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CONCEITOS-FUNDAMENTAIS-DA-ANÁLISE-DO-COMPORTAMENTO-1

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1 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3 
2 BEHAVIORISMO RADICAL, ANÁLISE EXPERIMENTAL DO 
COMPORTAMENTO, ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA ...................... 4 
2.1 Surgimento e desenvolvimento dos behaviorismos ............................. 6 
2.2 Análise funcional ................................................................................ 10 
3 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO .................................... 13 
3.1 Ciência e comportamento verbal ........................................................ 16 
3.2 O behaviorismo radical ....................................................................... 21 
3.3 Comportamento respondente ............................................................. 25 
3.4 Generalização respondente ............................................................... 27 
3.5 Extinção respondente e recuperação espontânea ............................. 28 
3.6 Comportamento operante ................................................................... 28 
3.7 Comportamento operante - aprendizagem por meio das consequências
 31 
3.8 O comportamento operante, as contingências de reforço e o modelo de 
seleção pelas consequências na análise do comportamento ................................ 33 
3.9 Reforço ............................................................................................... 36 
3.10 Modelagem de comportamentos ........................................................ 40 
3.11 O papel das consequências do comportamento ................................ 43 
3.12 Controle de estímulos......................................................................... 49 
3.13 Punição .............................................................................................. 51 
3.14 Controle aversivo ............................................................................... 53 
3.15 O Controle Positivo ............................................................................ 59 
3.16 O uso do Controle Aversivo ................................................................ 60 
3.17 Sobre a distinção entre contingências de reforço positivo e de reforço 
negativo 61 
 
2 
3.18 Contracontrole .................................................................................... 64 
4 BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum 
é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
2 BEHAVIORISMO RADICAL, ANÁLISE EXPERIMENTAL DO COMPORTA-
MENTO, ANÁLISE DO COMPORTAMENTO APLICADA 
 
Fonte: minutopsicologia.com.br 
A Análise do Comportamento possui origem nos trabalhos do cientista norte 
americano B. F. Skinner (1904 – 1990 apud NÓBREGA F; 2018). Segundo Tourinho 
(1999 apud NÓBREGA F; 2018), a Análise do Comportamento pode ser dividida em 
três áreas de produção de conhecimento: 
a) o Behaviorismo Radical, conforme NÓBREGA F; (2018). 
b) a Análise Experimental do Comportamento, conforme NÓBREGA F; (2018) 
 c) a Análise do Comportamento Aplicada, conforme NÓBREGA F; (2018) 
Behaviorismo Radical é a filosofia que norteia a pesquisa e a prática da Análise 
do Comportamento. Reflexões sobre o objeto de estudo, a natureza do mundo, do ser 
humano, entre outras, é da alçada do Behaviorismo Radical (SKINNER, 2006/1974 
apud NÓBREGA F; 2018). Já a Análise Experimental do Comportamento é a área que 
produz conhecimentos acerca de princípios básicos do comportamento através de 
métodos experimentais. Por sua vez, a Análise Aplicada do Comportamento é a área 
cuja produção de conhecimento se dá em contextos cotidianos, como escolas, orga-
nizações, consultórios etc. (TOURINHO, 1999 apud NÓBREGA F; 2018). 
 
 
 
5 
Tourinho (1999 apud NÓBREGA F; 2018) afirma que as áreas de produção de 
conhecimento da Análise do Comportamento são interdependentes, o que significa 
que trabalhos podem ser caracterizados como pertencentes a mais de uma área (ou 
possuindo características de mais de uma área). Como exemplo, tem-se o trabalho 
de Martins (1999 apud TOURINHO, 1999 apud NÓBREGA F; 2018), que analisou a 
“[...] descrição de verbalizações sobre eventos privados, de terapeutas e clientes, em 
sessões de terapia analítico-comportamental [...]” (TOURINHO, 1999, p. 219 apud 
NÓBREGA F; 2018). Embora o trabalho seja empírico, “[...] apresenta dados impor-
tantes para uma discussão conceitual [...]” (TOURINHO, 1999, p. 220 apud NÓ-
BREGA F; 2018). 
Cavalcante (1999 apud TOURINHO, 1999 apud NÓBREGA F; 2018) analisou 
as definições de eventos privados apresentadas por autores behavioristas contextua-
listas e verificou a compatibilidade destas com o Behaviorismo Radical e a Análise 
Experimental do Comportamento. O trabalho de Cavalcante (1999 apud TOURINHO, 
1999 apud NÓBREGA F; 2018) volta-se para discussões acerca de protocolos de in-
tervenções clínicas, mas também examina “[...] compromissos epistemológicos de 
Skinner [...]” (TOURINHO, 1999, p. 221 apud NÓBREGA F; 2018). 
Ambos os trabalhos citados podem ser classificados, pois, como sendo empíri-
cos, mais especificamente, da área da Análise Aplicada do Comportamento, e concei-
tuais, da área do Behaviorismo Radical (TOURINHO, 1999 apud NÓBREGA F; 2018). 
Lattal (2007 apud NÓBREGA F; 2018) estabelece uma diferença entre a (Análise Ex-
perimental do Comportamento) (ciência básica) e a (Análise do Comportamento- apli-
cada ciência aplicada) de modo que, na primeira, o objetivo do cientista é a aquisição 
de novos conhecimentos e o desenvolvimento de teorias, enquanto, na segunda, o 
objetivo é a aquisição de novos conhecimentos à medida que estes se mostram úteis 
na resolução de problemas cotidianos. 
Em pouco tempo após a fundação da Psicologia com as pesquisas de Wilhelm 
Wundt, várias propostas de compreensão dessa nova ciência surgiram. O método da 
introspecção, que valorizava a forma como cada pessoa respondia e interpretava es-
timulações específicas, já não era mais considerado a principal forma de produção de 
conhecimento seguro. Outras propostas teóricas e metodológicas surgiam em diálogo 
com o campo epistemológico mais amplo da época. Correntes como o estruturalismo 
 
6 
e o funcionalismo polarizavam os principais estudos (SCHULTZ; SCHULTZ, 2012, p. 
200 apud MELO J; 2019). 
Em meio às novas problematizações sobre o objeto da Psicologia e, principal-
mente, sobre os métodos válidos e adequados ao campo, surgiu uma outra forma de 
entendê-la, o chamado “Behaviorismo Radical”. Sua proposta consiste em compreen-
der o comportamento humano a partir do uso de uma metodologia científica utilizando 
os métodos das ciências naturais (FREEDREIM; WEINER, 2003, p.19 apud MELO J; 
2019). 
O seuobjeto de estudo fundamental é o comportamento humano. As principais 
bases epistemológicas para o seu desenvolvimento consistiram no positivismo, dar-
winismo, monismo, mecanicismo, materialismo e o contextualismo. De acordo com 
Schultz e Schultz (2012, p. 230 apud MELO J; 2019), na época do surgimento do 
Behaviorismo, três áreas influenciaram substancialmente essa abordagem da Psico-
logia: a tradição filosófica objetivista e mecanicista, a psicologia animal e a psicologia 
funcional. 
2.1 Surgimento e desenvolvimento dos behaviorismos 
A busca de uma metodologia objetiva na ciência já era encontrada em Descar-
tes. Explicações mecanicistas para a compreensão de como funciona o corpo humano 
se constituíram como uma das primeiras formas de fazer ciência objetiva. Autores 
como Augusto Comte, fundador do Positivismo, reconheciam a validade do conheci-
mento objetivo (COMTE, 1978, p.7 apud MELO J; 2019). A introspecção não era vista 
como uma maneira segura de construir conhecimento. 
De acordo com MELO J; (2019), os primeiros psicólogos a reconhecerem o 
comportamento humano como principal objeto da Psicologia, apesar de não citarem 
o positivismo em seus trabalhos, reconheciam a validade da sua metodologia. Um 
destes autores foi John Watson. Esse novo tipo de Psicologia deveria excluir conceitos 
como consciência, mente ou alma. Para ele não era possível estudá-los, uma vez que 
não se adequavam a um estudo objetivo: 
Eu não posso concordar, com o Sr. Thompson que existe um problema 
mente-corpo no Behaviorismo. É uma séria falta de compreensão da posição 
behaviorista dizer, como o sr. Thompson diz que “ é claro que o behaviorista 
não nega que estados mentais existem. Ele meramente prefere ignorá-los. ” 
 
7 
Ele os ‘ignora’, no mesmo sentido que a química ignora a alquimia, a astro-
nomia o horóscopo, e a psicologia a telepatia e manifestações psíquicas. O 
behaviorista não se interessa por eles porque, na medida em que a corren-
teza de sua ciência se amplia e aprofunda, esses antigos conceitos são su-
gados por ela, para nunca mais reaparecerem. (1920, p.94 apud MELO J; 
2019). 
A psicologia animal também esteve na base do surgimento do Behaviorismo. 
Inicialmente, os pesquisadores da área procuravam demonstrar a existência da mente 
nos animais. Assim, enxergavam que havia continuidade entre a mente animal e a 
humana. As pesquisas com animais ganharam força no final do século XIX e início do 
século XX. Um dos mais renomados precursores do Behaviorismo foi o russo Ivan 
Petrovich Pavlov. Seus estudos contribuíram para o desenvolvimento de um método 
de estudo e controle para modificação do comportamento. Pavlov trabalhava com os 
chamados reflexos condicionados, conforme MELO J; (2019). 
Um dos seus principais trabalhos foi com cães. Ao tentar perceber a função da 
saliva, identificou que a mesma era secretada antes mesmo do animal receber a co-
mida. Os experimentos com os cães fizeram com que ele observasse que estes che-
gavam a salivar concomitantemente à apresentação prévia de algum estímulo, como 
passos do homem que geralmente os alimentava, conforme MELO J; (2019). 
 Essa reação foi emparelhada com a apresentação do alimento. De forma que, 
em situações posteriores, a apresentação do estímulo condicionado já era suficiente 
para o cão salivar (SCHULTZ; SCHULTZ, 2012, p. 244 apud MELO J; 2019). A sali-
vação em si era vista como um processo natural, inato. Contudo, este reflexo inato 
poderia ser eliciado por um estímulo condicionado, o que acarretaria aprendizagem. 
As pesquisas de Pavlov contribuíram substancialmente para o surgimento do Behavi-
orismo. 
Outro antecedente muito importante para o surgimento da Psicologia Com-
portamental foi a Psicologia Funcional. Os funcionalistas davam ênfase à ob-
jetividade e demonstravam insatisfação em relação à introspecção. Em seus 
trabalhos, colocaram o comportamento como principal objeto de estudo. En-
tendia-se o comportamento a partir de sua função no conjunto das relações 
ambientais que mantinha (SCHULTZ; SCHULTZ, 2012, p. 179 apud MELO J; 
2019). 
 
 
 
 
8 
Uma das principais características do funcionalismo era a rejeição ao método 
introspectivo como forma de fazer ciência e, assim, a busca por uma metodologia 
científica, como a ciência física proporcionava. Assim afirma Cattell (1904/2010, p. 
179-180 apud MELO J; 2019): “Não vejo razão para que a aplicação do conhecimento 
sistematizado no controle da natureza humana não possa, no curso do presente sé-
culo, alcançar resultados proporcionais às aplicações, no século XIX, da ciência física 
ao mundo material”. 
O Behaviorismo surgiu oficialmente com John Watson. Apesar de não se con-
siderar fundador, Watson reconhecia seu próprio esforço de reunir os principais con-
ceitos e metodologias objetivas na Psicologia. Ele nasceu em Greenville, na Carolina 
do Sul, e viveu entre 1878 e 1958. Atuou como professor na University of Chicago até 
1908. Suas pesquisas, inicialmente, concentraram-se sobre o processo de maturação 
psicológica e neurológica do rato branco, conforme MELO J; (2019). 
Em relação aos seus trabalhos com animais afirmava, nunca quis usar seres 
humanos nas minhas pesquisas. Detestava servir de cobaia. Não gostava 
daquela parafernália de instruções artificiais dadas às pessoas. Sempre me 
sentia incomodado e não agia com naturalidade. Com os animais, no entanto, 
sentia-me em casa. Percebia que, observando-os, conseguia me manter pró-
ximo da biologia e com os pés no chão. Aos poucos, a ideia se concretizava: 
Será que as minhas descobertas observando o comportamento dos animais 
não são iguais às dos demais alunos que observam os seres humanos? 
(WATSON, 1936, p. 276 apud MELO J; 2019). 
Em 1913, foi publicado por Watson o livro fundador do behaviorismo, intitulado 
“Psicologia: como os behavioristas a vêem”, no qual lançou as principais bases dessa 
nova forma de fazer Psicologia. Watson insistia na ideia de que a Psicologia deveria 
se limitar ao método das ciências naturais. Dessa forma, as pesquisas deveriam se 
limitar ao observável. Somente deveriam ser utilizados métodos rígidos de investiga-
ção. Inicialmente, Watson se limitou a estudar o comportamento em seus aspectos 
motores e fisiológicos ao estudar os movimentos musculares e as secreções glandu-
lares, conforme MELO J; (2019). 
 
 
 
 
 
 
9 
Para analisar essas respostas, Watson rejeitava métodos subjetivos como a 
introspecção. Procurava aproximar a Psicologia das ciências naturais e, para tanto, 
buscava neutralidade e formulação de leis gerais do comportamento. Watson reco-
nhecia, inicialmente, o papel dos instintos no comportamento. Todavia, a partir de 
1925, passou a rejeitar o conceito de instinto passando a considerar que os compor-
tamentos tidos como instintivos são condicionados socialmente (SCHULTZ; SCHU-
LTZ, 2012, p. 267 apud MELO J; 2019). 
Dessa forma, rejeitava concepções inatistas recorrentes em sua época. Crian-
ças não nasciam com propensão ao atletismo ou à música, mas eram condicionadas 
a isso pelos responsáveis por sua criação. Através do incentivo e do reforço dos seus 
comportamentos. Segundo ele, influências ambientais eram muito mais importantes 
do que traços inatos, conforme MELO J; (2019). 
A naturalização dos comportamentos favorecia a concepção de que estes não 
poderiam ser modificados. Contudo, para Watson, o comportamento depende da 
aprendizagem. E esta, por sua vez, é favorecida pelas condições ambientais às quais 
o sujeito está submetido. Para ele, as emoções consistiam em respostas fisiológicas 
a estímulos específicos. As respostas de medo, por exemplo (sudorese, taquicardia, 
etc.), são consideradas reações naturais a objetos ou situações potencialmente ame-
açadoras (SCHULTZ; SCHULTZ, 2012, p. 269 apud MELO J; 2019). 
De acordo com MELO J; (2019), investigou também as respostas emocionais 
nos bebês. Identificou três padrões básicos de respostasemocionais: o medo, a raiva 
e o afeto. Todos provocados pela relação do sujeito com seu ambiente. Acreditava 
tanto no poder de modelação que o ambiente exerce sobre o sujeito, que chegou a 
afirmar: 
Deixe sobre a minha responsabilidade uns 10 bebês saudáveis e bem forma-
dos, e a um mundo especificado por mim para criá-los, e garanto escolher 
algum aleatoriamente e treiná-lo para tornar-se especialista de qualquer área 
seja um médico, um advogado, um empresário e até mesmo um mendigo ou 
um bandido, independentemente do talento da propensão da tendência da 
habilidade da vocação e da raça de seus ancestrais (WATSON, 1930, p. 104 
apud MELO J; 2019). 
A partir de 1920, a Psicologia se popularizou nos Estados Unidos. As ideias 
Behavioristas entusiasmavam as pessoas, oportunizando que alimentassem a ideia 
de que ela seria o caminho para a saúde, a felicidade e a prosperidade, conforme 
MELO J; (2019). 
 
10 
2.2 Análise funcional 
A Análise ou Avaliação Funcional é a principal ferramenta utilizada para reso-
lução de problemas por meio da identificação de relações de dependência entre con-
tingências, que são responsáveis pela aquisição e manutenção de repertórios com-
portamentais (MEYER, 1997; NENO, 2003 apud QUEIROZ I; et al., 2012). Ela con-
siste em especificar: 1) o comportamento alvo e as consequências que o mantêm; 2) 
os comportamentos adaptativos, que podem substituir o comportamento alvo em uma 
intervenção e 3) as consequências que mantêm o comportamento desadaptativos e 
dificultam o estabelecer um comportamento adaptativo (COSTA; MARINHO, 2002 
apud QUEIROZ I; et al., 2012). 
 A identificação da função de um comportamento exigiria, a rigor, um teste ex-
perimental. Em uma análise funcional, uma causa é substituída por uma mudança na 
variável independente (algum aspecto do ambiente) e um efeito deve ser substituído 
por uma mudança na variável dependente (resposta de um indivíduo). Nessa análise, 
a pergunta que se faz é: um organismo está respondendo a quê (variável indepen-
dente - VI), quando se comporta de determinada maneira (variável dependente - VD)? 
(Matos, 1999 apud ULIAN A; 2007). A melhor resposta para esta questão, do ponto 
de vista da Análise do Comportamento, não pode ser uma especulação. É necessário 
que se teste a influência da (VI - variável independente) sobre a (VD - variável depen-
dente) para que um procedimento seja proposto com segurança. 
A Análise Funcional é a identificação das relações entre eventos ambientais e 
ações do organismo (MEYER, 1997 apud QUEIROZ I; et al., 2012). Assim, a Análise 
do Comportamento, baseada no modelo de seleção por consequências, compreende 
o comportamento como multideterminado, sendo alvo de ações de diferentes níveis – 
filogenético, ontogenético e cultural (NENO, 2003 apud QUEIROZ I; et al., 2012). No 
desenvolvimento de uma ciência do comportamento, Skinner (2003 apud QUEIROZ I; 
et al., 2012), inspirado por Mach (1838-1916 apud QUEIROZ I; et al., 2012), atribuiu 
o termo “análise funcional” à análise das relações de dependência entre eventos, ou 
seja, as “funções” das respostas e dos modos de um comportamento. 
 
 
 
11 
Dentro desse paradigma, a Análise Funcional está voltada a identificar relações 
de tríplice contingência responsáveis pela aquisição e manutenção de repertórios 
comportamentais (NENO, 2003 apud QUEIROZ I; et al., 2012). De acordo com Skin-
ner (1974 apud QUEIROZ I; et al., 2012), uma formulação adequada da interação 
entre um organismo e seu ambiente deve especificar a ocasião em que a resposta 
ocorre, a própria resposta e as consequências reforçadoras, as inter-relações entre 
elas são chamadas contingências de reforço. Nesse sentido, a Análise Funcional tem 
como objetivo identificar as contingências em que o comportamento ocorre (MEYER, 
1997 apud QUEIROZ I; et al., 2012). 
Por essa razão, a Análise Funcional, que procura identificar relações de depen-
dência e não de causa entre os eventos, é aplicada como uma estratégia para reso-
lução de problemas. Além disso, não precisa se restringir a uma perspectiva teórica 
particular, desde que opere sobre o paradigma de investigação do comportamento, 
dos antecedentes e das consequências (OWENS; ASHCROFT, 1982; NENO, 2003, 
MICHELETTO, 2000 apud QUEIROZ I; et al., 2012). Nesse sentido, Haynes e O'Brien 
(1990 apud QUEIROZ I; et al., 2012) também apontam que a busca por relações fun-
cionais, historicamente, é resultado da rejeição às abordagens estruturalistas e de 
explicações baseadas no modelo causal e as questões metafísicas subjacentes. 
A noção de causalidade implica em suposições metafísicas (SKINNER, 2003 
apud QUEIROZ I; et al., 2012). Um modelo mecanicista de explicação assume que 
uma relação entre variáveis segue o princípio de causa-efeito, em que algum fenô-
meno é explicado por um fenômeno antecedente e causa um evento posterior (CRUZ; 
CILLO, 2008 apud QUEIROZ I; et al., 2012). Contudo, quando se parte da compreen-
são de que o comportamento é multideterminado e complexo, o nível de análise não 
suporta uma explicação linear causa-efeito, mas passa a ser abordado do ponto de 
vista das relações produzidas e mantidas. 
Então, segundo Matos (1999, p. 9 apud Silva V; 2018), “todas as mudanças 
comportamentais, operantes ou não, resultam de um processo de seleção pelas con-
sequências. Isto supõe que o organismo seja dotado de uma sensibilidade inata ao 
efeito destas consequências”. 
 
 
 
12 
Iwata e Dozier (2008 apud Silva V; 2018) afirmam que é de suma importância 
identificar quais os fatores ou variáveis que mantém o comportamento-problema, an-
tes de utilizar de qualquer estratégia para eliminá-lo. Tal identificação se faz por meio 
da análise funcional, e por isso faz-se de extremo valor o seu conhecimento. A obten-
ção das informações dos mantenedores do comportamento-problema deve ser feita 
de maneira formal, com observação direta, onde seja possível o analista do compor-
tamento conhecer peculiaridades do comportamento em situações determinada, quais 
os antecedentes e consequências. Além disso, assim como a aplicação de questioná-
rios ou escalas aos cuidadores ou pessoas de estreita convivência com o cliente, por 
não poderem ser considerados fidedignos. 
Na análise funcional, as hipóteses selecionadas durante o processo de avalia-
ção são testadas. Com isso, é feita a manipulação sistemática de ocorrências ambi-
entais para testar experimentalmente o papel dessas ocorrências como antecedentes 
ou como consequentes que controlam e mantêm comportamentos-problema especí-
ficos. É a principal ferramenta para um processo de avaliação para identificação de 
contingências que mantêm uma série de distúrbios comportamentais e de terapia para 
desenvolvimento de programas efetivo de modificação do repertório de comportamen-
tos, conforme Silva V; (2018). 
Através da testagem é possível identificar o que está sustentando tais compor-
tamentos, qual a relação entre o ambiente e a emissão de tal comportamento, de tal 
maneira que permite fazer previsões das condições que podem proporcionar a gene-
ralização e a manutenção das modificações comportamentais efetuadas. Além disso, 
é observar um comportamento e saber que tipo de consequência ele produz, oportu-
nizando planejar a intervenção. Como também, encaixar o comportamento em um dos 
paradigmas e encontrar os determinantes do comportamento é mais uma das tarefas 
da análise, conforme Silva V; (2018). 
Os determinantes acontecem na interação com o ambiente. Quando os motivos 
do comportamento são identificados é possível, antever sua apresentação e aumentar 
ou diminuir sua ocorrência. Uma análise funcional permite identificar o que está man-
tendo os comportamentos-problema e assim alterar as condições que as influenciam 
(MATOS, 1999; IWATA, et al. 2000, BRITO, et al. 2006; MOREIRA; MEDEIROS, 2007; 
MARTIN; PEAR, 2017 apud Silva V; 2018). 
 
13 
Os cinco passosbásicos para a realização de uma análise funcional do com-
portamento. 1. Definir precisamente o comportamento de interesse. 2. Identi-
ficar e descrever o efeito comportamental. 3. Identificar relações ordenadas 
entre variáveis ambientais e o comportamento de interesse. Identificar rela-
ções entre o comportamento de interesse e outros comportamentos existen-
tes. 4. Formular predições sobre os efeitos de manipulações dessas variáveis 
e desses outros comportamentos sobre o comportamento de interesse. 5. 
Testar essas predições (MATOS, 199, p. 13 apud Silva V; 2018). 
O primeiro passo diz respeito tanto a observação direta do sujeito participante 
da pesquisa, quanto ao questionamento de pessoas de convívio próximo do indivíduo. 
A seguir trata-se das consequências decorrentes da apresentação de tal comporta-
mento. O terceiro passo é o detalhamento do que ocorreu antes e depois a apresen-
tação do comportamento estudado, após é feito uma classificação do caráter da rela-
ção entre os fenômenos, uma identificação dos benefícios das consequências e final-
mente a testagem de que poderá haver uma intervenção clínica (Matos, 1999 apud 
Silva V; 2018). 
Quando identificado em qual categoria de comportamento pode-se obter deter-
minada resposta, é possível trabalhar com outras respostas da mesma categoria de 
comportamento a qual seja mais apropriada, uma vez que vai oferecer ao indivíduo 
reforçadores semelhantes àquela resposta menos apropriada. Assim como é possível 
lançar mão de novas condições ambientais quando necessário, mantendo a resposta 
desejada. (Matos, 1999 apud Silva V; 2018). 
3 CIÊNCIA E COMPORTAMENTO HUMANO 
O objeto de estudo do Behaviorismo Radical é o comportamento humano. 
Numa das obras clássicas de Skinner que foi publicada em 1938, intitulada “The Beha-
vior of Organisms, é apresentada uma definição deste objeto onde o autor considera 
que o comportamento é ação do organismo na sua interação com o ambiente. (SKIN-
NER, 1938, p. 6 apud MELO J; 2019). 
De acordo com MELO J; (2019), nessa direção, o autor considera que o com-
portamento é parte integrante de organismos íntegros que interagem com o ambiente. 
Trata-se da ação do sujeito sobre o meio. Esta ação é também reflexiva, na medida 
em que suas consequências se voltam também para o sujeito. Ele não age de forma 
autômata. Por isso, Skinner continua dizendo que o comportamento é aquela parte do 
 
14 
funcionamento de um organismo envolvido em agir sobre, ou em interação com o 
mundo externo. E finaliza dizendo: 
Por comportamento, então, eu me refiro simplesmente ao movimento de um 
organismo ou de suas partes, num quadro de referência fornecido pelo orga-
nismo ele próprio, ou por vários objetos ou campo de forças externos. É con-
veniente falar disto como a ação do organismo sobre o mundo externo, e é 
frequentemente desejável lidar com um efeito mais do que com o movimento 
em si mesmo (SKINNER, 1938, p. 6 apud MELO J; 2019). 
Nesta perspectiva, o comportamento é parte do funcionamento do organismo. 
É ação sobre o meio que provoca consequências. Na concepção skinneriana, faz 
parte do processo de adaptação do sujeito ao ambiente. Na ótica behaviorista, o am-
biente se constitui como o conjunto de condições ou circunstâncias que afetam dire-
tamente o comportamento. Não importa se tais condições estão dentro ou fora da 
pele. No caso de ser dentro da pele, pode-se citar, como exemplo, as reações neuro-
químicas do corpo frente a estímulos específicos, conforme MELO J; (2019). 
A relação do comportamento com o ambiente é de interação. O comportamento 
só pode ser estudado efetivamente na sua relação com o ambiente. Comportamento 
é uma maneira interativa de ser. De modo que não se pode falar em comportamento 
sem interação. O Darwinismo exerceu uma grande influência no entendimento do pa-
pel do ambiente na seleção dos comportamentos. Darwin trabalhava com o conceito 
de “seleção natural”, partia do princípio de que o ambiente selecionava os seres mais 
adaptados à sobrevivência naquele espaço. Aqueles organismos que não atendiam 
às condições mínimas de vida naquela situação estavam destinados à extinção, con-
forme MELO J; (2019). 
Para o Behaviorismo, este também é o papel do ambiente, o de selecionar. 
Neste caso, especificamente, não apenas os seres mais adaptados, mas os compor-
tamentos que melhor se adequam aos requisitos daquele contexto. Skinner reconhe-
cia duas principais categorias de comportamentos: os chamados reflexos e os ope-
rantes. Os primeiros são eliciados, sobretudo, pelos seus antecedentes e os segundos 
são selecionados pelas consequências que produzem, conforme MELO J; (2019). 
 
 
 
15 
No âmbito da ação reflexa, pode-se dizer que há maior previsibilidade de ocor-
rência de uma determinada resposta, pois são ações determinadas pela própria con-
dição instintiva do organismo. Assim, quando um raio de luz incide sobre o olho de 
uma pessoa, a pupila se contrai. Há uma maior secreção de saliva quando se está 
diante de certos alimentos. Assim também quando se chora ao cortar cebolas ou 
mesmo quando alguém bate levemente com um martelo abaixo do joelho e a perna 
se contrai. Todas estas respostas do organismo são reflexas e dependem diretamente 
de um estímulo que é anterior à resposta, conforme MELO J; (2019). 
Um dos grandes estudiosos do comportamento reflexo foi Pavlov. Este afir-
mava que tais comportamentos poderiam ser condicionados, isto é, aprendidos a par-
tir de um processo de emparelhamento, onde a apresentação de um alimento, por 
exemplo, era antecedida por um sinal como um som (estímulo incondicionado) e a 
associação deste som com o alimento, por si mesmo, poderia ser capaz de estimular 
a salivação após sucessivos emparelhamentos, conforme MELO J; (2019). 
Apesar de Skinner reconhecer a existência e a importância dos comportamen-
tos reflexos, deu muito mais atenção aos chamados “comportamentos operantes”. 
Este recebe tal nome por operar no ambiente do organismo. O cão, por exemplo, que 
foi treinado no laboratório de Pavlov apenas reagia a um estímulo que lhe era apre-
sentado, ou seja, emitia apenas um comportamento reflexo, já que não era capaz de 
atuar por si mesmo para assegurar o estímulo, conforme MELO J; (2019). 
Em contrapartida, o comportamento dos ratos na “caixa problema” era consi-
derado um operante, pois ele tentava, ao pressionar a barra, garantir que o estímulo 
comida lhe fosse apresentado. A partir de tais estudos experimentais, Skinner enfati-
zou a chamada “Lei da aquisição”, que consiste na percepção de que a força de um 
comportamento operante aumenta quando, em seguida, recebe um estímulo reforça-
dor, conforme MELO J; (2019). 
Por este viés, Skinner diz, os reflexos, condicionados ou não, referem-se prin-
cipalmente à fisiologia interna do organismo. Muitas vezes estamos mais in-
teressados, entretanto, no comportamento que produz algum efeito no mundo 
ao redor. Este comportamento origina a maioria dos problemas práticos nos 
assuntos humanos e é também de um interesse teórico especial por suas 
características singulares. As consequências de um comportamento podem 
retroagir sobre o organismo. Quando isto acontece, podem alterar a probabi-
lidade de o comportamento ocorrer novamente. A língua portuguesa contém 
muitas palavras, tais como “recompensa” e “punição”, que se referem a este 
efeito, mas só através da análise experimental será possível formar uma no-
ção mais clara (SKINNER, 1953/2003, p. 64-65 apud MELO J; 2019). 
 
16 
É notório que Skinner adotava o “modelo de seleção pelas consequências” para 
explicar a manutenção ou extinção de um comportamento. Tal modelo, fundamentado 
no darwinismo, sinaliza para o ambientalismo skinneriano. Tanto a adaptação das es-
pécies quanto o comportamento individual passaram a ser referidos a um mecanismo 
causal cuja ênfase está nas consequências e na sobrevivência. Em rejeição ao men-
talismo, o BehaviorismoRadical define o comportamento como seu objeto, conforme 
visto. Contudo, Skinner não reduzia o comportamento apenas àquilo que era obser-
vável, conforme MELO J; (2019). 
Para o Behaviorismo Radical, interessa o estudo tanto do comportamento pú-
blico quanto do privado. A maior diferença entre eles é a quantidade de pessoas que 
têm acesso aos mesmos. O comportamento público é aquele que é observável por 
outras pessoas além daquela que se comporta, enquanto que o privado somente 
quem se comporta tem acesso (BAUM, 2006, p. 50 apud MELO J; 2019). 
Enquadra-se no conjunto dos comportamentos privados as emoções, os pen-
samentos, bem como os sentimentos, entre outros. Estes podem ser expressos atra-
vés da fala, dos gestos ou não serem expressos, permanecendo assim privados. Em 
termos práticos, para um behaviorista o público e o privado têm o mesmo valor e po-
dem também ter funções diversas. Para Skinner, os eventos privados são considera-
dos naturais. Os pensamentos, por exemplo, são considerados como ações que afe-
tam outros comportamentos, mas não são vistos como causas (BAUM, 2006, p. 63 
apud MELO J; 2019). 
O modelo de seleção pelas consequências também tem sua importância na 
obra de Skinner por permitir a separação dele do mecanicismo, pois a causalidade 
deixa de ser descrita em termos mecanicistas e passa para uma causa específica que 
deve ser encontrada na interação com o ambiente, conforme MELO J; (2019). 
3.1 Ciência e comportamento verbal 
A ciência para Skinner (1953/1965 apud BANDINI C; 2008) é, antes de tudo, 
“um conjunto de atitudes. É uma disposição de tratar com fatos e não com o que se 
possa ter dito sobre eles” (p. 12). Tratar com fatos indica, na concepção skinneriana, 
mais do que obtê-los: a ciência abre um novo horizonte de possibilidades ao cientista. 
 
17 
Isso porque “a ciência fornece a sua própria sabedoria” e “conduz a uma nova con-
cepção do assunto, um novo modo de pensar sobre aquela parte do mundo a que se 
dedicou” (p. 6). Tal “sabedoria” é, segundo Skinner, difícil de ser aceita pelo cientista 
e pelo senso comum, porque em muitos aspectos pode vir a contrariar as suas mais 
calorosas crenças. 
Skinner (1953/1965 apud BANDINI C; 2008) considera que o trabalho sobre os 
fatos deve ser superior à vontade e aos desejos do cientista. Este deve ser honesto 
quanto à apresentação de seus dados, evitando enganar, afirmar sem provas sufici-
entes e inventar resultados. Entretanto, salienta o autor, os comportamentos de ho-
nestidade do cientista não são característicos de sua natureza, ou melhor dizendo, 
não são comportamentos necessariamente emitidos apenas porque o cientista se en-
contra engajado em uma atividade científica. O comportamento do cientista é, como 
qualquer comportamento, fruto das contingências passadas e atuais do cientista. 
 São, então, as práticas científicas que definem consequências suficientemente 
importantes para os comportamentos honestos e fidedignos: se os cientistas forem 
honestos quanto aos resultados encontrados, mesmo quando estes contrariam suas 
expectativas iniciais, a ciência avança mais rapidamente. Isso se deve ao fato de que, 
como lembra Skinner, a ciência deve ser entendida como uma atividade passível de 
replicação e, neste sentido, qualquer eventual engano, proposital ou acidental, na in-
terpretação ou comunicação dos resultados obtidos será descoberto mais cedo ou 
mais tarde, conforme BANDINI C; (2008). 
Mais que um “conjunto de atitudes”, Skinner (1953/1965 apud BANDINI C; 
2008) considera que a ciência é uma incessante busca por ordem ou, pelo menos, 
uma tentativa de descobri-la. Portanto, a possibilidade de uma ciência está calcada 
no pressuposto de que o fato analisado seja passível de ordenação, ou seja, que por 
meio de um método científico exista alguma maneira de se encontrar no fato estudado 
algum tipo de regularidade. A busca pela ordem exige que os fatos estudados sejam 
também passíveis de determinação, pois não é possível que fatos que mudem capri-
chosamente possam, de alguma forma, apresentar uniformidade. 
 
 
 
 
18 
A ciência na concepção de Skinner começa, então, com a observação15 de 
fatos isolados, com a descrição dos casos particulares, e deve a partir daí, formular 
leis gerais que mostrem regularidade. Skinner (1953/1965 apud BANDINI C; 2008) 
escreveu que as afirmações com “propósitos científicos deverão estar baseadas em 
eventos observáveis, sendo exclusivamente em tais eventos que se deve confinar 
uma análise funcional” (p. 36). 
Na medida em que a observação do caso simples deve gerar uma lei geral, 
então, a ciência é um conjunto de regras gerais, as leis científicas, as quais em um 
estágio avançado devem, segundo o autor, propor enunciados não somente sobre o 
mundo, mas também sobre os próprios enunciados. Estabelecem assim “um modelo 
do seu objeto o qual ajuda a gerar novas regras, da mesma maneira que as próprias 
regras geram novas práticas no trato dos casos singulares” (p. 14), conforme BANDINI 
C; (2008). 
Contudo, salientamos, formular leis é também comportamento ao mesmo 
tempo em que seguir as leis já formuladas também o é. Neste sentido, podemos com-
preender que a ciência, para Skinner, tem como um importante elemento o próprio 
comportamento do cientista, não somente porque, como vimos, as atitudes do cien-
tista frente aos dados obtidos são modeladas e mantidas pela comunidade científica, 
mas também porque “o cientista, como qualquer organismo, é um produto de uma 
história única. A prática que ele encontra como a mais apropriada dependerá, em 
parte, desta história” (SKINNER, 1956/1999b, pp. 123-124 apud BANDINI C; 2008). 
Assim, para Skinner, a ciência envolve tanto comportamento mantido pelas 
suas consequências, quanto comportamento governado por regras. Vejamos como 
isso pode ser mais bem explicado, utilizando um exemplo fornecido pelo próprio Skin-
ner, quando ele trata de analisar seu próprio comportamento de cientista em um texto 
intitulado Uma história de caso no método científico (SKINNER, 1956/1999b apud 
BANDINI C; 2008). 
Naquela ocasião, Skinner (1956/1999b apud BANDINI C; 2008) disse que foi 
baseando-se nos estudos deixados por Pavlov e em regras do tipo “controle suas 
condições e você verá ordem” (p. 104) que construiu um primeiro aparato para realizar 
pesquisas com infra-humanos, com o objetivo de encontrar ordem nos dados obtidos 
pelo método experimental. Após seus primeiros resultados e alguns problemas com o 
controle do comportamento dos animais, Skinner mudou sua população de sujeitos, 
 
19 
de ratos bebês, para ratos adultos, e construiu um novo equipamento para solucionar 
os problemas encontrados. 
Com os resultados das novas pesquisas, o autor foi desenvolvendo novos apa-
ratos experimentais. Não é de nosso interesse argumentar sobre cada mudança nos 
aparatos desenvolvidos pelo autor, devido, principalmente, ao espaço e ao tempo que 
tomaríamos de nossos leitores, queremos apenas mostrar que o comportamento do 
cientista estava, neste estágio, sendo controlado pelas suas consequências imediatas 
conforme BANDINI C; (2008). 
Os novos resultados geravam novas contingências que podiam, agora, contro-
lar novas respostas. Ao final de várias mudanças nos equipamentos, Skinner chegou 
ao aparato que hoje comumente denominamos “caixa de Skinner”, um aparato sim-
ples, quando comparado aos aparatos iniciais, e que funcionava de maneira eficaz 
para o estudo do comportamento. Durante a construção deste aparato, o autor encon-
trou variáveis que serviam como ordenadoras dos dados, as quais serão descritas 
ainda neste capítulo. Assim, a forma de ordenar os dados do comportamento, passou 
a ser tida como uma lei geral que funciona para os novos experimentos e, atualmente, 
para os novos cientistas, como uma regra, conforme BANDINI C; (2008). 
Neste exemplo podemos encontrar três características da ciência skinnerianacomentadas por Abib (1993 apud BANDINI C; 2008) e que, segundo este autor, mos-
tram alguns aspectos inovadores da visão skinneriana de ciência. Em primeiro lugar, 
a ciência, para Skinner pode ser entendida como um conjunto de regras que propiciam 
a ação efetiva. No nosso exemplo, vimos que por meio das regras já estabelecidas 
por Pavlov, por exemplo, Skinner construiu um aparato e deu início a seus experimen-
tos com infra-humanos na busca por ordenação dos dados do comportamento. 
 Em segundo lugar, o conjunto de regras da ciência não é perfeito na descrição 
que realiza das contingências, ou seja, as regras são inexatas ao descreverem as 
contingências que as geraram. O aparato construído foi modificado inúmeras vezes 
até tornar-se útil na obtenção de dados ordenados. E por fim, como terceira caracte-
rística, é o trabalho do cientista que corrige as regras inexatas e as aproxima das 
contingências descritas. Como vimos, foi sob controle das consequências atuais do 
seu comportamento que Skinner pôde, em nosso exemplo, mudar os aparatos de 
forma a aperfeiçoar a obtenção dos dados, conforme BANDINI C; (2008). 
 
20 
Dito isso, podemos começar a delinear como Skinner sugere que deva ser a 
ciência do comportamento. Primeiramente, podemos imaginar que uma ciência do 
comportamento deve lidar com eventos passíveis de ordenação e determinação. E de 
fato é o que acontece: o comportamento assume na visão skinneriana o lugar de ob-
jeto científico em seu próprio direito, ou seja, não redutível a qualquer outra entidade, 
seja ela neural, mental ou cognitiva, porque se considera que seja ordenável e deter-
minável. Depois, podemos também concluir que a ciência do comportamento deve, 
para Skinner (1953/1965 apud BANDINI C; 2008), estar “dentro das fronteiras de uma 
ciência natural”, como a descrita até o momento, pois, para ele, “nós não podemos 
assumir que o comportamento tenha propriedades particulares que requeiram méto-
dos únicos ou uma espécie particular de conhecimento” (pp. 35-36). 
A função da ciência do comportamento, segundo o autor (SKINNER, 1953/1965 
apud BANDINI C; 2008), seria a de esclarecer porque as pessoas se comportam da 
forma como se comportam, ou seja, ela deve descobrir as causas do comportamento. 
Contudo, a busca de causas dentro da ciência do comportamento é uma busca pelas 
variáveis das quais o comportamento é uma função. O efeito para o qual se procura 
uma causa é denominado “variável dependente” e as condições das quais o compor-
tamento é função denomina-se “variável independente”. 
 Isso significa dizer que Skinner não se utiliza a noção de causa em um sentido 
trivial, onde um evento A é responsável, inexoravelmente, pela ocorrência de um 
evento B. Procura-se na ciência do comportamento, por relações funcionais entre as 
variáveis, onde a ocorrência de uma ocasiona ou muda a probabilidade de ocorrência 
da outra. Ou seja, o cientista do comportamento procura avaliar a probabilidade de 
que um organismo se comporte de uma determinada maneira em uma determinada 
situação, conforme BANDINI C; (2008). 
Se uma ciência pode descobrir as relações funcionais do comportamento ela 
pode também, segundo Skinner (1953/1965 apud BANDINI C; 2008), estar apta a 
prever e controlar a ocorrência de tal comportamento. Neste sentido, o trabalho cien-
tífico envolve a tarefa de encontrar relações ordenadas entre os fatos estudados, pre-
ver e propiciar a ocorrência destes fatos, pois desde que saibamos porque algum 
evento ocorreu, poderemos prever sua ocorrência futura e manipular as condições 
relevantes para seu acontecimento, ou seja, controlá-lo. 
 
 
21 
Mas a ciência para Skinner é mais do que isso. Uma ciência na sua visão (HOL-
LAND; SKINNER, 1961/1969 apud BANDINI C; 2008) deve possibilitar a interpreta-
ção. Isso porque ao se verificar uma relação entre determinadas condições e um com-
portamento, deve ser possível que se interprete casos particulares. 
Utilizando um exemplo dado por Holland e Skinner, Pavlov ao se interessar em 
responder por que seus sujeitos experimentais salivavam sem comida na boca, pôde, 
baseado nesta observação, interpretar que as secreções de saliva eram fruto de estí-
mulos condicionados. Sendo assim, uma análise do comportamento somente tem 
sentido se permite que se avance da busca de relações para uma interpretação dos 
fenômenos. Nas palavras dos autores “um fenômeno só está explicado cientifica-
mente quando podemos formular as maneiras de predizê-lo, controlá-lo ou interpretá-
lo” (p. 280), conforme BANDINI C; (2008). 
Ocorre, todavia, que este modelo de ciência não é único. Devemos certamente 
partir do pressuposto de que, obviamente, outros tipos de causas foram atribuídos ao 
comportamento e outras formas de acesso a tais causas foram defendidas antes do 
posicionamento behaviorista e de que, na maioria das vezes, tais outras ciências e 
filosofias não atribuíam as causas do comportamento as mesmas variáveis que as 
aqui apresentadas18, Skinner teve não somente que fundamentar sua posição, mas 
também teve que indicar como as demais concepções acerca do comportamento hu-
mano não poderiam ser consideradas científicas, ou se o fossem, não serviriam de 
fato, para explicar o comportamento humano, conforme BANDINI C; (2008). 
3.2 O behaviorismo radical 
Dentre as diversas formas de Behaviorismo que foram surgindo ao longo do 
século XX, a proposta de Frederic Buhrrus Skinner (1904-1990 apud MELO J; 2019) 
foi uma das mais influentes. Principalmente, ao longo da década de 1950, Skinner 
tornou-se um grande personagem da Psicologia norte-americana. Nasceu em Sus-
quehanna (Pensilvânia). O pensamento skinneriano traz relações diretas com suas 
experiências de vida. Para ele, suas experiências e conhecimento estavam direta-
mente relacionados com os estímulos ambientais aos quais teve acesso. Quando cri-
ança gostava de construir coisas, como trenós, carrinhos, jangadas, limpador de sa-
 
22 
patos, instrumentos musicais, etc. Também tinha grande interesse no estudo do com-
portamento dos animais, criava tartarugas, cobras, lagartos, etc. (SCHULTZ; SCHU-
LTZ, 2012, p. 294 apud MELO J; 2019). 
Segundo Skinner (1974, p. 3 apud CASTRO T; 2016), o “Behaviorismo não é a 
ciência do comportamento humano, ele é a filosofia desta ciência”. A análise do com-
portamento seria uma área mais ampla que abarcaria o behaviorismo radical (seu 
braço teórico e filosófico histórico), a análise experimental do comportamento (seu 
ramo empírico) e a análise aplicada do comportamento (ligada à criação e administra-
ção de recursos de intervenção social) (Carvalho Neto, 2002 apud CASTRO T; 2016). 
Segundo Carrara (2005 apud CASTRO T; 2016), A Análise do Comporta-
mento constitui-se de um corpo de conhecimentos e uma metodologia, apoi-
ados em uma filosofia de ciência específica, o behaviorismo radical. Constitui-
se em maneira sistemática de ver o mundo psicológico, utiliza-se da obser-
vação e da análise de contingências que contextualizam o comportamento, 
mantendo uma tendência a focalizar o ambiente físico, químico, orgânico e 
social, não descartando a história genética do organismo (p. 101-102). 
O comportamento é o objeto de estudo do behaviorismo radical, filosofia que 
embasa a ciência do comportamento proposta por Skinner, sendo definido como a 
interação do organismo com seu ambiente. O comportamento é entendido não como 
uma resposta isolada, mas as ações do organismo, as consequências dessas ações 
e as circunstâncias nas quais essas relações contingenciais ocorrem, conforme CAS-
TRO T; (2016). 
 Deste modo, a análise do comportamento define sua disciplina como o estudo 
do desenvolvimento e mudanças no comportamento (tanto público quanto privado) ao 
longo do tempo em relação aos efeitos seletivos do ambiente no qual o indivíduo in-
terage (Ulman, 1996 apud CASTRO T; 2016). 
No sistema skinneriano, o paradigma explicativo do comportamentoé a seleção 
por consequências. Para Skinner (1977/2007 apud CASTRO T; 2016), a seleção dos 
comportamentos é explicada como produto de contingências em três níveis: 
 Filogênese (contingências de sobrevivência responsáveis pela seleção 
natural das espécies); conforme CASTRO T; 2016 
 Ontogênese (contingências de reforçamento responsáveis pelos reper-
tórios adquiridos pelos membros da espécie); conforme CASTRO T; 
2016 
 
23 
 Cultura (contingências mantidas por um ambiente cultural evoluído), 
conforme CASTRO T; 2016. 
Com a explicação dos comportamentos a partir da seleção por consequências, 
rejeitam-se as explicações teleológicas. Segundo Skinner, o comportamento é mode-
lado e mantido pelas consequências que seguiram o comportamento no passado não 
em função das consequências que se seguirão (Skinner, 1989, citado por Carrara, 
2005 apud CASTRO T; 2016). 
 Em relação à metodologia, Carrara (2005 apud CASTRO T; 2016) afirma que 
não se faz uso de estatística inferencial de grandes grupos para interpretação de da-
dos de pesquisa, tendo em vista que ao atentar-se para certas propriedades estatísti-
cas do grupo, o pesquisador deixa de estar atento aos comportamentos de seus mem-
bros. Em vez disso, utiliza-se o delineamento de sujeito único, no qual “O sujeito fun-
ciona como seu próprio controle e as comparações entre dados são feitas usando-se 
variações de medidas anteriores e posteriores ao emprego de um determinado proce-
dimento” (p. 102), ou seja, o sujeito é comparado com ele mesmo antes e após a 
intervenção. 
O behaviorismo radical apresenta uma concepção monista de ciência, em con-
traposição a uma concepção dualista, não havendo uma separação entre as dimen-
sões física e mental, entre os mundos interior e exterior. Segundo Carrara (2005 apud 
CASTRO T; 2016), o behaviorismo radical “nega status de causalidade aos chamados 
eventos mentais (...) e pressupõe o comportamento como verdadeira raiz para se en-
tender as atividades humanas, daí a expressão radical” (p. 102). 
Neste sentido, a intervenção deve ter como alvo não a mente ou um construto 
interno que inicia e mantém comportamentos, mas as “as condições, ambientais ou 
genéticas, das quais o comportamento pessoal é função” (Skinner, 1983, p. 62 apud 
CASTRO T; 2016). 
Com a ênfase nas variáveis externas e mudança do ambiente em que os indi-
víduos vivem, na análise do comportamento o ambiente social ganha destaque, exer-
cendo a função de estímulo discriminativo e fornecedor de consequências para o com-
portamento dos indivíduos. Segundo Melo e Machado (2013 apud CASTRO T; 2016), 
“grande parte do comportamento humano ocorre em ambientes sociais que se carac-
terizam principalmente pela importância do ‘outro’ como integrante fundamental des-
ses ambientes” (p. 96), ou seja, o comportamento dos indivíduos é, em grande parte, 
 
24 
modelado não pela ação direta do ambiente natural, mas pela mediação de outras 
pessoas, o que abre margem para estudos da cultura. 
O conceito de ambiente social em Skinner não é diferente do conceito de cul-
tura: “no sentido mais amplo possível a cultura na qual um indivíduo vive é composta 
por todas as variáveis arranjadas por todas as outras pessoas que o afetam” (Skinner, 
1953/2003, p. 455 apud CASTRO T; 2016). Pode-se entender a cultura como com-
posta de um grande conjunto de regras. Assim, os comportamentos individuais são 
determinados por regras sociais que associam as condições presentes com as con-
sequências futuras. Tais práticas culturais são assim replicadas e transmitidas de um 
indivíduo a outro, de uma geração a outra, formando e transformando o ambiente cul-
tural compartilhado por todos. 
Para Skinner (1983 apud CASTRO T; 2016), a cultura não está além do com-
portamento dos indivíduos, mas é diferente deles. O comportamento social pode ser 
descrito e explicado com base nas contingências de reforçamento, tais como quais-
quer outros comportamentos, no entanto, entre essas contingências, há que se con-
siderar que o controle é exercido pelo grupo. 
Um grupo pode exercer controle sobre seus membros através do controle das 
consequências de suas ações. Segundo Skinner (2003 apud CASTRO T; 2016), “o 
grupo exerce um controle ético sobre cada um de seus membros através, principal-
mente, de seu poder de reforçar e punir” (p. 363). Ele também ressalta que, geral-
mente, os grupos não são bem organizados e por isso há atuação de certas agências 
de controle (como o governo, a religião, a psicoterapia, a economia e a educação) que 
agem de forma mais organizada e com maior eficácia no controle de cada indivíduo, 
através da manipulação de um conjunto particular de variáveis e estabelecendo con-
tingências específicas de acordo com seu âmbito de atuação. 
Na análise do comportamento, a definição de comportamento como relação 
entre o organismo e o ambiente abre possibilidades para um trabalho que não isola o 
indivíduo de seu contexto. Esta definição, mais do que simplesmente ampliar os hori-
zontes de estudos do indivíduo, impõe uma necessidade de mudança do contexto 
para efetivação de transformações verdadeiras, seja no nível individual, seja no nível 
social, conforme CASTRO T; (2016). 
 
 
25 
Skinner avançou em relação a Watson, por levar em conta o papel das conse-
quências no estudo do comportamento. O papel dos antecedentes e dos contextos 
nos quais o comportamento ocorre ao longo de tempo permite levar em consideração 
a cultura, entendida como ambiente social, diferente do behaviorismo de Watson. O 
estudo de eventos privados, que tem a mesma natureza de eventos públicos para 
Skinner, também representa outro avanço, conforme CASTRO T; (2016). 
Na discussão dos fundamentos, é possível perceber que Skinner ressoa alguns 
pressupostos que Laurenti (2012 apud CASTRO T; 2016) inclui na “ciência moderna” 
como ser uma ciência “objetiva”, na medida em que se atém à identificação de rela-
ções funcionais sem recorrer a dados metafísicos, a ênfase no método quantitativo-
experimental, as descrições a partir de dados públicos. 
3.3 Comportamento respondente 
O conceito e a investigação do comportamento respondente surgiram a partir 
dos estudos de Ivan Petrovich Pavlov. O experimento de Pavlov, segundo Moreira e 
Medeiros (2007 apud MEYER D; 2011), visava estudar o reflexo salivar (alimento na 
boca eliciando resposta de salivação). Com o cão preso em arreios e com um pequeno 
corte próximo às suas glândulas salivares, Pavlov introduziu uma mangueira, a fim de 
medir a quantidade de saliva produzida pelo cão em função da qualidade de comida 
que era apresentada a ele. 
Acidentalmente, Pavlov descobriu que outros estímulos, além da comida, tam-
bém produziam respostas de salivação: a visão da comida onde o alimento era apre-
sentado, o som das pegadas do experimentador ao chegar ao laboratório e a aproxi-
mação da hora em que os experimentos eram frequentemente realizados, conforme 
MEYER D; (2011). 
Após essas descobertas, o experimento consistia em emparelhar o som da si-
neta, estímulo neutro (NS) para a resposta de salivação com a comida, estímulo in-
condicionado (US). A salivação era a resposta incondicional (UR). Após várias repeti-
ções, o condicionamento foi estabelecido, criou-se um reflexo condicional; o som da 
sineta eliciava a salivação antes que a comida fosse apresentada. O som da sineta é 
agora um estímulo condicional (CS), e a salivação eliciada pelo som da sineta é uma 
resposta condicionada (CR), conforme MEYER D; (2011). 
 
26 
Ao condicionamento pavloviano, Skinner deu o nome de condicionamento res-
pondente. O condicionamento respondente é importante para o estudo das emoções, 
visto que estas são comportamentos respondentes, ou seja, são em grande parte, 
relações confiáveis entre estímulos antecedentes (variáveis independentes) e respos-
tas (variáveis dependentes). Se os organismos podem aprender novos reflexos, tam-
bém podemaprender a sentir respostas emocionais que não estão presentes no seu 
repertório comportamental quando nascem (Moreira & Medeiros, 2007 apud MEYER 
D; 2011). 
J. B. Watson, em 1920, realizou um experimento para mostrar como o condici-
onamento amplia os controles das emoções. Tal experimento tinha o propósito de 
verificar, por meio do condicionamento pavloviano, se um ser humano aprenderia a 
ter medo de algo que não tinha. Para a criança Albert, de 11 meses de idade, Watson 
mostrou um rato (NS) nunca antes temido e emparelhou a presença do rato com al-
gumas apresentações de um som súbito, produzido pela batida do martelo em uma 
haste de metal que estava próxima à cabeça da criança, conforme MEYER D; (2011). 
 O som amedrontava a criança e servia como eliciador incondicionado (US) 
no paradigma pavloviano. Após algumas repetições, a presença do rato (CS) 
passou a eliciar, em Albert, uma resposta de medo (CR). Watson concluiu 
que Albert aprendeu a ter medo do rato (Millenson, 1975 apud MEYER D; 
2011). Com esse experimento, entende-se que as emoções são respostas 
reflexas e, por isso, são tão difíceis de serem controladas. 
O condicionamento reflexo apresenta um fenômeno chamado de generalização 
respondente, que se refere a estímulos que se assemelham fisicamente ao estímulo 
condicionado e, por isso, também podem passar a eliciar a resposta condicionada em 
questão. No experimento com o pequeno Albert, Watson verificou que outros estímu-
los semelhantes ao rato (SC) como barba branca, animal de pelúcia e cachorro 
branco, também eliciaram respostas de medo, sem terem sido diretamente empare-
lhados ao som (Moreira & Medeiros, 2007 apud MEYER D; 2011). 
Um exemplo prático do dia a dia sobre o condicionamento respondente decorre 
do fato de algumas palavras possuírem uma forte carga emocional, como, por exem-
plo, a palavra gorda. Na sociedade brasileira, tem-se que o padrão corporal estabele-
cido é o da magreza, a mulher com corpo malhado e com muitos músculos, conforme 
MEYER D; (2011). 
 
27 
 A sociedade não dá chance à mulher gorda, desde os assentos em transportes 
públicos serem pequenos e pouco resistentes, até eliminação sumária em concurso 
público. Ceribelle (2011 apud MEYER D; 2011) apresenta reportagem sobre três pro-
fessoras aprovadas em concurso público que foram descartadas por serem obesas. 
Pode-se dizer que houve um pareamento entre a palavra gorda e uma série de estí-
mulos aversivos e punitivos, que estabeleceram um valor negativo para essa palavra 
no universo feminino. Assim, o simples pronunciar da palavra gorda para a maioria 
das mulheres provoca uma série de respondentes muito desagradáveis, como ansie-
dade e angústia (Souza, 2011 apud MEYER D; 2011). 
Até aqui foi possível entender que há comportamentos respondentes inatos, 
mas que alguns podem ser aprendidos por meio do condicionamento respondente. 
Entretanto, ele não é único, existe outro tipo de aprendizagem, que consiste no con-
dicionamento operante, conforme MEYER D; (2011). 
3.4 Generalização respondente 
De acordo com os autores Moreira e Medeiros (2007 apud VIANA A; 2017), não 
é possível que se fale sobre um estímulo, seja ele condicionado ou incondicionado, 
sem que se faça referência a uma resposta, quer seja condicionada ou incondicio-
nada. Isso não significa, portanto, que, mesmo após o condicionamento de um estí-
mulo neutro com um estímulo incondicionado, gerando um estímulo condicionado, so-
mente este (CS - Estímulo Condicionado) específico que virá a eliciar aquela determi-
nada resposta, em outras palavras, após um condicionamento, estímulos que se as-
semelham fisicamente ao estímulo condicionado (CS - Estímulo Condicionado) podem 
passar a eliciar a mesma resposta condicionada em questão. Esse fenômeno é cha-
mado de generalização respondente. 
Neste viés, a magnitude da resposta eliciada dependerá do grau de seme-
lhança entre os estímulos em questão (estímulo condicionado e estímulos fisica-
mente/aparentemente semelhantes). Dessa maneira, quanto mais parecido com o es-
tímulo condicionado presente no momento do condicionamento outro estímulo for, 
maior será a magnitude da resposta eliciada pelo mesmo. Segundo os autores Moreira 
e Medeiros (2007 apud VIANA A; 2017), a variação na magnitude da resposta em 
 
28 
função das semelhanças físicas entre os estímulos é denominada gradiente de gene-
ralização. 
3.5 Extinção respondente e recuperação espontânea 
 Dentro dos conceitos do livro de Moreira e Medeiros (2007 apud VIANA A; 
2017), é possível afirmar que, mesmo após o condicionamento pavloviano, a resposta 
reflexa condicionada pode “desaparecer” caso o estímulo condicionado seja apresen-
tado repetidas vezes sem que haja a presença do estímulo incondicionado em ques-
tão, ou seja, quando um (CS - Estímulo Condicionado) é apresentado várias vezes 
sem o (US - Estímulo Incondicionado) ao qual foi anteriormente emparelhado, seu 
efeito eliciador de uma resposta semelhante à do estímulo incondicionado se extingue 
gradualmente. Esse processo é chamado, na Análise do Comportamento, de extinção 
respondente. 
Às vezes, após a extinção ter ocorrido a força do comportamento reflexo pode 
voltar espontaneamente, esse é o fenômeno que se chama de recuperação espontâ-
nea. Todavia, sua força será menor nesse momento, ou seja, no caso do medo, por 
exemplo, a pessoa sentirá menos medo do que sentia antes da extinção, mas ainda 
assim sentirá medo (MOREIRA & MEDEIROS, 2007 apud VIANA A; 2017). 
Se forem emparelhados estímulos neutros com estímulos condicionados, 
ocorre o que Moreira e Medeiros (2007 apud VIANA A; 2017) chamam de condiciona-
mento de ordem superior, que é um processo em que um estímulo previamente neutro 
passa a eliciar uma resposta condicionada como resultado de seu emparelhamento a 
um estímulo condicionado que já elicia a resposta condicionada em questão. Dessa 
maneira, quanto mais alta é a ordem do reflexo condicionado, menor é a magnitude 
de sua força. 
3.6 Comportamento operante 
É o comportamento que engloba a maioria dos comportamentos dos organis-
mos. Skinner (1953/1998 apud MEYER D; 2011) deu o nome de operante no sentido 
de que “o comportamento opera sobre o ambiente para gerar consequências” (p. 71). 
Entender o comportamento operante possibilita a compreensão de como se dá o 
 
29 
aprendizado das habilidades e do conhecimento, ou seja, falar, ler, escrever, racioci-
nar e, também, sobre as características de cada um desses comportamentos. 
Uma propriedade relevante do comportamento operante é que ele pode ser 
afetado por suas consequências (Catania, 1998/1999). No processo de condiciona-
mento operante, as consequências determinarão se os comportamentos que as pro-
duziram ocorrerão ou não outra vez ou se ocorrerão com maior ou menor frequência 
(Skinner, 1953/1998 apud MEYER D; 2011). 
O autor ressalta ainda que a única maneira de dizer que um estímulo é refor-
çador (i.e., fortalece a resposta) para um indivíduo, sob dadas condições, é verificar 
um aumento na frequência da resposta que o produz. Os estímulos que se verifica 
serem reforçadores são de dois tipos: positivos e negativos. No primeiro caso, a apre-
sentação desses estímulos, o acréscimo de alguma coisa à situação como, por exem-
plo, água, comida ou contato sexual produz aumento na probabilidade futura da res-
posta que os produziram, conforme MEYER D; (2011). 
 O aumento da probabilidade da resposta após o processo é denominado de 
reforçamento positivo. Por exemplo, ouvir uma boa música produz reforçamento posi-
tivo para ligar o rádio. Por outro lado, denominam-se reforçamento negativo os pro-
cessos nos quais a remoção de alguma coisa da situação como, por exemplo, de 
muito barulho, de uma luz muito brilhante, de calor ou de frio extremos, ou de choque 
elétrico produz aumento da resposta, conforme MEYER D; (2011). 
 Os estímulos cuja remoção fortalece a resposta são denominadosde reforça-
dores negativos. Por exemplo, livrar-se de uma dor de cabeça produz reforçamento 
negativo para tomar um analgésico (ou seja, a resposta de tomar um analgésico torna-
se mais provável, futuramente, após ele ter eliminado a dor estímulo reforçador nega-
tivo), conforme MEYER D; (2011). 
O reforçamento negativo apresenta duas classes de comportamentos: fuga e 
esquiva. As respostas de fuga são aqueles operantes que permitem a um indivíduo 
eliminar reforçadores negativos (estímulos aversivos) que estão presentes: é o caso 
de uma pessoa que, diante de críticas e discussões, que são estímulos aversivos para 
ela, sai do ambiente e deixa a outra falando sozinha. Já as respostas de esquiva são 
operantes que permitem que o indivíduo previna a ocorrência de estímulos aversivos. 
Assim, uma pessoa que não quer ouvir críticas a seu respeito evita encontrar-se com 
 
30 
alguém que é muito crítico ou evita emitir comportamentos que têm probabilidade de 
serem criticados (Baldwin & Baldwin, 1986/1998 apud MEYER D; 2011). 
Uma vez que o operante foi reforçado e se torna comum numa dada situação, 
não há garantia de que, no futuro, a frequência da resposta permaneça a mesma. 
Quando há interrupção de qualquer reforçamento, seja positivo ou negativo, que man-
tinha um dado operante, a frequência desse operante diminui, ocorrendo o processo 
de extinção operante. Esse processo pode ocorrer também quando há menos refor-
çamento disponível a um comportamento do que o disponível a outro comportamento 
alternativo. É o caso em que se deixa de comprar num supermercado X quando se 
descobre que é menos recompensador comprar lá que no supermercado Y (Baldwin 
& Baldwin, 1986/1998 apud MEYER D; 2011). 
O comportamento pode resistir à suspensão do reforço e continuar a ocorrer. 
A isto se dá o nome de resistência à extinção, que é definida como o tempo ou o 
número de vezes que um indivíduo continua emitindo um comportamento após a sus-
pensão do seu reforço, conforme MEYER D; (2011) 
Na nossa sociedade, os indivíduos cujos comportamentos apresentam alta re-
sistência à extinção são conhecidos como perseverantes, empenhados, cabeças-du-
ras ou teimosos, ou seja, os indivíduos continuam a se comportar mesmo na ausência 
de reforço. Já os indivíduos que apresentam baixa resistência à extinção são aqueles 
que desistem mais facilmente de suas atividades. Essa diferença, na qual uns resis-
tem mais que outros, está diretamente relacionada à história de reforçamento ou his-
tória de aprendizagem de cada um, conforme MEYER D; (2011). 
Existem alguns fatores que influenciam a resistência à extinção: número de 
reforços anteriores (quanto mais um comportamento é reforçado, mais resis-
tente à extinção ele será); custo da resposta (quanto mais esforço é neces-
sário para emitir um comportamento, menor será sua resistência à extinção); 
e esquemas de reforçamento, que consistem em diferentes critérios para a 
liberação dos reforçadores e, por isso, produzem padrões variados na fre-
quência do responder (o comportamento que às vezes é reforçado e às vezes 
não o é reforçamento intermitente se tornará bem mais resistente à extinção 
que um comportamento reforçado continuamente) (Moreira & Medeiros, 2007 
apud MEYER D; 2011). 
 
 
 
 
31 
Até aqui, verificou-se que determinadas consequências, tidas como reforçado-
ras, têm o poder de aumentar a frequência do comportamento que elas produzem. No 
entanto, existe uma relação, a punição, em que as consequências do comportamento 
o tornam menos provável. A punição, de acordo com Skinner (1953/1998 apud ME-
YER D; 2011), é a técnica de controle mais comum na vida moderna. Está presente 
em vários segmentos da sociedade: nos sistemas legais e policiais, com multas, açoi-
tamentos e encarceramento; no sistema religioso, com penitências, excomunhão; na 
educação, com as advertências e suspensões; e no contato pessoal, onde o controle 
se dá com censuras, admoestações, desaprovações e outros. Tudo isso é feito a fim 
de eliminar comportamentos inadequados, indesejáveis e até ameaçadores do reper-
tório humano. 
Moreira e Medeiros (2007 apud MEYER D; 2011) expõem dois tipos de puni-
ção: a punição positiva é uma contingência em que um comportamento produz a apre-
sentação de um estímulo aversivo que reduz sua probabilidade de ocorrência futura 
como, por exemplo, a criança que diz um “palavrão” ao pai e este lhe dá um tapa na 
boca (estímulo aversivo), diminuindo a frequência de falar o “palavrão” novamente. Já 
a punição negativa está relacionada à retirada do estímulo reforçador como, por exem-
plo, o filho que tira notas baixas no colégio e, então, deixa de sair com os colegas no 
final de semana, passa a se comportar diferentemente. 
Os autores afirmam ainda que, se por um lado a punição se mostra eficiente, 
no sentido de suprimir um comportamento inadequado ou indesejável de forma mais 
imediata, por outro lado, apresenta alguns efeitos colaterais, tais como eliciação de 
respostas emocionais aversivas, supressão de outros comportamentos além do pu-
nido, emissão de respostas incompatíveis ao comportamento punido e contra controle, 
que tornam seu uso desaconselhado por vários autores comportamentais, conforme 
MEYER D; (2011). 
3.7 Comportamento operante - aprendizagem por meio das consequências 
Foram abordados aspectos sobre o comportamento respondente, ou seja, fo-
ram estabelecidas algumas relações entre o ambiente (estímulo) e o organismo (res-
posta), tornando possível, então, concluir que determinado estímulo elicia uma deter-
 
32 
minada resposta. A partir dessa compreensão será possível, agora, que seja apresen-
tado um segundo tipo de comportamento, chamado de comportamento operante, que 
engloba grande parte do repertório comportamental dos organismos vivos, conforme 
VIANA A; (2017). 
Skinner (1953/2003 apud RICHARTZ & GON, 2015 apud VIANA A; 2017) usou 
o termo “operante” para descrever os comportamentos ativos que operam sobre o 
meio em que se encontra um determinado indivíduo para que sejam geradas conse-
quências, explicando, então, a aprendizagem como um processo no qual o comporta-
mento é modelado e mantido por meio de suas consequências. 
Segundo Moreira e Medeiros (2007 apud VIANA A; 2017), todo comportamento 
que produz determinada consequência, ou seja, que produz uma alteração no ambi-
ente e que é afetado por ela, pode ser classificado como comportamento operante. 
Compreender do que se trata o comportamento operante é fundamental para que seja 
possível compreender, também, como aprendemos nossas habilidades e nossos co-
nhecimentos, ou seja, como aprendemos, por exemplo, a falar, ler, escrever, racioci-
nar, e tantas outras coisas, dentre elas, também, como aprendemos a ter o que popu-
larmente chamamos de “nossa personalidade”. Neste viés, podemos afirmar que “con-
sequências” são mudanças no ambiente que se deram por ação de um determinado 
comportamento anterior a elas. 
 De acordo com VIANA A; (2017), seguindo o pensamento dos autores, chega-
mos à conclusão de que se o comportamento é influenciado (controlado) devido às 
suas consequências, logo é possível afirmar duas coisas: 
 Podemos manipular as consequências dos comportamentos para com-
preendermos melhor como a interação comportamento (resposta) - con-
sequência (R-C) se dá, conforme VIANA A; (2017), 
 Se os comportamentos das pessoas (e também de animais não huma-
nos) são controlados por suas consequências, isso significa que pode-
mos modificar os comportamentos das pessoas (e dos animais não hu-
manos) programando consequências especiais para seus comporta-
mentos, Conforme VIANA A; (2017). 
 
33 
3.8 O comportamento operante, as contingências de reforço e o modelo de se-
leção pelas consequências na análise do comportamento 
Para Skinner (1981/1987a apud BANDINI C; 2008), o modelo de seleção pelas 
consequências deve ser compreendido em três níveis diferentes.O primeiro deles é 
a seleção filogenética, ou, como denominou Skinner, o primeiro nível de seleção. Ba-
seado no modelo de seleção das espécies, apresentado por C. Darwin, Skinner acre-
dita que foi por meio da seleção natural, que a evolução dos organismos permitiu que 
organismos simples pudessem se tornar mais complexos. 
Assim, através da seleção das espécies, variações genéticas foram seleciona-
das propiciando o desenvolvimento das moléculas mais simples em células, órgãos e 
organismos, os quais puderam se reproduzir sob diversas condições e garantir, assim, 
a sobrevivência das diferentes espécies. Ou seja, neste nível comportamentos que 
tinham algum valor de sobrevivência foram selecionados possibilitando a sobrevivên-
cia e a permanência das espécies, conforme BANDINI C; (2008). 
Contudo, o que costumamos chamar de comportamento, segundo Skinner 
(1981/1987a apud BANDINI C; 2008), surgiu da evolução posterior da relação entre 
organismo e ambiente. Com o surgimento de dois processos importantes, o condicio-
namento respondente e o condicionamento operante, os organismos puderam estar 
aptos a sobreviver em ambientes menos estáveis. Assim, nesse ponto da evolução, o 
cenário evolutivo adquiriu uma característica diferente: o desenvolvimento da suscep-
tibilidade à estimulação ambiental. Isso significa dizer que o organismo passou a dis-
por, após variações biológicas, de uma sensibilidade aos estímulos ambientais. 
 A partir daí os organismos passaram a se comportar de novas formas diante 
de novos ambientes e, no caso do condicionamento operante, a susceptibilidade ao 
reforço passou a corresponder ao que Skinner denominou segundo nível de seleção 
por consequências (SKINNER, 1981/1987a; 1984/1987b apud BANDINI C; 2008). En-
quanto o primeiro nível, o da seleção natural, possibilitou a seleção de características 
que permitiam a sobrevivência da espécie, o segundo nível permitiu a seleção de 
comportamentos apropriados para situações de mudança ambiental. 
 
 
 
 
34 
Para Skinner (1981/1987a; 1984/1987b apud BANDINI C; 2008), neste se-
gundo nível de seleção a seleção acontece em um tempo diferente do tempo do nível 
filogenético. Enquanto a evolução das espécies é um processo longo que atravessa 
centenas ou milhares de anos, o segundo nível de seleção acontece em um curto 
período de tempo e, por esse motivo, há a possibilidade de que muitos novos com-
portamentos possam ser selecionados. Foi provavelmente dessas novas formas com-
portamentais que surgiu o comportamento verbal. A musculatura vocal passou a estar 
sob controle operante provavelmente após a seleção de variações nas inervações 
vocais. Com essa nova forma comportamental, as possibilidades de adaptação ambi-
ental do organismo foram amplamente elevadas. 
O organismo agora podia cooperar mais efetivamente com os demais, seguir 
instruções, regras, aconselhar, avisar outros do bando em situações perigosas, dentre 
outras possibilidades. Consequentemente, um terceiro nível de seleção por conse-
quências passou a ter especial importância, a seleção cultural. Nesse nível, o reforça-
mento passou a estar voltado para a sobrevivência do grupo como um todo e não para 
a adaptação individual dos seus membros. O comportamento verbal, portanto, pro-
piciou a evolução dos ambientes sociais e, dessa forma, possibilitou a evolução das 
culturas (SKINNER, 1981/1987a apud BANDINI C; 2008). 
É dentro destes três tipos de seleção que Skinner prevê a compreensão do 
comportamento. Isso implica dizer que o comportamento é fruto da interação entre as 
contingências de sobrevivência, as contingências ontogenéticas e as contingências 
culturais, ou seja, inclui a relação entre a dotação genética do indivíduo, as contingên-
cias de reforço e uma série de contingências especiais mantidas pela evolução do 
ambiente social (SKINNER, 1981/1987a apud BANDINI C; 2008). 
 Com a seleção filogenética, o organismo é compreendido como fruto de uma 
história antiga de evolução. Já com a seleção ontogenética, o surgimento do compor-
tamento operante e reflexo possibilitou a adaptação do indivíduo em ambientes mais 
instáveis no tempo de uma vida e não mais em centenas ou milhares de anos. Por 
fim, por meio da seleção cultural foi permitida a sobrevivência das práticas de cultura 
como um todo, ou seja, das leis e regras da sociedade humana através das gerações, 
conforme BANDINI C; (2008). 
 
 
35 
Mas como podemos definir exatamente um comportamento operante? E como 
podemos entender uma contingência? O conceito de operante é o conceito chave da 
proposta de análise do comportamento humano e, portanto, da proposta de análise 
do comportamento verbal. Contudo, é comum que os analistas do comportamento 
utilizem na fala comum os termos resposta e comportamento como equivalentes, to-
davia estes termos são muito diferentes quando analisados conceitualmente. Vejamos 
como caracterizá-los inicialmente, conforme BANDINI C; (2008). 
O termo resposta é um termo comum na análise dos reflexos, utilizado neste 
tipo de análise quando resposta é eliciada por um estímulo. Porém, nem sempre um 
estímulo pode ser apontado como o eliciador de uma resposta, pois algumas ações 
do organismo “operam” sobre o meio e têm um efeito consequente sobre o organismo. 
Daí segue que resposta pode ser tanto um termo utilizado na análise dos reflexos, 
quanto na análise dos operantes, conforme BANDINI C; (2008). 
 O ponto central de uma análise do termo resposta, indica que ela é um ele-
mento observável. Sendo assim, uma resposta ocorre e termina no tempo. Então, o 
termo resposta define, em geral, uma ação do organismo: a resposta é o elemento 
observável, o qual pode ser registrado em uma análise (SKINNER, 1957 apud BAN-
DINI C; 2008). Visto que ela tem início e fim, ou seja, desaparece no tempo, a res-
posta não pode ser controlada ou prevista porque quando emitida não será ela própria 
a ser emitida no futuro. 
Entretanto, a análise do comportamento defendida por Skinner busca predizer 
e controlar o comportamento. Isso significa dizer que a análise busca explicar a res-
posta que ocorrerá em um tempo futuro. Assim, a predição e o controle exigem que 
respostas sejam aglomeradas em classes, as quais ocorrem ao longo do tempo. Tais 
classes de respostas podem ser denominadas operantes quando são mantidas por 
suas consequências. Sendo assim, uma resposta é uma instância, um exemplo ou 
caso do comportamento. Já o operante designa um tipo de comportamento, uma 
classe definida pelas suas consequências, conforme BANDINI C; (2008). 
 
 
 
 
 
36 
 Uma resposta pode ser definida pela sua forma, enquanto um operante tem a 
característica de classe que faz referência à relação da resposta com uma variável, o 
efeito sobre o ambiente (SKINNER, 1957 apud BANDINI C; 2008). Isso significa dizer 
que o que é possível observar é o acontecimento de uma resposta, de um exemplo 
singular, mas que a análise skinneriana está preocupada com leis que determinem, 
prevejam e controlem respostas futuras, ou seja, está preocupada com uma classe de 
respostas, a qual chamamos operante. 
Uma análise útil do comportamento verbal que cumpra os pressupostos de uma 
visão behaviorista de ciência, como os apresentados até o momento, deve encami-
nhar a discussão sobre os operantes verbais de forma que não somente identifique 
as diferentes formas de respostas emitidas pelo falante, mas que descreva as contin-
gências, ou seja, as condições antecedentes, as diferentes topografias de resposta e 
as várias formas de consequências fornecidas pela comunidade verbal, que estão en-
volvidas na emissão das respostas verbais, conforme BANDINI C; (2008). 
Por uma contingência de reforço podemos entender a relação entre a ocasião 
na qual um organismo emite uma resposta, a própria resposta e as consequências 
reforçadoras desta resposta (SKINNER, 1969 apud BANDINI C; 2008). A contingên-
cia

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