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Behaviorismo e Violência no Trânsito

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Behaviorismo
 	É uma das teorias do ramo da psicologia, sendo expandida, primeiramente, pelo psicólogo behaviorista John Broadus Watson, o qual foi sucedido por um dos mais importantes behavioristas, Burrhus Freferic Skinner.
O Behaviorismo – do termo inglês behaviour ou do americano behavior, significando conduta, comportamento – é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais teorias sobre o comportamento, dentro da Psicologia. Estas linhas de pensamento só têm em comum o interesse por este tema e a certeza de que é possível criar uma ciência que o estude, pois suas visões são as mais divergentes, inclusive no que diz respeito ao significado da palavra ‘comportamento’. Os ramos principais desta teoria são o Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo Radical.
	Como já foi dito anteriormente, seu início foi marcado com o lançamento de John Watson em 1913. Watson propôs o Behaviorismo Metodológico ou Empírico, onde desejava aplicar as técnicas e princípios da psicologia animal aos seres humanos. O autor defende que a psicologia não deveria estudar processos internos da mente, mas sim o comportamento, pois este é visível e, portanto, passível de observação por uma ciência positivista.
 	Watson é conhecido como o pai do Behaviorismo Metodológico ou Clássico, que crê ser possível prever e controlar toda a conduta humana, com base no estudo do meio em que o indivíduo vive.
	O Experimento do Pequeno Albert é nome dado ao teste realizado por Watson com seu filho ainda bebê, como condicionamento clássico em seres humanos. Neste experimento, o bebê que não se assusta com a presença de animais peludos, ao ser implantado som estridente, o bebê se assusta. Com o estímulo do som associado ao animal peludo, o bebê acaba desenvolvendo fobia a esses animais, visto que ele associa a presença ao som.
	Após Watson, adveio Ivan Pavlov, com o condicionamento clássico em animais. Ele observava o comportamento dos cães que salivavam frente a alimentos e descobriu que esse comportamento também poderia ser condicionado. A salivação dos cães poderia ser iniciada na presença de um sinal sonoro, ou até mesmo de luz. Ao dar um sinal de luz e servir o alimento, repetidas vezes, o animal associará o sinal de luz ao alimento, e começará a salivar imediatamente ao enxergar o sinal, que é um estímulo. Isso é um exemplo de Comportamento Reflexo ou Respondente (involuntário). Comportamento Respondente é aquele em que, ao receber um estímulo, responde de forma automática, por exemplo, espirros provocados por ambiente empoeirado, arrepios quando a temperatura está muito baixa, entre outros. 
	Esse comportamento consiste em interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito) nas quais o organismo é levado a responder a estímulos que antes não respondia. A formulação do behaviorismo de Watson é representada pela relação S-R, onde S é o estímulo do ambiente e R a resposta do organismo. São respostas produzidas por estímulos antecedentes do ambiente. Um exemplo é a contração das pupilas quando há luz forte no ambiente. 
	Para Skinner, fundador do Behaviorismo Radical (década de 40), essa teoria busca entender o comportamento humano através do Comportamento Operante (voluntário). Ele foi radicalmente contra causas internas, ou seja, mentais, para explicar a conduta humana e negou também a realidade e a atuação dos elementos cognitivos, opondo-se à concepção de Watson.
	De acordo com a doutrina pesquisada, temos o seguinte entendimento: Enquanto o comportamento respondente é controlado por seus antecedentes, o comportamento operante é controlado por suas consequências (FADIMAN e FRAGER, 2002). 
 	O behaviorismo Radical refere-se uma relação, um intercâmbio entre o organismo e o ambiente. Mais precisamente descreve uma relação entre atividades do organismo, que são chamadas de respostas, e eventos ambientais, que são chamados genericamente de estímulos. Define-se "comportamento" como a relação entre estímulo e resposta.
Ambiente: O termo "ambiente", no Behaviorismo radical, deve ser entendido como "a situação" na qual o responder acontece, bem como à situação posterior ao responder, ou seja, a resposta altera o ambiente. Para o behaviorismo ambiente inclui não só o local com o qual o sujeito interage como também todos os objetos e seres vivos incluídos nessa interação e o próprio organismo, nesse caso denominado como ambiente interno.
Estimulos: Os eventos do ambiente podem ser, no Behaviorismo radical, estímulos físicos e estímulos sociais. Os primeiros são descritos pelas ciências naturais, os últimos se caracterizam pelo fato de serem produzidos por outro organismo. Se forem produzidos por seres humanos, são produtos culturais. Do mesmo modo, pode-se falar de eventos ambientais "públicos" e "privados". Os primeiros são acessíveis de forma independente por mais observadores, os últimos, apenas pelo organismo por eles afetado.
Abaixo, para um melhor entendimento, disponibilizamos um exemplo de condicionamento operante:
 
	O condicionamento operante serve para moldar certos tipos de comportamento, reforçando-o de forma positiva ou negativa.
	O exemplo clássico de Skinner é a experiência com as pombas. Skinner passou a observar o comportamento das pombas e liberar comida para elas cada vez que agissem da forma esperada. Assim, com o tempo, elas acabaram associando o tal comportamento com a comida oferecida. A comida seria um reforço positivo visto que estimulava uma resposta desejada, estimulava um fazer.
	Já o reforço negativo visa diminuir ou eliminar uma conduta, ou seja, um não fazer. Temos como exemplo de reforço negativo a escovação dos dentes. Escovar os dentes tende a retirar restos de comida e resíduos que possam causar cáries entre outros problemas bucais. Logo, escovar os dentes é um reforço negativo porque visa eliminar uma causa, assim como oferecer comida para uma pessoa faminta é um reforço negativo, tendo em vista que a comida vai eliminar a fome.
	
 
Violência no Trânsito
 	Não é de hoje que o trânsito é visto como um grave problema a ser resolvido, visto que boa parte dos óbitos são ocasionados em virtude da violência agregada à conduta dos motoristas que provocam acidentes, sendo também causa de congestionamentos, estresse, além de outras indisposições. A melhor forma de melhorar esse quadro é conscientizando a população de suas atitudes no trânsito.
	É sabido que o trânsito (movimento de veículos e pedestres considerado em seu conjunto) é formado pelas pessoas, e essas tem diferentes personalidades e são influenciadas pelo meio em que vivem. Com a facilidade de adquirir um veículo automotor, o congestionamento nas ruas e estradas de rodagem é cada vez maior, principalmente nas grandes cidades, onde o fluxo de carros aumenta em horários de pico, e como consequência, acaba atrasando a vida pessoas que ficam trancadas no trânsito, fazendo com que estas percam seus horários, tenham que desmarcar compromissos, e se tornem impacientes e intolerantes quando estão no volante.
	Embora saibam que o valor das multas de trânsito é bastante elevado e que existem radares e pardais para a eficiência da fiscalização, o estresse causado nos motoristas é tão grande que eles perdem o equilíbrio emocional e acabam cometendo crimes de trânsito, os quais muitas vezes são gravíssimos.
	O uso de bebidas alcoólicas ou outras drogas, o desrespeito às sinalizações, utilizar aparelhos eletrônicos quando se esta dirigindo, o excesso de velocidade e a má condição dos veículos, são os fatores que geram mais violência no trânsito.
Como o aumento do volume do tráfego ocorreu de forma avassaladora, e os sistemas viários e o planejamento urbano não conseguiram acompanhar esse desenvolvimento, a qualidade de vida, principalmente nas grandes cidades, ficou prejudicada, tanto pela poluição sonora e atmosférica gerada pelos veículos, quanto pelo aumento de tempo dos percursos, causados por congestionamentos de trânsito, que geram maior
agressividade nos motoristas e contribuem para o crescimento da violência no trânsito. Além disso, os carros vêm ocupando espaços cada vez maiores nos centros urbanos, diminuindo as áreas de convívio social das pessoas, pois muitas vezes, praças e parques são transformados em estacionamentos (Marín; Queiroz, 2000).
Os motoristas (de carros, de motos, de ônibus) querem um trânsito que seja rápido, em função de várias coisas, como trabalho, reuniões, faculdade, e que o fluxo de pedestres atravessando rua e ciclistas circulando entre os carros não atrapalhe o desenvolvimento da rapidez do trânsito. Cada indivíduo tem suas prioridades e limite de tempo, e o trânsito acabou se tornando uma disputa de tempo e espaço entre as pessoas.
A pressa e a competitividade da vida moderna, aliadas à má qualidade dos meios de transporte coletivo, na maioria das cidades brasileiras, fizeram com que as pessoas optassem por meios de transporte individuais o que agravou os problemas do trânsito urbano. Além disso, principalmente na década de 90, devido ao desemprego e aos problemas socioeconômicos do país, as motocicletas passaram a servir de instrumento de trabalho, seja para o transporte rápido de mercadorias (motoboys) ou como uma opção barata de transporte de passageiros (moto-táxis), o que representou um aumento do número de vítimas do trânsito, pois na maioria dos acidentes envolvendo motocicletas os ocupantes sofrem ferimentos, muitas vezes graves e fatais, devido a maior exposição e menor proteção, destes, na via pública (Liberatti, 2000).
O trânsito é caracterizado pelo deslocamento de pessoas e veículos, sendo que estes deslocamentos se realizam através do comportamento. Tendo como base o behaviorismo radical, o comportamento é a atividade do organismo em interação com o ambiente. 
 	O comportamento do motorista é o principal fator responsável por acidentes de trânsito, conforme foi observado na Conferência de Roma (OMS,1984), pois a maioria dos acidentes são causados por falhas humanas (não observação das leis e sinais de trânsito, excesso de velocidade e tomada de decisões no momento de ultrapassar outro carro ou de cruzar uma rua). Estes comportamentos inadequados no trânsito são a categoria mais difícil de ser modificada, pois para modificá-los é necessário o conhecimento de crenças e valores dos motoristas relacionadas a aspectos sociológicos/antropológicos e também psicológicos (características da personalidade). Além disso, programas de capacitação, reabilitação e educação, que promovam um comportamento mais adequado, são indispensáveis para o entendimento da cultura e das condições de vida locais, pois só através delas pode-se chegar à compreensão das atitudes dos motoristas (Marín; Queiroz, 2000). 
Behaviorismo e a Violência no Trânsito
	O conceito-chave do pensamento de Skinner, é o do comportamento operante, que ele acrescentou à noção de comportamento reflexo, formulada pelo cientista russo Ivan Pavlov. Os dois conceitos estão essencialmente ligados à fisiologia do organismo, seja animal ou humano. Enquanto o comportamento reflexo é (singelamente) uma reação eliciada por um estimulo, o comportamento operante é um mecanismo fruto de modelagem, do controle de estímulos e da relação entre sujeitos e o meio a sua volta, onde uma determinada resposta de um indivíduo é modificada por suas consequências, até que este fique condicionado, ou seja, passe a associar futuras necessidades de ações a dadas contingências, como por exemplo, o caso do rato faminto que, na famosa experiência com a caixa de Skinner, “percebe” que o “acionar” de uma alavanca levará ao recebimento de comida, e 	que, portanto, ele tenderá a repetir o movimento futuramente, cada vez que quiser saciar a fome, ou ainda, o condutor de veículos que aprende a se comportar frente aos estímulos e contingências do trânsito.
	Para Skinner (1953) e seu modelo de seleção pelas consequências, não só as características anatômicas e fisiológicas, mas também as comportamentais passam por sucessivos crivos de uma seleção baseada nos contatos de organismos vivos com seu ambiente. Neste crivo, alguns comportamentos são eliminados por inadequados, e outros são mantidos por eficazes em garantir a adaptação e sobrevivência. Isso também se aplica ao trânsito, porém, tratando-se de um ambiente hostil que coloca em risco a vida, para modelagem e eliminação de comportamentos indesejáveis, em um acidente fatal, por exemplo, as consequências inadequadas de um comportamento podem levar ao óbito.
	Outro conceito chave, especialmente para compreensão do comportamento no trânsito, é a discriminação de estímulos, compreendido por Bock, Furtado e Teixeira (1999) como quando uma resposta se mantém na presença de um ou mais determinados estímulos, mas sofre certo grau de extinção na presença de outros. Isto é, um estímulo antecedente à resposta adquire a possibilidade de ser conhecido como discriminativo da situação reforçadora. Exemplo: Motorista de ônibus para no semáforo, pois o sinal está vermelho, ou seja, o semáforo vermelho se tornou um estímulo discriminativo para emissão de “parar” ser reforçada, ou ainda, pelas palavras de Sério, Andery, Gióia, e Micheletto (2002), onde tal processo é compreendido quando envolve experiências com, pelo menos, uma classe de respostas e dois conjuntos de estímulos: aqueles que deverão assumir uma função de não antecedentes/deltas (ou grosseiramente “neutros”). Como resultado do procedimento de discriminação, simultânea ou sucessiva, o sujeito passa a responder diferencialmente a diferentes classes de estímulos.
	Ensinar é para Skinner (1968) simplesmente o arranjo de contingências de reforçamento e não puramente o acumulo de estímulos no ambiente a mercês do adequado comportamento alheio.
Poderíamos pensar na presença do psicólogo no transito, em especial ao psicólogo adepto da abordagem comportamental, cujo referencial, a exemplo de avançar além da tradicional prática de prestação de serviços com testes psicotécnicos e participar da organização de estímulos neste ambiente, da implementação de estratégias de prevenção de conduta de risco, da prática educacional de condutores de veículos, preparando adequadas contingencias de reforçamento e assim por diante.
Skinner baseado em seus experimentos e fundamentação teórica do Behaviorismo Radical já dizia: seja inato ou adquirido, o comportamento permanecerá sendo selecionado por suas consequências, neste sentido, negligenciar que o controle do comportamento está em maior proporção posterior à resposta de um organismo e não no seu antecedente é o mesmo que reforçar a falha na relação.
Educar pessoas para o trânsito, seja dentro ou fora dos veículos, certamente não é sinônimo em termos “comportamentais” de construir estímulos desvinculados de repertórios comportamentais. O foco não é ou não deveria ser a quantidade de estímulos, mas a qualidade em suas confecções e função nos repertórios comportamentais de quem as utiliza.
Referências Bibliográficas
BAUM, William M. Compreender o Behaviorismo – Comportamento, cultura e evolução. 2ª edição. Editora: Artmed. 2006.
FADIMAN, James; FRAGER, Robert. Teorias da Personalidade. Editora: Harbra Ltda. Edição 2002.
SKINNER, B. F. Ciência e Comportamento Humano. 5ª edição. Editora: Livraria Martins Fontes Editora Ltda.
MADEIRA, Igor. A psicologia e a sua relação com o trânsito. Acesso em: 11/04/2013. <http://igormadeira.wordpress.com/2009/04/12/a-psicologia-e-sua-relacao-com-o-transito/>
Burrhus Frederic Skinner. Acesso em: 10/04/2013. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Burrhus_Frederic_Skinner>
John B. Watson. Acesso em: 10/04/2013. < http://pt.wikipedia.org/wiki/John_B._Watson>
Ivan Pavlov. Acesso em: 10/04/2013. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pavlov>
www.redepsi.com.br
FACULDADE DE DESENVOLVIMENTO DO RIO GRANDE DO SUL
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA DE FUNDAMENTOS DE PSICOLOGIA
PROFESSOR MÁRCIO GELLER MARQUES
O BEHAVIORISMO E A VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO
GABRIELA MALBIER
JULIETE SORMANI
MARIANA COLLAZZO DA SILVA
PRISCILA PEREIRA
PORTO ALEGRE
ABRIL/2013

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