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Método, Ideologia e Ética nas Organizações Avaliação a Distância – AD2 2o SEMESTRE 2016 Coordenador da disciplina: Luís Henrique Abegão Gabarito da Atividade 1 1. Qual é a grande questão ética inaugurada pela tecnociência, quando confrontamos com a perspectiva da neutralidade ética da ciência, e como ela se manifesta no desenvolvimento dos OGM e dos OGF? A questão ética relacionada à tecnociência refere-se justamente à sua questionável neutralidade. O desenvolvimento tecnológico potencial atrelado à tecnociência mobiliza interesses, seja do Estado ou da iniciativa privada, que ficam muitas vezes ocultos sob esse argumento da neutralidade ética da ciência, ou da ideia de que não se pode impor um limite ao desenvolvimento científico, ou, ainda, do discurso de que a tecnociência tem uma importante contribuição na superação de grandes problemas da humanidade. Esse último argumento sustentou e sustenta, de certa forma, o desenvolvimento dos OGM, sob a ideia da superação da fome no mundo. Mas, os OGM trazem diversos dilemas, como: a poluição gênica e a consequente perda de biodiversidade, o impacto socioeconômico sobre os pequenos produtores e as consequências ainda não determinadas sobre a saúde humana, por exemplo. Os OGF acentuam os dilemas éticos, na medida em que se trata do desenvolvimento de novos organismos que até então não existiam na natureza e a respeito dos quais não há como prever que consequências sua interação com o meio ambiente poderia resultar. Mais uma vez os argumentos de potenciais benefícios dos OGF são utilizados para garantir a continuidade das pesquisas. 2. Na discussão sobre bioética, o caminho da prudência parece o mais sensato, mas o avanço das pesquisas em bioengenharia para o campo dos OGF parece colocar isso em questão. Após ter analisado o material recomendado, qual a sua opinião sobre o papel da bioética frente aos OGF. Bem antes do desenvolvimento dos OGF, mas já com avanços significativos da engenharia genética, Hans Jonas, filósofo que se dedicou a pensar a ética a partir da perspectiva da sustentabilidade, definiu um limite para as intervenções não só da engenharia genética, mas de todo o processo técnico global: “age de tal maneira que os efeitos de tua ação não sejam destruidores da futura possibilidade de vida humana autêntica” ou formulado negativamente “não ponhas em perigo a continuidade indefinida da humanidade na Terra”. Parece-me que o risco potencial associado à abertura de novas fronteiras pelos OGF deveria ser submetido ao crivo da máxima de Jonas e que talvez o caminho da prudência, neste caso, não seja o mais apropriado, sobretudo porque não há como prever todas as possíveis consequências da introdução dos OGF no meio ambiente.
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