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UESC – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ DCAA - Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais CAA 029 – Climatologia � PAGE �12� ____________________________________________________________________________________ CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA 1. Definições Tempo ( Condição da atmosfera expressa pela combinação da temperatura, umidade, precipitação, ventos, pressão atmosférica. È um estado momentâneo da atmosfera. Clima ( E uma generalização do dia-dia das condições do tempo. 2. Fatores que Afetam o Clima Os elementos meteorológicos ocorrentes no globo terrestre tem a sua intensidade e distribuição regulados por diversos fatores como a latitude, altitude, distância de massas de água, relevo local, circulação geral, etc., os quais condicionam a regularidade diferencial de parâmetros meteorológicos para diferentes locais. Essas variações ocorrentes nas diferentes partes do globo condiciona a existência de climas diferentes. Enquanto os fatores mencionados acima determinam as principais características climáticas de uma região eles não são o melhor critério a ser usado numa classificação geral e descritiva. Eles servem para fazer uma distinção , por exemplo, entre um clima marítimo e um continental ou entre uma região de floresta ou estepes, mas não fornecem dados suficientes para uma avaliação numérica das características climáticas na qual uma classificação mais compreensível deveria se basear. 3. Classificação Climática A classificação consiste no reconhecimento de indivíduos que possuem em comum algumas características importantes e no agrupamento desses indivíduos em certas classes ou tipos. Como uma ferramenta cientifica, a classificação tem 3 objetivos: a) organizar grandes quantidades de informações; b) aumentar a velocidade de reaver informações e; c) facilitar a comunicação. A classificação climática também tem esses objetivos. É relacionada com a organização de dados climáticos de tal forma que tanto generalizações descritivas e analíticas podem ser feitas, e também o armazenamento de informações de forma ordenada para fácil referência e comunicação, normalmente na forma de mapas. O valor de um arranjo sistemático é determinado principalmente pela sua forma de utilização; um sistema bom para uma finalidade não é necessariamente bom para outra. Por exemplo, um sistema baseado em temperaturas e umidade criticas que limitam o crescimento de uma planta ou animal pode ser bom para estudos biológicos mas não é satisfatório para previsão de tempo, na qual fatores como a circulação geral e tipos de chuvas são também importantes. Assim no desenvolvimento de uma classificação climática, devemos começar por definir o propósito. Neste sentido 3 aproximações são possíveis: . Empírica: baseado em características observáveis do clima que podem ser tratados isoladamente ou em conjunto visando o estabelecimento de critérios para o tipo climático. . Genética: organiza os climas de acordo com suas causas. Idealmente o critério empregado na diferenciação de tipos climáticos deve refletir suas origens. Na pratica as explicações são teóricas , incompletas e de difícil quantificação. Como base para essa classificação temos a latitude, características da circulação geral, efeito dos oceanos, e altitude produzindo tipos climáticos como o polar e tropical, marítimo e continental. . Aplicada (técnica ou funcional): ajuda na solução de problemas especializados que envolve 1 ou mais fatores climáticos. Definem limites de classes em termos do efeito do clima em outros fenômenos. Tentativas modernas de classificação climáticas são aquelas que procuram uma relação sistemática entre fatores climáticos e a distribuição da vegetação no planeta. A vegetação natural integra muito melhor os fatores do clima que qualquer outro instrumento e é portanto um índice de condições climáticas. Várias correlações entre vegetação e calor ou umidade tem sido descoberta permitindo então o uso da temperatura como critério para definição de tipos de clima. Normalmente, classificações deste tipo empregam termos referentes a vegetação. Floresta, deserto e estepe (gramínea de zonas frias e secas) são nomes que tem conotação climática. Um avanço no uso da precipitação e temperatura na classificação climática reconhece a relação entre fatores de umidade e calor. Com altas temperaturas, as plantas requerem maior precipitação para satisfazer as necessidades da evapotranspiração. Precipitação totalizando 25 cm anuais pode suportar somente pequenas formas de vegetação em locais muito quentes, mas pode ser suficiente para uma floresta em altas latitudes com temperaturas mais frias. Assim, a vegetação natural é uma expressão da adequação de umidade sob uma dada temperatura. A razão entre a precipitação e a evaporação e o conceito de evapotranspiração potencial tem sido introduzido para a indicação de uma relação mais complexa e o estabelecimento de critérios para tipos climáticos. O objetivo final de uma classificação climática é a definição em termos da temperatura, umidade e precipitação dos limites dos diferentes tipos climáticos que ocorrem na superficie do globo. Uma classificação baseada em fatores que podem ser avaliados com precisão e tratados matematicamente tem a vantagem de permitir o uso de símbolos, simplificando a classificação. Para ser útil, a classificação deve ter classes bem definidas mas não muito complexas. Uma das primeiras classificações propostas consistia na divisão da terra em climas tropical, temperado e polar usando os trópicos de câncer e capricórnio e os círculos polares como se a latitude fosse o único fator de importância. Diversas outras classificações foram propostas, entretanto as mais famosas são as de Köppen e a de Thornthwaite. 4. Classificação de Köppen Em 1884, um climatologista alemão chamado Wladimir Köppen sugeriu a divisão da terra nas seguintes zonas de temperatura: Tropical: todos os meses T > 20 Subtropical: 4 a 11 meses T > 20 e 1 a 8 meses 10<T<20 Temperado: 4 a 12 meses 10<T<20 Frio: 1 a 4 meses 10<T<20 e 8 a 11 meses T<10 Polar: Todos os meses T<10 A classificação é baseada em médias anuais e mensais de temperatura e precipitação. Aceitas-se a vegetação nativa como a melhor expressão da totalidade do clima de forma que muitas fronteiras climáticas são determinadas levando-se em consideração os limites da vegetação. Köppen reconheceu que a eficiência da precipitação no desenvolvimento e crescimento das plantas depende não somente da quantidade de precipitação mas também da intensidade de evaporação e transpiração. A parte da precipitação que é evaporada não é de valor direto no crescimento das plantas. O método de Köppen para indicar a intensidade de evaporação e portanto a eficiência da precipitação é a combinação da precipitação e temperatura em uma única formula. Assim o mesmo numero de centímetros de chuva em um clima quente ou concentrado numa estação quente quando a evaporação é maior, é menos eficaz para as plantas do que a mesma quantidade de chuva em climas ou estações mais frias. Apesar de muito útil, esse método de medir a eficiência da precipitação não é totalmente satisfatório. As zonas fundamentais (ou grupos fundamentais) entre o equador e os pólos são designadas por cindo letras maiúsculas, conforme o Quadro 1. Complementando sua descrição zonal, Köppen enriqueceu a sua classificação com uma serie de símbolos climáticos, indicando as variações que são encontradas em certas regiões. Isso fornece uma especificação quase completa das condições climáticas em certa região. A lista completa dos símbolos é apresentada no Quadro 2. Quadro 1 – Grupos Fundamentais Segundo a Classificação de Köppen Grupo Nome Descrição A Tropical Úmido Não há gelo.Todos os meses com Tmédia >18ºC B Seco Evapotranspiração maior que a precipitação C Subtropical ou temperado quente Temperatura média do mês mais quente acima de10ºC e do mês mais frio entre –3 e 18ºC D Temperado frio Temperatura média do mês mais quente acima de 10ºC e do mês mais frio abaixo de -3ºC E Polar Temperatura média do mês mais quente abaixo de 10ºC Quadro 2 – Símbolos para Complementar a Classificação Climática de Köppen Símbolo Descrição a Temperatura média do mês mais quente acima de 22ºC b Temperatura média do mês mais quente abaixo de 22ºC e ao menos 4 meses acima de 10ºC c Todos os meses com temperatura média inferior a 22ºC; apenas 1 a 4 meses acima de 10ºC; mês mais frio acima de -38ºC d Temperatura do mês mais frio abaixo de -38ºC f Constantemente úmido (chuva ou neve suficiente em todos os meses) g Temperatura anual típica da região de Ganges (India) (curva anual de temperatura apresenta um máximo antes do solstício de verão, seguido pela estação chuvosa) g';u Tipo de variação de temperatura de temperatura típica do Sudão, com o mês mais frio após o solstício de verão h Quente, temperatura média anual acima de 18ºC i Isotérmico, com a diferença entre temperaturas médias do mês mais quente e a do mês mais frio menor que 5ºC k Inverno frio (“kalt”), com a temperatura média anual menor que 18ºC; temperatura média do mês mais quente maior que 18ºC k’ Idem, porém com a temperatura média do mês mais quente menor que 18ºC l Suave, com a temperatura media em todos os meses entre 10 e 22ºC m Clima de bosque tropical, apesar de existir estação seca n Nevoeiros (“nebel”) constantes Quadro 2 – Símbolos para Complementar a Classificação Climática de Köppen (Continuação) n’ Nevoeiros não freqüentes, mas a umidade do ar é alta acompanhada por falta de chuva, e relativamente frio (temperatura média no verão menor que 24ºC) n”;p Idem, com a temperatura no verão entre 24 e 28ºC n”;p’ Idem, com temperaturas muito elevadas (verão acima de 28ºC) s Período seco no verão (“summer”) s’ Idem, porém a estação chuvosa começa no fim do verão e se estende até o outono w Período seco no inverno (“winter”) w’ Idem, porém a estação chuvosa começa no fim do inverno e se estende até o outono s”;w” Idem, mas a estação chuvosa se divide em duas partes, com uma pequena estação seca interpondo-se v Tipo de variação de temperatura típica de Cabo Verde, com a estação mais quente no outono x Tipo de transição com chuvas no principio do verão x’ Idem, com chuvas fortes porém infreqüentes em todas as estações do ano x” Duas pequenas estações chuvosas, uma no principio do verão e outra no fim do outono S Clima de estepe W Clima deserto Obviamente, a maior parte desses tipos climáticos não ocorre no Brasil. Em nosso País temos apenas os grupos fundamentais A, B e C, diversos tipos fundamentais e algumas variedades. Uma classificação climática segundo Köppen pode ter de dois a três símbolos, sendo que: a) o primeiro é sempre maiúsculo e define o grupo fundamental; b) o segundo símbolo pode ser maiúsculo ou minúsculo e define o tipo fundamental; c) o terceiro símbolo é sempre minúsculo e define a variedade do clima. Os Quadros 3 a 5 fornecem uma seqüência para se identificar o grupo fundamental, o tipo fundamental e a variedade dos climas existentes no Brasil. Para fazer a classificação climática, basta se conhecer as normais climatológicas de temperatura e precipitação da cidade em questão. Quadro 3 – Seqüência para Identificação do Grupo Fundamental Grupo Característica Máximo de Precipitação no inverno Pa > 2Ta Climas Úmidos Tmf > 18 A Tropical Chuvoso -3 < Tmf < 18 C Temperado Quente -3 > Tmf; 10 < Tmq D Temperado Frio Tmq< 10 E Polar Pa < 2Ta Climas Secos B Seco Precipitação mais ou menos bem distribuída Pa > 2(Ta+7) Climas Úmidos Tmf > 18 A Tropical chuvoso -3 < Tmf < 18 C Temperado Quente -3 > Tmf; 10 < Tmq D Temperado Frio Tmq < 10 E Polar Pa < 2(Ta+7) Climas Secos B Seco Máximo de precipitação no verão Pa > 2(Ta+14) Climas Úmidos Tmf > 18 A Tropical Chuvoso -3 < Tmf < 18 C Temperado Quente -3 > Tmf; 10 < Tmq D Temperado Frio Tmq < 10 E Polar Pa < 2(Ta+14) Climas Secos B Seco Pa = Precipitação média anual (cm) Ta = Temperatura média anual (ºC) Tmf = Temperatura média do mês mais frio (ºC) Tmq = Temperatura média do mês mais quente (ºC) Quadro 4 – Seqüência para Identificação do Tipo Fundamental Grupo Tipo Característica A Pms > 6 Af Tropical Chuvoso de Selva Pms < 6 Pa > (250-25Pms) Am Tropical Chuvoso de Bosque Pa < (250-25Pms) Aw Tropical Chuvoso de Savana B Máximo de Precipitação no Inverno Pa < Ta BW Seco de Deserto Pa < Ta < 2Ta BS Seco de Estepes Precipitação Bem Distribuída Pa < (Ta + 7) BW Seco de Deserto (Ta+7)<Pa<2(Ta+7) BS Seco de Estepes Máximo de Precipitação no verão Pa < (Ta + 14) BW Seco de Deserto (Ta+14)<Pa<2(Ta+14) BS Seco de Estepes C Pmv > 10 Pms CW Temperado quente e seco no inverno Pmv < 10 Pms Chuvas de Verão CF Temperado Quente Constantemente Úmido Pmi < 3 Pms Chuvas de Inverno Pmi > 3 Pms Pms < 3 Cs Temperado Quente e Seco no Verão Pms > 3 Cfs Temperado quente com Época mais Seca no Verão D Pmv > 10 Pms Dw Temperado Frio e Seco no Inverno Pmv < 10 Pms Df Temperado Frio Constantemente Úmido E 0 < Tmq < 10 ET Tundra Tmq < 0 EF Gelo Perpétuo Tmq < 10 EB Clima de Altitude Ta = Temperatura média anual (ºC) Pms = Precipitação média do mês mais seco (cm) Pmv/Pmi = Precipitação média máxima de verão/inverno (cm) Pa = Precipitação média anual (cm) Tmq = Temperatura média do mês mais quente (ºC) Quadro 5 – Seqüência para Identificação das Principais Variedades Grupo Variedade Característica A (Tmq – Tmf) < 5 i Isotérmico B Ta > 18 Tmf > 18 h’ Muito Quente Tmf < 18 h Quente Ta < 18 Tmq > 18 k Frio Tmq < 18 k’ Muito Frio C/D 4 meses ou mais com Tm > 10 Tmq > 22 a Sub-tropical Tmq < 22 b Temperado propriamente dito Menos de 4 meses com Tm > 10 Tmq < 22 e Tmf > -38 c Frio Tmq < 22 e Tmf < -38 d Muito Frio Ta = Temperatura média anual (ºC) Tm = Temperatura média mensal (ºC) Tmq = Temperatura média do mês mais quente (ºC) Tmf = Temperatura média do mês mais frio (ºC) 4.1. Vantagens Uma característica única do sistema de Köppen é o sistema de nomenclatura simbólica utilizadas para os tipos climáticos. Outra vantagem da classificação de Köppen é sua adaptabilidade para uso em diferentes níveis educacionais. É ao mesmo tempo simples e detalhada. Ela reconhece 5 diferentes grupos climáticos. As zonas de temperaturas foram subdivididas com base na quantidade e distribuição da chuva anual, fatores fundamentais na distribuição da vegetação. Os tipos climáticos coincidem razoavelmente com a circulação atmosférica. 4.2. Desvantagens Escassez de observações meteorológicas em grandes partes do globo. Especialistas citam que algumas fronteiras climáticas foram escolhidas levando-se em consideração características naturais mas que outras foram puramente arbitrárias. Tem sido sugerido que as formulas obtidas por Köppenpara baixas altitudes não se aplicam em altas altitudes. 4.3. Exemplo Ilhéus (BA): Grupo fundamental: Pa = Precipitação média anual: 143.05 mm Ta = Temperatura média anual: 23.3 ºC Pa > 2 Ta ( Clima Úmido Tmf = Temperatura média do mês mais frio: 21.0ºC ( Grupo A ( Tropical Chuvoso Tipo Fundamental: Pmv = Precipitação média do mês mais seco = 120,7 mm Pms > 6 ( Tipo Af ( Tropical Chuvoso de Selva Variedade: Tmq = Temperatura media do mês mais quente: 24.8 ºC Tmf = Temperatura média do mês mais frio = 21.0ºC (Tmq – Tmf) = 4 < 5 (Variedade i ( Isotérmico CLIMA: Afi 5. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES Entre as muitas classificações de clima, muitas tem sido gerais e qualitativas, especialmente quando colocadas em mapas. Normalmente faz-se uso de um ou dois elementos climáticos. Não é dada atenção para climas de baixas categorias ou a matemática determinação das fronteiras climáticas. Geógrafos vem desenvolvendo várias classificações com o objetivo primordial do estabelecimento de regiões como base para estudos de assentamentos humanos e uso da terra. Classificações baseadas na resposta humana ao clima tem sido refinados progressivamente recentemente. Alguns autores tem dado contribuição valiosa para a descrição de climas sem a classificação sistemática de tipos climáticos.. Entre esses, Kendrew descreveu o clima dos continentes em termos da distribuição de elementos e fatores genéticos. Não existe fronteiras climáticas específicas mas subdivide os continentes em regiões geográficas para organização. Como a distribuição de tipos climáticos é primeiramente o resultado dos regimes de calor e umidade, podemos classificar o clima em amplas categorias baseado na troca de calor e umidade entre a superficie e as massas de ar. Os tipos climáticos assim definidos são: I - Dominados por massas de ar equatorial e tropical, II - Dominados por massas de ar tropical e polares; III - Polar e ártico; IV - Climas com características distintas pelo efeito da altitude. As subdivisões desses quatro grupos em tipos climáticos é baseado na distribuição regional de elementos climáticos; temperatura, precipitação e sua variação sazonal. Não é uma classificação racional, obtida por formulas matemáticas e nem sujeita a refinamento para definição de subtipos climáticos. É intencionada em ajudar nosso entendimento dos principais climas da terra, introduzindo pouco desvio da terminologia. Classificações desse tipo tem sido amplamente usadas por geógrafos e climatologistas apesar de não estar em perfeito acordo com fronteiras específicas.
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