a 
terapia de famílias
Roberto Alves Banaco................................................. ................193
ATerapia Comportamental Infantil em Grupo
Jaíde Regra e Miriam Marinotti................................................... 213
Tornando-se um terapeuta de grupos
Priscila R. Derdyk e Silvia Sztamfater........................................... 249
Apresentação
A organização deste livro foi muito importante para nós. 
Temos trabalhado com Terapia Analítica Comportamental em Grupo 
desde 1984, na universidade, na^clínica particular e em hospitais. 
Gostamos muito do que fazemos e de contar como fazemos. Já 
aprendemos muito, continuamos a aprender e acreditamos que já 
ensinamos também. Este livro foi planejado para descrever a forma 
como entendemos e praticamos o atendimento em grupo segundo 
os princípios da Análise do Comportamento. Partilham conosco 
deste desafio alguns dos terapeutas que consideramos os melhores, 
do ponto vista teórico e prático. Eles são, também, alguns dos nossos 
amigos mais queridos. Assim, este é um produto do estudo, do 
trabalho e de longas conversas em diferentes momentos e locais.
Apresentamos, inicialmente, um texto ainda inédito da 
professora Rachel R.Kerbauy.Este texto, que tivemos o privilégio 
de conhecer desde 1980, exerceu importante influencia sobre o 
nosso trabalho e de outros profissionais da comunidade.
No capítulo 1, estão descritas as características mais 
relevantes para a prática em grupo e alguns dos principais 
procedimentos terapêuticos utilizados nos grupos que temos
9
Terapia Analrtteo-Compoftamental em Grupo
atendido. No capítulo 2, são feitas reflexões, questionamentos e
estudos de casos sobre a esquiva experiencial na Terapia de Grupo 
e são descritas experiências terapêuticas em que os princípios da 
ACT foram usados em grupos com formato tradicional. Em seguida, 
no capítulo 3, são descritas diversas atividades planejadas e 
organizadas em dez sessões de atendimento psicológico grupai 
para o enfrentamento da ansiedade de desempenho acadêmico. A 
força curativa do grupo, segundo a proposta da FAP, é apresentada 
no capítulo 4, sendo enfatizado que os comportamentos dos 
membros do grupo podem desenvolver funções evocadoras, 
eliciadoras e reforçadoras reciprocamente. No quinto capítulo, são 
abordadas as propriedades terapêuticas dos grupos de apoio para 
portadores de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) com ênfase 
nos grupos de apoio na ASTOC. O capítulo 6 analisa a fobia social, 
descrevendo um estudo realizado com pacientes portadores de fobia 
social e seus familiares em uma instituição de saúde. No capítulo 7, 
um grupo especial, a família, é analisado e estratégias terapêuticas 
são propostas. Finalmente, no oitavo e último capítulo, são sugeridas 
reflexões para o profissional que queira se aprimorar nesta área.
Queremos agradecer à Teca, nossa editora e parceira.
Um agradecimento especial aos nossos clientes, que partilhando 
conosco suas vidas, enriquecem a nossa, dando sentido ao nosso j 
trabalho.
Esperamos que os leitores aproveitem.
Maly Delitti
e
Priscila Derdyk
Inverno 2008
10
Prefácio
Um livro sobre terapia comportamental de grupo traz 
certamente diferenças marcadas pela prática clinica dos autores. 
No entanto, mostra a explosão de uma idéia e a maneira de trabalhar. 
Partindo de princípios estabelecido^ em laboratório, em cinqüenta 
anos do século passado, foi possível expandir esse conhecimento 
para uma tecnologia e aplicação em humanos. As variáveis das 
quais o comportamento é função mostraram que as causas do 
comportamento eram externas e que a genética e a história pessoal 
explicavam o desempenho num determinado momento. As 
inferências para explicar o mundo privado de uma pessoa são 
questionáveis. A própria pessoa não conhece bem seu mundo 
privado e por isso temos tantas abordagens na psicologia.
Em um contexto com várias linhas teóricas tentando 
explicar de maneira diversa a vida mental e trabalhando com essas 
explicações, surgiu um conjunto de pessoas pressupondo que o 
conhecimento dos princípios comportamentais permitiria a 
formulação de hipóteses clinicas para a adaptação da pessoa. De 
fato, a pessoa pode se modificar identificando as variáveis 
ambientais das quais o comportamento é função.
Terapia AnalHico-Comportarnental em Grupo
Nesse contexto, proceder-se a terapia de grupo fazia 
sentido, pois era possível, com os princípios de aprendizagem, 
explicar comportamentos na situação natural. O grupo propiciava 
uma situação de aprendizagem melhor que a terapia individual para 
adquirir comportamentos, através da imitação, reforçamento social 
dos participantes, incluindo-se o próprio terapeuta, uma vez que as 
situações sociais ocorrem naturalmente durante o tratamento. Além 
disso, vivenciar as conseqüências do comportamento emitido em 
uma situação de aceitação permite inúmeras tentativas de solução 
de problemas, pois através da interação no grupo eles se tornam 
mais claros.
Os terapeutas comportamentais costumam especificar 
problemas e objetivos concretamente. Medem, também, as 
mudanças decorrentes tanto de comportamentos problemáticos 
como dos desejáveis, e empregam os princípios de aprendizagem 
para facilitar mudanças relevantes. Geralmente, as técnicas 
comportamentais são ensinadas independentemente da dinâmica 
do grupo, mas de acordo com a análise do desenvolvimento dos 
problemas apresentados.A situação terapêutica também controla o 
desenrolar das mudanças, e não se recomenda seguir apenas um 
programa pré-estabelecido. Há alguns terapeutas que preferem um 
programa estruturado para aumentar o efeito das técnicas 
comportamentais empregadas e desencorajam a manifestação 
espontânea dos participantes. Geralmente, centram-se em uma 
seqüência operacional e trabalham com problemas definidos: uma 
doença especifica com pessoas no mesmo estágio, problemas de 
separação de casais, e assim por diante. Há outros grupos, que se 
denominam de apoio,voltados a problemas específicos e os 
profissionais que os coordenam não se consideram como terapeutas 
atuando stricto sensu.
Quem já participou de um grupo aberto,que precisa definir o 
problema, pode ter ouvido frases, como as que ouvi como participante: 
“Estou sofrendo, me ajudem”. Outra pessoa levantou-se do seu lugar 
e foi segurar a mão de quem falara. Duas horas depois, o grupo ainda 
não havia escolhido com o que trabalhar. Levantei-me e saí. Eu era 
conhecida como comportamental... E portanto, teria gostado de analisar 
os comportamentos que estavam sendo reforçados pelo grupo e a 
dificuldade de escolher um objetivo nessa situação.Mas considerei que,
1 2
Rachel Rodrigues Kerbauy
se falasse, provocaria animosidades e prejudicaria a linha teórica que 
escolhi, pelas bisbilhotices posteriores.
Na literatura comportamental há relatos de experimentos 
segundo os quais quando o terapeuta reforça a expressão de 
sentimentos e solidariedade entre os membros de um grupo: os 
sintomas melhoram, em comparação com uma abordagem mais 
intuitiva e não planejada. Essa questão está em aberto para 
investigação e há opiniões divergentes.
Quando o papel causal do ambiente é compreendido, e 
clínicos e pesquisadores dedicam-se a trabalhar com essa idéia, é 
inevitável o desenvolvimento de estudos sobre os temas diversos e 
variações na condução do grupo. Embora nem sempre os resultados 
sejam divulgados, os participantes do grupo e terapeutas observam 
as conseqüências daquilo que realizaram e dos comportamentos 
aprendidos, e as dificuldades existentes na evolução da terapia ou 
de outro grupo com enfoque diverso.
Os estudos deste livro mostram isso. Nem sempre os 
leitores encontrarão relatos de pesquisa, mas sim maneiras de 
trabalhar com os princípios de análise do comportamento. 
Encontrarão também resultados obtidos nos grumos e questões a 
serem investigadas em outros grupos, e talvez em estudos 
controlados com protocolos bem definidos.
Os leitores identificarão, ainda, exemplos de comportamentos 
e maneiras de agir, mantidas e eliminadas pelas variáveis do grupo que 
libera as conseqüências momentâneas e positivamente reforçadoras 
ou punitivas. É o reforçamento natural acontecendo, bem como 
generalizações e manutenção do aprendido e o estabelecimento de 
estímulos discriminativos para novos comportamentos.
O ponto mais importante é que, após quarenta e seis anos 
de análise do comportamento no Brasil e trinta e seis de trabalho de 
grupo, podemos ver que há profissionais conduzindo grupos grandes 
e pequenos, sobre vários temas, e sendo positivamente reforçados. 
Observamos, também, ter sido produzido um livro com esse amplo 
conhecimento acumulado.
Rachel Rodrigues Kerbauy
13
Existem textos que se tornam 
alicerces sobre os quais o trabalho de muitos
profissionais é desenvolvido. 
O artigo apresentado a seguir, datado de 
1980, é um desses textos.
Terapia comportamental 
de grupo
Rachel Rodrigues Kerbauy*
Artigo originalmente aceito para publicação na Revista 
Psicologia e Psicoterapia 2,1980, quando a autora ocupava a 
posição de Professor assistente-doutor do mesmo 
departamento. A Revista encerrou atividades sem que ocorresse 
a publicação. Desde então, o artigo foi utilizado em diferentes 
cursos, e cópias foram cedidas a interessados, todos cientes 
da publicação. Decidiu-se, na época, não encaminhar o artigo 
para outra publicação. A autora agradece a publicação tardia, 
sem atualização, a Maly Delliti.
A ênfase da literatura no estudo dd caso único (Skinner,
1961) pode ser a responsável por essa situação, bem como a pouca 
idade da terapia comportamental, que se iniciou na década de 
cinqüenta. Realmente, os terapeutas concentraram seus esforços 
no aprimoramento de técnicas e busca de procedimentos adequados 
a casos individuais.
No entanto, a literatura dos últimos 15 anos, a partir de 
1965, apresenta alguns trabalhos com grupos, procurando analisar 
parte das variáveis envolvidas (Liberman, 1971; Goldstein, 1971; 
Lazarus, 1971; Kass, Silvers e Abroms, 1973). Na revisão anual da 
terapia comportamental, Franks e Wilson (1973) comentaram a 
sessão de terapia de grupo, estabelecendo como importante a 
distinção entre terapia comportamental em grupo e de grupo, 
endossando uma idéia de Goldstein. Realmente, essa distinção 
parece nortear o trabalho dos terapeutas comportamentais, levando- 
os muito mais na direção de, em certo sentido, delegar parte da 
autoridade terapêutica aos participantes. Os membros do grupo
P ro fessora T itu la r do D epartam ento de P s ico log ia E xperim enta l do Institu to de Psico logia 
da USP.
1 7
Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo
participam no sentido de sugerir ou mesmo “cobrar1’ a definição dos 
objetivos dos indivíduos.e do grupo, facilitar situações de treino, 
auxiliar o trabalho, quer modelando comportamento, sugerindo 
procedimentos adequados a instalação ou manutenção de 
comportamentos, bem como reforçando o processo de tomada de 
decisão pelos membros do grupo.
O presente trabalho não se propõe a analisar a literatura 
existente sobre terapia comportamentaí em ou de grupos, mas 
apresentar uma maneira de trabalhar com grupos, em situação 
clínica. No entanto, uma formula pronta não é oferecida. A leitura do 
texto não conduzirá a uma aplicação imediata, mas deverá gerar 
duvidas e privar o leitor de mais informações, motivando a busca de 
novos conhecimentos.
Realmente, poderíamos pensar que o trabalho com gru­
pos, seria justificado em função das tão citadas economia de tem­
po e esforço por parte do terapeuta, bem como no barateamento da 
terapia para o cliente. No entanto, sobrepondo-se a essas justifica­
tivas, existe uma procura de transformar a terapia.numa^yaçfio 
mais próxima ao amhjeolg natural, facilitando a aprendizagem de 
comportamentos exigidos em situações de interação e uma busca 
de maior generalização dos que foi aprendido. Essa generalização 
é facilitada pela exposição a uma ampla variedade de opiniões, va­
lores e modelos de outros comportamentos, bem como pela opor­
tunidade de solucionar problemas de uma maneira mais realista, à 
medida que se observam pessoas com problemas semelhantes ou 
mesmo diferentes.
1. O cliente
Uma primeira pergunta: qual é o cliente para terapia de 
grupo? Em princípio são todas as pessoas com problemas de 
relacionamento, que tenham medo de pessoas ou grupos, bem 
como aquelas pessoas que se disponham a trocar opiniões sobre 
seus valores, atitudes e comportamentos, a realmente expor-se a 
uma crítica construtiva. Segundo Lazarus (1973), aquelas pessoas 
extremamente tímidas e hipersensíveis, os depressivos, os hostis 
ou paranóicos parece que não se beneficiam muito do trabalho de
18
Rachel Rodrigues Kerbauy
grupo. No entanto, os tímidos e aqueles que apresentam problemas 
as hipersensibilidade podem fazer um período de terapia individual 
e posteriormente beneficiar-se dos trabalhos em grupo. A menos 
que exista uma evidência séria do dano que o grupo causaria, a 
maioria das pessoas beneficia-se com o trabalho de grupo, uma 
vez que os problemas de comportamento ocorrem em ambientes 
naturais e são freqüentemente interpessoais. Sendo assim o grupo 
é o local ideal para o diagnóstico e o desenvolvimentode 
comportamentos mais adequados.
2. Decisões do terapeuta
Algumas decisões precisam ser tomadas pelo terapeuta 
ao iniciar um grupo. A primeira delas e coriogmente ao local. Todas 
as condições sociais e físicas devem ser bem estabelecidas. O 
grupo não precisa necessariamente ter o consultório como local de 
funcionamento. No entanto, a sala deve estar arrumada e esperando 
o grupo, sem dar a impressão de improvisação ou ser sujeita a 
interrupções. Os mesmos cuidados dedicados ao atendimento 
individual devem existir neste caso.
Outra característica ainda preparatória, mas igualmente 
necessária, seria o planejamento da seleção dos possíveis 
membros do grupo. Quando se trata de grupo terapêutico, o próprio 
terapeuta pode encontrar os membros entre seus clientes ou então 
receber encaminhamentos por colegas ou profissionais de áreas 
afins. Contudo, grupos também podem ser preventivos. Por 
exemplo, visando desenvolver habilidades em mães de primeiro filho, 
treinamento de pais quanto à maneira de lidar com seus filhos ou 
ainda auxiliar pessoas próximas aposentadoria a planejar sua vida 
para as mudanças que ocorrerão, entre outras possibilidades. 
Nesses casos, o planejamento de como recrutar interessados é 
mais problemático, uma vez que nenhuma urgência ou desconforto 
as “obriga” a iniciar esse trabalho.
Juntamente com esse planejamento, antes de iniciar-se o 
grupo, o objetivo do mesmo deve ser estabelecido pelo terapeuta. 
Essa decisão implica na análise da composição do grupo. É possí­
vel maximizar a heterogeneidade do grupo quanto à variação em
19
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
idade, sexo, nível socioeconômico e problemas ou técnicas, ou 
homogeneizar quanto a algumas dessas características. Na reali­
dade, em situação terapêutica, a homogeneidade quanto ao objeti­
vo pode ser encontrada, e o trabalhp_com problemas de comporta­
mento em comum tende a ser bastante produtivo. Este é o caso de 
controle do comportamento alimentar (Kerbauy,1972), comportamen­
to assertivo (Lazarus,1968; Galassi, 1974). É possível o emprego 
da mesma técnica para todo um grupo, afetado pelo mesmo pro­
blema, como a dessensibilização para tratamento da ansiedade ao 
falar em público (Meichenbaum, Gilmore e Fedoravicious, 1971). O 
grupo heterogêneo quanto à maior parte de suas características é 
defendido por Johnson (1975), por possibilitar uma variedade de 
experiências culturais e potencialidade para desempenho de papéis, 
é também realizado com crianças por Gittelman (1965). Embora 
Lazarus (1971) deixe claro que o grupo deva ser formado tendo 
como base a avaliação comportamental de seus membros, escla­
rece que quando os membros do grupo são muito diferentes entre 
si quanto à inteligência e nível social, é difícil ou impossível para eles 
identificarem-se uns com os outros ou comunicarem-se de manei­
ra significativa.
Concluindo, diríamos que trabalhar com um grupo homo- 
gêneo ou heterogêneo é da escoiha excltiSivaxlQ terapeuta, e das 
condições de. que dispõe. Entretanto, nossa opinião é de que um 
grupo heterogêneo apresenta a vantagem de enriquecer o treino 
comportamental e a discussão sobre valores ou atitudes, enquanto 
que o grupo homogêneo exige do terapeuta um repertório terapêutico 
mais elaborado, considerando o problema específico do grupo.
JK recomendação quanto ao tamanho, do^rupo.varia entro 
os autores. Elis (1977) propõe de 10 a 13 membros. Lazarus, em 
1971 , propõe de 15 a 20. Cinco anos após, Lazarus menciona entre 
dez e 12, e Johnson (1975), sugere entre sete e oito membros. Dar 
início a um grupo de adultos de até dez membros permite desistên­
cias, é um número razoável, pois facilita a. participação individual e 
mantém as características de grupo, embora consideremos mais 
confortável contar com oito participantes. No caso de crianças, esse 
número precisa ser menor, de cinco a oito membros aproximada­
mente.
20
Rachel Rodrigues Kerbauy
A.duração do grupo pode variar de acordo com a 
homogeneidade ou héterogeneidade do mesmo e com os objetivos 
propostos individualmente e pelo grupo. Geralmente tem uma 
duração combinada de 3 a 6 meses, freqüentemente com uma 
sessão semanal com duração entre 90 minutos e duas horas. Dessa 
maneira, o grupo se configura como um trabalho transitório, uma 
maneira de ajuda.
Além desses cuidados iniciais já citados, que propiciam o 
bom funcionamento do grupo, é preciso considerar a seleção de 
seus membros. Cabe ao terapeuta fazer uma ou duas entrevistm- 
jniciais.(às vezes mais), para conhecer os p ro b le ^ 
determinar sè a terapíá é adequada, e qual o grupo que se adapta à 
pessoa em questão. O terapeuta deve poder operacionalizar os 
problemas de cliente em alguns objetivos que, mesmo não sendo 
comunicados ao cliente, capacitam o profissional a fazer uma 
programação razoável sobre o grupo. O cliente deve ficar informado 
sobre como se desenvolve um trabalho de grupo e ter clareza de 
seus próprios objetivos ao entrar no grupo, embora alguns deles 
possam ser alterados no decorrer dos trabalhas.
Até aqui analisamos quase que somente as características 
gerais que antecedem o trabalho com o grupo. A etapa seguinte 
seria descrever como se processa o trabalho, do estágio inicial até 
o fim, ou seja, como são conduzidas as sessões.
3. Condução de um grupo
As sessões iniciais, especialmente a primeira, necessi­
tam de um terapeuta treinado e tranquilo, que conduza o grupo a 
um estado de confiança e cooperação. Isso geralmente é conse­
guido através das palavras iniciais do terapeuta sobre a conveniên­
cia de deixar claras as regras que conduzirão todos os trabalhos. 
Pode iniciar falando do_sigilo eda.necessidad£-de.não se comentar 
com terceiros fatos ocorridos no grupo, a fim de aumentar a proba­
bilidade das pessoas expressarem realmente aquilo que sentem, 
além daquilo que fazem, e enfatizar como isso permitirá um clima 
de confiança entre os membros. Pode-se continuar a estabelecer 
as regras do grupo através da discussão quanto a horário, atraso,
21
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
freqüência das sessões, quantidade de verbalização dos membros 
e discussões. ÈTconveniente que se discuta a maneira pela qual as 
. críticas.podern ser-feitas e mesmo, se do interesse do grupo, ana­
lisar a crítica construtiva, a necessidade de justificar quando uma 
crítica não é bem compreendida, como também os problemas de 
suscetibilidade exagerada. Convém que o grupo se posicione sobre 
esses assuntos. A atitude do terapeuta é mais no sentido de propici­
ar o aparecimento de sugestões, formulando perguntas de esclare- 1 
cimento, reforçando liberalmente todas as sugestões dos membros 
em direção a coesão e cooperação entre os membros envolvidos.
Qsobjetiv.QS-de.cada um.dQSjnemb.ro$ devem, ser formu­
lados, possivelmente na primeira sessão. Nas sessões seguintes, 
a descrição dos objetivos deve ser orientada em direção à maior 
precisão evitando-se termos vagos. São ferramentas úteis pergun­
tas iniciados por palavras como “quando, como, com que freqüên­
cia, onde” e assim por diante, da mesma maneira que se conduz 
uma entrevista individual. Nas demais sessões, esses objetivos 
poderão ser ainda mais esclarecidos, se já não o foram, através de 
uma observação mais acurada dos acontecimentos da semana. 
Convém que o terapeuta não “assuste" os membros do grupo pro­
pondo um registro detalhado e por escrito ou discutindo tarefas. 
Freqüentemente acontece que algum dos membros anota seus 
dados e outros membros começam a fazê-lo ou, posteriormente, o 
próprio grupo ou o terapeuta dá ênfase à necessidade de mais da­
dos sistematicamente coletados.
C.^ be...ao terapeuta iniciar o emprego, de alg.umas técnicas 
muito utilizadas em grupo, como o caso de treino comportamental 
7 ', e ou troca de papeis, para deixar claros os problemas e objetivos,t 1 dos membros do grupo. Convém ainda que ele inicie a modeiação
de alguns comportamentos, sendo sempre direto ao dirigir-se aos 
/ membros do grupo, e evitando enfocar só um problema ou só um 
\ indivíduo.
À medida que todos os objetivos individuais estão definidos 
e também se estabeleceu algum objetivo para o grupo, está na hora 
de iniciar-se uma etapa intermediária. Ela consiste em gerar 
alternativas para os problemas apresentados, selecionando-se 
técnicas de tratamento individual ou algumas que se apliquem a
22
Rachel Rodrigues Kerbauy
mais de uma pessoa. Aqui, novamente, o terapeuta não é exatamente 
o conselheiro, mas sim aquele que dispõe de um repertório técnico 
e experiência de aprendizagem, e que, portanto, informará e 
explicará as técnicas necessárias para as situações que apareçam. 
As discussões que ocorrem e as soluções apresentadas devem 
ser reforçadas pelo terapeuta, pois um dos comportamentos 
importantes, que deverá ser instalado em qualquer terapia, é o de 
estar centrado no problema, emitindo comportamentos em direção 
a soluções possíveis.
Nesta etapa ainda, terapeuta e membros do grupo devem 
estar preocupados em se informar sobre os progressos dos 
membros do grupo, cobrando dados e analisando registros. Os 
clientes progredirão em ritmo diferente: alguns evoluem muito 
rapidamente, outros apresentam pouco ou mesmo nenhum 
resultado. Nesses casos, o grupo todo terá oportunidade de se 
familiarizar com os procedimentos para estabelecimento de 
autocontrole e a técnica de aproximações sucessivas ao 
desempenho final, possivelmente já erpprégadas, inicialmente, na 
determinação de alguns programas, facilitando o desempenho 
através de planejamentos ambientais ou controles instrucionais, e 
mesmo por meio da modelação em situação natural, se for o caso. 
Membros do grupa poderão atuar fora da sessão, se assim for 
combinado, modelando e reforçando, por exemplo, comportamentos 
sociais em festas ou reuniões, para uma pessoa que apresenta 
esse problema. Em todas essas sessões, o auto-relato é 
empregado, levando a pessoa cada vez mais a uma explorar 
aspectos de seu comportamento, bem como especificar o que as 
outras pessoas realmente fazem em relação a ele, fora da terapia, 
o que evitaria exigências irreais no caso de queixas constantes.
Essa fase do jra^hJK lfi.9 rupoé_a. mais rica, poispropjçia 
o.empregcTde_álgumas técnicas como o treino comportamerital; a 
modelação; a aprendizagem de discriminações, inclusive 
discriminações finas da percepção do outro, de quais componentes 
se destacam naquele contexto; reforçamento social; a utilização 
sistemática de co-terapeutas, inclusive de sexos ou idades 
diferentes, muito úteis no caso de trabalho de um terapeuta mais 
velho lidando com adolescentes, por exemplo etc.
23
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
Portanto, um maior tempo de funcionamento do grupo é 
dedicado à instalação e manutenção de alguns comportamentos e 
da “descoberta” de que freqüentemente os comportamentos são 
mantidos pelas suas conseqüências, de que é possível discutir e 
alterar pensamentos, de quais problemas tem soluções. Os 
princípios ou ações aprendidas passam a ser, pouco a pouco, 
aplicadas no grupo. Mesmo fatos dramáticos, que estão acontecendo 
ou polarizando as atenções de todos, podem ser vividos ou 
executados na situação de grupo, aparentemente “prejudicando” um 
pouco o andamento esperado da sessão, mas trazendo, quase 
sempre, resultados excelentes.
Na maior parte das sessões, além de um resumo do 
ocorrido na sessão anterior, é também planejado o que deverá ocorrer 
na próxima. Episódios eventuais podem alterar essa situação, 
retornando-se posteriormente à situação anterior. Os problemas 
principais enfrentados na condução de grupos são as agressões 
muito violentas, ou pessoas sensíveis que muitas vezes choram 
durante a sessão. No caso do chorar, esse comportamento passa 
a ser analisado pelo grupo com orientação segura do terapeuta, e a 
manipulação que o comportamento pode envolver é dessa maneira 
trabalhada. Quanto à forma de criticar, todo o cuidado deve ser 
desenvolvido desde o primeiro dia de funcionamento do grupo, 
procurando-se maneiras de realizar um trabalho construtivo, seja 
alterando a forma, explicando melhor a crítica não aceita ou, ainda, 
analisando a sensibilidade de quem a recebeu.
Em um grupo comportamental não se espera uma análise 
de processos inconscientes, e o grupo é conduzido a uma 
explicação mais parcimoniosa, a análise funcional, com. a 
investigação do onde e quando determinado comportamento 
ocorreu, e quais suas conseqüências. Busca-se, ainda, uma 
exploração .dos .pensamentos ou sentimentos que surgem nessas 
ocasiões, permitindo um trabalho bastante satisfatório para o 
paciente e terapeuta.
Como a tendência atual é mais no sentido de trabalhar 
em terapia dej^rupo e não em grupo,, todos os membros sen/em 
comolãtõFde mudança e se analisa o que acontece dentro e fora 
do grupo, com soluções e discussões em que todos os elementos
24
Rachel Rodrigues Kerbauy
participam. A riqueza de conteúdo é enorme, faltando pesquisas para 
avalizar cada uma dessas fases e mostrar em detalhes as diferenças 
que ocorrem em cada etapa do processo. Por isso, a maior parte 
do trabalho está ainda sob o controle do terapeuta, de seu repertório 
técnico e conteúdo humano.
Johnson (1975) dá ênfase aopapelda supervisão para os 
terapeutas iniciantes, especialmente nas sessões preparatórias. 
Nessas sessões, há fornecimento de “feeçlbsck”, manutenção da 
discussão do grupo, aprendizagem de como dar dicas e saber 
desviar os assuntos para pontos relevantes. Achamos que o grupo 
deve ser conduzido por terapeuta com experiência e seu co-terapeuta 
poderá ser um iniciante em treinamento. Em qualquer caso, de 
preferência imediatamente após o término de cada sessão, o trabalho 
deve ser avaliado pelos terapeutas, quç analisarão o desempenho 
do grupo. Anotarão o quanto participaram as pessoas, quais os tipos 
de problemas trazidos, as soluções apontadas e seus proponentes, 
que membros são mais colaboradores, fazem mais piadas, 
oferecem mais informações, promovem sentimentos positivos ou 
negativos, mostram tensão ou antagonismo, pedem orientação ou 
sugestões etc. Esse trabalho de avaliação é rápido, pode ser 
transformado em uma tabela com comportamentos (na ordenada) 
e nome dos membros (na abscissa), o que facilitará inclusive a 
avaliação do desenvolvimento de cada participante no decorrer do 
grupo. O co-terapeuta pode fazer essa análise ao mesmo tempo 
que o terapeuta, mas separadamente, para que divergências possam 
ser discutidas, bem como preparadas as dicas ou técnicas para as 
próximas sessões. Um trabalho mais sistemático nesse sentido 
conduzirá a pesquisas futuras, uma vez que, a despeito de suas 
peculiaridades, cada grupo deve apresentar um desenvolvimento 
comum.
Finalmente, mas não de menor importância, o terapeuta 
deve ser capaz de dar dicas claras e reforçar a habilidade do 
participante do grupo de ãbstrãír informações relevantes, mesmo 
que ele não esteja sendo o toco de atenção. Como há muitos modelos 
de relacionamento interpessoal, satisfatório ou não, é possível tornar 
a sessão proveitosa à medida que se aprende a extrair dicas do que 
acontece com os outros e das análises que vão sendo feitas.
25
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
No final do tempo determinado para o trabalho de grupo, 
inicia-se e prepara-se seu término. Durante todo o trabalho, os mem­
bros do.grupo relataram seus progressos e/ou dificuldades. Nas 
ultimas sessões, os dados existentes são comparados, de modo a 
avaliar os objetivos individuais e gerais. Muitas vezes, o fato de exis­
tir o prazo especificado leva as pessoas a trabalharem arduamente 
nesse final ou a apresentarem explicações, aceitas ou não, sobre 
suasdificuldades
Cabe, ainda aqui, o planejamento da manutenção dos re­
sultados obtidos ou, mesmo, as sugestões de iniciar a modificação 
de algum outro comportamento. Alguns membros combinam tele­
fonemas ou encontros para facilitar esse processo. Corno todo o 
trabalho foi centrado na execução de tarefas específicas fora da 
terapia, essa transferência é muitas vezes facilitada.
O terapeuta pode aproveitar as duas sessões finais para 
uma análise ..d£_gua conduta como Jídei do grupo, e para colher im­
pressões dos clientes sobre a eficácia do grupo. Isto é, de certa ma­
neira, uma avaliação das modificações reais ocorridas com muitos 
dos membros devidos às. críticas construtivas que apresentam.
4. Os grupos com crianças
O trabalho de grupo com crianças é pouco abordado na 
literatura, embora Gittelman (1965) apresente uma proposta de tra­
balho com treino comportamental. Neste artigo, propõe a 
apre-sentação das situações nas quais os membros têm dificulda­
de, obedecendo a uma hierarquia desde as que provocam menores 
reações ate as mais difíceis. À medida que a criança atua e tolera 
bem essas situações, inicialmente aversivas, as outras serão apre­
sentadas e assim por diante. Gittelman trabalhou com crianças 
agressivas, em sua maioria. Em determiandas situações, apresen­
tava a elas feedbacks negativos para as agressões abertas e res­
postas emocionais, neutros para respostas passivas e positivos para 
respostas verbais.
Segundo Oliveira Lima (1980) o trabalho em grupos com 
crianças precisa ser muito dinâmico e com materiais variados 
disponíveis, desde marcenaria e argila, até de culinária e artes, sendo
26
Rachel Rodrigues Kerbauy
que a presença de alguém que funcione como modelo para 
desempenho da tarefa e sirva de monitor é recurso muito eficaz e 
produtivo. Realmente, é muito difícil, e talvez ineficiente, desenvolver 
um trabalho puramente verbal com crianças até 11 ou 12 anos. É 
importante um treino em concentração na atividade, organização 
de trabalho, convivência cooperativa e amistosa, trabalho produtivo 
com um material e conclusão das tarefas iniciadas.
Segundo Oaklander (1978), uma gestaltista que descreve 
de maneira fascinante seu trabalho, “o processo de grupo é o aspecto 
mais valioso de trabalho grupai com as crianças. A forma como 
elas se experienciam mutuamente, e como reagem e se relacionam 
umas com as outras na terapia de grupo, é algo que revela 
abertamente as suas relações interpessoais de modo geral” (p. 318). 
O terapeuta, trabalhando com a criança no grupo, propicia uma 
experiência efetiva de compor tratamentos novos, além de a criança 
perceber que as outras têm sentimentos ou problemas semelhantes.
As sessões de grupo com crianças ou adultos, em terapia 
comportamental, são estruturadas, planejando-se os materiais, 
atividades e jogos. No entanto, é preciso atuar com flexibilidade se 
uma das crianças ou o grupo traz um problema de interesse pessoal 
ou coletivo, que envolva a participação do grupo ou que precise ser 
trabalhado individualmente, para que as atividades sejam alteradas 
de acordo com o exigido pelo contexto. A avaliação diária do terapeuta 
a respeito de seu trabalho mostrará seus acertos ou enganos no 
processo de tomada de decisão, e servirá c o m o uma aprendizagem 
a ambos, clientes e terapeuta.
5. Conclusão
Concluindo, diríamos que o trabalho de grupo é gratificante, 
os resultados excelentes para a maioria dos participantes, pois, 
embora nem sempre mudanças dramáticas ocorram, resta um 
saldo positivo de participação em um grupo de discussão bastante 
verdadeira e livre e, geralmente, é uma maneira de enfrentar 
problemas de um modo mais realista.
Há, ainda, a colocar, um problema de posição pes-soal em 
Psicologia. Em um país como o nosso, com problemas de nutrição,
27
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
desinformação em várias áreas, educação etc., formar psicólogos 
em cursos dispendiosos para atuarem como clínicos para camadas 
sociais que possam arcar com o ônus econômico desse trabalho 
parece não satisfazer. A busca de uma maneira de trabalhar mais 
adequada aos nossos problemas pode ser, em parte, satisfeita com 
o trabalho de grupos, Os resultados são suficientemente bons para 
que se aprimorem técnicas e se o material levantado foi sistematica­
mente analisado é possível começar a propor uma metodologia de 
trabalho eficiente e facilitar o treino de novos profissionais.
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28
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Skinner, B.F. (1961) Cumulative Record. New York: Appleton-Century-Crofts.
29
Capítulo 1
Terapia Analítico 
Comportamental em 
Grupo
Maly Delitti*1
1. Introdução
Nos últimos anos, a eficácia da Análise Aplicada do Com­
portamento na intervenção e mudança de muitos problemas huma­
nos vem sendo cada vez mais reconhecida. Nessa abordagem, 
considera-se que o ambiente tem um papel fundamental na mode­
lagem e manutenção de padrões de comportamento. O comporta­
mento, qualquer que seja ele, tem uma função e é através da análi­
se das contingências de aquisição e/ou de controle dos mesmos 
comportamentos que se quer poder chegar a mudanças. De acor­
do com Skinner (1974) se o indivíduo se tornar consciente das con­
tingências que controlam seu comportamento será mais eficaz em 
controlar a sua vida. Analisar e modificar contingências é o objetivo 
da aplicação clínica da análise do comportamento que tem sido
1 M aly Delitti - Doutora em P s ic o io g ia - P ro fessora do D epartam ento de M étodos e Técn icas 
da F acu ldade de P sico log ia da Pontifíc ia U n ivers idade C ató lica PUC-SP. S uperv isora do 
A m bu la tó rio de A nsiedade - IPq - HC - FMUSP, C oordenadora e Terapeuta do C eA C - 
C entro de A ná lise do C om portam ento , São Paulo, e-m ail: m alyde l@ uo l.com .br
* Facu ldade de P sico log ia daPontifíc ia U n ive rs idade C ató lica PUCSP.
33
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
chamada Terapia Comportamental. Ferster (1979) afirma que a te­
rapia é um tipo de interação social que envolve o controle recíproco 
do comportamento dos indivíduos envolvidos, e o “primeiro aspecto 
a ser estudado consiste em saber como terapeuta e cliente alteram 
o comportamento um do outro, no contexto da sessão de terapia” . 
Esse autor ressalta que outro aspecto importante consiste em in­
vestigar se e como os comportamentos verbais que são emitidos 
como resultado da terapia podem alterar os comportamentos emiti­
dos em situação natural. Ferster (1979) afirma, ainda, que a terapia 
possibilita que o ciiente íale de seus eventos internos e “à medida 
que o terapeuta torna-se um ouvinte há a possibilidade do cliente 
observar os determinantes de seus comportamentos e de quais 
variáveis são função”.
De acordo com Zettie (1990), as regras (ou crenças), 
descrições verbais de contingências que o cliente faz na situação 
terapêutica, podem vir a controlar seu comportamento. Quando o 
indivíduo aprende a seguir suas próprias descrições verbais das 
contingências nas quais está inserido, fica sob controle mais 
adequado da correspondência dizer-fazer, e, então, emite 
comportamentos mais adequados, pois ele poderá reagir eficazmente 
quando o controle por contingências estiver enfraquecido. O cliente 
que, a pedido ou sob controle de verbalizações do terapeuta, faz 
descrições verbais de contingências que atuam sobre seus 
comportamentos em situação natural, pode reagir mais eficazmente 
quando estes controles não estiverem atuando. Para que isto ocorra, 
o terapeuta deve planejar contingências que fortaleçam a 
correspondência entre dizer, isto é, “ relatar” ou “descrever" 
comportamentos na sessão, fazer, ou “emitir” outras categorias de 
comportamento em seu ambiente natural, e voltar a dizer, ou seja, 
“relatar” novamente para o terapeuta, o qual por sua vez deve 
investigar se esta correspondência existe. Como na situação de 
terapia em grupo os clientes fazem parte das contingências o 
terapeuta deverá estar muito atento para que esta correspondência 
ocorra evitando possíveis respostas de esquiva ou de agressividade 
entre os clientes.
T: Olá pessoa! como foi a semana de vocês?
34
Maly Delltti
D (mulher, 58 anos): Eu pensei muito no que a gente conversou 
aqui, sobre eu colocar limites para o meu filho e...
S (homem, 54 anos): (interrompendo D. e falando alto) Já sei, já 
sei, mais uma vez você ficou só pensando e não fez nada e, 
como sempre, depois ficou p... com você mesmo.
D: Não, dessa vez foi diferente, mas não quero falar mais nada... 
Fale você V. (virando para outra cliente), como fo i sua
semana?
T: Espere um pouquinho D. Quero saber o que foi diferente dessa 
vez. Parece-me que você ia falar sobre algo... quando S. a 
interrompeu e eu estou interessada em ouvir você.
Neste trecho de sessão observa-se que quando D. 
começa a fazer a descrição de uma contingência de sua relação 
com o fiiho, o outro cliente S. parece punir sua verbalização, o que 
se observa por sua resposta de esquiva. O terapeuta procurajmpedir 
que a cliente se esquive demonstrando seu interesse.
Uma característica da abordagem comportamental que 
aumenta sua eficácia e que fica evidente no trabalho com grupos é 
o seu ^specto pedagógico ou instrucional. O terapeuta pode ensinar 
a seus clientes sobre análise do comportamento: sobre relações 
entre os comportamentos e as suas conseqüências, a descrever 
contingências e construir suas próprias regras. Na realidade, os 
resultados mais duradouros e generalizados são obtidos quando o 
cliente aprende a analisar as contingências de seu ambiejite 
envolvidas em suas queixas. Ensinar análise funcional ao cliente é 
um dos melhores procedimentos terapêuticos. Cabe ressaltar, no 
entanto, que para que esta estratégia seja efetiva é necessário 
adequar a linguagem e utilizar exemplos da vida dos clientes, sem a 
preocupação de utilizar termos técnicos que podem ser de difícil 
entendimento para algumas pessoas.
No grupo, as regras decorrentes dahistória de vida dos 
diferentes indivíduos podem ser evidenciadas, questionadas e 
utilizadas como modelos para novos repertórios. É uma excelente 
oportunidade para o individuo observar e refletir sobre a sua própria 
habilidade social. Além disso, propicia condições de aprendizagem
35
\< ; laníoatravés de uma participação ativa como através da observação. 
Por exemplo, já tivemos clientes que após algumas sessões nas 
quais emitiram baixa frequência de verbalização relatam que “me 
lembrei daquela situação que o V. contou da relação dele com o pai 
e das alternativas que o grupo levantou e resolvi fazer igual com o 
meu pai.. Deu certo, adorei...” .
Outra vantagem desta modalidade de atendimento decorre 
do fato de o reforçamento ser diversificado $ imediato. Realmente, 
os membros do grupo são capazes de prover uma fonte adicional de 
reforçamento positivo social e uma preocupação com a melhora de 
performance dos membros do grupo. O terapeuta não é mais o único 
determinante do comportamento do grupo. A situação grupai pode 
funcionar como um laboratório no qual se experimenta novos 
comportamentos e se desenvolvem novas formas de relacionamento. 
Os membros do grupo provêem um reforço imediato para aquilo que 
se constitui num comportamento apropriado em dada situação. Além 
disso, os membros do grupo podem experimentar novas formas de 
comunicação com outras pessoas em situações que simulem mais 
proximamente o mundo real. Há uma ampla base para modelação 
social em grupos, e os membros do grupo podem facilitar a aquisição, 
e a manutenção de comportamentos socialmente reforçados. No 
grupo comportamental cada participante tem a possibilidade de 
comportar-se como liderou de ensinar papéis para outros membros 
do grupo. Se um dos membros do grupo tem habilidades que são 
valorizadas por outros membros pode ensiná-las para o grupo; ele 
pode ser convidado a ajudá-los a obter as mesmas habilidades e à 
medida que aprende os conceitos e procedimentos pode dar modelo 
para outros participantes.
Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo
2. Organização do grupo.
2.1. Planejamento
Antes do início da formação do grupo os terapeutas 
deverão decidir e planejar vários aspectos em relação ao grupo, 
respondendo as questões que se seguem.
36
Maly Deliti
a) Qual é o objetivo do grupo?
O grupo será para obtenção de dados para pesquisa? 
Atendimento em consultório ou em instituição? Se instituição, trata- 
se de uma dínica-escola, hospital psiquiátrico, posto de saúde ou 
empresa? A resposta a esta questão determinará todas as 
características do grupo. Neste capítulo apresentamos um modelo 
de atendimento que temos utilizado Janto com clientes de consultório 
quanto com os de uma dínica-escola e os de hospital psiquiátrico. 
Em outros capítulos deste livro, estão apresentados relatos de trabalho 
de pesquisa e de atendimento em instituições. Uma das características 
da Análise do Comportamento é a utilização de uma definição objetiva 
dos probjemas para fins^a aná|ise funcional. A definição e descrição 
operacional dos objetivos são indispensáveis para o planejamento 
das intervenções e, também, para a avaliação dos resultados.
b) Quantos clientes participarão do grupo?
Não existe uma norma ou recomendação que especifique 
o número ideal de participantes. Esta é uma das decisões que o 
terapeuta deverá tomar, considerando seus objetivos e as demais 
características do grupo. Grupos maiores (mais de 8 participantes) 
demandam um maior treino-terapêutico, embora sejam muito úteis 
nas instituições (hospitais, emprèsas) nas quais a demanda por 
atendimento costuma ser maior. Terapeutas menos experientes 
provavelmente se beneficiam se trabalharemcom grupos menores 
(4 a 5 pessoas) e, portanto, com menos diferenças individuais em 
termos de problemas e de história de aprendizagem. Grupos 
menores, por outro lado, podem trazer outro tipo de dificuldade: se 
um participante faltar, o que realmente pode ocorrer, a interação na 
sessão pode ficar pequena ou aversiva para os membros do grupo. 
Em nossa experiência.eanciuímos que um grupo com 6 a 8 clientes, 
traz vantagens em termos deinlecação, modelação e aprendizagem - 
interpessoal ê, ao mesmo tempo, permite a atenção adequada para 
a análise e intervenção com cada um dos clientes.
c) Quantos terapeutas?
Um terapeuta pode atender ao grupo sozinho. Entretanto, 
contar com um co-terapeuta tem se mostrado extremamente produtivo.
37
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
Na situação de grupo fica difícil para um único terapeuta observar e 
/ discriminar os comportamentos verbais e não-verbais de todos os 
clientes. Assim, enquanto um terapeuta está interagindo com um cliente, 
o outro terapeuta observa os demais e. se preciso, interfere, mudando 
o foco da análise ou completando a verbalização. Deve-se, entretanto, 
tomar cuidado para que um terapeuta não fique constantemente 
completando a afirmação do outro o que pode reduzir a oportunidade 
de participação dos membros do grupo.
O trabalho em co-terapia vem sendo estudado por vários 
autores (Zaro, Barach, Neldelman,1981), e, bem planejado, traz 
muitas oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento para os 
clientes, além de facilitar o treino e aprimoramento dos terapeutas. 
Em situações que podem ser aversivas ou mais difíceis para um 
dos terapeutas - por exemplo, quando o relato de um cliente evocar 
encobertos intensos em um dos terapeutas - o outro terapeuta usar 
modelação ou auto-revelação de forma mais objetiva. Cada 
terapeuta pode funcionar como um controle para o comportamento 
do outro, diminuindo a probabilidade de vieses e aumentando as 
fontes de reforçamento. Por outro lado pode ocorrer de os dois 
terapeutas competirem, pela atenção dos clientes, interrompendo 
um ao outro ou discordando. Por isto, yuando há dois terapeutas, f 
principalmente em situações de treino, cfêve-se píanejar antes quem “ '* 
conduzirá a sessão e quem terá o papel de co-terapeuta! A falta de 
contato entre os dois terapeutas e as dificuldades interpessoais 
precisam ser resolvidas antes de iniciar o trabalho em equipe.
A presençade um observador na sala do atendimento, 
mas fora do grupo (afastado do círculo) e que não participa da 
sessão, peio menos em termos de comportamento verbai, tem sido 
urn LecLLrso valioso tarito no desenvolvimento do grupo como "no 
das habilidades dos terapeutas. Õs objetivos do observador são 
observar e registrar os comportamentos verbais e não-verbais dos 
membros do grupo em sua interações com os terapeutas para 
aumentar a fidedignidade dos dados coletados.
d) O grupo será homogêneo ou heterogêneo? ^ ^
O grupo será composto por pessoas semelhantes em 
termos de idade, tipo de problema, e sexo dos participantes ou não?
38
MalyDelliti
Esta decisão depende dos objetivos do trabalho, isto é, grupos 
homogêneos são mais adequados para realizar uma pesquisa, para 
discutir uma temática específica (por exemplo, grupo de mulheres 
para discutir sexualidade), ou grupos heterogêneos com temas mais 
genéricos como habilidades sociais, problemas de relacionamento, 
ansiedade etc. Preferimos grupos heterogêneos porque, a partir da , 
prática clínica com estes grupos, concluímos que há uma maior L 
probabilidade de generalização para a situação natural, dada a ; 
diversidade de modelos e de reforçamento. J
e) O grupo será aberto/fechado?
Novos membros podem passar a participar do grupo 
depois de seu início ou não? Se a opção for pelo grupo fechado 
cada pessoa assume o compromisso de participar por algum tempo 
específico (alguns meses, por exemplo). Quando se trabalha com 
grupo aberto o terapeuta deve se lembrar que sempre que um novo 
membro for acrescido deverá ser já ocorreu
no grupo e uma retomada das regras e condições do grupo. Nas 
instituições como hospitais e centros de atendimento à saúde, este 
tipo de grupo é mais freqüente nas enfermarias. No entanto, nos 
ambulatórios, é possívei a realização de grupos fechados, temáticos, 
e às vezes com número pré-determinado de sessões tanto para 
pesquisa quanto para atendimento aos pacientes da instituição.
f) Local, duração, freqüência e valor das sessões.
Em nosso trabalho, grupos com encontros semanais de 
4^ 2 horàt\de duração têm se mostrado adequados. Sessões mais 
ciJrfas impedem a participação da maioria dos clientes e sessões 
mais longas costumam ser cansativas e pouco produtivas.
É difícil estabelecer ojDreçfuJa sessão de grupo. Para 
atender seis ou mais pessoas é preciso uma ja la de tamanho 
grande. Além disso, trabalham dois terapeutas e um observadõTêo 
~pTãaejamen.to e discussão da.aès_são demanda „várias horas além 
das utilizadas durante o. atendimento. Na nossa experiência, no 
atendimento erri grupo em consultório particular, é justo cobrar 50% 
do valor da sessão individual.
39
Terapia Analítíco-Comportamental em Grupo
Uma estratégia que tem trazido bons resultados é a que 
chamamos de “esquema combinado” : faz parte das regras 
combinadas com ó grupo a possibilidade de ocorrerem eventuais 
sessões individuais, solicitadas por um cliente ou pelo terapeuta, 
para facilitar o desenvolvimento do grupo. Nestas sessões são 
analisadas possíveis dificuldades do cliente em relação ao grupo, 
quer por algum conteúdo aversivo, ou por alguma dificuldade em 
relação a outro. Deve-se enfatizar que nestas sessões, que ocorrem 
com pouca freqüência, o indivíduo é incentivado a contar quando 
estiver em uma sessão com o grupo sobre os assuntos da sessão 
individual, sendo ressaltado que o objetivo é participar efetivamente 
do grupo.
2.2.0 início
Em sessões individuais (uma ou duas) antes da primeira 
sessão do grupo, os terapeutas~coletàm TnTõfmáçõessobre as 
expectativas dos clientes, os comportamentos que estes consideram 
como problema e, se possível,, as contingências de aquisição e a 
sua manutenção. A!ém djsso, os terapeutas procuram se estabelecer 
como audiência não-punitiya, explicando o processo e os princípios 
da terapia em grupo. Desde este" primeiro contato, deve-se ter a 
preocupação de criar a coesão do grupo, uma condição 
indispensável para o seu bom andamento.
Após essas prímeiraa-entrevistas-4fídivlcluaisT--podern jser 
jdentifiçadas.diferentes fases na condução dos grupos. Na primeira 
sessão, os T criam condições para os participantes se conhecerem, 
com cada um dos membros se apresentando e colocando suas 
expectativas iniciais. Uma outra forma de começar o grupo é pedindo 
a um membro que se apresente à pessoa que está ao seu lado, falando 
de suas características pessoais e de seus maiores interesses. Após 
a dupla interagir por alguns minutos (2 ou 3) um apresenta o outro 
para o grupo, Esta estratégia (duplas) pode facilitar a emissão de 
relato verbal em clientes com mais dificuldade. De qualquer forma, o 
importante é que os T esteiam atentos para reforçaras verbalizações 
de cada cliente e para. mostrar aspectos de semelhança ou d¥ 
similaridade entre os membros. No início do grupo (nas primeiras 3 
ou 4 sessões), os objetivos principais são reforçar o comportamento
40
Maly Delliti
de “ser cliente” (pontualidade, assiduidade, cooperação), retomara 
cõTeta^elrHciar a análise dos dados que foram abordados nas 
entrevístas jjndTviduaiã. É indispensável o estabelecimento de controle 
positivo entre os membros, isto é, o terapeuta deverá reforçar os 
comportamentos verbais do tipo tato e o de reforçamento recíproco 
entre os membros. É também importante que o terapeuta esteja atento 
para identificar e indicar aos clientes os comportamentose 
contingências de vida semelhantes ou que de alguma forma favoreçam 
a interação e a aprendizagem de uns pelas contingências de 
aprendizagem dos outros.
A atração ou coesão de um grupo é uma das variáveis 
indispensáveis para o sucesso. Yalom (1985) afirma que “a coesão 
é o resultado de todas as forças que atuam sobre todos os membros 
do grupo, de maneira que permaneçam no grupo, ou de forma mais 
simples a atração de um grupo por seus membros. jDs membros 
de um grupo coeso sentem afeto, conforto j^u m seiitido de 
pertinência no grupo._Eles valorizam o grupn e sentem que-são 
valorizados, aceitos e amparados pelos outros membros.” Pode-se 
considerar a coesão como uma razão entre a taxa de reforçamento 
e a de punição iiberada no grupo, isto é, grupos mais coesos são < 
aqueles nos quais existem mais comportamentos mantidos por | 
controle positivo do que por controle aversivo. Skinner“(1989) afirma J 
que o” próprio terapeuta constitui uma audiência não punitiva... e o 
comportamento que até então foi reprimido começa a aparecer no 
repertório do paciente”. No contexto do grupo, a coesão faz com 
que cada membro se estabeleça como parte de um ambiente não- 
punitivo e, assim, favorece a emissão de padrões de comportamento 
que são punidos na situação natural.
A coesão é tão importante p.ara a terapia em grupo quanto 
o relacionamento terapêutico para a terapia individual. De acordo com 
Rosenfarb (1992), freqüentemente, os indivíduos que procuram terapia 
não aprenderam determinados padrões comportamentais em sua 
história de vida, e o terapeuta pode, na situação de terapia, modelar 
novos comportamentos. No grupo terapêutico as contingências de 
controle são mais complexas. _QJatape iita fica sob controle rins V 
comportamentos dos clientes e estes sob conlroledas contingências 
liberadas pelo terapeuta e pelos membros do grupo. N i^tüãçaò de 
grupo, cada individuo pode desempenhar ò papel de modelae.liberar
41
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
re fogo ^ocia l para aprendizagem de novos padrões de 
comportamento o que pode facilitar a generalização para a situação 
natural. Quando os clientes identificam os efeitos de seus 
comportamentos sobre o comportamento do terapeuta e dos outros 
membros do grupo em uma situação de controle positivo, é maior a 
probabilidade de discriminação de quais comportamentos serão 
reforçados se emitidos na situação natural. Assim, a sessão de 
terapia é a ocasião de aprendizagem na qual o terapeuta poderá 
instalar comportamentos mais adequados, treinar discriminações de 
encobertos e planejar a generalização destes padrões para a vida do 
cliente. No grupo coeso a terapia pode ser entendida como um 
processo de influência mútua no qual a interação que ocorre entre 
clientes e terapeuta é um novo padrão de comportamento que pode 
ser mais adaptativo na situação natural. A história de aprendizagem 
que ocorre nesta interação é uma variável de mudança. Em outras 
palavras quando os clientes identificam o grupo terapêutico como uma 
situação em que são cuidados e apoiados, eles começam a revelar 
informações, sentem-se protegidos, confiam no terapeuta e nos 
outros participantes e identificam este relacionamento como especial, 
diferente do que tem com outras pessoas. As respostas adquiridas e 
reforçadas nesta interação freqüentemente se generalizam para outros 
ambientes ficando sob controle das contingências naturais. Em 
resumo, pode-se entender a coesão do grupo como resultado da 
densidade de réfõrçamento ou o valor reforçador dê um membro para 
o outro, dos terapeutas e das atividades do grupo para os participantes.
A transcrição abaixo descreve um trecho da primeira 
sessão de um grupo de terapia durante a apresentação dos clientes:
M. (Mulher, 63 anos) relata: “Sou M. tenho 63 anos e meu problema 
é com minhas filhas. Fico extremamente nervosa com o 
egoísmo delas, que só me procuram quando querem alguma 
coisa.”
T: “Acho que você é corajosa, pois foi a primeira a faiar e relatou 
sua dificuldade.” T mostra empatia e reforça revelação.
F (Homem, 26 anos): “ Eu já fiz terapia individual e agora quero 
me organizar em relação ao trabalho e também falar do meu 
casamento que vai acontecer daqui há 6 meses e eu acho 
que teremos problemas conjugais.”
42
Maly Delliti
T: “Oba, temos um noivo aqui... Em que você trabalha mesmo?
Eu já sei, porque já nos falamos, mas conte para os outro.” 
(Terapeuta dá atenção e solicita informação para o grupo)
F: “Informática, mas como lhe faiei quero mudar de área...”
T: “O F. quer se organizar pois acha que perde tempo em seu 
trabalho e que poderia render mais” (T explica.)
T: “E você G., não quer se apresentar?” (dirigindo-se à outra 
cliente que estava se mexendo muito na cadeira).
G: (Mulher,(24 anos): “Como já lhe fale.i tenho um namorado com 
quem vivo brigando, mas não posso viver sem ele... Sou filha 
única de pais bem velhos e caretas... eles implicam comigo...”
T: “É, a gente já conversou mesmo. Não pode viver sem o 
namorado, mas também não pode ficar sem brigar não é G.?
Não sei se você concorda, mas parece você se esforça para 
se dar bem com ele, mas parece também que há algo que 
sempre atrapalha vocês. Vamos descobrir o que é para poder 
mudar... Quero, agora, chamar a atenção de vocês para o 
fato de termos aqui alguém que fala de como é ser uma filha, 
aG .e também uma mãe, a M. Vai ser bom podermos observar 
os 2 pontos de vista.” (O terapeuta reforça a verbalização e 
traça uma relação entre as 2 clientes).
A forma com que o terapeuta verbaliza suas análises pode 
ter um efeito importante.^^AojJsarjíQcnpartamentq 
autoclítico, por exemplo, ao empregar expressões como: “Não sei 
se você concorda com o que eu penso.” ou “Parece que você está 
me falando que...” o terapeuta pode diminuir possíveis impactos ^
aversivos de sua verbalização e aumentar a receptividade do cliente, ^ 
dando condições para que ele concorde ou não.
3. Avaliação inicial (assessmenf)
Muitos clientes começam a terapia em grupo relatando suas 
queixas de modo genérico, como os clientes M. do exemplo anterior 
(fico nervosa...) ou F. que relata “problemas conjugais”. A primeira 
tarefa do terapeuta será analisar tais queixas. descrevencTo-asem 
termos de comportamentos específicos passíveis de observação
43
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
(direta ou indireta) e de mudança. Além disso, a descricão das 
contingências permitirá que seiamJdentificadas as m n^eniiôncias 
advindas de tais c o m p o r ta m e n to s q n p r p a ra n p ró p r io, indivíduo quer 
para as pessoas com gn^m Dois tipos de problemas
têm sido descritos na literatura: excessos e déficits comportamentais. 
Os excessos comportarnaníais referem-se àqueles comportamentos 
que são emitidos em freqüência, duração ou intensidade muito alta 
ou em situações inadequadas. Déficits comportamento são, os 
padrões de comportamentõque não são emitidos na freqüência, 
intensidade ou duração necessária, da forma apropriada ou em 
situações inadequadas para trazer reforçamento positivo ou evitar 
punições (reforçamento negativo). Tanto os excessos quanto os 
déficits comportamentais podem ocorrer com comportamento abertos 
oj j encobertos, verbais ou nao-verbais e, portanto, passíveis de análise 
ejntervençãõsegundo os princípios da análise do comportamento. 
Em relação aos encobertos ou eventos privados, tais como 
pensamentos, sentimentos, e respostas fisiológicas deve-se ressaltar 
que na análise clínica do comportamento estes são considerados 
comportamentos como quaisquer outros, a única diferença é o acesso 
que o observador externo tem a eles. Isto é, quando se conduz uma 
análise funcional, os eventos privados são analisados de acordo com 
suas funções examinando as variáveis de controle relevantes. Por 
exempio, um cliente diz: “Penso que eu sou um fracasso completo!”.Na perspectiva de análise comportamental é preciso compreender a 
função ou a finalidade destes pensamentos e do relato dos mesmos, 
examinando as variáveis ambientais que o controlam. ,Quais são os 
antecedentes sob os quais o estes pensamento ocorrem? Q que 
acontece quando o cliente relata estes pensamentos? _E, 
independentemente do relato, como estes pensamentos se relacionam 
com outros comportamentos e contingências da vida ria pes-gna? 
B tT quiTsIfuaçoesÜao maislreqüentes? Quais são as contingências 
de reforço que mantem tais pensamentos e talsTélatos?
Entretanto, existem outras solicitações ou demandas que 
os indivíduos apresentam que influenciam suas vidas e vão além 
das queixas comportamentais. Privações econômicas, problemas 
legais ou de saúde precisam ser levados em conta. Por exemplo, 
existem pessoas que não podem vir ao grupo por não terem com 
quem deixar os filhos, por não terem dinheiro para condução, por
44
Maly Deliiti
limitação física etc... Em muitos casos é necessário o apoio e 
encaminhamento para outros profissionais e o terapeuta precisa ter 
conhecimento e acesso a esta rede de apoio social.
Na análise clínica do comportamento, a mensuração e a 
avaljaçãp .fazem parte constante da prática com os seguintes 
objetivQSJ
!
a) identificar os comportamentos-alvo e as circunstâncias que 
mantêm tais comportamentos;
b) auxiliar na seleção de uma intervenção apropriada;
c) fornecer meios de monitoramento dos progressos do 
tratamento;
d) auxiliar na avaliação da eficácia de uma intervenção.
Para fazer a avaliação na situação de grupo, vários proce­
dimentos podem ser utilizados. Os clientes podem aprender a obser­
var a , <us jArAftRÁrio. registrar os próprios comportamentosT respon­
dendo a questionários ou inventários já padronizados (Rathus,1972; 
Teste de Discriminação de Comportamentos Assertivo, Inassertivo e 
Agressivo de Lange e Jakubowski 1977; Inventário de Beck 1997; In­
ventário de Assertividade de Alberti e Emmons 1983), ou fazendo re­
gistros ds certos comportamentos em situações específicas. Esta 
segunda alternativa, a observação do comportamento, propicia da­
dos qualitativos e o terapeuta irá áriàlísár, corffõcnente, qüü^contin- 
gênnias estão em operação para levá-lo a emitir aquela resposta. Ãs 
contingências a serem consideradas são aquelas que, na sua histó­
ria de vida, instalaram o comportamento e, também aquelas que 
mantêm seu comportamento no presente. As novas contingências 
que passarão a ser manejadas nas sessões pelo terapeuta na 
interação com os membros do grupo poderão produzir novos com­
portamentos alterando o repertório dos clientes.
lim a estratégia simples que temos utilizado para 
observação e avaliação de comportamento no grupo de terapia é a 
observação em intervalo fixo. A cada 10 ou 20 segundos, registra- 
se a inicial do nome da pessoa__^ye_eslá^iaiando e, assim, a 
porcentagem de ocorrência de verbalização de cada membro do 
grupo e dos terapeutas pode ser registrada possibilitando a 
identificação das alterações na participação dos clientes em
45
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
diferentes sessões. A tabela e a figura a seguir são exemplos deste 
tipo de registro realizado em sessões de terapia em grupo com 
clientes na clinica de Psicologia da PUC-S. Paulo.2 *
Tabela 1. Observação da porcentagem de ocorrência de 
verbalizações emitidas por clientes e terapeutas registrados em 
intervalo de 20", durante a primeira sessão de grupo.
1 ° 2 o 3o 40 5o 6o 7 o 00
 
I
0 
1
1 TE LR LR D D N TE N
2 TE LR AS D D R TE TE
3 TE LR LR D D N TE D
4 TE AS LR D D N TE TE
5 CO AS R TE D R C TE
6 TE TE R D N R C TE
7 TE AS LR R AS R c TE
8 TE N R D R R TE TE
9 TE N R D TE R C TE
10 TE TE TE D TE R c D
11 TE TE R TE R C TE TE
1 2 TE TE R D TE D c C
13 TE N R TE TE TE c TE
14 TE N AS CO N D C TE
15 TE TE AS TE N R C TE
16 D TE TE T E N D TE
17 TE T E TE TE N D C
18 D TE T E D N AS TE
19 TE N R D N AS TE
20 TE N TE TE N D TE
21 TE AS R TE N D C
22 R TE AS D N TE C
23 TE TE TE D N TE C
24 R AS D D N TE TE
25 R AS TE D TE D C
26 CO AS LR LR TE D AS
27 R TE LR TE N N AS
28 TE AS LR D N R AS
29 TE LR LR D N CO TE
30 LR LR LR D N TE TE
AS 18 8% LR 16 7%
TE 83 37% C 16 7%
CO 4 2% R 25 1 1 %
D 36 16% N 27 12%
2 A gradeço a R ebeca Ayabe Bassi pe la o rgan ização e pe lo en tus iasm o com os reg istros 
das se ssões .
46
Maly Delliti
Tabela 2. Porcentagem de ocorrência de verbalizações 
emitidas por clientes e terapeutas registradas em intervalo de 
20" durante cinco sessões de grupo.
Sessão 1 Sessão 2 Sessão 3 Sessão 4 Sessão 5
TC 33% 49% 57% 68% 79%
CO 1% 5% 22% 24% 30%
C02 0% 0% 0% 18% 34%
D 17% 27% 31% 46% 46%
LR 11% 27% 51% 79% 79%
C 9% 50% 84% 97% 117%
R 9% 15% 20% 31% 42%
N 13% 13% 13% 13% 13%
AS 7% 14% 23% 23% 55%
S 0% 0% 0% 0% 0%
T 0% 0% 0% 0% 5%
Figura 1. Porcentagem acumulada de ocorrência de emissão 
verbai de clientes e terapeutas registradas em amostragem 
de tempo durante 5 sessões de grupo.
47
Terapia Analítico-Comportamental em Grupo
A figura 1 apresenta os dados registrados da ocorrência 
acumulada de emissão verbal por amostragem de tempo. Esta 
observação é realizada registrando-se a inicial do sujeito (cliente ou 
terapeuta) que está verbalizando ao final de cada o intervalo de 
vinte segundos. No eixo da abscissa, estão os dados das sessões 
realizadas em diferentes datas. O eixo da ordenada representa a 
porcentagem acumulada de ocorrência de emissão verbal de cada 
sujeito. É possível constatar que, nas primeiras sessões, o terapeuta 
emitiu mais verbalizações que os clientes. Este padrão é esperado 
por se tratar da fase de orientação inicial e estabelecimento de regras 
do grupo. Observa-se que esta participação diminuiu nas sessões 
seguintes e que a figura expõe uma tendência de equilíbrio de 
emissão verbal dos clientes com o passar das sessões, cada um
4. O desenvolvimento do grupo
Como um contato tão curto como a sessão de terapia 
pode modificar o comportamento de uma pessoa? Esta é uma 
pergunta que é feita frequentemente para os analistas clínicos do 
comportamento. Realmente, 50 ou 60 minutos semanais são uma 
parcela muito pequena da vida de uma pessoa. Entretanto, a sessão 
de terapia é a única situação em que o terapeuta pode observar o 
comportamento do cliente e, ao mesmo tempo, também fazer parte 
das contingências. De acordo com Skinner
“uma pequena parte da vida do cliente se passa na presença 
do terapeuta (...) ocorre uma grande quantidade de modelagem 
mútua em encontros face a face”. (Skinner, 1953).
O trabalho do terapeuta será criar condições oue levem o 
cliente ajdentificar as ClasspR rte mntínqénria.q de reforçamentn na 
sua história de vida que o levaram a emitir aquele comportamento 
que ele relata ffíélrazèr sofrimento (tem conseqüências averslvas). 
Além dissnT^rá n e r g c c á r i n lm /g r r T H iõ n tP a identificar Q U e éxistêm
hoje, no seu cotidiano, contingências que mantém os padrões 
relatados como problema, incluindo-se aí padrões de fuga/esquiva
48
Maly Delllti
a finalmente levarem o cliente, através de controle por instruções 
ou regras, a testar a realidade, a emitir comportamentos no contexto 
social reaí. aue tenham grande probabilidade de serem reforçados.
Para executar seu trabalho o terapeuta irá se utilizar dos 
princípios de análise do comportamento, ouvindo o relato verbal do 
cliente acerca das_situaçõés d^suá vídã cofícíianã e observando e. 
interpretando os comportamentõsque são emitidos riã~sessão- Tsai 
e Kohlenberg (1991) afirmam que “a observação e interpretação de 
um terapeuta sobre um comportamento é uma função da história 
do terapeuta, que inclui também seu referencial teórico” . O tipo 
específico de interpretação escolhido pelo terapeuta variade acordo 
com o seu propósito e com o contexto da terapia. Contingências da 
história de vida do próprio terapeuta também estarão sempre 
presentes, seus valores, regras e experiência de vida. O terapeuta 
neutro ou “distante” é uma falácia no processo terapêutico. 
Entretanto, deve-se tomar cuidado para não transmitir seus próprios 
valores. Isto significa que o terapeuta não pode falar de si mesmo 
ou e sua vida?
A “análise da transferência e contra transferência”, uma das 
estratégias fundamentais das abordagens psicanalíticas, na análise 
clínica do comportamento pode ser entendida como um processo 
que envolve discriminação e generalização por parte do terapeuta e 
do cliente. Tudo que o cliente faz na sessão são comportamentos, 
que foram aprendidos e ocorrem devido à similaridade funcional entre 
pgtími jjnp prftçiftntefi na sessão e na situação de aprendizagem. Por 
exemplo, quando se sente irritado corrTum comportamento do cliente 
o terapeuta deve se perguntar: será que este comportamento do cliente 
é uma amostra de seu comportamento na situação natural e dos 
respondentes que evoca nas outras pessoas ou eu estou irritado 
porque estou cansado? Ao fazer este auto-questionamento o terapeuta 
estará procurando identificar se seus eventos privados foram 
evocados pelo comportamento do cliente ou por contingências de 
sua história pessoal. Na sessão de grupo esta reflexão é facilitada, 
pois pode-se fazer a validação consensual, isto é, perguntar aos outros 
membros do grupo e ao co-terapeuta como se sentiram naquela 
situação. A partir dos relatos dos outros clientes pode verificar se eles 
identificam os mesmos respondentes e, portanto, não foi uma 
resposta evocada apenas por contingências da história de vida do
49
Terapia Analrtico-Comportamental em Grupo
terapeuta. Pode acontecer, também, que vários (ou todos) os 
membros do grupo considerem que o terapeuta foi autoritário, punitivo 
ou distante. Neste caso, o terapeuta deve reconhecer que seus 
clientes provavelmente estão fazendo uma análise realista e, portanto, 
precisa rever e mudar seus comportamentos. Nas situações de 
pressão ou confrontação do grupo em relação ao terapeuta, o co- 
terapeuta tem um papel fundamental, pois pode auxiliar o terapeuta 
na manutenção da objetividade. Estas situações, cuja ocorrência é 
comum no grupo terapêutico, mostram a importância da relação 
harmoniosa entre o terapeuta, o co-terapeuta e os clientes e a 
necessidade do autoconhecimento por parte do terapeuta, repertório 
este que pode ser adquirido e/ou aprimorado com terapia pessoal e 
supervisão.
Os princípios e procedimentos da Análise do 
Comportamento são utilizados durante todas as sessões do grupo. 
Reforçamento, extinção, treino de discriminação, modelagem 
(shAofna), modelação {modeling), treino de auto observação, 
desenvolvimento de repertório alternativos, observação' e 
reforçamento de CRBs (FAP, Kohlenberg, 1991) são algumas das 
estratégjasjerapêuticas utilizadas durante todo o processo. Inúmeros 
recursos, como fotografias, poesias, letras de música, recortes de 
jornais e revistas podem ser utilizados como um conjunto de 
estímulos textuais, verbais, com diferentes funções, eficazes para 
controlar os comportamentos do terapeuta e dos clientes. Estes 
princípios e procedimentos são conhecidos de todo analista do 
comportamento, e existem inúmeros trabalhos e pesquisas sobre 
seus efeitos na prática clínica. Entretanto, a modelação e o ensaio 
de comportamento, por serem estratégias fundamentais para 
atendimento de grupo, serão enfatizados neste trabalho.
5. Modelação e Ensaio de Comportamento*3
Modelação (modelingy. na terapia em grupo 9 modelação 
ou .aprendizagem por observação è um dos instrumentos de maior 
importância. O terapeuta é um modeio para comportamentos" no 
grupo e estes também são modeios uns para os outros. Bandura
3 Modeling (inglês) tem sido traduzido por modelação e shaping por modelagem
50
Maly Delliti
(1969,1971) foi um dos primeiros autores a pesquisar e analisar as 
evidências empíricas da aprendizagem por modelação e demonstrou 
que a_modelação pode ter três efeitos sobre os clientes: primeiro os 
observadores podem adquirir novos padrõesjje~cõmportamento; 
além disso, a modelação também pode fortalecer ou inibir respostas 
que ]á existem no repertório do observador, e estão reprimidaspor 
contingências aversivas; e, finalmente, a modelação podelacintàr 
respostas que já existem no repertório do indivíduo, mas são emitidas 
emT5aixa freqüência.
Baum (1994/1999) afirma que os indivíduos nascem com 
uma sensibilidade específica para serem afetados por estímulos 
que vêm de outros seres humanos, estímulos estes essenciais para 
o desenvolvimento normal, e que esta sensibilidade específica em 
relação a determinados estímulos é que o torna apto a imitar.
A imitação é fundamental para a existência de uma cultura, 
pois p e rm ite a re p r r HH?äft 9 ^n tin iiid a rie dos seus valores, 
egonomizando tempo de apren d izagem p garantindo a aqu is ição 
de comportamentos adaotativos à sobrevivência da espécie. Os 
indivíduos que aprendem a imitar comportamentos provenientes de 
gerações anteriores, em contraposição àqueles que aprendem por 
si próprios através, por exemplo, de tentativas e erros, aumentam a 
probabilidade da sobrevivência e manutenção da cultura (Bandura, 
1969/1979; Baum, 1994/1999).
De acordo com Baum (1999), “a imitação orovê a base 
da aprendizagem operante"e pode ser não-aprendida ou aprendida. 
Ò primeiro tipo (imitaçáo~~njo-aprendidal não exige nenhuma 
experiência especial. A imitaçãoTiã^aprendida. c ombinada com a 
modelagem, é responsável pêíaãquisição do comportamento verbaL 
.lá a imitaça?Taprendlda é~úiTia forma de comportamento governado 
por regras. Quando alguém verbaliza para 0 outro “faça assim” e 
mostra còmo fazê-lo, esta pessoa será capaz de seguir esta 
instrução e este modelo, dependendo de sua história de 
reforçamento do comportamento de imitar no passado. A imitação 
permite que regras sejam passadas para outras gerações, 
possibilitando a transmissão da cultura e aumentando a sua 
probabilidade de sobrevivência.
51
Terapia Analítico-Comportamenta! em Grupo
Osj>ais_sgo os pnmeiros modelos a serem seguidos por
seus filhos e servem de modelo para muitos comportamentos 
diferentes. Esses comportamentos podem ser mais aceitas 
socialmente, como por exemplo, o comportamento amoroso, ou ser 
menos aceitos, como a imitação de comportamentos violentos por 
crianças que têm pais agressivos. Deve- se, entretanto, salientar que 
o que é adequado socialmente depende do contexto: o comportamento 
assertivo e cooperativo de uma criança pode ser adeqüadõ~õu 
inadequado, istn é, trazer conseqüências positivas ou negativas 
dependendo do fato dela viver em uma famjíja de classe média õu 
alta, em um orfanato, um abrigo para menores. Èm gerai, uma pessoa 
não copia só um modelo, mas sim vários e também não copia a 
íntegra do comportamento do modelo, mas sim alguns aspectos deste 
comportamento. Conforme vai ficando exposta a novas contingências 
ou novos modelos, o comportamento imitado vai mudando de aspecto, 
acrescido ou modificado. Esta possibilidade de mudança de padrões 
de comportamento é uma variável relevante no trabalho com grupos.
Há alguns fatores que facilitam a aprendizagem por 
modelação: a habilidade do cliente em ohsftryar è discriminar 
determ inados aspectos do comportamento do modelo; as 
características do modelo, suas similaridades em relação idade, 
raça, gruposocial etc. e as contingência nas quais o modelo se 
encontra ao ser apresentado ao observador. Bandura (1977) afirmou 
que se um modelo for reforçado na presença de um observador a 
probabilidade da imitação é maior. Além disso, de acordo com este 
autor, o papel do controle social sobre o comportamento do modelo 
deve ser

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