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Metáfora e devolução o livro de história no processo de psicodiagnóstico interventivo

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REFERÊNCIA: BECKER, E., DONATELLI, M., SANTIAGO, M. E. Metáfora e devolução: o livro de história no processo de psicodiagnóstico interventivo in ANCONA-LOPEZ, S. Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. Cap. X. p. 179-196
	 
	As autoras que escreveram esse capítulo são supervisoras do estágio de psicodiagnóstico interventivo nas clínicas-escola da Unip, e dizem que esse trabalho acaba gerando diversas reflexões sobre as questões que surgem no decorrer desse processo. Uma reflexão apontada nesse texto é a devolutiva das informações em psicodiagnóstico para as crianças, já que a devolutiva para os pais é tida como mais simples e fácil de se realizar por esses conseguirem compreender a comunicação verbal. 
	Uma forma de se realizar a devolutiva para a criança é a utilização de um livro de história que conte por meio de metáforas o que foi trabalho durante o psicodiagnóstico com a criança em questão, onde a verdade é apresentada de modo que faça a criança entrar em contato com seus conflitos, ainda segundo BECKER et al (2013, p. 183), os objetivos dessa devolutiva “comtemplam as possibilidades criativas da criança, cabendo sempre a ela os julgamentos e, principalmente, as possíveis soluções para os conflitos centrais”. Para compreender melhor essa forma de narrativa dos fatos, as autoras utilizam de reflexões de autores que definiram o que são mitos, fábulas e contos de fadas. 
	Os mitos são narrativas que utilizam de simbolismos para transmitir uma ideia que tem origem no sobrenatural, tem caráter coletivo e suas origens remetem questões espirituais e fatos históricos. Já as fábulas são histórias que tem como objetivo passar uma ideia moral, um valor, utilizando de representações de situações do dia-a-dia, de comportamentos corriqueiros; os personagens utilizados nessa forma de narração podem ser representados por coisas, objetos e animais. Os contos de fada passam conhecimentos sobre questões humanas de caráter universal, trazendo à tona questões existenciais; o caráter mágico expresso nos contos de fada se assemelha com o ambiente psíquico da criança, permitindo que entrem em contato. 
	Devemos pensar a respeito da devolutiva partindo do pensamento que é nesse momento em que o cliente, que no foco desse texto é a criança, assimila os aspectos de sua identidade que estão dissociados, diminuindo fantasias de loucura e doenças, onde passa a notar a si mesmo com noções mais próximas a realidade, com poucas distorções. Nosso compromisso para desempenhar essa atividade é de auxiliar o cliente a resgatar aspectos dissociados de sua personalidade, buscando preservar sua identidade; essa atividade pode adquirir caráter terapêutico. 
	Diferentes autores, psicólogos atuantes, supervisores em psicodiagnóstico interventivo se viram diante da necessidade de se utilizar de uma técnica devolutiva, já que as tentativas de se utilizar técnicas projetivas enquanto mediadores na devolução à criança não apresentavam resultados positivos dessa prática. Passaram a pensar em uma técnica devolutiva que utiliza os materiais obtidos através dos testes, como por exemplo, os de caráter gráfico, aplicados durante o processo, além de utilizar materiais expressos pelos relatos. Podemos iniciar a devolutiva a partir de questões de mais fácil adaptação e partir para questões com menor grau de adaptação, utilizando de uma linguagem simples e que seja apropriada para a compreensão da criança.
	Gardner foi o autor pioneiro a trabalhar com o uso de histórias em psicoterapia para crianças, criando a “técnica de relato mútuo de histórias”. As autoras BECKER et al (2013, p. 185-186), descrevem essa técnica da seguinte maneira: 
“Nessa técnica, o psicoterapeuta estimula a criança a criar uma história, apreender seu tema psicodinâmico, tomando-a como uma projeção; então, formula e narra outra história para a criança com as mesmas características presentes na dela, mas introduzindo soluções de conflitos mais saudáveis do que aquelas originalmente propostas pela criança.”
	Oaklander também foi uma autora que trabalhou com o uso de histórias em atendimento infantil utilizando-se das concepções da Gestalt, buscando ajudar as crianças na tomada de consciência de si próprias e de sua existência no mundo. Safra foi o autor brasileiro que pesquisou sobre um método de consulta que utiliza de histórias infantis como método de intervenção. Também no Brasil, temos a contribuição de Gutfreind, um analista de crianças que publicou um extenso trabalho onde propõe o uso de contos no processo psicoterapêutico infantil.
	As autoras tiveram contato com os estudos de Fischer e, utilizam referências advinda dessa, para falar sobre a utilização do livro de história em psicodiagnóstico interventivo como um meio de narrativa no encerramento do processo com as crianças. A partir disso as autoras passaram a entender que o livro de história é o resultado de uma compreensão do trabalho como um todo, realizado no psicodiagnóstico interventivo, onde contém aspectos do desenvolvimento da criança e das relações que essa estabelece com o meio em que esta inserida. A partir dessa atividade é possível permitir a criança, uma compreensão de seu problema a partir de uma contextualização de sua história familiar e pessoal, além de propor recursos que podem ser utilizados para lidar com as dificuldades apresentadas. 
	Foi possível observar a diferença de reações das crianças após serem apresentadas ao livro de história, onde algumas apresentaram reconhecer que a história dizia a respeito de si, demonstrou interesse por ouvir, disponibilidade na interação diante da situação, vontade de compartilhar a história com pessoas importantes em sua vida. 
	Para finalizar o texto as autoras fazem uma síntese de aspectos norteadores sobre o livro de história. Nesse livro, metáforas serão utilizadas para representar a compreensão do psicodiagnóstico; o tema da história e seus personagens devem ser escolhidos a partir de afinidades e analogias expressadas pela criança em atendimento; no que diz respeito ao conteúdo formal, é importante que o livro expresse a historia de vida, o sintoma, a busca pelo atendimento e a relação com o psicólogo, os sentimentos do personagem que permita a identificação do cliente, a integração dos fenômenos observados durante o psicodiagnóstico; quanto ao final, as autoras dizem que podemos levar em consideração as expressões da criança quanto a esse aspecto. 
	Termino meu fichamento com um parágrafo do texto que contemplou a importância e relevância de se realizar uma devolutiva para a criança em atendimento, através do livro de história: 
“Sendo assim, a devolutiva dada através do livro de história tem se mostrado mais do que a etapa final de um processo de psicodiagnóstico. Ela remete, entre outras, às possibilidades de pesquisa quanto ao seu caráter terapêutico, às especificidades das histórias em função do momento evolutivo da criança e às ressonâncias na família.” (BECKER, E., DONATELLI, M., SANTIAGO, M. E. Metáfora e devolução: o livro de história no processo de psicodiagnóstico interventivo in ANCONA-LOPEZ, S. Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. Cap. X. p. 190)

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